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UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA

Campus Anchieta – Direito

MAURÍCIO BULCÃO FERNANDES – A950JC4

AÇÃO MONITÓRIA

Trabalho acadêmico apresentado para


composição da nota de Procedimentos
Especiais Civis, referente ao décimo
semestre, do curso de Direito da UNIP –
período matutino, DR0B39.

SÃO PAULO
2016
AÇÃO MONITÓRIA

INTRODUÇÃO

O ordenamento jurídico pátrio, por seu código de processo civil brasileiro


instruí de forma ampla, clara e metodológica inúmeros ritos e procedimentos que
regulam e ditam a instrumentalização do direito material.
Ressalta-se, ainda, que não apenas o Código de Processo Civil
instrumentaliza o direito material, mas uma ampla coleção de legislação também o
faz, exemplo disto é a lei 9099/95 que criou e regulou os juizados especiais.
Além dos processos e ritos principais previsto pelo CPC, este ainda oferece
um amplo rol de procedimentos especiais, inclusive a Ação Monitória, objeto do
presente estudo.
O procedimento monitório está previsto nos artigos 1102A, 1102B e 1102C.
Estes artigos foram incluídos no Ordenamento Jurídico brasileiro pela lei 9079/95.

1. CONCEITO DA AÇÃO MONITÓRIA E SUAS


CARACTERÍSTICAS

A ação monitória na verdade trata-se de um procedimento especial


destinado aquele que tem algum documento não executável que comprova crédito
em soma de dinheiro, em entrega de coisa fungível ou de coisa certa móvel. O artigo
1.102 A do CPC diz o seguinte:

“Art. 1.102.a - A ação monitória compete a quem pretender, com base em


prova escrita sem eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro,
entrega de coisa fungível ou de determinado bem móvel.”
O principal benefício da ação monitória é uma tutela jurisdicional célere e
abreviada. Dando opção ao demandante de optar por um procedimento
intermediário entre a ação de conhecimento, que é longa e demorada, e a execução,
que já não é possível devido ao prazo prescricional do título.
É necessário observar que a ação monitória trata-se de um procedimento
especial com um finalidade exclusiva, de acordo com a doutrina nacional ou mesmo
estrangeira, a célere constituição de um título executivo.
Ainda há de se observar uma distinção doutrinária entre o procedimento
monitório puro e o documental. Com uma simples leitura do artigo que a regula,
percebe-se que o legislador brasileiro optou pelo procedimento documental.

2. NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO MONITÓRIA

Quanto a natureza jurídica da ação monitória não se há consenso


doutrinário. A doutrina se divide, parte dizendo que trata-se de ação condenatória,
outra parte diz que é ação constitutiva e, ainda, há aqueles que digam que é uma
ação mista de conhecimento e execução.
Para Nelson Nery Junior é uma ação de conhecimento, com procedimento
especial de cognição sumária e de execução de título, conforme podemos ler a
seguir:
“É ação de conhecimento, condenatória, com procedimento especial de
cognição sumária e de execução sem título. Sua finalidade é alcançar a formação de
título executivo judicial de modo mais rápido do que na ação condenatória
convencional. O autor pede a expedição de mandado monitório, no qual o juiz exorta
o réu a cumprir a obrigação, determinando o pagamento ou a entrega de coisa
fungível ou de determinado bem móvel. Trata-se, portanto, de mandado monitório,
cuja eficácia fica condicionada à não apresentação de embargos. Não havendo
oposição de embargos, o mandado monitório se convola em mandado executivo.”
Ao contrário, Vicente Greco Filho diz que é uma ação constitutiva, vejamos:
“O procedimento monitório é o instrumento para a constituição do título
judicial a partir de um pré-título, a prova escrita da obrigação, em que o título se
constitui não por sentença de processo de conhecimento e cognição profunda, mas
por fatos processuais, quais sejam a não-apresentação dos embargos, sua rejeição
ou improcedência.”
Já José Rubens Costas indica uma natureza mista, asseverando o seguinte:
“Processo de conhecimento com prevalente função executiva. A nova ação
ou o novo procedimento mistura características do processo de conhecimento com o
de execução. Por conseguinte, desenvolve-se em processo de cognição sumária,
isto é, não contém a cognição plena do processo de conhecimento e nem a
ausência de cognição do processo de execução.”
A corrente mais aceita é a de que ação monitória tem natureza jurídica
mista, assim, composta de uma primeira fase, uma ação cognitiva, e uma segunda
fase, a executiva. Entretanto, concordamos com Ponte de Miranda quando preceitua
que apesar do Código de Processo Civil falar de ação monitória, o que de fato existe
é um procedimento especial para ação declaratória com uma finalidade exclusiva, a
rápida e célere constituição de título executivo.
“Desse modo, afaste-se desde logo, do procedimento monitório, qualquer
‘fase’ executiva. O fato de que a execução se dará nos mesmos autos de modo
algum transforma a natureza da ação de conhecimento (condenatória) e nem faz
desaparecer a distinção entre esta e a execução que lhe segue, do mesmo modo
que as execuções de sentenças de condenação dos procedimentos comuns,
ordinários ou sumários, são processadas nos mesmos autos em que se realizou a
demanda de cognição.”
Entendemos, então, a ação monitória, ou procedimento injuntivo, como ação
constitutiva, pois é satisfeita quando alcança sua finalidade, que é constituir o título
executivo. Assim, a execução que se seguirá será ação autônoma, ainda que nos
mesmos autos do procedimento monitório.

3. O RITO DA AÇÃO MONITÓRIA

A ação monitória se inicia com uma petição inicial, a qual deve está
devidamente instruída de acordo com os requisitos básicos do artigo 282 do CPC.
Assim como deve ser instruída com o documento escrito o qual não seja executável
que comprove a existência de soma de dinheiro, entrega de coisa fungível ou coisa
certa, conforme o artigo 1.102A do CPC, a fim de forme um convencimento no que
tange a existência do crédito pretendido.
O artigo 1.102B diz que a petição estando devidamente instruída, o juiz
poderá de plano expedir um mandado de pagamento ou de entrega de coisa certa
no prazo de 15 dias. Entretanto, no artigo 1.102C prevê que no mesmo prazo de 15
dias o réu poderá oferecer embargos, que irão suspender a eficácia do mandado. E
se não for ofertado embargos e nem acontecer a satisfação da obrigação, se
constituirá o título executivo.
Se o réu cumprir o mandado, ficará isento das custas processuais e dos
honorários advocatícios. Se resolver oferecer os embargos, não há a necessidade
de prover a segurança do juízo.
A doutrina vem entendo que a ação monitória tem, como retro citado, uma
natureza mista, assim, existindo uma primeira fase semelhante a ação de
conhecimento, desta forma os embargos à ação monitória têm natureza de
contestação, assim os tribunais aceitam qualquer das respostas do réu previstas no
artigo 297 do CPC, à saber: contestação, reconvenção e/ou exceção. Se os
embargos forem rejeitados, o título executivo será constituído.
Uma crítica ao sistema monitória é sua ineficácia em sua própria função, dá
celeridade à prestação jurisdicional, isto ocorre porque, ao contrário do que se
espera, no Brasil, culturalmente, em vez do animus de cumprir o mandado judicial
para satisfação da obrigação, de forma espontânea, o devedor prefere protelar com
embargos, ainda que ele próprio reconheça a dívida.
De tal forma, o sistema judicial pátrio, com sua morosidade, favorece o réu,
que consegue procrastinar o cumprimento da obrigação. Isso significa que a
essência do procedimento injuntivo, que é a celeridade, se perde quando se
apresenta os embargos, e volta a ser uma comum e demorada ação de
conhecimento. Insta salientar que existe uma discussão doutrinária e jurisprudencial
se é cabível ação monitória em face à fazenda pública, mas o STJ já decidiu na
súmula 339 pelo cabimento, a ação monitória pode ser ajuizada em face a Fazenda
Pública.
CONCLUSÃO

A ação monitória é, portanto, uma alternativa intermediária entre a ação de


conhecimento e a execução, que poderá ser proposta quando o autor possuir
documentos que comprovem a existência do crédito pretendido. Sua função é, na
prática, tornar executável um título prescrito. Entretanto, há de se observar que o
título não volta a ser executável, ele permanece prescrito mesmo com a solução da
lide. O que se executa é um novo título constituído com a satisfação da tutela
jurisdicional do procedimento monitório.
Uma vez constituído o título deve ser executado em uma nova ação (Pontes
de Miranda), que ainda que aconteça nos mesmos autos pelo sincretismo
processual, é uma ação autônoma.
BIBLIOGRAFIA

DONIZETTI, Elpídio. Curso Didático de Direito Processual Civil. 15ª Ed. São
Paulo: Atlas, 2011.

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo Curso de Direito Processual. 6ª Ed.


São Paulo: Saraiva, 2010. v. 3.

_____. Procedimentos Especiais. 10ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

PONTES DE MIRANDA. Comentários ao Código de Processo Civil.

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