Este documento discute o conceito de dignidade da pessoa humana na perspectiva de Kant e seu papel no direito. Apresenta dignidade como um valor inerente a todo ser humano que deve ser respeitado, vendo as pessoas como fins em si mesmas e não apenas como meios. Argumenta que a dignidade exige que as pessoas participem ativamente da sociedade e sejam tratadas de forma igualitária pelas leis e pelo Estado.
Este documento discute o conceito de dignidade da pessoa humana na perspectiva de Kant e seu papel no direito. Apresenta dignidade como um valor inerente a todo ser humano que deve ser respeitado, vendo as pessoas como fins em si mesmas e não apenas como meios. Argumenta que a dignidade exige que as pessoas participem ativamente da sociedade e sejam tratadas de forma igualitária pelas leis e pelo Estado.
Este documento discute o conceito de dignidade da pessoa humana na perspectiva de Kant e seu papel no direito. Apresenta dignidade como um valor inerente a todo ser humano que deve ser respeitado, vendo as pessoas como fins em si mesmas e não apenas como meios. Argumenta que a dignidade exige que as pessoas participem ativamente da sociedade e sejam tratadas de forma igualitária pelas leis e pelo Estado.
composição da nota de Tópicos Constitucionais, referente ao décimo semestre, do curso de Direito da UNIP – período matutino, DR0B39.
SÃO PAULO 2016 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
INTRODUÇÃO
O presente trabalho aborda a questão da Dignidade da Pessoa Humana
sobre a perspectiva metafísica costumeira kantiana. Busca explanar conceitualmente a questão do valor humano como um fim em si mesmo, expandindo a ideia de um princípio fundamental da condição humana como um imperativo categórico visto no Direito como postulado básico para a fundamentação das normas do Estado com a finalidade de reconhecer esta condição inerente de todo ser racional.
1. CONCEITUAÇÃO
Dignidade da pessoa humana constitui-se em um imperativo categórico
universal que confere ao ser humano o reconhecimento de um valor que lhe é inerente, inalienável e tido como pressuposto de regra moral dialética comum aceita por seres dotados de razão e consciência, esta, corroborada pelo ideal de que, segundo assevera Kant , as pessoas devem ser vistas como um fim em si mesmo, afastando-se qualquer ideia de que um ser racional possa ser visto como meio/objeto para consecução de quaisquer fins. No reino dos fins, os seres racionais encontram-se submetidos à lei que impera o princípio segundo o qual cada um deles não poderá, jamais, tratar a si mesmo ou ao próximo como meios, mas sempre, como um fim em si. Com isso, depreendemos que exista uma ligação sistemática de seres racionais por meio de leis objetivas comuns, “[...] é um reino que, exatamente porque estas leis têm em vista a relação destes seres uns com os outros como fins e meios, se pode chamar um reino dos fins”. Neste universo sistemático de seres racionais interagindo por meio de leis comuns, tudo tem um preço ou dignidade. O produto dos desejos e inclinações unilaterais do homem possui um preço venal. Os objetos que podem ser pecuniariamente ou estimativamente avaliados podem ser substituídos por unidades equivalentes; são, portanto, providas de preço; por outro lado, quando algo não pode abster-se de um preço, na verdade, está acima de qualquer preço e, consequentemente, não pode ser substituído por outra equivalente, então afirmamos esse ter dignidade. Dado isso, depreendemos ser a dignidade algo natural, do qual toda pessoa, simplesmente por existir no mundo, a possui. É um valor máximo.
2. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA NA ABORDAGEM
JURÍDICA
No âmbito jurídico, o conceito de dignidade da pessoa humana não se difere
da metafísica dos costumes , na verdade é tido como fundamento principal que deriva em condicionante do processo legislativo, este que visa, quando estabelece leis comuns, observar que cada indivíduo é único e com fim em si mesmo, membro do reino dos fins, referencial e observador, influenciador que envolve e é envolvido de forma dialética com os demais seres racionais e dotado de vontade que deve ter preservada a autonomia dessa vontade sem, com isso, ferir a moralidade comum. Afirma Sarlet: “[...] Temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que asseguram a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos.” O princípio da dignidade da pessoa humana confere ao indivíduo um valor moral inviolável que leva em consideração a autonomia de sua vontade e o direito de participar das decisões que vão implicar diretamente sobre sua condição existencial no meio o qual vive, portanto, a Constituição Federal de 1988 o adotou como um dos princípios fundamentas constitucionais o qual é referência para toda a estrutura do Estado e reconhecimento dos direitos fundamentais dos cidadãos. A dignidade da pessoa humana não é vista, por muitos autores, como um direito, mas como um princípio que concede ao indivíduo um status, que faça com que ele seja reconhecido como um cidadão de direito, deste modo, ela é condição e imperativo que torna o ser consciente alguém de direito e implica, ao mesmo tempo, sobre o Estado, uma obrigação de se fazer cumprir esse pressuposto. O Professor Alexandre de Morais, revelando sua concepção a respeito deste princípio afirma: “[...] Dignidade da pessoa humana apresenta-se em uma dupla concepção. Primeiramente, prevê um direito individual protetivo, seja em relação ao próprio estado, seja em relação aos demais indivíduos. Em segundo lugar, estabelece verdadeiro dever fundamental de tratamento igualitário dos próprios semelhantes. Esse dever configura-se pela exigência do indivíduo respeitar a dignidade de seu semelhante tal qual a Constituição federal exige que lhe respeitem a própria.” No universo dos fins, para que seja reconhecida a dignidade, o homem deve participar do conjunto o qual compõe, deve estar introduzido e ser reconhecido como parte deste reino, deliberando sobre as decisões tomadas, sendo, também, reconhecido, por conta do princípio da autonomia da vontade, como um legislador de seu meio. Para ter dignidade, o cidadão necessita participar, estar incluso na sociedade, dentro dos padrões básicos para suprir suas necessidades, ter cidadania, ter seus direitos preservados. Cabe ressalvarmos que, o conceito de autonomia da vontade deve ser harmonizado ao de heteronomia, do contrário o cidadão, sendo legislador de si mesmo, mesmo seguindo os princípios universais da moralidade, não poderia transgredir seu dever moral e nem as leis objetivas. CONCLUSÃO A dignidade da pessoa humana não é um direito absoluto, é, pois, um princípio que identifica um hiato de integridade e moralidade que deve ser identificado e reconhecido em todas as pessoas pelo simples fato de existirem no mundo. É um respeito a origem natural humana, independente das especulações a seu respeito. Tal princípio relaciona-se tanto com a liberdade e valores espirituais como com as condições materiais existenciais. É necessário tomar tal postulado em sua dimensão ético/abstrata como condicionante de motivação racional para a fundamentação de normas jurídicas de modo que estas procurem sempre ir ao encontro dos ideais que permitam conferir ao ser humano uma existência digna e respeitada, que seja visto como parte integrante do Estado e não como propriedade deste. BIBLIOGRAFIA
Kant, Immanuel. Fundamento da Metafísica dos Costumes. P. Quintela, Trad. São
Paulo: Edições 70.
MORAES, Alexandre de. Direitos Humanos Fundamentais: teoria geral
comentários aos artigos 1º. A 5º. Da Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência.
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais
na Constituição Federal de 1988. 5. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007.