Você está na página 1de 14

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E GESTÃO

ENSINO A DISTÂNCIA- DELEGAÇÃO DE NACALA-PORTO

Fernando João Machaze

Direitos Humanos e a Ética

Curso: Gestão e Administração Escolar

Disciplina: Ética

Ano de Frequência: 2º

Nacala-Porto

2024

1
Fernando João Machaze

Direitos Humanos e a Ética

O presente trabalho de carácter avaliativo a ser


apresentado no Instituto Superior de Ciências e
Gestão, é inerente a cadeira de Ética e é
leccionada pelo:

Docente: Guedes Bangueiro

Nacala-Porto

2024

2
Índice
Introdução ..................................................................................................................................................... 4

1.Os Direitos Fundamentais e os Direitos Humanos .................................................................................... 5

1.1.Conceito dos Direitos Humanos ............................................................................................................. 5

1.2.Direitos Fundamentais do Homem ......................................................................................................... 6

1.3.Origem dos Direitos Humano ................................................................................................................. 7

1.4.A História de Tomada de Consciência dos Direitos Fundamentais do Homem ..................................... 8

1.5.Direitos Fundamentais no Contexto Moçambicano .............................................................................. 9

1.6.Direitos Humanos e Segurança Humana ............................................................................................... 9

1.7.Direito à Democracia ............................................................................................................................ 11

1.9.Carácter Social ...................................................................................................................................... 12

1.9.1.Direitos de Solidariedade ou Fraternidade ......................................................................................... 12

2.Conclusão................................................................................................................................................. 13

3.Referência Bibliográfica .......................................................................................................................... 14

3
Introdução

O Trabalho cientifica em alusão apresenta como tema: Direitos Humanos e a Ética. Neste
pretende-se que os estudantes compreendam a história de tomada de consciência dos Direitos
Fundamentais do Homem; o significado ético dos Direitos Humanos e panorama dos Direitos
Humanos.

A priori importa referir que Direitos humanos são os direitos básicos de todos os seres
humanos. São direitos civis e políticos (exemplos: direitos à vida,
à propriedade privada, liberdade de pensamento, de expressão, de crença, igualdade formal, ou
seja, de todos perante a lei, direitos à nacionalidade, de participar do governo do seu Estado,
podendo votar e ser votado. Entre outros, fundamentados no valor liberdade.
A aspiração de proteger a dignidade humana de todas as pessoas está no centro do conceito de
direitos humanos. Este conceito coloca a pessoa humana no centro da sua preocupação, é
baseado num sistema de valores universal e comum dedicado a proteger a vida e fornece o molde
para a construção de um sistema de direitos humanos protegido por normas e padrões
internacionalmente aceites. Durante o século XX, os direitos humanos evoluíram como um
enquadramento moral, político e jurídico e como linha de orientação para desenvolver um mundo
sem medo e sem privações. No século XXI, é mais imperativo do que nunca tornar os direitos
humanos conhecidos e compreendidos e fazê-los prevalecer.

O artigo (artº) 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), adotada pelas Nações
Unidas em 1948, refere os principais pilares do sistema de direitos humanos, isto é, liberdade,
igualdade e solidariedade. Liberdades tais como a liberdade de pensamento, consciência e de
religião, bem como de opinião e de expressão estão protegidas pelos direitos humanos. Do
mesmo modo, os direitos humanos garantem a igualdade, tal como a protecção igual contra todas
as formas de discriminação no gozo de todos os direitos humanos, incluindo a igualdade total
entre mulheres e homens.

No que concerne a metodologia usada neste trabalho, baseou-se na revisão literária de obras que
abordam a temática em destaque e quanto ao aspecto organizacional, o trabalho apresenta a
seguinte estrutura organizacional: Introdução, desenvolvimento, conclusão e referência
bibliográfica.

4
1. Os Direitos Fundamentais e os Direitos Humanos

À personalidade jurídica está associado todo um catálogo de direitos fundamentais dos cidadãos
que têm fundamento na dignidade da pessoa humana, na liberdade, na fraternidade e na
igualdade do Homem.

Devemos diferenciar os “Direitos Fundamentais” do Homem dos “Direitos do Homem”,


expressões muitas vezes utilizadas como sinónimas, como elucidaremos em seguida.

1.1. Conceito dos Direitos Humanos

Os Direitos do Homem são direitos aceites como válidos por toda a Humanidade (para todos os
povos e todas as épocas), com base no carácter inviolável, intemporal e universal da natureza da
pessoa humana. Derivam da natureza da pessoa humana, fazem parte da essência da Humanidade
(entendida aqui como uma comunidade de gerações presentes e futuras.

Fazendo parte da essência da Humanidade e sendo conaturais ao próprio Homem, os Direitos


Humanos têm por objectivo a protecção da personalidade humana na sua dimensão social e
impõem limites à autoridade e soberania dos Estados modernos.

Segundo Mello (2003), afirma que:

Os Direitos Humanos têm um carácter universal e indivisível e a


Comunidade Internacional possui organizações (como a Amnistia
Internacional) e normas, tratados ou convenções que visam a sua
protecção ou salvaguarda (como a Declaração Universal dos
Direitos do Homem) A condenação generalizada da pena de morte,
da tortura e da prisão por motivos políticos ou religiosos, do
racismo e da xenofobia, do genocídio e da violação do princípio da
autodeterminação dos povos constitui expressão do combate
universal em prol da promoção dos Direitos Humanos (Mello,
2003).

O mesmo autor afirma que, ‟fazendo parte da essência da Humanidade e sendo conaturais ao
próprio Homem, os Direitos Humanos têm por objectivo a protecção da personalidade humana
na sua dimensão social e impõem limites à autoridade e soberania dos Estados
modernos”(Mello,2003).

5
1.2. Direitos Fundamentais do Homem

Para Mello (2003), os direitos fundamentais, que podem ser entendidos como um conjunto de
prerrogativas e instituições capazes de reflectir ideais de liberdade, igualdade e dignidade entre
os seres humanos, nascem com o próprio indivíduo e não cessam com a sua velhice. Sucede,
porém, que as pessoas idosas, comumente, são vistas como um peso na sociedade, na medida em
que se ignora que a longevidade foi uma grande conquista da humanidade ao longo dos anos,
constituindo-se, inclusive, um dos principais fundamentos para o desenvolvimento dos países.

Os Direitos Fundamentais do Homem são a consagração dos Direitos do Homem, garantida


pelos Estados aos seus cidadãos através das respectivas Constituições ou Leis Fundamentais. São
os Direitos do Homem em vigor num ordenamento jurídico concreto num dado momento
histórico. Assim, os Direitos Humanos têm maior ou menor consagração no direito positivo dos
Estados. Mas o direito positivo só tem efectividade numa sociedade se se fundamenta em valores
aceites pela generalidade dos cidadãos e em princípios universais concretizadores da Justiça.
Estes valores decorrem ou da natureza humana ou de um poder divino, cuja autoridade é eterna e
universal, situando-se acima do Direito positivo vigente é o chamado Direito Natural. Assim, os
direitos fundamentais integram o chamado direito objectivo enquanto conjunto de normas gerais
e abstractas que se destinam a ordenar a vida em sociedade. Entretanto, e como derivação do
direito objectivo, os direitos fundamentais integram-se na acepção de direito subjectivo, que
apresenta duas vertentes:

a) Direito subjectivo propriamente dito – que é o poder ou faculdade


que cada um tem de exigir de outrem um comportamento positivo
(acção) ou negativo (omissão);

b) O direito potestativo - consiste no poder jurídico de, “por um acto


livre de vontade, só de per si ou integrado por uma decisão judicial,
produzir efeitos jurídicos que inelutavelmente se impõem à
contraparte” Desta forma, o direito potestativo é vínculo jurídico
que, para ser efetivado, não necessita da colaboração do sujeito
passivo, como sucede nos direitos a uma prestação, ao contrário, nos
direito potestativos “o sujeito passivo de tais direitos nada deve; não
há conduta que precise ser prestada para que o direito potestativo
seja efetivado” (Mello,2003).

Direito positivo é constituído pelo conjunto das normas jurídicas efectivamente em vigor, em
dado momento e em dada comunidade (Ana Prata).

6
1.3. Origem dos Direitos Humano

A ideia de “direitos humanos” tem origem no conceito filosófico de direitos naturais que seriam
atribuídos por Deus; alguns sustentam que não haveria nenhuma diferença entre os direitos
humanos e os direitos naturais e vêem na distinta nomenclatura etiquetas para uma mesma ideia.
Outros argumentam ser necessário manter termos separados para eliminar a associação com
características normalmente relacionadas com os direitos naturais, sendo John Locke talvez o
mais importante filósofo a desenvolver esta teoria.

No século XVII e XVIII, filósofos europeus, destacando-se John Locke, desenvolveram o


conceito do direito natural. Os direitos naturais, para Locke, não dependiam da cidadania nem
das leis de um Estado, nem estavam necessariamente limitadas a um grupo étnico, cultural ou
religioso em particular. A teoria do contrato social, de acordo com seus três principais
formuladores, o já citado Locke, Thomas Hobbes e Jean-Jacques Rousseau, se baseia em que os
direitos do indivíduo são naturais e que, no estado de natureza, todos os homens são titulares de
todos os direitos.

A primeira declaração dos direitos humanos da época moderna é a Declaração de Direitos de


Virgínia de 12 de Junho de 1776, escrita por George Mason e proclamada pela Convenção da
Virgínia. Esta medida influenciou Thomas Jefferson na declaração dos direitos humanos que
existe na Declaração da Independência dos Estados Unidos da América de 4 de Julho de 1776,
assim como também influenciou a Assembleia Nacional francesa em sua declaração,
a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789.
As teorias que defendem o universalismo dos direitos humanos se contrapõem ao relativismo
cultural, que afirma a validez de todos os sistemas culturais e a impossibilidade de qualquer
valorização absoluta desde um marco externo, que, neste caso, seriam os direitos humanos
universais. Entre essas duas posturas extremas situa-se uma gama de posições intermediárias.
Muitas declarações de direitos humanos emitidas por organizações internacionais regionais põem
um acento maior ou menor no aspecto cultural e dão mais importância a determinados direitos de
acordo com sua trajectória histórica. A Organização da Unidade Africana proclamou
em 1981 a Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, que reconhecia princípios
da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e adicionava outros que

7
tradicionalmente se tinham negado na África, como o direito de livre determinação ou o dever
dos Estados de eliminar todas as formas de exploração económica estrangeira.
Mais tarde, os Estados africanos que acordaram a Declaração de Túnez, em 6 de
Novembro de 1992, afirmaram que não se pode prescrever um modelo determinado a nível
universal, já que não podem se desvincular as realidades históricas e culturais de cada nação e as
tradições, normas e valores de cada povo.

1.4. A História de Tomada de Consciência dos Direitos Fundamentais do Homem

1ª Geração – Direitos Civis e Políticos – Tem como referências históricas a Declaração da


Virgínia (Estados Unidos da América, 1776) e a Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão (França, 1789) e inclui, entre outros, os direitos à vida, à integridade física, à identidade
pessoal, à cidadania, ao bom nome e à reputação, à liberdade e à segurança, à liberdade de
expressão de opinião, de reunião, associação e manifestação, à liberdade de pensamento,
consciência e de culto, o direito de defesa, direito de contrair matrimónio e de constituir família,
direito de voto, de participação na vida política, de acesso a cargos públicos, de constituir ou
participar em associações e partidos políticos, direito à greve e liberdade sindical, etc., etc.).

2ª Geração – Direitos Económicos, Sociais e Culturais. Emergem entre o século XIX e início
do século XX, e incluem direitos ao trabalho, à iniciativa económica privada, à propriedade
privada, à segurança social, à protecção da saúde, à habitação, à protecção da família, à
protecção da paternidade e da maternidade, à protecção da infância, à educação e formação
profissional, ao desporto e à cultura física, à fruição e criação culturais, etc., etc.). Uma das
referências históricas é a Constituição Mexicana de 1917 e a Constituição Russa de 1919.

3ª Geração – Direitos dos Povos e da Solidariedade (direitos dos povos à autodeterminação e à


soberania, à paz e ao desenvolvimento económico, aos seus recursos naturais, a uma nova ordem
política, económica e internacional mais justa e equitativa, à paz e à segurança internacionais, a
um meio ambiente equilibrado, etc. Como marcos referenciais desta geração, citam-se, entre,
outros documentos, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948) e a Declaração
Universal dos Direitos dos Povos (1976).

4ª Geração – Direitos ao ambiente e à qualidade de vida. Tendo como uma das referências a
Carta da Terra ou a Declaração do Rio (1992), esta geração de direitos enfatiza os direitos dos

8
homens e dos povos a uma vida saudável, em harmonia com a natureza, o direito a um ambiente
saudável e ao desenvolvimento sustentável, etc. Vê-se que a 4ª geração constitui um
desprendimento da terceira, com maior ênfase colocada à problemática do ambiente e da
sustentabilidade do desenvolvimento. Fala-se, ainda, actualmente, numa nova geração de direitos
emergentes da Sociedade de Informação, colocando-se a ênfase no combate à chamada
infoexclusão. Preferimos, entretanto, considerar que tais direitos podem enquadrar-se nos da 4ª
geração, posto que ainda se está na senda da salvaguarda da qualidade de vida. A maior parte das
sociedades modernas apresenta nos seus ordenamentos jurídicos um conjunto alargado de
direitos fundamentais, mas, diariamente, tem-se notícia de sua violação, pelo que importa
promover o respeito por esses direitos e denunciar a sua inobservância junto de organizações
internacionais e nacionais vocacionadas (Amnistia Internacional, Comissões Nacionais de
Direitos Humanos como a Liga dos Direitos Humanos entre outros).

1.5. Direitos Fundamentais no Contexto Moçambicano

Em Moçambique, a Constituição da República apresenta um catálogo moderno e alargado de


direitos fundamentais, colocando o país, no plano jurídico, na dianteira dos estados defensores
dos Direitos Humanos.

Os direitos fundamentais consagrados na Constituição da República podem ser agrupados em


dois grandes grupos: a) direitas liberdades e garantias individuais; b) direitos, económicos,
sociais e culturais. No quadro que se segue, ilustramos como a Constituição Moçambique
classifica os direitos fundamentais (a enumeração destes é ilustrativa, logo não exaustiva).

1.6. Direitos Humanos e Segurança Humana

A DUDH foi redigida na sequência das mais graves violações da dignidade humana, em
particular, a experiência do Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial. O ponto central é a
pessoa humana. O preâmbulo da DUDH refere-se à liberdade de viver sem medo e sem
privações. A mesma abordagem é inerente ao conceito de segurança humana. Na Sessão de
Trabalho (Workshop) Internacional sobre Segurança Humana e Educação para os Direitos
Humanos que decorreu em Graz, em julho de 2000, foi declarado que a segurança humana visa
proteger os direitos humanos, isto é, através da prevenção de conflitos e do tratamento das
verdadeiras causas para a insegurança e a vulnerabilidade. Uma estratégia de segurança humana

9
pretende estabelecer uma cultura política global, assente nos direitos humanos. Neste contexto, a
educação para os direitos humanos é uma estratégia rumo à segurança humana, uma vez que
capacita as pessoas na procura de soluções para os seus problemas, com base num sistema global
de valores comuns e numa abordagem orientada para as normas e direitos, em vez de uma
abordagem orientada para o poder. A segurança humana é promovida no seio da sociedade, de
um modo descentralizado, começando pelas necessidades básicas das pessoas, mulheres e
homens de forma idêntica. Referimo-nos a problemas de segurança pessoal, pobreza,
discriminação, justiça social e democracia. A vida sem exploração e sem corrupção começa
quando as pessoas deixam de aceitar a violação dos seus direitos. As organizações da sociedade
civil (como a Transparência Internacional) apoiam este processo de emancipação com base no
conhecimento dos direitos humanos.

Há diversas relações entre os direitos humanos e a segurança humana. A “Segurança”, no sentido


de segurança pessoal (ex. protecção contra a detenção arbitrária), de segurança social (ex.
suprimento de necessidades básicas, como a segurança alimentar) e de segurança internacional
(ex. o direito a viver numa ordem internacional segura), corresponde a direitos humanos já
existentes. As políticas de segurança têm de ser integradas muito mais intimamente com
estratégias de promoção dos direitos humanos, da democracia e do desenvolvimento.

Os direitos humanos, o direito humanitário e o direito dos refugiados fornecem o enquadramento


jurídico em que a abordagem da segurança humana se baseia. (Fonte: Departamento dos
Negócios Estrangeiros e do Comércio Internacional, Canadá. 1999. Segurança Humana:
Segurança para as Pessoas num Mundo em Mudança.)

O governo do Canadá solicitou a redação de um relatório, por uma Comissão Internacional


Independente sobre Intervenção e Soberania Estatal, que esteve na base do desenvolvimento da
doutrina da Responsabilidade de Proteger, como parte do conceito de segurança humana.

Uma “ética da responsabilidade” (Hans Jonas) e uma “ética global a favor dos direitos
humanos” (George Ulrich) foram propostas de modo a fazer face aos desafi os da globalização.
Os debates acerca de certos direitos prioritários e o universalismo versus o relativismo cultural fi
zeram parte das agendas das duas conferências mundiais sobre direitos humanos, em Teerão e
em Viena, respetivamente. A conferência de Teerão, em 1968, clarifi cou que todos os direitos

10
humanos são indivisíveis e interdependentes, e a Conferência de Viena, de 1993, acordou, por
consenso, que “Embora se deva ter sempre presente o signifi cado das especifi cidades nacionais
e regionais e os diversos antecedentes históricos, culturais e religiosos, compete aos Estados,
independentemente dos seus sistemas políticos, económicos e culturais, promover e proteger
todos os Direitos Humanos e liberdades fundamentais”. (Fonte: Declaração e Programa de Acção
de Viena. 1993).

1.7. Direito à Democracia

Os requisitos da União Europeia e do Conselho de Europa para a admissão de novos Estados-


membros apontam nesta direção. Contudo, o efeito transformador dos direitos humanos
dependerá do conhecimento e compreensão que as pessoas têm dos direitos humanos e da sua
prontidão para os usar enquanto instrumento de mudança. O conceito tradicional de direitos
humanos tem sido criticado por feministas, por não refl etir apropriadamente a igualdade entre
mulheres e homens e pela falta de sensibilidade relativamente ao género. As Conferências
Mundiais sobre as Mulheres e a elaboração da CEDM, de 1979, contribuíram, entre outros
efeitos, para uma perspetiva sensível ao género, no que respeita aos direitos humanos das
mulheres, e que também está refl etida na Declaração de 1993 da ONU sobre a Violência Contra
as Mulheres, na Convenção Interamericana de Belém do Pará, de 1995, e no Protocolo Adicional
sobre os Direitos das Mulheres da Carta Africana sobre Direitos Humanos e dos Povos, de 2003.
É importante referir que os instrumentos de direitos humanos apresentam um novo conceito
social e político, ao reconhecerem juridicamente as mulheres enquanto seres humanos completos
e iguais.

1.8. Liberdade (Civil e Política)

Os direitos fundamentais do homem de primeira geração são aqueles atinentes à Liberdade


(civil e política), cujo titular é o próprio indivíduo. Caracterizam-se, basicamente, como direitos
de resistência ou de oposição perante o Estado. Nesse aspecto, assim lecciona o estudioso (2005,
p. 564): São por igual direitos que valorizam primeiro o homem-singular, o homem das
liberdades abstractas, o homem da sociedade mecanicista que compõe a chamada sociedade civil,
da linguagem jurídica mais usual.

11
Juridicamente, o Estado também era implacável. Aos acusados, não cabia direito de defesa,
tampouco de contraditório, submetendo-se a julgamentos secretos e confissões obtidas por meio
de tortura. Ademais, eram amplamente aplicadas penas cruéis, desumanas e desproporcionais à
gravidade do delito cometido.

1.9. Carácter Social

Ao conceituar os direitos fundamentais de segunda geração, os quais estão intimamente ligados


ao Carácter Social, lecciona que eles “ visam a oferecer os meios materiais imprescindíveis à
efectivação dos direitos individuais”.A fim de estabelecer um comparativo entre os direitos
fundamentais de primeira geração e os de segunda geração, comporta trazer à baila os
ensinamentos.

Os direitos de primeira geração tinham como finalidade, sobretudo, possibilitar a limitação do


poder estatal e permitir a participação do povo nos negócios públicos. Já os direitos de segunda
geração possuem um objectivo diferente.

1.9.1. Direitos de Solidariedade ou Fraternidade

Hodiernamente, protege-se, no âmbito do direito constitucional, os chamados direitos


fundamentais de terceira geração, ou direitos de solidariedade ou fraternidade, que consoante
ensinamentos, englobam os direitos a um meio ambiente equilibrado, à qualidade de vida, ao
progresso, à paz, à autodeterminação dos povos e outros direitos difusos. Ainda que inegável a
importância que esses direitos têm para a sociedade contemporânea, vislumbra-se uma grande
dificuldade em garantir, no meio jurídico, a sua efectiva protecção.

Historicamente, refere que os direitos fundamentais de terceira geração surgiram como fruto de
um sentimento de solidariedade mundial, com o escopo de serem internacionalizados valores
ligados à dignidade da pessoa humana, principalmente depois da Segunda Guerra Mundial, em
decorrência dos abusos praticados durante o regime nazista. Esses direitos visavam à protecção
de todo o género humano e não apenas de um grupo de indivíduos”. Exemplifica, citando o
direito ao desenvolvimento, à paz, ao meio ambiente, à propriedade sobre o património comum
da humanidade e à comunicação.

12
2. Conclusão

De acordo com análise minuciosa feita em torno do trabalho conclui-se que a ideia de dignidade
humana é tão antiga quanto a história da humanidade e existe de variadas formas, em todas as
culturas e religiões. Por exemplo, o importante valor atribuído ao ser humano pode ser
encontrado na filosofia africana de ubuntu ou na proteção de estrangeiros no Islão. A “regra de
ouro” segundo a qual devemos tratar os outros como gostaríamos de ser tratados existe em todas
as grandes religiões. O mesmo vale para a responsabilidade da sociedade de cuidar dos seus
pobres e para as noções fundamentais de justiça social. Contudo, a ideia de “direitos humanos” é
o resultado do pensamento filosófico dos tempos modernos, com fundamento na filosofia do
racionalismo e do iluminismo, no liberalismo e democracia, e também no socialismo. Ainda que
o conceito moderno de direitos humanos tenha emanado sobretudo da Europa, deve ser
sublinhado que as noções de liberdade e de justiça social, que são fundamentais para os direitos
humanos, são parte de todas as culturas.

A existência dos direitos subjectivos, tal e como se pensam na actualidade, foram objecto de
debate durante os séculos XVI, XVII e XVIII, o que é relevante porque habitualmente se diz que
os direitos humanos são produto da afirmação progressiva da individualidade e que a ideia de
direitos do homem apareceu pela primeira vez durante a luta burguesa contra o sistema
do Antigo Regime. Sendo esta a consideração mais estendida, outros autores consideram que os
direitos humanos são uma constante na História e têm suas raízes no mundo clássico; também
sua origem se encontra na afirmação do cristianismo da dignidade moral do homem enquanto
pessoa.

13
3. Referência Bibliográfica

 Alfredson, Gundumur et al. 1999. The Universal Declaration of Human Rights. Oslo:
Scandinavian University Press.
 Bayefsky, Anne F. 2002. How to Complain to the UN Human Rights Treaty System. New
York: Transnational Publishers.
 Baxi, Upendra. 2002. The Future of Human Rights. Oxford: Oxford University Press.
 Beitz, Charles R. 2009. The Idea of Human Rights. Oxford: Oxford University Press.
 Benedek, Wolfgang, Matthias C. Kettemann and Markus Möstl (eds.). 2010. Mainstreaming
Human Security in Peace Operations and Crises Management. Policies, Problems, Potential.
London/New York: Routledge.
 Benedek, Wolfgang (ed.). 1999. Human Rights in Bosnia and Herzegovina, Theory and
Practice. The Hague: Martinus Nijhoff Publishers.
 Binder, Johannes. 2001. The Human Dimension of the OSCE: From Recommendation to
Implementation.
 Vienna: Verlag Österreich. Boersema, David. 2011. Philosophy of Human Rights: Theory
and Practice. Westview Press.
 Brander, Patricia, Rui Gomes, Ellie Keen, Marie-Laure Lemineur et al. 2003. COMPASS –
A Manual on Human Rights Education with Young People. Strasbourg: Council of Europe
Publishing.
 Buergenthal, Thomas, Diana Shelton and David Stewart. 2009. International Human Rights
in a Nutshell. 4th edition. St. Paul: West Group.
 Buergenthal, Thomas and Diana Shelton. 1995. Protecting Human Rights in the Americas –
Cases and Materials. 4th rev. edition. Kehl: Engel.
 Commission on Human Security. 2003. Human Security Now, Protecting and Empowering
People. New York: Oxford University Press.
 Mello, Sergio Vieira (2003). Introdução Ao Sistema De Direitos Humanos. Alto-comissário
das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
.

14

Você também pode gostar