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DIREITOS

HUMANOS
FERNANDA FRANKIN SEIXAS ARAKAKI

Teoria Geral dos Direitos Humanos:


O que são os Direitos humanos?
De onde vem os direitos humanos? Porque temos esse
direitos?

Piores penas aplicadas


Introdução
Os direitos humanos em seu sentido mais amplo e na qualidade de paradigma de
respeito e proteção aos direitos elementares do homem, devem ser o norte ético que
permeia toda a essência de proteção da ordem jurídica na atualidade, devendo
constituir os pilares de sustentação e amparo ao mínimo existencial aos seres
humanos.
Tal proteção forma a base das sociedades jurídicas atuais, tratando-se
intrinsecamente da definição da própria contemporaneidade, que concebe e afirma o
homem como a verdadeira fonte e finalidade, e, não mais com base em “qualquer
ordem imanente ou transcendente do mundo” (RENAUT, 2004, p. 10).

O que são os direitos humanos? têm fundamentação


jusnaturalista, positivista ou ética?
Conceito

Ao analisar a delimitação conceitual sobre direitos humanos, Pérez Luño (1999),


salienta as diferentes concepções e contradições sobre o termo, considerando um
erro negar todo seu aspecto sintomático (PÉREZ LUÑO,1999, p.21- tradução livre).
Os direitos humanos, segundo o teórico, possuem diversas acepções: política,
jurídica, filosófica, social, ideológica, religiosa, histórica e, quanto mais se busca
suas acepções, alargando o âmbito de seu uso, o significado desta expressão se torna
mais impreciso (PÉREZ LUÑO,1999, p.22 - tradução livre).

    Desta forma, não existe um conceito bem definido de Direitos Humanos


que siga uma forma absoluta. Na verdade, existe bastante discussão sobre
tema. Especialmente quanto a sua natureza.    
    Apesar da intensa discussão, será colocado o tema numa visão que
consegue abarcar todas essas discussões, e, será a base de todo nosso
estudo.
    O termo "direitos humanos" será entendido em sua natureza com duplo
significado: um de caráter amplo (lato sensu), com base jusnaturalista e
filosófica (direito pré-moral); e um que abrange os diretos humanos em
sentido estrito (stricto sensu), que são direitos positivados no direito
internacional; bem como os direitos fundamentais, que são os direitos
Ainda em uma vertente conceitual, Canotilho (1998) faz uma importante distinção das
expressões direitos do homem e direitos fundamentais, definido o âmbito de aplicação das
expressões numa divisão entre o direito internacional e nacional:
As expressões “direitos do homem” e “direitos fundamentais” são frequentemente utilizadas
como sinônimas. Segundo a sua origem e significado poderíamos distingui-las da seguinte
maneira: direitos do homem são direitos válidos para todos os povos e em todos os tempos
(dimensão jurisnaturalista-universalista); direitos fundamentais são os direitos do homem,
jurídico-institucionalmente garantidos e limitados espaço-temporalmente. Os direitos do homem
arrancariam da própria natureza humana e daí o seu caráter inviolável, intemporal e universal; os
direitos fundamentais seriam os direitos objetivamente vigentes numa ordem jurídica concreta
(CANOTILHO, 1998, p. 369).

Direitos humanos lato-sensu (ou Direitos do Homem)-pré-moral base jusnaturalista

Direitos humanos Stricto sensu


Direitos fundamentais - positivados no âmbito dos Países
- Positivados no plano internacioanal
Os Direitos humanos, são direitos com bases
éticas/naturais, ou direitos positivos?

Para se entender os Direitos humanos precisamos entender o


que é “ser humano”
Kant responde essa indagação: É a dignidade
humana.

"No reino dos fins tudo tem ou um preço ou uma


dignidade. Quando uma coisa tem um preço, pode-se pôr
em vez dela qualquer outra como equivalente; mas
quando uma coisa está acima de todo o preço, e,
portanto, não permite equivalente, então tem ela
dignidade” (KANT, 2001, p. 77).
"O conceito segundo o qual todo o ser racional deve considerar-se
como legislador universal por todas as máximas da sua vontade
para, deste ponto de vista, se julgar a si mesmo e às suas acções (...)
O que seria liberdade?
Para Kant, é a capacidade de agir de forma autônoma. É a capacidade
de agir de acordo com uma lei que concedo a mim mesmo.

Os direitos humanos a partir da fundamentação ética tem


como base valores éticos ou axiológicos.
Os direitos humanos como um direito nato,
jusnaturalista

Naturalismo
A pessoa humana é o fundamento atemporal dos Direitos Humanos, pois a partir dela
verificamos a existência de direitos preconcebidos e precedentes a qualquer modo de
positivação estatal.
A dignidade, não importa a cultura na qual a pessoa esteja imersa, deve ser objeto de zelo
e amparo, pois está presente no homem enquanto homem. Neste sentido, os Direitos
Humanos não são criados pelos homens, não são criados pelo Estado, mas resta a este o
reconhecimento destes direitos enquanto direitos naturais, imanentes.
Nesta concepção, os Direitos Humanos são o ramo do Direito Internacional Público que
tem como base a dignidade da pessoa humana, ou seja, o conjunto de direitos inerentes a
todo ser humano, que o protege de tratamentos degradantes e lhe assegura condições
mínimas de sobrevivência, independente de raça, cor, credo, opinião política, etc.
Como fundamentação histórica
ou positivista dos direitos
humanos

Positivismo
Os Direitos Humanos não podem ser caracterizados como absolutos. Devem obedecer à
ordem prática do Direito que, como fruto social, leva em consideração fatores culturais,
morais e sociais, variáveis em sua constituição.
Portanto, não poderíamos almejar uma fundamentação absoluta, ou caráter permanente para
algo que necessariamente irá sofrer alterações. Isso gera uma tendência natural à positivação
dos Direitos Humanos pelas Constituições nacionais.
Nesta concepção, não devemos perceber os Direitos Humanos como fruto do tempo e das
experiências. Eles nasceram fragmentados em resposta às atrocidades cometidas
arbitrariamente sobre o ser humano durante guerras e conflitos. O direito à liberdade e à vida
são exemplos de alguns desses direitos.
Conceituação por autores mais cobrados:

• Flavia Piovesan: “São normas jurídicas externas e internas que visam proteger a
pessoa humana (positivo).
• André Carvalho Ramos: “Conjunto mínimo de direitos necessários para assegurar
uma vida ao ser humano baseada na liberdade e na dignidade” (positivo e natural).
• Erival da Silva Oliveira: “Correspondem à somatória de valores, de atos e de
normas que possibilitam a todos uma vida digna” (positivo e natural).

Segundo Bobbio, os direitos humanos nascem como direitos naturais universais,


se realizam como direitos positivos individuais, para consolidarem-se como
direitos positivos universais, não havendo sua fundamentação a maior
preocupação, mas sim sua efetivação
E porque essa preocupação?

Porque os Direitos Humanos nunca foram


tão violados como agora, apesar de toda a
legislação positiva dos direitos humanos.
I. Características dos Direitos Humanos
• Historicidade: Indica que a concepção de Direitos Humanos decorre das condições da sociedade
em um determinado momento histórico, de modo que varia de acordo com a evolução de cada
povo, no tempo e no espaço;
• Inalienabilidade: os Direitos Humanos são indisponíveis, não possuindo conteúdo econômico
patrimonial e, assim, não podem ser objeto de negociação e/ou comercialização (regra);
• Imprescritibilidade: os direitos humanos são sempre exigíveis, não se sujeitando à prescrição e,
assim, não possuem prazo para o seu exercício;
• Irrenunciabilidade: Dispõe que o indivíduo, apesar de poder não necessariamente exercer os
seus direitos, caso queira, não pode renunciar a eles;
• Proibição de retrocesso: A proibição do retrocesso indica que não é possível a supressão
normativa dos direitos já consagrados através de medidas legislativas. É o chamado efeito cliquet.

Outras características também cobradas em provas:

Indivisibilidade/Interdependência: os DH devem ser compreendidos como um conjunto, como um


bloco único, indivisível e interdependente. Engloba os direitos civis, políticos, econômicos, sociais e
culturais. Para se garantir a proteção integral da dignidade humanos o Estado deve assegurar todos os
dh conjuntamente.
Complementaridade: Os Dh´s não devem ser interpretados isoladamente, mas sim de forma conjunta
com a constituição e diversas leis, princípios e objetivos estatuídos pelo legislador constituinte.
Universalidade: os DH´s se destinam a todas as pessoas sem qualquer tipo de discriminação, pouco
importando a etnia, religião, sexo, idade etc. Também tem validade em todos os lugares do mundo
(cosmopolita). Essa característica permite flexibilizar o conceito de soberania nacional e jurisdição
doméstica, uma vez que tem como primado o indivíduo, sua liberdade e autonomia, em detrimento da
soberania do Estado.
• OBS: Relatividade dos DH´s – Essa corrente doutrinária não concebe uma sociedade universal,
com os mesmos padrões culturais, sob pena de haver uma violação à autodeterminação dos povos.
Devido à existência de um pluralismo cultural, seria necessário respeitar as diferenças culturais de
cada sociedade. As regras sobre a moral variam em cada país, não havendo moral universal.
Assim, essa teoria tem como primado a coletividade, sendo o indivíduo parte integrante da
sociedade.

ATENÇÃO: Em regra os DH´s nenhum direito é absoluto, isso acontece para se harmonizar a
outros valores coexistentes na ordem jurídica. Assim, não se afirmam como direitos absolutos,
como ocorre, por exemplo, com o direito à vida que pode ser relativizado nos casos de legítima
defesa ou de pena de morte. Cuidado, pois os direitos à proibição de tortura e de escravidão não
são passíveis de serem relativizados, consoante dispõe a Convenção conta a Tortura da ONU

Fim

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