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Filosofia – 10º ano

Valores e Cultura

 Não haverá práticas e costumes moralmente inadmissíveis, que são objetivamente errados?

 Em que nos podemos basear para criticar certas práticas culturalmente estabelecidas?

 Até que ponto a tolerância é uma virtude?

 Como é possível o diálogo entre sociedades e culturas com crenças e formas de agir tão
diferentes?

 Haverá alguma base para esse diálogo?

 O relativismo promove realmente esse diálogo entre culturas?

 Não será o reconhecimento de direitos humanos uma melhor base para sustentar esse
diálogo?
Valores e Cultura

A Filosofia sublinha a ideia de que existe um conjunto de


valores essenciais e universais, subjacentes a todas as culturas,
ainda que, considerando a diversidade de contextos, se manifeste de modos distintos.

Embora os Direitos Humanos sejam reconhecidos pela maioria


dos países, desde 1948, o certo é que continuam, na prática, a
ser postos em causa.

Continuam a existir fenómenos de segregação, racismo,


xenofobia, muitas vezes, assumindo formas deliberamente
camufladas (por exemplo, aceitamos hoje a igualdade de direitos entre homens e mulheres ou a
homossexualidade, mas na prática são frequentes as situações de discriminação).
Valores e Cultura

O que são direitos?

Um direito é uma reivindicação legítima ou justificada que


deve ser aceite pelos outros.

Ter um direito é ter legitimidade para reivindicar alguma


coisa de alguma pessoa ou instituição.
Exemplo: Ter direito à liberdade de expressão significa que posso exigir dos outros que não me impeçam de
falar ou de expressar as minhas crenças ou ideias.

Os direitos implicam deveres.


Ter direito à vida implica que os outros têm o dever de não me matar e que eu tenho a obrigação (dever) de
não matar.
Direitos morais e direitos legais: os direitos humanos são exigências morais
Direitos legais

São os direitos instituídos pelo poder político.


Estes direitos estão redigidos nos diversos códigos jurídicos de várias nações (Código Penal, Código Civil,…).

São direitos políticos, ou seja, atribuídos pelo poder legislativo de


um determinado Estado.
Exemplo: como cidadão do Estado português tenho o direito ao divórcio, enquanto outros Estados não
concedem tal direito aos seus cidadãos.

Algumas vezes temos direitos legais que não deveríamos ter.


Ex. Em muitos estados do Sul dos EUA, havia o direito legal de possuir escravos negros, mas agora pensamos que não havia boas
razões morais para que tivessem esse direito legal.
Outras vezes não temos direitos legais e deveríamos ter.
Ex. Só em 1971 as mulheres suíças tiveram direito de votar em eleições no seu país. Não tinham esse direito, mas havia boas razões
morais para que o tivessem.
Direitos humanos

Quando falamos de direitos legais que as pessoas deviam ou não deviam ter, estamos a
falar de direitos que, de um ponto de vista moral, foram desrespeitados ou abusivamente
concedidos.
Direitos Humanos

Direitos fundamentais do ser humano que derivam da sua


condição de pessoa, isto é, que todo o ser humano possuí pelo
simples facto de ser humano (e não por serem cidadãos deste ou daquele Estado).

São direitos morais, naturais, próprios da natureza humana.

São geralmente reconhecidos como direitos morais o direito à integridade física, à vida,
à liberdade de expressão, entre outros.
- Relativismo cultural e direitos humanos
Para o relativista a ideia de direitos humanos é culturalmente
condicionada.

 Em muitos casos, essa ideia é vista como uma invenção das culturas de raiz ocidental
cristã e como uma forma de tentar impor essa forma de pensar a culturas de raiz
diferente (imperialismo cultural do Ocidente).

Recordando, segundo o relativismo cultural, não devemos interferir no universo de outras culturas. Devemos
respeitá-las porque, se uma prática é correta dentro de uma cultura, jugá-la ou tentar mudá-la é tentar impor as
normas e valores da nossa cultura aos outros.

Assim, sendo a Declaração dos Direitos Universal dos Direitos Humanos um produto
de uma determinada cultura, parece que, se, em dado lugar do mundo, houver uma
prática moralmente aceite (ou até obrigatória) que viola direitos reconhecidos como de
todos os seres humanos, o relativista dirá que temos de aceitar que nessa cultura é
correto fazer tal coisa e que a Declaração se limita a exprimir uma convicção diferente.
(Cont.)

 Deste modo, parece que o relativismo


é incompatível com a ideia de
direitos humanos universais pois, para esta perspetiva, não há
princípios éticos universais.
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Na realidade, os direitos humanos não são a negação da
diversidade cultural. São:

 Uma forma de negar que os valores e normas de uma determinada cultura


sejam absolutos e intocáveis (há valores que estão acima de qualquer costume cultural).
 Uma forma de salientar que não temos apenas os direitos que as nossas
sociedades nos concedem (impede que sejam legítimas quaisquer práticas aprovadas pela maioria).
 Uma forma de sublinhar que a cultura é um fator humanizador (há práticas que
degradam o ser humano aproximando-o da condição de objeto ou coisa, por ex. a escravatura).
Características essenciais dos Direitos Humanos
 São inerentes à pessoa humana, têm o seu fundamento na dignidade de
cada ser humano. Por isso são universais, válidos para toda a pessoa,
independentemente da sua condição socioeconómica, religião,
nacionalidade, raça ou sexo.

 São exigências éticas («direitos morais»), porque representam valores que


devem ser respeitados por todos os seres humanos e garantidos pelas leis e
pelos governos de todos os países.

 São ideais que devem orientar e inspirar os códigos legais de qualquer


Estado para que este seja considerado um Estado de direito. Quando a legislação
concreta de um Estado os contempla, resulta em mais garantias quanto ao seu respeito e proteção.
Direitos Humanos

 Existem, mesmo quando não são reconhecidos e cumpridos. Com efeito, nenhum
poder político pode retirar-nos (ou dar-nos) esses direitos, porque a dignidade humana que é o seu
fundamento é algo que temos por sermos pessoas e não algo que depende da vontade de quem faz as leis.
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O respeito pelos Direitos Humanos – característica


fundamental da Atitude Intercultural – convida

ao Diálogo,
à Tolerância (ativa),
e à Solidariedade.

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