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Direitos Fundamentais – Pedro Trovão do Rosário e Barbara Lobo

11/10 - Barbara

Direitos Fundamentais – expressão contemporânea; não são dados, são construídos.

- Estão em desenvolvimento, constante evolução (produto da ‘’evolução’’ da


humanidade).
- Não existe uma hierarquia entre os direitos fundamentais.
- A CRP serve para assegurar a convivência, tendo em conta as diferenças das pessoas.
- Direitos naturais, direitos inatos, direitos individuais, liberdades individuais, direitos
civis, liberdades públicas, direitos do homem, direitos humanos, direitos subjetivos
públicos.

Direitos humanos e Direitos fundamentais

São produto dos direitos fundamentais São produto dos direitos humanos

Normas internacionais
(Declaração Universal Direitos humanos constitucionais
dos Direitos Humanos – (plano interno)
Direito Privado)
(plano global/internacional)

Sentido e Alcance dos Direitos Fundamentais

- Antiguidade: Direito moral e religioso (universalidade mitigada – mulheres, crianças,


escravos bárbaros/estrangeiros).

- Idade Média: Igreja e Estado, sociedade piramidal – direito, religião e política (direito
consuetudinário).

- Reforma/contrarreforma: Imposição do sistema económico capitalista (colonialismo,


caça às bruxas (Silvia Federici), aporofobia (Adela Cortina)).

- Idade Moderna: revolução científica, racionalismo filosófico, antropocentrismo.

- Jusnaturalismo: direitos naturais – Thomas Paine = ‘’(direitos naturais são) aqueles


que correspondem ao homem pelo simples facto de existir’’.
- Contratualismo:
- Thomas Hobbs (‘’estado de natureza’’ – bélico ‘’todos contra todos’’ –
contrato social – vida, paz e segurança).
- John Locke (antiabsolutismo, liberalismo – contrato social – estabilidade,
liberdade de propriedade).

O Estado é o maior violador dos direitos fundamentais.

- Jean-Jacques-Rosseau: 1762 – do contrato social Estado de Natureza – plena


liberdade – ‘’homem bom’’; pacto social – autodeterminação política – assembleia,
vontade popular.
- Immanuel Kant – racionalismo, soberania, liberdade e permanência (dever
moral – imperativo categórico).

Direitos Inatos

- Declaração de direitos do bom povo de Virginia (16/06/1776).


- Declaração dos direitos formulada pelos representantes do bom povo de Virginia,
reunidos em assembleia geral e livre; direitos que pertencem a eles e à sua
posteridade, como bem e fundamento do governo (art.º 1).

- Direitos fundamentais não são direitos naturais.

Direitos e Liberdades individuais

- Constituição dos EUA (1787).


- Oposição ao Absolutismo – ideologia/liberal.
- Caráter negativo: verticalidade dos direitos – oponibilidade ao Estado.

Estado

Sociedade

- Garantia de proteção da esfera privada.


- Autonomia.
- ‘’status negativus e status libertatis’’ – George Jellinek.

Direitos civis ou Liberdade civis

- República/Constituições republicanas – delimitação da esfera privada –


nomenciatura utilizada nas Constituições brasileiras de 1824 e 1937.
- Correspondência aos direitos individuais – liberdade.
Liberdades Públicas~

Constituição francesa de 1793 e constituição francesa de 3 de Junho de 1958.

Art.º 34 – A lei estabelece as regras relativas: ‘’aos direitos civis e garantias


fundamentais concedidas (...) defesa nacional aos cidadãos em sua pessoa e seus
bens’’.

15/10 – Trovão

Direitos Humanos – todos aqueles que são inerentes à pessoa humana (pessoa
singular e não coletiva) porque essenciais ao seu próprio ser. Por outras palavras, ao
ser negada a existência de um direito humano a um indivíduo, este não terá
preenchido o seu ser e a sua condição de pessoa humana. Todos aqueles direitos que
se enquadrem nesta definição são direitos humanos.

Quais os direitos humanos? Esta afirmação dos direitos humanos encontra como
referência uma norma de direito internacional de 1948, a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, na qual os estados reconhecem um conjunto de direitos a cada
indivíduo, independentemente da sua condição (raça, origem, religião).
Em 1948, três anos depois da II Guerra Mundial, os estados consideraram um
elenco do direito como sendo próprios de cada indivíduo – cada indivíduo tem aquele
conjunto de direitos. Precisamente para os indivíduos começarem a ver, afirmarem e
respeitarem um compromisso dos diversos estados onde aquele conjunto de direitos
serão respeitados, desde logo pelos próprios estados.
No art.º 3 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, afirma-se o direito à
vida como sendo reconhecido direito humano por parte dos estados.
Estes direitos são próprios e necessários aos indivíduos.

Direito à vida – Não é sempre respeitado, nomeadamente nos estados onde existe a
pena de morte.

Os direitos humanos estão em constante evolução.

(Exemplo: diferença entre direitos humanos e direitos fundamentais - art.º 79 da CRP).

Direito à vida além de humano é direito fundamental? O direito à vida encontra-se


protegido ao abrigo do art.º 24, n.º 1 da CRP. O art.º 24, n.º 2 da CRP proíbe a
existência de pena de morte.
Quando existe proteção dos direitos no sistema jurídico, como o caso de o
direito à vida estar inserido na CRP, conseguimos perceber que se pretende tornar
direito fundamental.
A própria Constituição trouxe no seu domínio o direito humano e fundamental
(art.º 8, n.º 1 e art.º 16, n.º 1 da CRP).

Há direitos fundamentais que não são direitos humanos.


Se é característico dos direitos humanos serem próprios e inerentes ao indivíduo não
são necessariamente próprios aqueles que são conhecidos apenas a pessoas coletivas
(por exemplo: art.º 40 da CRP).

Muitos dos direitos humanos têm uma matriz coincidente com aquilo que é um
fenómeno diligente.

Art.º 13, n.º 2 e art.º 36 da CRP.

No âmbito dos direitos humanos e cada um dos direitos humanos que encontramos na
Declaração Universal dos Direitos Humanos referem-se a indivíduos. Porém, há alguns
direitos humanos cujos titulares também podem ser pessoas coletivas, embora não
lhes sejam destinados. Por exemplo, o direito à imagem.

18/10 - Barbara

Há um desenvolvimento concomitante entre direitos humanos e direitos


fundamentais.

Direitos humanos – caráter global.

Direitos fundamentais – caráter nacional. Normas de direito constitucional.

Direitos humanos são iguais em Portugal, Brasil, Chile, Japão, etc.


Direitos fundamentais é necessário verificar a constituição daquele estado específico.

Sentido e Alcance dos Direitos Fundamentais


Direitos Fundamentais

- Direitos, liberdades e garantias individuais (igualdade formal, liberdade, propriedade


e direitos políticos);
- Direitos económicos e sociais (igualdade material);
- Constituição México (1917) – Constituição Política de Los Estados Unidos Mexicanos
(05/02/1917);
- Rússia – Constituição Soviética (1918);
- Alemanha – Constituição de Weimar (1919).

Igualdade (formal) – existe na constituição, contudo no mundo real não.

Existe uma preocupação em materializar-se a igual, isto é, tornar real o que se


encontra presente na Constituição.

México é o primeiro Estado a dispor que os sujeitos têm direito a educação, trabalho,
cultura, etc, em 1917.
 Constitucionalidade/juridicidade – maioritariamente antropocêntricas
 Dignidade da pessoa humana.
 Democracia – estado de direito democrático/estado democrático de direito.
 Dinamicidade ‘’os direitos fundamentais não são dados, mas sim construídos’’
H. Arendt – ‘’Direitos humanos não são um dado, mas sim um construído’’. Por
exemplo, o art.º 13 da CRP foi modificado na revisão de 2005 para inclusão de
orientação sexual como um fato de igualdade.
 Evolutividade, permanente construção, demanda/movimentos sociais.

A dignidade da pessoa humana e a realização dos direitos fundamentais parte do


pressuposto que vivemos num estado democrático, não existe em governos ditatoriais.

Estado de direito – é assegurado a participação popular nas eleições políticas.

Em 2007, referendo para elaboração de uma nova constituição no Equador.

Em construção:
- Direitos do ambiente e Direitos da natureza
- Direitos sexuais e reprodutivos
- Neuro direitos (manipulação da mente humana, especialmente através de
plataformas digitais)
- Direitos fundamentais tecnologia, informação e comunicação
- Direitos e bioética/biomedicina

Natureza Concepções Direitos Fundamentais

Dignidade da pessoa humana


 Art.º 1 (República Portuguesa) Portugal é uma República soberana, baseada na
dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na
construção de uma sociedade justa, livre e solidária.
 ‘’Centro de irradiação ética e edeológica da constituição’’ – JALS, 2013.
 Direitos fundamentais como trunfos (Jorge Reis Novais) – supremacia de
Constituição/materialidade – força normativa da constituição – levar a
constituição a sério – subordinação dos poderes constitutivos aos direitos
fundamentais.
 Respeito, proteção e promoção – eficácia/efetividade.

Todos os artigos inseridos na Constituição estão relacionados com a dignidade da


pessoa humana.
22/10 – Trovão

Fundamentalização formal e fundamentalização material

Fundamentalização Formal:
 Num primeiro plano, encontramos a previsão dos direitos humanos que se
considerem então fundamentais numa norma superior o que constitui,
formalmente, um modo de proteção desses direitos, enquanto se encontrar
integrado num sistema hierarquizado de normas. Temos sempre presente
aquilo que é a relevância no âmbito jurídico o pensamento de Hans Kelsen, em
que a norma inferior está sujeita à norma superior. Esta hierarquia permite-nos
hierarquizar e a circunstância de estes direitos serem colocados numa norma
superior relativo àquilo que sejam considerados as normas superiores. A mera
circunstância disto permite que se afirme esta proteção dos direitos na
hierarquia de normas. Consagrado no art.º 277, n.º 1 da Constituição da
República Portuguesa (Inconstitucionalidade por ação). É a própria Constituição
que dá importância à conservação dos direitos fundamentais numa formação
hierárquica.
 O segundo aspeto da fundamentalização formal consiste na existência de
mecanismos agravados de revisão que permitem um especial grau de proteção
aos preceitos da própria lei fundamental. Ao contrário do que ocorre com os
demais atos legislativos onde possa ser suficiente para sua aprovação uma
pluralidade de votos (art.º 116, n.º 3 da CRP), ou mesmo uma maioria absoluta
dos deputados (como é o caso das leis orgânicas – art.º 168, n.º 5 da CRP). No
caso dos preceitos constitucionais só podem ser revistos se e quando forem
respeitados os diversos limites de revisão constitucional constantes do art.º
284 e seguintes da Constituição, tendo que ser aprovado por uma maioria
qualificada de dois terços qualquer alteração à Constituição.
 Num terceiro plano, percebe-se a importância de alguns direitos fundamentais
serem inatingíveis mesmo que ocorra um processo de revisão constitucional,
ou seja, a própria constituição prevê a circunstância de alguns dos direitos
fundamentais não poderem ser objeto de revisão (art.º 288, alínea d) da CRP)
correspondentes aos direitos, liberdades e garantias.
Direitos, liberdades e garantias é um conceito particularmente importante no
âmbito dos direitos fundamentais.
Existe uma diferença entre direitos económicos, sociais e culturais.
Em 1976, quando se definiu os direitos fundamentais, o legislador separou-os
em dois grupos: direitos, liberdades e garantias e direitos económicos, sociais
e culturais. Relativamente aos direitos, liberdades e garantias, o objetivo é
estabelecer limites à ação de quem tem o poder. Neste elenco de direitos,
liberdades e garantias vamos encontrar a previsão de direitos e a afirmação de
direitos que se consideram como aqueles que não devem ser postos em causa
pelo Estado (inclui regiões autónomas, autarquias locais, tudo o que tenha
poder). As diversas disposições pretendem fundamentalmente que não sejam
prejudicados esses direitos, pretendem proteger os mesmos através de formas
de garantia de parte de quem possa colocá-los em causa, tanto o direito à vida,
o direito à liberdade, à segurança do emprego dos trabalhadores (art.º 24 a 57
da CRP – direitos, liberdades e garantias).
O direito à vida, como todos, é passível de restrição. O direito à vida não pode
ser revisto – art.º 288, alínea d) e art.º 24 da CRP.
Pode haver pena de morte em Portugal? Corresponde a uma sanção a ser
estabelecida em lei ordinária para a prática de determinados crimes. É a lei
penal que consagra essa sanção, não é a Constituição que é revista.
O art.º 24 da CRP, estabelecendo a afirmação do direito à vida não deixa de no
n.º 2 expressamente estabelecer essa proibição de pena de morte.
O art.º 25, n.º 2 da CRP – proibição de submeter alguém a tortura.

Direito à saúde – art.º 64 da CRP.


Direito à habitação – art.º 65 da CRP.
Direito de proteção à terceira idade – art.º 72 da CRP.
Direito de proteção à infância – art.º 69 da CRP.
Direito ao trabalho – art.º 58 da CRP.

Nos direitos económicos, sociais e culturais pretende-se que o Estado


concretize.
No plano de fundamentalização formal, os direitos, liberdades e garantias são
mais importantes que os económicos, sociais e culturais.

Qual é a diferença essencial entre o art.º 53 e o art.º 58 da CRP? Art.º 53


(limite ao emprego) – será bem-sucedida quando se realizar uma não
realização da entidade patronal. Não despedir sem justa causa.
Art.º 58 – o Estado deve promover o trabalho.
Em Portugal, o trabalho que seja despedido sem justa causa, pode dirigir-se a
tribunal para que sendo declarada a ilicitude do tribunal, este ordene a
indemnização do trabalhador.

 Um quarto ponto traduz-se no seguinte: os preceitos constitucionais relativos


aos direitos, liberdades e garantias são direta e imediatamente aplicáveis
vinculando quer entidades públicas, quer entidades privadas, nos termos do
art.º 181, n.º 1 da CRP, ou seja, decorre da fundamentalização formal, a
definição de um regime jurídico específico ou próprio nos direitos, liberdades e
garantias, os quais assim não carecem da existência de uma outra norma que
os concretize para serem aplicados.

Nos termos do art.º 165, alínea c) da CRP (...)

Enquanto, do art.º 58 (...)


25/10 – Barbara

Dimensões (Gerações) de Direitos Fundamentais

- Dinâmica da realidade social – HIPERCOMPLEXIDADE das relações sociais demanda o


reconhecimento de (novos) direitos – Direitos Fundamentais e Direitos Humanos 
em permanente construção e evolução.
- Sistema de classificação dos direitos fundamentais e direitos humanos.
- Thomas Humphrey Marshall (T.H. Marshall – soc. U.K.) (1949)  ‘’Citizenship and
social class’’ – cidadania  insaciável.
 Cidadania (3 parts/elements):
1. Civil (individual freedom) – Liberdade das pessoas, liberdade de expressão,
pensamento e fé, liberdade de propriedade e contratual, direito à justiça
(processo legal), igualdade formal.
2. Political – Participação política – sufrágio universal (parlamento e governo
local).
3. Social – Participação política (Bem-estar económico – educação e serviços
sociais).
- Karel Vasak (jurista tcheco-francês) – 1979 – Instituto Internacional de Direitos do
Homem – Estrasburgo – Fases dos Direitos Humanos (inspiração histórica e axiológica)
 GERAÇÕES
‘’As dimensões internacionais dos direitos do homem’’ (1983).
 Liberdade – Revoluções burguesas séc. XVII e XVIII.
 Igualdade – Movimentos sociais, democráticos e Revolução Russa.
 Fraternidade – Experiências da II Grande Guerra e descolonização.

- Norberto Bobbio – L’eta dei Diritti – A era dos Direitos – 1990 – 3 Gerações de
direitos.
- Classificação  historicidade dos DH/DF – contextos, situações sociais, económicas e
políticas.
- Contemporaneidade: reconhecimento de 4ª, 5ª e 6ª dimensões de direitos – não
consensual.
- Terminologia: GERAÇÕES e DIMENSÕES de direitos – caráter estanque e releitura.

GERAÇÕES

√ 1º Geração 2º Geração 3º Geração

DIMENSÕES

Geração


Geração

Geração
 Paradigmas jurídicos:
- Estado Liberal
- Estado Social
- Estado de Direito Democrático – Estado Democrático de Direito

Paradigma do Estado Liberal


- Consolidação dos Estados Nacionais: Consolidação do Capitalismo.
- Revoluções Americana (1776) e Francesa (1789);
- Estado X sociedade. Individualismo, Supremacia do privado.
- Liberalismo económico: Estado mínimo (não intervencionista). Propriedade.
- Contratualismo (Proeminência Direito Civil - Código Napoleónico 1804).
- Igualdade formal.
- Rigorosa separação de poderes (Montesquieu).
- Estrito legalismo, decorrente do positivismo. Prevalência do Legislativo.
- Juiz era ‘’la bouche de la loi’’.
- Liberdade: "o que não é proibido é permitido"  princípio da legalidade.

Direitos Fundamentais de 1ª geração/dimensão


- Primeiras declarações de direitos – direitos civis ou liberdades individuais e
direitos políticos
- Direitos individuais/direitos civis/liberdades individuais: autonomia individual,
personalidade: liberdade em geral e liberdades especificas (consciência, crença,
expressão), direito de propriedade, vida e segurança (vedação de prisões
arbitrárias, devido processo legal, irretroatividade prejudicial da lei penal),
liberdade contratual de profissão, de associação,
- Direitos políticos, de participação política ou liberdades políticas – Direitos cívicos.

Direitos Fundamentais de 1ª dimensão/geração: direitos civis ou liberdades


individuais e direitos políticos.

Viés negativo. ‘’Status libertatis’’. Verticalidade.


‘’Status activus’’. Direitos cívicos.
Abstenção e tutela estatais.

DIMENSÕES (GERAÇÕES) DE DIREITOS FUNDAMENTAIS


Constituição da República Portuguesa

Ex: art.º 24 (vida) 25 integridade pessoal, 26 (direitos de personalidade), 27


(liberdade e segurança), 29 (aplicação lei criminal), 31° (HC), 32 (garantia processo
criminal), 34 (inviolabilidade religião), 41 (liberdade de consciência, crença e
religião), 44 (direito de deslocação), 45 (direito de reunião), 46 (liberdade de
associação), 47 (liberdade de escolha da profissão), 62 (propriedade privada -
Capítulo I Direitos e Deveres económicos).
DIMENSÕES (GERAÇÕES) DE DIREITOS FUNDAMENTAIS
Constituição da República Portuguesa

Direitos Políticos
Ex: art.º 48 (participação na vida pública), 49 (sufrágio), 50 (direito de cargos
públicos), 51 (associações e partidos políticos), 52 (direito de petição e ação
popular).

Paradigma do Estado Social


- Consolidação Capitalismo. Iª GG
- Assistência social Anti-individualismo:
- Organização sindical/classe trabalhadora; Marxismo; Socialismo; Comunismo.
Revolução russa.
- Constituições do México (1917). Constituição Russa (1918) e de Weimar
(Alemanha 1919);
- Igualdade material. Estado intervencionista; Supremacia do interesse
público; Relação de clientela entre Estado e Sociedade; Prevalência do
Executivo; Prestações positivas/Atuação promocional do Estado.
- Liberdades sociais (mov. sociais) – instrumentais para conquistas de direitos.
- Judiciário busca realizar a justiça social distributiva;

Direitos Fundamentais de 2ª geração/dimensão


- Releitura dos direitos de 1ª dimensão. Ex: Universalidade dos direitos políticos.
Igualdade material.
- Direitos sociais (necessários à participação plena na vida em sociedade. Ex:
educação, proteção maternidade, infância, idosos);
- Direitos económicos (nível mínimo de vida e segurança material para
desenvolvimento humano. Ex: direitos trabalhistas, previdenciários, moradia,
saúde, alimentação);
- Direitos culturais (resgate, estímulo e preservação da cultura).

29/10 – Trovão

1. Inclusão de uma norma superior.


2. Essa norma superior é possível de revogação, ou seja, é possível ser alterada.

Se as normas são todas possíveis de alteração/revisão, temos de perceber como se


pode alterar cada norma. No âmbito da fundamentalização formal, veríamos que uma
norma será aprovada.

Uma norma pode ser alterada, teremos de ver quantos votos serão necessários, estará
no art.º 116, n.º 3 da CRP.

De acordo com o art.º 166, n.º 3 da CRP, a norma sendo aprovada por uma
pluralidade de votos (mais votos a favor que contra) ela será então a nova fonte.
Assim, se tivermos 230 deputados na A.R, se nada mais resultasse nem da CRP nem da
lei, dois deputados a favor e três contra, isto alterava a lei. Só não será assim se a CRP
estabelecer uma forma diferente que não a pluralidade de votos.
Em função das características do órgão, a CRP e a lei determinam que algumas das
deliberações têm de ser tomadas pela maioria absoluta ou por maioria absoluta
qualificada dos membros desse órgão.
Por exemplo: o art.º 168, n.º 5 da CRP – maioria absoluta dos deputados em
efetividade de funções.
Se o P.R. vetar politicamente uma lei orgânica, a sua aprovação é feita por 2/3 dos
deputados em efetividade de funções.

Art.º 112, n.º 2 e 3 da CRP.

Não é difícil que uma lei e um decreto-lei sejam alterados.

Através da fundamentalização formal, verifica-se um segundo aspeto que resulta dos


art.º 284 e seguintes da CRP, ou seja, perante a fundamentalização formal todos
aqueles direitos e liberdades constitucionalmente afirmados como fundamentais só
poderão ser revistos ou ‘’revogados’’ quando ocorrer uma revisão constitucional, a
qual beneficia dos diversos limites constantes nos art.º 284 e seguintes: orgânicos,
temporais, circunstanciais, materiais. Não permitem a mesma facilidade de alteração
como uma qualquer lei ordinária, decreto-lei ou regulamento.
‘’Revogados’’ – para estabelecer a diferença entre o que se encontra
fundamentalizado, está na norma superior.

Gerações ou dimensões de direitos fundamentais


Uma primeira dimensão/geração nós valorizamos os direitos e liberdades individuais,
desde logo as civis e as políticas, onde se pretende limitar a ação de quem exerce ou
pode exercer poder, daí que tal resulta da intenção de reação ao poder absoluto que o
Estado tinha sobre os cidadãos.

Sendo que assumem essencialmente uma dimensão negativa, ou seja, proibindo que
haja uma atuação por parte de quem tenha poder sobre os direitos e as liberdades
individuais. Na CRP, encontramos diversos exemplos destes direitos como o direito à
liberdade de expressão, o direito à vida, o direito à liberdade de manifestação, o
direito à integridade física e moral, onde se afirma a existência desses direitos e
liberdades individuais com a correspondente limitação na ação de quem detém poder.

Numa segunda dimensão/geração de direitos fundamentais, iremos encontrar


aqueles que não se cingindo aos direitos e liberdades individuais reconhecem que em
consequência de uma estrita afirmação dos direitos e liberdades individuais se
geraram desequilíbrios sociais dos quais resultam a necessidade de intervenção por
parte do Estado, no qual, através da sua ação, suprirá as situações de desigualdade.
Simultaneamente, nesta segunda geração ou dimensão não são tanto considerados os
direitos individuais, mas afirmam-se direitos que têm subjacente o reconhecimento de
grupos, como por exemplo, os direitos dos trabalhadores, os direitos dos
consumidores, os direitos dos jovens ou os direitos dos idosos.
Direito dos trabalhadores – art.º 59, n.º 1, alínea e) da CRP.

Existe um padrão complementar diferente daquilo que encontramos na primeira


dimensão/geração de trabalhadores. Aqui não são todos indivíduos, são aqueles que
são trabalhadores.

Direito dos consumidores – art.º 60 da CRP (elenco de direito atribuídos aos


consumidores).

Princípio da igualdade – art.º 13 da CRP (todos os cidadãos são iguais perante a lei).

Família, casamento e filiação – art.º 36 da CRP (direito de constituir família).

Tarefas fundamentais do Estado - art.º 9, alínea d) da CRP (o Estado deve concretizar,


assegurar).

Terceira geração – está em causa direitos ou interesses difusos, são comuns a toda a
humanidade. Todos nós temos direito ao ambiente – art.º 66 da CR.

Quarta geração – vamos encontrar a seguinte ideia: somos hoje os titulares de direitos
que herdamos competindo-nos respeitar e transmitir esses direitos, por outras
palavras, está em causa a existência duma herança genética cujo respeito devemos
assegurar para transmissão às gerações vindouras. Por exemplo: no âmbito da
Declaração do Genoma Humano e dos Direitos Humanos. A ideia de património da
Humanidade e a própria intransmissibilidade do genoma humana e da possibilidade de
transações financeiras.

Quinta geração – Direito à paz que tem como pressuposto a verificação dos demais
direitos e sendo o próprio direito à paz o pressuposto dos demais direitos.

05/11

Princípio da universalidade
São titulares de todos os direitos e de todos os deveres todos os cidadãos
portugueses.
Constitui um critério quantitativo, ou seja, não se olha a quais ou se pondera qualquer
fator.
Art.º 12, n.º 1 da CRP.
O princípio da igualdade é muitas vezes confundido, no entanto ao contrário do
princípio da universalidade, é um critério qualitativo.

O que é isto dos cidadãos portugueses? Art.º 4 da CRP – cidadania portuguesa.

A lei será a lei da nacionalidade, é uma lei orgânica, que é a que estabelece os
requisitos para se ser cidadão português, mas também resulta de normas de direito
internacional. A CRP remete para a possibilidade de Portugal na sua relação com
outros estados ou comunidades políticas estabelecer as condições em que seja
estabelecida essa cidadania.

Cidadania – membro de um determinado estado, com um conjunto de direitos


políticos na relação com um determinado Estado. Hoje passa mais pela ideia de
relação com o indivíduo e com a comunidade política.

Art.º 64 da CRP – direito à saúde; art.º 65 da CRP – direito à habitação; não são direitos
políticos, integram o elenco dos direitos fundamentais numa afirmação em
consequência do princípio da universalidade, estão afirmados num primeiro plano em
consequência do art.º 12 da CRP como sendo direitos dos cidadãos portugueses, quais
sejam os que resultem do art.º 4 da CRP.

Só as pessoas humanas poderão ser elas próprias cidadãs. Não são as pessoas
coletivas, ou pessoas jurídicas, apenas as pessoas singulares podem assumir esse
estatuto.

É possível perder a cidadania em Portugal, através da renúncia por exemplo, no caso


de casar com uma pessoa de outro país e requerer a cidadania desse mesmo país.

Art.º 12, n.º 2 da CRP.

Um direito que não seja compatível com a natureza de uma pessoa coletiva?
- Direito ao sufrágio
- Direito ao casamento (art.º 36 da CRP)
- Direito à vida

Os direitos compatíveis são: liberdade de expressão e direito à imagem...

Só os trabalhadores é que podem exercer o direito à greve.

Art.º 15, n.º 1 da CRP e o nº 2 são exceção ao n.º 1, o n.º 3 é exceção ao n.º 2 e por ai
em diante.

Se tivermos presente esta sequência temos o princípio da equiparação. De onde são


equiparados aos cidadãos portugueses os cidadãos que se encontrem ou residem em
Portugal, para efeitos de direitos e de deveres.
Contudo, no n.º 2 temos uma exceção – de todos os direitos e deveres que todos os
cidadãos estrangeiros beneficiam temos uma exceção, os direitos políticos, que se
encontram reservados aos cidadãos portugueses.
No n.º 3, os cidadãos de países de língua oficial portuguesa também são reconhecidos
mais direitos políticos do que aos demais, é a exceção ao n.º 2.

Art.º 275 da CRP – Forças Armadas.

Art.º 122 da CRP – a presidência da República só pode ser presidida por um


português de origem.
O exercício e reconhecimento destes direitos só pode ocorrer perante a condição (...).

08/11

Introdução
- Dimensão de direitos  releitura/refinamento, interligados (Ex: art.º 25 – Direito à
integridade pessoal; art.º 27 Direito à Liberdade e à segurança; art.º 37 Liberdade de
expressão e informação; art.º 39 Regulação da Comunicação Social; art.º 42 Liberdade
de criação cultural; art.º 60 Direitos dos Consumidores).

- Dinamicidade do direito. ERA DIGITAL. Direitos comunicativos (TIC). ONU (2011) 


acesso à internet como direito humano.

- Art.º 35 – Utilização da informática.

- Carta Portuguesa de Direitos Humanos na Era Digital (Lei n.º 27/2021, de 17 de maio)
– art.º 1 – objeto – a presente lei aprova a carta portuguesa de direitos humanos na
era digital.

1 – Análise normativa
- Ciberespaço (art.º 1 e 2)  ambiente digital (art.º 1, 1)

Art.º 2 Direitos em ambiente digital


 A república portuguesa participa no processo mundial de transformação da
Internet num instrumento de conquista de liberdade, igualdade e justiça social
e num espaço de promoção, proteção e livre exercício dos direitos humanos,
com vista a uma inclusão social em ambiente digital.
 As normas que na ordem jurídica portuguesa consagram e tutelam direitos,
liberdades e garantias são plenamente aplicáveis no ciberespaço.

Força jurídica (art.º 18, 1 – CRP)

Diretamente aplicáveis
Vinculam entidades públicas e privadas

- Direito de livre acesso à Internet – articula princípios da universalidade e igualdade

Art.º 3 Direito de acesso ao ambiente digital


 Todos, independentemente da ascendência, género, raça, língua, território de
origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação
económica, condição social ou orientação sexual, têm o direito de livre acesso
à Internet.
 Viés positivo/afirmativo/promocional  FOMENTO e DEFESA dos Direitos
Humanos – art.º 3, 2 – Atuação do Estado – Autonomia/Responsabilidade; Livre
acesso, Promoção da igualdade (gênero, etária, pne, social – gratuidade e
tarifa; vulneráveis; domínio da Internet (.PT); combate à ilicitude, igualdade,
defesa propriedade intelectual e vítimas de crimes praticados no ciberespaço.

Liberdade de expressão e criação em ambiente digital


 LIBERDADE DE INFORMAÇÃO – Pressuposto da democracia – (DUDH e PIDCP –
art.º 19) – (art.º 11 – CDFUE) – art.º 37 da CRP – Não é absoluta – art.º 4, 1
(CPDHED)  art.º 18, 2 – Princípio da proporcionalidade.
 Ciberespaço aberto à Livre circulação das ideias e da informação  liberdade
de expressão e de imprensa – art.º 4, 2.
 Utilização responsável do ciberespaço e proteção contra discriminação e
crime, nomeadamente contra (art.º 4, 3); - a apologia do terrorismo, - o
incitamento ao ódio e à violência contra pessoa ou grupo de pessoas por causa
da sua raça, cor, origem, étnica ou nacional, ascendência, religião, sexo,
orientação sexual, identidade de género ou deficiência física ou psíquica, - o
assédio ou exploração sexual de crianças, - a mutilação genital feminina e a
perseguição (ver art.º 154 – A. Código Penal).
 Direitos do autor e Direitos Conexos (Decreto-Lei n.º 63/86, de 14 de março)
em ambiente digital (art.º 4, 4).
 GARANTIA DO ACESSO E USO – art.º 5 – Proibida a interrupção intencional de
acesso à Internet, parcial ou total, ou a limitação da disseminação de
informação e de outros conteúdos, salvo previsão legal  CENSURA.
 DIREITO À PROTEÇÃO CONTRA A DESINFORMAÇÃO (art.º 6).
 DESINFORMAÇÃO (art.º 6, 2) – narrativa comprovadamente falsa ou
enganadora (criada, apresentada e divulgada)  vantagens económicas ou
enganara deliberadamente  suscetível de causa prejuízo público  ameaça a
processos políticos democráticos, elaboração de políticas públicas e bens
públicos.
 INFORMAÇÃO COMPROVADAMENTE FALSA OU ENGANADORA (art.º 6, 3) 
textos e vídeos manipulados ou fabricados; práticas para inundar caixas de
correio eletrónico e uso de redes de seguidores fictícios.
 EXCEÇÃO (art.º 6, 4) – Erros na comunicação, sátiras/paródias.

Direitos de reunião, manifestação, associação e participação em ambiente digital


 Art.º 7, 1 e 2 (CPDHED)  FORMA: pacífico; FINS: políticos, sociais e culturais;
organização e divulgação de ações cívicas ou sua realização no ciberespaço 
plataformas digitais ou outros meios digitais  art.º 45 (Direito de reunião e de
manifestação), art.º 46 (Liberdade de associação), art.º 48 (Participação na vida
pública).

DIREITO À PRIVACIDADE EM AMBIENTE DIGITAL


 Art.º 8 (CPDHED)  criptografia; proteção de identidade; recolha de dados
pessoais  OBJETIVO: exercício de liberdades civis e políticas sem censura ou
discriminação. DIREITO À PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAS  (Regulamente
Geral de Proteção de Dados – Lei n.º 58/2019, de 08 de agosto. (assegura a
execução na ordem jurídica interna, do Regulamento (UE) 2016/679 do
Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de abril de 2016). Art.º 26 (outros
direitos pessoais).
Uso da inteligência artificial e de robôs
 Art.º 9 – Utilização orientada pelo respeito aos direitos fundamentais.
 Princípios: explicabilidade, segurança, transparência e responsabilidade 
casos concretos  evitar preconceitos e discriminações.
 Uso de ALGORITMOS – comunicação aos interessados – suscetíveis de recurso
e auditáveis.
 Criação e uso de ROBÔS – Princípios: beneficência, não-maleficência, respeito
pela autonomia humana e pela justiça – princípios e valores art.º 2 TFUE – não-
discriminação e tolerância.

Direito à neutralidade da Internet (art.º 10)


Todos têm direito a que os conteúdos transmitidos e recebidos em ambiente digital
não sejam sujeitos a discriminação, restrição ou interferência (NEUTRALIDADE) em
relação ao remetente, ao destinatário (SUJEITOS), ao tipo ou conteúdo da informação
(OBJETO), ao dispositivo ou aplicações utilizados (FORMA), ou, em geral, a escolhas
legítimas das pessoas (VONTADE, AUTODETERMINAÇÃO, CAPACIDADE, LIBERDADE).

- Direito ao desenvolvimento de competências digitais – art.º 11 – 1) Direito à


educação para aquisição e o desenvolvimento de competências digitais. 2) Promoção
pelo Estado de programas que facilitem o acesso. 3) Serviço público de comunicação
social audiovisual contribui para educação digital e divulgação legislativa.

- Direito à identidade e outros direitos pessoais – art.º 12 – 1) Identidade pessoal, bom


nome, reputação, imagem, palavra, integridade moral em ambiente digital (art.º 26, 1
– CRP). 2) Incumbência estatal de promover mecanismos que aumentem a segurança e
confiança  defesa do consumidor (art.º 60); 3) Proibição da utilização de código
bidimensional (ou superior) para tratar e difundir informações pessoais (estado de
saúde, origem racial ou étnica, opiniões políticas, convicções religiosas ou filosóficas,
filiação sindical, dados genéticos, biométricos, relativos à vida sexual ou orientação
sexual.

- Direito ao esquecimento – x LIBERDADE DE EXPRESSÃO  DIGNIDADE HUMANA AL


(1970) Caso Lebach. EU – (TJUE, Grande Seção, Processo c-131/12, ‘’Google Spain SL e
Google Inc. Vs. Agência Espanhola de Proteção de Dados (AEPD) e Mario Costeja
González’’, j. 13.05.2014).
CPDHED – art.º 13 – 1) Apoio ao Estado  apagamento de dados pessoais 
legislação europeia e nacional. 2) Exercício a título póstumo por qualquer herdeiro do
titular do direito, salvo quando este tenha feito determinação em sentido contrário.

- Direitos em plataformas digitais – art.º 14 – 1) informação clara e simples; exercício


do direito; proteção do perfil e sua recuperação, cópia de dados pessoais;
apresentação de reclamações e meios alternativos de resolução de conflitos. 2)
Transmissão de forma clara e precisa à política de privacidade.

- Direito à cibersegurança – art.º 15 – Segurança no ciberespaço.


- Direito à liberdade de criação e à proteção dos conteúdos – art.º 16 – 1) direito à livre
criação intelectual, artística, científica e técnica – direitos de propriedade intelectual.

- Direito à proteção contra a geolocalização abusiva – art.º 17 – 1) Proteção contra


recolha e tratamentos ilegais de informação sobre a localização; 2) Utilização de dados
de posição geográfica com consentimento ou autorização legal.

- Direito ao testamento digital – art.º 18 – 1) disposição de conteúdos e dados


pessoais; 2) supressão póstuma de perfis pessoais.

- Direitos digitais face à administração pública – art.º 19.

- Direito das crianças – art.º 20 – 1) direito a proteção especial e aos cuidados


necessários ao seu bem-estar e segurança em ciberespaço; 2) liberdade de expressão e
informação.

- Ação popular digital – art.º 21 – 1)  Art.º 52, 3 da CRP – ação popular devidamente
adaptada à realidade do ambiente digital; 2) direitos de reclamação (art.º 52, 1 da
CRP), recurso e formas alternativas de solução de litígios em relações jurídicas no
ciberespaço.

12/11

(...) é limitar qualquer atuação arbitrária ou discricionária, desde logo, por parte do
Estado.
Art.º 13 da CRP – princípio da igualdade. Todos os cidadãos são iguais perante a lei,
têm a mesma dignidade social.
Art.º 13, n.º 1 da CRP – a afirmação no sentido da igualdade é para evitar e proibir
qualquer discriminação, por parte do Estado ou de qualquer outro que atue no plano
dos direitos, liberdades e garantias.
Este princípio também, numa vertente negativa, limitação ou condicionamento da
ação de quem tem poder, surge noutros pontos da CRP – art.º 266, n.º 2 da CRP.
Não sendo nos factualmente iguais, não o podemos deixar de o ser num plano jurídico.
A própria CRP indica um conjunto de fatores de desigualdade, de categorias suspeitas
as quais por tantas vezes gerarem situações de desigualdade jurídica devem merecer
uma particular atenção.
Esses fatores de desigualdade têm sido gradualmente desenvolvidos sendo que a
orientação sexual passou a integrar o n.º 2 do art.º 13 da CRP na revisão constitucional
de 2004.
Art.º 59 da CRP – no âmbito dos direitos dos trabalhadores, que estes sejam exercidos
independentemente da verificação dos fatores de desigualdade.
Art.º 16, n.º 1 da CRP – através da cláusula aberta que não temos no art.º 13, n.º 2 da
CRP uma disposição integrando um elenco taxativo de fatores de desigualdade.
O art.º 13, n.º 2 da CRP funcionará de uma forma apenas exemplificativa.
Discriminação ilícita – violação do princípio da igualdade, direitos fundamentais por
algum atributo pessoal.
Princípio da igualdade é para conferir a igualdade jurídica (ou seja, igualdade perante a
lei), bem como a igualdade fáctica.

19/11 – Trovão

Os direitos fundamentais estão, vão estar em colisão entre si.


Perante esta situação temos de encontrar uma solução jurídica que nos permita
assegurar a concordância prática entre esses direitos.
Os direitos fundamentais estarão em colisão entre si de uma forma que o legislador
constituinte não pode antecipar/adivinhar e muito menos apresentar a melhor solução
jurídica para compatibilizar os diversos direitos que colidam entre si pelo que e de
acordo com o princípio da concordância prática se estabelece a obrigação do Estado
em assegurar por via legislativa uma solução que garanta essa concordância pratica.
Nestes termos o artigo 165º nº 1 CRP alínea b) – confere à A.R. salvo autorização ao
Governo a competência para legislar sobre direitos, liberdades e garantias.
18º CRP – Nº2 E Nº3
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
• Carateriza-se pela existência de 3 subprincípios: adequação, necessidade e
proporcionalidade em sentido restrito.
• Adequação – obriga a que se verifique se a restrição do direito é idónea para a
salvaguarda do outro direito ou interesse constitucionalmente protegido.
• Necessidade – temos que verificar que não existe alternativa menos lesiva ou
prejudicial para os direitos do que aquela restrição a que estamos a proceder. Tem de
se verificar se é imperativa aquela restrição por inexistência de alternativa.
• Proporcionalidade em sentido restrito – verifica-se uma proibição de excesso.
Não pode meter em causa o núcleo essencial do direito.
• Razoabilidade – implica que não se tenham em consideração apenas os direitos
em colisão, mas também as posições jurídicas subjetivas dos titulares desses direitos.
• Determinabilidade – significa que deve ser garantida a perceção e
conhecimento do direito e do fundamento para a restrição do direito.

26/11 – Trovão

Caso Prático: os direitos; os princípios; competência para prática de ato; modo de


reação.

Em 18 de maio de 2021 foi publicado em Diário da República um Decreto-Lei, de


acordo com o qual os estudantes do ensino superior deviam optar no ato de inscrição
entre uma de três religiões a serem indicadas em Portaria pelo Ministério da Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior, devendo as Universidades assegurar a existência em
cada Licenciatura, no mínimo, de uma Unidade Curricular (UC) destinada a desenvolver
o estudo e o culto de cada uma das religiões. Nos termos do mesmo Decreto-Lei a
frequência das aulas das indicadas UC será obrigatória apenas para os alunos com
idade inferior a trinta anos. Caso os alunos não frequentam as aulas ser-lhes-á aplicada
sanção pecuniária entre €5.000,00 e €15.000,00 e a proibição de exercício de atividade
profissional na área de conhecimento correspondente à Licenciatura.

No âmbito do art.º 8 da Constituição da República Portuguesa (conteúdo da liberdade


de consciência, de religião e de culto), alínea a), a liberdade de consciência, de religião
e de culto compreende o direito de ‘’ter, não ter e deixar de ter religião’’. Podemos
‘’escolher livremente, mudar ou abandonar a própria crença religiosa’’, logo não nos
podem impingir a escolher uma religião no ato de inscrição. O facto de apenas
poderem frequentar as aulas das indicadas UC os alunos com idade inferior a trinta
anos, norma imposta pelo Decreto-Lei de 18 de maio de 2021, viola o princípio da
igualdade, uma vez que, segundo o art.º 13 da Constituição da República Portuguesa,
‘’todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei’’. Invoca-se
ainda o princípio da universalidade (art.º 12 da Constituição da República Portuguesa),
visto que são titulares de todos os direitos e de todos os deveres todos os cidadãos
portugueses. A proibição de exercício de atividade profissional na área de
conhecimento correspondente à Licenciatura por não frequentar as aulas não é válida
por violar o art.º 58, n.º 1 e 2, alínea b), da Constituição da República Portuguesa
(direito ao trabalho) – ‘’Todos têm direito ao trabalho’’; ‘’Incumbe ao Estado
promover: a igualdade de oportunidades na escolha de profissão ou género de
trabalho e condições para que não seja vedado ou limitado, em função do sexo, o
acesso a quaisquer cargos, trabalho ou categorias profissionais’’ e, ainda, art.º 59, n.º
1 da Constituição da República Portuguesa (direitos dos trabalhadores) – ‘’Todos os
trabalhadores, sem distinção de idade, sexo, raça, cidadania, território de origem,
religião, convicções políticas ou ideológicas, têm direito’’.

Resposta: art.º 43, n.º 2; art.º 41; art.º 73; art.º 74; (art.º 112, n.º 2 e 3); art.º 58, n.º 2,
alínea b); art.º 47, n.º 1; art.º 76; art.º 30; art.º 198, n.º 1; art.º 161, n.º 1, alínea b);
art.º 165, n.º 2.
Neste caso prático, criticamos o excesso da sanção, mas o princípio da
proporcionalidade pressupõe a concordância prática.
Aqui salvaguardamos o direito ou interesse legalmente protegidos. Restringimos vários
direitos – como liberdade religiosa ou direito à educação, mas não salvaguardamos
nenhum, por isso, está em causa o princípio da concordância prática – art.º 18, n.º 3.

29/11 – Barbara (Revisão de princípios)

Princípio – são normas.


Regras – são normas com especificações (princípio da igualdade – candidatar-se com
35 anos a Presidente da República).

03/12 – Trovão

Em 12 de dezembro de 2020, em plena pandemia e em estado de emergência, foi


publicado em Diário da República um Decreto-Lei, de acordo com o qual os
trabalhadores das autarquias locais terão necessariamente que obter autorização do
Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública para contraírem
matrimónio. Tal Decreto-Lei foi publicado com duas intenções: ‘’assegurar uma maior
dedicação dos funcionários da Administração Local aos serviços e xxdiminuir o
absentismo, em particular das trabalhadoras para auxílio a familiares’’.
Felismina, telefonista na Câmara Municipal de Lisboa, ao saber que tal poderia vir a ser
exigido, havia marcado casamento em 12 de janeiro de 2020 para dia 1 de dezembro
de 2020, o qual se realizou. No dia 14 de dezembro de 2020 a Conservatória do Registo
Civil notificou Felismina para que apresentasse a autorização ao Ministério da
Modernização do Estado e da Administração Pública para casar, pois de outra forma o
casamento seria anulado.
Inconformada com a decisão do Ministério da Modernização do Estado e da
Administração Pública, Felismina pretende interpor recurso junto do Tribunal
competente contra o ato administrativo que denegou a autorização. Pergunta-se a
mesma se tal terá viabilidade, quais os fundamentos a invocar, se terá ou o poderá
suscitar diretamente junto do Tribunal Constitucional, enfim... Felismina quer manter-
se casada, pois teme que Anacleto aproveite e... mude de ideias!

Art.º 36 da CRP.
Art.º 26, n.º 1 e 2 da CRP – direito à capacidade civil
Art.º 35 da CRP.
Art.º 59, n.º 1, alínea d).

17/12

Neste caso prático criticamos o decreto-lei aprovado pela Assembleia Legislativa


Regional e, ainda, analisamos se é ou não inconstitucional. Primeiramente, está
consagrado na Constituição que ‘’Os estrangeiros e os apátridas que se encontrem ou
residam em Portugal gozam dos direitos e estão sujeitos aos deveres do cidadão
português’’ (art.º 15, n.º 1 da CRP). No n.º 1 ‘’proíbe-se a utilização de símbolos
religiosos por alunos estrangeiros, como o véu islâmico pelos que professem a religião
muçulmana’’ desrespeita o art.º 8 da Constituição da República Portuguesa. O n.º 2 ‘’o
direito de acesso ao ensino é apenas reconhecido aos cidadãos portugueses’’ viola o
art.º 74, n.º 1 da Constituição da República Portuguesa (‘’Todos têm direito ao ensino
com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar’’), art.º
73, n.º 1 (‘’Todos têm direito à educação e à cultura’’) e o princípio da igualdade (art.º
13 da Constituição da República Portuguesa). No n.º 3 ‘’aqueles alunos estrangeiros
que utilizarem símbolos religiosos no interior de um estabelecimento de ensino serão
imediatamente expulsos, não podendo impugnar judicialmente tal decisão’’ não
obedece ao art.º 41, n.º 2 da Constituição da República Portuguesa (‘’Ninguém pode
ser perseguido, privado de direitos ou isento de obrigações ou deveres cívicos por
causa das suas convicções ou prática religiosa’’). A Lei n.º 16/2001 (Lei da Liberdade
Religiosa), no seu art.º 24, n.º 2 refere que ‘’A educação moral e religiosa é opcional e
não alternativa relativamente a qualquer área ou disciplina curricular’’, pelo que os
alunos não podem ser obrigados a frequentar as aulas de Moral e de Religião Católica
Apostólica Romana. Muhammed, aluno Paquistanês, pode utilizar na escola os seus
turbantes e túnicas característicos da sua religião, a islâmica, dado que o decreto-
legislativo aprovado pela Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira é
inconstitucional.

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