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UNIDADE 08

DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO DE 1988 ( PARTE II)

8.1 Introdução

Segundo Gilmar Mendes, o avanço que o direito constitucional apresenta hoje é resultado da afirmação
dos direitos fundamentais como núcleo da proteção da dignidade da pessoa e da visão de que a Constituição é o
local adequado para positivar as normas asseguradoras dessas pretensões.

A relevância da proclamação dos direitos fundamentais entre nós pode ser sentida pela leitura do
Preâmbulo da atual Constituição. Ali se proclama que a Assembleia Constituinte teve como inspiração básica dos
seus trabalhos o propósito de instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos
sociais e individuais, a liberdade, a segurança.
Conceito: situações jurídicas sem as quais a pessoa humana não se realiza, não convive e, às vezes, nem
mesmo sobrevive; fundamentais do homem no sentido de que a todos, por igual, devem ser, não apenas
formalmente reconhecidos, mas concretamente e materialmente efetivados.

8.2 - LOCALIZAÇÃO

A Constituição Federal de 1988, em seu Título II, classifica o gênero direitos e garantias fundamentais
em cinco espécie:
* DIREITOS INDIVIDUAIS; ( artigo 5°)
* DIREITOS COLETIVOS; ( artigo 5°)
* DIREITOS SOCIAIS; ( artigo 6 a 11)
* DIREITOS À NACIONALIDADE; ( artigo 12)
* DIREITOS POLÍTICOS; ( 14 aos 17)

8.3 – FINALIDADE

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Na visão ocidental de democracia, o governo pelo povo e limitação de poder estão relacionados. A
população escolhe seus representantes, que, agindo como mandatários, decidem os destinos da nação. O poder
delegado pelo povo a seus representantes, porém, não são absoluto, conhecendo várias limitações, como, por
exemplos, os direitos e garantias individuais e coletivas.

8.4 – Evolução dos Direitos Fundamentais ( Gerações de Direitos)

- Direitos Humanos de primeira geração ou dimensão=> às liberdades públicas e aos direitos políticos, ou
seja, direitos civis e políticos relacionados á liberdade.
- Direitos Humanos de segunda geração ou dimensão => direitos sociais e econômicos, correspondendo aos
direitos de igualdade;
- Direitos Humanos de terceira geração ou dimensão=> o ser humano é inserido em uma coletividade e passa a
ter direitos de solidariedade. ( meio ambiente e proteção do consumidor)
- Direitos Humanos de quarta geração ou dimensão=> decorrem dos avanços no campo da engenharia genética.
Por outro lado, a globalização política introduz no campo do direito temas como: a democracia ( direta); o direito
à informação, pluralismo.
- Direitos fundamentais da quinta dimensão: democracia participativa.
8.5 – Características dos direitos e garantias fundamentais
1- Historicidade: possuem caráter histórico.
2 – Universalidade: destinam-se a todos os seres humanos;
3 – Inalienabilidade: são direitos intransferíveis, inegociáveis, pois não são de conteúdo econômico-patrimonial.
4 – Imprescritíveis: nunca deixam de ser exigíveis;
5 – Irrenunciáveis: não se renunciam direitos fundamentais;
6 – concorrência: podem ser exercidos cumulativamente, quando, por exemplo, o jornalista transmite uma notícia
( direito de informação) e, juntamente, emite uma opinião ( direito de opinião);
7 – limitabilidade: os direitos fundamentais não são absolutos ( relatividade), havendo, muitas vezes, no caso
concreto, confronto de interesses. A solução ou vem discriminada na própria Constituição ( ex. direito de
propriedade versus desapropriação), ou caberá ao intérprete, ou magistrado, no caso concreto, decidir qual direito
deverá prevalecer, levando em consideração da máxima observância dos direitos fundamentais envolvidos,
conjugando-a com a sua mínima restrição;

8.6 - Natureza Jurídica das normas que disciplinam os direitos e garantias fundamentais
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Nos termos do artigo 5°, §1°, as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
8.7 – Diferenciação entre Direitos e Garantias Fundamentais.
Direitos são bens e vantagens prescritos na norma constitucional, enquanto as garantias são os instrumentos
através dos quais se assegura o exercício dos direitos ( preventivamente) ou prontamente os repara, caso violados.
8.8 - Direitos e deveres individuais e coletivos
Importante lembrar que como se manifestou o STF, de acordo com a doutrina mais atualizada, que os direitos e
deveres individuais e coletivos não se restringem ao artigo 5° da Constituição Federal, podendo ser encontrados
ao longo do texto constitucional ( no julgamento da ADIn 939-7/DF, entendeu tratar-se de cláusula pétrea a
garantia constitucional prevista no artigo 150, III, b....)
8.9 – Destinatários: brasileiros, estrangeiros, estrangeiros não residentes, os apátridas e as pessoas jurídicas.
8.10 – Deveres Fundamentais.
Além dos direitos fundamentais, desenvolve-se estudos sobre os deveres fundamentais.
 Dever de efetivação dos direitos fundamentais. Estamos diante da necessidade de atuação positiva do
Estado, passando-se a falar em um Estado que tem o dever de realizar os direitos, aquela ideia de Estado
prestacionista;
 Deveres específicos do Estado diante dos indivíduos: como exemplo, os autores citam o dever de
indenizar o condenado por erro judiciário, o que se dará por atuação e dever das autoridades estatais;
 Deveres de criminalização do Estado: a Constituição determina que o Poder Legislativo edite atos
normativos para implementar os comandos, como no caso do artigo 5°, XLII, devendo haver a
normatização do crime de tortura;
 Deveres dos cidadãos e da sociedade: como por exemplo os autores citam o dever de serviço militar
obrigatório ( artigo 143, CF) e a educação enquanto dever do Estado e da família ( artigo 205);
 Dever de exercício do direito de forma solidária e levando em consideração os interesses da
sociedade: como por exemplo os autores citam o direito de propriedade que deve ser exercido conforme
a sua função social ( artigo 5°, XXIII, da C.F).

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