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UNIDADE 05
Apesar da grande divergência na doutrina do direito, na filosofia, e na história em relação à origem dos direitos
do homem, o que temos como certo é que o primeiro documento escrito contendo a locução “direitos do homem”, como título, é
a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789. Um documento elaborado a partir da Revolução Francesa e que
tinha a pretensão de ser universal.
“Se a economia do mundo do Século XIX foi formada principalmente sob a influência da
revolução industrial britânica, sua política e ideologia foram formadas fundamentalmente pela Revolução
Francesa. A Grã-Bretanha forneceu o modelo para as ferrovias e fábricas, o explosivo econômico que rompeu
com as estruturas socioeconômicas tradicionais do mundo não europeu; mas foi a França que fez suas revoluções
e a elas deu suas ideias, a ponto de bandeiras tricolores de um tipo ou de outro terem-se tornado o emblema de
praticamente todas as nações emergentes, e a política europeia (ou mesmo mundial) entre 1789 e 1917 foi em
grande parte a luta a favor e contra os princípios de 1789, ou os ainda mais incendiários de 1793. A França
forneceu o vocabulário e os temas da política liberal e radical-democrática para a maior parte do mundo. A França
deu o primeiro grande exemplo, o conceito e o vocabulário do nacionalismo. A França forneceu os códigos legais,
o modelo de organização técnica e científica e o sistema métrico de medidas para a maioria dos países. A ideologia
do mundo moderno atingiu as antigas civilizações que tinham até então resistido às ideias europeias inicialmente
através da influência francesa. Esta foi a obra da Revolução Francesa”.
Os ideais iluministas, no entanto, estão presentes ainda com mais força nessa Declaração, em que
o conceito de contrato social permite pensar os deveres do Estado como o correlato dos direitos do homem. Há
também nela um sentido de formar a opinião pública, que ficaria conhecendo seus direitos pela simples “
declaração” geral deles, reconhecendo-os por intermédio da sua mera anunciação. O pressuposto desta idéia é que
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GRESPAN, Jorge, Revolução Francesa e Iluminismo. São Paulo: Editora Contexto, 2003, páginas 82 e 83.
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os direitos não precisariam ser inventados, mas apenas afirmados, pois já existiriam no “ estado de natureza”. A
primeira finalidade da Revolução devia ser, portanto, a de “restaurar” uma situação de justiça original, que de
fato nunca ocorrera, mas que era o fundamento lógico indispensável de um “ estado civil” legitimamente
constituído.
A partir dos “direitos naturais”, a tarefa jurídica seria edificar um conjunto de leis que os tomassem
por base, impedindo qualquer forma de poder arbitrário. Por isso o espaço político da Assembleia foi estratégico
para a Revolução: era nele que o descontentamento popular adquiria uma expressa jurídica apta a transformar a
sociedade de modo permanente. Ao contrário de outros levantes no campo ou na cidade, em protesto contra a
carestia ou contra os monopólios e os tributos feudais, agora os protestos se revestiam de grande força e amplitude,
pois imediatamente repercutiam em um foro apropriado que discutia seu significado e eventualmente podia
converter suas demandas em reformas.
Há uma ausência memorável, a igualdade não figurou entre os direitos “naturais e imprescindíveis”
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proclamados no artigo 2º, muito menos foi elevada a patamar de “sagrado e inviolável”, como fizeram com a
propriedade. Além disso, quando mencionada depois, o foi com um certo sentido: os homens são iguais – mas “
em direitos” ( artigo 1º) perante a lei ( artigo 6º) e perante o fisco ( artigo 13). Assim, a igualdade de que cuida a
Declaração é a igualdade civil ( fim da distinção jurídica baseada no status de nascimento). Nenhum propósito de
estendê-la ao terreno social, ou de condenar a desigualdade econômica real.
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TRINDADE, José Damião de Lima. História Social dos Direitos Humanos. São Paulo: Editora Fundação Peirópolis. 2002.
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Ou: “imprescritíveis”, conforme a tradução nas obras de Lefebvre ( 1789 – O surgimento da Revolução Francesa. São Paulo: Paz e
Terra, 1989) e Bobbio ( A era dos Direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
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3) Natureza dos direitos declarados: os direitos declarados derivam da natureza humana, são naturais.
5) Caráter universal.
Princípio da igualdade,
Liberdade,
Propriedade,
Segurança,
Princípio da legalidade,
Liberdade Religiosa,
Na visão Contemporânea, as liberdades pública, ou, com por muito tempo a elas se chamou no Brasil, os
direitos individuais, constituem o núcleo dos direitos fundamentais.
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Natureza Jurídica: direitos subjetivos. São poderes de agir reconhecidos e protegidos pela ordem jurídica a todos
os seres humanos.
Titular do direito: os direitos fundamentais, inclusive as liberdades públicas, reconhecem-se a todos, nacionais e
estrangeiros.
O início do século XX trouxe diplomas constitucionais fortemente marcados pelas preocupações sociais, como
se percebe por seus principais textos:
- Declaração Universal
Foi no plano do direito internacional que se desenvolveu esta nova geração. ONU e da UNESCO
- Direito à paz, o direito ao desenvolvimento, o direito ao meio ambiente e o direito ao patrimônio comum da
humanidade, o direito dos povos a dispor dele próprios ( direito à autodeterminação) e o direito à comunicação.
- O direito ao meio ambiente é o mais elaborado. O grande marco a seu respeito está na Declaração de Estocolmo,
de 1972, completada com a Declaração do Rio de Janeiro de 1992