Você está na página 1de 3

1

UNIDADE 03

3.1 - AS TRANSFORMAÇÕES DOS SÉCULOS XVII E XVIII

No Século XVII e XVIII profundas transformações políticas ocorreram no cenário europeu.


A Inglaterra, após, as guerras de religião e as revoluções do século XVII consolidou-se como uma
monarquia com limitações jurídicas ao poder do soberano.
A partir destas transformações a burguesia se consolida como classe dominante. Os grandes
comerciantes, os armadores, os financistas, os banqueiros começam a ocupar os espaços de poder político no país,
principalmente no Parlamento.
Desse modo, ocorre a emergência do indivíduo. Afinal era preciso conter o Estado frente as novas
necessidades individuais.
Não se pode olvidar que o Estado Absolutista era concebido na diferença jurídica de classes, do
ponto de vista social, ocupando a Aristocracia o topo dos estrados políticos.
 Do ponto de vista econômico, o Estado estabelecia políticas altamente protecionistas e
controladoras. A economia era regida pelo regime de monopólios, pela necessidade de acúmulo de metais
preciosos, bem como o estabelecimento de balanças comerciais favoráveis, acentuadamente através da
exploração dos recursos naturais, principalmente oriundos das colônias da América.
Tais políticas econômicas inibiam a livre circulação de mercadorias, e o mérito individual,
elementos essenciais para o desenvolvimento de uma verdadeira economia de mercado.
Do ponto de vista jurídico, os cidadãos encontravam-se submetidos à desigualdades jurídicas, e a
necessidade de vinculação a uma religião oficial. Ademais, no Estado Absolutista, as atividades manuais não eram
bem vistas.
No entanto, esse Estado Absolutista, revelou-se ineficiente, parasitário e criou uma sociedade
estamental, que inibia o progresso individual e não premiava o mérito do indivíduo.
Esse Estado Absolutista em última análise travava o pleno desenvolvimento do capitalismo. Era
preciso, estabelecer limitações ao Poder do Soberano.
Assim, inúmeras transformações ocorreram neste interregno.
Na Inglaterra, o Parlamento dominado por capitalistas e seus representantes, começou a instituir
políticas que visavam conter o Poder Monárquico.
Em 1659 é publicado o Habeas Corpus Act que proíbe a prisão ilegal e permite aos juízes o poder
de inibir a ação do poder estatal.
1
2

Pela primeira vez o indivíduo possui direitos frente ao Estado e tais direitos deveriam ser
protegidos pelo Poder Judiciário.
Em 1689,outra documento importante é produzido pelo Parlamento da Inglaterra. Ficou conhecido
como Bill of Rights. Nesse documento, se estabeleceu que os cidadãos não poderiam ser privados de seus bens,
sem o devido processo legal. Também não se poderia criar e manter tributos sem a autorização do parlamento.
Da mesma forma a pretexto de limitar o poder, se estabeleceu a divisão de poderes. O Parlamento
seria visto a partir de então como um órgão de representação da população e, portanto, a quem caberia dirigir os
destinos da Nação.
Fortaleceu, também, a instituição do júri vista como uma forma de participação social nas decisões
judiciais.
Contudo, a principal transformação deste período ocorreu com a Independência dos Estados
Unidos.
Os Estados Unidos também foram uma colônia, mas ao contrário dos países da América
Latina, não possuía grandes riquezas naturais, nem tão pouco grandes nações indígenas. Apenas, no Sul se
implementou a cultura do algodão, com a introdução de mão de obra escrava. No entanto, grande parte da
colonização se deveu a pessoas que fugiram da Europa, notadamente da Inglaterra, conturbada, por
guerras da religião.
Ao contrário de portugueses e espanhóis, os primeiros colonizadores dos EUA vieram com suas
famílias, e tinham como propósito fundar uma nova sociedade, e não obter riquezas.
Ademais, os ingleses que para lá foram, em sua grande maioria, não possuíam títulos de nobreza.
Desse modo, uma sociedade baseada na família, em profundos valores religiosos, na necessidade
do trabalho, e na proteção da propriedade se forjou.
Quando a Inglaterra procurou estabelecer regras mais rígidas para a colônia americana, houve a
ruptura institucional e a proclamação da independência.
A independência dos Estados Unidos baseou-se na concepção de direitos naturais, a luta contra a
opressão, e na necessidade de estabelecer um projeto político que protegesse os valores locais.
Desse modo, no dia 04 de julho de 1776, foi promulgada a declaração de independência. Essa
declaração vem seguida de uma declaração de direitos e de uma Constituição Escrita.
Nesses documentos se reconhece:

O direito de religião; O direito ao devido processo legal; O direito de opinião e manifestação;

O direito a instituição do júri. O direito a uma imprensa livre. O direito de portar armas.
2
3

A Constituição americana sofreu algumas emendas posteriores e ficou estabelecido que um órgão
do Poder do Estado, a Suprema Corte, ficaria encarregado de dirimir eventuais conflitos na interpretação da
constituição.
Os EUA sempre privilegiaram, de longa data a autonomia local, assim na Constituição Americana
somente o que estiver expressamente previsto na CF e em delegações expressas pode ser objeto de atuação federal.
Desse modo criou-se o federalismo, forma de estado na qual se convive ao lado da soberania estatal, autonomias
particulares.

3.2 - O DIREITO

Profundas transformações foram conhecidas nesta época no direito. Surgiu a concepção da


igualdade na lei.
De outro modo, coma independência dos EUA concebeu-se pela primeira vez a ideia de uma
constituição escrita que regularia as estruturas do Estado, bem como os direitos individuais dos cidadãos. Esses
direitos são concebidos como interditos contra a ação do Estado. Ademais, a Constituição criou a ideia de um
sistema jurídico na qual o ápice seria ocupado pela própria Constituição. Estabeleceu pela primeira que um órgão
seria o responsável pelo controle da constitucionalidade Por fim desenvolveu o estado federal, e a representação
de um órgão políticos para os estados membros, o senado da república.

Você também pode gostar