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A revolução americana

Antecedentes: Um Conflito Económico entre a Metrópole e as Colónias

Na altura, travava-se a guerra dos sete anos e os colonos sentiam-se agradecidos


pela proteção que a metrópole oferecia ameaças estrangeiras. No fim da guerra, a
Inglaterra sai vencedora. Agora sem a concorrência francesa abria-se um grande campo
de expansão para o oeste aos colonos ingleses na América. Porém as suas expectativas
não se realizaram.

Já que uma proclamação real reservava aos índios na América o território a oeste
dos Apalaches. A Inglaterra que passava por dificuldades financeiras devido à guerra,
decidiu pedir aos colonos americanos um contributo para se recuperarem, alegando que a
guerra se tinha travado para salvaguardar os respetivos territórios.

Este contributo traduziu-se num conjunto de taxas aduaneiras, votadas pelo


Parlamento. Iriam onerar as importações coloniais de melaço, papel, vidro, chumbo e chá.
E determinou-se um imposto de selo sobre os documentos legais e as publicações
periódicas.

Gerindo o império como um todo, governado pela metrópole, as autoridades


britânicas seguiam a teoria mercantilista do exclusivo comercial. Determinaram que as
mercadorias da América do Norte só poderiam ser exportadas para a Inglaterra ou outras
colónias inglesas, enquanto que as mercadorias europeias só seriam importadas através
de Londres. Todas estas medidas foram consideradas um ultraje pelos colonos
americanos.

A Reação das Colónias: da Contestação aos Impostos à Declaração da


Independência

Os colonos americanos não se encontravam representados no Parlamento. Tais


circunstâncias faziam os impostos votados aparentar ilegais e ameaçadores, isto foi a
conclusão a que chegou a Stamp Act Congress, que contou com a presença de delegados
das nove colonias. Aí se proclamou que aos cidadãos ingleses, residente ou não na
Inglaterra, não lhes poderia ser imposto qualquer contribuição que não tivesse sido
aprovada pelos seus representantes.

Posteriormente, nalguns portos na América os comerciantes, boicotavam as


mercadorias inglesas, favorecendo a entrada, por contrabando, de mercadorias

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estrangeiras. E “Os Filhos da Liberdade” obrigavam os vendedores de papel de selo à
demissão. O governo de Londres revoga, então, as taxas, a exceçao da de chá. Ao qual o
monopólio de venda foi concedido a Companhia das Índias, privando os americanos dos
lucros de transporte e revenda do produto.

Este vasto movimento de protestos culminou com o Boston Tea Party, um dos
episódios carismáticos desta revolução. Este aconteceu em 1773, em Boston, quando um
grupo de jovens disfarçados de índios lança ao mar a carga de chá transportada pelos
navios da Companhia.

Depois disso, o rei ordenou o encerramento do porto de Boston, a ocupação da


cidade por regimentos ingleses e exigiu o pagamento de uma indemnização. A repressão
que se abateu sobre Boston faz surgir um sentimento de solidariedade nos americanos
que mais tarde se tornaria uma consciência nacional. Convicta que é necessário unir as
colonias e separa-las da metrópole repressora, a América encontra-se pronta para a luta. E
ao contrário do que acontecera no primeiro Congresso de Filadelfia, onde foram poucas as
vozes a clamar pela separação da Inglaterra e preferindo a defesa dos direitos pela via
negocial. Agora, todo um dispositivo revolucionário se organizou.

Construíram-se comités de correspondência, reuniram-se armas, trainaram-se


milícias… O objetivo era alcançar a independência para se construir uma sociedade mais
livre e democrática. A frente do movimento revolucionário encontravam-se as colonias de
Massachusetts e virgínia, colonias ricas e bastante povoadas.

A revolução teve início em abril de 1773, na aldeia de Lexington, quando uma


coluna inglesa, enviada para apreender armas ilegais, foi atacada pela população. Os
americanos foram declarados rebeldes e foram enviadas tropas para esmagar a revolta
americana. Na América foram publicados jornais e panfletos que legitimavam a
insubordinação.

Entre eles o de Thomas Paine, “Senso Comum”, ficou famoso e virou a opinião
americana contra o monarca inglês. Nesse mesmo ano Thomas Jefferson redigiu a
Declaração da Independência, que todas as colonias aprovaram no Segundo Congresso
de Filadelfia.

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A Criação da República Federal dos Estados Unidos da América

Os americanos não se encontravam a altura de travar a guerra da independência,


sendo o exército britânico bem armado e disciplinado. Assim, George Washington foi
escolhido para comandante do futuro exército, simultaneamente, iniciou-se uma forte ação
diplomática na Europa, como forma de angariar fundos.

Os franceses, apesar de não se esqueceram da sua derrota com Inglaterra uns


anos atras, não se quiseram comprometer de imediato. Só após a batalha Saratoga,
quando derrotaram um pequeno exército britânico, é que a França se inclinou para uma
aliança oficial. Celebrada no ano seguinte, foram enviados homens, barcos, armas e
dinheiro.

Juntou-se, também, o apoio de Espanha, que contribuiu com dinheiro e uma


esquadra para a causa americana. Anos mais tarde, o principal exército inglês foi
derrotado em Yorktown. Atacado por franceses e espanhóis no Mediterrâneo e com
derrotas navais na costa da Índia, infligidas pela França, a Inglaterra decidiu-se pelas
negociações de paz.

Pelo Tratado de Versalhes reconheceu-se a independência das 13 colónias,


entregando-lhes os territórios entre os Grandes Lagos, Oaio, Mississípi e os Montes
Apalaches. A frança recuperou alguns territórios e à Espanha foi restituída a Florida.

O modelo político a adotar pelo jovem Estado não se mostrou claro logo de seguida.
Os pequenos Estados, como Geórgia, uma federação bastante descentralizada em que
cada Estado seria praticamente autónomo.

Thomas Jefferson foi o seu defensor. Enquanto que os Estados de maior dimensão,
como Nova Iorque, desejavam um governo central forte. E como seu defensor tinham
George Washington. Depois de longas discussões, os representantes de 12 das 13
colónias chegaram a um acordo. A constituição (diploma que define as regras da vida
política) assinada instituiu a República dos Estados Unidos da América sob a forma de
uma república federal, na qual um Estado central poderoso se ocuparia da defesa e
relações internacionais e os outros Estados federados, da justiça e administração,
autoridade policial e do sistema de ensino.

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A constituição adotou o princípio da divisão dos poderes e do seu equilíbrio através
de uma fiscalização mútua. O poder legislativo foi confiado a um Congresso, formado por
duas câmaras, que votava as leis e o orçamento.

Eleito por quatro anos, por sufrágio universal indireto, o Presidente detinha o poder
executivo, comandava os exércitos e escolhia o governo. George Washington tive a honra
de ser o primeiro presidente dos EUA. Um Tribunal Supremo, que reunia nove membros
nomeados pelo presidente, regulava os conflitos entre Estados.

As emendas reforçavam a salvaguarda dos direitos do Homem. Processado sob a


Égide das Luzes, o nascimento da nação americana criou o primeiro país descolonizado e
a primeira república democrática que fundamentava no voto dos seus cidadãos a escolha
dos órgãos máximos da soberania (Congresso e Presidente da República).

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A Revolução Francesa

A frança nas vésperas da Revolução

Uma sociedade anacrónica (ultrapassada)

Os franceses viviam num regime social profundamente injusto e de desigualitário. A


velha sociedade de ordens do Antigo Regime privilegiava a nobreza e o clero, apenas uma
pequena porção da população.

Na mão dos nobres encontravam-se as rendas provenientes da posse de um quarto


do solo francês, a quase totalidade dos cargos ministeriais e diplomáticos, assim como os
lugares de maior importância no exército e da hierarquia religiosa. Ao Clero pertencia 10%
das terras mais ricas, das quais recolhiam rendas e direitos de origem feudal. Recebiam,
também, a dízima eclesiástica, obrigatória a todos e não pagavam impostos, assim como a
nobreza.

No Terceiro Estado, os camponeses representavam 80% da população.


Suportavam pesadas cargas tributárias. O contínuo empobrecimento tornava-os uma
grande força de oposição.

O povo miúdo das cidades procurava emprego nas manufaturas, nos portos, nos
serviços domésticos. Eram vítimas de reduzidos salários e eram seduzidos pelas críticas
aos ricos e privilegiados que liam nos imensos opúsculos e panfletos que circulavam pelas
ruas.

Bem mais desafogados viviam os proprietários das manufaturas, os grandes


mercadores e os homens de negócios, que aplicavam as suas fortunas na compra de
imoveis citadinos e bens fundiários.

Esta burguesia endinheirada constituía a elite do Terceiro Estado. Entre o povo


miúdo e os grandes burgueses, encontravam-se os mestres de ofícios e lojistas, os
advogados, os médicos, os intelectuais. Que estariam incluídos nas pequena e média
burguesias.

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Todos os estratos burgueses sentiam os mesmos ódios e frustrações. Nas lojas
maçónicas, nos salões e nos cafés invocavam os direitos humanos da liberdade e
igualdade e criticavam os privilégios que o nascimento proporcionava aos nobres.

Mais trabalhadores e instruídos, os burgueses viam fugir os altos cargos na


administração pública, restando-lhes no exército os lugares de oficial subalterno (que está
sob as ordens de outros). As ambições políticas levaram-nos à contestação e à destruição
de Antigo Regime.

A Conjuntura Económico-Financeira

Em 1789, França era um país próspero, os seus burgueses faziam fortunas com o
comércio colonial. Paris era uma grande metrópole e o luxo de Versalhes servia de
paradigma a outros países.

No entanto, uma profunda crise económica aproximava-se. Os proprietários


agrícolas debatiam-se com a baixa de preços e de lucros do trigo e do vinho. Violentas
tempestades fizeram perder as colheitas de várias regiões e fez subir os preços. Instalou-
se uma crise de subsistência que levou ao aumento da percentagem de mortes.

A indústria não se encontrava em melhores condições, devido ao Tratado de livre-


câmbio que favorecia a importação dos tecidos ingleses. Instalou-se o desemprego. À crise
junta-se o défice crónico das finanças. As receitas não eram suficientes para cobrir as
despesas do Estado.

Estas relacionavam-se com o exército, constantemente envolvido em guerras, com


as obras públicas e a instrução, os gastos impopulares da corte, com as pensões e os
próprios encargos da dívida pública, causada pelos sucessivos empréstimos. A origem do
défice foi a injusta sociedade de ordens, que isentava o clero e a nobreza de contribuições,
privando os cofres reais de ampliarem as suas receitas.

A Inoperância de Poder Político e o Agravamento das Tensões Sociais

Durante o reinado de Luís XVI ocorreram várias tentativas de resolução da crise


económico-financeira. O ministro Turgot liberalizou o comércio dos cereais e propôs que a
corveia real fosse substituída por uma subvenção territorial que abrangeria todos os
proprietários.

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Os privilegiados alarmaram-se e Luís XVI despediu o ministro. Assim como outros,
que procuravam reformar a administração local e o sistema fiscal, abolindo privilégios
tributários e nivelando os impostos. Os Parlamentos e a Assembleia dos Notáveis,
controlados por representantes da nobreza constituíram uma permanente oposição às
tentativas de reformas políticas.

Fizeram crer que a miséria do povo se fazia dever, não às isenções fiscais dos
privilegiados, mas à incompetência do absolutismo régio. Contribuíram, por isso, para o
clima de violência, pilhagens e motins vividos, quando a fome e o desemprego cresceram.
Incapaz de controlar a agitação social, Luís XVI convoca os Estados Gerais para maio de
1789 e convidou os franceses a exprimirem as suas reclamações e seus anseios.

São elaborados os Cadernos de Queixas que informam dos antagonismos e


tensões vividos na sociedade francesa. De uma monarquia controlada por uma
constituição e assembleias pretendia-se a salvaguarda da liberdade individual e da justiça
social. Os franceses esperavam do rei o remédio para as suas infelicidades.

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