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INSTITUTO DE APLICAÇÃO FERNANDO RODRIGUES DA SILVEIRA

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – CAP/ UERJ


Disciplina: História Prof.a: Helena Araújo e William Vaz
2a Série / Ensino Médio Turma: ________________
Estagiárias: Janaína Ribeiro / Maria de Lourdes
Aluno (a):_____________________________________________________________

Texto 3: INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS

“... O método de garantir a concessão de terras ao acaso sugere uma


diferença de origem das colônias americanas da Inglaterra. A colonização
Inglesa não adveio do desejo de construir um império centralizado como
no caso da Espanha (...) A Coroa Inglesa oferecia títulos coloniais a uma
larga variedade de comerciantes, idealistas religiosos e aristocratas
aventureiros que estabeleciam colônias separadas e profundamente
diferentes. Foi neste ambiente que prosperaram toda a sorte de práticas
religiosas, instituições políticas e estilos econômicos...” (ROBERTS, Randy.
América Passado e Presente. Rio de Janeiro: Editora Nórdica, 1992, p. 38.)

As Treze Colônias
A Inglaterra, durante os séculos XVI e XVII, esteve abalada por crises internas.
Neste clima tenso, grupos são perseguidos por suas ideias religiosas e políticas. No
plano econômico, o desenvolvimento da agricultura e do pastoreiro voltado para o
mercado externo, possibilitou a concentração da renda e de propriedades, deixando à
própria sorte uma massa de pequenos proprietários e camponeses.
A instabilidade social tornou a emigração uma alternativa atraente tanto para a
Coroa quanto para estes indivíduos. Ao migrarem para o “Novo Mundo”, fixaram-se na
Costa Leste da América do Norte, originando assim, as Treze Colônias Inglesas. Vale
lembrar, que foram fundadas em momentos diferentes, possuindo grande independência
entre si.
Quanto ao desenvolvimento das colônias inglesas, notamos profundas
diferenças. Ao norte, região denominada Nova Inglaterra, desenvolveram-se as colônias
de povoamento. O clima temperado, semelhante ao Europeu, proporcionou o cultivo de
produtos agrícolas, também cultivados na Inglaterra. Esta região foi marcada pelo
predomínio de pequenas e médias propriedades rurais, voltadas para a demanda interna
apoiadas no trabalho assalariado e na servidão de contrato. Nas cidades surgidas na
Costa Leste (Boston, Filadélfia, Nova Iorque), a economia se baseava na indústria
manufatureira, no transporte e no comércio marítimo articulado com as colônias do Sul,
com a América Central e com a África.
Neste sentido, estruturou-se uma economia voltada para o abastecimento do
mercado consumidor interno, reduzindo assim a necessidade de exportação de produtos
ingleses. A sociedade que se formou era marcada por uma camada média de agricultores
granjeiros e por uma rica burguesia de comerciantes e industriais.
No entanto, as colônias formadas ao sul, estabeleceram-se em meio ao clima
subtropical, desenvolvendo uma colonização com características típicas das colônias de
exploração portuguesa. Notamos o predomínio da plantation, ou seja, uma economia
fundada nos grandes latifúndios, baseado na monocultura de produtos tropicais (arroz,
tabaco e algodão) visando à demanda do mercado externo, apoiada na mão de obra
escrava africana.
A economia voltada para o mercado externo reduziu a possibilidade do
desenvolvimento do mercado interno, aumentando assim, a dependência de produtos
exportados advindos da metrópole. No plano social esteve marcada pela polaridade,
uma pequena e rica aristocracia agrária numa ponta e uma imensa massa de escravos na
outra.

As 13 colônias
desde o inicio desfrutaram de uma ampla autonomia política, administrativa e
econômica em relação à metrópole. No âmbito político- administrativo, mesmo
governadas por representantes metropolitanos, estes eram assessorados por uma
assembléia eleita pelos colonos, estando a mesma encarregada da votação de taxas e
impostos. Economicamente, as colônias do Centro-Norte praticavam atividades que
demonstravam autonomia dando origem ao comércio triangular. Tal comércio
interligava as colônias inglesas das Antilhas (produtoras de açúcar e melaço), com a
África (fornecedora de escravos) e a América do Norte (produtora de cereais, madeiras,
peles, peixe seco e manufaturado).
Na metade do século XVIII, as colônias inglesas possuíam um desenvolvimento
econômico considerável, sobretudo as do norte, chegando até a concorrer com o
comércio da metrópole. Entretanto, os progressos da Revolução Industrial fizeram com
que a metrópole fosse em busca de novos mercados consumidores, incluindo dessa
forma suas colônias. Diante deste quadro, a Inglaterra dará início a sua política de
Arrocho do Pacto Colonial, desencadeando por conseqüência, o início das tensões entre
a metrópole e a colônia.

Motivações para a independência das Treze Colônias

A Guerra dos Sete Anos (1756-1763) foi um conflito deflagrado entre a


Inglaterra e a França envolvendo não só a metrópole quanto a colônia. A participação
dos colonos na luta contra os franceses e seus aliados, contribuiu para a formação
militar e o fortalecimento político dos colonos. O fim da guerra além de conferir a
vitória da Inglaterra, trouxe também como ônus, uma grande crise financeira. A guerra
foi a justificativa para a metrópole intensificar a taxação de impostos, apertando assim,
o monopólio colonial.
Entre as principais determinações da metrópole que desencadearam as maiores
contestações dos colonos podemos citar a Lei do Açúcar (Sugar Act, 1764), na qual
taxava-se todos os carregamentos de açúcar que não fossem provenientes das Antilhas
inglesas. Esta determinação prejudicava os colonos que compravam melaço, matéria-
prima para a produção de rum. Visando ampliar a arrecadação, o governo inglês (em
1765) determinou a Lei do Selo (Stamp Act), em que todo o material impresso
publicado nas colônias deveria conter um selo vendido pela metrópole, onerando o
preço final do produto. A reação foi imediata, os colonos reuniram-se em Nova York, no
Congresso da Lei do Selo, na qual as decisões e repercussões pressionaram o
Parlamento a revogar tais leis em 1766.
Apesar disso, em 1767 o Primeiro Ministro Charles Townshend, impôs novas
taxações sobre a colônia. A reação dos colonos culminou no episódio conhecido como o
“Massacre de Boston”. Já em 1713, foi decretado a Lei do Chá (Tea Act), no qual o
produto passou a ser monopólio da Companhia das Índias Orientais. Essa medida
intensificou a tributação sobre a colônia e ampliou o controle da venda do produto,
pondo fim ao contrabando do chá holandês e por sua vez, excluindo os norte-
americanos do comércio do Chá Inglês. Em reação, os colonos, disfarçados de índios,
invadiram navios britânicos carregados de chá, jogando ao mar todo o carregamento.
Este momento ficou conhecido como A Festa do Chá de Boston (Tea Party).
A resposta inglesa foi imediata, foram estabelecidas as “Leis Intoleráveis”, em
que determinavam o fechamento do Porto de Boston- o mais importante das Treze
Colônias-, o pagamento de indenização, a ocupação militar de Boston e o julgamento de
funcionários ingleses somente pelos tribunais de outra colônia e/ou da própria
Inglaterra.

Reação dos colonos e a Guerra da Independência

“Quando no curso dos acontecimentos humanos um povo se ver na


necessidade de romper com os laços políticos que unem o outro, e
assumirem entre as potências da Terra a posição igual e distinta a que as
leis da natureza e do Deus da natureza dão-lhe direito, um justo respeito
pela opinião dos homens exige que ele declare as causas que o levaram a
essa separação”.
(Transcrição de um trecho da Declaração de Independência dos Estados Unidos, 04 de
julho de 1776).

Os colonos ingleses, desde o início da colonização, demonstravam um profundo


“espírito de liberdade”. Era o momento oportuno para a difusão de ideias liberal
iluministas, oriundas da Europa, uma vez que defendiam entre outras coisas, o respeito
aos direitos naturais dos Homens, a inviolabilidade do contrato social e o direito à
rebelião contra a tirania. Panfletos políticos atuaram na difusão dos ideais liberais e
também como fonte de contestação às medidas taxativas metropolitanas em toda a
sociedade colonial e também na metrópole.
Em reação às imposições que feriam tanto as questões políticas e econômicas, os
representantes das Treze Colônias, em 1774, participaram do Primeiro Congresso
Continental da Filadélfia, em que numa medida conjunta de protesto decidiram-se pelo
boicote aos produtos metropolitanos. No ano seguinte, optaram pela separação total em
relação à Inglaterra. E em 04 de julho de 1776 foi declarada a Independência dos
Estados Unidos da América, redigida por Thomas Jefferson, inspirada nas ideias
iluministas de John Locke.
No intuito de consolidar a independência, buscou-se apoio da França, já que o
revanchismo (gerado pela Guerra dos Sete Anos) se fazia presente. Neste ínterim,
George Washington foi encarregado de preparar o exército para a Guerra de
Independência. A vitória veio na Batalha de Saratoga, em 1777, com o auxílio da
Espanha e França. Porém, em 1783 no Tratado de Paris, a Inglaterra reconhecia a
independência das Treze Colônias.
Em 1787, foi elaborada e promulgada a constituição dos Estados Unidos da
América, que estabeleceu uma república federativa presidencialista, sendo George
Washington o primeiro presidente eleito.

1776: Independência ou Revolução?

“São verdades incontestáveis para nós: que todos os homens nascem


iguais; que lhes conferiu o criador certos direitos inalienáveis entre os
quais o de vida, o de liberdade e o de buscar a felicidade”.
(Transcrição de um trecho da Declaração de Independência dos Estados Unidos, 04 de
julho de 1776)

O processo de independência das Treze Colônias significou entre outras coisas, o


fim do pacto colonial e a concretização das ideias iluministas. Este fato refletiu-se
diretamente no processo que culminou na Revolução Francesa, como também
posteriormente, nas independências das colônias latino-americanas. A Declaração da
Independência e a Constituição dos Estados Unidos enfatizam a ideia de liberdade. Será
que realmente todos eram iguais nesta nova sociedade?
Tratava-se de uma liberdade tipicamente burguesa, restrita a determinados
grupos sociais. Os negros, índios e mulheres não estavam incluídos dentro do “projeto
de cidadania”. O país recém-constituído sob o lema de liberdade, só se livrou da
escravidão cem anos depois com a Guerra de Secessão.
Logo, entendendo REVOLUÇÃO como uma mudança em todas as estruturas
da sociedade, o caráter revolucionário da independência dos Estados Unidos, torna-se
altamente questionável, pois, mesmo desfazendo as amarras do pacto colonial manteve-
se a escravidão, além da classe social anteriormente dominante nas colônias no poder.

Bibliografia
BRAICK, Patrícia Ramos e MOTA, Myriam Becho. História das Cavernas ao Terceiro Milênio. São
Paulo: Editora, 1999.
DIVINE, Robert; BREEN, T.H.; FREDRICKSON, George M.; WILLIAMS, R. Hal e ROBERTS, Randy.
América Passado e Presente. Rio de Janeiro: Editora Nórdica, 1992.
MELLO, Leonel Itaussu Almeida e COSTA, Luis César. História Moderna e Contemporânea. São Paulo:
Editora Scipione, 1991.
VICENTINO, Cláudio e DORIGO, Gianpaolo. História para o Ensino Médio. São Paulo: Editora
Scipione, 2001.

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