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O Código de Processo Civil de 1973 (Lei Federal 5.869/73), em seu artigo 6º,
não possuía previsão de ações coletivas. O Novo Código de Processo Civil
(NCPC - Lei Federal 13.105/15) também não tratou de processos coletivos.
2. Definição.
“Para a defesa na área cível dos interesses individuais homogêneos, coletivos e difusos,
bem como para a defesa do próprio interesse público, existem as chamadas ações civis
públicas ou ações coletivas” (MAZZILLI, 2004, p. 6).
Direito Constitucional III
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo
individualmente, ou a título coletivo.
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza
indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte
contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.
Obs.: Não se confunde com Inquérito Civil Público, que é privativo do Ministério Público (Art. 129, III, da
CF/88. é procedimento investigatório tendente a colher elementos para a formação do convencimento para
propositura da ACP. É muito semelhante ao Inquérito Policial.
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Obs.: O Inquérito Civil Público é regulamentado pelo Art. 8º e 9º da Lei da Ação Civil Pública.
Como cada Estado tem legislação própria para disciplinar Inquérito Civil, o CNMP (Conselho
Nacional do Ministério Público) editou Resolução n 23, de 17.09.2007, dando uniformidade
nacional para o Inquérito Civil.
3. Espécies.
Meio Ambiente: pode ser natural (Art. 14, I, Lei 6938/81 e art. 3º – 9605/98: terra, água,
mar, ar, fauna e flora), artificial (Art. 3º, I, Lei 6938/81 – interferido pelo homem) ou cultural
(patrimônio histórico-cultural).
Patrimônio Histórico Cultural: Consiste em bem imaterial, não tem valor econômico, são as
crenças, histórias, contos, representações simbólicas de dada comunidade.
Obs.: Medida Provisória 2.180-35, de 24.01.2001: proibiu Ação Civil Pública para tratar de
tributos, contribuições previdenciárias, FGTS e outros fundos de natureza
institucional cujos beneficiários possam ser individualmente determinados. (Art. 1º § único).
Esse artigo é tido como constitucional pelo STJ e STF.
5. Legitimidade.
Obs.: Lei Federal 11.448/07 inseriu a Defensoria Pública nesse rol – mas a jurisprudência já admitia
esta como legitimada.
Obs.: A ADIN 3943 foi ajuizada pela Associação Nacional dos Membros do Ministério Público
(Conamp) sob a alegação de que, tendo sido criada para atender, gratuitamente, cidadãos sem
condições de se defender judicialmente, seria impossível para a Defensoria Pública atuar na defesa
de interesses coletivos, por meio de ação civil pública.
5.4 Associações
Entram aqui os sindicatos, entidades de classe.
Obs.: Condições para ser legitimado:
- ter constituição ânua – com funcionamento há mais de 1 ano – exceto quando houver
manifesto interesse social; ou pela dimensão ou característica do dano; ou relevância do bem
jurídico a ser protegido (art. 5º §4º);
- pertinência temática – associação só pode entrar com Ação Civil Pública em relação as suas
finalidades institucionais, não precisando ser sua finalidade principal.
Obs.: § 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste
artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes.
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OBS: Art. 54, XIV da Lei Federal 8.906/94 – Legitimidade da OAB, sem necessidade de
pertinência temática.
Obs.: diferencia-se da ação popular, pois nesta apenas pode ser proposta por cidadão (Art. 5º LXXIII
da CF/88).
1º Corrente – minoritária – Hugo Mazilli : determina que, como não há previsão legal, deve ser a
legislação do micro sistema (de proteção dos direitos difusos, coletivos e individuais
homogêneos) como subsidiária (pois o CDC não tem previsão também), aplicando o art. 6º
da Lei da Ação Popular.
“ Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no
art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado,
aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado
oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.”
Tal disposição se aplica a toda Ação Civil Pública (não só ao CDC) em virtude do micro sistema
processual.
Art. 5º § 6°: Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso
de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá
eficácia de título executivo extrajudicial.
Trata-se da submissão do causador dos danos aos direitos metaindividuais às exigências legais.
Na doutrina prevalece o entendimento de que tem natureza de transação.
Sociedade de Economia Mista, Empresa Pública (são regidas pelo direito privado) e
associações não podem realizar Compromisso de Ajustamento de Conduta.
Excepcionalmente essas 3 podem, nos atos de gestão, pois estes recebem reflexos do direito
público (ex.: TAC referente a concurso público ou licitação praticada).
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6. Liminar.
A Liminar na Ação Civil Pública contra o Poder Público, em regra é possível. Porém, este
cabimento fica sujeito a restrição – art. 2º da Lei 8.437/92 – necessitando de prévia ouvida
do representante judicial da pessoa jurídica de direito público (Procuradorias).
Desse modo, não cabe Liminar inaudita altera pars contra o Poder Público.
Art. 12 §1º da Lei 7347/85 e art. 4º §2º da Lei 8437/92 – Pedido de Suspensão da Liminar
– a pessoa jurídica de direito público e o MP pode pedir ao Presidente do Tribunal a
suspensão da liminar (não é recurso) quando houver perigo de grave lesão.
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Fixada para obrigações de fazer/não fazer/entrega, sob pena de multa por descumprimento –
art. 84 CDC e 497, 498 e 536 e do NCPC.
Se o réu for o Poder Público, este artigo tornará o cumprimento ainda mais ineficaz, pois
comumente só será executada a multa no próximo mandato. (Há pequena parcela da doutrina
que entende que esta multa poderia ser fixada contra o administrador público diretamente –
art. 536 §1º NCPC).
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8. procedimento Ordinário
A partir desse momento, é aplicado o procedimento comum do CPC, com os mesmos prazos
(inclusive os prazos em dobro) e recursos.
A única medida que não cabe na Ação Civil Pública é a reconvenção (art. 343 NCPC).
9. Sentença
Por forca do art. 83 CDC, a sentença na Ação Civil Pública pode ter qualquer natureza jurídica
(mandamental, condenatória), variável conforme o caso.
10. Apelação.
Art. 14 da Lei 7347/85 – quem decide se terá ou não efeito suspensivo é o juiz de 1º grau.
Prazo: prazo de 15 dias, respeitados os arts. 180 e 229 NCPC
Não se aplica à Ação Civil Pública o prazo do art. 198, II do ECA – prevê que em todos os
recursos, exceto Agravo de Instrumento e Embargos Declaratórios, os prazos são de 10 dias.
Então, na Ação Civil Pública o prazo será sempre de 15 dias.
Reexame Necessário – segue a regra do art. 496 NCPC, aplicando-se em benefício do Poder
Público.
Exceção a esta regra – art. 4º §1º da Lei 7.853/99 – Estatuto do Deficiente – nesse caso, o
reexame necessário é invertido, somente se aplicando em favor do deficiente. Quando for
sentença procedente contra o Poder Público não haverá reexame necessário. Se improcedente,
haverá reexame necessário.
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11. Bibliografia
MAZZILLI, Hugo Nigro. A Defesa dos Interesses Difusos em Juízo. 17 ed., rev., ampl. e atual.
Saraiva: São Paulo, 2004.
MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de segurança, ação popular, ação civil pública, mandado
de injunção, habeas data. 17. Malheiros: São Paulo, 1996.
FIM