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01/02/2024

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO: Prova oral e escrita; grupos para debater questões; 1 trabalho
escrito (2 pontos) e 1 avaliação escrita (8,0) com dissertativas e objetivas.

INTERESSES/DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS

DIREITOS TRANSINDIVIDUAIS (METAINDIVIDUAL): transcende o campo do individual.


Pertence à coletividade (direitos coletivos). Proteção dos direitos massificados. Números
indeterminados de pessoas lesadas.

1) BREVE HISTÓRICO

• Início dos tempos, a sociedade é marcada pela individualidade e pelo egoísmo.

• No Brasil, a legislação foi progressivamente escrevendo a história da tutela coletiva,


iniciando com a Lei da ação popular (4717/65). Após, LACP (7347/85), com a CF/88,
seguido do CDC e outros Estatutos.

• Primeira fase: absoluta predominância individualista – inaugurada com o CC 1916.


Tutelava interesse próprio ou da família. Código Civil (1916) e Código de Processo Civil
(1973) individualistas.

• Segunda fase: a fase da proteção fragmentária – proteção taxativa dos direitos


massificados. Somente uma fração dos direitos eram tutelados.

• Terceira Fase: fase da tutela jurídica integral, irrestrita e ampla – inicia-se com a CF/88,
Título II, capítulo I, garantindo acesso à justiça e devido processo legal para os direitos
coletivos. Direitos coletivos como direitos fundamentais.

CPC de 2015 conversa com as ações coletivas – art. 139, X.

1.1) Algumas desvantagens dos Processos Individuais:

❑ Milhares de ações com riscos de decisões conflitantes/contraditórias: juízes/câmaras


diferentes proferem sentenças/acórdãos diferentes.

❑ Acúmulo de processos

❑ Desistência por parte dos lesados: correr atrás de entrar com o processo é perda de
tempo e dor de cabeça.

❑ Ineficiência da tutela jurisdicional: profissionais não têm familiaridade com as ações


populares e causam prejuízo ao cliente.

2) INTERESSES DIFUSOS E TRANSINDIVIDUAIS (coletivos em sentido amplo):


• Previsão Constitucional: CF/88 - TÍTULO II - DOS DIREITOS E GARANTIAS
FUNDAMENTAIS - CAPÍTULO I - DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS.

• Acesso à Justiça: Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição (Art. 5°, Inciso XXXV);


Princípio do devido processo legal aos direitos coletivos (Art. 5°, LV);

• Ampliação da tutela: Art. 129, III CF/88. Art. 129. São funções institucionais do Ministério
Público: [...] III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do
patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;

• Efetivação da defesa coletiva de direitos no âmbito infraconstitucional: Lei da Ação Civil


Pública (Lei 7.347/85); Código de Defesa do Consumidor (Lei 8078/90), integrando um ao
outro e formando um microssistema de processo coletivo, um corpo de regras voltadas
para a tutela coletiva de direitos coletivos (difusos, coletivos stricto sensu e individuais
homogêneos).

OBS: O que é um MICROSSISTEMA DE PROCESSO COLETIVO? É a instrumentalização


harmônica de diversos diplomas legais como a CF, Códigos, leis esparsas, estatutos. O
aplicador do direito deve primeiramente buscar na LACP (art. 21), depois no CDC (art. 90).
Não encontrando dentro desses diplomas legais, deve procurar outros estatutos como,
por exemplo, LAP (Lei de Ação Popular), ECA, EPI, LIA (Lei de Improbidade
Administrativa). Não encontrando, deve socorrer do CPC, pois sua aplicação é residual
(ou subsidiária? – doutrinas divergem). STJ entende que a aplicação do CPC é subsidiária.

AÇÃO POPULAR: direito difuso. Reexame necessário: art. 19 LAP (aplica também para a
ACP)

AÇÃO CIVIL PÚBLICA: coletivos stricto sensu e individuais homogêneos.

OBS: Leitura Obrigatória: STJ - REsp 510.150/MA – 1a Turma – Rel. Min. Luiz Fux,
DJ.29.03.2004.

• CF/88 art. 5°, inciso LXXIII – ampliou o objeto da tutela da ação popular (Lei 4.717/65),
tornando-se um instrumento hábil para a defesa não apenas do patrimônio público, mas
também da moralidade administrativa e do meio ambiente.

• CF/88 art. 5°, LXX – Mandado de Segurança Coletivo; XXI – Direito de Representação
associativa, pelas associações; art. 8°, III – legitimidade dos sindicatos; art. 129, III,
legitimidade do MP;

OBS1: Pergunta-se: Qualquer tutela é possível através da ACP (ação civil pública)? Sim.
Ler atentamente e interpretar os artigos, 83 do CDC, art.82 do EPI, e art. 212 do ECA.

OBS2: PRINCÍPIO DA INTEGRAÇÃO ENTRE A LEI DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA (LACP) e o


CDC. Ler art. 21 LACP com o art. 90 do CDC. Quando o art. 21 da LACP cita o Título III do
CDC (é onde está localizado o artigo 81 do CDC). NORMAS DE REENVIO

OBS3: É possível Habeas Corpus Coletivo? SIM. Leitura Obrigatória - HC N° 207.720-SP –


Relator Ministro Herman Benjamin (toque de recolher da Juíza da Vara da Infância de
Cajuru/SP) E STF: HC 143641 - Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI - Julgamento:
20/02/2018 - Publicação: 09/10/2018 (substituição da prisão preventiva pela domiciliar
de todas as mulheres presas que estivessem gestantes, puérperas ou fossem mães de
crianças e/ou deficientes sob sua guarda).

3) CONCEITO DE INTERESSE E DIREITO SUBJETIVO:

É importante salientar que, o interesse é qualquer pretensão em geral, desejando obter


determinado valor ou bem da vida, para satisfazer uma necessidade, um desejo, uma
vontade, podendo estar ou não, tutelado pelo ordenamento jurídico. Já o direito
subjetivo, nada mais é do que, a possibilidade de exigir-se, aquilo que as normas de
direito atribuem a alguém como próprio, ou seja, o que está positivado. Por exemplo,
EXIGIR direito à saúde, educação, segurança pública, etc.

4) Qual o termo correto, interesses ou direitos?

• A Carta da República e o CDC referem-se à defesa tanto de interesses como de direitos,


deixando clara a possibilidade da tutela desses novos direitos ou interesses.

• Vejamos algumas situações/exemplos: CF/88, art. 8°, inciso III; art. 127; art. 129, inciso
III. No mesmo sentido, o CDC no art. 81 caput.

5) INTERESSE PÚBLICO X INTERESSE PRIVADO:

Interesse público, duas divisões:

• 1) Interesse público propriamente dito ou interesse público primário: interesse geral da


sociedade, ou seja, o bem comum da coletividade de modo em geral. Por exemplo, o
direito à saúde, educação, segurança pública, etc. Administração Pública pratica atos para
favorecer a coletividade.

• 2) interesse público secundário: é o interesse manifestado pelo Estado-Administração,


como pessoa jurídica. É o interesse da própria Administração Pública. Exemplos:
pagamento de valor baixo nas desapropriações; aumento de impostos; recusa no
pagamento administrativo de valores devidos a servidor público, a título de remuneração;
ausência de aumento salarial, etc. Quando a Administração Pública atua dessa forma, está
agindo na tutela do interesse público secundário.

• Com relação ao interesse privado, temos que, a pessoa física ou jurídica, busca tão
somente a satisfação de necessidade exclusivamente de interesse particular, ou seja, não
há o interesse público.

6) DIREITO PÚBLICO X DIREITO PRIVADO:

• Direito Público, diz respeito às regras que disciplinam as relações entre o Estado e
particulares em que predomine o interesse público. Processo Civil, Direito Penal, Direito
Constitucional, Direito Processual Penal.

• Direito Privado, todas as outras relações, entre particulares, ou mesmo, entre o Estado e
particulares, desde que predomine o interesse privado. Direito Civil e Direito Empresarial.

DIREITOS SOCIAIS: previdenciário e do trabalho.


7) DOS INTERESSES TRANSINDIVIDUAIS: OBJETO DO DIREITO COLETIVO:

Necessário salientarmos que, a denominação METAINDIVIDUAIS ou TRANSINDIVIDUAIS


é utilizada como sinônimo para conceituar uma categoria intermediária de interesses, os
quais se encontram entre o interesse particular e o interesse público (não se encaixam
nos direitos públicos e direitos privados). Transindividuais porque atingem grupos de
pessoas que têm algo em comum, trata-se de relação jurídica entre si ou com a parte
contrária, ou mesmo mera circunstância ou situação fática.

OBS: Os interesses TRANSINDIVIDUAIS constituem o gênero do qual os INTERESSES


DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS são espécies.

Há, portanto, os ramos do Direito Público e do Direito Privado, surgindo um terceiro e


novo ramo, que podemos denominar como, Direito Coletivo ou Metaindividual,
composto pelas regras e princípios que se prestam a concretizar os interesses ou direitos
subjetivos de natureza transindividual.

08/02/2024

8) Quadro-Resumo: Características dos Interesses Difusos, Coletivos e Individuais


Homogêneos:
9) Conceito de INTERESSES DIFUSO, COLETIVO e INDIVIDUAL HOMOGÊNEO (Adriano
Andrade, Cleber Masson e Landolfo Andrade, obra Interesses Difusos e Coletivos
esquematizado, 10a edição, 2020). Onde está positivado? Art. 81, CDC

✓ Os interesses ou direitos difusos, são os interesses ou direitos objetivamente


indivisíveis, cujos titulares são pessoas indeterminadas e indetermináveis, ligadas entre si
por circunstâncias de fato.

✓ Os interesses ou direitos coletivos stricto sensu, são os interesses ou direitos


objetivamente indivisíveis, de que seja titular grupo, classe ou categoria de pessoas,
ligadas entre si ou com a parte contrária por um vínculo jurídico base e, por tal razão,
determináveis.

✓ Os direitos ou interesses individuais homogêneos, são direitos subjetivos individuais,


objetivamente divisíveis, cuja defesa judicial é passível de ser feita coletivamente, cujos
titulares são determináveis e têm em comum a origem desses direitos, e cuja defesa
judicial convém seja feita coletivamente.

10) INTERESSES ESSENCIALMENTE COLETIVOS X INTERESSES ACIDENTALMENTE


COLETIVOS:

11) CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS AÇÕES COLETIVAS:

Qual a terminologia correta, ação civil pública ou ação coletiva (artigo 81 CDC)?

É importante saber que, a ação civil pública (ACP) é a ação de natureza NÃO penal,
proposta pelo Ministério Público, nos termos da Lei 7347/85. Nem sempre a ação civil
pública será uma ação coletiva. A ação coletiva é um gênero que abarca uma série de
ações: ação popular, ação civil pública, ação de improbidade administrativa, mandado de
segurança coletivo, mandado de injunção coletivo, entre outras (Direitos Difusos e
Coletivos – Coleção Leis Especiais para Concursos – 28 – Hermes Zaneti Jr; Leonardo de
Medeiros Garcia – editora JusPODIVM, edição 2020). Para ser considerada uma ação
coletiva ela precisa conter cinco requisitos básicos:

a) Tutelar direta ou indiretamente o interesse público primário;

b) Legitimação extraordinária e adequada representação dos substituídos;


c) Coisa julgada secundum eventum litis (conforme resultado da lide) e secundum
eventum probationis (conforme/segundo o resultado das provas);

d) Maior amplitude da cognição (ex vi, artigo 103, § 3° do CDC);

e) Um direito coletivo lato sensu como causa de pedir (artigo 81, parágrafo único do
CDC).

OBS1: São direitos coletivos lato sensu, ou seja, em sentido amplo, os direitos difusos, os
direitos individuais homogêneos e os direitos coletivos stricto sensu.

OBS2: Se a ação veicular uma pretensão individual de uma criança, um idoso ou mesmo
uma pretensão à saúde de pessoa hipossuficiente, não haverá ação coletiva. Teremos
uma ACP para tutela de direito individual, na qual não será possível falar em coisa julgada
erga omnes ou ultra partes, em coisa julgada secundum eventum probationis, entre
outros institutos próprios do processo coletivo. Quando a ação civil pública veicular
pretensão de direitos coletivos lato sensu, quer difusos, coletivos stricto sensu ou
individuais homogêneos não, restará dúvida que se trata de demanda coletiva.

22/02/2024

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL COLETIVO COMUM

1. PRINCÍPIOS DO ACESSO À JUSTIÇA:

Para efetivação do acesso à justiça dos titulares dos direitos transindividuais (DD, DCSS,
DIH), de modos a atribuir-lhes uma técnica processual apta a realizar a pacificação do
conflito, o modo de ser do processo foi modificado no processo coletivo, em especial no
que diz respeito à legitimação ativa.

No processo individual a regra é a legitimação ordinária. No processo coletivo foi


necessário instituir a legitimação extraordinária como padrão, admitindo-se que
determinadas pessoas ou entes compareçam a juízo, em nome próprio para defender
direito ou interesse alheio.

2. PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE DA JURISDIÇÃO:

Cuida-se de princípio relacionado com o princípio do acesso à justiça, pois, tem por
objetivo ampliá-lo a um número progressivamente maior de pessoas e de causas. O
desenvolvimento do processo coletivo representou um imenso ganho para a
universalização da jurisdição, uma vez que somente ele levou a tutela jurisdicional às
massas e aos conflitos de massas.

3. PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO NO PROCESSO E PELO PROCESSO:

Em breve resumo, participar no processo é ter assegurado o direito ao contraditório, ou


seja, ter assegurado o direito de ser informado dos atos processuais e de praticá-los.
Participar pelo processo é utilizá-lo para influir no destino da nação e do Estado, ou seja,
é empregá-lo com vistas ao seu escopo político.

No processo civil tradicional, individual, sobressai o princípio da participação no


processo. Já no processo coletivo, avulta-se a participação pelo processo.

4. PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL:

No sentido de que, o direito deve resolver os conflitos de interesse empregando o


mínimo possível de atividades processuais. Por exemplo, nos casos de reunião de
processos e decisões conjuntas por conexão e continência, bem como, extinção de
processos em razão de litispendência e de coisa julgada.

5. PRINCÍPIO DO INTERESSE JURISDICIONAL NO CONHECIMENTO DO MÉRITO DO


PROCESSO COLETIVO:

Maior contundência ao princípio da instrumentalidade das formas. No processo coletivo


comum esse princípio deve ser potencializado, pois nele se apresentam os grandes
conflitos sociais. Dessa forma, no âmbito do processo coletivo, é ainda mais necessário o
abandono do formalismo excessivo – que descura dos valores que o processo deve
buscar.

Na sociedade de nosso tempo, é por meio de um processo coletivo comum eficaz que o
Judiciário soluciona as grandes causas, cumprindo sua função de pacificação social, e,
desse modo, legitima sua existência.

Nesse espírito, o C. STJ já admitiu a emenda à petição inicial em ação coletiva, mesmo
depois da contestação, embora o réu pugnasse pela extinção do processo sem resolução
de mérito (REsp 1279586/PR, 4ª T. Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 03.10.2017, DJe
17.11.2017).

6. PRINCÍPIO DA MÁXIMA PRIORIDADE JURISDICIONAL DA TUTELA COLETIVA:

Recomendam que se dê prioridade ao processamento e julgamento dos feitos coletivos


em relação aos individuais.

7. PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE MOTIVADA DA AÇÃO COLETIVA:

Tendo em vista a grande relevância social dos interesses objeto das ações coletivas, delas
não se podem desistir sem um justo motivo, muito menos simplesmente abandoná-las.
De acordo com esse princípio, a desistência infundada ou o abandono da ação coletiva
demandam a assunção do pólo ativo pelo MP ou por qualquer outro legitimado (LACP,
art. 5º §3º; LAP, art. 9º). Se a desistência for fundada (motivada), até mesmo o MP estará
dispensado de assumir o pólo ativo.

8. PRINCÍPIO DA NÃO TAXATIVIDADE DA AÇÃO COLETIVA:

Antes da existência do CDC, a LACP, elencava, em números fechados, no seu artigo 1º, as
espécies de bens que poderiam ser defendidos por meio de ações civis públicas.
Resumiam-se ao meio ambiente, consumidor, e aos bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico. Entrementes, o CDC incluiu um inciso IV ao
artigo 1º da LACP, tornando possível o manejo de ações civis públicas na tutela de
qualquer outro interesse difuso ou coletivo. A partir da integração entre o artigo 90 do
CDC e o artigo 21 da LACP, também se tornou possível a defesa, por meio da ação civil
pública, de quaisquer espécies de interesses individuais homogêneos. Dessa forma, não
se pode, desde então, falar em taxatividade dos bens defensáveis por ações coletivas.

9. PRINCÍPIO DO MÁXIMO BENEFÍCIO DA TUTELA DA TUTELA JURISDICIONAL


COLETIVA COMUM:

Cuida-se do princípio segundo o qual a imutabilidade dos efeitos da sentença de


procedência da ação coletiva beneficia as vítimas e seus sucessores, que, para verem
satisfeitas suas pretensões, poderão invocar o direito nela reconhecido, e proceder à
liquidação e a execução do título, em proveito individual, Ou seja, elas não precisarão
ajuizar ações individuais visando obter um título judicial, desde que estejam incluídas na
situação de fato que motivou a sentença coletiva, poderão utilizá-la para, desde já,
promover a sua liquidação e execução no que disser respeito aos seus interesses
individuais.

10. PRINCÍPIO DA MÁXIMA AMPLITUDE DO PROCESSO COLETIVO:

Também denominado princípio da absoluta instrumentalidade da tutela coletiva, para a


defesa dos interesses coletivos em sentido amplo (DD, DCSS, DIH), são cabíveis todas as
espécies de ações. É possível, portanto, as mais variadas formas de tutela, desde que,
necessárias e adequadas e que não estejam proibidas por lei. Tal possibilidade se faz
evidente, conforme análise conjunta dos artigos 12 e 21 da LACP e artigo 83 e 90 do CDC
e no princípio da inafastabilidade da jurisdição (CF, art. 5º, XXXV).

11. PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA EXECUÇÃO COLETIVA PELO MINISTÉRIO


PÚBLICO:

Significa dizer que, em se tratando de processo coletivo comum, caso o autor da ação
deixe de executar a sentença, o MP é obrigado a fazê-lo. No caso da ACP, tal obrigação só
incide após o trânsito em julgado. Em caso de ação popular, a obrigação existirá tanto em
relação à execução definitiva (sentença transitada em julgado), como na execução
provisória, que na ação popular, somente a sentença de segunda instância pode ser
executada provisoriamente, por força do artigo 16 da LAP.

12. PRINCÍPIO DA AMPLA DIVULGAÇÃO DA DEMANDA:

Esse princípio propõe a ampla divulgação da existência da ação coletiva.

Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que os
interessados possam intervir no processo como litisconsortes, sem prejuízo de ampla
divulgação pelos meios de comunicação social por parte dos órgãos de defesa do
consumidor.

Embora referido dispositivo seja especificamente voltado para as ações coletivas em prol
das vítimas das relações de consumo, nada obsta que a regra, com as devidas
adaptações, seja aplicada às ações coletivas em geral.

13. PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO AOS ÓRGÃOS LEGITIMADOS:


Tal princípio visa estimular a propositura da ação coletiva. Segundo ele, qualquer pessoa
PODE – e o servidor público DEVE – levar ao conhecimento dos órgãos legitimados para
ajuizar uma ação coletiva a ocorrência de fatos que possam motivá-la. A LACP prevê
expressamente a possibilidade de qualquer pessoa informar tais fatos ao Ministério
Público (o que não exclui a possibilidade de também comunicar outros legitimados). Já os
servidores públicos em geral e os membros do Judiciário em especial têm não uma
faculdade, mas o dever de informar o MP fatos potencialmente ensejadores de uma ação
coletiva. (Art. 6º e 7º da LACP).

14. PRINCÍPIO DA MAIOR COINCIDÊNCIA ENTRE O DIREITO E SUA REALIZAÇÃO:

Decorre do artigo 84 do CDC, que indica a prioridade da tutela específica da obrigação


em detrimento de outras formas de realização ao direito lesado.

No caso de ações coletivas, não é dado ao autor da ação, mero substituto processual,
nem mesmo ao próprio magistrado, ofertar ao titular do direito material envolvido
solução outra que não a restituição do próprio direito em espécie, já que essa, sempre, é
a tutela jurisdicional mais efetiva.

15. PRINCÍPIO DA INTEGRAÇÃO ENTRE A LACP E O CDC:

Ao abordarmos a ação civil pública, é impossível deixarmos de falar do CDC. Esse


diploma promoveu uma integração entre essas leis, ampliando em muito, a abrangência
das ações civis públicas.

O artigo 117 do CDC incluiu o artigo 21 à LACP. No mesmo sentido, o artigo 90 do CDC. Até
o advento do CDC, a LACP, em seu art. 1º, incisos I a III, previa a possibilidade da defesa,
via ação civil pública, dos direitos difusos e coletivos relacionados ao meio ambiente, ao
consumidor e aos bens de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. O
CDC promoveu-lhe a inclusão do inciso IV, por força do qual a ação civil pública passou a
ser empregável na defesa de “qualquer outro direito difuso ou coletivo”. Essa interação
entre os dois diplomas também tornou possível que as ações civis públicas pudessem ser
utilizadas para a defesa de interesses individuais homogêneos em geral.

O resultado entre a conjugação do art. 90 do CDC com o artigo 21, que ele introduziu na
LACP é conhecido como princípio da integração.

AÇÃO POPULAR (L.AP.)

LEI N° 4.717/65

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Ação popular é um instrumento de democracia participativa (CF, art. 1º, parágrafo único),
uma ferramenta por meio da qual o cidadão pode participar do controle dos atos da
Administração, fiscalizando sua idoneidade (...)

(...) a ação popular é um mecanismo de tutela de interesses transindividuais, pois permite


impugnar atos lesivos a bens difusos: o patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe ou para a qual contribua financeiramente; a MORALIDADE
ADMINISTRATIVA; e o MEIO AMBIENTE (CF, art. 5º, LXXIII).
Ação popular é o meio constitucional posto à disposição de qualquer cidadão para obter
a invalidação de atos ou contratos administrativos – ou a estes equiparados – ilegais e
lesivos do patrimônio federal, estadual e municipal, ou de suas autarquias, entidades
paraestatais e pessoas jurídicas subvencionadas com dinheiros públicos.

2. CABIMENTO

2.1 Previsão Constitucional: art. 5º, LXXIII;

2.2 Previsão Infraconstitucional: Lei 4.717 de 29 de Junho de 1965;

2.3 Objeto: Art. 1º, §1º da Lei e art. 5º, LXXIII, CF.

2.4 Objeto da ação popular: é anular ato ilegal e lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe,à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico, artístico e cultural, chamados de interesses DIFUSOS.

3. LEGITIMIDADE AD CAUSAM

Tem legitimidade ativa para ajuizar uma ação popular qualquer cidadão.

OBS: Deve estar em pleno gozo dos direitos políticos, ou seja, que tenha direito a voto.
Basta cidade ativa.

OBS: Pergunta-se: O maior de 16 anos e os presos provisórios podem ajuizar ação


popular? Podem. O maior de 16 anos porque pode votar e o preso, pois ainda não há
sentença penal condenatória.

4. NATUREZA JURÍDICA DA LEGITIMDADE ATIVA DO CIDAÇÃO

Legitimação extraordinária: o autor da ação popular não postula direito próprio, mas da
administração ou da coletividade. Assim, atua como substituto processual, ou seja, tutela
direito alheio, atuando em nome próprio.

Posição predominante/majoritária de acordo com a doutrina e jurisprudência.

Na Ação Popular a legitimação é concorrente (não apenas um legitimado) e disjuntiva


(não exige que os legitimados atuem conjuntamente).

5. QUALQUER PESSOA PODE PROPOR A AÇÃO POPULAR?

Não. Precisa ser cidadão. OBS: Prova da cidadania (§3º, art. 1º)

6. PERGUNTA-SE: PESSOA JURÍDICA PODE PROPOR AÇÃO POPULAR?

Súmula 365 STF: Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.

7. OS ESTRANGEIROS PODEM PROPOR A AÇÃO POPULAR?

Via de regra não: art. 14, §2º da CF/88. Estrangeiros não podem alistar-se como eleitores,
não podem propor ação popular.
Exceção: hipótese do português com residência permanente no Brasil e quando houver
reciprocidade em favor dos brasileiros (CF, art. 12, §1º - convenção sobre igualdade de
direitos e deveres entre brasileiros e portugueses).

8. O MP PODE ATUAR NO POLO ATIVO?

Não. O MP não tem legitimidade ativa para ajuizar ação popular. O MP apenas atuará no
pólo ativo nos casos de sucessão processual, ou seja, quando outro cidadão colegitimado
deixar de assumir a titularidade da ação (art. 9º (extinção do processo sem julgamento de
mérito)).

Art. 7°, I, “a” (Intimação do MP).

9. QUEM PODERÁ AJUIZAR A AÇÃO POPULAR EXECUTÓRIA?

Todos os cidadãos poderão ajuizar, sejam ou não autores, assistentes ou litisconsortes


originários na ação popular – o MP e a própria pessoa jurídica ou entidade, nos termos do
art. 16 e 17 da LAP.

Importante salientar que, para o MP, ultrapassado o prazo previsto em lei, há


obrigatoriedade na execução sob pena de falta grave.

10. O ELEITOR TEM DE RESIDIR NO DOMICÍLIO ELEITORAL DA PROPOSITURA DA


AÇÃO?

Não. Basta comprovar a cidadania, nos termos da lei.

11. O MENOR NECESSITA DE ASSISTÊNCIA OU DE REPRESENTAÇÃO?

Não. Basta comprovar ser maior de 16 anos e estar no gozo de sua capacidade ativa
eleitoral.

OBS: Não se pode limitar sua cidadania se o mesmo é independente para fins eleitorais.

12. LEGITIMIDADE PASSIVA (ART. 6º, §1º, 2°)

Quem pode ser Réu na Ação Popular? As pessoas públicas ou privadas, bem como as
demais entidades elencadas no art. 1º, da Lei nº 4.717/65 responsáveis pela autorização,
aprovação, ratificação ou prática do ato.

Ainda deverão compor o pólo passivo da ação popular: a autoridade, funcionário ou


administrador que, por omissão, houverem dado oportunidade à lesão (responsáveis pela
lesão).

IMPORTANTE:

Art. 6º, §4° - O Ministério Público acompanhará a ação (...)

Art. 6º, §5° - É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente
do autor da ação popular.
07/03/2024

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