Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
www.cers.com.br 1
AÇÃO CIVIL PÚBLICA
Noções gerais
Origem e regulamentação
Constitucionalização
LEGITIMIDADE
As pessoas naturais, como regra, não têm legitimidade para a propositura de ações coletivas. Exceção: ação
popular
O titular do direito material também não tem legitimidade ativa. Exceção: comunidades indígenas.
CF, Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: V - defender judicialmente os direitos e interesses
das populações indígenas;
CF, Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em
defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo
A legitimidade é considerada concorrente e disjuntiva (art. 5º da LACP e art. 82 do CDC)
Exemplo: A Defensoria Pública teria legitimidade para a tutela coletiva em função de sua missão constitucional (a
tutela dos necessitados)
Observação: o reconhecimento do poder de controle da representatividade adequada não pode resultar em obstá-
culo ao acesso à Justiça
www.cers.com.br 2
A questão da vinculação ou não dos substituídos
A desnecessidade de o autor da ação demonstrar interesse próprio na ação
Correntes:
a) corrente que usa a terminologia tradicional: legitimidade ordinária e extraordinária
b) corrente que defende uma terminologia própria para o processo coletivo: ”legitimação coletiva”; ”legitimação au-
tônoma para a condução do processo”
b.1) corrente que distingue a legitimidade em função do direito tutelado em juízo: direitos difusos e coletivos x direitos
individuais homogêneos
“Na hipótese dos autos não se verifica a relevância social apta a legitimar a extraordinária atuação do Parquet,
porquanto pretende a proteção de direito disponível e que não possui natureza coletiva, já que o titular do direito
que se busca a proteção é plenamente identificável” (REsp 1.273.643/PR).
Aspectos importantes:
A relevância para a coletividade;
Direitos relacionados à saúde ou à segurança das pessoas
As questões do direito de acesso das crianças e adolescentes à educação;
Extraordinária dispersão dos lesados;
Questões relacionadas ao funcionamento de um sistema econômico, social ou jurídico.
Observação: a legitimidade é plúrima (vários colegitimados) e mista, pois há legitimiade de órgãos públicos e das
associações.
REsp Nº 168.051 - DF
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DEFESA DOS CONSUMIDORES. ASSISTÊNCIA À SAÚDE. INTERESSE OU DIREITO
COLETIVO. DISTRITO FEDERAL. LEGITIMAÇÃO ATIVA. ART. 82, II, DO CDC.
Nos termos do art. 82, II, do Código de Defesa do Consumidor tem o Distrito Federal legitimidade ampla para pro-
mover ação civil pública, visando a proteção de interesses ou direitos coletivos de associados, na referida unidade
federativa, de empresa prestadora de serviços de saúde.
Exige-se, porém, que a ação coletiva seja manuseada em prol dos indivíduos ou da coletividade, mas não em prol
de interesse público primário do próprio poder público
www.cers.com.br 3
(AGU-AU/BR – CESPE) Quanto à ação civil pública, julgue o seguinte item (certo ou errado):
O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa do patrimônio público, cabendo,
nesse hipótese, ao poder público, a legitimidade para atuar como litisconsorte apenas no polo ativo da lide, já que
não lhe é dado ir de encontro ao interesse cuja defesa se almeja na ação.
A afirmativa está errada, pois o art. 5º, § 2º, da LACP, dispõe que “fica facultado ao Poder Público e a outras
associações legitimadas nos termos deste artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes”.
Entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta: autarquias, empresas públicas, fundações, socie-
dades de economia mista e outros órgãos.
O art. 82, III, da Lei n. 8.078/90 CDC, estabelece que são legitimados concorrentemente as entidades e órgãos da
Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados à de-
fesa dos interesses e direitos protegidos pelo CDC.
A Defensoria Pública
A Defensoria Pública está legitimada à tutela dos direitos transindividuais, por força do atual inciso II do art. 5º da
Lei n. 7.347/85.
CPC/2015, Art. 185. A Defensoria Pública exercerá a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a
defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, em todos os graus, de forma integral e gratuita.
CF 88, Art. 134. A DP é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como
expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos
humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral
e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta CF.
Não se exige que a coletividade defendida pela Defensoria Pública seja totalmente constituída por necessitados
Obs2: já se reconheceu a legitimidade da DP para o ajuizamento de ação de improbidade, por não ter o MP avocado
a sua legitimidade.
Já se entendeu que no caso de ação coletiva para a tutela de direitos individuais homogêneos, a legitimidade da
Defensoria Pública para a fase de conhecimento não determina sua legitimidade para pleitear a liquidação e a
execução no caso de beneficiários que não sejam necessitados
A Defensoria Pública, no campo das ações coletivas, tem afirmado sua legitimidade para:
a) Ser autora de ações coletivas, na defesa de direitos transindividuais de qualquer espécie;
b) Atuar como assistente judicial de entidades legitimadas à propositura de demandas coletivas.
A atuação primordial da Defensoria Pública, sem dúvida, é a assistência jurídica e a defesa dos necessitados econô-
micos, entretanto, também exerce suas atividades em auxílio a necessitados jurídicos, ....
... não necessariamente carentes de recursos econômicos, como é o caso, por exemplo, quando exerce a função
do curador especial, previsto no art. 9.º, inciso II, do Código de Processo Civil, e do defensor dativo no processo
penal, conforme consta no art. 265 do Código de Processo Penal...
(obs: funções típicas e funções atípicas).
www.cers.com.br 4
No caso, o direito fundamental tutelado está entre os mais importantes, qual seja, o direito à saúde. Ademais, o
grupo de consumidores potencialmente lesado é formado por idosos, cuja condição de vulnerabilidade já é reco-
nhecida na própria Constituição Federal, que dispõe no seu art. 230, sob o Capítulo VII do Título VIII ("Da Família,
da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso"): ...
... "A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na
comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida"...
“A expressão 'necessitados' (art. 134, caput, da Constituição), que qualifica, orienta e enobrece a atuação da De-
fensoria Pública, deve ser entendida, no campo da Ação Civil Pública, em sentido amplo, de modo a incluir, ao lado
dos estritamente carentes de recursos financeiros - os miseráveis e pobres -, os hipervulneráveis (isto é, os social-
mente estigmatizados ou excluídos, as crianças, os idosos, as gerações futuras),...
... enfim todos aqueles que, como indivíduo ou classe, por conta de sua real debilidade perante abusos ou arbítrio
dos detentores de poder econômico ou político, 'necessitem' da mão benevolente e solidarista do Estado para sua
proteção, mesmo que contra o próprio Estado...
... Vê-se, então, que a partir da ideia tradicional da instituição forma-se, no Welfare State, um novo e mais abran-
gente círculo de sujeitos salvaguardados processualmente, isto é, adota-se uma compreensão de minus habentes
impregnada de significado social, organizacional e de dignificação da pessoa humana” (REsp 1.264.116/RS, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/10/2011, DJe 13/04/2012)....
O Supremo Tribunal Federal, a propósito, recentemente, ao julgar a ADI 3943/DF, em acórdão ainda pendente de
publicação, concluiu que a Defensoria Pública tem legitimidade para propor ação civil pública, na defesa de interes-
ses difusos, coletivos ou individuais homogêneos, ...
... julgando improcedente o pedido de declaração de inconstitucionalidade formulado contra o art. 5.º, inciso II, da
Lei n.º 7.347/1985, alterada pela Lei n.º 11.448/2007 ("Art. 5.º - Têm legitimidade para propor a ação principal e a
ação cautelar: ... II - a Defensoria Pública").” (EREsp 1.192.577/RS, DJe 13/11/2015).
STJ, (AgInt no REsp 1573481/PE, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/04/2016,
DJe 27/05/2016): "O direito à educação legitima a propositura da Ação Civil Pública, inclusive pela Defensoria
Pública, cuja intervenção, na esfera dos interesses e direitos individuais homogêneos, não se limita às relações
de consumo ou à salvaguarda da criança e do idoso...
... Ao certo, cabe à Defensoria Pública a tutela de qualquer interesse individual homogêneo, coletivo stricto
sensu ou difuso, pois sua legitimidade ad causam, no essencial, não se guia pelas características ou perfil do
objeto de tutela (= critério objetivo), mas pela natureza ou status dos sujeitos protegidos, concreta ou abstrata-
mente defendidos, os necessitados (= critério subjetivo)”.
CPC/2015, art. 554, § 1º: No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas,
serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais,
determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência
econômica, da Defensoria Pública.
www.cers.com.br 5
DO JUIZ, NA DIREÇÃO DO PROCESSO, PREVENIR OU REPRIMIR QUALQUER ATO CONTRÁRIO À DIGNI-
DADE DA JUSTIÇA...
... ADEMAIS, O OUTRO FUNDAMENTO AUTÔNOMO PARA NÃO RECONHECIMENTO DA LEGITIMAÇÃO, POR
SER O ESTATUTO DA ASSOCIAÇÃO DESMESURADAMENTE GENÉRICO, POSSUINDO REFERÊNCIA GENÉ-
RICA A MEIO AMBIENTE, CONSUMIDOR, PATRIMÔNIO HISTÓRICO, TAMBÉM PATENTEIA A AUSÊNCIA DE
LEGITIMAÇÃO DA AUTORA PARA DEFESA DE INTERESSES COLETIVOS DE CONSUMIDORES.
1. As ações coletivas, em sintonia com o disposto no artigo 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor, ao propiciar
a facilitação da tutela dos direitos individuais homogêneos dos consumidores, viabilizam otimização da prestação
jurisdicional, abrangendo toda uma coletividade atingida em seus direitos.
2. Dessarte, como sabido, a Carta Magna (art. 5°, XXI) trouxe apreciável normativo de prestígio e estímulo às ações
coletivas ao estabelecer que as entidades associativas detêm legitimidade para representar judicial e extrajudicial-
mente seus filiados, sendo que, no tocante à legitimação, "[...] um limite de atuação fica desde logo patenteado: o
objeto material da demanda deve ficar circunscrito aos direitos e interesses desses filiados...
...Um outro limite é imposto pelo interesse de agir da instituição legitimada: sua atuação deve guardar relação com
seus fins institucionais“ (ZAVASCKI, Teori Albino. Processo coletivo: tutela de direitos coletivos e tutela coletiva de
direitos. São Paulo: RT, 2014, p. 162).
3. É digno de realce que, muito embora o anteprojeto da Lei n. 7.347/1985, com inspiração no direito norte-ameri-
cano, previa a verificação da representatividade adequada das associações (adequacy of representation), propondo
que sua legitimação seria verificada no caso concreto pelo juiz, todavia, essa proposta não prevaleceu, pois o legis-
lador optou por indicar apenas quesitos objetivos...
...(estar constituída há pelo menos 1 (um) ano e incluir, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico). Com efeito, o legislador instituiu referidas ações visando tutelar interesses metaindividuais,
partindo da premissa de que são, presumivelmente, propostas em prol de interesses sociais relevantes....
...ou, ao menos, de interesse coletivo, por legitimado ativo que se apresenta, ope legis, como representante idôneo
do interesse tutelado (MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Ação civil pública: em defesa do meio ambiente, do patri-
mônio cultural e dos consumidores – Lei 7.347/1985 e legislação complementar. 12 ed. São Paulo: revista dos
Tribunais, 2011, p. 430).
4. Por um lado, é bem de ver que, muito embora a presunção iuris et de iure seja inatacável - nenhuma prova em
contrário é admitida -, no caso das presunções legais relativas ordinárias se admite prova em contrário. Por outro
lado, o art. 125, III, do CPC [correspondente ao art. 139, III, do novo CPC] estabelece que é poder-dever do juiz,
na direção do processo, prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça...
...Com efeito, ... e sem que decorra de análise eminentemente subjetiva do juiz, ou mesmo de óbice meramente
procedimental, é plenamente possível que, excepcionalmente, de modo devidamente fundamentado, o magistrado
exerça, mesmo que de ofício, o controle de idoneidade (adequação da representatividade) para aferir/afastar a
legitimação ad causam de associação.
5. No caso, a Corte de origem inicialmente alinhavou que "não se quer é a montagem de associações de gaveta,
que não floresçam da sociedade civil, apenas para poder litigar em todos os campos com o benefício do artigo 18
da Lei de Ação Civil Pública"; "associações, várias vezes, surgem como máscaras para a criação de fontes arreca-
dadoras, que, sem perigo da sucumbência, buscam indenizações com somatório milionário...
... mas sem autorização do interessado, que depois é cobrado de honorários". Dessarte, o Tribunal de origem não
reconheceu a legitimidade ad causam da recorrente, apurando que "há dado revelador: supostamente, essa asso-
ciação autora é composta por muitas pessoas famosas (fls. 21),...
... mas todas com domicílio em um único local. Apenas isso já mostra indícios de algo que deve ser apurado. Ou
tudo é falso, ou se conseguiu autorização verbal dos interessados, que entretanto nem sabem para que lado os
interesses de tais entidades voam".
6. Ademais,... o estatuto da associação... é desmesuradamente genérico, possuindo "referência genérica a tudo:
meio ambiente, consumidor, patrimônio histórico, e é uma repetição do teor do art. 5º, inciso II, da Lei 7.347/85" tem
respaldo em precedente do STJ, assentando que as associações civis necessitam ter finalidades institucionais com-
patíveis com a defesa do interesse transindividual que pretendam tutelar em juízo...
Embora essa finalidade possa ser razoavelmente genérica, "não pode ser, entretanto, desarrazoada, sob pena de
admitirmos a criação de uma associação civil para a defesa de qualquer interesse, o que desnaturaria a exigência
de representatividade adequada do grupo lesado". (AgRg no Resp 901.936/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 16/10/2008, DJe 16/03/2009)
7. Recurso especial não provido”.
www.cers.com.br 6
A questão da dispensa da pré-constituição
O regime das ações coletivas em geral
LACP, art. 5º, § 4.° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse
social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido.
A) Para a impetração de mandado de segurança coletivo por associações, o requisito da pré-constituição pode ser
dispensado quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano.
B) É possível a impetração de mandado de segurança coletivo, para a defesa de interesses difusos, coletivos e
individuais homogêneos.
C) Cabe a impetração de mandado de segurança coletivo, por associação de municípios para a tutela judicial dos
interesses e direitos dos Municípios associados, se prevista entre os seus objetivos institucionais.
D) No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou
categoria representados pelo impetrante.
E) Os efeitos da coisa julgada no mandado de segurança coletivo somente beneficiarão o impetrante a título indivi-
dual se este houver pedido desistência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da
ciência comprovada da impetração da segurança coletiva..
Gabarito: E
STJ, RMS 34.922/GO, Primeira Turma, DJe 11/10/2011): “A associação impetrante não faz prova pré-constituída
de que está reunida há um ano com a finalidade social pertinente à pretensão deduzida judicialmente. Descumpri-
mento do que dispõe o art. 21 da Lei 12.016/2009. Reconhecida a ilegitimidade ativa para a impetração de mandado
de segurança coletivo”.
www.cers.com.br 7
(STJ) PROCESSUAL CIVIL. REALINHAMENTO DO ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL DO STJ, EM CONSO-
NÂNCIA COM A DELIBERAÇÃO EXARADA PELO STF, SOB O REGIME DE REPERCUSSÃO GERAL. OBRIGA-
TORIEDADE DE EXPRESSA AUTORIZAÇÃO DOS FILIADOS PARA A ADEQUADA LEGITIMAÇÃO DA ASSOCI-
AÇÃO QUE OS REPRESENTA. IMPORTANTE INSTRUMENTO DE CONTROLE JUDICIAL DA ADEQUAÇÃO DA
REPRESENTATIVIDADE.
1. No caso dos autos, o Tribunal local consignou que "os sindicatos e as associações de classe, na qualidade de
substitutos processuais, estão legitimados para ajuizar ações visando à defesa dos direitos de seus filiados, inde-
pendentemente de autorização, o que autoriza o filiado ou associado a ajuizar individualmente a execução, não
havendo ofensa aos limites da coisa julgada" (fl. 652).
2. No que concerne à alegada violação do art. 2º-A, parágrafo único, da Lei 9.494/1997, afirmou o Estado do Rio de
Janeiro que "o ordenamento em vigor não garante às associações a legitimação extraordinária para substituir os
seus associados na defesa de interesses individuais destes, ainda que homogêneos. Diferentemente, apenas con-
feriu a possibilidade de representar os seus associados em Juízo ou fora dele, quando expressamente autorizada
para tanto".
3. Com efeito, a orientação do acórdão proferido na origem refletiu o posicionamento jurisprudencial superado no
Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que as associações de servidores - na qualidade de substituto processual
- têm legitimidade para atuar nas fases de conhecimento, liquidação e execução de sentença na defesa dos direitos
e interesses da categoria que representa, dispensando prévia autorização dos trabalhadores...
...O STF, entretanto, no julgamento do RE 573.232/SC, consignou que a atuação das associações não enseja subs-
tituição processual, mas representação específica, consoante o disposto no art. 5º, XXI, da CF, entendimento que
vem sendo adotado também no STJ. Nesse sentido: REsp 1.405.697/MG, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze,
Terceira Turma, DJe 8/10/2015; AgRg no REsp 1.488.825/PR, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda
Turma, DJe 12/2/2015.
Assim, afastada a tese de representatividade irrestrita adotada pela Corte local e não sendo possível nessa instância
recursal (Súmula 7/STJ) a análise do argumento de que não existiu, no caso, a necessária autorização dos asso-
ciados para o ajuizamento da ação, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, seguido pelo Superior
Tribunal de Justiça, deve ser provido o Recurso Especial para...
... determinar o retorno dos autos ao Tribunal a quo, que deverá enfrentar a alegação do Estado de que a associação
recorrida não possui legitimidade ativa para ajuizar a presente ação, porquanto, conforme afirma o ente estatal, "a
AFRERJ, confessadamente (fls.02 - item 02 da inicial) propôs esta ação sem a indispensável autorização de seus
associados" (fl. 1.173).
5...Acrescente-se que acolher o entendimento de que a atuação das associações não enseja substituição proces-
sual, mas representação específica, não implica ofensa à Súmula 7/STJ.6. Agravo Regimental não provido.(AgRg
no AREsp 664.713/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/12/2015, DJe
04/02/2016).
Legitimidade subsidiária?
A legitimidade para a ação de conhecimento, em regra, confere legitimidade para a liquidação e para a execução
da sentença coletiva.
A legitimidade individual (ordinária) tem preferência em relação à legitimidade coletiva?
Seria a legitimidade coletiva subsidiária, na fase de execução?
LITISCONSÓRCIO
LACP, art. 5º, § 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste artigo
habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes.
(AGU-AU/BR – CESPE) Quanto à ação civil pública, julgue o seguinte item (certo ou errado):
O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa do patrimônio público, cabendo,
nesse hipótese, ao poder público, a legitimidade para atuar como litisconsorte apenas no polo ativo da lide, já que
não lhe é dado ir de encontro ao interesse cuja defesa se almeja na ação.
www.cers.com.br 8
A afirmativa está errada, pois o art. 5º, § 2º, da LACP, dispõe que “fica facultado ao Poder Público e a outras
associações legitimadas nos termos deste artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes”.
LITISCONSÓRCIO
LACP, art. 5º, § 5.°Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal
e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei.
Inclusive o ingresso litisconsorcial (litisconsórcio unitário ulterior facultativo – assistência litisconsorcial)
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
A impossibilidade do ingresso de cidadão em ação genuinamente coletiva. Possível exceção: no caso de ACP que
verse matéria de ação popular.
A peculiaridade das ações coletivas que têm por objeto a defesa de direitos individuais homogêneos.
CDC, art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que os interessados possam intervir
no processo como litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comunicação social por parte
dos órgãos de defesa do consumidor.
www.cers.com.br 9
www.cers.com.br 10