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PROCESSO

COLETIVO
PROFESSORA MA. FABIANA ISAAC
MATTARAIA
REFERÊNCIAS

• Neves, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Processo Coletivo. São Paulo: Saraiva,
2016.
• Processo coletivo [livro eletrônico] : tutela de direitos coletivos e tutela coletiva de
direitos / Teori Albino Zavascki. -- 7. ed. rev., atual. e ampl. -- São Paulo : Thomson
Reuters Brasil, 2019.
• Processo coletivo: do surgimento à atualidade/ Ada Pellegrini Grinover [et al.],
coordenadores – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014.
• Mazzilli, Hugo Nigro. Tutela dos Interesses Difusos e Coletivos. São Paulo: Saraiva, 2018.
INSTRUMENTOS PROCESSUAIS PARA A TUTELA COLETIVA
EMENTA

Ação de Mandado de Mandado de


Ação Civil
Introdução Ação Popular Improbidade Segurança Injunção
Pública
Administrativa Coletiva Coletivo
AÇÃO CIVIL PÚBLICA

• Lei 7.347/1985 prevê, por meio de seu artigo 1º, IV, as espécies de direito que podem
ser tutelados pela ação civil pública de responsabilidade de danos morais e patrimoniais.
• Há nos incisos a menção expressa a determinados direitos – meio ambiente; ao
consumidor; a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico; por infração a ordem econômica; ordem urbanística; honra e dignidade de
grupos raciais, éticos, ou religiosos; ao patrimônio público e social.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA – DIREITOS
TUTELADOS - LEI 7.347/85
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de
responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:
l - ao meio-ambiente;
ll - ao consumidor;
III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.
V - por infração da ordem econômica;
AÇÃO CIVIL PÚBLICA – DIREITOS
TUTELADOS - LEI 7.347/85
VI - à ordem urbanística.
VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.
VIII – ao patrimônio público e social.
Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam
tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS
ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente
determinados.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA

• O rol é exemplificativo, considerando-se o inciso IV do dispositivo legal ora comentado,


podem ser utilizada para a tutela de QUALQUER OUTRO DIREITO DIFUSO OU
COLETIVO, ainda que não previsto expressamente no rol legal;
• Ainda que não haja previsão na Lei 7.347/1985, não há dúvidas de que também tutela
direitos individuais homogêneos de diferentes naturezas, não se limitando à tutela do
consumidor, tendo AMPLO CABIMENTO, dentre todos os demais instrumentos, o mais
amplo. (Daniel Amorim – Manual de Proc. Coletivo -p. 88)
AÇÃO CIVIL PÚBLICA

• Art 129, III, da CF/88 – funções do MP – mas não é somente legítimo o MP para
ingressar com essa ação, mas ele sempre participa.
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:(...)
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público
e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos (ENUMERAÇÃO
EXEMPLIFICATIVA);
(...)
§ 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo não
impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na
lei.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA – LEGITIMIDADE
ATIVA LEI 7.347/85
Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:
I - o Ministério Público;
II - a Defensoria Pública;
III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;
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V - a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao
meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de
grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico
e paisagístico. (interesse de agir)
§ 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará
obrigatoriamente como fiscal da lei.
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§ 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste
artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes. (legitimidade concorrente
não somente dos que estão nesta lei, e poderá haver litisconsórcio ativo)
§ 3° Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o
Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.
§ 4.° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja
manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela
relevância do bem jurídico a ser protegido.
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Tal disposição acerca do interesse de agir não se aplica somente às associações civil, mas
também às autarquias, empresas públicas, sociedades de economia missa, fundações e aos
demais órgãos públicos ainda que sem personalidade jurídica própria, conforme se observa
no art 82, III e IV do CDC.
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• Isso porque, o rol de legitimados para a ação civil pública deve ser compreendido
mediante estudo integrado dos vários diplomas legais do microssistema processual
coletivo e não somente o disposto na ACP (ex: CDC, Estatuto do Idoso, ECA etc.).
• O Código de Defesa do Consumidor garante aos órgãos da Administração Pública,
mesmo sem personalidade jurídica, a legitimidade para ajuizamento de ação civil pública
(ex: PROCON).
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CDC
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo
individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de
natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte
contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.
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CDC
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:
I - o Ministério Público,
II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;

III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade
jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este código; (olhar os artigos
41 a 44 para ver quem tem personalidade jurídica – os órgãos públicos não têm – Secretaria da Fazenda, Ministério
etc)
IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a
defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear.
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CDC
§ 1° O requisito da pré-constituição pode ser dispensado pelo juiz, nas ações previstas nos arts. 91 e seguintes, quando haja manifesto interesse social evidenciado
pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido.

§ 2° (Vetado).

§ 3° (Vetado).
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CC/2002
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:

I - a União;

II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;

III - os Municípios;

IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005)

V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.


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CC/2002
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado
estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.

Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem
regidas pelo direito internacional público.
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Interessante reflexão acerca disso

https://blog.ebeji.com.br/qual-a-diferenca-entre-personalidade-juridica-e-personalidade-judiciaria/
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APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. PROCON DO MUNICÍPIO DE BÚZIOS. TUTELA COLETIVA DE
INTERESSES DOS CONSUMIDORES DOS SERVIÇOS PRESTADOS POR INSTITUIÇÃO FINANCEIRA.
SENTENÇA DE EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. ILEGITIMIDADE ATIVA. RECURSO DA
PARTE AUTORA. 1. Legitimidade ativa do Procon Municipal para a propositura de ação civil pública no intuito de
tutelar os interesses da coletividade de consumidores. Inteligência dos artigos 81 e 82, inciso III, do CPDC. 2.
Extinção do processo sem resolução do mérito, sem oportunizar à parte autora a manifestação acerca da
ilegitimidade ativa. Decisão surpresa. Violação ao artigo 10 do CPC. 3. Ausência de intimação do Ministério Público
para se manifestar sobre o interesse na continuidade da ação. Afronta ao princípio da indisponibilidade da demanda
coletiva. 4. Precedentes jurisprudenciais. 5. Sentença anulada. Recurso provido.
(TJ-RJ - APL: 00016889320168190078 RIO DE JANEIRO ARMACAO DOS BUZIOS 1 VARA, Relator: Des(a).
MARCO AURÉLIO BEZERRA DE MELO, Data de Julgamento: 13/11/2018, DÉCIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL)
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O CIDADÃO NÃO É LEGITIMADO ATIVO COMO É DA AÇÃO POPULAR, NÃO É
POSSÍVEL PESSOA FÍSICA NESTE CASO.
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PERTINÊNCIA TEMÁTICA
Também chamada de representatividade adequada, que consiste na harmonização entre as
finalidades institucionais das associações civis ou dos órgãos públicos legitimados e o
objeto a ser tutelado na ação civil pública.
Relação da tutela de interesses com sua finalidade institucional.
Ex: O IBAMA é autarquia federal, possuindo, em consequência, legitimidade ativa para
ACP. Suas finalidades legais estão relacionadas à defesa do meio ambiente, não podendo
propor a demanda para a tutela, por exemplo, de interesses difusos dos consumidores.
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Com relação à Defensoria Pública, que é um dos legitimados, para averiguação
da pertinência temática de sua atuação, necessário observar o que termina o
art 134 da CF:
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do
Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático,
fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em
todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral
e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição
Federal (o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos) ;
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Agravo regimental em recurso extraordinário com agravo. 2. Direito Processual Civil. 3.
Legitimidade da Defensoria Pública. Discussão sobre a existência de hipossuficiência. 4. A
Defensoria Pública tem legitimidade para a propositura de ação civil pública que vise a
promover a tutela judicial de direitos difusos e coletivos de que sejam titulares, em tese,
pessoas necessitadas. ADI. 3943. Tema 607 da sistemática de repercussão geral. 5.
Necessidade de reexame do acervo probatório. Súmula 279. 6. Ausência de argumentos
capazes de infirmar a decisão agravada. 7. Negado provimento ao agravo regimental.

(STF - ARE: 1241846 AC 0800916-18.2013.4.05.8100, Relator: GILMAR MENDES, Data


de Julgamento: 10/10/2020, Segunda Turma, Data de Publicação: 19/10/2020)
AÇÃO CIVIL PÚBLICA – LEGITIMIDADE
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E a OAB, poderia propor uma ACP?
Sim, tanto seu Conselho Federal quanto seu Conselho Seccional.
Apesar de a lei da ação civil pública não mencionar a OAB como legitimada ativa para
propor a ACP, o estatuto da OAB, no seu artigo 54, inciso XIV, prevê a possibilidade de o
Conselho Federal propor a ação.
No mesmo sentido, há o Art. 105, V, b, do Regimento Geral da OAB prevendo a
possibilidade de o Conselho Seccional propor ACP.
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8.906/84 (Estatuto da Advocacia e da OAB)
Art. 45. São órgãos da OAB:
I - o Conselho Federal;
II - os Conselhos Seccionais;
III - as Subseções;
IV - as Caixas de Assistência dos Advogados.
§ 1º O Conselho Federal, dotado de personalidade jurídica própria, com sede na capital da República, é o órgão
supremo da OAB.
§ 2º Os Conselhos Seccionais, dotados de personalidade jurídica própria, têm jurisdição sobre os respectivos
territórios dos Estados-membros, do Distrito Federal e dos Territórios.
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8.906/84 (Estatuto da Advocacia e da OAB)
Art. 44. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), serviço público, dotada de
personalidade jurídica e forma federativa, tem por finalidade:
I - defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos
humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da
justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas;
II - promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a disciplina dos
advogados em toda a República Federativa do Brasil.
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8.906/84 (Estatuto da Advocacia e da OAB)
Art. 54. Compete ao Conselho Federal: (...)
XIV - ajuizar ação direta de inconstitucionalidade de normas legais e atos normativos, ação
civil pública, mandado de segurança coletivo, mandado de injunção e demais ações cuja
legitimação lhe seja outorgada por lei;
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RGOAB, Art. 105: Art. 105. Compete ao Conselho Seccional, além do previsto nos arts.
57 e 58 do Estatuto (...)
V – ajuizar, após deliberação(...)
b) ação civil pública, para defesa de interesses difusos de caráter geral e coletivos e
individuais homogêneos;

Atenção! Esta atuação da OAB não é, obviamente, adstrita aos interesses dos advogados.
Qualquer que seja o interesse público violado, a OAB poderá propor ACP.
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PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ORDEM DOS ADVOGADOS
DO BRASIL. CONSELHO SECCIONAL. PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO URBANÍSTICO,
CULTURAL E HISTÓRICO. LIMITAÇÃO POR PERTINÊNCIA TEMÁTICA. INCABÍVEL. LEITURA
SISTEMÁTICA DO ART. 54, XIV, COM O ART. 44, I, DA LEI 8.906/94. DEFESA DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL, DO ESTADO DE DIREITO E DA JUSTIÇA SOCIAL.1. Cuida-se de
recurso especial interposto contra acórdão que manteve a sentença que extinguiu, sem apreciação
do mérito, uma ação civil pública ajuizada pelo conselho seccional da Ordem dos Advogados do
Brasil em prol da proteção do patrimônio urbanístico, cultural e histórico local; a recorrente alega
violação dos arts.44, 45, § 2º, 54, XIV, e 59, todos da Lei n. 8.906/94. 2. Os conselhos seccionais da
Ordem dos Advogados do Brasil podem ajuizar as ações previstas - inclusive as ações civis públicas -
no art. 54, XIV, em relação aos temas que afetem a sua esfera local, restringidos territorialmente
pelo art. 45, § 2º, da Lei n.8.906/84. (continua)
AÇÃO CIVIL PÚBLICA – LEGITIMIDADE LEI
7.347/85
3. A legitimidade ativa - fixada no art. 54, XIV, da Lei n.8.906/94 - para propositura de ações civis
públicas por parte da Ordem dos Advogados do Brasil, seja pelo Conselho Federal, seja pelos
conselhos seccionais, deve ser lida de forma abrangente, em razão das finalidades outorgadas pelo
legislador à entidade - que possui caráter peculiar no mundo jurídico - por meio do art. 44, I, da
mesma norma; não é possível limitar a atuação da OAB em razão de pertinência temática, uma vez
que a ela corresponde a defesa, inclusive judicial, da Constituição Federal, do Estado de Direito e da
justiça social, o que, inexoravelmente, inclui todos os direitos coletivos e difusos.Recurso especial
provido.

(REsp 1351760/PE, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em


26/11/2013, DJe 09/12/2013)
AÇÃO CIVIL PÚBLICA – LEGITIMIDADE LEI
7.347/85
Outra juris mais recente:

“Denota-se, pois, que a instância recorrida houve por bem manter a sentença que extinguiu o
processo sem exame do mérito em razão da ilegitimidade do órgão de classe para figurar no polo
ativo da Ação Civil Pública que buscava a anulação de cobranças das diferenças anuais dos valores das
taxas de ocupação e foro dos terrenos de marinha (fls. 121/124), sob o argumento de que o objeto
da demanda não estaria relacionado aos interesses da categoria profissional de advogados.

Contudo, ao assim decidir, o Tribunal regional dissentiu da jurisprudência deste Sodalício sobre o
tema, a qual firmou-se no sentido de que a legitimidade da OAB para a propositura de ação civil
pública não está adstrita à pertinência temática, possuindo caráter mais amplo, de modo que está
autorizada a promover ação que busque tutelar interesses difusos e coletivos. (...)
AÇÃO CIVIL PÚBLICA – LEGITIMIDADE LEI
7.347/85
Outra juris mais recente:

“Ante o exposto, dou provimento ao recurso especial para declarar a legitimidade ativa da
recorrente, determinando a remessa dos autos ao Juízo de primeiro grau a fim de que, superada a
questão da ilegitimidade, seja dado seguimento à ação civil pública. Publique-se. Brasília (DF), 29 de
agosto de 2018.

(STJ - REsp: 1586778 SE 2016/0047681-1, Relator: Ministro SÉRGIO KUKINA, Data de Publicação:
DJ 31/08/2018)
AÇÃO CIVIL PÚBLICA – LEGITIMIDADE
PASSIVA
- Administração Pública;
- Particular – qualquer pessoa física ou jurídica (CAUSADORAS DO DANO)
É AMPLO
Qualquer pessoa física ou jurídica de direito público ou privado que seja responsável por
um dano (ou por sua ameaça) a um interesse difuso ou coletivo possuirá qualidade para
figurar no polo passivo da ação.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA – PEDIDO

Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de
obrigação de fazer ou não fazer.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA – PREVENTIVA

Art. 4o Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei, objetivando, inclusive,
evitar dano ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à honra e à
dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos, à ordem urbanística ou aos bens e
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Requisito – Intervenção OBRIGATÓRIA do MP (autor ou fiscal da lei) – EM VIRTUDE


DOS INTERESSES PÚBLICOS RELEVANTES;
(art 176 e seguintes do CPC)
AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Competência – JUIZO DE PRIMEIRO GRAU – do local do dano


Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano,
cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa.
Parágrafo único A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações
posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Competência
Critério funcional hierárquico
Não há prerrogativa de foro na Ação Civil Pública. A ação deverá ser sempre proposta em
primeira instância, assim como no caso da Ação Popular.
Essa regra é absoluta? NÃO! Cuidado com duas exceções (hipóteses nas quais a
competência é originária do STF):
Conflito federativo (art. 102, I, f da Constituição Federal), e
Ação de interesse de toda a magistratura (art. 102, I, n, da Constituição Federal)
AÇÃO CIVIL PÚBLICA

(CF) Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da


Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente: (...)
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou
entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta; (...)
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente
interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam
impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados;
AÇÃO CIVIL PÚBLICA

A JUSTIÇA FEDERAL SERÁ A COMPETÊNCIA EM REGRA


(CF) Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência,
as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
O que não estiver disposto no artigo e inciso acima, será para a JUSTIÇA ESTADUAL
(COMPETÊNCIA RESIDUAL)
AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Critério territorial
Para o processo coletivo, o critério territorial é competência absoluta. Seguimos as
seguintes regras de competência territorial (de acordo com o artigo 93 do CDC):
Se dano for local: ajuizamento da ação no local do dano;
Se dano for regional: ajuizamento da ação na capital do Estado;
Se dano for nacional: ajuizamento da ACP no DF ou na capital dos estados envolvidos.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA - SENTENÇA

Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência
territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por
insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação
com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA

• Seu rito é utilizado nas ações de improbidade administrativa, mas esta tem suas próprias
regras em veremos em aula específica.
QUESTÃO DA OAB 2018 – PRIMEIRA FASE

A associação “Amigos da Natureza”, constituída há 2 anos, com a finalidade institucional de proteger o meio
ambiente, tem interesse na propositura de uma ação civil pública, a fim de que determinado agente causador de dano
ambiental seja impedido de continuar a praticar o ilícito.
Procurado pela associação, você, na qualidade de advogado, daria a orientação de
A) não propor uma ação civil pública, visto que as associações não têm legitimidade para manejar tal instrumento,
sem prejuízo de que outros legitimados, como o Ministério Público, o façam.
B) propor uma ação civil pública,, já que a associação está constituída há pelo menos 1 ano e tem, entre seus fins
institucionais, a defesa do meio ambiente.
C) apenas propor a ação civil pública quando a associação estiver constituída há pelo menos 3 anos.
D) que a associação tem iniciativa subsidiária, de modo que só pode propor a ação civil pública após demonstração de
inércia do Ministério Público.
QUESTÃO DA OAB 2018 – PRIMEIRA FASE

Uma fábrica da sociedade empresária Tratores Ltda. despejou 10 toneladas de lixo reciclável no rio Azul,
que corta diversos municípios do estado do Paraná. Em decorrência de tal fato, constatou-se a redução da
flora às margens do rio. Sobre a medida cabível em tal cenário, assinale a afirmativa correta.
A) É cabível ação popular, na qual deve figurar obrigatoriamente o Ministério Público como autor.
B) É cabível ação civil pública, na qual deve figurar obrigatoriamente como autor um dos indivíduos afetados
pelos danos.
C) Não é cabível ação civil pública ou ação coletiva, considerando a natureza dos danos, mas o Ministério
Público pode ajuizar ação pelo procedimento comum, com pedido de obrigação de não fazer.
D)
É cabível ação civil pública, na qual o Ministério Público, se não for autor, figurará como fiscal da lei.
Obrigada!
fmattaraia@unaerp.br
16-99260-0138

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