Você está na página 1de 11

Processo Coletivo como Microssistema

O processo coletivo pode ser compreendido como um microssistema jurídico, que se destina a
tutelar interesses coletivos ou difusos, envolvendo grupos de pessoas que compartilham uma
mesma situação jurídica ou fática.

Esse microssistema é composto por normas e regras próprias, que regulamentam a atuação do
Ministério Público, da Defensoria Pública, das associações e dos próprios cidadãos na defesa dos
interesses coletivos.

O processo coletivo tem como principais objetivos a proteção dos direitos coletivos e difusos, a
garantia da efetividade do acesso à justiça, a promoção da cidadania e a defesa da democracia
participativa.

Entre os principais instrumentos do processo coletivo, destacam-se a ação coletiva, a ação civil
pública, o mandado de segurança coletivo, a ação popular, entre outros.

Esses instrumentos são importantes ferramentas para a garantia dos direitos coletivos e difusos,
pois permitem que várias pessoas, que individualmente não teriam condições de buscar a tutela de
seus direitos, sejam representadas por uma única ação, que terá efeitos para toda a coletividade.

Por isso, o processo coletivo é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e
igualitária, pois permite que os direitos coletivos sejam efetivamente protegidos e que as injustiças
e desigualdades sociais sejam combatidas de forma mais eficaz.

Princípios do Direito Processual Coletivo

Existem alguns princípios fundamentais que norteiam o Direito Processual Coletivo. São eles:

Princípio da Proteção Integral: trata-se do princípio fundamental do processo coletivo, que visa
garantir a proteção dos interesses coletivos e difusos em sua plenitude, em benefício de toda a
coletividade.

Princípio da Efetividade: busca garantir que as decisões judiciais tenham eficácia prática e não
sejam apenas meras declarações formais. Ou seja, o processo coletivo deve buscar a efetiva
realização dos direitos coletivos e difusos, garantindo a efetividade do acesso à justiça.

Princípio da Participação: esse princípio busca garantir a participação dos interessados no


processo coletivo, seja por meio de associações, entidades ou mesmo individualmente, por meio
da ampliação da legitimidade ativa e da possibilidade de intervenção de terceiros.

Princípio da Informação: visa garantir o acesso à informação por parte da coletividade, para que
possam participar ativamente do processo e defender seus interesses de forma adequada.

Princípio da Cooperação: esse princípio busca fomentar a cooperação entre os envolvidos no


processo coletivo, incluindo as partes, o Ministério Público e o Poder Judiciário, para que juntos
possam encontrar a melhor solução para o conflito coletivo.

Princípio da Celeridade: esse princípio visa garantir a rápida solução dos conflitos coletivos,
evitando que se perpetuem no tempo e causem prejuízos ainda maiores à coletividade.

Princípio da Isonomia: busca garantir a igualdade de tratamento entre as partes e o equilíbrio do


processo, evitando que uma das partes seja prejudicada em detrimento da outra.
A Importância da Ação Civil Pública (ACP) e do Código de Defesa do Consumidor (CDC)

Dessa forma, tanto a Ação Civil Pública como o Código de Defesa do Consumidor são importantes
ferramentas para a proteção dos direitos coletivos e difusos, garantindo a defesa da sociedade
como um todo e a promoção de uma sociedade mais justa e igualitária.

As três classificações dos direitos coletivos são:

Direitos Coletivos stricto sensu: são aqueles que pertencem a um grupo específico de pessoas
com um interesse comum, como o direito à organização sindical, o direito à greve, o direito à
liberdade de associação, entre outros.

Direitos Difusos: são aqueles que não têm uma titularidade determinada e pertencem a uma
coletividade indeterminada de pessoas, como o direito ao meio ambiente, o direito à proteção do
patrimônio cultural, o direito à saúde pública, entre outros.

Direitos Individuais Homogêneos: são aqueles que têm uma origem comum, mas afetam
indivíduos diferentes. São direitos individuais que possuem características comuns, como os danos
causados por um mesmo produto defeituoso que afeta um grupo de pessoas.

Legitimidade no Microssistema do Processo Coletivo

A legitimidade é um requisito fundamental no Microssistema do Processo Coletivo, pois é ela que


define quem tem o direito de propor ação em nome do interesse coletivo ou difuso.

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 129, inciso III, atribuiu ao Ministério Público a
titularidade da ação civil pública, conferindo-lhe a legitimidade para defendê-la em juízo. Além disso,
a Lei da Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/85) prevê outras hipóteses de legitimidade, tais como:
associações, sindicatos e entidades de classe que tenham entre suas finalidades a defesa dos
interesses coletivos ou difusos; a Defensoria Pública; o ente público responsável pela proteção do
direito em questão, entre outros.

TOPICO 02

INTRODUÇAO

A Ação Popular é uma das formas de ação coletiva previstas no Microssistema do Processo
Coletivo brasileiro. Ela foi instituída pela Constituição Federal de 1988 e regulamentada pela Lei nº
4.717/65.

A Ação Popular tem como objetivo proteger o patrimônio público, a moralidade administrativa, o
meio ambiente e outros interesses difusos ou coletivos. Por meio dessa ação, qualquer cidadão,
sem necessidade de comprovação de interesse específico, pode requerer a anulação ou a
declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio público ou aos interesses difusos ou coletivos.

Assim, a Ação Popular é um importante instrumento de participação popular na defesa do interesse


público e na fiscalização da administração pública. Ela pode ser proposta contra qualquer pessoa
física ou jurídica, pública ou privada, que tenha praticado ato lesivo ao patrimônio público ou aos
interesses difusos ou coletivos.

Além disso, a Ação Popular é uma ação de rito especial e possui algumas peculiaridades em
relação às demais ações judiciais, como a possibilidade de requerer liminarmente a suspensão
do ato lesivo até o julgamento final da ação. É importante destacar que, assim como outras
ações coletivas, a Ação Popular possui prazo prescricional para ser proposta.
O objeto específico da Ação Popular é a proteção do patrimônio público e dos interesses difusos e
coletivos contra atos lesivos praticados por qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada.

AÇÃO POPULAR E SEU OBJETO ESPECÍFICO – REQUISITOS CONSTITUCIONAIS E


INFRACONSTITUCIONAIS

Para que a Ação Popular seja cabível, é necessário o preenchimento de requisitos constitucionais
e infraconstitucionais, tais como:

Requisitos constitucionais: a Ação Popular está prevista no artigo 5º, inciso LXXIII da
Constituição Federal, que estabelece os seguintes requisitos:
• Lesividade ao patrimônio público ou aos interesses difusos e coletivos;
• Legitimidade ativa de qualquer cidadão;
• Não exigência de comprovação de prejuízo individual ou de interesse específico;
• Inexistência de prazo para a propositura da ação;
• Possibilidade de concessão de medida liminar para a suspensão do ato lesivo.

Requisitos infraconstitucionais: a Lei nº 4.717/65 regulamentou a Ação Popular e estabeleceu


outros requisitos para a sua propositura, tais como:
• Demonstrar que o ato é ilegal ou lesivo ao patrimônio público ou aos interesses difusos e
coletivos;
• Identificar o agente público ou particular responsável pelo ato;
• Apresentar as provas necessárias para a comprovação do ato lesivo;
• Demonstração da regularidade da representação processual do autor da ação.

Assim, para que a Ação Popular seja cabível, é necessário o preenchimento de todos esses
requisitos, tanto os constitucionais quanto os infraconstitucionais. A Ação Popular é uma importante
ferramenta para a proteção do interesse público e a fiscalização da administração pública,
permitindo que qualquer cidadão possa requerer a anulação ou a declaração de nulidade de atos
lesivos ao patrimônio público ou aos interesses difusos ou coletivos.

LEGITIMIDADE PROCESSUAL NA AÇÃO POPULAR

Na Ação Popular, a legitimidade processual é atribuída a qualquer cidadão que tenha a


capacidade eleitoral ativa, bem como ao Ministério Público e às pessoas jurídicas que comprovem
a defesa dos interesses difusos ou coletivos, visando garantir a proteção do patrimônio público e
dos interesses difusos e coletivos contra atos lesivos.

PROCEDIMENTALIDADE DA AÇÃO POPULAR

O procedimento da Ação Popular é dividido em duas fases (conhecimento e execução) e prevê a


concessão de medidas liminares, bem como a participação do Ministério Público em todas as
etapas do processo.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

INTRODUCAO

A Ação Civil Pública (ACP) é uma ação judicial coletiva que tem como objetivo proteger interesses
difusos, coletivos e individuais homogêneos. Essa ação foi criada pela Lei nº 7.347/85 e permite
que o Ministério Público, Defensoria Pública e as associações legalmente constituídas possam
ingressar com uma ação em defesa de direitos coletivos.

Os interesses difusos são aqueles que atingem um número indeterminado e indeterminável de


pessoas, como por exemplo, a proteção do meio ambiente. Já os interesses coletivos são aqueles
que atingem um grupo determinado de pessoas, como os consumidores de determinado produto.
E os interesses individuais homogêneos são aqueles que afetam um grupo de pessoas com
características comuns, como as vítimas de um acidente de trânsito.

A ACP pode ser proposta para a defesa de vários direitos, como por exemplo, a defesa do meio
ambiente, do patrimônio cultural, dos consumidores, da ordem econômica, da ordem urbanística,
entre outros. A Ação Civil Pública pode ser proposta tanto contra pessoas físicas quanto jurídicas,
de direito público ou privado, desde que haja algum interesse coletivo ou difuso envolvido.

A Ação Civil Pública tem como objetivo a reparação do dano causado, a cessação da conduta
lesiva, a prestação de contas e a condenação em dinheiro. Além disso, é possível que a ACP resulte
em uma medida liminar para garantir a efetividade da ação, antes mesmo do julgamento final.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA E SEU OBJETO

O objeto da Ação Civil Pública é amplo e diverso, podendo incluir, por exemplo, a reparação do
dano causado, a cessação da conduta lesiva, a prestação de contas e a condenação em dinheiro.
Além disso, é possível que a ACP resulte em uma medida liminar para garantir a efetividade da
ação, antes mesmo do julgamento final.

LEGITIMIDADE PROCESSUAL NA AÇÃO CIVIL PÚBLICA

legitimidade processual na Ação Civil Pública (ACP) está prevista no artigo 5º da Lei nº 7.347/85.
Segundo esse dispositivo, podem propor a ACP o Ministério Público, a Defensoria Pública, a União,
os Estados, os Municípios, as autarquias, as empresas públicas, as fundações e as associações
que estejam legalmente constituídas há pelo menos um ano e que tenham como finalidade a
proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, ao patrimônio
cultural e aos direitos e interesses difusos e coletivos.

É importante destacar que, na ACP, a legitimidade é concorrente, ou seja, várias pessoas ou


entidades podem propor a mesma ação. No entanto, quando isso acontece, é necessário que seja
definido qual será o representante do grupo, que atuará como autor da ação. Isso é importante para
evitar conflitos de interesses e garantir a efetividade da ACP.

Além disso, é importante ressaltar que, na ACP, a legitimidade não é exclusiva, ou seja, outras
pessoas também podem ter interesse na defesa dos direitos coletivos e se manifestar no processo
como amicus curiae (amigo da corte), apresentando argumentos e informações relevantes para o
julgamento da causa.

COMPETÊNCIA E PROCEDIMENTOS DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA

A competência para processar e julgar a ACP é definida pelo artigo 5º da Lei nº 7.347/85, que
estabelece que a ação pode ser proposta no foro do local onde ocorreu o dano, da lesão, ou do
fato que deu origem ao processo. Além disso, a ACP também pode ser proposta no foro da Capital
do Estado ou do Distrito Federal, ou no foro do domicílio dos réus.

Quanto aos procedimentos, a ACP segue as regras previstas no Código de Processo Civil, sendo
que algumas normas específicas estão previstas na Lei nº 7.347/85. A ACP é um processo de rito
especial, que busca proteger direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos.

O PROCEDIMENTO DA ACP É DIVIDIDO EM TRÊS FASES PRINCIPAIS:

Fase de Investigação Preliminar: antes de propor a ação, o Ministério Público ou outro legitimado
pode instaurar procedimento investigatório para apurar a existência de elementos que configurem
a lesão aos direitos coletivos. Essa fase tem por objetivo subsidiar a decisão sobre a propositura
da ACP.

Fase de Procedimento Comum: é a fase principal da ACP, na qual são apresentadas as alegações
das partes, realizadas as provas necessárias e proferida a sentença. Nessa fase, é possível a
concessão de medidas liminares, como a suspensão de atividades, a proibição de condutas e a
determinação de obrigações de fazer e não fazer.

Fase de Execução: após a sentença, inicia-se a fase de cumprimento da decisão, na qual são
adotadas as medidas necessárias para a efetivação da tutela jurisdicional.

Importante ressaltar que a ACP é uma ferramenta importante para a defesa dos direitos coletivos,
possibilitando a reparação de danos e a prevenção de condutas lesivas ao meio ambiente, ao
consumidor, à ordem econômica, entre outros direitos difusos e coletivos.

AÇÃO POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

A Ação por Ato de Improbidade Administrativa é um importante instrumento no microssistema do


processo coletivo, pois visa proteger o patrimônio público e os direitos coletivos, através da
responsabilização de agentes públicos que pratiquem atos de improbidade.

Essa ação pode ser proposta pelo Ministério Público, pela pessoa jurídica interessada ou pelo
cidadão, nos casos em que for comprovado o prejuízo ao erário ou à coletividade. Além disso, a
ação pode ser ajuizada isoladamente ou cumulativamente com outras ações, como a Ação
Civil Pública.

O processo da Ação por Ato de Improbidade Administrativa é regido pela Lei nº 8.429/92 e pelo
Código de Processo Civil, sendo que a competência para julgamento da ação é do juízo de primeiro
grau, ressalvada a competência originária dos Tribunais nos casos previstos em lei.

O processo da Ação por Ato de Improbidade Administrativa possui algumas particularidades, como
a possibilidade de concessão de medidas liminares, como a indisponibilidade de bens e a
suspensão do exercício da função pública, além da previsão de ressarcimento ao erário
pelos danos causados.

Dessa forma, a Ação por Ato de Improbidade Administrativa é um importante instrumento de


combate à corrupção e à violação dos princípios da administração pública, garantindo a proteção
do patrimônio público e dos direitos coletivos.

AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA E SEU OBJETIVO

A Ação de Improbidade Administrativa tem como objetivo responsabilizar agentes públicos que
praticam atos de improbidade, ou seja, que agem de forma desonesta, ilegal ou imoral, causando
prejuízos ao erário e à coletividade.

A improbidade administrativa é caracterizada pela violação dos princípios da administração pública,


como a legalidade, a moralidade, a impessoalidade, a eficiência e a publicidade, além de outras
condutas que configurem enriquecimento ilícito, dano ao patrimônio público ou violação de direitos
coletivos.

Assim, a Ação de Improbidade Administrativa tem como objetivo central a proteção da moralidade
administrativa, da transparência e da eficiência na gestão pública, contribuindo para o
fortalecimento do Estado Democrático de Direito e a garantia dos direitos fundamentais da
sociedade.
LEGITIMIDADE PROCESSUAL NA AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - SUJEITOS
ATIVOS E PASSIVOS

Na Ação de Improbidade Administrativa, a legitimidade processual para propor a ação é atribuída


a três sujeitos distintos: o Ministério Público, a pessoa jurídica lesada pelo ato de improbidade e a
pessoa física que tenha interesse na proteção do patrimônio público e da moralidade administrativa.

O Ministério Público é o sujeito mais comum e importante na proposição da Ação de Improbidade


Administrativa, pois possui legitimidade para atuar em defesa da moralidade administrativa, do
patrimônio público e dos interesses coletivos.

A pessoa jurídica lesada pelo ato de improbidade, por sua vez, pode ser uma entidade pública ou
privada que tenha sofrido prejuízos decorrentes da conduta ímproba do agente público.

Por fim, a pessoa física que tenha interesse na proteção do patrimônio público e da
moralidade administrativa pode propor a ação desde que demonstrada a existência de nexo
de causalidade entre sua atuação e o dano ao erário.

Em relação aos sujeitos passivos, a Ação de Improbidade Administrativa pode ser proposta contra
agentes públicos que tenham praticado atos de improbidade no exercício de suas funções, bem
como contra particulares que tenham se beneficiado ou concorrido para a prática desses atos.

É importante ressaltar que a responsabilização por ato de improbidade administrativa independe


da existência de processo criminal ou de decisão judicial transitada em julgado. Além disso, a ação
pode ser proposta mesmo que o agente público já tenha deixado o cargo ou função pública, uma
vez que a improbidade administrativa é uma conduta que atinge não apenas o agente público, mas
a moralidade e o patrimônio público em si.

COMPETÊNCIA E PROCEDIMENTO DA AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

A competência para julgar a Ação de Improbidade Administrativa é definida pela Lei nº 8.429/92,
que dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito
no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou
fundacional.

De acordo com a referida lei, a competência para julgar a Ação de Improbidade Administrativa
é do juízo da vara da Fazenda Pública, ou do juízo federal, quando a ação for proposta contra
agente público federal ou em decorrência de ato praticado em outro país.

O procedimento da Ação de Improbidade Administrativa segue o rito ordinário do Código de


Processo Civil, devendo ser observado o contraditório e a ampla defesa. A ação é iniciada com a
apresentação da petição inicial pelo Ministério Público ou pela parte interessada, que deverá indicar
os fatos, o enquadramento jurídico e as provas que pretende produzir.

Após a apresentação da petição inicial, o juiz determinará a citação dos réus para apresentarem
defesa, no prazo de 15 dias. Após a apresentação da defesa, o juiz poderá determinar a produção
de provas, como a oitiva de testemunhas, juntada de documentos e perícias.

Ao final, o juiz proferirá a sentença, que poderá impor sanções aos réus, como a perda dos bens
ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos e pagamento de multa civil. Além disso, a sentença poderá
determinar a indisponibilidade dos bens dos réus, como forma de garantir a efetividade da
reparação do dano causado.
MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO

O Mandado de Segurança Coletivo é uma modalidade de ação prevista na Constituição Federal e


regulamentada pela Lei 12.016/2009, que visa proteger direitos coletivos, difusos e individuais
homogêneos. O objetivo desta ação é garantir a tutela de interesses que ultrapassam a esfera
individual e atingem toda uma coletividade.

O Mandado de Segurança Coletivo pode ser impetrado por qualquer entidade associativa
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, como, por exemplo,
sindicatos, associações e organizações não-governamentais (ONGs), desde que estes tenham
como finalidade a defesa dos interesses coletivos, difusos ou individuais homogêneos.

O objeto do Mandado de Segurança Coletivo é a proteção de direitos coletivos, difusos ou


individuais homogêneos, que são aqueles que afetam uma coletividade indeterminada ou
determinada de pessoas de forma indivisível e que possuem origem comum. Exemplos de direitos
coletivos são o meio ambiente, o patrimônio histórico, a saúde pública, entre outros.

A finalidade do Mandado de Segurança Coletivo é assegurar o exercício de um direito líquido


e certo que tenha sido violado ou ameaçado de violação por ato ilegal ou abusivo de
autoridade pública ou de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público.

O procedimento do Mandado de Segurança Coletivo é regulamentado pela Lei 12.016/2009 e


segue as mesmas regras do Mandado de Segurança Individual, com algumas particularidades,
como, por exemplo, a necessidade de prévio requerimento administrativo quando cabível e a
citação do Ministério Público. A decisão do Mandado de Segurança Coletivo terá eficácia erga
omnes, ou seja, para todos os membros da coletividade afetada.

MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO E SEU OBJETO – REQUISITOS POSITIVOS E


NEGATIVOS

O objeto do Mandado de Segurança Coletivo é a proteção de direitos coletivos, difusos ou


individuais homogêneos. Para que seja possível impetrar o Mandado de Segurança Coletivo, é
necessário que sejam preenchidos alguns requisitos positivos e negativos.

Entre os requisitos positivos, está a existência de uma entidade associativa legalmente


constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, que tenha como finalidade a defesa dos
interesses coletivos, difusos ou individuais homogêneos. Além disso, é necessário que o direito a
ser protegido seja líquido e certo, ou seja, que seja facilmente comprovável por meio de provas
documentais.

Entre os requisitos negativos, está a impossibilidade de impetrar o Mandado de Segurança


Coletivo para a defesa de direitos individuais e subjetivos, já que estes devem ser protegidos pelo
Mandado de Segurança Individual. Além disso, não é permitido o uso do Mandado de Segurança
Coletivo para a defesa de interesses meramente patrimoniais ou econômicos.

Outro requisito negativo é a necessidade de esgotar as vias administrativas antes de se impetrar o


Mandado de Segurança Coletivo, quando cabível. Isso significa que, nos casos em que a
administração pública oferecer meios de solução para o problema, é preciso esgotá-los antes de
recorrer ao Poder Judiciário.

Em resumo, para que seja possível impetrar o Mandado de Segurança Coletivo, é preciso que haja
uma entidade associativa, a existência de um direito líquido e certo a ser protegido, que esteja
relacionado a interesses coletivos, difusos ou individuais homogêneos, e que não seja possível
resolver o problema por meio de vias administrativas ou que se trate de interesse meramente
patrimonial ou econômico.
LEGITIMIDADE PROCESSUAL NO MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO – SUJEITOS
ATIVOS E PASSIVOS

No Mandado de Segurança Coletivo, a legitimidade ativa é conferida a entidades associativas


legalmente constituídas e em funcionamento há pelo menos um ano, que tenham entre suas
finalidades a defesa dos interesses coletivos, difusos ou individuais homogêneos.

Já a legitimidade passiva é conferida à autoridade coatora, ou seja, aquela que praticou o ato ou
omissão que violou o direito líquido e certo que se busca proteger por meio do Mandado de
Segurança Coletivo.

Vale ressaltar que, em alguns casos, também é possível a intervenção de terceiros interessados,
porém isso dependerá de análise caso a caso, a fim de verificar se esses terceiros possuem
interesse direto na causa e se há possibilidade de intervenção sem prejudicar a celeridade do
processo.

MODALIDADE, PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO E PROCEDIMENTOS DO MANDADO DE


SEGURANÇA COLETIVO

O Mandado de Segurança Coletivo pode ser impetrado na modalidade preventiva ou


repressiva, a depender do momento em que se dá a ameaça ou violação do direito líquido e certo
coletivo, difuso ou individual homogêneo.

Quanto ao prazo para interposição, o artigo 23 da Lei 12.016/2009 dispõe que o Mandado de
Segurança Coletivo deverá ser impetrado no prazo de 120 dias contados da ciência do ato
impugnado, para os casos de impetração preventiva, e de 120 dias a contar da ciência
inequívoca do ato, para os casos de impetração repressiva.

Quanto ao procedimento, o Mandado de Segurança Coletivo segue o rito previsto na Lei


12.016/2009 para o Mandado de Segurança Individual, com as particularidades previstas na Lei
12.016/2009 e no Regimento Interno do Tribunal em que o Mandado de Segurança for impetrado.
O procedimento é iniciado com a petição inicial, que deverá conter as informações previstas no
artigo 6º da Lei 12.016/2009, sendo que a lei exige, ainda, a indicação expressa dos associados ou
membros do grupo ou categoria em que o impetrante tem interesse em defender.

O juiz analisará a petição inicial e, se estiver de acordo com as exigências legais, determinará a
citação da autoridade coatora para prestar informações no prazo de 10 dias. Em seguida, o
Ministério Público será intimado para atuar como fiscal da ordem jurídica e proferir parecer sobre o
caso no prazo de 30 dias.

Caso necessário, poderá haver produção de provas e, ao final, será proferida sentença, que poderá
conceder ou não a segurança pleiteada. A sentença é passível de recurso, nos termos do Código
de Processo Civil.

AÇÕES COLETIVAS, A LITISPENDÊNCIA E A COISA JULGADA

As ações coletivas, assim como qualquer outro tipo de ação judicial, estão sujeitas aos institutos
da litispendência e da coisa julgada, que são fundamentais para garantir a segurança jurídica e
evitar a duplicidade de processos e decisões contraditórias.

A litispendência ocorre quando há duas ou mais ações em andamento que tratem do mesmo
objeto e que tenham as mesmas partes e o mesmo pedido. Nesse caso, a segunda ação deverá
ser extinta sem resolução do mérito, por já existir uma ação em curso tratando do mesmo assunto.
Já a coisa julgada ocorre quando uma decisão judicial transitada em julgado (ou seja, não mais
sujeita a recurso) resolve definitivamente uma questão, impedindo que a mesma questão seja
rediscutida em novo processo judicial. A coisa julgada tem efeito erga omnes, ou seja, vincula a
todos, inclusive as partes que não participaram do processo original.

No caso das ações coletivas, a coisa julgada material pode ocorrer em relação a todos os indivíduos
pertencentes à coletividade, ainda que não tenham participado do processo original, desde que
atendidos os requisitos de legitimidade e representatividade adequadas. Esse instituto é importante
para garantir a efetividade das decisões judiciais coletivas e para evitar a necessidade de múltiplos
processos individuais tratando da mesma questão.

Litispendência Coletiva e seus Efeitos

A litispendência coletiva ocorre quando duas ou mais ações coletivas, que possuam as mesmas
partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido, são propostas simultaneamente perante
diferentes juízos.

Os efeitos da litispendência coletiva são os mesmos da litispendência no processo individual, ou


seja, a segunda ação proposta deve ser extinta sem resolução de mérito em virtude da existência
de outra ação em andamento que discute a mesma questão.

No entanto, no processo coletivo, os efeitos da litispendência vão além da extinção da segunda


ação. A litispendência coletiva pode gerar um verdadeiro conflito de competência entre os juízos
que estão processando as ações simultâneas. Nesse caso, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) é
o órgão competente para decidir qual juízo deve prosseguir com a ação coletiva.

A litispendência coletiva pode ocorrer, por exemplo, quando diferentes entidades ajuízam ações
coletivas com o mesmo objeto, pleiteando a mesma coisa, contra a mesma parte. O objetivo da
litispendência é evitar a multiplicidade de ações com o mesmo objeto e, assim, garantir a segurança
jurídica e a economia processual.

Coisa Julgada e seus Efeitos

A coisa julgada é uma das formas de encerramento do processo, ocorrendo quando uma decisão
judicial se torna definitiva e imutável, não podendo mais ser modificada por recurso ou por qualquer
outro meio processual.

Os efeitos da coisa julgada são a segurança jurídica, a estabilidade das relações jurídicas e a
impossibilidade de rediscutir a questão já decidida em outro processo, seja ele individual ou
coletivo. A coisa julgada é, portanto, um dos pilares do Estado Democrático de Direito, uma vez que
garante a solidez das decisões judiciais e a pacificação social.

No processo coletivo, a coisa julgada tem ainda um efeito erga omnes, ou seja, seus efeitos
atingem a todos aqueles que se enquadram na mesma situação jurídica objeto da decisão judicial.
Assim, a decisão proferida em uma ação coletiva tem o potencial de beneficiar ou prejudicar todos
aqueles que possuem o mesmo interesse.

Os efeitos da coisa julgada podem ser declaratórios, constitutivos ou condenatórios. No caso dos
efeitos declaratórios, a decisão judicial tem por objetivo apenas reconhecer a existência ou
inexistência de um direito. Já os efeitos constitutivos têm por objetivo criar, modificar ou extinguir
um direito. Por fim, os efeitos condenatórios têm por objetivo impor uma obrigação ou uma sanção
a uma das partes envolvidas na demanda.
EXERCICIOS DE FIXACAO

01) No caso de extinção em razão de ausência de legitimidade, a propositura da nova ação


depende da correção do vício que levou à sentença sem resolução do mérito. O exemplo
hipotético trata de coisa julgada:
Resposta: formal

02) No tocante à ação popular e da ação civil pública, assinale a opção correta:
Resposta: O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa de direitos
difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da
prestação de serviço público.

03) Funcionário público estadual, inconformado com o ato administrativo que o demitiu do
serviço público, em virtude do cometimento de grave falta funcional, impetrou mandado de
segurança em que pleiteou a invalidação do ato em questão, sob o fundamento de não terem
sido observadas, no processo administrativo disciplinar instaurado em seu desfavor, as
garantias da ampla defesa e do contraditório. Diante do indeferimento da medida liminar
requerida na inicial, para que se suspendesse a eficácia do ato punitivo, o servidor houve
por bem ajuizar uma nova demanda, já então sob o rito ordinário, em que postulou, da
mesma forma, a invalidação do ato demissório, aduzindo a mesma causa petendi.

Considerando a propositura da segunda ação, a que se seguiram o seu juízo positivo de


admissibilidade e a citação do ente federativo, está-se diante do fenômeno da:
Resposta: litispendência;

04) No que se refere à ação popular constitucional, analise os itens a seguir e, ao final, assinale
a alternativa correta:
I – No caso de ação popular proposta pelo Ministério Público, é desnecessária a sua intervenção
na qualidade de fiscal da lei.
II – Somente pode ser proposta por pessoas maiores de 18 anos.
III – Nos casos de ação popular movida contra o Presidente da República, a competência originária
para o seu julgamento é do Supremo Tribunal Federal.
Resposta: Nenhum dos itens é verdadeiro.

05) É correto indicar que o emprego da ação popular:


Resposta: não impede o manejo, concomitante, pelos legitimados respectivos, da ação civil
pública.

06) Complete Sobre o mandado de segurança, marque V para as afirmativas verdadeiras e F


para as falsas.
(V) Trata-se de garantia constitucional para proteção de direito líquido e certo, não amparado por
habeas corpus ou habeas data.
(V) Por direito líquido e certo entende-se aquele que sua existência pode ser demonstrada
independentemente de dilações probatórias.
(F) O prazo para impetração de mandado de segurança é de cento e vinte dias e, passado esse
prazo, reputa-se extinto o direito.
(F) No processo de mandado de segurança é possível a intervenção de terceiros e a reconvenção.

07) Relativamente à tipificação de improbidade administrativa, verifica-se que incide:


Resposta: em face daquele que induza ou concorra dolosamente para a prática do ato de
improbidade, mesmo não sendo agente público.

08) Após o início de uma ação judicial de improbidade administrativa em face do servidor público
José, ficou evidenciado e demonstrado pela administração pública que ele estava se valendo
do cargo e da facilidade do acesso à repartição pública para ameaçar testemunhas
relacionadas ao processo. Sendo assim, o juiz responsável pelo processo:
Resposta: Poderá determinar o afastamento cautelar das funções a José, se comprovado
que no exercício do cargo o servidor prejudicará o regular andamento do processo.

09) Maria, residente no Município Alfa, teve conhecimento de que o dirigente máximo de uma
sociedade empresária da qual o Município Beta era o seu principal acionista vinha desviando
considerável parcela dos recursos arrecadados. Embora tivesse nacionalidade espanhola,
Maria residia há muitos anos em solo brasileiro, tendo desenvolvido grande afeto pela
República Federativa do Brasil. Por tal razão, procurou um advogado e solicitou informações
a respeito de que ação constitucional ela poderia ajuizar para que o referido dirigente fosse
condenado a ressarcir os cofres públicos pelos danos causados. O advogado respondeu,
corretamente, que Maria:
Resposta: não poderia ajuizar nenhuma ação constitucional.

10) Quanto ao mandado de segurança, é correto que a legislação vigente estabelece que:
Resposta: de natureza subsidiária em relação ao habeas corpus e ao habeas data, presta-se
a tutelar direito líquido e certo quando o responsável pela ilegalidade for autoridade pública
ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuição do Poder Público.

Você também pode gostar