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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

Campus Morrinhos
Curso de Direito
2023-2

DIREITO PROCESSUAL CIVIL


COLETIVO:

Plano de Ensino, Introdução até


Classificação
Prof. Ms. Gustavo Vettorato
E-mail: gustavo.vettorato@ueg.br
Plano de Ensino

EMENTA:
Principais institutos do Direito Processual civil coletivo. Tutelas processual específicas e
procedimentos. Histórico das ações coletivas no mundo e no Brasil. Ações coletivas e
sua recepção no Código de Processo Civil brasileiro. Interesses difusos, indivisíveis,
coletivos, individuais homogêneos. Ação civil pública. Outras ações coletivas e
influências do processo civil coletivo.
OBJETIVOS
Gerais: Propiciar ao acadêmico a compreensão, reflexão crítica e de capacidade de
debate acerca do direito processual civil coletivo, a partir da análise da legislação,
doutrina, jurisprudência, normas e princípios constitucionais e processuais.
Específicos: Apresentar e detalhar a aplicação da norma processual. Propiciar o
diálogo entre a aplicação das normas e princípios do direito processual coletivo
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO, CRONOGRAMA E ATIVIDADES:
• 07.08 – I. Apresentação da Disciplina, Introdução da Disciplina, Histórico e Evolução,
• 14.08 –- II.1. Fundamentos, conceitos, elementos.
• 21.08 -II.2. Classificação dos processos coletivos e princípios do direito processual coletivo. Repercussões gerais e
repetitivos nas Cortes Superiores.
• 28 .08 - III. Direitos Coletivos: Difusos, Coletivos, Individuais Homogêneos.
• 11.09 – IV. Legitimidade das Ações Coletivas. Entrega do primeiro trabalho (40% da N1).
• 18.09 – V. Competência nas Ações Coletivas, Conexão, Continência e Litispendência.
• 25.09 - VI. Litisconsórcio e Intervenção de Terceiros no Processo Coletivo
• 02.10 - Prova e Correção Pública (60% da N1)
• 09.10 - VII. Tutela Coletiva e procedimentos
• 16.10 - VIII. Coisa julgada nas ações coletivas, liquidação e execução.
• 23.10 - Ação Popular
• 30.10 – Entrega do segundo trabalho (40% da N2)
• 06.11. - Ação Coletiva
• 13.11. - Ação Civil Pública
• 20.11. – Mandado de Segurança Coletivo e Revisão
• 27.11 – Prova e correção pública (60% da N2)
• 04.12. –Cálculo das notas..
• 11.12 – Finalização do Semestre
BIBLIOGRAFIA
• BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
• DIDIER, Fredie Jr e ZANETI, Hermes. Curso de direito processual civil: processo coletivo. 8. ed. São Paulo: Jus
Podivm, 2013. v.4.
• DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. 18. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
• NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria Andrade. Código de processo civil comentado e legislação
• extravagante.11. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010

• BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
• SOUZA, Luiz de. Col. OAB Nacional 1ª fase 12 - direitos difusos e coletivos, 6ª edição.São Paulo: Saraiva, 2015.
Disponível em: www.minhabiblioteca.com.br. Acesso em: 03 DEZ. 2018.
• BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil : direito processual público, direito
processual coletivo, vol. 2, tomo III 4ª. São Paulo:Saraiva, 2013. Disponível em: www.minhabiblioteca.com.br.
Acesso em: 03 DEZ. 2018.
• GAJARDONI, Fernando Fonseca. Col. saberes do direito 34 - Direitos difusos e coletivos I (teoria geral do
processo coletivo), 1ª Edição.São Paulo: Saraiva, 2012. Disponível em: www.minhabiblioteca.com.br. Acesso em:
03 DEZ.2018.
• CIANCI, Mirna, QUARTIERI, Rita, GOZZOLI, Maria Clara, CALMON, Petrônio. Em Defesa de um Novo Sistema
de Processos Coletivos, 1ª edição. São Paulo:Saraiva, 2010. Disponível em: www.minhabiblioteca.com.br. Acesso
em:03 DEZ. 2018.
MÉTODOS AVALIATIVOS
Será considerado aprovado o aluno que preencher, em cada disciplina, as seguintes
exigências:
I - frequência: o discente deverá ter presença igual ou superior a 75% (setenta e cinco
por cento) das atividades propostas em cada componente curricular, incluindo as
atividades online (ambiente virtual) e encontros presenciais;
II - média final igual ou superior a 6,0 (seis);
III - para o cálculo da média final dos cursos semestrais: em cada um dos 2 (dois)
bimestres será atribuída uma nota de 0 (zero) a 10,0 (dez) e a média final será a
média ponderada com peso 2 para o primeiro ciclo e peso 3 para o segundo ciclo.
As avaliações ocorrerão conforme o cronograma do conteúdo programático, em que a
1ª Nota será composta de dois trabalhos e prova, na proporção de 40% e 60%
respectivamente, e a 2ª Nota será composta de um trabalho (com ou sem
apresentação) e prova, nas proporções de 40% e 60% respectivamente.

O PLÁGIO DESCOBERTO SERÁ REJEITADO (SEM NOVA CHANCE) SUMARIAMENTE.


Introdução
Evolução do Processo Civil (e do Direito) e Objeto de Pesquisa
1) Imanetiscta (civilista/privatista) – Desde os romanos até meados 1868
(Sanvigny)
Direito Material e Processual metodologicamente unidos.
Monopólio do Poder Legislativo da inovação normativa.
Relação processual binária e individual.
2) Científica (1868 a 1950 – Von Bulow) – teoria do processo como autônoma do
direito material.
Paralelo com as teorias do Direito Positivo Normativo (Kelsen e Hart), teorização
dos casos regulados e não regulados, abrindo margem à discricionariedade. Início
de consolidação de lócus social.
Monopólio legislativo predominante do Poder Legislativo e Executivo da inovação
normativa.
3) Instrumentalista (do acesso a justiça) - maior complexidade Estatal, somada com
as promessas públicas pós-guerra (incorporada nos novos textos constitucionais
surgidos na segunda metade do Século XX), impôs o crescimento do então relegado
3º Poder: o Judiciário – valores para criação do direito de casos não
regulado(Vettorato, 2021). Conf. Garth e Cappelletti, há nesta fase há três ondas:
a) Tutela dos hipossuficientes;
b) Coletivização do processo: (art. 5º. XXXV, da CF):
b.1) bens de direitos de titularidade indeterminada (todos e ninguém): meio
ambiente, serviços e patrimônio público, representado pelo MP, defensorias,
órgãos públicos ou privados (ONGs);
b.2) bens e direitos cuja a tutela individual é inviável, em razão de hipossuficiência,
cultural, econômica (baixo impacto individual), técnica (processual e probatória).
Exemplo: consumidor.
b.3) bens e direitos cuja a tutela coletiva é recomendável: potencialização da
solução de conflitos (procedimentos de repercussão geral e processos repetitivos).
c) Efetividade do processo.
Evolução Brasileira
• Ação Popular – Lei n. 4717/1965
• Lei Nacional da Política do Meio Ambiente – Lei 6939/1981 (art. 14,
§1º) – legitimidade do MP em Ações Civis Públicas em causas
ambientais.
• Lei da Ação Civil Pública – Lei n. 7347/1985 – consolidação do processo
coletivo.
• Constituição Federal de 1988 – instituições como garantias
fundamentais direitos coletivos e difusos materiais e processuais.
• Código de Defesa do Consumidor (1990)
• Estatuto da Cidade (2001)
• Idoso (2003)
• Instituição dos Regimes de Repercussão Geral e Recursos Repetitivos –
consolidados no NCPC em 2015.
Fundamentos, Conceitos e Elementos
Fundamento sociológico: demandas de massa e complexidade (Didier)
Fundamento político: redução de custos e uniformização de julgamentos, com fins de economia processual e
aumento da segurança jurídica e previsibilidade.

Conceito de processo coletivo:


(...) aquele instaurado por ou em face de um legitimado autônomo, em que se postula um direito coletivo lato
sensu ou se afirma a existência de uma situação jurídica coletiva passiva, com o fito de obter um provimento
jurisdicional que atingirá uma coletividade, um grupo ou um determinado número de pessoas (GIDI, Antônio
apud DIDIER JR., 2008:46).

Elementos:
a) a legitimação para agir;
b) a afirmação de uma situação jurídica coletiva: o direito coletivo lato sensu no pólo ativo (ação coletiva
ativa), ou dever ou estado de sujeição a este direito no pólo passivo (ação coletiva passiva);
c) a extensão subjetiva da coisa julgada.
Processo de interesse público
Politização, Ativismo, Conflitos Metaindividuais: leitura do Fábio Quintas.
Procedimentos Especiais
1) Ação Popular – art. 5ª LXXIII, CF, Lei 4717/1965
2) Ação Civil Pública – art. 129, III, CF, Lei 7347/1985
3) MS Coletivo (art. 5º, LXX, CF Lei 12.016/09.+)
4) Ação de improbidade administrativa (Lei 8429/1992)
5) Ações de Controle de Constitucionalidade (ADI e ADC – art. 102, I, a, CF)
6) Ação de Descumprimento de Preceito Constitucional
7) MS coletivo –Lei 12.016/09.
8) Regimes de Repercussão e Recursos Repetitivos.

(...)servem às demandas judiciais que envolvam, para além dos interesses meramente individuais, aqueles
referentes à preservação da harmonia e à realização dos objetivos constitucionais da sociedade e da
comunidade (DIDIER JR, 2008, p. 38).

Processos/Procedimentos de interesse público – matéria litigiosa não subjetivizada.


Observações do CDC – Art. 81 – Objeto do Processo Coletivo
Observações do CDC– Objeto do Processo Coletivo

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá
ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os
transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas
indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os
transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou
classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação
jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os
decorrentes de origem comum.
Leitura dos dispositivos 81 a 104 do CDC
Classificação do Processo Coletivo
Modelos:
Verbandsklage (ações associativicas): legitimidade ativa de associações
(sujeito supra individual); tutela mediante autorização ou,
excepcionalmente, direito supra individual; afastamento da tutela de direitos
individuais (danos ao Estado); tutela inibitória ou injuncional.
Class actions (próxima ao modelo brasileiro): legitimidade de indivíduos ou
grupos, vincularidade da coisa julgada para toda a classe (no Brasil: erga
omnes ou ultra pars – 103, do CDC), notificação de adesão individual,
atribuição de amplos poderes ao Judiciário.

Classificação Quanto ao Sujeito:


Proc. Coletivo Ativo – Coletividade como autora.
Proc. Coletivo Passivo – Coletividade como ré *.
Classificação Quanto ao Objeto
a) Proc. Col. Especial: ações de controle abstrato de
constitucionalidade (ADI, ADC, ADPF)
b) Proc. Col. Comum: procedimentos comuns composto pelas ações de
tutela de interesses e direitos metaindividuais, não relacionadas à
controle abstrato.
Trabalho para o dia 11.09.2023
Disserte sobre a conceituação de interesse público em face da
necessidade de tutela de interesses coletivo mediante de uma visão de
medidas judiciais estruturantes.
Sugestão de leitura: textos fornecidos no Moodle.
O trabalho pode ser realizado em dupla, devendo ser feito em com as
regras da ABNT.
Entrega até as 23:55 no dia 11.09.2023 no Moodle.
Plágio identificado gerará a rejeição sem substituição do trabalho.
Peso: 40% da N1.
Princípios do Dir. Proc. Coletivo
1) Aplicação Residual do CPC: aplicação por omissão ou compatibilidade.
2) Interatividade do Microssistema Processual Coletivo: devido a ausência de um Código específico, as
normas básicas estão na Lei de Ação Civil Pública (LACP) e do CDC:
Art. 90 do CDC :
Aplicam-se às ações previstas neste título as normas do Código de Processo Civil e da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, inclusive no que
respeita ao inquérito civil, naquilo que não contrariar suas disposições.
Art. 21 da LACP:
Aplicam‐se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do Título III da lei que instituiu o
Código de Defesa do Consumidor
3) Representatividade adequada: representação judicial adequada, art. 5º da LACP (regra básica):
Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:
I‐ o Ministério Público;
II‐ a Defensoria Pública;
III‐ a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV‐ a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;
V‐ a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao
patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.”
O Poder Judiciário pode controlar a representação adequada, quanto à idoneidade e pertinência temática? O
STF entende que sim. E nos casos de ADI, ADC e ADPF?
4) Não Taxatividade ou Atipicidade da Tutela Coletiva: qualquer ação pode ser coletivizada
desde que o procedimento e objeto aceitem, proporcionando efetiva e adequada tutela (art. 83,
do CDC). Ex.: Ação possessória coletiva, monitória coletiva, IAR, etc.
5) Ampla Divulgação da Demanda Coletiva e da Informação aos Órgão Coletivos.
Art. 94 do CDC:
Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que os interessados possam intervir no processo como
litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comunicação social por parte dos órgãos de defesa do
consumidor
Finalidades: suspensão das demandas individuais, unificação das demandas (evitando
litispendência), intervenção como amicus curiae, individualização da execução da sentença
coletiva, controle da legitimidade.
Arts. 6º e 7º, da LACP:
Art. 6◦. Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, ministrando-lhe
informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil e indicando-lhe os elementos de convicção.
Art. 7◦. Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura da
ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as providências cabíveis.
6) Indisponibilidade “Mitigada” e Continuidade da Demanda Coletiva: irrenuncialibilidade do
objeto pelo autor coletivo.
Obs.: arts. 5º, §3º, e 9º da LACP.
- Abandono da demanda coletiva por associação apenas?
- O MP é obrigado ou outro legitimado extraordinário a assumir?
7) Indisponibilidade Absoluta da Execução da Sentença Coletiva (absoluta):
Art. 15, LACP:
Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a associação autora lhe promova a execução,
deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
Art. 16, LAP :
Caso decorridos 60 (sessenta) dias da publicação da sentença condenatória de segunda instância, sem que o autor ou terceiro promova
a respectiva execução, o representante do Ministério Público a PROMOVERÁ nos 30 (trinta) dias seguintes, sob pena de falta grave .”
8) Extensão Subjetiva da Coisa Julgada (Secundum eventum litis) e Transporte Útil (in utilibus):
Decisões em processo coletivo podem se estender erga omnes ou ultra partes, desde que seja
apenas para benefício do membro da coletividade em demanda individual, o qual não está
impedido de atuar de forma individual.
9) Intervenção Obrigatória do MP (art. 5º, 1º, da LACP).
10) Interesse Jurisdicional do Conhecimento do Mérito do Processo Coletivo (art. 4º, do CPC).
11) Ativismo Jurisdicional ou Máxima Efetividade do Processo Coletivo (implícito): aumento dos
poderes judiciais???
Poderes instrutórios acentuados (produção de ofício)
Flexibilização procedimental (defining function) inclusive ampliação de prazos e ordem dos atos
processuais.
Alteração dos elementos da demanda.
Controle de políticas públicas pelo PJ.

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