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C U RS O PA RA A PROVA OBJ E TI VA
DP-DF
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APOSTAS DE DIREITOS
DIFUSOS E COLETIVOS
MATERIAL COMPLEMENTAR
#SouOuse
#TôChegandoDefensoria
#TôDentro
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C U RSO PARA A
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Amigos do Ouse,
Jaime Miranda.
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APOSTAS DE DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS PARA A DP-DF:
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DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
Direitos de primeira geração (ou dimensão): Direitos civis e políticos (ex.: propriedade, liberdade
de expressão, direito à participação política...), sendo a sua titularidade eminentemente
individual. Perspectiva liberal dos direitos fundamentais, exigindo-se do Estado uma postura de
omissão (proporcionalidade sob o viés da proibição de excesso – übermassverbot). Conectados
ao status negativo de Jellinek.
Direitos de segunda geração (ou dimensão): Direitos sociais e econômicos. Sua titularidade
é eminentemente individual, contudo, também podem ser compreendidos sob a dimensão
coletiva. Partem do fundamento da isonomia material e, tendo como pano de fundo as
desigualdades sociais, reclamam do Poder Público uma atuação positiva. Ex.: direito à educação,
à saúde, à assistência social. Estão relacionados à análise dos “custos dos direitos” e ao status
ativo de Jellinek, visto que possuem caráter prestacional. Aqui, exige-se do Estado uma postura
ativa (proporcionalidade sob o viés da proibição da proteção deficiente – untermassverbot).
Direitos de quarta geração (ou dimensão): Relaciona-se ao direito à paz, considerado o direito
fundamental mais almejado, sendo o “supremo direito da humanidade”.
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Direitos de quinta geração (ou dimensão): Não há consenso: Para Bonavides, referem-se a
aspectos de democracia, informação e pluralismo. Já Bobbio, por sua vez, compreende entre os
direitos fundamentais de quinta dimensão aqueles decorrentes da evolução da ciência, como
as pesquisas genéticas, por exemplo.
Nesse sentido, correto afirmar a relação direta entre os direitos difusos e coletivos
com a terceira dimensão de direitos fundamentais! Outros direitos, contudo, a despeito da
titularidade ser eminentemente individual, podem ser tutelados sob a via coletiva.
1) legitimação.
2) pretensão.
3) produção da coisa julgada.
Nessa toada, processo coletivo é aquele proposto por (ou em face de) legitimado
coletivo, postulando-se direito coletivo em sentido amplo ou se afirmando a existência de
situação jurídica coletiva passiva.
Para Didier Jr. (2018), são dois fundamentos, um de viés político e outro de natureza
sociológica.
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Posteriormente, a ação popular foi regulamentada pela Lei 4.717/1965, vigente até
hoje.
Com a edição da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/1981) houve
a previsão da ação civil pública (de natureza exclusivamente ambiental, por evidente) de
legitimidade exclusiva do Ministério Público.
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A consagração da tutela coletiva no Brasil, contudo, só veio com a edição da Lei da
Ação Civil Pública (Lei 7.347/85), que ampliou o objeto da tutela coletiva e bem assim os seus
legitimados, além da edição do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90). Ambos, LACP e
CDC compõem os principais diplomas que informam o microssistema de tutela coletiva.
“De todo modo, é certo que se criou, a partir da simbiose entre os dois diplomas, um
verdadeiro microssistema de tutela de direitos coletivos, do qual a LACP e o CDC são os
diplomas que contemplam as normas processuais de caráter mais genérico. O princípio de
integração entre esses diplomas fornece as regras gerais do microssistema. Outros diplomas,
com normas mais específicas, integram o mesmo microssistema (Lei da Ação Popular, Lei
de Improbidade Administrativa, ECA, Estatuto do Idoso etc.), afastando, no que dispuserem
de forma especial, a incidência daquelas normas gerais. [...] Havendo lacuna em alguma
das leis desse microssistema, convém ao intérprete procurar supri-la por meio de normas
do mesmo microssistema. Permanecendo a omissão, restará valer-se, subsidiariamente, do
CPC. É que este diploma, ao contrário daqueles, é dirigido primordialmente a lides onde se
opõem interesses tipicamente individuais, sendo menos apropriado, portanto, à resolução
de conflitos entre interesses coletivos“. (ANDRADE; ADRADE; MASSON, 2018, p. 75).
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A CF/88 ainda fez referência à ação popular – instrumento nitidamente de tutela
coletiva – e ao mandado de segurança coletivo.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e
à propriedade, nos termos seguintes:
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que
vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-
fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos
interesses de seus membros ou associados.
Sobre a EC 80/04, importante saber que esta foi a responsável por consagrar, a nível
constitucional, a atribuição da Defensoria Pública para a tutela coletiva, ao modificar o caput
do art. 134, conferindo-lhe idêntica redação ao disposto no art. 1º da LC 80/94.
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Por outro lado, acaso perguntem se apenas com a EC 80/04 é que foi previsto de
forma expressa a legitimidade da Defensoria Pública para a tutela coletiva, está correto.
Para encerrar a primeira aposta, vamos falar dos princípios que iluminam o processo
coletivo.
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Interesses são pretensões não tuteladas por uma norma expressa. Ao passo em que
os direitos são pretensões tuteladas.
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas
poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste
código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam
titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste
código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular
grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte
contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os
decorrentes de origem comum.
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DIREITOS
DIREITOS NATURALMENTE COLETIVOS ACIDENTALMENTE
COLETIVOS
INDIVIDUAIS
DIFUSOS COLETIVOS
HOMOGÊNEOS
Nulidade de
clausula de
contrato de
Meio ambiente; Pedidos de
adesão; questões
EXEMPLOS patrimônio indenização por
envolvendo direitos
público. acidente aéreo.
trabalhistas,
sindicatos e
entidades de classe.
Indeterminados
TITULARES e Determináveis. Determináveis.
indetermináveis.
OBJETO Indivisível. Indivisível. Divisível.
Situação de fato Relação jurídica Origem comum
ORIGEM (após ou com a formada antes da (formada após ou com
lesão). lesão. a lesão)
Outra classificação que pode cair em prova e que é menos conhecida é a de Edilson
Vitorelli, que parte do nível de conflituosidade do litígio e os divide em litígio de conflituosidade
global, local e de difusão irradiada.
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2. Ação Civil Pública. Lei nº 4.717/1965 e suas alterações (Lei da Ação Popular).
Em um curso de reta final não é possível detalhar todos os pontos das ações coletivas.
Pensado nisso, elaboramos tabela com os principais aspectos das ações que possivelmente
cairão na prova de vocês: a ação civil pública, a ação popular e o mandado de segurança coletivo.
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MANDADO DE
AÇÃO CIVIL
AÇÃO POPULAR SEGURANÇA
PÚBLICA
COLETIVO
Ministério
Público,
Partido
Defensoria Cidadão, apenas.
político com
Pública, Ministério Público
representação
Administração não pode propor
no Congresso
Direta e Indireta, ação popular,
Nacional,
associação contudo, pode
entidade de
constituída há prosseguir em
classe ou
pelo menos um ação popular
associação
ano e que tenha caso haja
legalmente
por objeto a abandono ou
constituída e em
defesa de um desistência
funcionamento
dos interesses injustificada.
há, pelo menos, 1
previstos no art.
(um) ano
5º, V, “b” da Lei.
Direitos coletivos
e individuais,
Direitos difusos, apenas, o que é
OBJETO
apenas. objeto de severas
críticas da
doutrina.
Absoluta do Absoluta do Absoluta do
foro do local do foro do local do foro do local do
dano, devendo- dano, devendo- dano, devendo-
COMPETÊNCIA
se verificar se se verificar se se verificar se
local, regional ou local, regional ou local, regional ou
nacional. nacional. nacional.
Se manifesta Se manifesta Se manifesta
RIGHT TO OPT com o pedido de com o pedido de com o pedido de
OUT suspensão da suspensão da desistência do MS
ação individual. ação individual. individual.
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Em favor da Em favor da Concedida a
coletividade coletividade segurança,
(Art. 19 da LAP, (Art. 19 da LAP, a sentença
REEXAME
extensível à LACP extensível à LACP estará sujeita
NECESSÁRIO
em razão do em razão do obrigatoriamente
microssistema de microssistema de ao duplo grau de
tutela coletiva). tutela coletiva). jurisdição.
Na hipótese Direito líquido
Na hipótese de desistência e certo, ou seja,
de desistência, infundada, reclama prova
ASPECTOS qualquer cabe ao MP o pré-constituída.
PROCESSUAIS legitimado ativo prosseguimento
pode prosseguir da ação.
no polo ativo da
demanda.
PARTICIPAÇÃO Legitimada ativa. Não é legitimada Não é legitimada
DA DEFENSORIA ativa. ativa.
PÚBLICA
INQUÉRITO CIVIL
O inquérito civil tem natureza de procedimento
NATUREZA administrativo, previsto na LACP e de atribuição exclusiva
do Ministério Público.
O objeto do inquérito civil são os elementos de convicção
OBJETO E produzidos. O IC se caracteriza por ser procedimento
CARACTERÍSTICAS preparatório, meramente administrativo, não obrigatório,
público, inquisitorial e privativo do MP.
Colher elementos de convicção para eventual propositura
de ACP (ou medida substitutiva, como uma recomendação,
uma denúncia criminal, um declínio de atribuição etc.) Como
FINALIDADE muitas infrações civis investigadas no inquérito civil são
também infrações penais, o IC também pode eventualmente
servir de base para o oferecimento de denúncia criminal (HC
n. 84.367-RJ).
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Esse é um dos pontos que acreditamos que tem muita chance de serem cobrados.
Tendo em vista a existência de diversos institutos, elaboramos tabela com os principais
instrumentos que auxiliam na consagração do direito à moradia.
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DIREITO REQUISITOS
Posse mansa Imóvel público Utilizado para Não pode ser
e pacífica, por em área com moradia do proprietário ou
CONCESSÃO DE USO cinco anos, até características possuidor ou concessioná-
ESPECIAL PARA FINS 22 de dezem- e finalidades desde e sua rio, a qualquer
DE MORADIA bro de 2016. urbanas e até família. título, de outro
250 m². imóvel urbano
ou rural.
Posse mansa Cuja área total Os possuidores não podem ser
e pacífica há dividida pelo proprietários de outro imóvel,
USUCAPIÃO mais de cinco número de urbano ou rural.
ESPECIAL COLETIVO anos por nú- possuidores
cleos urbanos seja inferior a
informais. 250 m².
Posse mansa Imóvel Posse por um Devem ter
e pacífica e de reivindicado considerável sido realizadas
boa-fé. deve consistir número de pes- obras e
em extensa soas. serviços
DESAPRPOPRIAÇÃO área. considerados
JUDICIAL INDIRETA pelo juiz como
de interesse
social e
econômico
relevante.
Além da presença dos requisitos de uma das espécies de usucapião,
deve vir acompanhado de ata notarial lavrada pelo tabelião, atestando
o tempo de posse do requerente e de seus antecessores; II - planta e
memorial descritivo assinado por profissional legalmente habilitado,
com prova de anotação de responsabilidade técnica no respectivo
conselho de fiscalização profissional, e pelos titulares de direitos
USUCAPIÃO
registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo ou
EXTRAJUDICIAL
na matrícula dos imóveis confinantes; certidões negativas dos
distribuidores da comarca da situação do imóvel e do domicílio
do requerente; justo título ou quaisquer outros documentos que
demonstrem a origem, a continuidade, a natureza e o tempo da posse,
tais como o pagamento dos impostos e das taxas que incidirem sobre
o imóvel.
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§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica
para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do
proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado,
que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente,
de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo
no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública
de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo
de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas,
assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
Nesse sentido, a função social da propriedade foi erigida ao patamar de direito fun-
damental previsto no artigo 5º, XXIII, da Constituição Federal.
A função social, portanto, passa a ser vista como elemento integrante do próprio con-
teúdo do direito de propriedade, o que implica na inexistência de tal direito quando inobserva-
do o cumprimento de tal função.
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Doutrinariamente, extrai-se quatro principais funções da cidade, relacionadas com a
habitação, livre circulação, lazer e oportunidades de trabalho.
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irrenunciabilidade, extrapatrimonialidade e aplicabilidade imediata, em razão do disposto no
artigo 5º, §1º, da Constituição Federal.
De igual modo, a fato de o sujeito titularizar um imóvel, ou seja, ter sua casa própria,
não necessariamente implica que o direito à moradia restou concretizado.
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- Localização: a moradia não é adequada se for isolada de oportunidades de
emprego, serviços de saúde, escolas, creches e outras instalações sociais ou, se localizados em
áreas poluídas ou perigosas.
O artigo 183, por sua vez, fixou que todo aquele que possuir, como sua, área ou edifi-
cação urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamen-
te e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirirá o seu domínio,
desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
A Constituição Federal em seu artigo 5º, incisos XXII e XXIII, dispôs que é garantido o
direito de propriedade em todo território nacional, mas também estabeleceu que toda proprie-
dade atenderá a sua função social.
Alcança-se, com este importante princípio, novo patamar no campo do direito coleti-
vo introduzindo a justiça social no uso das propriedades, em especial no uso das propriedades
urbanas.
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E é o Estado, na sua esfera municipal, que deverá indicar a função social da proprie-
dade e da cidade, buscando o necessário equilíbrio entre os interesses público e privado no
território urbano.
Assim, a propriedade urbana, cujo uso, gozo e disposição pode ser indesejável
ao interesse público e que, o sendo, interfere diretamente na convivência e relacionamento
urbanos deverá, agora, cumprir sua função social.
Este princípio assegura que, daqui para frente, a atuação do poder público se dirigirá
para o atendimento das necessidades de todos os cidadãos quanto à qualidade de vida, à jus-
tiça social e ao desenvolvimento das atividades econômicas, sempre observando as exigências
fundamentais de ordenação da cidade contidas no Plano Diretor.
Com este princípio busca-se a garantia de que todos os cidadãos tenham acesso aos
serviços, aos equipamentos urbanos e a toda e qualquer melhoria realizada pelo poder públi-
co, superando a situação atual, com concentração de investimentos em determinadas áreas da
cidade, enquanto sobre outras recaem apenas os ônus.
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Na busca da justa distribuição de benefícios e ônus decorrentes do processo de
urbanização, o poder público passa a atuar em sintonia com outro importante princípio do
Estatuto da Cidade que é a recuperação de parcela da valorização imobiliária gerada pelos
investimentos públicos em infraestrutura social e física realizados com a utilização dos impostos
recolhidos – pagos por todos – que, até agora, vinham sendo apropriados, privadamente por
parcela privilegiada da população.
Aqui, mais uma vez, o Estatuto busca reverter o quadro encontrado com frequência
em nossas cidades onde o comportamento, histórico e habitual, dos proprietários de imóveis
urbanos ou de empresários imobiliários causa nocivos rebatimentos no tecido urbano e one-
ram a administração pública.
Com a aquiescência do próprio poder público, estes proprietários retêm áreas, como
reserva especulativa, aguardando a crescente valorização da propriedade e se beneficiam dire-
tamente com a implantação de infraestrutura básica e instalação de equipamentos urbanos em
seu entorno imediato.
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O poder público municipal, por ser a esfera de governo mais próxima do cidadão, e
portanto, da vida de todos – seja na cidade, seja na área rural – é o que tem melhor capacidade
para constatar e solucionar os problemas do dia-a-dia. Essa proximidade permite, ainda, maior
articulação entre os vários segmentos que compõem a sociedade local e, também, a participa-
ção e acompanhamento das associações de moradores, de organizações não governamentais,
de representantes dos interesses privados na elaboração, implementação e avaliação de polí-
ticas públicas.
O Estatuto da Cidade estabelece, ainda, outras diretrizes gerais para que a política
urbana alcance o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade. A
primeira delas é a garantia do direito a cidades sustentáveis, ou seja, o direito de todos os habi-
tantes de nossas cidades à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura
urbana, ao transporte e serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, não só para as gerações atuais,
como também para as futuras.
Sobre este tema, o Estatuto da Cidade apresenta caminhos a serem seguidos e es-
tabelece objetivos claros a alcançar, em sintonia com os acordos decorrentes da Conferência
Mundial sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, ECO-92, realizada na cidade do Rio de Janei-
ro, e com as recomendações da Agenda Habitat II resultantes da Conferência das Nações Unidas
para os Assentamentos Humanos, realizada na cidade de Istambul em 1996.
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Prevê-se, também, a proteção, a preservação e a recuperação do meio ambiente na-
tural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico. Esta
é mais uma importante medida para se obter a garantia da convivência vital entre o homem e o
meio, bem como para a manutenção de nossa história urbana, seja ela local, regional ou nega-
tivos efeitos sobre o meio ambiente, deverá ser perseguida a cooperação entre os governos fe-
deral, estadual e municipal, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade, no processo
de urbanização, em atendimento ao interesse social.
As situações são as mais diversas, contudo, esta diretriz geral para a ação do poder
público municipal, apoiada nos instrumentos previstos no Estatuto da Cidade, poderá inverter
o quadro de ocupações “ilegais” e promoverá a regularização urbanística em nossas cidades.
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Finalmente, o Estatuto recomenda a isonomia de condições para os agentes públicos
e privados na promoção de empreendimentos e atividades relativos ao processo de urbaniza-
ção, atendido o interesse social. As diretrizes gerais estabelecidas no Estatuto da Cidade bus-
cam orientar a ação de todos os agentes responsáveis pelo desenvolvimento na esfera local.
Indica que as cidades devem ser tratadas como um todo, rompendo a visão parcelar e setorial
do planejamento urbano até agora praticado.
Além disso, evidencia que o planejamento deve ser entendido como processo cons-
truído a partir da participação permanente dos diferentes grupos sociais para sustentar e se
adequar às demandas locais e às ações públicas correspondentes.
Há, contudo, muito ainda a caminhar neste universo de conflitos entre os diversifica-
dos interesses presentes no jogo urbano.
A outra, denominada informal, está ocupada por população pobre que também tra-
balha, circula e se diverte na cidade, porém, mora em favelas, em loteamentos irregulares e
loteamentos ilegais que cresceram e se expandiram sem a ação efetiva do poder público na
dotação necessária dos serviços e equipamentos urbanos básicos.
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Entre estes dois extremos – antagônicos, concorrentes e complementares – se
desenvolve a vida urbana brasileira.
Em maior ou menor grau esta situação é encontrada em nossas cidades, das bem pe-
quenas às metrópoles. Problemas como a pouca ou precária disponibilidade de áreas, elevado
preço da terra, crescimento e expansão urbana em reduzido período de tempo, a densa ocupa-
ção de favelas e loteamentos irregulares e clandestinos sem infraestrutura básica e equipamen-
tos essenciais retratam o uso desigual e injusto do solo em nossas cidades e são fatores-chave
para a luta desenvolvida em prol da gestão urbana democrática.
Projetos de lei podem partir de iniciativa popular e está garantido o veto da popula-
ção a propostas contrárias ao seu interesse. As associações de moradores podem representar
em juízo a vontade de seus membros. Estão previstos espaços para a participação popular atra-
vés de audiências públicas, conselhos municipais, plebiscito e referendo. Planos urbanísticos
deverão, necessariamente, ser aprovados no âmbito do poder legislativo e, ainda, se prevê a
manifestação de entidades representativas durante as sessões nas Câmaras de Vereadores e
Assembleias Legislativas.
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A lei impõe normas, aponta diretrizes e oferece dispositivos para sua implementa-
ção, porém não está garantida sua justa e adequada aplicação. Há interesses opostos à demo-
cratização da cidade. O caminho para sua efetivação está sendo aberto pelo Estatuto da Cidade.
Cabe ao poder público municipal tirar o melhor proveito dos instrumentos ora apresentados
aliando-se aos demais interessados nesta democratização da gestão.
Veremos agora de forma mais detalhada cada um dos principais instrumentos pre-
visto no Estatuto da Cidade:
PLANO DIRETOR:
De acordo com o Estatuto da Cidade, o Plano Diretor deve ser aprovado por lei muni-
cipal e se constitui em instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana.
Por isso, ele não é imutável, pode e deve ser continuamente revisto, de modo a se
adequar às mudanças que venham a ocorrer na realidade local.
Importante aspecto dos atuais planos diretores é que eles necessariamente consi-
deram a participação da população, seja na sua elaboração, no seu acompanhamento, seja em
sua revisão.
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No Estatuto da Cidade se encontra a garantia de que os poderes legislativo e execu-
tivo promoverão audiências públicas e debates com a participação da população e de associa-
ções representativas dos vários segmentos que compõem a sociedade local. Além disso, todos
os documentos e informações produzidos devem se tornar públicos, sendo livre o acesso de
qualquer interessado aos documentos e informações produzidos.
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Está previsto, também, que a lei que instituir o Plano Diretor deverá ser revista, pelo
menos, a cada dez anos. Esta exigência indica o caráter dinâmico das cidades e dos municípios.
Art. 5º Lei municipal específica para área incluída no plano diretor poderá
determinar o parcelamento, a edificação ou a utilização compulsórios do
solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, devendo fixar
as condições e os prazos para implementação da referida obrigação.
§ 1º Considera-se subutilizado o imóvel:
I – cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo definido no plano diretor
ou em legislação dele decorrente;
II – (VETADO)
§ 2º O proprietário será notificado pelo Poder Executivo municipal para
o cumprimento da obrigação, devendo a notificação ser averbada no
cartório de registro de imóveis.
§ 3º A notificação far-se-á:
I - por funcionário do órgão competente do Poder Público municipal, ao
proprietário do imóvel ou, no caso de este ser pessoa jurídica, a quem
tenha poderes de gerência geral ou administração;
II - por edital quando frustrada, por três vezes, a tentativa de notificação
na forma prevista pelo inciso I.
§ 4º Os prazos a que se refere o caput não poderão ser inferiores a:
I - um ano, a partir da notificação, para que seja protocolado o projeto no
órgão municipal competente;
II - dois anos, a partir da aprovação do projeto, para iniciar as obras do
empreendimento.
§ 5º Em empreendimentos de grande porte, em caráter excepcional, a lei
municipal específica a que se refere o caput poderá prever a conclusão
em etapas, assegurando-se que o projeto aprovado compreenda o
empreendimento como um todo.
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Esta lei deverá fixar as condições e os prazos para implementação da referida obri-
gação, aplicando-se em área incluída no Plano Diretor. É considerado subutilizado o imóvel
cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo definido no Plano Diretor ou em legislação dele
decorrente.
A ideia central desse instituto é punir com um tributo de valor crescente, ano a
ano, os proprietários de terrenos cuja ociosidade ou mal aproveitamento acarrete prejuízo à
população.
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O objetivo é estimular a utilização socialmente justa e adequada desses imóveis ou
sua venda.
O IPTU progressivo no tempo está na sequência das sanções previstas pelo art. 182
da Constituição Federal, que se vincula ao não cumprimento do parcelamento, edificação ou
utilização compulsórios.
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Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU progressivo no tempo, sem que o pro-
prietário tenha cumprido a obrigação de parcelamento, edificação ou utilização, o poder pú-
blico municipal poderá proceder à desapropriação do imóvel, com pagamento em títulos da
dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate
de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indeniza-
ção e os juros legais.
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§ 2º A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo
juiz, mediante sentença, a qual servirá de título para registro no cartório
de registro de imóveis.
§ 3º Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a cada
possuidor, independentemente da dimensão do terreno que cada
um ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre os condôminos,
estabelecendo frações ideais diferenciadas.
§ 4º O condomínio especial constituído é indivisível, não sendo passível
de extinção, salvo deliberação favorável tomada por, no mínimo, dois
terços dos condôminos, no caso de execução de urbanização posterior à
constituição do condomínio.
§ 5º As deliberações relativas à administração do condomínio especial
serão tomadas por maioria de votos dos condôminos presentes,
obrigando também os demais, discordantes ou ausentes.
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anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família,
com a ressalva de que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
Onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, poderá
ocorrer a usucapião coletiva, desde que os possuidores também não sejam proprietários de
outro imóvel urbano ou rural.
Acerca da usucapião constitucional (art. 183), cumpre notar que o instituto não tem
as mesmas características daqueles regulados pelo Código Civil.
DIREITO DE SUPERFÍCIE:
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Art. 22. Em caso de alienação do terreno, ou do direito de superfície,
o superficiário e o proprietário, respectivamente, terão direito de
preferência, em igualdade de condições à oferta de terceiros.
Quem se responsabilizar por tal tarefa adquire o direito de uso das edificações e das
benfeitorias realizadas sobre o terreno.
Isto quer dizer que se transfere para quem se beneficiado direito de superfície a
prerrogativa de uso daquele espaço.
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DP-DF
Findo o contrato, as benfeitorias realizadas no terreno serão revertidas para o
proprietário do terreno, sem indenização.
DIREITO DE PREEMPÇÃO:
Art. 26. O direito de preempção será exercido sempre que o Poder Público
necessitar de áreas para:
I - regularização fundiária;
II - execução de programas e projetos habitacionais de interesse social;
III - constituição de reserva fundiária;
IV - ordenamento e direcionamento da expansão urbana;
V - implantação de equipamentos urbanos e comunitários;
VI - criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes;
VII - criação de unidades de conservação ou proteção de outras áreas de
interesse ambiental;
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DP-DF
VIII - proteção de áreas de interesse histórico, cultural ou paisagístico.
Parágrafo único. A lei municipal prevista no § 1º do art. 25 desta Lei
deverá enquadrar cada área em que incidirá o direito de preempção em
uma ou mais das finalidades enumeradas por este artigo.
Para usufruir deste direito, o Município deverá possuir lei municipal, baseada no
Plano Diretor, que delimite as áreas onde incidirá a preempção.
A lei que fixa as áreas objeto de incidência deste direito não poderá vigorar por mais
de cinco anos, porém, pode ser renovada após um ano de seu término.
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C U RSO PARA A
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DP-DF
Permite, também, a aquisição de áreas para a construção de habitações populares,
atendendo a uma demanda social, bem como para a implantação de atividades destinadas ao
lazer e recreação coletivos, como, por exemplo, parques, ou mesmo para a realização de obras
públicas de interesse geral da cidade.
O uso, pelo poder público municipal, deste instrumento permite, também, que o
Município, se o desejar, e a partir de cuidadoso planejamento, constitua gradativamente uma
reserva fundiária ou estoque de terrenos, sem a necessidade de adoção de medidas drásticas
como a desapropriação, que muitas vezes acarretam problemas sociais e jurídicos.
Art. 28. O plano diretor poderá fixar áreas nas quais o direito de construir
poderá ser exercido acima do coeficiente de aproveitamento básico
adotado, mediante contrapartida a ser prestada pelo beneficiário.
§ 1º Para os efeitos desta Lei, coeficiente de aproveitamento é a relação
entre a área edificável e a área do terreno.
§ 2º O plano diretor poderá fixar coeficiente de aproveitamento básico
único para toda a zona urbana ou diferenciado para áreas específicas
dentro da zona urbana.
§ 3º O plano diretor definirá os limites máximos a serem atingidos pelos
coeficientes de aproveitamento, considerando a proporcionalidade
entre a infra-estrutura existente e o aumento de densidade esperado em
cada área.
Art. 29. O plano diretor poderá fixar áreas nas quais poderá ser permitida
alteração de uso do solo, mediante contrapartida a ser prestada pelo
beneficiário.
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Art. 31. Os recursos auferidos com a adoção da outorga onerosa do direito
de construir e de alteração de uso serão aplicados com as finalidades
previstas nos incisos I a IX do art. 26 desta Lei.
O Plano Diretor deverá fixar áreas nas quais o direito de construir e de alteração de
uso poderá ser exercido, estabelecendo relação possível entre a área edificável e a do terreno.
Poderá, também, fixar um coeficiente de aproveitamento básico, único para toda a zona urbana,
ou nos casos necessários, adotar coeficiente diferenciado para áreas específicas.
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TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DE CONSTRUIR:
Trata-se de um instrumento que já está sendo usado por alguns municípios, trazendo
flexibilidade na aplicação da legislação urbanística e na gestão urbana, tendo inúmeras
aplicações, como, por exemplo, a preservação de imóveis de interesse histórico, proteção
ambiental ou operações urbanas.
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parte de uma política de incentivo à preservação, tal instrumento deve ter sua adoção inserida
em um planejamento cuidadoso, com objetivos e metas bem definidos, e custos avaliados em
função do interesse público.
Cabe lembrar que, nos procedimentos da transferência, o poder público deve con-
siderar a possibilidade da vizinhança absorver o impacto urbanístico decorrente e o possí-
vel aumento de densidade provocado pelos índices transferidos. Outra exigência se refere à
concordância dos proprietários para efetiva negociação e à própria capacidade do poder
público para gerenciar o processo.
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VI - contrapartida a ser exigida dos proprietários, usuários permanentes
e investidores privados em função da utilização dos benefícios previstos
nos incisos I, II e III do § 2º do art. 32 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº
12.836, de 2013)
VII - forma de controle da operação, obrigatoriamente compartilhado
com representação da sociedade civil.
VIII - natureza dos incentivos a serem concedidos aos proprietários,
usuários permanentes e investidores privados, uma vez atendido o
disposto no inciso III do § 2º do art. 32 desta Lei. (Incluído pela Lei nº
12.836, de 2013)
§ 1º Os recursos obtidos pelo Poder Público municipal na forma do inciso
VI deste artigo serão aplicados exclusivamente na própria operação
urbana consorciada.
§ 2º A partir da aprovação da lei específica de que trata o caput, são nulas
as licenças e autorizações a cargo do Poder Público municipal expedidas
em desacordo com o plano de operação urbana consorciada.
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DP-DF
O objetivo é alcançar, em determinada área, transformações urbanísticas estrutu-
rais, melhorias sociais e a valorização ambiental.
Dessa forma, o poder público poderá contar com recursos para dotar de serviços e de
equipamentos as áreas urbanas desfavorecidas.
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C U RSO PARA A
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VI – ventilação e iluminação;
VII – paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.
Parágrafo único. Dar-se-á publicidade aos documentos integrantes do
EIV, que ficarão disponíveis para consulta, no órgão competente do
Poder Público municipal, por qualquer interessado.
O EIV será executado de forma a contemplar a análise dos efeitos positivos e negativos
do empreendimento ou atividade na qualidade de vida da população residente na área e em
suas proximidades.
5.1. Competência.
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DP-DF
Em se tratando de fixação de competência de ação coletiva, pelo critério territorial,
não se utiliza das regras do CPC, mas sim de diretrizes específicas.
Esse é utilizado no processo comum para determinar se, a depender do valor da causa,
a ação terá trâmite em vara comum ou em Juizado Especial Cível. Observa-se, contudo, que o
critério valorativo não tem nenhuma relevância no processo coletivo. Isso porque doutrina e
jurisprudência vem se manifestando pela impossibilidade de tramitação de ação coletiva em
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Juizado Especial Cível ou Juizado da Fazenda Pública, em razão da complexidade da matéria
envolvida.
Ponto com potencial de cobrança diz respeito à distribuição do ônus da prova nas
ações coletivas.
O CDC, em seu art. 6º, III, prevê ser direito do consumidor a facilitação da manifestação
em juízo, inclusive por meio da inversão do ônus da prova (regra ope judicis). Para a doutrina e
a jurisprudência, essa regra de inversão do ônus da prova aplica-se ao microssistema de tutela
coletiva, de sorte que aplicável às ações coletivas em geral, ainda que o objeto da ação não
esteja relacionado à matéria de consumo (Resp 972902/RS, REsp 1237893/SP - 2013).
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Essa regra, contudo, de inversão do ônus da prova com fundamento no art. 6º, VIII
do CDC, não é admitida em se tratando de ação de improbidade administrativa.
Nesse sentido:
Isso porque, enquanto naquele, como regra, tem-se a parte atuando, em nome
próprio, na defesa de direito próprio, no processo coletivo, tendo em vista que o direito é
metaindividual, como regra o que se tem é o exercício da legitimidade extraordinária, ou seja,
atua o legitimado extraordinário, em nome próprio, na defesa de direito alheio, na qualidade
de substituto processual.
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A exceção que se faz refere-se às ações coletivas propostas por associações. Nessas
hipóteses, as associações atuam na condição de representante (legitimidade ordinária,
porquanto defendem direito alheio em nome alheio). É por isso que as associações dependem
de autorização expressa para atuarem na defesa do direito de seus associados, salvo em se
tratando de mandado de segurança coletivo e mandado de injunção coletivo.
REGRA: Não, tendo em vista que a via coletiva é exercitada mediante legitimidade
extraordinária por substituição processual.
EXCEÇÃO: Precisa de autorização na hipótese em que a via coletiva for exercitada por
associação.
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ção legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um)
ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte,
dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde
que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autoriza-
ção especial.
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Assim, apesar de, por exemplo, no ECA não haver previsão de legitimidade da
Defensoria Pública para a propositura de ação coletiva, a sua legitimidade é admitida, por
fundamento no art. 5º, II da LACP (além de disposição específica prevista no art. 4º da LC 80/94).
Nós vimos agora há pouco que o art. 5º da LACP serve de fundamento para a
verificação de legitimidade de quase todas as ações coletivas. Isso porque em se tratando
de Ação Popular e Ação de Improbidade Administrativa (parte da doutrina considera que essa
integra o microssistema de tutela coletiva tendo em vista que busca tutelar a moralidade
administrativa), deve-se obedecer às regras especiais.
Assim, possui legitimidade para a propositura de ação popular tão somente o cidadão
(considerado este aquele que se encontra em pleno gozo dos direitos políticos), podendo o
Ministério Público prosseguir (nunca iniciar) a ação na hipótese de desistência ou abandono
injustificados.
Mas todos os entes coletivos podem propor ação coletiva em qualquer hipótese?
Não. Para O STJ e STF é necessária a observância da pertinência temática. Mas o que
é pertinência temática? É um juízo de adequação entre o objeto da ação coletiva e os fins que
movem a atuação do legitimado coletivo.
Para exemplificar: não pode uma associação de consumidores propor ação buscando
tutelar questão de direito coletivo que em nada esteja relacionada com relação de consumo.
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se a defesa dos interesses em jogo é compatível com o perfil constitucional atribuído a essas
entidades.
Para sistematizar:
DIREITOS
DIREITOS
DIREITOS DIFUSOS INDIVIDUAIS
COLETIVOS
HOMOGÊNEOS
No caso de ACP para a tutela de direitos
A legitimidade da Defensoria Pública é
coletivos e individuais homogêneos,
ampla.
a legitimidade da DP é mais restrita e,
Assim, a DP poderá propor a ação
para que seja possível o ajuizamento,
coletiva tutelando direitos difusos,
é indispensável que, dentre os
considerando que isso beneficiará
beneficiados com a decisão, também
também as pessoas necessitadas.
haja pessoas necessitadas.
Tabela retirada de: https://www.dizerodireito.com.br/2015/05/stf-decide-que-defensoria-
publica-pode.html
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Vamos lá.
Admite-se a litispendência, dessa forma, ainda que não haja correspondência entre
todos os elementos da ação, podendo haver, e.g., distinção em relação aos autores coletivos.
Nesse aspecto, havendo uma ação proposta pela DP-DF com pedido X, caso o MP
proponha ação com pedido idêntico, há litispendência. Contudo, não há que se falar em extinção
da ação proposta pelo Parquet, mas sim, deve-se preferencialmente promover a reunião das
ações para julgamento conjunto.
Atenção: a litispendência é possível apenas em ações coletivas entre si, não sendo
observável na análise de ação coletiva e ação individual. Nessas hipóteses, pode ocorrer os
fenômenos da conexão e da continência.
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situação em que, não obstante não haja tecnicamente conexão (comunhão de pedidos ou
causa de pedir), seja recomendável que as ações sejam reunidas para julgamento conjunto,
mormente para evitar decisões contraditórias.
A continência, por sua vez, ocorre em situações em que, havendo identidade quanto
às partes e a causa de partir, o(s) pedido(s) de uma ação (continente) abrange o(s) pedido(s)
da ação contida, nos termos do art. 56 do CPC. (Atenção: por exigir identidade de partes e de
causa de pedir, a continência também é chamada de litispendência parcial).
i) Em sendo a ação continente proposta anteriormente à ação contida, esta deve ser
extinta sem exame de mérito.
ii) Tendo ocorrido primeiro a propositura da ação contida, as ações serão reunidas
para julgamento conjunto (art. 57 do CPC).
Em havendo idêntica causa de pedir entre ação coletiva e ação individual (fenômeno
que pode ocorrer tanto na conexão quanto na continência), a consequência é a suspensão da
ação individual no aguardo do julgamento da ação coletiva. Essa suspensão é consequência do
exercício do right to opt out, que comentaremos abaixo.
Exemplo de conexão em ações coletivas: ações que tenham por causa de pedir a
mesma relação jurídica, contudo uma ação tem por pedido direitos coletivos em sentido estrito
e a outra ação tem por finalidade o retorno ao status quo ante por meio de indenização às
vítimas lesadas em seus direitos individuais homogêneos.
Para sintetizar:
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CONEXÃO CONTINÊNCIA LITISPENDÊNCIA
PROCESSO Idênticos o pedido ou Partes e causa de pe- Ocorre quando
INDIVIDUAL a causa de pedir. dir idênticos. O pedi- da tramitação
do de uma ação (con- simultânea de ações
tinente) abrange o de idênticas. Verificada
outra ação (contida) a partir da teoria
por ser mais amplo. da identidade dos
elementos da ação.
As ações são reunidas i) as ações são reuni- Acarreta a extinção
para julgamento das para julgamento sem exame de mérito
simultâneo. simultâneo, caso a da ação proposta
ação contida tenha posteriormente.
sido proposta ante-
riormente à ação con-
tinente.
ii) extinção da ação
contida, caso essa
tenha sido proposta
porteriormente à
ação continente.
PROCESSO Idênticos o pedido ou Partes e causa de Ocorre quando
COLETIVO a causa de pedir. pedir idênticos. O da tramitação
pedido de uma ação simultânea de ações
(continente) abrange idênticas. Verificada
o de outra ação a partir da teoria da
(contida) por ser mais identidade da relação
amplo. jurídica.
Determina-se a reunião das ações para As ações são reunidas
julgamento conjunto. Eventualmente, pode para julgamento em
ocorrer a suspensão de uma das ações (se conjunto. Excepcio-
não for possível o julgamento conjunto ou se nalmente, em não
for exercido o right to opt out – no caso de sendo possível a reu-
conexão/continência com ação individual). nião das ações, uma
delas deve ser sus-
pensa. Não há right
to opt out.
Pode ocorrer em relação i) às ações coletivas e Pode ocorrer apenas
ações individuais e ii) ações coletivas entre si. em relação a duas
ações coletivas.
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Diz-se right to opt out o direito que possui o indivíduo que propôs ação individual
de, em havendo posterior propositura de ação coletiva sobre a mesmo objeto, requerer a
suspensão da sua ação (individual), de sorte a que lhe sejam aproveitados os efeitos da coisa
julgada coletiva (se favorável a sentença).
Sistematizando:
Sobre as tutelas de evidência e de urgência nas ações coletivas, vamos focar no ponto
que acreditamos tenha maior possibilidade de cair: aspectos práticos relacionados à concessão
de tutela liminar em face do Poder Público. Essa matéria é comum à disciplina no Processo Civil.
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Necessidade de oitiva prévia dos representantes da Fazenda Pública:
Atenção: a interpretação deve ser restritiva. Assim, não é aplicável em favor de pessoa
jurídica de direito privado, ainda que pertencente à Administração Pública Indireta (exemplos
clássicos são as empresas públicas e as sociedades de economia mista).
Limitações.
Art. 1.º Não será cabível medida liminar contra atos do Poder Público,
no procedimento cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza
cautelar ou preventiva, toda vez que providência semelhante não puder
ser concedida em ações de mandado de segurança, em virtude de
vedação legal.
(...)
§ 3.º Não será cabível medida liminar que esgote, no todo ou em qualquer
parte, o objeto da ação. (Ou seja, veda-se a concessão de medida liminar
de caráter irreversível).
Por sua vez, dispõe a Lei do Mandado de Segurança ser juridicamente impossível a
concessão de liminar que tenha por objeto:
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i) A compensação de créditos tributários;
ii) A entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior
iii) A reclassificação ou equiparação de servidores públicos
iv) A concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer
natureza.
Merece destaque uma análise breve acerca das formas de impugnação de decisões
que versam sobre tutelas de urgência.
Contra decisão que, em ação civil pública, defere pedido de tutela de urgência,
cabível agravo de instrumento.
Como regra do processo civil, eventual análise dos efeitos de recebimento do agravo
de instrumento cabem ao relator.
No agravo de instrumento em ação regida pela LACP, contudo, temos uma exceção:
aqui, tanto o relator, quanto o próprio magistrado que prolatou a decisão podem atribuir-lhe
efeito suspensivo, a fim de evitar dano irreparável (art. 14).
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em setenta e duas horas.
§ 3º Do despacho que conceder ou negar a suspensão, caberá agravo, no
prazo de cinco dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte a
sua interposição.
§ 4º Se do julgamento do agravo de que trata o § 3.º resultar a manutenção
ou o restabelecimento da decisão que se pretende suspender, caberá
novo pedido de suspensão ao Presidente do Tribunal competente para
conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário.
§ 5º É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 4.º,
quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra
a liminar a que se refere este artigo.
§ 6º A interposição do agravo de instrumento contra liminar concedida
nas ações movidas contra o Poder Público e seus agentes não prejudica
nem condiciona o julgamento do pedido de suspensão a que se refere
este artigo.
§ 7º O Presidente do Tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo
liminar, se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado
e a urgência na concessão da medida.
§ 8º As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma
única decisão, podendo o Presidente do Tribunal estender os efeitos da
suspensão a liminares supervenientes, mediante simples aditamento
do pedido original.
§ 9º A suspensão deferida pelo Presidente do Tribunal vigorará até o
trânsito em julgado da decisão de mérito na ação principal.
No tocante aos efeitos, prevê o CPC que, como regra, os recursos são recebidos no
efeito apenas devolutivo.
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A apelação, contudo, possui, como regra, efeitos devolutivo e suspensivo, salvo nas
hipóteses previstas no art. 1.012, § 1º do CPC.
Na LACP é diferente.
Segundo o art. 14 da LACP, “o juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para
evitar dano irreparável à parte”. Ou seja, ainda que se trate de recurso de apelação, a regra, no
processo coletivo, é o recebimento do recurso apenas no efeito devolutivo, salvo nas hipóteses
em que comprovado possibilidade de dano irreparável à parte sucumbente.
Não se pode olvidar que na Lei de Ação Popular, o duplo efeitos suspensivo das
apelações é ex lege, tal qual ocorre no CPC.
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O reexame necessário encontra-se previsto no art. 496 do CPC, devendo ser aplicado
em favor do Poder Público nas seguintes hipóteses:
Desse modo, sempre que for proferida sentença contra ente político ou suas
autarquias e fundações de direito público ou, ainda, sentença que julgue procedente, no todo
em parte, embargos à execução fiscal, para que essa decisão produza efeitos, necessária à sua
confirmação por órgão mais graduado (eficácia objetiva da sentença).
A Lei 7.853/1989, que cuida dos direitos das pessoas com deficiências, expressamente
prevê que “a sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação fica sujeita ao
duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal (art.
4, § 1º).
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a. Seus recursos independem de preparo (art. 198, I). Para Masson, isso
significa que o preparo é inexigível, seja do autor, seja do réu, contudo,
deve-se tomar cuidado como interpretamos essa afirmação.
ATENÇÃO: O que vem prevalecido é que a dispensa de preparo é direito
pensado em favor da criança e do adolescente, não alcançando outros
atores (ex.: pessoa jurídica responsável por estabelecimento de shows
deve comprovar o recolhimento do preparo).
Nas demais ações civis públicas, distintamente, o que se dispensa, em
caráter absoluto, é apenas o adiantamento do preparo (que é espécie das
custas), não o seu pagamento. Este, eventualmente, poderá ser devido ao
final do processo, conforme estudaremos no capítulo das considerações
finais (LACP, arts. 17 e 18).
b. O prazo para interpor e responder a apelação é de dez dias (art. 198,
II), contrariamente à regra do CPC/1973, aplicável às demais ações civis
públicas, que é de 15 (art. 508, caput);484
c. Os recursos terão preferência de julgamento e dispensarão revisor (art.
198, III). Atente-se, porém, que os idosos também têm prioridade no trâmite
nos seus processos judiciais, conforme prescreve o art. 71 do Estatuto do
Idoso;
d. O juiz pode exercer o juízo de retratação não apenas nos agravos, como
também em qualquer apelação (art. 198, VII). Nas apelações nas demais
ações civis públicas, diferentemente, vigora o sistema do CPC, segundo
o qual o juízo de retratação somente é cabível nas interpostas contra
sentenças de indeferimento da petição inicial (CPC/1973, art. 296, caput;
novo CPC, art. 331, caput) ou de improcedência liminar (CPC/1973, art. 285-
A, § 1.º; novo CPC, art. 332, § 3.º); ou ainda, segundo o projeto do novo CPC,
nas apelações interpostas contra as sentenças que extinguirem o processo
sem resolução do mérito (art.485, § 7.º) (ANDRADE; ANDRADE; MASSON,
2018, p. 233).
Em ação individual, como via de regra, produz-se coisa julgada material inter partes
e pro et contra. Ou seja, a coisa julgada só afeta as partes e é produzida independentemente
do resultado da demanda (se houve sentença de procedência ou improcedência do pedido),
tampouco sendo relevante os fundamentos do comando judicial.
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Em se tratando de processo coletivo, contudo, necessária a realização de estudo
esmiuçado sobre o tema.
Art. 103, CDC. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença
fará coisa julgada:
I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por
insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá
intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de nova
prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;
II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe,
salvo improcedência por insuficiência de provas, nos termos do inciso
anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do parágrafo
único do art. 81;
III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para
beneficiar todas as vítimas e seus sucessores, na hipótese do inciso III
do parágrafo único do art. 81.
Desse modo, as condições dos efeitos da coisa julgada vão depender da natureza
do interesse coletivo (sentido lato) em apreço, bem como do fundamento da decisão judicial.
Nesses contornos, a coisa julgada será:
Direitos difusos: Como regra, a eficácia da coisa julgada é erga omnes (ou seja, contra
todos, em razão da indeterminabilidade do sujeito e da indivisibilidade do seu objeto). Contudo,
em se tratando de sentença de improcedência por falta de provas, não haverá produção de
coisa julgada erga omnes, podendo ser proposta nova ação coletiva, desde que acompanhada
de novas provas (coisa julgada secundum eventum probationis).
Atenção:
ii) A ação individual nunca será prejudicada (o transporte in utilibus) é apenas para
beneficiar os particulares que não participaram da ação.
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Não haverá produção de coisa julgada ultra partes apenas nas situações de sentença
de improcedência fundada na ausência de provas, sendo certo que, nessa hipótese, possível a
propositura de nova ação coletiva, desde que sujam provas novas.
Tal qual disposto em relação aos direitos difusos, em qualquer hipótese, a via
individual não estará obstada.
Direitos individuais homogêneos: o art. 103, III do CDC prevê que a sentença preverá
efeitos erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as
vítimas e seus sucessores. Contudo, deve-se mencionar que há entendimento doutrinário,
inclusive com aceitação no âmbito do STJ no sentido de que a sentença, seja de procedência ou
de improcedência, será sempre erga omnes, tendo em vista que obstará, em qualquer hipótese,
a propositura de nova ação coletiva.
A via individual, mais uma vez importante mencionar, não restará prejudicada, salvo
na hipótese em que o particular atua como assistente litisconsorcial.
Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de
que os interessados possam intervir no processo como litisconsortes,
sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comunicação social
por parte dos órgãos de defesa do consumidor.
Desse modo, aquele que se habilita como litisconsorte numa ação coletiva fica
sujeito aos efeitos da coisa julgada, não podendo propor nova ação no plano individual.
Sintetizando:
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Para arrematar a aposta “coisa julgada em ações coletivas”: pelo que vimos, até
então, a coisa julgada coletiva transporta seus efeitos para ação judicial apenas para beneficiar
os particulares (transportes in utilibus). Há alguma regra a essa exceção?
Sim.
Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de
que os interessados possam intervir no processo como litisconsortes,
sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comunicação social
por parte dos órgãos de defesa do consumidor.
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Atenção que da leitura do dispositivo supra, entende-se que essa regra se aplica
apenas aos direitos individuais homogêneos, contudo, parte da doutrina, a citar Mazzili,
entende que deve-se interpretar extensivamente de sorte a serem abrangidos os direitos difusos
e coletivos em sentido estrito.
E quando há conflito entre coisa julgada coletiva e coisa julgada individual, qual
deve prevalecer?
Posteriormente, a DP-DF propôs ação com o mesmo pedido e a mesma causa de pedir
(a prática ilegal realizada pelo fornecedor de produtos e serviços “XXX”). Nesse caso, eventual
sentença favorável na ação coletiva deve beneficiar Ilena?
Temas que sempre são apostas de caírem na disciplina de direitos coletivos são
aqueles presentes no ponto de liquidações e execução em ações coletivas.
A sentença coletiva que discute direitos difusos e coletivos pode dar ensejo a duas
execuções, uma de pretensão coletiva e uma de pretensão individual:
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ii) Liquidação/execução de pretensão individual: consequência do transporte in
utilibus, seguindo a mesma regra atinente à liquidação de sentença genérica envolvendo
direitos individuais homogêneos.
A pretensão relativa a direitos individuais homogêneos, por sua vez, pode ocorrer de
três maneiras diversas:
LIQUIDAÇÃO/EXECUÇÃO
INDIVIDUAIS
DIFUSOS COLETIVOS
HOMOGÊNEOS
i) Pretensão coletiva: segue o padrão da liquidação Promove-se a
da sentença individual. liquidação/execução de
ii) Pretensão individual: segue o rito de liquidação/ caráter individual.
execução próprio dos direitos individuais
homogêneos.
Legitimados.
A execução da pretensão coletiva segue a regra do art. 15 da LACP no tocante aos seus
legitimados. Desse modo, o autor coletivo disporá de prazo de 60 dias para propor a execução
coletiva. Decorrido esse prazo, poderá qualquer legitimado coletivo, a exemplo da Defensoria
Pública, e deverá o Ministério Público fazê-lo. (princípio da indisponibilidade absoluta da
execução coletiva).
Art. 15 da LACP.
Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença
condenatória, sem que associação autora lhe promova a execução,
deverá o Ministério Público fazê-lo, facultada igual iniciativa aos demais
legitimados. (Entende-se qualquer legitimado coletivo, mesmo que não
tenha sido o autor da ação coletiva pode propor a execução coletiva,
desde que possua representação adequada e pertinência temática).
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Destinatários.
Deve-se destacar que, para que haja a satisfação da pretensão individual em razão de
sentença de conhecimento em ação coletiva, necessária prévia liquidação, que não se limitará
a quantificar o dano (como ocorre no CPC).
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Isso porque, conforme disposição do art. 95 do CDC, “a condenação será genérica,
fixando a responsabilidade do réu pelos danos causados”. Desse modo, além da necessidade
de se determinar o valor do débito, a liquidação servirá para a determinação do nexo de
causalidade. É praticamente uma análise de pertinência subjetiva a fim de determinar se o
autor individual se encontra dentro da situação reconhecida na sentença coletiva. Daí porque
a doutrina menciona tratar-se de liquidação imprópria, visto que se assemelha ao processo de
arrecadação.
Atenção: para que seja possível a execução por legitimado coletivo de pretensão
individual em favor das vítimas e sucessores, necessários que estes tenham realizado prévio
procedimento de liquidação do dano.
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Acerca da competência, deve-se observar a regra do juízo da condenação, haja vista
tratar-se de execução coletiva.
Antes de explicar em que consiste o fluid recovery, recomendável a leitura do art. 100
do CDC:
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(ou, até mesmo, pela globalidade do prejuízo, caso nenhuma vítima
se habilite). Em vez de ser destinado aos lesados, tal valor reverterá
ao fundo de reconstituição dos direitos difusos, criado pela LACP. Por
tal razão, diz-se que essa forma de reparação é fluida (fluid recovery),
no sentido de que não se reverte concreta e individualizadamente
às vítimas, favorecendo-as fluida e difusamente, pela geração de um
benefício a um bem conexo aos seus interesses individuais lesados (p.
ex., se os prejuízos individuais resultarem de poluição ambiental, a fluid
recovery dar-se-á pela destinação da indenização residual ao fundo, e,
dele, para alguma ação em prol do meio ambiente).
LIQUIDAÇÃO/ EXECUÇÃO
DIFUSOS E COLETIVOS
PRETENSÃO
PRETENSÃO COLETIVA
INDIVIDUAL
O autor coletivo. Se As vítimas e sucessores.
não o fizer em 60 dias, Decorrência do
qualquer legitimado transporte in utilibus.
LEGITIMIDADE
coletivo pode e o
MP deve propor a
liquidação/execução.
Fundo do art. 13 da Vítimas e sucessores.
DESTINATÁRIOS
LACP.
Juízo da condenação. Juízo da condenação
COMPETÊNCIA ou do domicílio do
autor.
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LIQUIDAÇÃO/ EXECUÇÃO
DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS
PRETENSÃO INDIVIDUAL PRETENSÃO
DECORRENTE INDIVIDUAL
RESIDUAL
POR LEGITIMADO
PELAS VÍTIMAS (FLUID
COLETIVO
RECOVERY)
As vítimas e O legitimado Legitimados
sucessores. coletivo na coletivos,
Decorrência do condição de decorrido o
transporte in representante prazo sem
utilibus. processual liquidação
LEGITIMIDADE
das vítimas e (habilitação)
sucessores que de vítimas
promoveram a suficiente a
liquidação. recompor o
dano causado.
Vítimas e Vítimas e Fundo do art.
DESTINATÁRIOS
sucessores. sucessores. 13 da LACP.
Juízo da Juízo da Juízo da
condenação ou condenação. condenação.
COMPETÊNCIA
do domicílio do
autor.
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patrimônio do devedor ser manifestamente suficiente para responder
pela integralidade das dívidas.
Ex.: pode uma ACP ter como causa de pedir a inconstitucionalidade de ato normativo?
Apesar do julgado tratar especificamente de ação popular, a ratio deve ser aplicada
também às ações civis públicas, porquanto não há razão que justifique tratamento diferenciado,
mormente a compreensão da incidência da integração do microssistema de tutela coletiva.
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Tendo em vista que trata-se de prova elaborada pela banca CEBRASPE (antiga CESPE),
dedicamos a última aposta a uma breve revisão de jurisprudência sobre temas atinentes a
direitos difusos e coletivos retirados do site Dizer o Direito.
O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública que
vise anular ato administrativo de aposentadoria que importe em lesão
ao patrimônio público. STF. Plenário. RE 409356/RO, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 25/10/2018 (repercussão geral) (Info 921).
A parte que foi vencida em ação civil pública não tem o dever de pagar
honorários advocatícios em favor do autor da ação. A justificativa para
isso está no princípio da simetria. Isso porque se o autor da ACP perder
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a demanda, ele não irá pagar honorários advocatícios, salvo se estiver
de má-fé (art. 18 da Lei nº 7.347/85). Logo, pelo princípio da simetria, se
o autor vencer a ação, também não deve ter direito de receber a verba.
Desse modo, em razão da simetria, descabe a condenação em honorários
advocatícios da parte requerida em ação civil pública, quando inexistente
má-fé, de igual sorte como ocorre com a parte autora.
STJ. Corte Especial. EAREsp 962.250/SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado
em 15/08/2018.
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Uma associação que tenha fins específicos de proteção ao consumidor
não possui legitimidade para o ajuizamento de ação civil pública com
a finalidade de tutelar interesses coletivos de beneficiários do seguro
DPVAT. Isso porque o seguro DPVAT não tem natureza consumerista,
faltando, portanto, pertinência temática. STJ. 2ª Seção. REsp 1091756-
MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado
em 13/12/2017 (Info 618).
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públicas coletivas NÃO deve ficar limitada ao território da competência
do órgão jurisdicional que prolatou a decisão. STJ. Corte Especial. EREsp
1134957/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 24/10/2016. Os efeitos da
sentença proferida em ação civil pública versando direitos individuais
homogêneos em relação consumerista operam-se erga omnes para
além dos limites da competência territorial do órgão julgador, isto é,
abrangem todo o território nacional, beneficiando todas as vítimas e
seus sucessores, já que o art. 16 da Lei nº 7.347/85 deve ser interpretado
de forma harmônica com as demais normas que regem a tutela coletiva
de direitos. STJ. 3ª Turma. REsp 1594024/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 27/11/2018.
É cabível ação civil pública proposta por Ministério Público Estadual para
pleitear que Município proíba máquinas agrícolas e veículos pesados de
trafegarem em perímetro urbano deste e torne transitável o anel viário
da região. STJ. 2ª Turma. REsp 1294451-GO, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 1/9/2016 (Info 591).
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Após o trânsito em julgado de decisão que julga improcedente ação
coletiva proposta em defesa de direitos individuais homogêneos,
independentemente do motivo que tenha fundamentado a rejeição do
pedido, não é possível a propositura de nova demanda com o mesmo
objeto por outro legitimado coletivo, ainda que em outro Estado da
federação. STJ. 2ª Seção. REsp 1302596-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, Rel. para acórdão Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 9/12/2015 (Info 575).
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desarrazoada, sob pena de admitirmos a criação de uma associação
civil para a defesa de qualquer interesse, o que desnaturaria a exigência
de representatividade adequada do grupo lesado. STJ. 4ª Turma. REsp
1213614-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 1º/10/2015 (Info
572).
Caso ocorra dissolução da associação que ajuizou ação civil pública, não
é possível sua substituição no polo ativo por outra associação, ainda que
os interesses discutidos na ação coletiva sejam comuns a ambas. STJ. 3ª
Turma. REsp 1405697-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
17/9/2015 (Info 570).
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