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CONVÊNIOS
Unidade 3 - Controle da licitação:
recursos administrativos e judiciais
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Unidade 3
Nesta unidade, trataremos do controle das licitações públicas. A fiscalização dos processos
licitatórios pode ser feita pelos particulares, fornecedores e, também, por cidadãos interessados.
Podem ser realizados diretamente com a Administração licitante, que realizará o controle
interno de seus atos administrativos, bem como poderá ser requisitada com intervenção do
Controle Externo – composto pelos Tribunais de Contas, Ministério Público e Poder Judiciário –,
quando eles não são os órgãos licitantes.
Objetivos
• Transmitir conhecimento jurídico que viabilizará o questionamento de ilegalida-
des praticadas em licitações.
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3.1 Contraditório e ampla defesa na
prática
A Constituição Brasileira afirma que vivemos em um Estado Democrático de Direito. Assim
como vimos na Unidade 1, nosso sistema legislativo prevê regras e princípios que disciplinam
a proteção dos direitos e das garantias dos indivíduos, sendo proibida qualquer restrição na
esfera jurídica de qualquer pessoa, sem possibilitar sua defesa.
O Art. 5º da Constituição Federal, no capítulo dos direitos e das garantias fundamentais, disciplina
o exercício do direito de defesa: “LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos
a ela inerentes.” Estudamos o princípio do contraditório e da ampla defesa brevemente na
Unidade 1. Nesta unidade, trataremos de sua materialização no processo licitatório.
Como vimos na Unidade 1, o edital é “a Lei interna da licitação”, tendo em vista que vincula o
ente público e os licitantes a regras nele dispostas. Isso relaciona-se ao princípio da vinculação
ao instrumento convocatório. Como estudamos, disciplina que todos os sujeitos relacionados à
determinada licitação estão atrelados às condições estabelecidas pelo edital e, como o edital é
um documento emitido pela Administração Pública, que vincula os licitantes às suas disposições,
a legislação estabelece, em razão do contraditório e da ampla defesa, que os particulares
tenham chance de manifestar descontentamento às regras instituídas unilateralmente.
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Figura 3.1: Pedido de esclarecimento para resolver dúvidas
Vamos estudar mais sobre ela considerando-se que é um recurso administrativo “em sentido
amplo” – contudo, à Lei de Licitação atribui-se o nome de impugnação.
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3.2 Impugnação ao edital de licitação
O Pedido de Impugnação ao Edital encontra fundamento normativo no disposto pelo Art. 41
da Lei nº 8.666/93:
§ 1º Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edital de licitação por irregulari-
dade na aplicação desta Lei, devendo protocolar o pedido até 5 (cinco) dias úteis antes
da data fixada para a abertura dos envelopes de habilitação, devendo a Administração
julgar e responder à impugnação em até 3 (três) dias úteis, sem prejuízo da faculda-
de prevista no §1º do Art. 113.
Imagine este exemplo: o edital traz como especificação técnica de uma estante de aço a
necessidade de a pintura ser feita com uma tinta que só determinada empresa fabrica. Verifica-
se a indevida prática de direcionamento da licitação, que ocorre quando a Administração
condiciona a escolha indireta do futuro contratado. Isso contraria diversos princípios da licitação,
como impessoalidade, isonomia, moralidade, entre outros. Sendo assim, os fabricantes e
vendedores de outros modelos de estante similar devem efetuar o controle desse edital antes
mesmo da data do certame, por meio de impugnação.
O § 2º, do Art. 41, da Lei 8.666/93 e o Art. 18, caput, do Decreto Federal nº 5.450/2005 (que trata
da modalidade pregão) determinam que, até dois dias úteis antes da data fixada para abertura
da sessão pública, qualquer pessoa poderá impugnar o ato convocatório, conforme ilustra a
figura 3.2. O prazo vale tanto para o cidadão comum quanto para o participante do certame.
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Figura 3.2: Contagem de prazo em dias úteis
Registre-se, por fim, que o Art. 110 da Lei nº 8.666/93 dispõe que, na contagem dos prazos
previstos na Lei de Licitações, excluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do vencimento,
considerando-se os dias consecutivos, exceto quando expressamente disposto em contrário.
O parágrafo único do mesmo dispositivo determina que os prazos só se iniciam e vencem em
dia de expediente no órgão ou na entidade.
Sendo assim, na hipótese de uma licitação agendada para o dia 18/03/2019, teríamos o seguinte:
Março 2019
domingo segunda terça quarta quinta sexta sábado
14
13
Data 15 16
limite
21
18
17 19 20 22
licitação
Considerando que a legislação estabelece que a impugnação deve ser proposta dois dias antes
da data da licitação, nesse caso, ela precisa ser protocolada até o dia 14/03/2018, tendo em
vista que os dias 16 e 17 não são dias úteis.
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Quadro 3.2: Contagem de prazo recursal
Abril 2019
domingo segunda terça quarta quinta sexta sábado
17
19
Data 18 20
feriado
limite
22
21 23 24
licitação
Na hipótese de uma licitação a ser realizada no dia 22/04/2019, teríamos que atentar para o
feriado do dia 19/04, dia de “Paixão de Cristo”. Sendo assim, dois dias úteis antes do certame
cairia no dia 17/04, data limite para o protocolo de impugnação.
Saiba mais
Se em determinada data o expediente é encerrado antes do horário normal,
o interessado tem direito a recorrer no dia subsequente. Por exemplo: se a
repartição fecha às 17h e, por conta de um exercício da brigada de incêndio,
o prédio é fechado antecipadamente, às 16h, os recursos poderão ser inter-
postos até às 17h do dia seguinte.
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Figura 3.3: Discordância de decisão administrativa
A reconsideração é requerida ao próprio agente que proferiu a decisão e ele poderá, caso entenda
ter havido equívoco, retificar sua decisão. Ainda, trata-se de pleito direcionada às autoridades
de Estado (ministros, secretários estaduais ou municipais, conforme a Administração Pública
contratante) para a revisão de alguma sanção aplicada.
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Sendo assim, verifica-se que as modalidades regidas pela referida lei – concorrência, tomada
de preços, convite, leilão e concurso – possibilitam aos interessados, desde que parte legítima
(são aqueles afetados pela decisão), recorrer a cada etapa do certame licitatório.
2. Descogitada a prescrição ou a decadência na via judicial eleita (Art. 18, Lei 1533/51)
e afastada a preclusão na via administrativa, afirmada a tempestividade, edifica-se o
direito líquido e certo do administrado recorrer hierarquicamente à autoridade compe-
tente, assegurado o processamento e decisão.
3. Segurança concedida. (MS 6.048/DF, Rel. Ministro MILTON LUIZ PEREIRA, PRIMEI-
RA SEÇÃO, julgado em 10/04/2000, DJ 05/06/2000, p. 101)
Por isso, licitações dessas modalidades podem ter duração de mais de um dia, tendo em vista
que, havendo inabilitação dos licitantes, estes poderão entrar com recurso. Depois, pode haver
outros recursos sobre o julgamento das propostas, o que torna o processo demorado.
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3.4 Recursos na Lei nº 8666/93
A fase externa da licitação é composta pelas seguintes etapas: publicação, habilitação dos
proponentes, julgamento e classificação das propostas, nos termos do Art. 43 da Lei n º
8.666/93. Desses atos cabe recurso, conforme o Art. 109 da referida lei.
A habilitação, ilustrada pela figura 3.4, consiste na etapa em que se apresentam os documentos
da empresa fornecedora proponente. O rol de documentos será especificado pelo edital da
licitação e deve atentar ao disposto nos Arts. 27 a 31 da Lei de Licitações.
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Lei nº 8.666/93: Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-
se-á dos interessados, exclusivamente, documentação relativa a:
I - habilitação jurídica;
II - qualificação técnica;
Se o licitante vier a ser considerado inabilitado – seja por apresentar documento com problema
(vencido, ilegível, irregular) ou por não apresentá-lo – poderá recorrer. A comissão de licitações
realizará a análise do recurso (nas modalidades da lei, há uma equipe que decide) e, apenas
após a decisão, poderá dar seguimento às demais etapas do certame.
(STJ. RMS 19.662/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, jul-
gado em 16/03/2006, DJ 27/03/2006, p. 243)
Do mesmo modo, ocorre com o julgamento e a classificação das propostas. Pode ser que um
concorrente apresente, por exemplo, um preço muito baixo para a prestação de um serviço.
Assim, tem-se o que é chamado de proposta inexequível – ou seja, aquela que apresenta os
custos dos insumos incoerentes com os valores de mercado, nos termos do Art. 48 da Lei nº
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8.666/93. Nesse caso, ele apresentará recurso e demonstrará que a proposta do concorrente
deve ser desclassificada.
No pregão, não há possibilidade de se recorrer a cada fase, apenas ao final do certame é que
o licitante interessado em recorrer deverá manifestar sua intenção de recurso, a qual deve ser
motivada. No entanto, não precisa apresentar todos os argumentos de forma imediata. Por
exemplo: o licitante que foi inabilitado por ter sua certidão de regularidade vencida poderá
manifestar que quer recorrer porque pode, por lei, juntá-la depois (sendo microempresa ou
empresa de pequeno porte). Posteriormente, isso será tratado por seu advogado.
Com a aludida intenção de recurso, será concedido o prazo de três dias para a apresentação de
alegações completas por escrito. Depois de apresentadas, os demais licitantes serão intimados
para, se quiserem, apresentar resposta ao recorrente, também no prazo de três dias.
Você pode perceber que, vencido o prazo, não é mais possível apresentar resposta, conforme
ilustra a figura a seguir.
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A análise do recurso será feita após essa réplica dos licitantes. Transcorrido o prazo
correspondente, com ou sem as respectivas manifestações, a decisão poderá ser proferida.
Somente depois de decidido é que o objeto poderá ser adjudicado ao licitante vencedor.
Sobre a manifestação de recorrer no pregão eletrônico, comenta Marçal Justen Filho (2015):
Em sessão, cabe ao pregoeiro avaliar: a) Tempestividade da manifestação (se ela foi proposta
no prazo); b) Legitimidade/credenciamento e interesse do recorrente (se ele é afetado pela
decisão); e c) Existência de motivação.
Cumpre alertar que as regras sobre interposição de recurso, notadamente os prazos e demais
detalhes de procedimento e forma, devem estar expressas claramente no instrumento
convocatório.
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Figura 3.6: A Administração Pública pode cometer erros, mas deve restaurar a legalidade pelo poder de autotutela
Conforme a literatura que estuda licitações, são estes os caminhos possíveis da autoridade
superior: 1) Homologar o processo licitatório em face de sua regularidade, bem como da
manutenção dos motivos que causaram a abertura do certame, adjudicando o objeto ao
vencedor; 2) No caso de fato superveniente, pode revogar a licitação; 3) Anular a licitação por
ilegalidade; 4) Declará-la fracassada em virtude da inabilitação ou desclassificação de todos os
licitantes; 5) Declará-la deserta devido à ausência de interessados.
Trataremos das hipóteses que afetam direitos e, por isso, podem ser objeto de recurso,
conforme o Art. 109 da Lei de Licitações.
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A revogação é tratada pelo Art. 49 da Lei nº 8.666/93:
Salienta-se que o conceito de interesse público é impreciso e, por isso, é necessário cuidar para
coibir abusos de poder no exercício da atuação discricionária. Assim, na revogação, a autoridade
competente estará obrigada a explicitar o motivo, discriminando o fato superveniente e a
correlação dele com o interesse público resguardado.
Trata-se de controle que pode ser exercido unicamente pela Administração Pública licitadora.
O Judiciário não revoga licitações, pois apenas pode controlar os aspectos vinculados do ato de
revogação, realizando análise de legalidade do motivo exposto na revogação.
Vale trazer à colação excerto do Acórdão nº 1.711/2010 prolatado pelo Tribunal de Contas da
União:
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Ainda, quando houver decisão pela revogação da licitação, deve haver a oportunidade de
manifestação dos licitantes afetados, operando-se o devido processo legal em respeito ao
princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa, bem como ao disposto pelo §3º,
do Art. 49 da Lei nº 8.666/93.
Figura 3.7: Nulidade absoluta que causa lesão não pode ser convalidada
A anulação do ato administrativo é tratada pelas Súmulas nº 346 e 473 do Supremo Tribunal
Federal e relaciona-se aos princípios de segurança jurídica, boa-fé e proteção à confiança, nos
seguintes termos:
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STF Súmula nº 473 - 03/12/1969 - Administração Pública - Anulação ou Revogação
dos Seus Próprios Atos. (DJ de 10/12/1969, p. 5929; DJ de 11/12/1969, p. 5945; DJ
de 12/12/1969, p. 5993. Republicação: DJ de 11/6/1970, p. 2381; DJ de 12/6/1970, p.
2405; DJ de 15/6/1970, p. 2437.)
Os vícios dos atos administrativos são classificados pela literatura jurídica como contaminados
por nulidade absoluta (graves) ou de nulidade relativa (vícios que podem ser curados).
Os casos de atos viciados a ponto de gerar nulidade absoluta e efeitos ex tunc, ou seja, desde
a origem do ato contaminado, são a minoria. Por isso, para haver a anulação total do processo
licitatório, ele deve ter causado algum dano.
Logo, deve-se buscar, sempre que possível, a convalidação dos efeitos produzidos pelo ato
viciado. É por isso que o contraditório deve ser concedido antes de ser anulada a licitação, na
forma do recurso hierárquico – isso porque o particular afetado pode demonstrar que o ato
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ilegal não gerou lesão e, desse modo, pode ser corrigido sem precisar da anulação do processo,
como que ilustra a figura 3.8.
Figura 3.8: A Administração Pública não deve temer os recursos administrativos, pois pode convalidar os atos que
não gerem lesão
Quanto à competência para o ato anulatório, diferentemente do que ocorre na revogação, ela
existe tanto para a Administração contratante quanto para o Poder Judiciário, tendo em vista a
existência de ilegalidade insanável.
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TCU - Tribunais de Contas da União: Costuma-se chamá-la de represen-
tação; no entanto, nos regimentos internos do Tribunais, ela é designa-
da como denúncia.
Até existe uma representação dirigida ao TCU, mas ela é muito mais restrita do que a denúncia.
A representação, diferentemente da denúncia, pode ser feita apenas quando se esgotarem os
recursos do Art. 109 da Lei nº 8.666/93, além de ser dirigida às autoridades de Estado (ministros,
ou secretários, conforme o ente público licitante).
Para saber qual é a corte de contas responsável para averiguar a denúncia, é necessário verificar
qual ente público está realizando a licitação. Sendo uma licitação de ente federal – como União,
autarquias, empresas públicas federais etc. –, a denúncia deve ser encaminhada ao Tribunal
de Contas da União. Caso o certame seja de órgão municipal ou estadual, ela será dirigida ao
Tribunal de Contas do Estado. Esses órgãos compõem uma possibilidade de fiscalização da
licitação denominada controle externo.
O TCU possibilita essa denúncia formal, regida pelos artigos 234 a 236 do Regimento Interno do
Tribunal (acesse o site do TCU, em Serviços e consultas, Legislação e normativos, Regimentos
Internos), bem como tem um canal de denúncia informal (tido como comunicação de
irregularidade), no qual as razões podem ser feitas diretamente à ouvidoria do tribunal por um
simples e-mail.
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De acordo com o TCU (2018):
São, portanto, duas formas diferentes de denunciar. Atente-se, contudo, que somente a
denúncia informal possibilita a manutenção do sigilo do denunciante durante a investigação
integral. É que, em virtude de declaração de inconstitucionalidade em decisão definitiva do
Supremo Tribunal Federal (Mandado de Segurança nº 24.405-4), o Senado Federal (Resolução
de nº 16/2006, publicado do DOU de 15/03/2006) suspendeu o sigilo após decisão de mérito.
Art. 79. Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima
para denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas do Estado.
§ 1º A denúncia será apurada em caráter sigiloso, observado o Art. 247-A, até que
se comprove a sua procedência, e somente poderá ser arquivada, sem resolução do
mérito, mediante despacho fundamentado do Relator, depois de ouvido o Ministério
Público de Contas e de efetuadas as diligências pertinentes, salvo se estas forem ma-
nifestamente inúteis ou protelatórias, se o custo da fiscalização for desproporcional
aos resultados estimados ou após análise de seletividade para adoção de procedi-
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mento abreviado de controle com base em critérios definidos em regulamento próprio.
(Redação dada pela Resolução nº 210/2016/TCERO).
Art. 80. A denúncia sobre matéria de competência do Tribunal deverá referir-se a ad-
ministrador ou responsável sujeito à sua jurisdição, ser redigida em linguagem clara
e objetiva, conter o nome legível do denunciante, sua qualificação e endereço, e estar
acompanhada de indício concernente à irregularidade ou ilegalidade denunciada. Pa-
rágrafo Único. O Tribunal não conhecerá de denúncia que não observe os requisitos
e formalidades prescritos no caput deste artigo, devendo o respectivo processo ser
arquivado após comunicação ao denunciante.
Art. 82. Terminada a apuração da denúncia, o relator poderá decretar, nos termos dos
§§1º a 3º do artigo 247-A, a manutenção do sigilo, não oponível às partes, aos seus
procuradores e aos membros do Ministério Público de Contas, até a decisão definitiva
sobre a matéria, sem prejuízo da ampla defesa e do contraditório na forma do artigo
86 e do §2º do artigo 247-A. (Redação dada pela Resolução nº 134/2013/TCE-RO)
Parágrafo Único. Ao decidir, caberá ao Tribunal manter ou não o sigilo quanto ao obje-
to e à autoria da denúncia.
As denúncias feitas aos Tribunais de Contas são uma forma eficiente de apurar ilegalidades
praticadas pela Administração, especialmente nos casos de direcionamento de licitações, visto
que, geralmente nesses casos, os recursos e as impugnações dirigidos ao controle interno do
ente contratante não surtem o efeito desejado.
Saiba mais
Jacoby Fernandes esclarece a natureza e os limites do controle externo exerci-
do pelas Cortes de Contas em seu artigo publicado pela Revista da Fundação
Getúlio Vargas. Consulte: FERNANDES, J. Controle das licitações pelo Tribunal
de Contas. Revista de Direito Administrativo, 205, n. 239, p. 95-110.
Disponível em: <http://dx.doi.org/10.12660/rda.v239.2005.43859>.
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3.8 Representação ao Ministério
Público
Além da possibilidade de impugnação ao edital, de recurso administrativo, de denúncia aos
Tribunais de Contas, é possível, também, informar irregularidades nos processos licitatórios
diretamente ao Ministério Público, a um promotor, conforme ilustra a figura a seguir.
A atribuição do “parquet” é feita pela Constituição Federal, em seu Art. 127, o qual dispõe
que: “o Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis.”
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Essa forma de denúncia admite a denúncia anônima; contudo, é bom se identificar em virtude
da hipótese de serem necessárias maiores informações. O MPF disponibiliza canal de denúncia
em seu site e, geralmente, os MPs estaduais também o fazem.
A licitação pode ser tratada por diversas ações judiciais: mandado de segurança, liminar
dentro de processo ordinário, liminar cautelar, entre outras. Caso houver decisão judicial pela
paralisação do certame enquanto se analisa o mérito da ilegalidade denunciada, a licitação deve
ser imediatamente suspensa. Caso contrário, a licitação poderá ser anulada e a Administração
condenada por crime de desobediência.
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Observe um julgado em que o Judiciário realiza o controle de licitação:
Salienta-se, contudo, que a análise feita pelo Judiciário será pautada em verificação de
conformidade com o ordenamento jurídico, em dito controle de legalidade. Desse modo,
juízos de conveniência e oportunidade, ou seja, atos administrativos discricionários realizados
pela Administração, não serão objeto de análise judicial.
Entendemos que o judiciário não pode usurpar o poder político do administrador público. Por
isso, se a motivação feita pelo gestor guardar conformidade legal, o judiciário resguardará esse
direito da Administração e se entenderá que ela estará agindo em prol do interesse público.
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Síntese
Nos estudos desta unidade, esperamos que tenha ficado claro o funcionamento da licitação
pública em relação aos questionamentos sobre as ilegalidades presentes nesses processos.
Você viu que há diversas ferramentas disponibilizadas para o entendimento dos processos
de licitação e que servem, também, para garantir que haja uma competição justa, clara e
isonômica. Exemplos disso são o pedido de esclarecimento e a impugnação do edital, além de
outros recursos administrativos que estudamos nesta unidade.
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Referências
MOTTA, C. P. C. Eficácia nas licitações e contratos. 12. ed. Belo Horizonte: Del
Rei, 2011.
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