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CÂMARA MUNICIPAL DE CONTENDA

ESTADO DO PARANÁ

DIVISÃO JURÍDICA

PARECER 036/2019

EMENTA: trata-se da análise jurídico/legal, a pedido


da Presidência da Câmara Municipal relativa ao Pregão
Eletrônico para a aquisição

I – DA LEGITIMIDADE PARA ELABORAÇÃO DE PARECER

A fundamentação para a elaboração do presente parecer jurídico consta na Lei


1731/2018.

II – DA FUNDAMENTAÇÃO

Foi apresentada minuta para a realização do Pregão Eletrônico, nas fls. 152 a 195.

Apresenta-se no processo, além do edital, a portaria de nomeação do


pregoeiro e da equipe de apoio e comunicação interna emitida pelo presidente da
Câmara de data de 7 de fevereiro de 2019.

Veja-se que a República Federativa do Brasil, cujos princípios e regras fundantes


se encontram na Constituição Federal, expressa no art. 37, que:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
e, também, ao seguinte: [grifo nosso]

Dessa forma, a administração pública fica adstrita a observância da lei, como


forma evitar abusos, excessos e arbitrariedades, bem como zelar pela segurança jurídica
mediante regras anteriormente expressas e claras.

Preza ainda pela impessoalidade, como forma de garantir isonomia e neutralidade,


evitando preterições infundadas e mantendo a igualdade.

Outro ponto de relevância é que, por operar o erário e bens que estão à disposição
dos serviços públicos (serviços estes que visam trazer conforto, segurança, bem-estar e
presteza para a comunidade), os processos e demais ações realizadas pela administração
devem seguir, como regra geral, a publicidade. Nada pode ser injustificadamente
obscurecido na atuação da máquina pública.

Quanto as contratações, não poderia ser diferente, sendo que o texto magno
disciplina:

Art. 37 (…)

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(…)

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,


compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública
que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas
que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da
proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações.

Ou seja, necessário é a manutenção da igualdade de condições, que só será


atingida com a observância dos princípios constitucionais aplicáveis a administração e os
demais previstos na Lei Geral de Licitações (Lei nº 8666/93), a saber:

Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio


constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a
administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será
processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade,
da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do
julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.

A lei de licitações também é responsável por auxiliar o andamento dos


procedimentos licitatórios, fixa prazos e estabelece modalidades, de forma a auxiliar o
gestor na escolha do procedimento mais adequado.

No que toca a compra de gêneros que são tidos como comuns, a administração
pode se utilizar do Pregão, constante na Lei nº 10520/2002, cujo art. 1º dispõe:

Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação
na modalidade de pregão, que será regida por esta Lei.

Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos


deste artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser
objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no
mercado.

Veja-se que não cabe essa Divisão avaliar se os itens elencados no anexo I (termo
de referência), entretanto, como podem ser objetivamente definidos, nada obsta que seja
utilizada a modalidade pregão para sua aquisição.

O item 2 da minuta dispõe sobre o objeto, especificando a utilização da


plataforma da BLL.

O item 3 se refere a data de abertura do pregão eletrônico, contendo, data, horário


e local da ocorrência do pregão.

O item 4 trata do preço máximo da contratação bem como os respectivos créditos


orçamentários, no item 05.

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O item 06 traz as disposições preliminares e da forma de aquisição do edital,


destacando-se o item 6.3. que trata de tratamento diferenciado para micro e pequenas
empresas.

O item 07 trata das impugnações do edital, em conformidade com as Lei


nº8666/93 e Lei nº 10520/02.

O item 08 estabelece os critérios de participação, deixando claro o tratamento


diferenciado para às microempresas, empresas de pequeno porte e microempreendedores
individuais, tendo em vista o cumprimento lei complementar n°123/06 e suas alterações.

O item 09 trata da forma de esclarecimentos ao Edital.

O item 10 esclarece sobre o credenciamento do interessado na Plataforma da


BLL, tendo em vista que o pregão eletrônico se procederá pela referida plataforma.

O item 11 trata do regulamento operacional do certame, conduzido pelo


pregoeiro.

O item 12 informa sobre os passos a serem seguidos para o cadastramento da


proposta no sistema eletrônico.

O item 13 estabelece os critérios de julgamento que, na opinião dessa divisão


obedecem os critérios de impessoalidade e objetividade.

O item 14, por sua vez, disciplina sobre a abertura da proposta de preços.

O item 15 dispõe sobre a formulação dos lances, a correção de lances pelo


pregoeiro e o fechamento randômico. Atente-se para a conformidade do edital quanto a Lei
Complementar 123/06 que disciplina sobre o tratamento favorecido as microempresas e
empresas de pequeno porte.

O item 16, depois de efetivadas as propostas e os devidos julgamentos, disciplina


sobre o envio final da proposta de preços.

O item 17 trata da habilitação que, devido a modalidade pregão, vem após a fase
de lances e negociação de preços.

O item 18 aborda os recursos, devendo o licitante interessado se manifestar


imediatamente sobre os recursos e juntar as razões em 3 (três) dias.

O item 19 institui a formalização do processo para o proponente vencedor bem


como da adjudicação do objeto licitado, sendo o item 20 a respeito da homologação do
certame.

O item 21 aborda a formalização do processo e o item 22 disciplina sobre a


Execução do Contrato, prazos e condições de entrega do objeto.

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O item 23, do pagamento e, no item 24, do reajustamento de preço conforme os


índices do INPC/IBGE ou outro que venha a substituí-lo.

O item 25 estabelece esclarecimentos sobre as garantias.

O item 26 comina multas e sanções administrativas a fim de forçar o bom


cumprimento do contrato.

O item 27 estabelece disposições finais, visando dirimir eventuais dúvidas e


obscuridades.

Uma última observação deve ser feita, por questões de interesse e


prejudicialidade, recomenda-se que o pregoeiro, pro ser autoridade superior e que julga
eventuais contradições e propostas, não seja o elaborador do edital. Por isso, recomenda-se
a capacitação dos servidores a fim de constituir, na equipe de apoio ao pregoeiro, um
servidor responsável pela elaboração da minuta do edital.

Ainda, no ato de contratação, caso a vencedora seja microempresa ou empresa de


pequeno porte, que a administração tome todos os cuidados (mediante certidões) que
possam comprovar que a empresa se encaixe dentro de tal categoria. Deve-se evitar que a
declaração seja o único documento hábil para comprovar a situação de micro e pequena
empresa.

Quanto aos anexos, não há nada que se considerar, apenas lembrando a


administração o prazo de publicação do edital bem como a disponibilização do mesmo em
jornal oficial e página na web.

Nada a que se considerar, salvo melhor juízo.

É o parecer.

Contenda, 06 de maio de 2019.

BRUNA SCHLICHTING
ADVOGADA
OAB/PR 65.180

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