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ESTADO DA BAHIA

MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO DOS CAMPOS


PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO

PARECER JURÍDICO Nº 048/2022

INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO 009-2022.


CONSULTORIA ESPECIALIZADA.
PALESTRAS. SUAS. PROTEÇÃO SOCIAL.
BOLSA FAMÍLIAPPOSSIBILIDADE.
INTELIGÊNCIA DO ART. 13, II e V C/C ART. 25
DA LEI Nº 8666/93.

INTERESSADO: Comissão Permanente de Licitação - CPL


ASSUNTO: Análise jurídica de Processo de Licitação - Inexigibilidade de Licitação Nº 009/2022
– Projetos e Consultoria Souza Ltda - SEMDES

I. RELATÓRIO

1. Vem a esta Procuradoria Geral do Município, proveniente da Secretaria Municipal


Desenvolvimento Econômico e Social, requerimento de exame e emissão de parecer a respeito
do Processo de Inexigibilidade de Licitação Nº 009-2022, a fim que seja contratada a
empresa com notória especialização PROJETOS E CONSULTORIA SOUZA LTDA, CNPJ
Nº 24.386.669/0001-83-06, ao preço de 33.000,00 (trinta e três mil reais), para a prestação de
serviços de desenvolvimento de ações no âmbito do Sistema Único de Assistência Social
(SUAS), capacitações com desenvolvimento de seminários e palestras relacionadas à gestão
do SUAS, proteção social básica e do Programa Bolsa Família neste município, atendendo às
necessidades deste município, por solicitação da Secretaria Municipal Desenvolvimento
Econômico e Social, pelo período de 11 (onze meses).

2. Inicialmente, às fls. 03/04, verifica-se solicitação e justificativa da despesa para


contração da empresa com notória especialização em desenvolver as ações acima descritas,
custando à Administração o valor global de R$ 33.000,00 (trinta e três mil reais)

3. Consta o termo de referência, às fls. 05/10.

4. Às fls. 11/14, consta proposta do prestador de serviço, onde detalha os serviços a


serem prestados no âmbito da Gestão do SUAS, Proteção Social e Proteção Social Básica,
trata dos serviços de consultoria que pode oferecer ao CRAS e Programa Bolsa Família. Ao
final, expõe as suas estratégias de ações, seu cronograma e o investimento que a
Administração deve fazer.

5. Junto ao processo, às fls. 15 encontra-se pedido de autorização para a instauração do


processo e sua respectiva justificativa.

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6. Às fls. 16 consta despacho de encaminhamento do processo ao setor jurídico e demais


setores, responsáveis pela análise do processo.

7. Às fls. 17 está juntado parecer contábil dando conta da existência de dotação e previsão
orçamentárias para a realização da despesa

8. Às fls 18 a tesouraria confirma disponibilidade financeira.

9. Juntou-se ao processo às fls 19/34 a Alteração Contratual Nº 3 com a devida


autenticação, contrato da sociedade limitada, documento do sócia, alvará licença de
localização, cartão CNPJ, cartão de inscrição municipal, extrato de conta corrente, certidão
positiva com efeito de negativa de débitos tributários federais, certidão negativa de débitos
tributários estaduais, certidão negativa de débitos trabalhistas, certificado de regularidade do
FGTS, certidão negativa de débitos tributários municipais, consulta ao SIMPLES Nacional.

10. Às fls. 35/46 encontra-se o currículo de Gilly Ananda Silva Ferreira e Jaguarantan
Souza Barbosa.

11. Às fls. 47/52 juntou-se ao processo os Atestados de Capacidade Técnica emitidos por
diversos municípios baianos. já às fls. 53/56 está localizado o diário oficial, homologação/
adjudicação, ato da publicação e extrato do contrato de prestação de serviço desta empresa
com a da prefeitura de São Gonçalo dos Campos.

12. às fls. 58/59 encontra-se o ato da publicação da prefeitura de Candeal- BA e Pintadas-


BA

13. Às fls. 16 consta contratos que demonstram prestação do serviço ao Município de


Santanópolis, São Gonçalo dos Campos e Antônio Cardoso e atestado de capacidade técnica

14. É o que há a relatar.

II. FUNDAMENTOS JURÍDICOS

15. Trata-se, na espécie, de Processo de Licitação por Inexigibilidade Nº 008-2021, que


tem por objeto a contratação da PROJETOS E CONSULTORIA SOUZA LTDA, CNPJ Nº
24.386.669/0001-83-06, para a prestação de serviços de desenvolvimento de ações no âmbito
do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), capacitações com desenvolvimento de
seminários e palestras relacionadas à gestão do SUAS, proteção social básica e do Programa
Bolsa Família neste município, atendendo às necessidades deste município, por solicitação da
Secretaria Municipal Desenvolvimento Econômico e Social, pelo período de 11 (onze meses).

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16. A Lei nº 8.666/93, Artigo 38, inciso VI e Parágrafo único, prescreve:

Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a abertura de processo


administrativo, devidamente autuado, protocolado e numerado, contendo a
autorização respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e do recurso próprio
para a despesa, e ao qual serão juntados oportunamente: [...] VI – pareceres
técnicos ou jurídicos emitidos sobre a licitação, dispensa ou inexigibilidade.
Parágrafo único. As minutas de editais de licitação, bem como as dos
contratos, acordos, convênios ou ajustes devem ser previamente examinadas e
aprovadas por assessoria jurídica da Administração. (Redação dada pela Lei
nº 8.883, de 1994)

17. Desta forma, cumprindo à determinação legal, passa-se à análise da questão trazida
nestes autos.

18. Inicialmente, importante destacar que o exame destes autos se restringe aos seus
aspectos jurídicos, excluídos, portanto, aqueles de natureza técnica. Em relação a estes,
partiremos da premissa de que a autoridade competente se municiou dos conhecimentos
específicos para a sua adequação às necessidades da Administração, observando os
requisitos legalmente impostos, conforme Enunciado nº 07, do Manual de Boas Práticas
Consultivas da CGU/AGU:

A manifestação consultiva que adentrar questão jurídica com potencial de


significativo reflexo em aspecto técnico deve conter justificativa da necessidade
de fazê-lo, evitando-se posicionamentos conclusivos sobre temas não
jurídicos, tais como os técnicos, administrativos ou de conveniência ou
oportunidade, podendo-se, porém, sobre estes emitir opinião ou formular
recomendações, desde que enfatizando o caráter discricionário de seu
acatamento

19. De outra banda, cumpre mencionar que não é papel do órgão de assessoramento
jurídico exercer a auditoria quanto à competência de cada agente público para a prática de atos
administrativos. Incumbe, a cada um destes observar se os seus atos estão dentro do seu
espectro de competências.

20. Como cediço, o processo licitatório é regido pela Lei Federal Nº 8.666/93.

21. As licitações têm por objetivo selecionar a proposta mais vantajosa à Administração
Pública, através de critérios objetivos e impessoais, com a finalidade de celebração de
contratos mediante processo regido pelos princípios da Administração, assegurando igualdade
de condições a todos os concorrentes.

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22. O Artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal, reproduzido no Artigo 2º, da Lei
Federal Nº 8.666/93, considera-se obrigatória a realização do processo licitatório, salvo em
casos específicos. Veja-se:

Constituição Federal
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
e, também, ao seguinte:
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,
compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências
de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento
das obrigações.

Lei Nº 8.666/93
Art. 2º. As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações,
concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando
contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação,
ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei.

23. Cumpre pontuar que a contratação de serviços pela Administração Pública deve pautar-
se na conveniência, oportunidade, atendimento ao interesse público e na disponibilidade de
recursos, além de observar os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade, eficiência, economicidade, dentre outros.

24. Essa obrigatoriedade de licitar funda-se em dois aspectos basilares: o de estabelecer


um tratamento igualitário entre os interessados em contratar, como forma de realização dos
princípios da impessoalidade, isonomia e moralidade; e no propósito do poder Público de
alcançar a proposta mais vantajosa.

25. Estes dois aspectos estão previstos no Artigo 3º da Lei Federal Nº 8.666/93. In verbis:

Art. 3º. A licitação destina-se a garantir a observância do princípio


constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a
administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será
processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da
probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do
julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.

26. Assim, pode-se concluir que a licitação atende a duas finalidades essenciais, quais
sejam, a de permitir ao Poder Público a escolha da proposta mais vantajosa para atender ao

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interesse público e a de permitir aos cidadãos, em igualdade de condições, de usufruir do


direito de concorrer para a celebração de contratos junto do Poder Público.

27. É possível inferir ainda que o processo licitatório tem o condão de evitar que agentes
públicos mal intencionados venham a obter vantagem ilícita para si ou para outrem, em razão
de celebração de contratos administrativos em prejuízo ao erário. Contudo, existem situações
em que o gestor público poderá dispensar a realização do certame, como são os casos
previstos no Artigo 24 da Lei Federal Nº 8.666/93.

28. No que se refere às hipóteses de contratação direta, a Professora Maria Sylvia Zanella
Di Pietro1, esclarece que:

(...) na dispensa, há possibilidade de competição que justifique a licitação; de


modo que a lei faculta a dispensa, que ficaria inserida na competência
discricionária da Administração. Nos casos de inexigibilidade, não há
possibilidade de competição, porque só existe um objeto ou uma pessoa
que atenda às necessidades da Administração; a licitação é, portanto,
inviável. (Grifamos)

29. Estes casos impossibilitam o administrador a realizar licitações, a exemplo dos listados
no Artigo 25 do mesmo diploma legal.

Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em


especial:
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de
natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização,
vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;

30. No caso específico do previsto no inciso II do Artigo 25, há a possibilidade de realização


do processo licitatório. No entanto, a realização desse processo representa obste ao
atingimento do seu real objetivo. Veja-se que, nesse caos, a competição não representaria o
melhor critério para a melhor proposta, dada a singularidade e infungibilidade do objeto da
proposta.

31. Nesse contexto, insta registrar que a Lei nº 8.666/1993, em seu artigo 25, II, autoriza a
contratação direta de serviços técnicos enumerados no seu artigo 13, de natureza singular,
cabendo ao Poder Público o atendimento às formalidades necessárias para que fique
demonstrada, de forma inequívoca, a inviabilidade de competição, a natureza singular do
objeto e a notória especialização do contratado.

1
“Direito Administrativo”, Editora Atlas, São Paulo, 2014, página 345

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32. Importante ainda destacar que não é hipótese de dispensa de licitação, mas de
inexigibilidade desta, sendo o processo licitatório não dispensável, mas inexigível. Portanto, é
discricionária ao administrador, desde que cumpridos os requisitos do candidato a contratado,
a contratação do serviço. Ainda vale destacar que, por força da ressalva da Lei, tal contrato
não poderá ser atacado sob alegação de ilegalidade.

33. Diferente da arbitrariedade, a discricionariedade faz o administrador submisso à


legislação, tendo o mesmo que agir de acordo com seus princípios e preceitos. O gestor
público, então, deve gerir com responsabilidade, obedecendo a ordem jurídica. Assim, mesmo
permitindo certa liberdade, esta discricionariedade pressupõe sujeição às Leis e isso se reflete
quando da hipótese de inexigibilidade da licitação.

34. Destarte, sendo a referida hipótese legal, legais então seus requisitos, tal qual a
singularidade do objeto visto no presente processo.

35. No que tange à esta singularidade do objeto, no caso em comento, trata-se este da
individualidade dos serviços a serem prestados, além de suas peculiaridades.

36. Sobre o tema, Vera Lúcia Machado D´Ávila2:

“Singular é o serviço que, por suas características intrínsecas, não é


confundível com outro. Não ser confundível com outro não significa que seja o
único, mas que contenha tal qualidade ou complexidade que impossibilite sua
comparação.”

37. Ademais, importa destacar que esta singularidade do serviço a ser prestado deve
revelar-se relevante a ponto de tornar-se inexigível o certame licitatório. Neste sentido é Mello 3:

“(...) a singularidade é relevante e um serviço deve ser havido como singular


quando nele tem de interferir, como requisito de satisfatório atendimento da
necessidade administrativa, um componente criativo de seu autor, envolvendo
estilo, o traço, a engenhosidade, a especial habilidade, a contribuição
intelectual, artística, ou a argúcia de quem o executa, atributos, esses, que são
precisamente os que a Administração reputa convenientes e necessários para
a satisfação do interesse em causa.”

38. Desta maneira, é o certame licitatório inexigível quando relevantemente singular o


produto ou o serviço a ser prestado, sendo incomparáveis, justificando, assim, a contratação
direta.

2
D´ÁVILA,Vera Lúcia Machado.In: DI PIETRO, 1994, p. 65
3
MELLO, Celso Bandeira, 2000, p. 479

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39. Ressalte-se que este é o entendimento do Ministério Público de Contas do Estado da


Bahia, conforme se observa do Parecer TCM 72846-14. In verbis:

“(...) Constata-se, pois, que a Lei fixou três premissas condicionantes à


contratação destes serviços por inexigibilidade, quais sejam: (i) o serviço tem
que ser técnico e deve constar do rol do art. 13 da Lei nº 8.666/93, (ii) o serviço
deve ostentar natureza singular; (iii) o profissional contratado deve possuir
notória especialização. A singularidade pode ser aferida pela peculiaridade da
necessidade pública a ser satisfeita, ou seja, quando o interesse estatal escapa
dos padrões de normalidade e exige uma prestação de especial complexidade
ou especificidade, apta a justificar a contratação do profissional de notória
especialização. De acordo com a Lei de Licitações, o requisito em questão
refere-se ao objeto e não ao profissional. Conforme entendimento do Superior
Tribunal de Justiça, transcrito abaixo, para a caracterização do requisito citado
não basta que o serviço esteja relacionado no art. 13 da Lei nº 8.666/93, deve
ser de tal natureza singular que exija a contratação de profissional de notória
especialização para a sua realização, vejamos: “A contratação de serviços
técnicos (caso dos autos) sem licitação, depende, portanto, de três condições:
1) a enumeração do serviço no dispositivo legal supracitado (art. 13); 2) sua
natureza singular, isto é, não basta estar enumerado no art. 13 da Lei nº
8.666/93, sendo necessário que o serviço se torne único devido à sua
complexidade e relevância; e 3) a notória especialização do profissional
(conforme disposto no §1º do art. 25 acima transcrito). Assim, não é qualquer
serviço descrito no art. 13 da Lei nº 8.666/93 que torna inexigível a licitação,
mas aquele de natureza singular, que exige a contratação de profissional
notoriamente especializado, cuja escolha está adstrita à discricionariedade
administrativa.” (STJ, Resp. 513.747/MG, Rel. Min. Gilson Dipp, Quinta Turma,
Julgado em 28.01.2003). (…) A notoriedade pressupõe que aquele
profissional é o mais adequado ao atendimento do serviço, tornando-se
medida essencial a comprovação de que os conhecimentos dominados
pelo profissional contratado exorbitam aqueles obtidos pelos
profissionais em geral. (…).” (Grifamos)

40. In casu, a empresa interessada, é notória especialista e exclusiva na prestação do


serviço ora licitado, conforme demonstram os documentos acostados as autos.

41. De mais a mais, de notar que os documentos colacionados pela pessoa jurídica
espelham a sua regularidade jurídica, técnica e fiscal, inexistindo motivos ou vícios que
ensejem a rejeição da pretensão à contratação almejada.

42. Desta forma, considerando que o serviço a ser contratado é singular, nos termos já
expostos, a Administração poderá escolher, de forma discricionária - e devidamente justificada
- o profissional para prestá-lo, fazendo-o em razão de sua notória especialização e do grau de
confiança.

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43. Ademais, o fator confiança, este de natureza personalíssima, deve ser levado em
consideração. A doutrina dominante acerca do tema assim o pensa. Destaque-se Marçal
Justen Filho4:

“Considere-se, por exemplo, o caso de contratação de advogado de


prestígio para defesa do Estado em processo judicial de grande relevo.
A observância da isonomia não significa considerar todos os
advogados inscritos na OAB em igualdade de condições e selecionar
um deles por sorteio. Isso conduziria, possivelmente, a ato inválido por
infração ao princípio da indisponibilidade do interesse público: a
Administração contrataria, Possivelmente, advogado destituído dos
requisitos necessários para defesa satisfatória do interesse estatal. Ou
seja, terão de ser tratados igualmente aqueles que estão em situação
igual. No exemplo só podem ser contratados os advogados com
reputação profissional, experiência e conhecimentos compatíveis com
a dimensão e complexidade da demanda. Não se produz licitação,
dentre outros motivos, por ausência de viabilidade de julgamento
objetivo. Logo, não se poderia reprovar a escolha fundada em critério
de confiança pessoal do administrador. Ou seja, não é possível que o
mesmo fundamento que conduz à inexigibilidade seja invocado como
causa de invalidade da contratação direta. Logo, a Administração
poderia escolher um advogado dentre aqueles que preenchessem os
requisitos de experiência, notório saber etc. Será decisão
discricionária, o que não caracteriza ofensa ao princípio da isonomia.”

44. Desta forma, este elemento, além da exclusividade vista no presente caso, também
justificaria o fato do Poder Público poder escolher a empresa prestadora do serviço, que
gabaritada e experiente, desperta sua confiança, ou seja, e detém maior compatibilidade com
os desideratos da Administração Pública. Além disso, irrefutavelmente, atende às
necessidades e exigências da gestão contratante.

45. A justificativa da contratação almejada encontra-se presente na documentação


apresentada. Assim, preenchidos os requisitos elencados nos dispositivos epigrafados, é de
ser acolhida a contratação. Impende ainda lembrar que o preço proposto se encontra em
compatibilidade e em harmonia com a realidade atual.

.III. CONSIDERAÇÕES FINAIS

46. Desta forma, a Procuradoria Geral do Município, por meio de sua Procuradora Geral
infra assinada, considerando os documentos apresentados na proposta além do quanto
disposto no Artigo 25, inciso II da Lei Federal nº 8.666/93, bem como de atendidos os requisitos
exigidos nesses dispositivos legais, sopesa que na hipótese não há qualquer óbice à

4
Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos”, Ed. Dialética, 9ª ed. São Paulo, ano de 2002, pág.
289

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contratação da empresa PROJETOS E CONSULTORIA SOUZA LTDA, CNPJ Nº


24.386.669/0001-83-06, ao preço de 33.000,00 (trinta e três mil reais), para a prestação de
serviços de desenvolvimento de ações no âmbito do Sistema Único de Assistência Social
(SUAS), capacitações com desenvolvimento de seminários e palestras relacionadas à gestão
do SUAS, proteção social básica e do Programa Bolsa Família neste município, atendendo às
necessidades deste município, por solicitação da Secretaria Municipal Desenvolvimento
Econômico e Social, pelo período de 11 (onze meses) RECOMENDANDO o prosseguimento
do Processo de Inexigibilidade de Licitação Nº 009-2022, com fundamento nos artigos supra
citados.

É o parecer. Salvo melhor juízo.

São Gonçalo dos Campos, Bahia, 19 de julho de 2021

Natália Almeida da Silva


Procuradora Geral do Município
Dec. Nº 026/2021
OAB/BA 49.679

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