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I. RELATÓRIO
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MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO DOS CAMPOS
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7. Às fls. 17 está juntado parecer contábil dando conta da existência de dotação e previsão
orçamentárias para a realização da despesa
10. Às fls. 35/46 encontra-se o currículo de Gilly Ananda Silva Ferreira e Jaguarantan
Souza Barbosa.
11. Às fls. 47/52 juntou-se ao processo os Atestados de Capacidade Técnica emitidos por
diversos municípios baianos. já às fls. 53/56 está localizado o diário oficial, homologação/
adjudicação, ato da publicação e extrato do contrato de prestação de serviço desta empresa
com a da prefeitura de São Gonçalo dos Campos.
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17. Desta forma, cumprindo à determinação legal, passa-se à análise da questão trazida
nestes autos.
18. Inicialmente, importante destacar que o exame destes autos se restringe aos seus
aspectos jurídicos, excluídos, portanto, aqueles de natureza técnica. Em relação a estes,
partiremos da premissa de que a autoridade competente se municiou dos conhecimentos
específicos para a sua adequação às necessidades da Administração, observando os
requisitos legalmente impostos, conforme Enunciado nº 07, do Manual de Boas Práticas
Consultivas da CGU/AGU:
19. De outra banda, cumpre mencionar que não é papel do órgão de assessoramento
jurídico exercer a auditoria quanto à competência de cada agente público para a prática de atos
administrativos. Incumbe, a cada um destes observar se os seus atos estão dentro do seu
espectro de competências.
20. Como cediço, o processo licitatório é regido pela Lei Federal Nº 8.666/93.
21. As licitações têm por objetivo selecionar a proposta mais vantajosa à Administração
Pública, através de critérios objetivos e impessoais, com a finalidade de celebração de
contratos mediante processo regido pelos princípios da Administração, assegurando igualdade
de condições a todos os concorrentes.
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22. O Artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal, reproduzido no Artigo 2º, da Lei
Federal Nº 8.666/93, considera-se obrigatória a realização do processo licitatório, salvo em
casos específicos. Veja-se:
Constituição Federal
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
e, também, ao seguinte:
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,
compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências
de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento
das obrigações.
Lei Nº 8.666/93
Art. 2º. As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações,
concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando
contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação,
ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei.
23. Cumpre pontuar que a contratação de serviços pela Administração Pública deve pautar-
se na conveniência, oportunidade, atendimento ao interesse público e na disponibilidade de
recursos, além de observar os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade, eficiência, economicidade, dentre outros.
25. Estes dois aspectos estão previstos no Artigo 3º da Lei Federal Nº 8.666/93. In verbis:
26. Assim, pode-se concluir que a licitação atende a duas finalidades essenciais, quais
sejam, a de permitir ao Poder Público a escolha da proposta mais vantajosa para atender ao
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27. É possível inferir ainda que o processo licitatório tem o condão de evitar que agentes
públicos mal intencionados venham a obter vantagem ilícita para si ou para outrem, em razão
de celebração de contratos administrativos em prejuízo ao erário. Contudo, existem situações
em que o gestor público poderá dispensar a realização do certame, como são os casos
previstos no Artigo 24 da Lei Federal Nº 8.666/93.
28. No que se refere às hipóteses de contratação direta, a Professora Maria Sylvia Zanella
Di Pietro1, esclarece que:
29. Estes casos impossibilitam o administrador a realizar licitações, a exemplo dos listados
no Artigo 25 do mesmo diploma legal.
31. Nesse contexto, insta registrar que a Lei nº 8.666/1993, em seu artigo 25, II, autoriza a
contratação direta de serviços técnicos enumerados no seu artigo 13, de natureza singular,
cabendo ao Poder Público o atendimento às formalidades necessárias para que fique
demonstrada, de forma inequívoca, a inviabilidade de competição, a natureza singular do
objeto e a notória especialização do contratado.
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“Direito Administrativo”, Editora Atlas, São Paulo, 2014, página 345
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32. Importante ainda destacar que não é hipótese de dispensa de licitação, mas de
inexigibilidade desta, sendo o processo licitatório não dispensável, mas inexigível. Portanto, é
discricionária ao administrador, desde que cumpridos os requisitos do candidato a contratado,
a contratação do serviço. Ainda vale destacar que, por força da ressalva da Lei, tal contrato
não poderá ser atacado sob alegação de ilegalidade.
34. Destarte, sendo a referida hipótese legal, legais então seus requisitos, tal qual a
singularidade do objeto visto no presente processo.
35. No que tange à esta singularidade do objeto, no caso em comento, trata-se este da
individualidade dos serviços a serem prestados, além de suas peculiaridades.
37. Ademais, importa destacar que esta singularidade do serviço a ser prestado deve
revelar-se relevante a ponto de tornar-se inexigível o certame licitatório. Neste sentido é Mello 3:
2
D´ÁVILA,Vera Lúcia Machado.In: DI PIETRO, 1994, p. 65
3
MELLO, Celso Bandeira, 2000, p. 479
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41. De mais a mais, de notar que os documentos colacionados pela pessoa jurídica
espelham a sua regularidade jurídica, técnica e fiscal, inexistindo motivos ou vícios que
ensejem a rejeição da pretensão à contratação almejada.
42. Desta forma, considerando que o serviço a ser contratado é singular, nos termos já
expostos, a Administração poderá escolher, de forma discricionária - e devidamente justificada
- o profissional para prestá-lo, fazendo-o em razão de sua notória especialização e do grau de
confiança.
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43. Ademais, o fator confiança, este de natureza personalíssima, deve ser levado em
consideração. A doutrina dominante acerca do tema assim o pensa. Destaque-se Marçal
Justen Filho4:
44. Desta forma, este elemento, além da exclusividade vista no presente caso, também
justificaria o fato do Poder Público poder escolher a empresa prestadora do serviço, que
gabaritada e experiente, desperta sua confiança, ou seja, e detém maior compatibilidade com
os desideratos da Administração Pública. Além disso, irrefutavelmente, atende às
necessidades e exigências da gestão contratante.
46. Desta forma, a Procuradoria Geral do Município, por meio de sua Procuradora Geral
infra assinada, considerando os documentos apresentados na proposta além do quanto
disposto no Artigo 25, inciso II da Lei Federal nº 8.666/93, bem como de atendidos os requisitos
exigidos nesses dispositivos legais, sopesa que na hipótese não há qualquer óbice à
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Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos”, Ed. Dialética, 9ª ed. São Paulo, ano de 2002, pág.
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