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CÂMARA MUNICIPAL DE CONTENDA

ESTADO DO PARANÁ

DIVISÃO JURÍDICA

PARECER 028/2019

EMENTA: trata-se da análise jurídico/legal, a pedido


da Presidência da Câmara Municipal relativa a
aquisição de materiais de consumo, conforme
especifica.

I – DA LEGITIMIDADE PARA ELABORAÇÃO DE PARECER

A fundamentação para a elaboração do presente parecer jurídico consta na Lei


1731/2018.

II – DO RELATÓRIO

O presente processo administrativo se originou a pedido do Chefe da Divisão


Administrativa que, mediante comunicação interna expedida em 23 de abril de 2019,
requisita a aquisição de diversos materiais de consumo, conforme termos de referência.

Chega e essa Divisão contendo 151 folhas,


Antes da análise dos aspectos jurídicos, é necessário reforçar que não cabe a essa
Divisão realizar qualquer juízo de valor referente ao estoque da Câmara Municipal, bem
como a necessidade de compra de determinados gêneros. A análise se limita aos contornos
jurídicos do caso.

Atenta-se ainda que a Contabilidade dessa Casa se manifestou a respeito da


existência de dotação orçamentária para a compra de determinados gêneros.

Verifica-se, conforme fls. 131 e ss, que o valor global da compra ultrapassará os
limites de dispensa de licitação, dessa forma é necessária a realização de licitação.

Por fim, cabe a Presidência dessa Casa de Leis a realização de juízo a respeito dos
critérios e da análise de mérito.

Estão presentes no processo diversas certidões das empresas, devendo ser


observada a regularidade das empresas no ato da contratação e do pagamento.

III – DA FUNDAMENTAÇÃO

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Veja-se que a República Federativa do Brasil, cujos princípios e regras fundantes


se encontram na Constituição Federal, expressa no art. 37, que:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
e, também, ao seguinte: [grifo nosso]

Dessa forma, a administração pública fica adstrita a observância da lei, como


forma evitar abusos, excessos e arbitrariedades, bem como zelar pela segurança jurídica
mediante regras anteriormente expressas e claras.

Preza ainda pela impessoalidade, como forma de garantir isonomia e neutralidade,


evitando preterições infundadas e mantendo a igualdade.

Outro ponto de relevância é que, por operar o erário e bens que estão à disposição
dos serviços públicos (serviços estes que visam trazer conforto, segurança, bem-estar e
presteza para a comunidade), os processos e demais ações realizadas pela administração
devem seguir, como regra geral, a publicidade. Nada pode ser injustificadamente
obscurecido na atuação da máquina pública.

Quanto as contratações, não poderia ser diferente, sendo que o texto magno
disciplina:

Art. 37 (…)

(…)

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,


compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública
que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas
que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da
proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de
qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações.

Ou seja, necessário é a manutenção da igualdade de condições, que só será


atingida com a observância dos princípios constitucionais aplicáveis a administração e os
demais previstos na Lei Geral de Licitações (Lei nº 8666/93), a saber:

Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio


constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a
administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será
processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade,
da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do
julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.

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A lei de licitações também é responsável por auxiliar o andamento dos


procedimentos licitatórios, fixa prazos e estabelece modalidades, de forma a auxiliar o
gestor na escolha do procedimento mais adequado.

No que toca a compra de gêneros que são tidos como comuns, a administração
pode se utilizar do Pregão, constante na Lei nº 10520/2002, cujo art. 1º dispõe:

Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação
na modalidade de pregão, que será regida por esta Lei.

Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos


deste artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser
objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no
mercado.

Conforme termos de referencia em anexo, todos os itens cotados são


objetivamente aferíveis e, portanto, deve-se utilizar a modalidade Pregão,
preferencialmente a forma eletrônica, conforme a Lei nº 10.520/02. É claro que o
administrador poderá, sob seu critério de oportunidade e conveniência utilizar outras
modalidades de licitação, desde que essas não confrontem com o limite financeiro e que se
prove ser mais vantajosa para o interesse público.

É o parecer.

Contenda, 24 de abril de 2019

BRUNA SCHLICHTING
ADVOGADA
OAB/PR 65.180

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