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A Constituição Federal, em seu art. 37, inciso XXI, estabelece, quanto às contratações
públicas:
“Art. 37 (…)
1 NIEBUHR, Joel de Menezes. Licitação Pública e Contrato Administrativo. 5ª ed. Belo Horizonte: Fórum,
2022. p. 131.
Apesar da omissão, é possível fazer uma interpretação sistemática da Lei nº 14.133/2021,
de sorte a considerar seu funcionamento e aplicação como um conjunto de normas
correlacionado, não havendo impedimento de atribuir, tanto ao agente de contratação
(direta), quanto à comissão de contratação, funções relacionadas à condução do
processo de contratação direta, desde que compatíveis com as competências legais
dos cargos, empregos ou funções que estas figuras ocupem.
Junto ao DFD, o art. 72, inciso I, menciona ainda a elaboração de estudos técnicos
preliminares, análise de riscos, termo de referência, projeto básico ou projeto
executivo, se for o caso. A intenção do legislador é clara: instruir o processo
administrativo de contratação direta com o máximo de precisão na definição do objeto, e
fim de justificar a futura contratação fora do procedimento licitatório.
Apesar de a legislação não identificar os casos nos quais cada documento será
necessário, em regra, projetos básicos e executivo são utilizados em obras e serviços de
engenharia, enquanto o termo de referência é empregado para os demais objetos. Já o
estudo técnico preliminar e a análise de riscos podem ser produzidos para qualquer
objeto, quando proporcionais à complexidade da contratação a ser realizada.
§3º Nas contratações realizadas por Municípios, Estados e Distrito Federal, desde
que não envolvam recursos da União, o valor previamente estimado da
contratação, a que se refere o caput deste artigo, poderá ser definido por meio da
utilização de outros sistemas de custos adotados pelo respectivo ente federativo.
§6º Na hipótese do §5º deste artigo, será exigido dos licitantes ou contratados, no
orçamento que compuser suas respectivas propostas, no mínimo, o mesmo nível
de detalhamento do orçamento sintético referido no mencionado parágrafo.” (grifos
nossos)
Assim, o art. 72, inciso II, determina à Administração Pública a realização de pesquisas
de preços também no processo administrativo de contratação direta, seguindo os
mesmos parâmetros gerais utilizados para a realização de pesquisa de preços feita no
bojo das licitações. Ressalta-se que o preço na contratação direta não é requisito objetivo
de escolha nas contratações diretas, especialmente, através da modalidade de
inexigibilidade licitatória.
A título de exemplo de normativo sobre a matéria, destaca-se o art. 3º, da Instrução
Normativa nº 65/2021, da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo
Digital do Ministério da Economia (SEGES), que, apesar de ser aplicável apenas no
âmbito da Administração Pública Federal, pode funcionar como guia às demais esferas
federativas, no que se refere à estruturação da pesquisa de preços:
O autor ressalta ainda que o órgão ou entidade contratante poderá, por vezes, beneficiar-
se da realização de uma cotação de preços entre os possíveis interessados, para então
apurar a proposta mais vantajosa. Entretanto, Niebuhr deixa claro que as contratações
diretas não dependem, necessariamente, de cotações diretas de preços. Uma vez
demonstrado pela Administração que o preço praticado pelo futuro contratado é
compatível com o mercado (inciso VII) e motivada a escolha deste particular em
específico (inciso VI) – com a devida comprovação de que tal contratado possui os
requisitos mínimos de habilitação e qualificação necessários (inciso V), descritos no
art. 62 a 70 –, a contratação direta será regular.
2 NIEBUHR, Joel de Menezes. Licitação Pública e Contrato Administrativo. 5ª ed. Belo Horizonte: Fórum,
2022. p.143.
notório especialista (…), seria possível obter propostas de outros notórios especialistas e
tomá-las como referência para a justificativa do preço contratado, sem que isso desfaça a
situação de inviabilidade de competição.”3
Como última observação, a Lei nº 14.133/2021 define que os processos licitatórios serão
conduzidos por agente de contratação ou por comissão de contratação (quando o
objeto envolver bens ou serviços especiais). Entretanto, não há uma previsão específica a
respeito dos agentes responsáveis pela condução dos processos de contratação direta.
Ressalta-se que tais considerações não buscam esgotar a temática e possuem caráter
orientativo, elaboradas de acordo com as disposições da legislação vigente e estudos até
então realizados acerca da matéria.
Equipe DAM
3 NIEBUHR, Joel de Menezes. Licitação Pública e Contrato Administrativo. 5ª ed. Belo Horizonte: Fórum,
2022. p.146.