Você está na página 1de 13

Centro Universitário Aparício Carvalho – FIMCA

Sociedade Rondoniense de Ensino Superior Dr. Aparício Carvalho de Moraes LTDA

Vaguido Soares de Paula

Impactos da Nova Lei de Licitações para a Administração Pública

Jaru
2023
Centro Universitário Aparício Carvalho – FIMCA
Sociedade Rondoniense de Ensino Superior Dr. Aparício Carvalho de Moraes
LTDA

Vaguido Soares de Paula

Impactos da Nova Lei de Licitações para a Administração Pública

Atividade apresentada a FIMCA – Faculdade de


Educação de Jaru como pré-requisito avaliativo
parcial na disciplina de Direito Processual do
Trabalho.

Professor(a): Wellington Martins da Silva

Jaru,
2023.
NOTAS INTRODUTÓRIAS

Em 1993, o então Presidente da República Itamar Franco promulgou a Lei N° 8.666, a


fim de regular o Art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal e instituir normas para licitações
e contratos da Administração Pública. Como informa o inciso supracitado,

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e


alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure
igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da
lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica
indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. (BRASIL, 1988, Art. 37)

A lei do início da década de 90 funcionava, portanto, como um mecanismo regulatório


acerca das medidas de licitação, definida por Silva et al. (2022, p. 239) como “um conjunto de
procedimentos administrativos para aquisição de bens e serviços pela administração”,
primando pelo custo-benefício e objetivando os princípios constitucionais da legalidade,
moralidade, publicidade, igualdade, do julgamento por critérios objetivos, da vinculação ao
instrumento convocatório e da isonomia (COSTA, 2021, p. 259). É importante salientar ainda
que, por “custo-benefício”, entende-se que “a maior vantagem se apresenta quando a
Administração Pública assume o dever de realizar a prestação menos onerosa e o particular se
obriga a realizar a melhor e mais completa prestação.” (FILHO, 2013, p. 496)

Além da lei de 1993, a Lei 10.520/02, conhecida como Lei do Pregão, e a Lei
12.462/11, ou Regime Diferenciado de Contratações, também normatizaram os mecanismos
para contratações da Administração Pública, sendo que a primeira instituiu a modalidade de
pregão para aquisição de bens e serviços, enquanto a lei de 2011 estabeleceu o RDC, aplicável
a certas licitações e contratos pré-determinados, de modo a ampliar a eficiência e a
competitividade nas contratações, incentivar a inovação tecnológica e assegurar um
tratamento isonômico entre os participantes (BRASIL, 2011, Art. 1°).

Contudo, em primeiro de abril de 2021 entrou em vigor a Lei 14.133/21, também


conhecida por Nova Lei de Licitações, iniciando o processo de revogação das leis
supracitadas. Costa & Diniz (2021) defendem que essa nova legislação serve para inovar e
avançar nos propósitos dos certames públicos ao desburocratizar seus meios e incorporar
novas ferramentas. Trata-se, assim, de uma lei que renova os métodos de gestão da
Administração Pública e dos pequenos negócios, com base nas mudanças tecnológicas que
alteraram as condutas jurídicas e sociais nos últimos trinta anos.
Em vista disso, o presente artigo busca levantar e discutir algumas das principais
promulgações dessa nova referência, observando alguns dos seus impactos para a
Administração Pública e inferindo seus avanços. Para isso, foi analisado o texto integral da
publicação de 2021 e de suas leis pregressas, além de apresentado problemáticas e caminhos
propostos pela Literatura Jurídica recente, de modo a oferecer um breve panorama acerca dos
novos mecanismos que estruturam as práticas de contratação e licitação a partir de 2021.

DESENVOLVIMENTO

O inciso XXI do Art. 37 da Carta Magna é considerado um princípio constitucional da


Administração Pública, já que através dele são definidos parâmetros e normas gerais para
licitações e contratações de ordem pública. A Nova Lei de Licitações foi promulgada, assim,
para regular esse princípio de modo a possibilitar a realização de serviços, obras e
planejamentos públicos de acordo com os preceitos da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência, tendo também em vista a isonomia dos procedimentos.

Nesse sentido, a publicação lança uma série de edições e atualizações às normas


previstas por leis pregressas, tais como a obrigatoriedade dos Planos Anuais de Contratação, a
utilização de meios eletrônicos para os processos de contratação, a atualização dos Valores da
Dispensa de Licitação, entre outras alterações. Ainda, a Nova Lei prevê o credenciamento
como ferramenta indispensável para licitações e contratações.

1. APLICABILIDADE DA LEI 14.133/21

O Art. 1° da Nova Lei obriga a licitação e contratação em seus parâmetros para “as
Administrações Públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios” (BRASIL, 2021, Art. 1°). Abrange ainda, “quando no
desempenho de função administrativa”, os órgãos do Judiciário e do Legislativo do Distrito
Federal, da União e dos Estados. Nos Municípios, os órgãos do Poder Legislativo também
estão sujeitos à jurisdição da Nova Lei.

Fundos especiais e demais entidades controladas pela Administração Pública também


devem seguir as determinações da Lei de 2021, ao contrário das empresas públicas, das
sociedades de economia mista e de suas subsidiárias, que seguem regidas pela Lei n° 13.303,
publicada em 30 de junho de 2016. Empresas estatais, entretanto, estão sob abrangência das
disposições penais da Lei n° 14.133.

De resto, o Art. 2° determina a aplicabilidade da Nova Lei a:

I - alienação e concessão de direito real de uso de bens;


II - compra, inclusive por encomenda;
III - locação;
IV - concessão e permissão de uso de bens públicos;
V - prestação de serviços, inclusive os técnico-profissionais especializados;
VI - obras e serviços de arquitetura e engenharia;
VII - contratações de tecnologia da informação e de comunicação. (BRASIL, 2021)

Contratações sujeitas a normas previstas em legislação própria e contratos que tenham


por objeto operação de crédito, interno ou externo, e gestão de dívida pública, como
contratações de agente financeiro e a concessão de garantia relacionadas a esses contratos,
não são subordinados ao regime da Nova Lei, como firma seu Art. 3°.

2. MODALIDADES DE LICITAÇÃO

No que diz respeito aos métodos licitatórios, o novo documento abole as modalidades
convite, regime diferenciado de contratações e tomada de preços, substituindo-os pela
modalidade “Diálogo Competitivo”, baseada em diálogos entre os licitantes a fim de criar um
ou mais caminhos que supram as necessidades licitadas. Segundo seu Art. 32:

Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a contratações em que a


Administração:
I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições:
a) inovação tecnológica ou técnica;
b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade satisfeita sem
a adaptação de soluções disponíveis no mercado; e
c) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas com
precisão suficiente pela Administração;
II - verifique a necessidade de definir e identificar os meios e as alternativas que
possam satisfazer suas necessidades, com destaque para os seguintes aspectos:
a) a solução técnica mais adequada;
b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já definida;
c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato; (BRASIL, 2021)

Dessa forma, essa modalidade possibilita a colaboração de empresas privadas na


definição de soluções e requisitos técnicos para a contratação, ainda que, como destaca Silva
et al. (2021, p. 243), esse processo deve ser realizado com responsabilidade pelos envolvidos,
em vista das ilegalidades e improbidades suscetíveis a decisões imprevidentes.

Em vista disso, é indispensável que os responsáveis pelo processo de licitação, de


acordo com o Artigo 7° da Lei:

I - sejam, preferencialmente, servidor efetivo ou empregado público dos quadros


permanentes da Administração Pública;

II - tenham atribuições relacionadas a licitações e contratos ou possuam formação


compatível ou qualificação atestada por certificação profissional emitida por escola
de governo criada e mantida pelo poder público; e

III - não sejam cônjuge ou companheiro de licitantes ou contratados habituais da


Administração nem tenham com eles vínculo de parentesco, colateral ou por
afinidade, até o terceiro grau, ou de natureza técnica, comercial, econômica,
financeira, trabalhista e civil. (BRASIL, 2021, Art. 7°)

O envolvimento de profissionais qualificados se torna essencial ao se considerar a


atualização na forma de escolha de modalidade da licitação, já que, se anteriormente as
modalidades eram selecionadas a partir do valor do contrato, a natureza do objeto solicitado
passa a ser a determinante para tal seleção. Dessa forma, conhecimentos específicos são
exigidos a fim de exercer o Princípio do Formalismo Moderado e cumprir os preceitos de
eficiência e custo-benefício.

Devido a isso, municípios de até 20.000 habitantes têm o prazo de até 6 anos a partir
da data de publicação da Nova Lei para promover gestão por competências e designar agentes
públicos para executar a Lei de 2021 (BRASIL, 2021, Art. 176). Logo, tais municípios
necessitam avaliar seus servidores da Administração Pública até junho de 2027 com o intuito
de selecionar os mais qualificados para constituir uma equipe de contratação e licitações,
tendo sempre em vista os padrões da razoabilidade, da impessoalidade e da moralidade.

Além de instituir o Diálogo Competitivo, a Nova Lei mantém modalidades


pré-existentes, sendo estas:

● o pregão, adotado “sempre que o objeto possuir padrões de desempenho e


qualidade que possam ser objetivamente definidos pelo edital” (BRASIL,
2021, Art. 29) e utilizado usualmente para a aquisição de bens e serviços
comuns;

● a concorrência, para serviços de natureza predominantemente intelectual e


objetos menos comuns;
● o concurso, para trabalhos técnicos artísticos e científicos, que indicará a
qualificação exigida dos participantes as diretrizes e formas de apresentação do
trabalho, as condições de realização e o prêmio ou remuneração a ser
concedida ao vencedor (BRASIL, 2021, Art. 30);

● o leilão, “[modalidade] exclusiva para os casos de alienação de bens móveis e


imóveis independentemente do valor” (SILVA et al., 2022, p. 243).

Deve-se destacar, contudo, que a Nova Lei inaugurou novas diretrizes para essas
modalidades. A concorrência, como destaca Costa & Diniz (2021), “deixou de guardar um
valor para a sua aplicação”, enquanto que, para a modalidade de leilão, o leiloeiro oficial deve
ser contratado através dos seguintes parâmetros, expostos em seu Art. 31:

§ 1º Se optar pela realização de leilão por intermédio de leiloeiro oficial, a


Administração deverá selecioná-lo mediante credenciamento ou licitação na
modalidade pregão e adotar o critério de julgamento de maior desconto para as
comissões a serem cobradas, utilizados como parâmetro máximo os percentuais
definidos na lei que regula a referida profissão e observados os valores dos bens a
serem leiloados.

Para a modalidade de concurso, por outro lado, Rodrigues (2021, p.819), reforça que:

nos concursos destinados à elaboração de projeto, o vencedor deverá ceder à


Administração Pública todos os direitos patrimoniais relativos ao projeto e o direito
de executar o projeto conforme o juízo de conveniência e oportunidade de
administração.

A respeito da modalidade pregão, por fim, consta no Art. 19, Parágrafo Único, que:

O pregão não se aplica às contratações de serviços técnicos especializados de


natureza predominantemente intelectual e de obras e serviços de engenharia, exceto
os serviços de engenharia.

Logo, a Lei “pacificou a discussão acerca do cabimento do pregão para serviços de


engenharia”, como traduz Betti (2023, p. 180), levando em conta que, por meio desse
parágrafo, foi esclarecida a possibilidade de contratação, através de pregão, de serviços de
engenharia qualificados como comuns.
3. FASES DA LICITAÇÃO

De acordo com o Art. 17 da Lei 14.133, o processo de licitação, que se dará através de
uma das modalidades supracitadas, deve seguir as seguintes fases sequenciais:

I - preparatória;
II - de divulgação do edital de licitação;
III - de apresentação de propostas e lances, quando for o caso;
IV - de julgamento;
V - de habilitação;
VI - recursal;
VII - de homologação. (BRASIL, 2021, Art. 17)

Na Seção 1 do mesmo Artigo, a Lei define ainda que a fase de habilitação poderá
anteceder as fases de apresentação de propostas e lances e de julgamento quando necessário,
desde que “mediante ato motivado com explicitação dos benefícios decorrentes” (BRASIL,
2021, Art. 17). Deve-se salientar também que, preferencialmente, as licitações devem ser
realizadas de forma eletrônica e que, caso sejam presenciais, as mesmas devem ser gravadas
em áudio e vídeo e registradas em forma de ata.

Essas alterações induzem a uma atualização tecnológica do processo licitatório ao


passo que requisitam o emprego de meios eletrônicos em todas as suas etapas, facilitando a
sistematização e a informatização dos processos. Uma cartilha divulgada pelo SEBRAE
(2021) destaca que, com essa nova regra, as licitações tendem a ser mais céleres, transparentes
e passam a envolver um número maior de licitantes, pela maior transparência e publicidade.
Ainda, Costa & Diniz (2021) afirmam que os processos se tornarão “menos burocráticos,
mais sistematizados, com melhor uso da informação”.

Para isso, os contratos devem ser divulgados pelo Portal Nacional de Contratações
Públicas (PNCP), como diz o Art. 87 da Nova Lei:

Art. 87. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades da Administração Pública
deverão utilizar o sistema de registro cadastral unificado disponível no Portal
Nacional de Contratações Públicas (PNCP), para efeito de cadastro unificado de
licitantes, na forma disposta em regulamento. (BRASIL, 2021)

No caso da divulgação de licitações, o prazo para divulgação é de 20 dias úteis a partir


de sua assinatura, enquanto que para contratações diretas o prazo reduz-se para 10 dias úteis.
Caso o documento não seja enviado ao PNCP nos prazos previstos, este estará sob pena de
nulidade. Portanto, os órgãos públicos devem se atentar à divulgação de todos os seus editais
de licitação e contratação devido à sua obrigatoriedade.
Em especial, municípios de menos de 20.000 habitantes precisam implementar os
meios eletrônicos como forma oficial para a divulgação dos editais regidos pela Nova Lei até
junho de 2027, como trata o Art. 176. Municípios que não adotarem o PNCP devem publicar
em diário oficial as informações que esta Lei exige que sejam divulgadas no sítio eletrônico.
Não obstante, esses documentos precisam ser disponibilizados em sua versão física nas
repartições do órgão referente, sendo vedada a cobrança de qualquer valor, salvo o referente
ao fornecimento de edital ou de cópia de documento.

4. NOVOS PRAZOS PARA OS CONTRATOS

O Art. 105 da Lei 14.133/21 define que a regra para duração dos contratos
administrativos compreende o prazo de 12 meses, conforme disponibilidade de crédito
orçamentário. Mantém, portanto, o regramento imposto pela lei anterior e não revoga prazos
contratuais previstos em leis especiais. Contudo, a Nova Lei incorpora situações em que os
contratos podem ter duração superior a 12 meses.

Conforme o Art. 106 da Nova Lei, contratos de serviços ou fornecimentos


continuados, como de aluguel de equipamentos e de utilização de programas de informática,
podem durar até cinco anos, desde que observadas as seguintes diretrizes:

I - a autoridade competente do órgão ou entidade contratante deverá atestar a maior


vantagem econômica vislumbrada em razão da contratação plurianual;
II - a Administração deverá atestar, no início da contratação e de cada exercício, a
existência de créditos orçamentários vinculados à contratação e a vantagem em sua
manutenção;
III - a Administração terá a opção de extinguir o contrato, sem ônus, quando não
dispuser de créditos orçamentários para sua continuidade ou quando entender que o
contrato não mais lhe oferece vantagem.

Nota-se, portanto, a vinculação da conservação do contrato à disposição de créditos


orçamentários, fazendo jus aos preceitos de celeridade e custo-benefício. Deve-se reiterar
ainda que os contratos supracitados poderão ser “prorrogados sucessivamente, respeitada a
vigência máxima decenal, desde que haja previsão em edital e que a autoridade competente
ateste que as condições e os preços permanecem vantajosos para a Administração” (BRASIL,
2021, Art. 107).

Quanto a contratos com prazo de até 10 anos, o Art. 108 da Lei contempla:
● Contratos cujo objeto seja bens ou serviços produzidos ou prestados no País
que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa
nacional;

● Contratos cujo objeto seja materiais de uso das Forças Armadas, com exceção
de materiais de uso pessoal e administrativo (...);

● Contratos destinados à contratação com vistas ao cumprimento do disposto nos


arts. 3º, 3º-A, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973/04, que dispõe sobre incentivos à
inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo,
observados os princípios gerais de contratação constantes da referida Lei;

● Contratos destinados à contratação que possa acarretar comprometimento da


segurança nacional (...);

● Contratos destinados à contratação em que houver transferência de tecnologia


de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS) (...);

● Contratos para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de


insumos estratégicos para a saúde produzidos por fundação que, regimental ou
estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da Administração Pública
direta, sua autarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão,
desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e de estímulo à
inovação (...).

Inclui, dessa forma, contratos imbuídos de natureza tecnológica e de estímulo à


inovação, para proteção da soberania nacional, para pesquisa científica, para manutenção do
Sistema Único de Saúde e para fomento de órgãos de saúde pública. Assim sendo, concretiza
uma desburocratização dos processos públicos à medida que reduz o número de licitações
necessárias para a obtenção de determinados serviços e bens.

Contratos com prazo de até 15 anos, por outro lado, compreendem aqueles que são de
operação continuada de sistemas estruturantes de tecnologia da informação. Contratos que
gerem receitas e possuam investimento, ou seja, aqueles que impliquem a elaboração de
benfeitorias permanentes realizadas exclusivamente a expensas do contratado, podem se
estender até trinta e cinco anos. (BETTI, 2023, pp. 214-15)

Prazos indeterminados podem ser estabelecidos nos contratos em que seja usuária de
serviço público oferecido em regime de monopólio. É necessário ainda que, a cada exercício
financeiro, seja evidenciada a existência de créditos orçamentários vinculados à contratação,
de forma a garantir o interesse público, a economicidade e o desenvolvimento nacional
sustentável, como prevê o Art. 5° da Lei.

5. MECANISMOS DE CONTROLE DAS CONTRATAÇÕES

De acordo com o Art. 169 da Nova Lei:

Art. 169. As contratações públicas deverão submeter-se a práticas contínuas e


permanentes de gestão de riscos e de controle preventivo, inclusive mediante adoção
de recursos de tecnologia da informação (...) (BRASIL, 2021)

Logo, nos processos contratuais, os órgãos públicos devem adotar programas de


integridade para diminuir riscos e aumentar a eficácia dos procedimentos. A Lei define ainda
que as contratações devem se sujeitar a três linhas de defesa:

I - primeira linha de defesa, integrada por servidores e empregados públicos, agentes


de licitação e autoridades que atuam na estrutura de governança do órgão ou
entidade;
II - segunda linha de defesa, integrada pelas unidades de assessoramento jurídico e
de controle interno do próprio órgão ou entidade;
III - terceira linha de defesa, integrada pelo órgão central de controle interno da
Administração e pelo tribunal de contas.

Betti (2023, p. 240) reitera que as linhas de defesa são de responsabilidade da alta
administração do órgão público, que deve considerar custos e os benefícios oriundos de sua
implementação e buscar “eficiência, eficácia e efetividade nas contratações públicas”.

Ademais, de acordo com o Art. 170:

Art. 170. Os órgãos de controle adotarão, na fiscalização dos atos previstos nesta
Lei, critérios de oportunidade, materialidade, relevância e risco e considerarão as
razões apresentadas pelos órgãos e entidades responsáveis e os resultados obtidos
com a contratação (...). (BRASIL, 2021).

Improbidades na aplicação da Nova Lei, assim sendo, podem ser apresentadas aos
órgãos de controle ou ao Tribunal de Contas para que ocorra a fiscalização de controle dos
procedimentos. Órgãos intimados por suspensões cautelares de processos licitatórios devem,
num prazo de dez dias, sob pena de apuração de responsabilidade e obrigação de reparação de
prejuízo causado ao erário:
I - informar as medidas adotadas para cumprimento da decisão;

II - prestar todas as informações cabíveis;

III - proceder à apuração de responsabilidade, se for o caso. (BRASIL, 2021, Art.


171, Seç. 2)

CONCLUSÃO

Com base na análise das atualizações vindouras da Nova Lei de Licitações de 2021,
pode-se apreender que, ao estipular a utilização obrigatória de meios eletrônicos e fornecer
um portal digital nacional e unificado para processos de contratação e licitação, a legislação
vigente transforma significativamente os meios para publicação e divulgação de processos de
ordem pública. Nesse sentido, as alterações promulgadas pela nova lei atualizam os
procedimentos tradicionais para a aquisição de bens e serviços pelos órgãos públicos,
tornando-os mais acessíveis, transparentes e coerentes com as inovações tecnológicas dos
últimos anos.

Além disso, esse novo dispositivo legal prossegue na desburocratização das atividades
do Poder Público ao passo que estende os prazos de vigência dos contratos, reduzindo o
número de licitações sucessivas, possibilita a inversão de fases da licitação, institui um
mecanismo de centralização nacional de contratações públicas e reúne princípios de três
publicações distintas em uma única lei. Por conseguinte, a renovação legislativa impulsiona a
“efetiva e concreta consideração da satisfação do usuário como objetivo maior das políticas
públicas”, como corrobora o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral
da União (2016, p. 6).

Porém, é de imprescindível valor que os órgãos da Administração Pública se voltem às


transfigurações apresentadas pela lei de modo a adequar seus procedimentos e evitar
nulidades e improbidades que infrinjam os princípios de transparência, legalidade,
custo-benefício, isonomia, eficácia e celeridade pronunciados pelo Art. 5° da lei de 2021.
Logo, a alta administração dos órgãos supracitados devem se atentar à seleção de agentes de
contratação qualificados, responsáveis por funções derivadas dos processos licitatórios e
contratuais, conscientes das determinações e dos efeitos da nova legislação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, H. Nova Lei de Licitações e Contratos - Esquematizada: Lei


14.133/2021. São Paulo: Estratégia Concursos, 2021.

BETTI, B. Direito Administrativo. 1. ed. Brasília: CP Iuris, 2023.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil:


texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988. Brasília: Senado Federal,
Coordenação de Edições Técnicas, 2016.

_______. Lei N° 14.462, de 4 de agosto de 2011. Brasília: Casa Civil, 2011.

_______. Relatório do Grupo de Trabalho: Portaria n. 1.078, de 20 de junho de 2016.


Brasília: Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União,
2016.

CADIP. Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos: Lei N° 14.133/2021. 3.


ed, rev. e atual. São Paulo: CADIP, 2022.

COSTA, L. A.; DINIZ, R. C. Análise crítica da Lei N° 14.133/2021: Reflexões sobre a


Nova Lei de Licitações. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Direito) -
Centro Universitário Una Contagem. 2021.

FILHO, M. J. Curso de Direito Administrativo. 9. ed., rev. atual. e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2013.

SEBRAE. Impactos da Nova Lei de Licitações para a Administração Pública e


para os Pequenos Negócios. Maceió: Sebrae/AL, 2021.

SILVA, C. A.; OLIVEIRA, C. H.; LIMA, T. L. A nova Lei de Licitação (14.133/2021)


- Os impactos na administração pública municipal. Revista Nativa Americana de
Ciências, Tecnologia & Inovação, v. 2, n. 1. Ji-Paraná: UniSL, 2022.

Você também pode gostar