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Jaru
2023
Centro Universitário Aparício Carvalho – FIMCA
Sociedade Rondoniense de Ensino Superior Dr. Aparício Carvalho de Moraes
LTDA
Jaru,
2023.
NOTAS INTRODUTÓRIAS
Além da lei de 1993, a Lei 10.520/02, conhecida como Lei do Pregão, e a Lei
12.462/11, ou Regime Diferenciado de Contratações, também normatizaram os mecanismos
para contratações da Administração Pública, sendo que a primeira instituiu a modalidade de
pregão para aquisição de bens e serviços, enquanto a lei de 2011 estabeleceu o RDC, aplicável
a certas licitações e contratos pré-determinados, de modo a ampliar a eficiência e a
competitividade nas contratações, incentivar a inovação tecnológica e assegurar um
tratamento isonômico entre os participantes (BRASIL, 2011, Art. 1°).
DESENVOLVIMENTO
O Art. 1° da Nova Lei obriga a licitação e contratação em seus parâmetros para “as
Administrações Públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios” (BRASIL, 2021, Art. 1°). Abrange ainda, “quando no
desempenho de função administrativa”, os órgãos do Judiciário e do Legislativo do Distrito
Federal, da União e dos Estados. Nos Municípios, os órgãos do Poder Legislativo também
estão sujeitos à jurisdição da Nova Lei.
2. MODALIDADES DE LICITAÇÃO
No que diz respeito aos métodos licitatórios, o novo documento abole as modalidades
convite, regime diferenciado de contratações e tomada de preços, substituindo-os pela
modalidade “Diálogo Competitivo”, baseada em diálogos entre os licitantes a fim de criar um
ou mais caminhos que supram as necessidades licitadas. Segundo seu Art. 32:
Devido a isso, municípios de até 20.000 habitantes têm o prazo de até 6 anos a partir
da data de publicação da Nova Lei para promover gestão por competências e designar agentes
públicos para executar a Lei de 2021 (BRASIL, 2021, Art. 176). Logo, tais municípios
necessitam avaliar seus servidores da Administração Pública até junho de 2027 com o intuito
de selecionar os mais qualificados para constituir uma equipe de contratação e licitações,
tendo sempre em vista os padrões da razoabilidade, da impessoalidade e da moralidade.
Deve-se destacar, contudo, que a Nova Lei inaugurou novas diretrizes para essas
modalidades. A concorrência, como destaca Costa & Diniz (2021), “deixou de guardar um
valor para a sua aplicação”, enquanto que, para a modalidade de leilão, o leiloeiro oficial deve
ser contratado através dos seguintes parâmetros, expostos em seu Art. 31:
Para a modalidade de concurso, por outro lado, Rodrigues (2021, p.819), reforça que:
A respeito da modalidade pregão, por fim, consta no Art. 19, Parágrafo Único, que:
De acordo com o Art. 17 da Lei 14.133, o processo de licitação, que se dará através de
uma das modalidades supracitadas, deve seguir as seguintes fases sequenciais:
I - preparatória;
II - de divulgação do edital de licitação;
III - de apresentação de propostas e lances, quando for o caso;
IV - de julgamento;
V - de habilitação;
VI - recursal;
VII - de homologação. (BRASIL, 2021, Art. 17)
Na Seção 1 do mesmo Artigo, a Lei define ainda que a fase de habilitação poderá
anteceder as fases de apresentação de propostas e lances e de julgamento quando necessário,
desde que “mediante ato motivado com explicitação dos benefícios decorrentes” (BRASIL,
2021, Art. 17). Deve-se salientar também que, preferencialmente, as licitações devem ser
realizadas de forma eletrônica e que, caso sejam presenciais, as mesmas devem ser gravadas
em áudio e vídeo e registradas em forma de ata.
Para isso, os contratos devem ser divulgados pelo Portal Nacional de Contratações
Públicas (PNCP), como diz o Art. 87 da Nova Lei:
Art. 87. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades da Administração Pública
deverão utilizar o sistema de registro cadastral unificado disponível no Portal
Nacional de Contratações Públicas (PNCP), para efeito de cadastro unificado de
licitantes, na forma disposta em regulamento. (BRASIL, 2021)
O Art. 105 da Lei 14.133/21 define que a regra para duração dos contratos
administrativos compreende o prazo de 12 meses, conforme disponibilidade de crédito
orçamentário. Mantém, portanto, o regramento imposto pela lei anterior e não revoga prazos
contratuais previstos em leis especiais. Contudo, a Nova Lei incorpora situações em que os
contratos podem ter duração superior a 12 meses.
Quanto a contratos com prazo de até 10 anos, o Art. 108 da Lei contempla:
● Contratos cujo objeto seja bens ou serviços produzidos ou prestados no País
que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa
nacional;
● Contratos cujo objeto seja materiais de uso das Forças Armadas, com exceção
de materiais de uso pessoal e administrativo (...);
Contratos com prazo de até 15 anos, por outro lado, compreendem aqueles que são de
operação continuada de sistemas estruturantes de tecnologia da informação. Contratos que
gerem receitas e possuam investimento, ou seja, aqueles que impliquem a elaboração de
benfeitorias permanentes realizadas exclusivamente a expensas do contratado, podem se
estender até trinta e cinco anos. (BETTI, 2023, pp. 214-15)
Prazos indeterminados podem ser estabelecidos nos contratos em que seja usuária de
serviço público oferecido em regime de monopólio. É necessário ainda que, a cada exercício
financeiro, seja evidenciada a existência de créditos orçamentários vinculados à contratação,
de forma a garantir o interesse público, a economicidade e o desenvolvimento nacional
sustentável, como prevê o Art. 5° da Lei.
Betti (2023, p. 240) reitera que as linhas de defesa são de responsabilidade da alta
administração do órgão público, que deve considerar custos e os benefícios oriundos de sua
implementação e buscar “eficiência, eficácia e efetividade nas contratações públicas”.
Art. 170. Os órgãos de controle adotarão, na fiscalização dos atos previstos nesta
Lei, critérios de oportunidade, materialidade, relevância e risco e considerarão as
razões apresentadas pelos órgãos e entidades responsáveis e os resultados obtidos
com a contratação (...). (BRASIL, 2021).
Improbidades na aplicação da Nova Lei, assim sendo, podem ser apresentadas aos
órgãos de controle ou ao Tribunal de Contas para que ocorra a fiscalização de controle dos
procedimentos. Órgãos intimados por suspensões cautelares de processos licitatórios devem,
num prazo de dez dias, sob pena de apuração de responsabilidade e obrigação de reparação de
prejuízo causado ao erário:
I - informar as medidas adotadas para cumprimento da decisão;
CONCLUSÃO
Com base na análise das atualizações vindouras da Nova Lei de Licitações de 2021,
pode-se apreender que, ao estipular a utilização obrigatória de meios eletrônicos e fornecer
um portal digital nacional e unificado para processos de contratação e licitação, a legislação
vigente transforma significativamente os meios para publicação e divulgação de processos de
ordem pública. Nesse sentido, as alterações promulgadas pela nova lei atualizam os
procedimentos tradicionais para a aquisição de bens e serviços pelos órgãos públicos,
tornando-os mais acessíveis, transparentes e coerentes com as inovações tecnológicas dos
últimos anos.
Além disso, esse novo dispositivo legal prossegue na desburocratização das atividades
do Poder Público ao passo que estende os prazos de vigência dos contratos, reduzindo o
número de licitações sucessivas, possibilita a inversão de fases da licitação, institui um
mecanismo de centralização nacional de contratações públicas e reúne princípios de três
publicações distintas em uma única lei. Por conseguinte, a renovação legislativa impulsiona a
“efetiva e concreta consideração da satisfação do usuário como objetivo maior das políticas
públicas”, como corrobora o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral
da União (2016, p. 6).
FILHO, M. J. Curso de Direito Administrativo. 9. ed., rev. atual. e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2013.