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Modalidade de Curso
Pós-Graduação
1 - Contratos e Licitações
Caro aluno nessa disciplina você conhecerá os formatos e modelos de contratos que
se deve celebrar na Gestão Pública e Privada. Você deve articular os
conhecimentos nos estudos sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal. Bons estudos!
Disponível em:
http://www.comprasgovernamentais.gov.br/arquivos/caderno/cadernos_enap_36_fis
calizacao_de_contratos.pdf - Informações sobre forma e concepção de contrato.
1.1 - Introdução
Um bom contrato não é aquele em que uma das partes subjuga a outra à sua
vontade. Também não é o em que as partes, felizes e risonhas, caminham em busca
de um objetivo comum. Um bom contrato é o que não só bem celebrado, mas
sobretudo bem administrado conduz as partes a satisfazerem seus respectivos
interesses, apesar de serem estes divergentes.
Nas palavras de Floriano de Azevedo Marques Neto “não basta ter um contrato bem
elaborado e adaptado às necessidades da Administração e aos interesses do
contratado. É imperioso que haja uma gestão atenta e competente das atividades
contratuais, visando a tornar efetivas as condições nele inscritas”II Esses
profissionais necessitam, para o adequado exercício de suas funções, de
conhecimentos cada vez mais específicos, considerando a gama de exigências
atreladas à boa execução contratual, perpassando o domínio da legislação, da
doutrina mais abalizada e da jurisprudência do Tribunal de Contas da União (TCU),
além de reunirem conhecimentos específicos e aprofundados na área técnica da
pretendida fiscalização.
Nesta disciplina, que ora iniciamos, iremos estudar mais detidamente os contratos
de prestação de serviços terceirizados com dedicação exclusiva de mão-de-obra,
também conhecidos como contratos de terceirização, regulamentados,
especialmente, pela Lei nº 8.666, de 1993, Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002,
Decreto nº 2.271, de 7 de julho de 1997, Decreto nº 1.094, de 23 de março de 1994
e pela Instrução Normativa SLTI/MPOG nº 2, de 30 de abril de 2008, perfazendo
todo o itinerário de atuação destes agentes, desde o planejamento da contratação,
passando pela elaboração do edital e contrato, pela gestão da execução, bem como
o encerramento e eventual aplicação de penalidade.
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I - Planejamento.
II - Coordenação.
III - Descentralização.
IV - Delegação de Competência.
V - Controle.
de modo que constitui uma boa prática administrativa a definição de rotina que insira
esses servidores na fase de planejamento da contratação.
Para os fins da Lei nº 8.666, de 1993, considera-se contrato todo e qualquer ajuste
entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, em que haja um
acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações
recíprocas, seja qual for a denominação utilizada (Art. 2º, Parágrafo único). Quando
a Administração figura na relação contratual, a doutrina administrativista Brasileira,
de maneira quase uníssona2 VI VII, separa esses negócios em contratos de direito 2
Para fins de registro, o Desembargador Federal Dr. João batista Gomes Moreira,
defende, com galhardia, a tese de que essa divisão em duas classes de contratos,
ligada à dicotomia cartesiana entre direito público e privado, merece ser superada.
ADI 493, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 25/06/1992,
DJ 04-09-1992 PP-14089 EMENT VOL-01674-02 PP-00260 RTJ VOL-00143-03 PP-
00724 15 Art. 62 (...) § 3o Aplica-se o disposto nos arts. 55 e 58 a 61 desta Lei e
demais normas gerais, no que couber: I - aos contratos de seguro, de financiamento,
de locação em que o Poder Público seja locatário, e aos demais cujo conteúdo seja
regido, predominantemente, por norma de direito privado; II - aos contratos em que a
Administração for parte como usuária de serviço público. Ao comentar o sobredito
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Não por acaso, o art. 62, § 3º, I, alude a seguro e a financiamento. Ambos os
contratos são objeto de regulação estatal muito estrita, subordinando-se a
exploração profissional dessas atividades a regras severas, inclusive para evitar a
diferenciação de tratamento entre os clientes diversos. Se é certo que a
diferenciação destas duas figuras não é tarefa fácil, de igual modo não restam
dúvidas quanto à natureza de contrato administrativo atribuída aos contratos de
prestação de serviços terceirizados com dedicação de mão-de-obra, ora estudados.
O Termo de contrato ou instrumentos equivalentes o fazer do contrato, chegado ao
momento de confecção do instrumento contratual, a Administração deve decidir se
utilizará um termo contratual ou se este será substituído por algum dos instrumentos
equivalentes, conforme autoriza o art. 62 da Lei nº 8.666, de 1993, abaixo
reproduzido: Art. 62.
O art. 55 estabelece em conjunto com o art. 61, ambos da Lei nº 8.666, de 1993, as
cláusulas que devem constar em todo instrumento de contrato e, no que couber, nos
instrumentos equivalentes. Confira suas disposições: Art. 55. São cláusulas
necessárias em todo contrato as que estabeleçam:
3.1 Permitir situação que crie a possibilidade de causar dano físico, lesão corporal
ou consequências letais, por ocorrência;
3.2 Suspender ou interromper, salvo por motivo de força maior ou caso fortuito, os
serviços contratuais por dia e por unidade de atendimento;
3.3 Manter empregado sem qualificação para executar os serviços contratados, por
empregado e por dia;
3.4 Permitir a presença de empregado sem uniforme, com uniforme manchado, sujo,
mal apresentado ou sem crachá, por empregado e por ocorrência;
3.5 Recusar-se a executar serviço determinado pela fiscalização, por serviço e por
dia;
3.6 Zelar pelas instalações do INSS utilizadas, por item e por dia;
3.15 Cumprir quaisquer dos itens do Edital e seus Anexos não previstos nesta tabela
de multas, por item e por ocorrência;
3.16 Cumprir quaisquer dos itens do Edital e seus Anexos não previstos nesta tabela
de multas, após reincidência formalmente notificada pelo órgão fiscalizador, por item
e por ocorrência.
4 - GRAU CORRESPONDÊNCIA
02, de 2008, também possui dispositivos que devem ser observados quando da
elaboração do contrato administrativo. O primeiro que destacamos aqui é a
obrigação para a definição do critério de medição, que, preferencialmente, privilegie
a medição dos resultados. Art. 11. A contratação de serviços continuados deverá
adotar unidade de medida que permita a mensuração dos resultados para o
pagamento da contratada, e que elimine a possibilidade de remunerar as empresas
com base na quantidade de horas de serviço ou por postos de trabalho.
Mencionado artigo assume grande importância por duas razões. A uma, porque
busca afastar das contratações públicas o chamado paradoxo lucro-incompetência.
Assim, ele deve ser considerado na própria fase de planejamento da contratação,
fazendo com que a Administração refine o seu modelo de contratação. Por outro
lado, ele também determina que a Administração preveja em contrato o critério que
será utilizado para medir o serviço prestado. Esta previsão em contrato é
fundamental para o sucesso da fiscalização, pois é por meio destes dispositivos que
o fiscal do contrato poderá verificar e atestar se o serviço foi prestado de acordo com
os parâmetros contratuais. Neste sentido, é pertinente resgatar o Acórdão nº 2334-
36/11-P, relatado pelo Ministro Walton Alencar Rodrigues. Naquela assentada, o
TCU entendeu que seria irregular a existência de atesto, liquidação e pagamento
sem discriminação de datas, trajetos percorridos e respectiva quilometragem dos
serviços prestados. Ora, o fiscal somente pode saber o que deve constar do atesto,
e eventualmente ser cobrado caso este não seja executado de modo correto, se
houver previsão contratual apontando o que deve ser verificado, razão pela qual é
recomendável a previsão em contrato dos critérios de medição a serem aplicados na
fiscalização. Outro cuidado importante é fazer constar no edital e no instrumento de
contrato as regras contidas nos arts. 19, XIX, alínea “K” e 19-A, inciso IV e V, ambos
da Instrução Normativa SLTI/ MPOG nº 02, de 2008, que determinam a retenção da
garantia contratual e de eventuais pagamentos à contratada em caso de
inadimplemento de obrigações trabalhistas ou previdenciárias dos empregados
terceirizados alocados na prestação de serviços terceirizados.
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Sua criação veio disciplinar os artigos 163 e 169 da Constituição Federal que exigem
lei qualificada para disciplinar as "finanças públicas", ou seja, a entrada e saída de
recursos financeiros dos cofres públicos. O desequilíbrio orçamentário, o gasto
excessivo com pessoal, as operações irresponsáveis de crédito, o descuido com o
patrimônio público, tudo passou a ser fiscalizado e controlado através de critérios
estipulados pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
Não obstante, diferente não seria que o alcance de tão importante lei estendesse
seus "braços" em outros textos legais e refletisse diretamente nas licitações e
contratos administrativos.
Assim, para que as decisões tomadas pelo poder público, de forma unilateral,
tenham legitimidade, faz-se necessária a participação daqueles que serão atingidos,
seguindo um procedimento formal que permita ao administrado pedir, alegar, provar.
Tal procedimento deve ser pautado nos princípios que norteiam a Administração
Pública e, principalmente, naqueles que expressamente regem as licitações.
Como em toda gestão, seja ela privada ou pública, a decisão de contratar é requisito
essencial, para não dizer inerente, ao cargo do administrador. Entretanto,
diferentemente do administrador da esfera privada, que possui liberdade e
discricionariedade plena para a tomada de decisão, o gestor público somente poderá
agir de acordo com o que lhe autoriza a legislação. Isto porque a decisão de
contratar na esfera pública deve ser estritamente pautada nos princípios
constitucionais, com destaque ao princípio da legalidade.
Ao longo de décadas, o país assiste aos desmandos por parte de muitos gestores
da administração pública em nosso país, além de verdadeiros indicadores de
distorções das atribuições do Estado, em que se observa a clara tendência à
apropriação privada do patrimônio público.
Assim, o objetivo principal da referida lei foi impor normas de conduta, de forma
organizada, para os gestores públicos dos entes federativos, seja da União,
Estados, Distrito Federal e Municípios, não somente aos gestores das
administrações diretas, como também de toda a administração pública indireta.
A forma pela qual se opera a gestão fiscal deve ter a mais absoluta transparência,
com ampla divulgação, em estrito cumprimento ao comando constitucional do artigo
37. A publicidade é requisito de eficácia e de moralidade dos atos administrativos,
por meio do qual se torna público o comportamento da Administração Pública,
especialmente, em relação ao aspecto financeiro. [03]
Significa dizer que a LRF veio estabelecer não uma nova espécie de
responsabilidade, mas estatuir condições, termos e requisitos para o regular
exercício da gestão financeira e patrimonial do Poder Público, cujo eventual
descumprimento atrairá, em processo administrativo regular, juízos de reprovação a
ilícito administrativo, com possíveis repercussões nos campos da responsabilização
civil do Estado e da responsabilização penal pessoal do gestor. A violação dos
procedimentos previstos na LRF ensejará, portanto, apuração nas três conhecidas
esferas de responsabilidade, a iniciar-se pela administrativa, qualificando-se o objeto
pelo fato de constituir ilícito contra a gestão pública. [05]
Disponível em:
Neste esteio, a Lei Complementar 101/00, veio acrescentar uma série de comandos,
condicionamentos e cautelas à estrutura jurídica das licitações e contratos
administrativos.
Notoriamente, a Lei Complementar n.º 101/00 (LRF) traz exigências para o equilíbrio
de receitas e despesas públicas, permitindo que o saneamento financeiro resultante
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proporcione uma atuação mais eficaz do Estado em benefício dos interesses sociais.
Assim, como a maior parte dos processos de licitação terá ao seu fim uma despesa,
e a decisão de seguir ou não com o certame se dá ainda na fase interna, esta
deverá adequar-se a algumas normas da LRF.
O artigo 16, §4º, inciso I, menciona expressamente que todos os ditames contidos
no caput constituem condições prévias para o empenho e licitação de serviços,
fornecimentos de bens ou execução de obras.
Observa-se a partir da leitura do inciso I, que não basta a medição do impacto sobre
o exercício corrente e sim sobre três exercícios, o vigente e os dois subsequentes.
Há também uma referência não somente do impacto orçamentário, mas também do
financeiro, demonstrando uma preocupação com o lastro financeiro que extinguirá,
através do pagamento, a obrigação criada.
Os reflexos da LRF na fase interna das licitações possuem o condão de alterar toda
a série de procedimentos antes somente regidos pela Lei Nacional de Licitação. A
análise jurídica prévia dos editais adquire uma maior dimensão e complexidade
quanto aos comandos impostos pela Lei Complementar n.º 101/00.
Assim, ambas são exigidas para a realização das licitações de obras, serviços e
compras, apesar de diferidas no tempo: os recursos orçamentários como pré-
requisito da licitação e os recursos financeiros como decorrência.
Evidente que qualquer contratação que não implique despesas para a Administração
não está sujeita as regras ora descritas no presente capítulo. Da mesma forma, por
exemplo, podemos citar o registro de preços (artigo 22, §2º, da Lei nº 8.666/93), que
representa o cadastramento de fornecedores para fornecimento futuro e incerto, não
sendo sujeito às restrições da Lei de Responsabilidade Fiscal ora mencionadas.
Art. 42 - É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos
2(dois) quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não
possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas
no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este
efeito.
Pode-se destacar aqui efeitos diretos sobre o processo licitatório, pois tal dispositivo
pode dificultar o cumprimento do contrato, caso seja verificado que o pagamento não
poderá ser realizado até o fim do ano corrente.
Ou seja, se a despesa deve ser paga no exercício, não há como assumir obrigação
acima de tal período. Parece óbvio que as despesas referidas sejam aquelas para
as quais não há previsão específica. Se tal despesa, por exemplo, estiver prevista
na lei orçamentária e há recursos disponíveis, não há qualquer obstáculo por parte
da lei.
Ora, tal dispositivo cria mais um procedimento a ser observado pelos ordenadores
de despesa, ou seja, deverá verificar e planejar o cálculo dos compromissos
assumidos com o volume total da despesa, considerando todos os encargos que
serão empregados na vigência do contrato.
Assim, por tudo o que foi discorrido sobre o artigo 42 da LRF, evidente é sua
aplicação na fase interna da licitação, devendo a Administração Pública antes da
publicação do aviso de edital, na hipótese de oito meses antes do término de
mandato, projetar os custos atual e final, programar a obra ou serviço em sua
totalidade, bem como prazos de execução (art. 8º, caput, da Lei n.º 8.666/93) e,
principalmente, através da programação financeira mensal e o mecanismo de
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Diante de todo o estudo ora apresentado, evidentemente que muito do que foi
explanado ainda é motivo de divergências entre doutrinadores, operadores do
Direito, gestores públicos e as cortes de contas de nossos estados.
Fica evidente que toda a complexidade imposta pela Lei de Responsabilidade Fiscal
na fase interna da licitação não é mera burocratização do procedimento, mas sim
atos necessários para a busca da transparência, responsabilidade e eficiência na
gestão pública.
NOTAS
1. OLIVEIRA, Regis Fernandes de. Curso de Direito Financeiro. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2008.
2. MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de Segurança, p. 86
3. OLIVEIRA, Regis Fernandes. Curso de Direito Financeiro, p. 476 e 477.
4. Idem, p. 395
5. Apud MOTTA, Carlos Pinto Coelho. Eficácia nas licitações e Contratos, 2005, p.753.
6. MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. A lei de responsabilidade fiscal e seus princípios, p.
93
7. MOTTA, Carlos Pinto Coelho. Eficácia nas Licitações e Contratos. Belo Horizonte: Del Rey,
2005.
8. RAMOS NETO, Plínio Valente. Influxos da Lei de Responsabilidade Fiscal no regime das
Licitações e Contratos Administrativos – Inteligência do Art. 42 da LRF, p.413
9. Artigo 80, §1º, do Decreto-Lei 200/67
10. CRUZ, Flávio da Cruz (coordenador). Lei de Responsabilidade Fiscal Comentada, p. 171
11. OLIVEIRA, Regis Fernandes de. Curso de Direito Financeiro, p. 502.
Trata-se de uma expressão abrangente, uma vez que não está delimitada pelo
procedimento licitatório em si, mas perpassa todas as fases da contratação pública,
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Em outros termos, podemos afirmar que a licitação sustentável não pode mais ser
considerada como exceção no cotidiano da Administração Pública. Ao contrário,
ainda que sua implantação esteja ocorrendo de uma maneira gradativa, a realização
da licitação sustentável pela Administração Pública, na forma descrita nos
parágrafos anteriores, deixou de ser medida excepcional para ser a regra geral.
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- menor impacto sobre recursos naturais (flora, fauna, solo, água, ar);
- origem ambientalmente regular dos recursos naturais utilizados nos bens, serviços
e obras. (Art. 4º do Decreto nº 7.746, de 05 de junho de 2012, que regulamenta o
art. 3º da Lei nº 8.666/93).
REFERÊNCIAS
CRETELLA JR, José. Das licitações públicas. Rio de Janeiro: Forense, 1993.
CRUZ, Flavio da. et al. Lei de Responsabilidade Fiscal Comentada. ed. 5. São
Paulo: Editora Atlas S.A, 2006. 353p.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Curso de Direito Administrativo. ed. 21. São Paulo:
Atlas, 2008. 824p.
MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. ed 19. São
Paulo: Malheiros, 2005.1016p.
MUKAI, Toshio. O Novo Estatuto Jurídico das licitações e contratos públicos. São
Paulo: Revista dos Tribunais,1993.
OLIVEIRA, Regis Fernandes de. Curso de Direito Financeiro. ed. 2 .São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2008. 637p.