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Modalidade de Curso
Pós-Graduação
1. Introdução
Ainda será objeto deste trabalho um pequeno enfoque sobre os meios que a
Administração pode utilizar para aprimorar seus quadros funcionais e
administrativos, e, em maior âmbito, desenvolver postura ética em todos os cidadãos
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Por Estado de Direito entende-se a organização estatal onde todos, até mesmo os
governantes, se submetem ao império da lei.
O problema é que a palavra social, por estar aberta a várias significações, faz com
que cada ideologia venha a ter sua visão própria do que seja o social. Um exemplo
disto é que o Marxismo, o Fascismo, o Getulismo e até mesmo o Nazismo eram
considerados Estados Sociais de Direito, embora se possa questionar se eram
Estados onde, efetivamente, estava presente a democracia.
Diante disto, resta claro que nem sempre o Estado Liberal e o Estado Social de
Direito caracterizam um Estado Democrático.
Deve ser um Estado promotor de justiça social, tendo a legalidade como princípio
basilar. Porém, a lei não deve ficar adstrita em uma esfera puramente normativa e
abstrata, mas, sim, deve influir na realidade social do povo.
Segundo o mestre Hely Lopes Meirelles a Administração Pública pode ser entendida
como:
Assim sendo, para que o Estado atinja suas finalidades e promova justiça social é
essencial que toda a máquina administrativa trabalhe com eficiência, ética e
responsabilidade.
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Para o Estado desempenhar suas atividades, utiliza-se dos agentes públicos que
irão externar seus atos de governo e executá-los, concretizando o bem comum a
que se destina.
“A expressão “agente público” é utilizada para designar todo aquele que se encontre
no cumprimento de uma função estatal, quer por representá-lo politicamente, por
manter vínculo de natureza profissional com a Administração, por ter sido designado
para desempenhar alguma atribuição ou, ainda, por se tratar de delegatório de
serviço público”.[3]
Uma vez que é através das atividades desenvolvidas pela Administração Pública
que o Estado alcança seus fins, seus agentes públicos são os responsáveis pelas
decisões governamentais e pela execução dessas decisões.
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A palavra ética tem sua derivação do grego e encerra a ideia de conformidade com
os costumes. Segundo definição encontrada no dicionário da língua portuguesa, a
palavra ética designa:
Devemos atentar para o fato de que a Administração deve pautar seus atos pelos
princípios elencados na Constituição Federal, em seu art. 37 que prevê: “A
administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”.
Ressalte-se que todos os Poderes estão sujeitos ao mesmo controle, desde que os
atos emanados deem-se no exercício de função tipicamente administrativa.
Por outro lado, o Ministério Público desempenha importante papel no controle dos
atos administrativos, sendo, hoje, o órgão mais bem estruturado para tal finalidade,
devido às funções que lhe foram atribuídas pelo artigo 129 da Carta Magna, onde,
além da função de denunciar autoridades públicas por crimes praticados no
exercício de suas funções, tem ainda competência para realizar o inquérito civil,
requisitar diligências investigatórias e atuar como autor da ação civil pública,
objetivando a reprimir atos de improbidade administrativa e resguardar interesses
coletivos e difusos.
O poder-dever que a lei atribui aos órgãos públicos de controlar os atos emanados
pela Administração não pode ser renunciado sob pena de responsabilização de
quem se omitiu, sendo que tal controle abrange a fiscalização e a correção dos atos
ilegais, bem como, dos inoportunos ou inconvenientes para o interesse público.
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Deve-se ressaltar que não se trata de controle externo, uma vez que os referidos
Conselhos integram a instituição controlada, não prejudicando o controle externo
exercido pelos Tribunais de Contas, limitando-se, o controle dos citados órgãos, aos
atos e a atividade administrativa do Judiciário e do Ministério Público, não
abrangendo os atos jurisdicionais ou judiciais propriamente ditos.
bem comum, ou seja, uma gestão ajustada aos princípios constitucionais insculpidos
no artigo 37 da Carta Magna.
Aliado a isto, temos presenciado uma nova gestão preocupada com a preparação
dos agentes públicos para uma prestação de serviços eficientes que atendam ao
interesse público, o que engloba uma postura governamental com tomada de
decisões políticas responsáveis e práticas profissionais responsáveis por parte de
todo o funcionalismo público.
Neste sentido, Cristina Seijo Suárez e Noel Añez Tellería, em artigo publicado pela
URBE, descrevem os princípios da ética pública, que, conforme afirmam, devem ser
positivos e capazes de atrair ao serviço público, pessoas capazes de desempenhar
uma gestão voltada ao coletivo. São os seguintes os princípios apresentados pelas
autoras:
- O comportamento ético deve levar o funcionário público à busca das fórmulas mais
eficientes e econômicas para levar a cabo sua tarefa;
- O funcionário deve atuar sempre como servidor público e não deve transmitir
informação privilegiada ou confidencial. O funcionário, como qualquer outro
profissional, deve guardar o sigilo de ofício;
Por outro lado, a nova gestão pública procura colocar à disposição do cidadão
instrumentos eficientes para possibilitar uma fiscalização dos serviços prestados e
das decisões tomadas pelos governantes. As ouvidorias instituídas nos Órgãos da
Administração Pública direta e indireta, bem como junto aos Tribunais de Contas e
os sistemas de transparência pública que visam a prestar informações aos cidadãos
sobre a gestão pública são exemplos desses instrumentos fiscalizatórios.
Tal objetivo somente será possível através de uma profunda mudança na educação,
onde os princípios de democracia e as noções de ética e de cidadania sejam
despertados desde a infância, antes mesmo de o cidadão estar apto a assumir
qualquer função pública ou atingir a plenitude de seus direitos políticos.
Pode-se dizer que a atual Administração Pública está despertando para essa
realidade, uma vez que tem investido fortemente na preparação e aperfeiçoamento
de seus agentes públicos para que os mesmos atuem dentro de princípios éticos e
condizentes com o interesse social.
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Assim sendo, pode-se dizer que a atual Administração Pública está caminhando no
rumo de quebrar velhos paradigmas consubstanciados em uma burocracia viciosa
eivada de corrupção e desvio de finalidade. Atualmente se está avançando para
uma gestão pública comprometida com a ética e a eficiência.
Para isso, deve-se levar em conta os ensinamentos de Andrés Sanz Mulas que em
artigo publicado pela Escuela de Relaciones Laborales da Espanha, descreve
algumas tarefas importantes que devem ser desenvolvidas para se possa atingir
ética nas Administrações.
“Para desenhar uma ética das Administrações seria necessário realizar as seguintes
tarefas, entre outras:
- Definir claramente qual é o fim específico pelo qual se cobra a legitimidade social;
- Determinar os meios adequados para alcançar esse fim e quais valores é preciso
incorporar para alcançá-lo;
5. CONCLUSÃO
Resta claro que a gestão pública deve estar fundada nos princípios constitucionais
que regem a Administração Pública, ficando, os agentes públicos, sujeitos ao
controle administrativo, judicial e social em todas as suas decisões e atividades
administrativas desenvolvidas no âmbito público.
Para que se possa mudar o comportamento de toda a sociedade com vistas a atingir
o objetivo maior de obtermos uma Administração Pública totalmente ética, atuando
com economia, eficiência e acima de tudo dentro dos princípios democráticos, é
necessário mudar a forma de pensar e de sentir do cidadão em geral. E, neste
sentido, pode-se observar que nosso país está começando a dar os primeiros
passos, embora muito ainda esteja por fazer.
Assim sendo, é evidente que a nova Administração Pública deve, cada vez mais,
investir em preparação e atualização de seus agentes públicos para proporcionar-
lhes condições de conhecer as melhores técnicas e os melhores meios de atingir um
serviço público voltado ao interesse geral da sociedade. Deve ainda, implementar e
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“(...) Se a ética tem a ver com a melhora das pessoas, também tem a ver com a
melhora das instituições. Daí que devem ser institucionalmente muito valorados os
mecanismos que ajudem aos administradores a comportar-se eticamente, tais como
os códigos de comportamento, a aplicação das normas de controle e os conselhos
cidadãos de vigilância. A liderança, para tanto, está indissoluvelmente unida ao
comportamento ético. Daí a importância que os tomadores de decisões na gestão
governamental possuam um sentido de serviço. As pessoas são capazes dos
maiores esforços e sacrifícios se encontram sentido no que fazem. Transmitir esse
sentido é a missão da liderança, pois uma das condições de ser líder é sua
capacidade de influência. A principal missão do líder é desenvolver líderes ao seu
redor. Líderes dispostos a defender e difundir os valores morais que sustentam a
ação empreendida na gestão pública e na ética.” (tradução livre).[21]
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NOTAS
Notas
1- Hely Lopes MEIRELLES. Direito Administrativo Brasileiro. 30.ed. São Paulo:
Malheiros, 2005. p. 64.
2- Hely Lopes MEIRELLES. Ob. cit. p. 65.
3- Henrique Savonitti MIRANDA. Curso de Direito Administrativo. 3. ed. Brasília:
Senado Federal, 2005. p. 137.
4- Hely Lopes MEIRELLES. Ob. cit. pp. 76-81.
5- Dicionário da Língua Portuguesa. Melhoramentos, 2002. p. 122.
6- Hely Lopes MEIRELLES. Ob. cit. pp. 87-96.
7- CF/1988. “Art. 37. § 3º. A lei disciplinará as formas de participação do usuário na
administração pública direta e indireta, regulando especialmente: I – as reclamações
relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a manutenção de
serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da
qualidade dos serviços; II – o acesso dos usuários a registros administrativos e a
informações sobre atos do governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII; III –
a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo,
emprego ou função na administração pública.”
8- Maria Sylvia Zanella DI PIETRO. Direito Administrativo. 19 ed. São Paulo: Atlas,
2006. p.694.
9- CF/1988: “Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de
suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de
Órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem,
pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando
crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada.”
10- CF/1988: “Art. 58, § 3º. As comissões parlamentares de inquérito, que terão
poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos
nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e
pelo Senado federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um
terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo,
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sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que
promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.”
11- Márcio Fernando Elias ROSA. Direito Administrativo. 2. ed. São Paulo: Saraiva,
1999. p. 177.
12- CF/1988. Art. 5º, LXIX e Lei nº 1.533, de 31 de dezembro de 1951.
13- Cf/1988. Art. 5º, LXXIII e Lei nº 4.717 de 29 de junho de 1965.
14- CF/1988. Art. 129, III e Lei nº 7.347 de 24 de julho de 1985.
15- CF/1988. Art. 5º, LXVIII.
16- CF/1988. Art. 5º, LXXII.
17- CF/1988, Arts. 5º, LXXI, 102, I, “a” e § 1º e 103, § 2º.
18- Hely Lopes MEIRELLES. Ob. cit. pp. 202-203.
19- Cristina Seijo SUÁREZ & Noel Añez TELLERÍA. La Gestión Ética en la
Administración Pública: base fundamental para la gerencia ética del desarrollo. pp.
16-17.
20- Andrés Sanz MULAS. Breves Reflexiones sobre Ética y Administración Pública.
p. 6.
21- Juan de Dios Pineda GUADARRAMA. Ética para el Desarrollo: tres vertientes
contemporáneas de la ética pública. pp. 10-11.
Referências
BRAGA, Pedro. Ética, Direito e Administração Pública. 2. ed. Brasília: Senado
Federal, 2007.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 12. ed. São Paulo: Atlas,
2000.
Dicionário da Língua Portuguesa. Jaraguá do Sul: Melhoramentos, 2002.
FIGUEIREDO, Carlos Maurício C. Ética na Gestão Pública e Exercício da Cidadania:
o papel dos tribunais de contas brasileiros como agências de accountability.
Disponível em
< http://unpan1.un.org/intradoc/groups/public/documents/CLAD /clad0044116.pdf >.
Acesso em: 04/abr/2011, às 15h13min.
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