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Resumo Direito Administrativo 1

Thalita Menicucci Bortoloso P. Anderson Pedra

UNIDADE I
O Direito Administrativo serve para orientar e regrar a Administração Pública, de forma
interna, como também no relacionamento das demais pessoas com essa administração.

 SOCIEDADE: pessoas de diversas culturas e tradições que ratificam a existência do


Estado. A sociedade orienta o governo, portanto, não se espera uma separação entre
sociedade e governo, já que o último é o representante escolhido pela e para a
sociedade.
 ESTADO: pessoa jurídica de direito público (todos os componentes da federação –
união, municípios, entes feriados – materializam o estado), capaz de contrair
obrigações e adquirir direitos, compondo-se de órgãos. É um ente personalizado, vez
que possui um CNPJ.
 Órgãos: São centros de competência instituídos para o desempenho de funções
estatais através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que
pertencem. Não possuem CNPJ.
OBS: Quando falamos em Administração Pública tanto faz o nome "órgão" ou "entidade".
Atenção! É possível que um órgão, apesar de não ser pessoa jurídica, tenha CNPJ, para
fim de controle da receita federal. O Ministério Público, o Tribunal de Contas e a
Defensoria Pública são órgãos constitucionais de soberania que, apenas por determinação
doutrinária, não possuem personalidade jurídica, não sendo independentes como os 3
poderes. Apesar disso, na prática, recebem o mesmo tratamento no que tange a sua
autonomia e independência.
 GOVERNO: é quem administra a máquina. É a personificação do Estado. A cada 4
anos, a sociedade escolhe o modelo de governo desejado para o Estado, seja
assistencialista ou desenvolvimentista.
 ADMINISTRAÇÃO: Tem que servir a todos e ao governo dentro dos limites do Estado.
É a máquina/meio administrativo constituída de instrumentos que fazem a pessoa
jurídica andar. Quando se fala no tamanho do Estado, refere-se ao tamanho da
administração, significa que alguém vai modificar o modelo administrativo.
OBS: Todos os países do mundo têm burocracia, sendo ela é necessária, mas devendo
ser cumprida corretamente.
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 ESTADO ENTE-PERSONALIZADO: Art. 41, CC: São pessoas jurídicas de direito público
interno: I - a União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios; IV - as
autarquias, inclusive as associações públicas; V - as demais entidades de caráter público criadas
por lei. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a
que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu
funcionamento, pelas normas deste Código.
O Estado se estrutura por meio de sua administração que se organiza por meio dos
"poderes”, que possuem independência e harmonia entre si, de forma a evitar a
supremacia de qualquer deles sobre os outros.
A cada órgão/entidade se distribui funções (competências), devendo o Estado prestar
um serviço a sociedade, exercendo as funções legislativa, administrativa e judiciária.
 Funções Típicas e Atípicas: O Estado tem a finalidade prestacional para o
cidadão, com o objetivo de proporcionar segurança jurídica, paz social, bem-estar
e promover a justiça. Atribuiu-se ao Poder Legislativo a função
normativa/legislativa; ao Executivo, a função executiva/administrativa; e ao
Judiciário, a função jurisdicional, entretanto, não há exclusividade no exercício das
funções exercidas pelos poderes, apesar de haver preponderância.
O fato de existirem funções típicas e atípicas faz com que todos os outros poderes possam
exercer a função administrativa, mesmo que de forma atípica. A administração exerce,
além de funções executivas (típicas), as funções legislativas e judiciárias (atípicas).
 Função Administrativa: "É a atividade do Estado de realizar seus fins debaixo da
ordem jurídica" (Otto Mayer).
A função administrativa é a função que o Estado, ou quem lhe representa, exerce dentro
de uma estrutura de regimes hierárquicos. O objetivo do direito administrativo é analisar a
função administrativa e como ela deve atuar para que suas finalidades sejam alcançadas.
Não é, necessariamente, o Estado quem vai fornecer o bem-estar (por exemplo),
mas é ele quem vai garantir os meios necessários para que cada indivíduo tenha essa
finalidade protegida, como o emprego, a previdência, a saúde, a educação, etc.
Em suma, a função administrativa é aquela exercida pelo Estado ou por seus
delegados, subjacentemente à ordem constitucional e legal, sob o regime de direito
público, com vistas a alcançar os fins colimados pela ordem jurídica. Por sua grande
amplitude, a função administrativa abrange atribuições relevantes de instituições estatais.
Ex. caso do MP e da Defensoria Pública. Mesmo que tenham sede constitucional e desempenhem
papel estratégico no sistema das garantias coletivas, nem por isso suas ações deixam de enquadrar-se
como função adm., já que seus agentes não legislam nem prestam jurisdição.

 Critérios para definição da função administrativa:


 Subjetivo (orgânico): Analisa o agente da função. Olhar o órgão, pessoa, ou
agente que praticou o ato e, desta forma, consegue verificar qual função foi
exercida (se foi um agente da administração (administrativa), etc.). – É um
critério ultrapassado, visto que os órgãos e pessoas exercem uma função
predominante, chamada de típica, mas também exercem as funções atípicas.
Ex. Um ato praticado pelo secretário de saúde demonstra uma função administrativa. Às vezes,
porém, um ato pode vir de uma secretaria, mas que seja uma portaria, possuindo natureza que,
essencialmente, não é administrativa.
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 Objetivo material: Analisa o conteúdo da atividade. Verifica o ato,


materialmente, e não o sujeito. Esse critério busca reconhecer a função a
partir de elementos intrínsecos a ela, isto é, que se consolidem em sua
natural tipologia: atos legislativos são da função legislativa, atos executivos
da função executiva, e atos jurídicos da função judiciária, podendo, a função,
se enquadrar de forma típica ou atípica a quem a esta realizando.
Ex. O congresso afastou a Dilma – é um ato jurídico (exerce uma função judiciária), feito pelo
poder legislativo.
OBS: diz-se que a atividade característica da função legislativa se tipifica pela expedição
de atos gerais e abstratos; a função administrativa por ser prática, ou então por ser
concreta, visa de modo direto e imediato a realização da utilidade pública; e a atividade
jurisdicional por consistir na solução de controvérsias jurídicas.
 Objetivo formal: Explica a função pelo regime jurídico em que se situa
determinada disciplina. Trata-se de um objetivo tautológico. Assim, se for o
regime publicista, estamos dentro do direito administrativo.
Este critério se apega essencialmente em características de direito, em atributos
especificamente retirados do tratamento normativo que lhes corresponda,
independentemente da similitude material que estas ou aquelas atividades possam
apresentar entre si.
Assim, o próprio da função legislativa seria a generalidade, pois sua especificidade
adviria de possuir o fim de inovar inicialmente na ordem jurídica, com fundamento na
Constituição e na lei; o próprio da função administrativa seria a de se desenvolver
mediante comandos infralegais e infraconstitucionais, expedidos de acordo com a estrutura
hierárquica – regime jurídico rígido; o próprio da função jurisdicional seria resolver
controvérsias com a força jurídica da definitividade - o regime jurídico ligado ao
procedimento do processo, é consideravelmente livre.
OBS: Não é um critério preciso para informar quando o Estado está exercendo o direito
administrativo.

DIREITO ADMINISTRATIVO
É o ramo do direito voltado para a solução de conflitos entre o Estado e os administrados.

 Veio a lume com a instituição do Estado de Direito, no final do século XVIII. Como
surgiu logo após um Estado Ditatorial, trouxe vários conceitos e institutos que ainda
o remontam à época do Império (poder de polícia, cláusulas exorbitantes, etc) e, por
tal motivo, se iniciou a discussão da constitucionalização do direito administrativo.
O Direito Administrativo é o ramo do direito público que disciplina o exercício da função
administrativa, bem como pessoas e órgãos que a desempenham. Neste sentido, cumpre
dizer que a função pública, no Estado Democrático de Direito, é a atividade exercida no
cumprimento do dever de alcançar o interesse público, mediante o uso dos poderes
instrumentalmente necessários conferidos pela ordem jurídica.
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 Administração Pública: Mecanismo que diminui de tamanho com a privatização


(privatização do público), mas aumenta quando repassa recursos às entidades privadas
para que estas realizem as funções do próprio Estado (publicização do privado).
As privatizações diminuem a burocracia (meio de controle), gerando eficiência e agilidade
(publicização do direito privado).
Questões! As pessoas de direito privado, quando recebem o dinheiro público, vão
obedecer ao regime privado ou ao regime público? O tribunal de contas pode fiscalizar o
que foi feito com o dinheiro público passado para um ente privado?
Essas discussões se desdobram nos seguintes sentidos:
 Sentido subjetivo: é a administração pública feita realmente no âmbito público,
que poderá ser devidamente fiscalizada pelo poder público. Conjunto de agentes,
órgãos e pessoas jurídicas que possuem a incumbência de executar as atividades
administrativas.
Ou seja, é a administração pública direta (desconcentrada). A pessoa jurídica de direito
público (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), por meio de seus órgãos
(executivo, legislativo, judiciário, MP, defensoria pública, tribunal de contas), vai prestar
serviços de modo direto.
 Sentido objetivo: é a administração pública mais recente, realizada pelos entes
privados, que não podem ser completamente fiscalizadas pelo poder público,
entretanto, o MP pode exigir prestação de contas de tais pessoas jurídicas. São as
pessoas jurídicas de direito privado. Foi criada uma lei determinando a
transparência, de forma que esses órgãos devem publicizar suas contas relativas
ao dinheiro público.
Desta forma, é a administração pública indireta (descentralizada). Os serviços são
prestados de forma indireta por meio das seguintes entidades: autarquias, fundações,
sociedade de economia mista, empresas públicas.

Existe, de um lado, o interesse individual particular, atinente às conveniências de cada um


no que concerne aos assuntos de sua vida particular. Por outro lado, existe o interesse
destas mesmas pessoas que comparecem enquanto partícipes de uma coletividade maior
na qual estão inseridos. É este último interesse que se denomina interesse público.
Não é, portanto, um interesse constituído autonomamente, dissociado do interesse
das partes. O interesse público nada mais é que uma faceta dos interesses individuais,
aquela que se manifesta enquanto os membros do corpo social.
Diante disto, é evidente que os indivíduos têm o direito subjetivo à defesa de
interesses propriamente públicos (de ordem primária), naqueles casos em que seu
descumprimento pelo Estado acarreta ônus suportados individualmente por cada qual, e
naqueles casos em que o descumprimento pelo Estado de normas de Direito Público,
frequentemente por meio da omissão, não acarreta ônus, mas priva da obtenção de
vantagens que o cidadão, em sua individualidade, desfrutaria se a norma de Direito Público
fosse cumprida.
Assim, o interesse público primário coincide com a realização de políticas públicas
voltadas para o bem-estar social, justificando o regime jurídico administrativo e
compreendido como o próprio interesse social, da coletividade como um todo.
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Os interesses públicos de ordem secundária são os interesses individuais do


Estado (como de tributar, pagar salários baixos aos servidores, etc) e decorre do fato de
que o Estado também é uma pessoa jurídica que pode ter interesses próprios, particulares.
Contudo, os interesses secundários só podem ser buscados quando forem coincidentes
com os interesses primários.

REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO


O regime jurídico do direito administrativo, ou seja, quando a administração pública está
agindo, possui, como palavras chaves (aquilo que mais importa para o seu funcionamento)
o princípio da legalidade e o princípio da supremacia do direito público.
Essas duas expressões são aparentemente conflitantes (bipolaridade do direito
administrativo). Como é possível haver legalidade (liberdade do indivíduo) e supremacia
do interesse público (autoridade da administração) dentro de um mesmo regime? Isso se
da na medida em que a administração pública deve respeitar a legalidade do indivíduo,
mesmo atuando com autoridade. Existe uma linha tênue entre a ação excessiva do Estado
(estado de polícia) e a ação legitimada pelo interesse público.
Ex. o Estado pode pedir para que uma pessoa realize o teste do bafômetro, bem como pode
realizar uma revista dentro de um carro, pois há previsão legal. O policial, porém, deve atuar dentro
da legalidade, não podendo, por exemplo, exigir que a pessoa fique nua.

A administração pode se submeter ao regime jurídico de Direito Público ou ao regime


jurídico de Direito Privado, isso porque a administração pública se apresenta por meio de
duas palavras: prerrogativas e sujeições (restrições).
Possuem prerrogativas aqueles que têm tratamento diferenciado, contudo, quando
esse tratamento não possui justifica plausível alguns doutrinadores entendem que há, na
verdade, um privilégio.
Ex. A remessa necessária é uma prerrogativa, e não um privilégio, pois a revisão das demandas
em que o Estado é parte evita que sejam proferidas decisões erradas, vez que, quando o Estado é
condenado a algo, quem paga são os cidadãos do país. De igual forma, o prazo em dobro pode ser
considerado uma prerrogativa pelo Estado possuir muitas demandas, precisando de mais tempo
para se manifestar.
Além de prerrogativas, a administração pública é rica em sujeições (restrições), não
podendo fazer nada além do que a lei permita (está sujeita à lei). Em vista disso, às vezes
o Estado cria pessoas jurídicas de direito privado, podendo, a administração pública, se
submeter a um regime jurídico de direito privado, para não ficar sujeita à todas as
restrições do regime jurídico de direito público.
São exemplos de pessoas jurídicas de direito privado, dentro da administração
publica, o Banco do Brasil, o Banestes e a Caixa Econômica, possuindo os mesmo direitos
e deveres de um particular, porém não perdem por completo as suas restrições. Ou seja, o
Banestes é um ente estatal, pois pertence ao Estado (União se dividindo em entidades),
mas não é regido pelo direito público, e sim pelo direito privado. Nesse tipo de entidade
também se aplica o regimento jurídico administrativo, mas de forma mais amena.
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 Art. 173, §1º, II, da CF: em regra, a administração pública não deve intervir na
atividade econômica, mas apenas em duas hipóteses, quais seja, segurança nacional e
relevante interesse coletivo, devendo respeitar estabelecido no §1º, inciso II.
 ÓRGÃOS PÚBLICOS: O Estado é considerado um ente personalizado, seja no âmbito
internacional, seja internamente. Quando se trata de Federação, vigora o
pluripersonalismo, porque além da pessoa jurídica central existem outras internas que
compõem o sistema político.
Sendo uma pessoa jurídica, o Estado manifesta a sua vontade através de seus agentes -
as pessoas físicas que pertencem a seus quadros. Entre a pessoa jurídica em si e seus
agentes, existe um grande número de repartições internas, que compõem o Estado e são
necessárias à sua organização. Tais repartições que constituem os chamados órgãos
públicos.
 AGENTES PÚBLICOS: Os agentes são o elemento físico da Administração Pública.
São todos aqueles que, a qualquer título, executam uma função pública como
pressuposto do Estado. Eles são integrantes dos órgãos públicos, cuja a vontade é
imputada à pessoa jurídica. Compõem, portanto, a trilogia fundamental que dá o perfil
da Administração: órgãos, agentes e funções.

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


O direito administrativo é o estado se movendo para atender interesses/políticas públicas.
Por ser uma máquina muito forte, é comum que cometa abusos (sempre há a perspectiva
de que a ação do Estado irá afetar um direito fundamental individual).
Dessa forma, uma situação muito comum e evidente no direito administrativo é o
conflito de princípios, uma vez que o Estado deve atender tanto os direitos dos indivíduos,
quanto à coletividade.

Questão! Como solucionar um conflito de princípios? Através da ponderação


(proporcionalidade) a partir do caso concreto. O direito administrativo possui uma
particularidade quando comparado com outros ramos do Direito, vez que não possui uma
legislação, em regra, nacional, existindo, apenas, algumas leis nacionais, feitas pelo
congresso, como a Lei 8.666.
OBS: qual a diferença entre lei nacional e lei federal? A lei nacional é aquela que atinge
os três entes federados: União, Estados e Municípios. Já a lei federal é aquela que tem
aplicação restrita ao âmbito federal (União), como é o caso paradigmático da lei que incide
sobre o funcionário federal. Ambas são de competência do Congresso Nacional e,
formalmente, identificam-se.
A doutrina e a jurisprudência dizem que, em caso de omissão da legislação
nacional, por analogia e de forma subsidiária, aplica-se a Lei 9784/99 (legislação federal)
(ex. se um estado não possui uma legislação, pode-se aplicar a legislação federal que,
teoricamente, se aplicaria apenas à União).
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O direito administrativo possui princípios implícitos e explícitos. Alguns princípios, como a


proporcionalidade e a razoabilidade, estão previstas na ordem jurídica da União, enquanto
outros podem estar previstos em uma ordem jurídica local.
O caput do artigo 37 da CF traz alguns princípios do direito administrativo, quais sejam:
Legalidade; Impessoalidade; Moralidade; Publicidade; e Eficiência, sendo que, só poderá
considerar válida a conduta administrativa caso ela seja compatível com esses princípios.

 LEGALIDADE: Toda e qualquer atividade administrativa deve ser autorizada por lei (é
um regime de sujeição). Não sendo, a atividade é ilícita. Enquanto os indivíduos, no
campo privado, podem fazer tudo o que a lei não veda, o administrador público só pode
atuar onde a lei autoriza.
OBS - Legalidade para os particulares: ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa se não em virtude de lei. É preciso que haja um marco normativo produzido
pelos representantes da sociedade que legitime a norma criada mesmo entre relações de
particulares (ex. é proibido usar celular durante as provas da faculdade – regimento interno
da FDV, que possui autonomia a partir de uma norma legislativa).
 Legalidade X reserva legal: Quando se aplica a reserva legal, automaticamente
está se aplicando a legalidade, mas nem sempre a legalidade terá uma reserva
legal.
Segundo o princípio da legalidade, devemos observar as leis (atos normativos primários -
emendas constitucionais, leis complementares, leis ordinárias, medidas provisórias, leis
delegadas, decreto-lei, resoluções legislativas) e todos os demais atos normativos que
decorrem dela (atos normativos secundários – decretos, portarias, e instruções
normativas).
OBS - atos normativos secundários: Ocorrem quando o legislador remete uma decisão
para outro ato legislativo. Esse fenômeno está crescendo, pois quando as decisões são
remetidas para atos secundários, elas ficam mais rápidas e mais técnicas, gerando mais
efetividade aos anseios da sociedade (ex. Anvisa).
Já a Reserva legal é a lei no sentido estrito. Existem determinadas situações em
que uma decisão do Estado estará em um ato legislativo secundário, e essa decisão será
legitima, pois está de acordo com o princípio da legalidade. Terão outras situações, porém,
em que o legislador não poderá remeter as decisões para um ato normativo secundário,
pela reserva legal. Nesses casos, o assunto só pode ser definido por lei em sentido estrito
(é a reserva legal que determinadas situações possuem), ou seja, decidida pelo Congresso
Nacional.
 Legalidade X juridicidade: A juridicidade é uma faceta da constitucionalização do
direito dentro do direito administrativo.
Anteriormente, o direito administrativo só observava o exame de legalidade (se o ato
estava de acordo da lei). Hoje, porém, fala-se de exame de juridicidade, ou seja, observar
não somente a legalidade, como também se o ato está de acordo com os princípios
constitucionais.
 Desnecessidade de vinculação do ato administrativo à lei: Antes só era possível
ter um ato administrativo se estivesse vinculado à uma lei. Contudo, na ADC nº 12
discutiu-se a constitucionalidade de uma resolução do CNJ que vedava o nepotismo
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no Judiciário. Entendeu o STF, então, que não é mais necessário o ato estar
vinculado a uma lei, podendo, por exemplo, retirar seu fundamento da constituição,
e defendendo que as resoluções têm base constitucional sendo, por isso,
instrumentos normativos primários. O Ministro Ayres explicou que as resoluções dão
eficácia aos princípios constitucionais da impessoalidade, da moralidade e da
eficiência.
OBS - Soft-law: aparente criação do direito sem ser por meio de uma Lei. É uma
legalidade mais branda, permitindo a observação aos instrumentos normativos
secundários, que começariam a criar e extinguir direitos.

 IMPESSOALIDADE: A administração pública deve atuar sem nenhuma distinção,


voltando-se para o interesse público. O concurso público e a licitação são mecanismo
para a efetivação desse princípio.
O princípio da impessoalidade diz que a administração pública não possui preferências.
Ela não mira em determinado indivíduo de forma especial, mas apenas observa os critérios
fixados previamente. Contudo, esse princípio não pode ser tratado de forma absoluta (ex.
cotas – a administração pública continua sendo impessoal, destinando determinadas
vagas para os negros, deficientes físicos, etc., em razão de um critério ético-social).
OBS – é diferente da imparcialidade, que significa não favorecer e nem prejudicar
ninguém.Já a impessoalidade é uma faceta da ideia de isonomia, com igualdade de
tratamento daqueles que se encontram na mesma situação jurídica (tratar igualmente os
iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades)
OBS2 - Súmula vinculante 131 (nepotismo): Em determinado momento, a sociedade
passou a cobrar da administração pública uma resposta para o fato dos gestores públicos
nomearem seus parentes para certos cargos. Os votos e as justificas para a aprovação
dessa súmula é uma homenagem ao princípio da impessoalidade.
 Impessoalidade em sentido reverso: A administração também é impessoal, o
cidadão não pode ingressar com ação contra o agente público, mas sim contra a
administração pública.

 MORALIDADE: Determina que os preceitos éticos devem estar presentes na conduta


do administrador público. É importante observar não somente os critérios de
conveniência, oportunidade e justiça em suas ações, mas também distinguir o que é
honesto do que é desonesto.
 Moral comum: É o senso comum da sociedade, sendo difícil de definir. Em
decorrência dessa dificuldade, alguns doutrinadores afirmam que deve ser usada a
moral administrativa.

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S. vinculante nº13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau,
inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento,
para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em
qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações
recíprocas, viola a Constituição Federal.
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 Moralidade administrativa2: É uma moralidade positivada, uma ilegalidade


qualificada, só pode ser objetivada pela lei. Imoralidade passível de sanção pela
moralidade administrativa. Ex. Comprei relógios com GPS para os engenheiros da
prefeitura, só que isso não está na lei que autoriza comprar relógio, então, foi um ato de compra
ilegal, passível de sanção.
 Lei de improbidade administrativa (L. 8429/92): Quando a imoralidade consiste
em atos de improbidade, que, como regra, causam prejuízos ao erário. Esta lei
regula condutas, punições, e procedimentos, sendo uma ofensa a qualquer princípio
constitucional, inclusive a moralidade.
 Ação popular e Ação civil pública: São instrumentos de combate a condutas e
atos ofensivos ao princípio da moralidade administrativa. Cabe aos órgãos
competentes e aos cidadãos, em geral, diligenciar para sejam invalidados os atos
ofensivos e se apliquem aos responsáveis as punições cabíveis.

 PUBLICIDADE: Direito à informação sobre os assuntos públicos, possibilita o controle


da administração pública pela sociedade. Tal possibilidade de controle vem da própria
ideia de republicanismo (“república” – coisa de todo).
 Transparência: Hoje se exige, não somente a publicidade, mas a transparência dos
atos públicos. A transparência é uma publicidade qualificada, defendendo que a
informação, além de pública, deve ser de fácil acesso e entendimento pelo homem
médio. A ideia de transparência é ter dados abertos que podem ser lidos por
máquinas.
 Lei nº 12.527/2011 - lei de acesso à informação: Normatizou a publicidade. Diz
que a população tem o direito de saber o que desejar.
 Informação ativa: aquela que está disponibilizada em local de fácil acesso,
pela grande procura da população por esta informação.
 Informação passiva: conhecimento/banco de dados em posse da
administração pública, mas que não estão disponíveis em um primeiro
momento, pois a sociedade, ainda, não demostrou interesse em conhecer
aquelas informações.
O princípio estudado pode ser concretizado por alguns instrumentos jurídicos específicos:
 Direito de petição: Os indivíduos podem dirigir-se aos órgãos administrativos
para formular qualquer tipo de postulação.
 Certidões: São expedidas pelos órgãos e registram a verdade dos fatos
administrativos, cuja publicidade permite aos administrados a defesa de seus
direitos ou o esclarecimento de certas situações.
 A ação administrativa ex officio de divulgação de informações de interesse
púbico.
 Requisito de eficácia do ato: um ato administrativo só tem eficácia com a sua
publicidade, só podendo produzir efeitos após sua publicação.

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Embora o conteúdo da moralidade seja diverso do da legalidade, o fato é que aquele está normalmente associado a este. Em algumas
ocasiões, a imoralidade consistirá na ofensa direta à lei e aí violará, ipso facto, o princípio da legalidade. Em outras, residirá no
tratamento discriminatório, positivo ou negativo, dispensado ao administrado; nesse caso, vulnerado estará também o princípio da
impessoalidade, requisito, em última análise, da legalidade da conduta administrativa (Carvalho Filho, 2014, p. 22).
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A publicação deve anteceder a execução do ato, para que as pessoas possam ter um
tempo de controle sobre o ato (para que possam se manifestar sobre ele, pois se a
publicidade ocorre por antecipação, o controle do ato é maior). Contudo, em casos de
urgência, a publicidade não se faz necessária podendo o ato produzir efeitos antes mesmo
de ser publicado (ex. ocorre uma enchente em uma cidade, e a prefeitura precisa realizar
atos urgentes para resolver a situação).
É importante ressaltar que cada ente federativo tem autonomia para fixar qual é a
imprensa oficial, isto é, o veículo de divulgação oficial --- A mídia é o quarto poder.
OBS: O ordenamento brasileiro possui legislações especificas que determinam uma maior
publicidade (ex. a L. 8.666 - de licitações de contratos - traz alguns dispositivos dizendo
que quando for realizada a concorrência, esta deve ser publicada em diário oficial ou em
jornal de grande circulação), ou seja, podem ter leis específicas que estabelecem alguns
regramentos sobre onde devem ser publicados determinados atos.
Questão! É possível que a publicidade seja feita apenas por meio eletrônico? Alguns
doutrinadores dizem que, para se admitir apenas o diário eletrônico, é necessário que o
Brasil passe por um processo de inclusão digital. Entretanto, por outro lado, é sabido que o
diário oficial impresso nunca é lido pelas pessoas.
 Art. 37, §1, CF3: Busca harmonizar o princípio da publicidade (educativo,
informativo e orientador) tutelando, também, o princípio da impessoalidade (não
pode ter nomes, símbolos e imagens), isto é, ter uma publicidade impessoal.

 EFICIÊNCIA: Modo pelo qual se processa o desempenho da atividade administrativa;


busca dos reais interesses da coletividade e o afastamento dos interesses pessoais.
Último principio explícito do caput da constituição, sendo introduzido por meio da EC 19 de
1998.
Durante muito tempo a administração pública foi meramente burocrática. A
burocracia permite certo controle, mas, como qualquer outra forma de controle, se for
muito rígida, trás a ineficiência como resultado final. Assim, a burocracia em excessos
pode impedir bons resultados. Para o Estado ficar menor e prestar um bom serviço é
necessário a eficiência.
Atualmente os órgãos de controle passam a exigir um controle de resultados. A
administração pública tenta sair de uma administração de burocracia rígida e ir para uma
administração de resultados (processo da “boa administração”). Muitas vezes, o processo
não tem nenhuma irregularidade, entretanto, também não consegue atingir nenhum
resultado, não sendo eficiente.
 Meritocracia: Às vezes a administração tenta implementar a meritocracia, mas, na
prática, ela não ocorre.
Ex. Depois de aprovado no concurso público, por força do princípio da impessoalidade, todos os
servidores recebem a mesma avaliação e remuneração. Contudo, é justo deixar que, no SUS, o médico
prestativo e solicito receba a mesma avaliação e remuneração que o médico mal-humorado e
grosseiro? Isso não estimula a prestação de um bom serviço e, por isso, seria interessante colocar
critérios que busquem a estimulação pessoal.
3
Art. 37, §1º, CF: A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo,
informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
autoridades ou servidores públicos.
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 Governância: dever da boa administração pelo Estado (direito fundamental da


população), a partir da gestão, da meritocracia, atingir um bom resultado final
(qualidade do serviço prestado).

 ECONOMICIDADE (Art. 70, caput, CF):Segundo esse princípio, é necessário fazer


uma análise de custo-benefício nas compras efetuadas pela administração (não se
deve observar apenas o menor preço, mas sim o melhor preço). Por isso, a
administração pública, em suas compras, deve elaborar o termo de referência para
justificar o preço.
Junto a ideia de economicidade, tem-se o ideal da sustentabilidade. Logo, quando a
administração pública vai adquirir qualquer serviço, ela não se preocupa apenas com o
preço, mas também com a lógica reversa ligada a sustentabilidade. A melhor proposta
pode ser obtida a partir da consideração de vários critérios, sendo, um deles, o ambiental.

 INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO (DEVER-PODER): A


indisponibilidade do interesse publico primário é inquestionável, o Estado não pode
dispor desse interesse (abrir mão dele) e, até na questão do interesse publico
secundário, alega-se que o Estado não pode abrir mão do mesmo.
O agente público é o guardião do interesse público e deve aplicar a lei e Constituição. A
coletividade é a titular dos direitos e interesses públicos, tendo, o gestor publico, o poder-
dever de aplicar a lei.
 "Impossibilidade" da Administração Pública transigir, de deixar de aplicar a lei.

 CONSENSUALIDADE: O CPC busca a consensualidade na administração pública, ou


seja, devem-se promover outros meios de solução de conflitos que não o processo
litigioso.
A grande dificuldade pragmática envolvendo este princípio é entender a imagem que a
sociedade e os órgãos de controle terão da administração pública quando ela agir de forma
consensual (como ficaria a ideia da impessoalidade?). Assim, por meio do procedimento
seria possível que Há a sociedade reconheça e aceite tal consensualidade, podendo o
gestor público negociar quando tiver uma lei que permitindo, como o REFIS.
 Acordo de Leniência – Lei 12.843: O acordo de leniência é para o direito
administrativo aquilo que a delação premiada é para o direito penal.
 Ilegalidade: quando se ofende a lei propriamente dita do direito
administrativo.
 Ilegitimidade: quando se ofende um princípio dentro do direito administrativo.
Quando se tem um ato ilegítimo praticado frente à administração pública, surgem três
esferas de responsabilidade: criminal; cível; administrativa. O acordo de leniência busca
resolver o problema na esfera administrativa.
A lei trás, basicamente, duas sanções: multa e a publicação de que a empresa foi
condenada pela administração pública (a própria empresa deve divulgar sua condenação).
Dessa forma, o acordo é uma tentativa de consensualidade dentro do direito
administrativo, não permitindo a participação do MP e da advocacia pública (o prof.
defende que eles deveriam participar, para evitar arbítrios).
Administrativo 1 – Thalita Bortoloso 12

 DEVIDO PROCESSO ADMINISTRATIVO:Todo o procedimento deve ser observado. O


direito administrativo não tem um código, então cada processo tem que ser procurado
em uma legislação especifica.
Lei 9784/99: estabelece as normas gerais de processo administrativo para a União.

 AMPLA DEFESA: Dentro do processo administrativo é possível que a ampla defesa e


o contraditório ocorram em outros momentos.
Se tiver periculum in mora (perigo da demora) e fumus boni iuris (probabilidade do direito),
é possível que seja concedida uma liminar (providência de natureza cautelar) ficando a
ampla defesa para outro momento.

 CONTINUIDADE DOS SERVIÇOS PÚBLICOS: Os serviços públicos não podem ser


interrompidos, a administração não pode parar.
O princípio alcança toda e qualquer atividade administrativa, já que o interesse o público
não guarda adequação com descontinuidades e paralisações na administração.
Além disso, este principio guarda estreita relação com o princípio da supremacia do
interesse público. Em ambos se pretende que a coletividade não sofra prejuízos em razão
de eventual realce a interesses particulares.
É devido a essa ideia de continuidade que se tinha dificuldade de regulamentação
da greve dos servidores públicos, já que o serviço não pode parar.
Atenção! Este princípio não é absoluto!
Ex. prático de aplicação: Nos termos do art. 78, XV da Lei 8.666, se a administração pública ficar
até 90 dias sem pagar por determinado serviço ou produto, o particular deve continuar a fornecê-lo
durante os 90 dias, pois, por conta do interesse público, o particular que é contratado deve honrar o
contrato.

 MOTIVAÇÃO: É a exposição dos motivos. Todos os atos administrativos devem ser


motivados, sendo uma exigência do Estado Democrático de Direito. É uma forma de
dar satisfação aos integrantes do Estado do que está sendo feito.
O motivo é um pressuposto para a prática do ato. Para um ato ser praticado, deve haver
algo prévio que o legitima.
 Os motivos devem ser tanto de fatos quanto de direito.
 De fato: Está acontecendo na realidade, faticamente.
 De direito: São os motivos relacionados ao ordenamento jurídico.
 Além disso, existem os atos vinculados e os discricionários:
 Ato vinculado: A lei estabelece os requisitos e condições de sua realização.
 Ato discricionário: A administração pode praticar com liberdade de escolha
seu conteúdo, seu destinatário, sua conveniência, sua competência e seu
modo de realização. Quando agente público (gestor) tem uma liberdade para
realizar a escolha do que irá fazer.
Nos atos discricionários a motivação tem que ser maior, para mostrar a sociedade que as
escolhas estão certas e são legitimas.
Administrativo 1 – Thalita Bortoloso 13

 Motivação alhures (aliundi): A motivação às vezes existe em outro lugar, e não no


próprio ato (pega a motivação emprestada de outro local).
 Teoria dos motivos determinantes: Quando o gestor aponta um motivo, ele fica
vinculado àquele motivo. Se quiser apontar um novo motivo, é necessário reiniciar o
processo, abrindo, novamente, a ampla defesa e o contraditório.O motivo apontado
deve ser determinante para a defesa e julgamento. Ex. o Estado aplica uma multa de
trânsito para a dona de um uno apontando, como motivo, o fato de ela andar a 180km, mas ela
afirma que isso seria impossível. Diante disso, o Estado não pode apenas corrigir o erro
afirmando que a velocidade era de 80km e dar prosseguimento ao processo.

 RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE: Instrumento de controle dos atos


estatais abusivos.Proíbe os excessos verificando a proporcionalidade ao interesse
público. Desdobram-se em três outros subprincípios:
1. Adequação.
2. Necessidade.
3. Proporcionalidade no sentido estrito.
OBS: o direito constitucional tomou para si a ideia de proporcionalidade do direito
administrativo.A máxima da proporcionalidade, antigamente, era: “não se deve matar
pardais com balas de canhão” – ou seja, a medida do Estado deve ser uma medida
adequada, proporcional.

 CONTROLE JUDICIAL (Inafastabilidade do judiciário – art.5º, inciso XXXV, CF):


Sempre que o cidadão se sentir lesado por algum ato estatal (comissivo ou omissivo)
poderá buscar a via judicial. Não é preciso esgotar as esferas administrativas para
buscar o judiciário.
Entretanto, a grande questão é acerca do interesse de agir, pois muitas vezes o
interessado nem tenta resolver com a Administração antes de ir ao Judiciário. Assim, é
importante buscar a resolução, primeiro, perante a Administração e, se foi indeferido ou o
Estado se manteve omisso, leva-se à esfera judicial.
 Depósito prévio para recurso: É inconstitucional. Não é possível cobrar recursos
na esfera da Administração. A admissibilidade de recurso pode até possuir
exigências, mas não pode haver discriminação baseada em condição financeira,
pois seria uma ofensa ao princípio da isonomia.
 Preclusão lógica: perda da possibilidade de certo sujeito praticar determinado ato
no processo, em decorrência da circunstância de outro ato, incompatível com o ato
que deseja praticar.

 HIERARQUIA:Princípio legitimador da avocação e da delegação.


 Delegação: com base no princípio da hierarquia, se houver previsão legal, é
possível que o superior delegue ao inferior algumas competências.
Questão! Caso o inferior, que recebeu a atribuição, cometa algum erro, o delegante deve
responder por este erro? Os tribunais vêm entendendo, majoritariamente, que a autoridade
delegante é responsável solidariamente com o delegado. É preciso analisar, no caso
Administrativo 1 – Thalita Bortoloso 14

concreto, a relevância e frequência do erro do inferior, para assim identificar a culpa in


eligendo ou culpa in vigilando.
 Avocação: se houve previsão legal, é possível que um superior pegue determinada
função do inferior para ele. É provisório, para evitar o enfraquecimento da estrutura
da administração.
Todas essas ações devem ser motivadas, em principal, a avocação, para evitar abusos e
tratamentos diferenciados).
 ESPECIALIDADE: Administração Pública deve procurar se especializar, o que envolve
o tamanho da Administração (as secretarias objetivam a especialização). A
Administração vai ter feição de acordo com competências de determinada sociedade
(ex. não vou ter secretaria de pesca num município onde não existe pesca).

 AUTOTUTELA (S. 346 e 473, STF 4): Esse principio defende que administração pode
rever seus atos, quando foram inconvenientes ou inoportunos, revogando-os ou
anulando-os. É a possibilidade da administração, de ofício (sem provocação), rever
seus atos.
As súmulas usam a expressão “pode”, como se fosse uma faculdade. Contudo, a doutrina
defende que “deve” anular ou revogar, ou seja, que não é uma faculdade.
O ato administrativo pode ser anulado ou revogado e ambos devem ser motivados:
 Anulado (nulos e anuláveis): quando o ato possui algum vício de legalidade ou
legitimidade.
 Revogado: não há ilegalidade no ato, mas a administração pública, analisando
determinada situação, resolve revoga-lo por um juízo de conveniência/oportunidade.
– são os aspectos de mérito.

 SEGURANÇA JURÍDICA: Se correlaciona com o principio da autotutela, criando limites


ao seu exercício. Traz a perspectiva de certeza e de previsibilidade.
A segurança jurídica é tida como um sobre princípio do ordenamento jurídico, pois uma
das finalidades do Estado é promover a segurança, tanto a física quanto a jurídica. Desta
forma, é o mínimo de previsibilidade necessária que o estado de Direito deve oferecer a
todo cidadão, a respeito de quais são as normas de convivência que ele deve observar e
com base nas quais pode travar relações jurídicas válidas e eficazes.
 O princípio comporta dois vetores básicos quanto às perspectivas do cidadão:
 Perspectiva de certeza: Indica o conhecimento seguro das normas e das
atividades jurídicas.
 Perspectiva de estabilidade: Ideia de consolidação das ações
administrativas. Oferece a criação de novos mecanismos de defesa por parte
do administrado, inclusive, alguns deles, como o direito adquirido e o ato
jurídico perfeito, de uso mais constante do direito privado.
Se é assente que a Administração pode cancelar seus atos, também o é que por força do
princípio da segurança jurídica obedece aos direitos adquiridos e reembolsa eventuais
4
S. 346: A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
S. 473: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque dêles não se originam
direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial.
Administrativo 1 – Thalita Bortoloso 15

prejuízos pelos seus atos ilícitos ou originariamente lícitos, como consectário do controle
jurisdicional e das responsabilidades dos atos da Administração. Em consequência, não é
absoluto o poder do administrador, conforma insinua a Súmula 473.
 Lei 9784/99: Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos
de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos,
contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
O prazo para a administração publica rever seus atos (exercer a autotutela) é quinquenal.
Após 5 anos, seu direito decai. Além disso, a lei estabelece que esse prazo de 5 anos
ocorre apenas quando for comprovada a boa-fé.
 Teoria do fato consumado: Um ato, a partir de certo período, ainda que ilegal, se
tornaria válido. Seria, portanto, convalidar o fato em vez de suprimi-lo da ordem
jurídica para evitar transtornos expressivos e não ofender o princípio da estabilidade
das relações jurídicas.
Antes o STJ e o STF aplicavam a teoria do fato consumado para todos os casos, mas,
agora5, a aplicação é mais restrita. Favorece a segurança jurídica, quando o jurisdicionado,
de boa-fé, permanece no cargo, ao longo de vários anos, dada a demora da prestação
jurisdicional e a inércia da Administração.
OBS - Concurso público: O STJ, em regra, tem negado a teoria nos casos de candidato
que consegue provimento liminar para mantê-lo no concurso público, quando a ação é
julgada improcedente ao final. Em tais hipóteses, a Corte afirma que o candidato não tem
direito de permanência no cargo. Assim, se candidato foi nomeado e empossado, por força
de medida judicial precária, sem preencher os requisitos inerentes ao cargo, ele não tem
direito de permanecer neste, ainda que lá esteja há muitos anos.
 Modulação dos efeitos da nulidade: Tem situações em que a melhor solução não
é anular o ato. Às vezes, as consequências da anulação podem ser mais perversas
para a Administração Pública do que continuar com o ato viciado (da mesma forma
em que é possível declarar uma lei inconstitucional, mas não decretar a nulidade,
isso ocorre no Direito Administrativo).
 Tripé da segurança jurídica: direito adquirido (antecedido pela expectativa do
direito), ato jurídico perfeito e direito consumado. Ex. quanto a reforma da previdência, o
indivíduo não tem o direito adquirido de aposentar com determinada idade, tem apenas a
expectativa do direito. O direito só é adquirido quando o servidor público preenche todos os
requisitos previstos em lei e, se ele ainda não preencheu os requisitos, ocorre, nesse tempo,
uma reforma legislativa, o indivíduo teve apenas sua expectativa do direito atingida.

 SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO: Determina que toda atuação do Estado


seja pautada no interesse público, cuja determinação deve ser extraída da Constituição
e das leis (manifestações da ‘vontade geral’), encontrando-se, os interesses privados,
subordinados à atuação estatal.
Não é o indivíduo em si o destinatário da atividade administrativa, mas sim o grupo social
em um todo.

5
STJ: A teoria aplica-se apenas em situações excepcionalíssimas, nas quais a inércia da administração ou a morosidade do Judiciário
deram ensejo a que situações precárias se consolidassem pelo decurso do tempo.
Administrativo 1 – Thalita Bortoloso 16

A doutrina define os interesses públicos primários como aqueles pertinentes à


sociedade e tutelados no ordenamento jurídico, enquanto os secundários são os atinentes
ao governo, exercido em determinada época, por agentes públicos que integram o
aparelho estatal.
Este princípio fundamenta todas as prerrogativas de que dispõe a Administração
como instrumentos para executar as finalidades a que é destinada. Contudo, a forma e os
limites da atuação administrativa são determinados pelos princípios constitucionais e, por
isso, o supraprincípio em questão não tem caráter absoluto (há administradores que
desviam as finalidade6, ou seja, alegam a supremacia do interesse é publico para atingir
interesses pessoais ou objetivos que nem sempre atendem ao número de pessoas
esperado).
 Consequências do princípio (Celso Antônio Bandeira de Mello):
a. Posição privilegiada do órgão encarregado de zelar pelo interesse público e
de exprimi-lo, nas relações com os particulares: benefício de maiores prazos
no processo judicial, presunção de veracidade e legitimidade dos atos
administrativos, posição da ré, transferindo-se ao particular a situação de
autor com os correlatos ônus).
b. Posição de supremacia do órgão nas mesmas relações: Poder Público se
encontra em situação de autoridade, de comando, relativamente aos
particulares, como indispensável condição para gerir os interesses públicos
postos em confronto.
c. Restrições ou sujeições especiais no desempenho da atividade de natureza
pública: comprometimento com interesses da sociedade.

6
A “desconstrução” do princípio espelha uma visão distorcida e coloca em risco a própria democracia; o princípio, isto sim, suscita
“reconstrução”, vale dizer, adaptação à dinâmica social, como já se afirmou com absoluto acerto (Carvalho Filho, 2014, p. 35).
Administrativo 1 – Thalita Bortoloso 17

UNIDADE 2
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O Estado surge com a ideia de servir a população, executar funções, atividades, ou seja,
as políticas públicas. Tais políticas públicas, ao longo da história e ao depender da cultura,
vão se alterando (aparecem novos serviços, enquanto outros deixam de ser públicos), pois
os serviços públicos são opções a partir de uma determinada sociedade em um
determinado tempo.
Quando o ordenamento jurídico considera algo como serviço público, diz-se que a
titularidade deste serviço é do Estado . Contudo, a execução desses serviços poderá ser
do Estado ou de terceiros (pessoa de direito público ou pessoa de direito privado).

 EXECUÇÃO PÚBLICA: Quando a execução das políticas públicas é feita por um


órgão público. Pode ser direta ou indireta.
 ADIMISTRAÇÃO DIRETA: É aquela exercida diretamente pela União, Estados e
Municípios que, para tal fim, utilizam-se de ministérios, secretarias, departamentos,
"poderes", Tribunal de Contas, MP e outros órgãos, apresentando uma estrutura
eminentemente piramidal.
É centralizada, porém desconcentrada, uma vez que se divide em órgãos que integram
uma mesma pessoa (a desconcentração é criação de órgãos sem personalidade jurídica).
OBS – ÓRGÃOS INDEPENDENTES: São os três poderes (executivo, legislativo e
judiciário), mais o Ministério Público, o Tribunal de Contas e a Defensoria Pública - São
órgãos cuja competência está elencada diretamente na CF.
 ADIMISTRAÇÃO INDIRETA: Quando o Estado cria uma pessoa para executar esse
serviço (ex. autarquias, sociedade de economia mista, empresas públicas,
fundações e associações). Nesta administração existe uma descentralização, sendo
criadas as entidades, pessoas e entes. Além disso, é uma opção ao governo
conceder maior ou menor autonomia para as pessoas que ele cria.
Ex. a educação de nível fundamental, médio e superior é titularidade do Estado. No ensino
médio e fundamental, o Estado executa essa função, na maioria das vezes, diretamente,
através da SEDU (Secretaria de Educação). Quando se fala do ensino superior, porém,
quem presta os serviços são as universidades federais, que são autarquias.

 EXECUÇÃO PRIVADA: Ocorre quando o Estado permite que um particular preste o


serviço público – concessionárias e terceiro setor, como as organizações sociais, a
organização de sociedade civil de interesse público, o sistema “S”.
Administrativo 1 – Thalita Bortoloso 18

Ao mesmo tempo em que o Estado começa a privatizar alguns serviços, ou seja, passa
para um particular a sua execução, também começa a publicizar certos particulares,
criando pessoas de direito privado para integrarem a administração pública.

AUTARQUIA
Art. 37, XIX, CF: somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a
instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à
lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação.

 CONCEITO DOUTRINÁRIO: pessoa jurídica de direito público, integrante da


Administração Indireta, criada por lei específica para desempenhar funções que,
despidas de caráter econômico, sejam próprias e típicas do Estado.
Não podem as autarquias desenvolver atividade comercial ou industrial. Normalmente, os
entes autárquicos prestam serviço público ou exercem atividade de polícia administrativa,
atuações tipicamente públicas.
 Art. 5º, I, DL 200/67: Serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica,
patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração
Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e
financeira descentralizada. Ex. INSS, INCRA, IBAMA, DNOCS.
OBS: A lei institui/cria diretamente a autarquia (sua personalidade jurídica própria nasce
com a vigência da lei), mas apenas autoriza a criação de sociedade de economia mista e
empresa publica.

 CRIAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E EXTINÇÃO: As autarquias são criadas e extintas por


lei. A CF estabelece para a criação das pessoas da Administração Indireta o princípio
da reserva legal: todas elas, inclusive as autarquias, devem ser criadas por lei.
No ato de organização são fixadas as regras atinentes ao funcionamento da autarquia.

 OBJETO: executar atividades típicas da administração pública.

 FORMA DE CONTROLE: Por não haver hierarquia entre a Administração Direta e a


Indireta, mas sim vinculação, a autarquia é controlada pelo controle finalístico (também
chamado de controle/supervisão ministerial).
 Controle Judicial: O controle judicial dos atos de direito privado, realizados pelas
autarquias, é feito pelas vias comuns adotadas na legislação processual. Os atos
administrativos típicos, apesar de se sujeitarem a algumas características especiais
(prerrogativas que veremos a seguir), são controlados no Judiciário tanto pelas vias
comuns, quanto pelas especiais, como é o caso do Mandado de Segurança e da
Ação Popular.
Administrativo 1 – Thalita Bortoloso 19

Os elementos do ato autárquico que resultarem da valoração sobre a conveniência e a


oportunidade da conduta, revelando o regular exercício da função administrativa e sendo
privativos dos agentes administrativos, são excluídos de apreciação judicial.

 PRERROGATIVAS AUTÁRQUICAS:
1. Imunidade tributária recíproca (art. 150, §2, CF): É vedada a instituição de
impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços das autarquias, desde que
vinculados a suas finalidades essenciais ou as que delas decorram. Contudo, para o
STF essa imunidade tributária recíproca é plena, ou seja, não se limita a atividade
que está sendo desempenhada.
2. Proteção patrimonial: Os bens da autarquia são considerados bens públicos, ou
seja, seu patrimônio está afetado (a principio), de forma que são impenhoráveis,
inalienáveis e imprescritíveis, salvo nas hipóteses da lei 8.666/93, quando relevante
interesse público.
3. Prescrição Quinquenal: dívidas e direitos em favor de terceiros, contra autarquias,
prescrevem em cinco anos.
4. Créditos sujeitos à execução fiscal: os créditos autárquicos são inscritos em
dívida ativa da união e podem ser cobrados pelo processo especial das execuções
fiscais.
5. Questões processuais especiais:
a. As autarquias estão sujeitas ao duplo grau de jurisdição, SALVO quando a
condenação ou o direito controvertido não exceder 60 salários mínimos; em
caso de procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa
do mesmo valor; e quando a sentença estiver fundada em jurisprudência ou
Súmula do STF ou do tribunal superior competente.
b. Possuem prazo em quádruplo para contestar e prazo em dobro para recorrer.

 CLASSIFICAÇÃO:
 Quanto ao nível federativo: autarquias podem ser federais, estaduais, distritais e
municipais conforme instituídas, respectivamente, pela União, Estados, DF e
Municípios. As regras gerais da Constituição Federal se aplicam a todas elas,
independentemente da esfera federativa de que se originam.
Cada um dos entes federativo tem competência e autonomia para instituir suas próprias
autarquias, que ficarão vinculadas à respectiva Administração Direta.
 MONOFEDERATIVAS: são aquelas autarquias que pertencem a um único ente.
São as mais comuns.
 PLURIFEDERATIVAS: são as autarquias que pertencem a mais de um ente, por
exemplo, pertence ao Município de Vila Velha e Guarapari, sendo muito comum
na formação de consórcios, que constituem a reunião de pessoas jurídicas de
direito público com interesse em comum (ex. consórcio para recuperação do rio
Jucu).

 Quanto ao objeto (campo de atuação):


Administrativo 1 – Thalita Bortoloso 20

 Autarquias assistenciais: prestar auxílio a regiões menos desenvolvidas ou a


categorias sociais específicas para o fim de minorar as desigualdades regionais
e sociais (ex. SUDENE; SUDAM, INCRA).
 Autarquias previdenciárias: voltadas para a atividade previdenciária social (ex.
INSS).
 Autarquias culturais: dirigidas à educação e ao ensino (ex. UFRJ).
 Autarquias profissionais: incumbidas da inscrição de certos profissionais e de
fiscalização de suas atividades (ex. OAB, CRM, CREA).
OBS – OAB: - Configura uma entidade independente, não estando vinculada a qualquer
órgão administrativo, nem se sujeita ao respectivo controle ministerial. Não pode ser
comparada às demais autarquias profissionais, porque, além de seu objetivo básico, qual
seja, a representação dos advogados, tem ainda função institucional de natureza
constitucional. Ademais, seus servidos são regidos pela CLT, mas não se submete ao art.
37, II, CF7, que exige prévia aprovação em concurso público para contratação de
servidores.
Trata-se de um regime especial, diverso do adotado para as autarquias em geral. A
OAB exerce serviço público, mas é independente, não integrando a Administração Indireta,
nem se submetendo ao controle do Tribunal de Contas. Em resumo, tem o bônus de
autarquia, mas não tem o ônus.
 Autarquias administrativas: categoria residual, daquelas entidades que se destinam às
várias atividades administrativas, inclusive de fiscalização (ex. INMETRO; BACEN;
IBAMA).
 Autarquias de controle: São as agências reguladoras (ex. ANEEL, ANATEL; ANP).
 Autarquias associativas: "associações públicas". São aquelas que resultam da associação
com fins de mútua cooperação entre entidades públicas, formalizadas pela instituição
de consórcios públicos.

 Quanto ao regime jurídico: As autarquias foram criadas e concebidas para se


autogovernar (um governo próprio, que não tem governo próprio).
 Regime comum ou ordinário.
 Regime especial: São autarquias regidas por disciplina específica – AGÊNCIAS
REGULADORAS.
Elementos definidores das autarquias de regime especial:
1. Poder normativo técnico: As autarquias recebem das respectivas leis delegação
para editar normas técnicas complementares de caráter geral. Esse poder normativo
não pode deixar de submeter-se ao controle administrativo e institucional. Não há
transferência do poder de legislar a órgãos ou pessoas da Administração, mas tão
somente o poder de estabelecer regulamentação sobre matéria de ordem técnica,
que, por ser extremamente particularizada, não poderia estar disciplinada na lei.
2. Autonomia decisória: Conflitos administrativos se desencadeiam e se resolvem
através dos próprios órgãos da autarquia. O poder revisional exaure-se no âmbito

7
Art. 37, inciso II, CF: A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de
provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações
para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.
Administrativo 1 – Thalita Bortoloso 21

interno, sendo inviável juridicamente eventual recurso dirigido a órgãos ou


autoridades da pessoa federativa à qual está vinculada a autarquia.
3. Independência administrativa: Alguns de seus dirigentes têm investidura a termo,
ou seja, são nomeados para prazo determinado fixado na lei, não ficando à mercê
do critério político do Ministério supervisor, nem da usual e condenável prática da
descontinuidade administrativa, tão prejudicial às metas que as instituições buscam
alcançar, tendo maior estabilidade. São, assim, nomeados pelo Presidente da
República, mas sua investidura depende de aprovação no Senado.
4. Autonomia econômico-financeira: Possuem recursos próprios e recebem
dotações orçamentárias para gestão por seus próprios órgãos, visando alcançar os
fins para quais a lei as destinou.

 PATRIMÔNIO: são públicos os bens do domínio nacional pertencentes à União, aos Estados ou
aos Municípios. Todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a quem pertencerem.
A natureza dos bens das autarquias são considerados como bens públicos, abrigando os mesmos
meios de proteção atribuídos aos bens públicos em geral, destacando-se entre eles a
impenhorabilidade e a imprescritibilidade.

 FORO DOS LITÍGIOS JUDICIAIS: O foro competente das Autarquias federais é a


Justiça Federal, enquanto o das autarquias estaduais e municipais não há regra
especifica, concluindo-se que o foro competente é o da Justiça Estadual.
OBS - OAB: também se sujeita a JF. Embora seja uma entidade sui generis, tem a
natureza jurídica de autarquia; sua função institucional consiste no controle e fiscalização
de profissão (matéria intimamente ligada à União Federal).
OBS2 - Usuários-consumidores e concessionárias de serviços públicos, intervindo agência
reguladora na qualidade de litisconsorte passiva necessária, assistente ou oponente:
Justiça Federal.

 REGIME JURÍDICO ÚNICO: As autarquias devem adotar o mesmo regime estabelecido para
os servidores da Administração Direta, isto é, ou todos os servidores serão estatutários ou todos
serão trabalhistas.
OBS - ADI 2135: Em 1998, a Emenda Constitucional 19 realizou uma alteração suprimindo
a expressão regime jurídico único, entendendo que os servidores públicos poderiam
também ser regidos pela CLT, ficando a cargo de cada Estado a escolha.
O STF por meio da ADI 2135, em 2007, suspendeu o texto da emenda 19, alterando
a redação do art. 39 e voltando ao texto original de 88, sendo, hoje, aplicado o regime
jurídico único de novo. Entretanto, é importante lembrar que, quem entrou entre 1998 e
2007, ainda pode ser regido pela CLT.

 TETO REMUNERATÓRIO: Aplica-se o disposto para a administração direta, na forma


do art. 37, XI da CF. OBS: O STF, em seu informativo, 578, aplicou o subteto de
90,25% do Ministro do STF à todos os Procuradores Autárquicos.

 ATOS E CONTRATOS:
Administrativo 1 – Thalita Bortoloso 22

 Regra: típicos atos administrativos revestidos das peculiaridades próprias do regime


de direito público ao qual se submetem. Devem conter todos os requisitos de
validade e são privilegiados pela imperatividade, presunção de legitimidade,
autoexecutoriedade e exigibilidade.
 Exceção: alguns atos e contratos de autarquias podem ser de natureza privada e,
como tais, regulados pelo direito privado (ex. contratos de seguro).

 RESPONSABILIDADE CIVIL: Em regra, a responsabilidade é objetiva, ou seja, aquela


que independe da investigação sobre a culpa na conduta do agente, na forma do art.
37, § 6° da CF8. As autarquias respondem pelos próprios atos, de modo direto ou
primário, contudo, podem exercer o direito de regresso contra o servidor que
diretamente provocou dano. O Estado somente responderá subsidiariamente, face a
exaustão das forças autárquicas em reparar o dano que causou.
Lembrar! Essa responsabilidade será objetiva ressalvada a hipótese de dano ensejado por
conduta omissiva, como sustenta a doutrina majoritária e vem admitindo a jurisprudência
do STF e do STJ.

 AGÊNCIAS AUTÁRQUICAS REGULADORAS E EXECUTIVAS: As agências constituem


um grupo especial de autarquias, possuindo a função de controle de pessoas privadas incumbidas
da prestação de serviços públicos.
 AGÊNCIAS REGULADORAS: exercem controle basicamente sobre dois setores,
ambos executados por pessoas da iniciativa privada: os serviços públicos
delegados por concessão (ex. energia elétrica) e algumas atividades econômicas
privadas de relevância social (ex. produção e comercialização de medicamentos).
Regulamentação independente e parcial: Devem controlar os serviços e atividades
exercidas pelas empresas privadas sob o regime de concessão.
Para melhor entender, a Lei nº 9.491 de 1997, que instituiu o Plano Nacional de
Desestatização, tinha como um dos objetivos estratégicos reduzir o déficit público e sanear
as finanças governamentais e, para tanto, buscou transferir à iniciativa privada algumas
atividades que o Estado exercia de forma dispendiosa.
Nesse sentido, com afastamento do Estado dessas atividades, fez-se necessária a
instituição de órgãos reguladores. Então, pela natureza da função a ser exercida, foram
criadas, sob a forma de autarquias, as agências reguladoras, como ANEEL, ANATEL e
ANP.
Assim, atribuiu-se às agencias reguladoras a função principal de controlar a
prestação dos serviços públicos e o exercício de atividades econômicas, bem como a
própria atuação das pessoas privadas que passaram a executá-los, inclusive, impondo sua
adequação aos fins objetivados pelo Governo e às estratégias econômicas e
administrativas.
Lembrar! Como a instituição de tais agências resulta do processo de descentralização
administrativa e, tendo em vista a autonomia que lhes confere a Constituição, é lícito aos

8
Art. 37, § 6º, CF: As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de
dolo ou culpa.
Administrativo 1 – Thalita Bortoloso 23

Estados, Distrito Federal e Municípios criarem suas próprias agências autárquicas quando
se tratar de serviço público de sua respectiva competência (e claro, que a execução tenha
sido delegada a pessoas do setor privado, principalmente concessionários e
permissionários). OBS: Exige-se que a entidade seja instituída por lei, como impõe o art.
37, XIX da CF.

 AGÊNCIAS EXECUTIVAS: Exercem atividade estatal descentralizada e afastada


da burocracia administrativa central. Visa a implementação de um modelo de
administração gerencial, caracterizado por decisões e ações orientadas para
resultados, objetivando a celeridade das ações das agências e tendo como foco as
necessidades dos cidadãos, complementando ou até mesmo possibilitando a
execução para tornar efetivas as políticas de desenvolvimento e bem-estar
coletivos.
Ex. INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normatização, e Qualidade Industrial) e a Agência
de Inteligência, instituída pela Lei nº 9883/99. Com a mesma natureza, foram reinstituídas a
SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).

São regidas pela OPERACIONALIDADE: visando a efetiva execução e implementação da


atividade descentralizada, diferente da agência reguladora que visa exatamente o controle
(isso não quer dizer, contudo, que, por vezes, as agencias executivas possuam função de
controle em suas atividades).
Além disso, a lei assegura autonomia de gestão e disponibilidade de recursos
orçamentários e financeiros para cumprir metas.
Será uma agência executiva, quando:
1. Possuir plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em
andamento.
2. Celebrar o contrato de gestão com o Ministério supervisor.

OBS – Diferença das Agências Reguladoras para as Agências Executivas: As


Agências Reguladoras são autarquias em regime especial, criadas por lei, sendo pessoas
jurídicas de direito público, dotadas de autonomia e, logo, são integrantes da
Administração Pública Indireta, exercendo o controle sobre particulares prestadores de
serviços.
Já as Agências Executivas não são classificadas dentro da estrutura da
Administração Pública, se tratando, apenas, de uma qualificação dada a uma autarquia ou
fundação que tenha um contrato de gestão com seu órgão supervisor, no caso um
ministério.
EX1: As Agências Reguladoras são autarquias em regime especial, integrantes da Administração
Indireta, ao mesmo tempo em que são Agências Executivas, pois mantém um contrato de gestão
com a Administração Direta ao qual estão vinculadas, cumprindo metas de desempenho, redução
de custos e eficiência. Nesse caso ser uma agência executiva é apenas uma qualificação dada por
um Ministro de Estado.
EX2: Uma Organização Social (Terceiro Setor), que não é integrante da Administração Pública
Indireta, pode ser uma agência executiva, por qualificação dada a ela por um Ministro de Estado e,
para tanto, mantém um contrato de gestão.
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EMPRESAS ESTATAIS
(Empresas Públicas e Sociedade de Economia Mista)
Pessoa jurídica de direito privado integrante da administração pública indireta e criada por
autorização legal.
São entidades dotadas de personalidade jurídica de direito privado, se valendo do
Estado para possibilitar a execução de alguma atividade de seu interesse com maior
flexibilidade, sem as travas do emperramento burocrático indissociáveis das pessoas de
direito público.

 CONCEITO:
 EMPRESAS PÚBLICAS: são criadas sob qualquer forma jurídica adequada a sua
natureza, para que o Governo exerça atividades gerais de caráter econômico ou,
em certas situações, execute a prestação de serviços públicos.,
Em suma, é uma pessoa jurídica de direito privado que recebe o nome de “pública” devido
a uma relação de controle entre o Estado e a empresa (ela não é completamente livre). O
capital social da empresa é integralmente público.
Ex: Correios e Telégrafos; FINEP; Casa da Moeda do Brasil; Caixa Econômica Federal; BNDES,
SERPRO.

 SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA: são criadas sob a forma de sociedades


anônimas, cujo controle acionário pertença ao Poder Público, tendo por objetivo,
como regra, as explorações de atividades gerais de caráter econômico e, em
algumas ocasiões, a prestação de serviços públicos.
São sociedades por ações. O capital social é público e privado.
Ex. Banco do Brasil, Banco da Amazônia e Petrobrás.

 DIFERENÇAS:
 COMPOSIÇÃO DO CAPITAL: O capital social da empresa pública é integralmente
público, enquanto da sociedade é público e privado (o domínio do capital deve ser
por parte do Estado ou de outra pessoa a ele vinculado).
OBS: As empresas podem ser unipessoais ou pluripessoais. As unipessoais possuem
capital de apenas uma empresa, qual seja, da pessoa criadora. Já as empresas públicas
pluripessoais são aquelas que, quando além do capital dominante da pessoa criadora, se
associam recursos de outras pessoas administrativas.
 FORMA SOCIETÁRIA: Empresa pública pode ser qualquer forma em direito
admitida, já a sociedade sempre será S/A – sociedade anônima (tem ações na
bolsa).
 FORO COMPETENTE: O foro competente da empresa publica federal é a justiça
federal. Na sociedade de economia mista federal será a Justiça Estadual, contudo,
nos casos em que a União estiver presente no processo (como assistente ou
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oponente) o foro será a Justiça Federal. Além disso, quando a autoridade coatora
for um empregado da S.E.M. a competência também será da JF.

 PERSONALIDADE JURÍDICA: personalidade jurídica de direito privado.


Os órgãos estatais encontram-se presos a uma infinita série de controles, provocando
sensível lentidão nas atividades que desempenham. Assim, para fugir desse problema as
empresas estatais, tendo personalidade jurídica de direito privado, embora sob a direção
institucional do Estado, possuem uma maior versatilidade em sua atuação, quando
voltadas para atividades econômicas.
Entretanto, o fato de possuírem personalidade jurídica de direito privado não as
coloca no nível de exata igualdade das pessoas nascidas da iniciativa privada.

 CRIAÇÃO E EXTINÇÃO: a lei não as cria, mas autoriza a criação (art. 37, XIX, CF).
A extinção reclama lei autorizadora, pautada na ideia de simetria, se só a lei pode criar, só
a lei pode extinguir. Significa dizer que o Poder Executivo a qual são vinculadas não tem
competência exclusiva para dar fim às entidades.
OBS – AUTARQUIAS X EMPRESAS ESTATAIS: Na autarquia, quando a lei é criada, a
personalidade jurídica também é, diferente do que ocorre nas empresas estatais, em que a
personalidade jurídica só é criada com o registro no cartório. Em resumo, a lei cria a
autarquia, mas apenas autoriza a criação das empresas estatais.
 Empresas subsidiárias: são aquelas cujo controle e gestão das atividades ficam
atribuídos à empresa pública ou à sociedade de economia mista diretamente
criadas pelo Estado. O Estado cria e controla diretamente determinada sociedade
de economia mista (primária) e esta, por sua vez, passa a gerir uma nova sociedade
mista, tendo também o domínio do capital votante (esta segunda empresa que
constitui a sociedade subsidiária).
Sua criação depende de autorização legislativa. A autorização não precisa ser dada para a
criação específica de cada entidade, sendo legítimo que a lei disciplinadora da entidade
primária autorize, desde logo, a posterior instituição de subsidiárias.
São controladas de forma indireta pela pessoa federativa que instituiu a entidade
Primária e possuem o objetivo de se dedicar a um dos segmentos específicos da entidade
primária e, por isso, também são consideradas integrantes da Administração Indireta.

 ABRANGÊNCIA (Lei 13.303/16): A Lei das Estatais é uma lei nacional, valendo para a
União, os Estados, o DF e os Municípios. É aplicada a toda empresa pública ou
sociedade de economia mista que explorem a atividade econômica de produção ou
comercialização de bens ou que prestem serviços públicos.

 OBJETO: É o desempenho de atividades de caráter econômico, ou para a prestação


de serviços públicos, São verdadeiros instrumentos de atuação do Estado no papel de
empresário.
Contudo, essa forma de exploração indireta deve ter limites para impedir que as entidades
se introduzam no mercado com vistas ao regime de competição com as empresas de
iniciativa privada.
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Atenção! Não podem ser exercidos pelas empresas estatais os serviços ditos próprios do
Estado (que só o Estado pode executar), como a segurança pública, a prestação de
justiça, a defesa da soberania nacional. Excluem-se, também, os que têm acentuada
importância social, como a assistência social a certas categorias sociais ou os de apoio a
regiões desfavorecidas.

 REGIME JURÍDICO: Híbrido – natureza híbrida, pois são pessoas jurídicas de direito
privado, mas sob o controle do Estado
Quando se trata do aspecto relativo ao exercício da atividade econômica, predominam as
normas do regime privado. Incidem normas de direito público naqueles aspectos ligados ao
controle administrativo resultante de sua vinculação à pessoa federativa.
Percebe-se, então, que as empresas estatais têm seu regime jurídico determinado,
essencialmente, pela natureza de seu objeto, de suas atividades.

Importante – REGIME TRIBUTÁRIO: Veda-se ao Estado-empresário a obtenção de


vantagens de que também não possam usufruir as empresas de iniciativa privada,
inexistindo privilégios materiais e processuais, como os atribuídos às entidades públicas
(como às autarquias).
Não é possível privilegiar tributariamente o Estado no que toca às entidades
paraestatais, pois ele mesmo tem a sua disposição outros mecanismos (autarquias,
fundações públicas) suscetíveis da incidência desses privilégios.
Situação excepcional: é a hipótese em que a empresa pública ou a sociedade de
economia mista executam serviço público monopolizado. A concessão de um ou outro
privilégio seria aceitável, nesses casos, em virtude da inexistência de ameaça ao mercado
e da ausência do risco de abuso do poder econômico.

 PATRIMÔNIO: Os bens que integram inicialmente o patrimônio das empresas estatais


proveem da pessoa federativa instituidora – tinham qualificação de bens públicos,
enquanto pertenciam a pessoa federativa e, quando transferidos ao patrimônio das
entidades, caracterizaram-se como bens privados, sujeitos a sua própria administração.
Sendo bens privados, não são atribuídas a eles as prerrogativas próprias dos bens
públicos (imprescritibilidade, impenhorabilidade, etc.). A administração dos bens, sua
conservação, proteção e os casos de alienação e oneração, são disciplinados pelos
estatutos da entidade.

 INTEGRANTES DAS EMPRESAS ESTATAIS: O vínculo jurídico que se firma entre os


empregados e aquelas pessoas administrativas tem natureza contratual, já que
atrelados por contrato de trabalho típico, submetendo-se ao regime trabalhista comum
(CLT).
Em geral, os cargos de presidente ou de direção dessas entidades correspondem a
funções de confiança e são preenchidos a critério da autoridade competente do ente
público a que estão vinculadas.
Já o ingresso dos outros empregados deve ser precedido de aprovação em concurso
público (mesmo assim incidem as regras da CLT), sendo considerados agentes públicos
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para os fins de incidência das diversas sanções na hipótese de improbidade administrativa


e equiparados a funcionários públicos para fins penais.
Apesar de inaplicável o regime da estabilidade funcional, tem sido assegurado aos
empregados concursados dessas entidades o direito de exigir motivação em eventuais
atos de demissão, requisito não exigido nas rescisões contratuais em geral.

 ATOS E CONTRATOS: A Lei n. 13.303/2016 prevê um regime próprio de licitações e


contratos para as empresas estatais. Dessa forma, não se aplicam às empresas
estatais a:
 Lei n. 8.666/1993: o regime tradicional de licitações, direcionado para a
Administração Pública em geral.
Exceção em que se aplica essa lei: hipóteses expressamente previstas na lei das estatais
(artigo 41 normas penais; artigo 55, III desempate).
OBS: A lei de licitações, em sua literalidade, continua dizendo que as EP e SEM se
submetem a seu regime, mas a Lei 13.303/16 a substituiu.
 Lei n. 10.520/2002 (modalidade pregão)
 Lei n. 12.462/2012 (Regime Diferenciado de Contratações - RDC).

 CONTROLE: Controle das despesas contratuais e Controle finalístico.


As empresas estatais devem manter um banco de dados de licitações e contratos com
acesso em tempo real aos órgãos de controle, devendo divulgar informações mensais
sobre execução dos contratos e orçamento disponíveis ao público, sendo admitidos até 2
meses de retardo.

 RESPONSABILIDADE CIVIL: As entidades que forem prestadoras de serviços


públicos possuíram responsabilidade civil de natureza objetiva.
Assim, as empresas estatais prestadoras de serviços públicos respondem objetivamente
pelos prejuízos que seus agentes causarem a terceiros. No entanto, caso não possuam
recursos para a reparação de danos ao terceiro, quem responde é o ente criador (a
administração direta).
Lembrando! O ente criador possui responsabilidade subsidiária, e não solidária!!
Já as empresas estatais interventoras do domínio econômico são regidas pela
legislação civil, e, por isso, quando da prática de atos danosos, a responsabilidade será
regida pelo Código Civil de 2002, podendo, também, incorrer na aplicação do CDC.

 FALÊNCIA E EXECUÇÃO: Admitia-se a decretação de falência no caso de insolvência


das empresas estatais. Todavia, a Lei 11.101/05, que regula a recuperação judicial, a
extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, optou, em seu
artigo 2, inciso I, por não se aplicar nos casos da empresa publica e sociedade de
economia mista, independentemente da atividade que desempenhem.
Já o regime de execução e penhora continua sendo aplicável a empresas publicas e
sociedade de economia mista, independentemente da atividade que desempenhem. Assim
o credor, munido de titulo executivo judicial ou extrajudicial, poderá ajuizar normalmente a
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ação de execução; e, não pago o debito no prazo legal, deve o juiz ordenar a penhora dos
bens necessários a garantia do juízo e do credor.

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