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* Livro juspodivumoab 1 e 2 fase Matheus carvalho direito administrativo
* Vademecum comum pela legislação processual

1o passo: assistir as 23 aulas de direito material – espelhadas do curso de carreira jurídica


2o passo: 14 aulas de peças – resolve os dois simulados – ele avisa quando for para fazer
3o passo: 5 aulas de revisão
4o passo: 3 simulados extras corrigidos em 3 vídeos separados

DIREITO ADMINISTRATIVO

1a aula – Direito Material

1.1 - Introdução ao Direito Administrativo


Além das aulas, ler o livro dele. Facebook professor Matheus Carvalho.

Matéria que cai em provas mais aprofundadas, não costumava cair e tem começado a cair. São as normas introdutórias do
direito administrativo.

Definição Estado, Governo e Administração


O estado nada mais é do que uma pessoa jurídica territorial soberana, tem personalidade jurídica e exerce uma soberania
sobre determinado território, normalmente a sociologia e as ciências politicas definem o estado como um complexo composto por povo,
território e soberania. A formação do estado se dá por um contrato social, logo o estado exerce soberania sobre determinado povo em
um território. O estado é sujeito de direito, titular de direitos e obrigações e tem SEMPRE personalidade jurídica de direito publico,
mesmo que algumas vezes ele atue na área privada, por exemplo quando realiza contratos. Mesmo quando o estado executa
atividades no direito privado ele continua sendo pessoa jurídica de direito publico, logo ele é sempre pessoa jurídica de direito publico,
mesmo que ele atue exercendo atividade privada ou na relação jurídica com particulares.
Esse estado deve ter um governo soberano, o governo nada mais é do que o conjunto de órgãos que está direcionado para
a politica estatal, ao exercício da politica do estado, órgãos politicamente organizados para definir a atuação e os fins do estado. O
governo brasileiro é presidencialista, o chefe de estado e de governo se confundem. No Brasil se aplica o sistema presidencialista de
governo que define os fins do Estado.
Formado pelo Governo o Estado se divide em três poderes, a ideia da tripartição de poderes de Montesquieu, o poder do
estado é uno mas para evitar que ele se concentre na mão de um único sujeito, se definiu a divisão/distribuição desses poderes entre
órgãos e agentes diferentes, como forma de se evitar regras absolutas. Logo, ele se triparte entre o poder legislativo, judiciário e
executivo, sendo que cada um dos poderes do estado terá sua função diferente. O legislativo tem o poder de editar normas que
inovam no ordenamento jurídico criando direitos e obrigações a particulares, tipicamente a função dele é legislativa, função por meio
da qual a administração publica vai poder definir as regras do seu estado, normas que orientam, normas gerais e abstratas, que
definem os direitos e obrigações a serem seguida por todos os participes.
O judiciário tem a função jurisdicional de julgar as contendas, e possui forca definitiva, qual seja a coisa julgada, que é
inerente a função jurisdicional, ensejando a imutabilidade da situação. Por ultimo, o poder executivo que exerce a função
administrativa, que é exatamente o que nos interessa, tal função delimita o objeto do direito administrativo, a função administrativa
possui a função de executar o direito, realiza os fins do estado, executa o direito em relação aos particulares e a própria administração.
Estes três poderes são independentes mas são harmônicos entre si, esta harmonia entre eles os permite controlar uns aos outros –
teoria dos freios e contrapesos. O ponto mais relevante dessa harmonia é o fato de que cada um desses poderes exerce também as
funções dos outros poderes de forma atípica.

Por exemplo: o poder legislativo também administra quando realiza procedimento licitatório ou concursos públicos, da
mesma forma o judiciário realiza estas funções de forma atípica.

Embora a função administrativa seja típica do poder executivo, ela pode ser exercida de modo atípico pelos outros poderes.
O direito administrativo se baseia na função administrativa. Administração publica pode ser enxergada de duas formas, dentro de um
critério formal e objetivo ou material ou objetivo. No primeiro a administração publica nada mais é do que o conjunto de órgãos e
entidades que formam a estrutura do Estado, qual seja o poder executivo ou legislativo e judiciários quando exercendo função
administrativa. Conjunto de órgãos e entidades que atuam na execução da atividade administrativa. Em sentido formal é SEMPRE EM
LETRA MAIÚSCULA.
Em LETRA MINÚSCULA é quando ela é analisa no critério material ou objetivo, que consiste na própria atividade
administrativa. No formal são os entes e no material é a própria atividade.

Definição da Administração Pública


A definição da administração pública se baseia no conceito do que é função administrativa. O exercício da função
administrativa é o objeto do direito administrativo. Existem alguns critérios que buscam definir o que é função administrativa:
- Escola do serviço publico francesa: toda atuação do estado na prestação do serviço publico a sociedade. Essa definição
cai por terra por dois motivos porque o direito administrativo não se limita a prestação de serviços, existem outras atividades, ex. Poder
de policia – que é praticado pelo estado mas não é serviço publico. Ademais, outros ramos do direito também se preocupam com a
prestação de serviços públicos, como por exemplo o direito tributário, então não é uma característica intrínseca ao direito
administrativo. Dois erros: delimitar atividade que é mais ampla e que vai a outros ramos do direito.
- Critério do Poder Executivo: não funciona também, mas estabelece que o direto administrativo tem como objeto de
estudo a atuação do poder executivo. Não procede por dois problemas: porque os outros poderes também exercem a função
administrativa atipicamente, não se limitando ao poder executivo e porque o poder executivo também exerce atipicamente as outras
funções, ex. quando ele edita leis, quando está atipicamente legislando.
- Critério das relações jurídicas: estabelece que o direito administrativo tem como objeto regulamentar as relações
jurídicas travadas entre o estado e o particular. Contudo, a função administrativa também se preocupa com exercício de normas
internas mesmo sem relação direta com particulares e nem toda relação jurídica travada entre o estado e o particular é trava por
normas públicas, pois é possível a celebração de relações baseadas nos direito privado, assim este critério também é insuficiente.

1.2 - Introdução ao Direito Administrativo


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- Critério teleológico: estudo da finalidade, estabelecia que o direito administrativo tinha como objeto toda atividade do
estado voltada para a finalidade pública, todas as vezes que o Estado atua com essa finalidade seria objeto do direito administrativo.
Esse critério é insuficiente porque não é apenas o direito administrativo que estuda a atividade do estado com essa finalidade. Este
critério não está errado, mas incompleto, porque a finalidade do Estado de fato é sempre buscar as finalidades coletivas.
- Critério residual: estabelece que toda atividade do estado que não seja a função legislativa, jurisdicional ou politica
(função mediata, que visa organizar a estrutura de governo e um estado politicamente organizado), para que seja objeto do direito
administrativo deve-se analisar a atividade estatal e separar as outras funções, se verifica então no estudo da função administrativa
que não consistiria em nenhuma das outras três citadas. De fato não é, contudo não é possível conceituar um ramo do direito por
exclusão, é necessário ter uma definição definitiva do que ele é, por isso embora este critério não esteja errado, não é o critério
utilizado para definir o direito administrativo.
- Critério da administração publica (Hely Lopes Meirelles): direito administrativo é um conjunto harmônico de princípios
que regem os órgãos e agentes da atividade publica para organizar a realização dos fins almejados pelo estado de forma concreta,
direta e imediata.

* Primeiro ponto do critério – direito administrativo é um conjunto harmônico de princípios – decorre da formação do
regime jurídico administrativo. Todos os ramos do direito são baseados em princípios que orientam a forma de entender os
institutos da matéria, o direito administrativo também possui e analisamos conjuntamente os princípios de direito
administrativo formam a logica do direito administrativo.
*Segundo ponto – busca pela realização dos fins – o direito administrativo não estabelece os fins do estado, quem faz isso
é o direito constitucional, o direito administrativo visa realizar os fins almejados pelo estado, executando essas finalidades.
* Terceiro ponto – forma concreta, direta e imediata – busca realizar de forma concreta, diferente da função legislativa que
é geral e abstrata pois estabelece normas que não se direcionam a pessoas especificas, de forma direta diferente da função
jurisdicional que é indireta, tendo em vista que depende de provocação do particular para se iniciar, a ideia é que a função
administrativa é direta, portanto não depende de provocação, podendo ser exercida de oficio. Além disso, é imediata,
diferente da função política que busca o interesse publico de forca mediata e não como objeto direto da atuação.

O direito administrativo vai ser analisado sempre no exercício da função administrativa, sem retirar a relação que possui com
os outros ramos do direito, por exemplo o direito constitucional define os fins do estado, o tributário é o que arrecada para ser gasto no
exercício da função administrativa, dentre outras.
Fontes
Para a doutrina moderna tem as fontes comuns dos outros ramos. A lei é a única fonte primária do direito administrativo.
Toda produção legislativa no direito brasileiro, tem a possibilidade de inovar definindo as formas e regras da administração publica,
considerando lei em sentido amplo, alcançando até mesmo as medidas provisórias.
Além da lei é fonte primaria do direito a jurisprudência, que de modo tradicional é considerada como fonte de orientação e
interpretativa da lei. Contudo, modernamente, desde 2004 com a Emenda 45, foi inserido da CRFB a possibilidade da jurisprudência
ter forca vinculante, tornando-se fonte primária do direito. Dessa forma, funciona como fonte interpretativa, mas também funciona como
fonte primaria, não somente orientadora mas também vinculante, na forma da lei da súmula vinculante, que vincula a função
administrativa, ainda que não vincule o poder legislativo, sendo assim, fonte primária do direito administrativo.
Existem também os costumes, que são a orientação da própria atividade administrativa pela sociedade, abarcando os
costumes da sociedade e da atividade do estado, costumes internos e também os externos. Também é uma fonte interpretativa, não
podendo ser utilizado contra legem, deve utilizar padrões aceitáveis pelos costumes daquela sociedade acerca daquela situação,
definindo a atuação do estado e a forma como ele deve interpretar e aplicar o texto legal.
Por fim se fala nos princípios gerais do direito que são orientadores de todo o sistema, não os constitucionais mas os que
orientam a formação dos princípios constitucionais, que também são fontes indiretas.

Interpretação das normas administrativas


Todos os critérios interpretativos utilizados pela hermenêutica são utilizados em direito administrativo, entretanto, quando se
fala em direito administrativo, toda a interpretação do estado deve se basear em algumas regras: desigualdade que existe entre a
administração publica e o particular. O interesse publico sempre vai prevalecer em detrimento de interesses particulares. Além disso,
deve ser interpretando, tendo em mente que existe uma presunção de legitimidade na atuação do estado, claro que as presunções são
relativas desde que comprovado o contrario, mas ate então, deve se interpretar a atuação do estado como se legitima fosse. Por fim é
fundamental saber que a atuação do estado necessita de discricionariedade porque a lei não consegue alcançar cada situação
concreta, logo ela é necessária ao exercício de uma boa atuação estatal, realmente alcançando o interesse publico.
Ademais, toda atividade administrativa fica sujeita a controle, no mundo existem dois sistemas, quais sejam: do contencioso
que é o sistema francês, que consiste na analise de forma absoluta da separação de poderes, assim o judiciário julga todas as
controvérsias que existem no direito exceto as em que o estado participe, pois apenas quem pode julgar a administração é a própria
administração. Na França existe o conselho de estado que possui a função de julgar a administração publica e essas decisões
possuem caráter de definitividade, não sujeitas ao controle jurisdicional. O segundo, que é o sistema adotado pelo Brasil, é o sistema
da jurisdição única que é o sistema Inglês, que define que existe processo administrativo e contencioso na via administrativa, contudo
eles não tem caráter de definitividade, ou seja, coisa julgada material, pois qualquer lesão ou ameaça de lesão estão sujeitas a
controle jurisdicional posterior, logo as decisões administrativas não formam coisa julgada material com caráter de definitividade, pois o
judiciário é o único que pode decidir com definitividade.

1.3 – Regime Jurídico Administrativo


Princípios inerentes ao direito administrativo
Muito importante, pois são a lógica do sistema. O regime jurídico administrativo começa o raciocínio com dois princípios
basilares:
* Supremacia do interesse público sobre o interesse privado: havendo necessidade o estado pode restringir direitos
individuais na busca do interesse público, ou seja, restringir o interesse individual para garantir o interesse coletivo. Este principio
enseja a já citada desigualdade que permite prerrogativas garantias que auxiliam o Estado a perseguir o interesse da comunidade, o
limite dessas garantias é o outro principio.
* Indisponibilidade do interesse público: o estado não pode dispor, abrir mão da atenção ao interesse coletivo. Para evitar
que o administrador tenha a possibilidade de abrir mão dos interesses coletivos e correr atrás de interesses individuais, para tanto
existem algumas limitações ao administrador.
O regime jurídico administrativo é exatamente o confronto entre as prerrogativas do estado e as limitações que ele sofre para
atuar. Essas prerrogativas x limitações são o regime jurídico administrativo.
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Tanto as prerrogativas quanto as limitações decorrem da busca pelo interesse público. Destes dois princípios básicos
decorrem todos os outros princípios de direito administrativo. TODOS os princípios de direito administrativo decorrem da constituição,
sejam expressos ou implícitos.

Princípios Expressos
Art. 37, caput – LIMPE:
* Legalidade: na regra geral ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo se não em virtude de lei, se a lei não proibir
o particular pode atuar, ou seja, não contradição à lei. Contudo, ele não é aplicado no direito publico dessa forma, pelo contrário é
subordinação à lei, de modo que, só existe atuação estatal se existir expressa ou implícita previsão legal.
* Impessoalidade: não discriminação. A atuação do estado vai ser a mesma independentemente da pessoa que vai ser
atingida pelo ato. Toda atuação do estado vai ser direcionada ao interesse publico objetivamente e não subjetivamente, logo,
independe da pessoa. A doutrina moderna vem começando a entender que impessoalidade também deve ser enxerga sob a ótica do
agente publico, que não é a pessoa do agente que esta atuando mas sim o estado por meio dele, assim, não é possível imputar a
conduta do agente a ele, mas ao Estado, pois não é a pessoa do agente que pratica o ato mas sim o estado por meio dele, afinal o
agente atua em nome do estado e não dele (o STF entende assim – de modo que praticado um dano pelo agente, deve ser cobrado do
Estado e não diretamente do agente). Da mesma forma, ao atuar o agente não pode colocar a atuação como se fosse dele mas sim do
Estado (ex. Prefeito que faz a obra e faz a propaganda do município e não dele mesmo – art. 37 parágrafo 1o).
* Moralidade: honestidade, boa-fé de conduta, lealdade no trato com as instituições públicas, não corrupção. Chamada
também de moralidade jurídica, é como perseguir o fim da instituição publica com honestidade. Moralidade no trato com a atividade
pública.
* Publicidade: Transparência. A atividade administrativa deve ser conhecida, ou se fazer conhecida, por toda a sociedade.
Não se admite o sigilo na atuação estatal. Lembrando que os princípios não são absolutos, podendo ser afastados quando houver
choque entre eles, assim, quando se fala em publicidade é pacifico o entendimento de que ela poderá ser afastada quando: causar
prejuízos a intimidade, honra ou vida privada ou se puder atentar contra a segurança nacional, desde que isso seja previamente
justificado, baseando-se nessas hipóteses de sigilo. A publicidade viabiliza o controle da sociedade sobre os atos administrativos, pois
se ele for sigiloso a sociedade não poderá efetivar dito controle, pois é direito do particular controlar o administrador, o que apenas
será possível se os atos forem publicizados, logo a publicidade é garantia de controle dos atos da administração pela sociedade. A
doutrina moderna vem dizendo também que ela funciona como requisito de eficácia dos atos administrativos quando eles se
direcionam a sociedade, assim apenas produz efeitos sobre o cidadão depois que ele for publicado.
* Eficiência: não é originário, foi inserido pela EC 19/98. Claro que antes ela já precisava ser eficiente, mas está expresso a
partir da emenda. A ideia de eficiência se baseia na busca da obtenção de resultados positivos, aquele que produz muito com poucos
gastos. O entendimento de que deveria existir uma lei para regulamentar este principio caiu por terra. Ela norteia qualquer atuação do
estado que sempre deve buscar ser eficiente, assim, sendo desnecessária a regulamentação específica.

Art. 5o, LV:


* Ampla defesa e contraditório:em regra consistem no direito do particular de saber o que está acontecendo no processo e
o direito de se manifestar e formar o convencimento do julgador.

1.4 – Regime Jurídico Administrativo


No direito administrativo a ampla defesa abarca o direito a defesa prévia, podendo se defender antes de decidida a questão.
Claro que existem exceções, mas a princípios antes de se proferir decisão ou praticar atos administrativos o particular tem direito a
defesa prévia. Assim como tem direito a defesa técnica, direito de se defender por meio constituição de advogado, porém a ausência
de advogado não gera nulidade de acordo com a Súmula Vinculante 05 de 2008, estabelece que não há nulidade do processo pela
ausência de defesa técnica/advogado, ainda que exista uma súmula 343 do STJ já superada que dá a entender que incorreria em
nulidade do processo a ausência de advogado em qualquer ato do processo.
Ressalta-se que a ausência de advogado não gera nulidade do processo se esta for a opção do particular interessado, mas
se ele quiser se fazer representar por advogado ele não pode ser proibido de optar dessa forma. Há também o duplo grau de
julgamento e não jurisdição pois esta é única do judiciário. Há o direito ao recurso administrativo, inclusive trazido pela súmula
vinculante 21, que determina ser inconstitucional qualquer lei que exija depósito prévio ou garantia para interposição de recurso
administrativo, pois isto limitaria e violaria a garantia a ampla defesa. A ampla defesa em sede de direito administrativo então abarca o
direito ao duplo grau de julgamento, o direito a defesa previa e o direito a defesa técnica.

Princípios Implícitos
* Continuidade: esta implícito na constituição e expresso na lei 8785. Significa que a atividade do estado deve ser
ininterrupta, exige uma continuação, não se admitindo que seja interrompida. Três pontos: servidor publico pode fazer greve?
Depende, de forma ampla depende, pois militares não tem direito de greve e sindicalização. Para os servidores públicos civis a
constituição expressamente prevê que eles tem direito de greve que será exercido nos termos de lei específica, ressalta-se que a lei é
ordinária, não se trata de matéria de lei complementar. O problema é que não há nenhuma lei especifica que regulamento até hoje. Ele
tem direito de greve, mas ele pode exercer esse direito sem a lei especifica? A doutrina se divide, alguns entendem que a norma é de
eficácia contida, assim ele tem direito e pode exercer mas depois será editada uma lei infraconstitucional para conter os efeitos da
norma, mas ele já teria o exercício pleno. Esse entendimento não é o majoritário. O STF entende que a norma é de eficácia limitada,
de modo que ele apenas poderá exercer este direito em virtude da realização da lei regulamentar. Com o mandado de injunção
impetrado, o STF estabeleceu que ele tem direito de greve e que a norma depende de regulamentação por ser de eficácia limitada,
mas enquanto esta lei não surgir aplica-se a lei geral de greve, meramente como forma de suprir a omissão. E se a greve for licita ele
tem direito a ser remunerado pelo dia parado? Ainda que licita não ensejará remuneração, pois ela tem caráter contraprestacional, o
STJ tem decisões bem modernas que entendem que o administrador publico não corta o pagamento do servidor, sendo que ao
retornar o servidor terá que fazer a compensação dos dias parados, se ele não compensar é que ocorrerá o ressarcimento da
remuneração já recebida.
Exceção de contrato não cumprido se aplica ao direito administrativo? No direito civil ocorre quando a contrata b para fazer
algo mediante pagamento, se a não paga, consequentemente b não faz. Não posso exigir que você cumpra se eu não cumpri. Se for a
administração publica como fica? Se a administração não paga o contratado pode deixar de prestar o serviço? O art.78,XV da lei 8666,
diz que se a administração publica for inadimplente por mais de 90 dias o contratado pode deixar de prestar o serviço se valendo da
exceção de contrato não cumprido, de forma que essa exceção é diferida/ postergada, pois terá que suportar os primeiros 90 dias.
É possível interromper a prestação de um serviço por inadimplemento do usuário? Se não paga energia elétrica pode cortar,
isso é trazido pelo art.6o, parágrafo 3o da 8987, diz que não configura descontinuidade a interrupção do serviço por razoes de ordem
técnica e por inadimplemento do usuário, desde que haja situação de urgência ou desde que haja prévio aviso. a interrupção por
razoes de ordem técnica não enseja discussões, porém pelo inadimplemento há discussão, Bandeira de Mello entende que é
inconstitucional, porém este entendimento é minoritário. A doutrina e jurisprudência majoritária entendem que pode sim, pois essa
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interrupção decorre da supremacia do interesse público, pois se o estado aceitar o inadimplemento chegaria um momento em que o
estado não poderia prestar o serviço a ninguém. Claro resguardados os interesses da comunidade, não podendo paralisar serviço
essencial da comunidade, logo, não é possível que o inadimplemento do usuário e a interrupção do serviço para ele cause prejuízos ao
interesse publico geral (ex. cortar a energia de um hospital, bem como a iluminação publica, serviços essenciais para a comunidade
que não podem ser cortados devido ao inadimplemento do usuário)
* Razoabilidade e Proporcionalidade: a razoabilidade é uma atuação dentro dos padrões admitidos por uma sociedade,
padrões do homem médio. Muito importante para limitar e definir a discricionariedade administrativa, que enseja ao agente público uma
margem de escolhe/interpretação à lei. Se a pretexto de interpretar a lei o administrador publico atua de forma desarrazoada a atuação
sua ilegítima, de modo que ela acaba limitando e restringindo a discricionariedade do estado. A proporcionalidade é inerente a
razoabilidade e consiste na adequação entre fins e meios, nem mais intenso e nem mais extenso que o necessário a suprir aquele
motivo. É a ideia de que o ato deve ser proporcional e adequado ao motivo que ensejou sua pratica.
* Motivação: está expressa no art.50 da lei 8784/99, Carvalho Filho minoritariamente entende que a motivação não é um
principio. Mas é amplamente majoritário o entendimento de que ela é sim, mas como todos possui exceções. A administração deve
apresentar os motivos da pratica do ato. Exceções: cargos de comissão são de livre exoneração e livre nomeação, para realizar estes
atos não precisa haver motivação e a constituição expressamente prevê. Mas em geral o administrador deve informar os motivos para
a pratica da conduta por parte da administração.
*Autotutela: seja para revogação ou anulação de atos, esta expressa na sumula 473 do STF e no art.53 da 9784. É o poder
que a administração publica tem de rever seus próprios atos de oficio, deve sempre rever os atos praticados por ela mesma. Não
afasta a tutela jurisdicional, ainda que ela possa rever os atos dela, não impossibilita que o lesado recolha ao judiciário.
Se o ato por ilegal a administração pode determinar a anulação deste ato e se ele for inconveniente ou inoportuno, a
administração pode determinar a revogação dele. A anulação e a revogação consistem na retirada do ato seja por ilegalidade, seja por
oportunidade e conveniência, mas decorrem desse poder de autotutela/autocontrole. Portanto, a administração tem o poder/dever de
controlar sua atividade e rever os atos que ela mesma pratica.

2a aula – Direito Material


Poderes Administrativos
2.1
Todo poder administrativo é um poder dever, sempre que o estado puder atuar para alcançar o interesse publico ele deve
atuar, não podendo deixar de atuar se o interesse publico exigir essa atuação. Não são faculdades mas um dever sempre o interesse
publico exigir. Esses poderes deveres são instrumentais, não confundir com estruturais (legislativo executivo e judiciário), pois são
instrumentos necessários para alcançar o interesse coletivo, como se a administração tivesse esse poder como forma de alcançar o
interesse publico. O direito administrativo surgiu para limitar os poderes do estado, de modo que a administração pode exercer seu
poder até determinado ponto, para que o administrador consiga buscar o interesse publico.
Por esse motivo os poderes apenas serão legítimos, enquanto e no limite necessário para alcançar o interesse coletivo, de
modo que todas as vezes que o agente publico extrapolar o caráter instrumental dos poderes, ocorre o chamado abuso de poder, que
consiste em exercer o poder administrativo além dos limites dados pela lei, se o estado extrapola os limites ele está extrapolando os
limites. A expressão abuso de poder se divide em duas espécies, sendo elas: excesso de poder e desvio de poder. O excesso é um
vicio de competência e ocorre todas as vezes que o agente publico pratica o ato extrapolando a competência legal, excedendo a
competência definida em lei.
Já no desvio de poder é vicio de finalidade, a principio não há vicio na competência, o agente pratica o ato dentro dos limites
da competência legalmente definida, mas ele pratica o ato visando finalidade diversa da prevista em lei. Mesmo que pratique o ato
buscando finalidade publica, cometerá desvio de poder se modificar a finalidade especifica do ato definida em lei. O desvio de poder
inclusive é considerado como vício insanável, não admitindo concerto.

Os poderes administrativos podem ser realizados de forma discricionária ou vinculada, que são formas de exercício dos
poderes, não são o poder em si. Toda atuação do estado é vinculada a lei, não existe atuação estatal valida que não decorra da lei, o
que muda na atuação vinculada ou discricionária é a forma como a lei prevê a pratica do ato, e não sua adequação legal. Em algumas
situações a lei prevê a pratica do ato com todos os requisitos objetivamente estipulados, sem dar ao agente publico nenhuma margem
de escolha, esta é uma atuação vinculada. Se houver margem de escolha pelo agente público em qualquer elemento do ato esse ato
torna-se discricionário, ocorre quando a lei determina a forma de atuação, mas de alguma forma confere ao agente público a
oportunidade de escolher qual a melhor situação em algum aspecto.
A discricionariedade administrativa é chamada também de mérito e essa escolha conferida ao administrador publico, deverá
ser feita com base na conveniência e na oportunidade dentro dos limites que a lei permite à escolha, qual seja a mais conveniente ao
interesse público. Contudo, em algumas situações a discricionariedade apresenta-se disfarçada, principalmente quando estamos
diante de leis que tratam de conceitos jurídicos indeterminados que ensejam a necessidade de uma valoração do agente publico,
dentro do entendimento dele com relação a qual é a melhor solução para aquela situação concreta.
Ex. do bar da Alzira. Se o administrador atuou de forma lícita, simplesmente por não concordar com critério do que seja
pornografia, pode o juiz determinar o retorno do espetáculo?

2.2
Se a administradora atuou nos limites de sua competência e buscando o interesse público, o juiz não pode determinar o
contrário, pois não pode intervir em um mérito administrativo discricionário, ainda que ela seja controlada judicialmente pois nenhuma
lesão ou ameaça de lesão é de sua competência, o judiciário não pode substituir o mérito de um ato discricionário, podendo controla-
los apenas no que tange a legalidade ou legitimidade. Contudo, se ela atua dentro dos padrões legais o juiz não pode substituir a
oportunidade e conveniência do administrador pela dela, pois dessa forma estaria exercendo a função administrativa e não
jurisdicional, tendo em vista a substituição do mérito que violaria a separação de poderes.
Assim, o controle jurisdicional do ato administrativo se limita a licitude e legitimidade do mesmo. Embora o judiciário não
possa controlar o mérito administrativo, compete a ele controlar os limites do mérito, pois estes são definidos pela lei, portanto
abrangido pela competência jurisdicional, afinal controlar os limites do mérito consistem em controle de legalidade. O problema é com
relação aos conceitos jurídicos indeterminados, em que toma-se como parâmetro de limite o principio da razoabilidade, que ao ser
extrapolado, leva consigo os limites do mérito, o que deve ser analisado caso a caso.
Existem 4 poderes administrativos, exercidos de forma discricionária ou vinculada:
* Poder normativo: poder que a administração publica tem para a expedição de normas gerais e abstratas. Não é poder
legislativo, mas para expedir atos administrativos normativos, inferiores a lei e a ela obedientes, logo se atendo a seus limites. Ato
normativo não inova, acaba aumentando direitos, regulando ou estabelecendo restrições a elas porque minúcia as leis, mas são
limitados por elas buscando a fiel aplicação delas. Regulamentos ou decretos – regulamento é o ato e o decreto é a forma do
regulamento, o regulamento portanto é expedido por meio de decreto. Regulamentos ou decretos são atos privativos do chefe do
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poder executivo, que é o único que possui a competência para expedi-los. Outras autoridades podem expedir outros atos mas estes
são apenas para os chefes do executivo (presidente da republica, governador ou prefeito). A expressão poder regulamentar não é
indicada porque nos remete a regulamento que é apenas uma das espécies normativas que podem ser expedidas pela administração,
por isso a expressão poder normativo é melhor, tendo em vista que é mais ampla não apontando o ato normativo que será utilizado,
mas essa análise ainda não é pacífica, de modo que a doutrina tradicional ainda adota a expressão poder regulamentar como sinônimo
ao poder normativo. Para OAB o poder regulamentar é poder de expedir regulamentos, sendo assim uma espécie do poder normativo,
adstrito à competência do chefe do executivo.
O direito comparado ao tratar de regulamentos ou decretos diz que estes se dividem em dois grupos: regulamentos ou
decretos autônomos ou executivos. Os executivos é o que já tratamos, que é expedido para fiel execução da lei. Já os autônomos não
dependem de lei, esse é o problema, pois este é expedido para substituir a lei, na ausência da lei se expede um regulamento para
evitar que não haja regulamentação. Porém, o regulamento autônomo não poderia existir no Brasil em virtude do princípio da
legalidade, pois ninguém é obrigado a fazer nada se não em virtude de lei.
A discussão se acirrou com a emenda constitucional que alterou o art.84, VI, trazendo que o presidente da republica poderia
fazer por meio de regulamento a extinção de cargo público vago e tratar da matéria de organização administrativa desde que não crie
despesa ou que crie ou extinga órgãos administrativos. Este decreto estará atuando para substituir a lei, pois o que é criado por lei
apenas por ela pode ser extinta, por isso conferir ao presidente da republica esta possibilidade é conferir a ele a possibilidade de atuar
dentro de matéria que seria exclusiva da lei.
A doutrina moderna então considera que a regra é que no Brasil a regra é o regulamento executivo, expedido dentro dos
limites da lei, excepcionalmente dentro das exceções previstas na constituição se admitem duas espécies de decretos autônomos, que
são as duas hipóteses acima citadas. Bandeira de Mello continua achando que não há regulamento autônomo porque esses dois tipos
não geram efeitos para ninguém, mas esse entendimento é minoritário. Para fins da prova da OAB o art.84 é valido como as duas
únicas espécies de decreto autônomo admitidas no direito brasileiro.

2.3
* Poder hierárquico: Poder que a administração publica tem de distribuição de competências internamente. O poder
hierárquico se manifesta entre órgãos e agentes de uma mesma pessoa jurídica. Poder que administração publica tem de
internamente estruturar o funcionamento de seus órgãos, se manifesta entre órgãos e agentes de mesma pessoa jurídica, de modo
que, não existe hierarquia externa. Não confundir hierárquica com vinculação ou tutela. Não há subordinação e hierárquica externa,
pois não existe hierarquia entre pessoas jurídicas diversas, afinal a hierarquia se manifesta dentro de mesma pessoa jurídica. Ex.:
escalonamento de atividades, órgãos e competências de mesma pessoa jurídica. A hierarquia se manifesta de dois modos: atos de
coordenação ou subordinação. No primeiro o poder hierárquico é horizontal, órgãos que se encontram dentro do mesmo patamar
hierárquico, o que existe é distribuição das atividades entre os órgãos, não há um hierarquicamente superior a outro. Ex.: Ministério da
Saúde e Ministério da Educação. No segundo existe o escalonamento vertical dos órgãos. Ex.: Ministério da Saúde -> SUS -> Postos
de Saúde. Colocada por normas de subordinação, um órgão é superior a outro órgão, escalonando atividade e competência desses
órgãos. A hierárquica justifica por exemplo a possibilidade de anulação de atos praticados pelos subordinados ainda que não haja
recurso, o superior hierárquico pode anular ato praticado por um outro agente que na escala hierarquizada está inferior a ele. Bem
como, justifica as hipóteses de delegação e avocação de competências, lembrando que delegar competência é estender a
competência e avocar é tomar para si a competência de outrem, estas são decorrência da manifestação do poder hierárquico. Pode
delegar para outro agente de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior, o outro agente que não tinha competência originaria, em
virtude da delegação passa a ser competente para a realização do ato. Já a avocação ocorre a busca de competência, em que o
agente toma para si a competência de outro agente, a autoridade que não é competente passa a ser em virtude da avocação enquanto
durar tal ato, diferente da delegação, a avocação só pode ser realizada frente a agentes subordinados, não se admite a avocação de
competência de agentes de mesmo nível hierárquico. Em três situações são vedadas avocação e delegação de competências, quais
sejam (9784): vedada para edição de atos normativos, decisão de recurso hierárquico e competência definida em lei como
competência exclusiva (não privativa, pois esta pode ser delegada).
Ademais, a hierarquia pode se manifestar de norma interna em virtude de vínculos estatutários e empregatícios, pois decorre
do vinculo de trabalho, ainda que temporário.
* Poder disciplinar: é um poder interno assim como o poder hierárquico, de modo que não se manifesta com relação a
particulares em geral. De antemão considera-se que este é um poder sancionatório, ou seja, por meio do qual a administração publica
pode aplicar penalidades as pessoas. Sempre se manifesta através da aplicação de sanções, penalidades por infrações praticadas,
mas nem toda sanção configura poder disciplinar, afinal a administração publica pode aplicar sanções referentes a outros poderes,
para que haja poder disciplinar a sanção deve ser decorrente de vínculo especial entre o estado e o sujeito que está sendo punido. Se
a multa for decorrente de inadimplemento de contrato de particular junto ao Estado, será poder disciplinar, por afigura-se o vinculo
especial do particular com o Estado, diferente do que ocorre com relação as multas de transito que são decorrentes do poder de
polícia, em virtude da ausência deste vinculo especial entre o Estado e o particular.
A doutrina diz que existe manifestação do poder disciplinar pela hierarquia ou por contratos, que são exemplos de vínculos
especiais que ensejam aplicação de penalidades. Todas as penalidades restringem a esfera jurídica do particular que está sendo
punido, por isso não é possível a aplicação de nenhuma sanção sem a observância do devido processo legal, ou seja, processo
administrativo em que se respeite o contraditório e a ampla defesa, antes da aplicação da penalidade (defesa prévia).
Quando o poder disciplinar decorre de contratos administrativos as sanções estão disciplinadas na lei 8666, lembrando que o
contrato irá estabelecer as penalidades, mas sempre observando as determinações legais, a lei traz que desde que se respeite o
contraditório e a ampla defesa, o poder disciplinar pode ensejar: pena pecuniária (multa – isolada ou cumulativa), advertência e
suspensão de contratar com o poder público com um limite legal de dois anos (dependendo da gravidade da conduta), sendo possível
também uma declaração de inidoneidade da empresa também com prazo de dois anos (essa é a sanção mais grave), sem prejuízo
das sanções penais advindas das condutas que ensejaram sanções administrativas.
No âmbito federal a 8112 define o poder disciplinar decorrente da hierarquia, poder disciplinar para com os servidores que
tem vinculo especial hierárquico com o administração, a lei estabelece uma gama de sanções, definindo: demissão (penalidade mais
grave), suspensão (até 90 dias) e a mais leve é a advertência por escrito. A lei ainda prevê algumas penalidades que devem ser
aplicadas àqueles que não possuem cargos efetivos – função de confiança e cargos em comissão – qual seja, a destituição de tais
cargos, funciona como a demissão para os servidores efetivos. E também prevê as sanções disciplinares para aqueles que já não
estão mais na atividade, mas que no momento da pratica estava na atividade, podendo sofrer a penalidade de cassação de
aposentadoria ou cassação de disponibilidade, ou seja, aplicada ao servidor aposentado ou em disponibilidade mas que antes de se
encontrarem nesta situação cometeram atos que ensejaram sanções.
Lembrando que podem ser aplicadas as sanções civis e penais cabíveis, mas que estas não advém do poder disciplinar.
Quando se fala em sanção do poder disciplinar, bem como dos outros, deve-se sempre respeitar a proporcionalidade, afinal,
discricionariedade na aplicação de penas não respalda a arbitrariedade.

2.4
6

* Poder de polícia:o poder de polícia não é um poder interno, mas decorre da supremacia geral do estado, da
preponderância do interesse publico em face de direitos individuais, não depende de nenhum vinculo especifico ou interno entre
pessoas, se manifesta do estado para a sociedade. Diferente do poder hierárquico e disciplinar em que havia a exigência de vínculos
específicos. O poder de policia administrativa é diferente da policia judiciária que é matéria de processo penal (policia de prevenção e
repressão a pratica de ilícitos penais – esta incide sobre pessoas). Já policia administrativa incide sobre bens e direitos, regulamentada
no CTN art.78, pois essa polícia enseja a possibilidade de cobrança de taxas. É definida como o poder que a administração publica
tem de restringir o exercício de liberdades individuais, o uso gozo e disposição da propriedade para garantia do interesse publico, por
isso ela incide sobre bens e direitos (propriedade e liberdade), traduzindo a supremacia do interesse publico sobre o privado.
Poder de policia é preventivo e repressivo, pois ela pode se manifestar por atos preventivos, por exemplo licença para
construir, bem como repressivos, por exemplo multa ou embargo de obra. Além de poder se manifestar dessas duas formas, também
se manifesta por atos gerais e individuais, que atingem a todos ou se atém a um individuo.
Quanto a discricionariedade ou vinculação no exercício desse poder, considera-se que como regra o poder de policia se
manifesta por atos discricionários, contudo, isso não ocorre sempre pois se admitem atos vinculados de polícia como por exemplo a
licença, se a pessoa cumprir os requisitos definidos em lei ela tem direito a licença, afastando a discricionariedade, logo, não é
SEMPRE é EM REGRA.
-> A lei 9649 regulamenta os conselhos profissionais (menos a OAB) e determina que estes são particulares que atuam na
prestação de serviço publico por delegação. Essa lei foi objeto de uma ADI 1717, que dispôs que o que os conselhos fazem não é a
prestação do serviço publico mas sim o exercício do poder de policia do estado, pois limitam o exercício da atividade profissional para
alcançar a utilidade publica. Ademais o STF retirou a possibilidade de considerar que estes são delegados, mas que são considerados
como autarquias, pois o poder de policia é atividade típica de estado e não pode ser delegado a pessoas jurídicas de direito privado,
ainda que integrem a administração direta, logo só pode ser exercido por pessoa jurídica de direito público. Pode delegar atividades
materiais que possibilitem a execução do poder de policia, mas não o poder em si, chama-se de aspectos materiais do poder de
polícia. Ex. contratar empresa pra colocar o radar e enviar as multas para o Estado.
Poder de polícia possui alguns atributos, quais sejam: imperatividade (que é o poder que a administração publica tem de
impor obrigações ao particular unilateralmente, dentro dos limites legais, que descumpridas possibilita a administração publica de se
valer de meios indiretos ); exigibilidade/coercibilidade (poder que a administração tem de exigir o cumprimento do ato por meios
indiretos de coerção); auto-executoriedade/executoriedade (poder que a administração publica tem de executar o ato diretamente
ainda que diante de uma situação que se esperava que o particular atuasse, a auto-executoriedade não está presente em todos os
atos, deve estar definida em lei ou decorrer de situação de urgência. Ela afasta também o controle prévio do judiciário, o Estado faz
diretamente, não deve ir ao judiciário para requerer a execução do ato).
A doutrina tradicional costuma dizer que o poder de polícia é negativo, por impor a particulares abstenções, ou seja,
obrigações negativas de não fazer ou de tolerar. Modernamente se admite os atos de polícia estabelecendo obrigações positivas,
definindo obrigações de fazer. Ex. Estatuto da Cidade (lei 10.257/01) se o imóvel urbano não cumpre a função social, o poder vai exigir
que o particular de função social a propriedade, notifica-se o proprietário exigindo obrigação de fazer.

3a aula – Direito Material


Organização Administrativa
3.1
Conhecer a organização administrativa é conhecer as pessoas que compõe o Estado, é um grupo de pessoas que se orienta
para atingir a finalidade do interesse público, sendo que o Estado presta alguns serviços diretamente, essa prestação chama-se de
centralizada, feita pelas entidades politicas que são os entes da administração direta/centralizada, são as entidades federadas – União,
Estados, Municípios e Distrito Federal.
Porém, a administração tem que ser eficiente e a melhor forma de garantir a eficiência é especializando, no momento em
que o Estado transfere a prestação do serviço para uma entidade especializada ele descentraliza e alcança o principio da
especialidade.A descentralização pode ser feita a particulares ou a pessoas criadas pelo próprio Estado, que são os entes da
administração indireta, quais sejam: autarquias, fundações, empresas publicas e sociedade de economia mista.
A distribuição interna de competência não é denominada descentralização mas desconcentração, quando os órgãos se
dividem internamente de modo a especializar e alcançar a eficiência e essa descontração pode acontecer também da administração
direta quando na indireta.
Órgão público não tem personalidade jurídica própria, não são titulares de direitos e obrigações, são parte integrante de uma
pessoa jurídica responsável. Embora não tenham personalidade jurídica, alguns deles sofrem de capacidade postulatória, ideia de que
alguns desses órgãos tem o poder de figurar no polo ativo da inicial proposta por ele em nome próprio e não em nome da pessoa
jurídica, genericamente falando eles não possuem dita capacidade, a lei que confere essa capacidade postulatória a eles. A doutrina
costuma dizer que gozam da capacidade postulatória os órgãos independentes e autônomos, desde que estipulado por lei.
Foram criadas três teorias para justificar porque a atuação do agente publico é atuação do próprio órgão e não do agente:
teoria da representação (o agente publico atua em nome de incapazes, o agente publico representa o Estado porque o ente publico é
incapaz e depende de representação. Porém o estado é sujeito de direito, não podendo se enxergar como incapaz, não dependendo
de representantes. Ele é pessoa jurídica então ele não se representa pelo agente, ele se presenta, ou seja, se apresenta a ordem
jurídica por meio do agente); segunda é a teoria do mandato (estabelece que o agente publico atua como mandatário do Estado,
celebrando um contrato de mandato colocando o agente publico como mandatário dele. Não funciona porque a relação entre o agente
e o estado não é contratual, mas legal, o Estado não teria como celebrar o contrato de mandato, logo não teria como ter sido celebrado
previamente); a terceira que é a teoria que a gente aplica é a teoria do órgão ou da imputação volitiva (diz que a manifestação do
agente se confunde com a manifestação do Estado, todas as vezes que o agente manifesta a vontade ela se confunde com a
manifestação de vontade do Estado, o agente é o estado quando atua exercendo as atividades estatais, por isso não pode ser
imputada a pessoa do agente mas sim ao estado).

Classificação de órgãos:
* Quanto a Hierarquia: na descentralização não há hierarquia, pois transferência é externa entre pessoas jurídicas. Já na
desconcentração existe uma distribuição de competência interna entre órgãos e agentes de mesma pessoa jurídica, havendo
hierarquia. Nesta classificação os órgãos públicos podem ser:
- Independentes: não estão hierarquicamente subordinados a ninguém, são o topo da estrutura hierárquica. Ex.: Presidente
da República.
- Autônomos: não são independentes, entretanto possuem autonomia administrativa e financeira, ainda que ainda estejam
adstritos a subordinação aos órgãos independentes. Goza de autonomia administrativa. Ex.: Ministérios no âmbito federal, como o
Ministério da Fazenda que é autônomo mas esta imediatamente subordinado à Presidência da República.
- Superiores: não tem autonomia e dependem do orçamento e determinação realizada pelos órgãos autonomia, até mesmo
no que tange as organização administrativa. Porém, ainda conservam poder de decisão e pode executar suas atividades definindo a
forma que entende como a melhor para atuar.
7

- Subalternos: não tem sequer poder de decisão, atuam executando atividades de interesse público.

3.2
Os órgãos independentes e autônomos desde que a lei assim estabeleça podem gozar de capacidade postulatória,
capacidade processual ativa, não é inerente a todos os órgãos, a lei que define.

* Quanto a esfera/âmbito de atuação: definição feita com base na pessoa jurídica que o órgão integra, se integra a pessoa
jurídica federal, deve ser analisado o território nacional para ver se a competência é central ou local.
-Centrais: tem atribuição/exerce competência em toda a pessoa jurídica que ele integra. Não há restrição na participação
deste órgão.
-Locais: tem atribuição/competência restrita a determinada localidade da pessoa jurídica que ele integra.

* Quanto a estrutura: diz respeito a estrutura do órgão.


- Simples: aquele que tem uma estrutura formada por um único órgão.
- Compostos: estrutura formada por mais de um órgão. Ex.: Congresso Nacional – Câmara dos Deputados e Senado
Federal, Secretaria de Segurança Pública – composta por todas as delegacias.

* Quanto a atuação funcional: tem a ver com a atuação funcional. Sendo que as definições singular e colegiado e simples e
composto não devem ser comparadas pois não há relação direta entre os termos.
- Singular: manifesta a vontade por um único agente.
- Colegiado: para a manifestação de vontade necessita de um colegiado de agentes.

*Quanto as funções: a atividade exercida por cada órgão.


- Ativos: executa a atividade pública diretamente, prestando serviço publico, exercendo poder de polícia, etc.
- Consultivos: órgãos que manifestam a opinião da administração publica acerca de determinada situação. Os atos destes
órgãos não geram efeitos imediatos, editam pareceres e opiniões.
- Controle: atuando controlando e verificando a atividade dos outros órgãos, analisando se eles estão exercendo
adequadamente suas funções. Podem ser órgãos de controle interno, aquele que dentro da estrutura controla a própria atividade (ex.
CGU – Controladoria Geral da União) ou externo, controle exercido de um poder para com o outro (ex. Tribunal de Contas da União).

Entidades da administração indireta


Existem quatro entidades, quais sejam, autarquias, fundações, sociedade de economia mista e empresas públicas. Devemos
conhecer quatro regras que valem para todos os entes da administração indireta:
-Personalidade jurídica própria: são titulares de direitos e obrigações, de modo que não é possível imputar a conduta da
entidade ao ente público direto, não havendo confusão, mas sim subsidiariedade, logo, se a entidade da administração indireta não
responder, subsidiariamente responderá o estado que a instituiu.
- A criação e extinção DEPENDEM de lei específica, nem sempre a lei especifica efetivamente cria, mas deve existir a lei
para criar. Lei específica CRIA as autarquias e lei específica AUTORIZA A CRIAÇÃO dos outros três entes da administração indireta.
Quando a própria lei cria, não é necessário o registro, em contrapartida quando ela autoriza é imprescindível o registro de seus atos
constitutivos no cartório de pessoa jurídica.
A própria lei especifica que cria ou que autoriza a criação, já determina as finalidades dessas entidades. Logo, para todas as
entidades da administração indireta a lei especifica estabelece, define e delimita a finalidade da entidade que está sendo criada ou
autorizada a ser criada.
- Os fins a serem perseguidos pelos entes da administração indireta tem que ser públicos, ainda que tenham lucro, a
finalidade não pode ser a obtenção de lucro, se houver ele será consequência da atividade, pois a finalidade deve ser alcançar a
finalidade publica.
- Depois que ocorre a criação com sua finalidade, a entidade indireta fica sujeita ao controle exercido pelos entes da
administração direta, chamado de controle finalístico ou tutela administrativa ou vinculação ou supervisão ministerial, uma vez que,
controla se a entidade está atendendo a finalidade que foi estabelecida por lei. Só não pode dizer de modo algum, que este controle se
configura como subordinação ou hierarquia, pois estas não existem entre entidades da administração direta e indireta, afinal a
subordinação apenas pode existir dentro da estrutura orgânica de uma mesma pessoa jurídica.
A forma mais clara de administração deste controle decorre do fato de que quem escolher livremente e nomeia livremente os
dirigentes de uma entidade descentralizada é o ministério supervisor, podendo livremente nomear ou exonerar entes dirigentes que
possuem cargos em comissão, limitando a liberdade de atuação do dirigente das entidades indiretas, não há hierarquia mas o controle
é manifestado desse modo.

3.3
O recurso que ocorre dentro da mesma pessoa jurídica é chamado de próprio porque decorre de fato da manifestação do
poder hierárquico e o recurso ao órgão superior é chamado de recurso impróprio porque é chamado de recurso hierárquico mas não
possui natureza de hierarquia por ocorrer em entidades diferentes.

AUTARQUIAS
Pessoas jurídicas de direito público que exerce atividade típica do estado, visando sempre satisfazer as necessidades da
coletividade. Tem regime de fazenda pública, significa que tudo que se aplica ao Estado, suas prerrogativas e limitações, se aplica
também às autarquias.
As autarquias assim como os entes da administração direta:
• Gozam de imunidade tributaria recíproca (art.150,CRFB) no que tange os serviços essenciais da entidade autárquica, diz
respeito apenas aos impostos;
• Também gozam de todos os privilégios processuais quais sejam: prazos dilatados – quádruplo pra contestar e dobro para
recorrer (vai mudar com o nome CPC que vai ser em dobro para tudo)-;
• Remessa necessária, ficam sujeitas ao duplo grau de jurisdição obrigatório – súmula 620 STF já está superada, que trazia
entendimento diferente, em virtude do artigo 475 CPC que foi alterado em 2009 que inclui expressamente as autarquias no duplo grau
de jurisdição obrigatório;
• Cobram seus débitos por meio de execução fiscal Lei 6830 – Lei de Execução Fiscal, possuindo presunção de legitimidade
dos atos que ensejam a cobrança e inscrição em divida ativa cobrados por meio de execução fiscal;
• Seus bens são públicos, logo são imprescritíveis, impenhoráveis; não oneráveis e que sua alienação depende de algumas
condições, de modo que, a autarquia paga seus débitos judiciais por meio de uma ordem cronológica de pagamento de precatórios,
8

seguindo as regras do art.100 da CRFB, claro que a fila de precatório é diferente da que possui o ente da administração direta. Art.98
CC – bens públicos;
• Tem responsabilidade civil pelos seus atos, art.37, parágrafo 6 o, respondendo objetivamente pelos danos que seus agentes
causarem a terceiros;
• Seus atos e contratos são administrativos; se submetem ao controle finalístico e ao controle realizado pelo tribunal de contas
e legislativo pois compõe a estrutura da administração publica como todos os entes da administração direta;
• Suas ações prescrevem quinquenalmente – decreto 20910/32, etc.
Nota-se que TUDO que se aplica aos entes da administração direta se aplica as entidades autárquicas.
Quando a CRFB foi publicada ela estabeleceu um Regime Jurídico Único para as entidades da administração direta,
autárquica e fundacional, no âmbito federal o regime foi estabelecido pela lei 8112/90 que disse que os servidores das entidades
autárquicas e da união seguiriam regime estatutário e os de âmbito privado seriam celetistas. Com a edição da emenda 19 acabou-se
o regime jurídico único e a constituição passou a dizer que se admitiria servidores celetistas e estatutários na administração direta e
autárquica, que poderiam conter servidores celetistas e estatutários. Apos muitas criticas o STF em 2007 em sede de ADI determinou a
inconstitucionalidade deste regime e que voltasse o RJU com efeitos ex nunc, os que já estavam ficaram, mas a partir de 2007 os
servidores só podem ser nomeados calcando-se na lei 8.112, não se admitindo mais empregados celetistas na administração direta e
autárquica.
Contudo em 2000 enquanto não havia sido declarada tal inconstitucionalidade foi editada a lei 9986/00 que regulamenta as
agencias reguladoras, que também são autarquias, e teria regime de pessoa celetista, mas o STF também já definiu que isso não pode
ser aplicado. TODO regime aplicado as autarquias aplica-se as agencias reguladoras.
Espécies de autarquias:
- Autarquias de controle/coorporativas/profissionais: são os conselhos de classe/profissão como o CREA, CRM, CRA, com
exceção da OAB que não é autarquia. Como eles exercem poder de policia que só pode ser exercido pelo Estado, os conselhos
profissionais são autarquias. Além de exercer o poder de policia eles gozam de parafiscalidade, que é o poder de cobrar tributos, ou
seja, a transferência da capacidade tributária e não a competência pois esta é intransferível, mas o poder de cobrar apenas.
Obviamente devem seguir o regime aplicado às autarquias, logo os servidores devem ser estatutários.
- Autarquia em regime especial: universidades publicas são exemplo delas, por gozarem de autonomia pedagógica, maior
liberdade de atuação em relação aos entes da atuação direta, não se sujeitando de controle tal incisivo. Tem mais liberdade de
atuação no exercício de suas liberdades e isso se manifesta pela escolha de seus dirigentes que não funciona como nas demais
autarquias, eles seguem sendo nomeados pela entidade supervisora contudo eles são indicados e não de livre escolha do ministério
supervisor e cumprem mandato certo, que determina que ele não pode ser exonerado repentinamente, apenas em virtude de processo
administrativo.
Assim como as universidades publicas existem as agências reguladoras.

3.4
Agências Reguladoras: regulamentam a prestação dos serviços do estado transferido a particulares com objetivo de lucro.
Qualquer serviço de interesse publico que esteja sendo prestado por particulares é regulamentada por agencias reguladoras. O
primeiro ponto de especialidade é poder normativo, tem poder de editar normas gerais e abstratas dentro dos limites da lei, limitando-
se ao prestador do serviço, nunca ao usuário, os prestadores que se submetem a regularização (ex. ANATEL, ANEEL), não podendo
estabelecer obrigação ao usuário. O ato normativo das agencias são as resoluções.
Outro ponto de especialidade é o fato de que os dirigentes dessas agencias também não são comissionados de livre
nomeação e exoneração pelo ministério superior, são nomeados pelo presidente da republica com aprovação do senado federal (lei
9986/00) claro, às agencias federais, se for estadual é pelo governador com aprovação da assemblei, principio da simetria. Depois que
esse dirigente é nomeado ele cumpre mandato certo, definido na lei especifica de cada agencia reguladora, que dá maior garantia ao
dirigente, que só poderá perder o cargo mediante renuncia expressa ou processo administrativo garantida a ampla defesa. Ademais, o
dirigente será escolhido entre pessoas que tem amplo conhecimento acerca da matéria. Depois que ele sai do cargo, ele terá de
cumprir um período que é chamado de quarentena, pela lei citada esse período é de 4 meses, contudo a lei especifica de cada agencia
pode estabelecer seu período, não dispondo sobre este assunto seguirá o prazo de 4 meses entendido como geral, durante este
período o ex-dirigente não poderá prestar serviços em nenhuma empresa regulada pela agencia que ele era dirigente. Durante este
período o ex-dirigente continua vinculado a agencia recebendo a remuneração integral do cargo de dirigente, esta remuneração tem
caráter de reparação, tendo em vista o impedimento de exercício da atividade.
Não confundir agencia reguladora com agencia executiva, pois estas não são autarquias em regime especial, são autarquias
comuns que estão ineficientes, não estão conseguindo cumprir com as metas de eficiência e por isso ela é chamada pelo ministério
supervisor e celebra com ele um contrato de gestão, qualificando-se como agencia executiva e em troca terá que cumprir um plano
estratégico de reestruturação para voltar a ser eficiente. Extinto o contrato de gestão, ela volta a ser uma autarquia comum. Por ser
agencia executiva ela ganha mais orçamento e mais autonomia administrativa, em contrapartida ela terá que buscar a eficiência
(previstas na lei 9649), por meio do plano citado. Também possuem privilegio no que tange a licitação, pois todas tem direito de
dispensa de licitação até 10% do valor do contrato do convite, para as executivas esse percentual é aumentado para 20% do valor.
Existem muitas criticas com relação as agencias executivas, pois estaria privilegiando agencias que padecem de eficiência, e
com relação ao contrato de gestão que não teria competência para transferir orçamento e liberdade, pois isto deveria ser feito por lei,
que não poderia ser aumentado de outra forma, pois se confere mediante contrato coisas que deveriam ser entregues a entidade
mediante lei. Porém, o contrato de gestão é previsto no art.37, parágrafo 8 o da CRFB, logo, tem base constitucional. Lembrando que
não existe subordinação entre o ministério supervisor e as autarquias e sim vinculação.

FUNDAÇÕES PÚBLICAS
Patrimônio destinado a um fim, pessoa jurídica formada pela destinação de um patrimônio, fundações privadas são
regulamentadas pelo código civil e reguladas pelo ministério publico. A fundação publica é uma pessoa jurídica formada pela
destinação de um patrimônio, a mesma coisa, mas aqui é PÚBLICO. Destina-se o patrimônio publico à criação de uma pessoa jurídica.
Bandeira de Mello entende que todas as fundações são pessoas jurídicas de direito público, já Carvalho Filho entende que
todas são pessoas jurídicas de direito privado. O entendimento majoritário é que ambos estão errados e que a lei especifica
determinará isso, logo, poderão ser criadas de direito publico ou de direito privado. Se for criada como pessoa jurídica de direito
publico, seguirá o mesmo regime das autarquias, também chamadas de autarquias fundacionais e neste caso tudo que se aplica as
autarquias aplicar-se-á a elas, a de direito público é criada por lei, assim como ocorre com as autarquias, são autorizadas por lei as
fundações de direito privado.
Com relação as fundações públicas de direito privado seguem o mesmo regime aplicável as empresas estatais, regime
hibrido, embora sejam pessoas jurídicas de direito privado, sujeitam-se a todos os princípios aplicados ao direito público.
Em ambos os casos necessariamente cada ente federado terá que editar uma lei complementar que estabelecerá as áreas
de atuação permitidas para estas fundações, ainda que a lei especifica da função que define a finalidade dela, que deverá atender uma
das finalidades previstas na lei complementar.
9

4a aula – Direito Material

4.1 – Organização Administrativa


Empresas estatais podem ser empresas publicas ou sociedades de economia mista, integram as empresas do estado e
ambas tem personalidade jurídica de direito privado e são criadas por autorização legal e são efetivamente criadas por meio de
registro, que torna a entidade uma empresa estatal. Existem apenas 3 diferenças entre essas duas entidades, tudo o mais vale para as
duas:
- Capital: a diferença é a possibilidade da participação de particulares ou não nesse capital, a empresa publica possui capital
100% público, na sociedade de economia mista o capital é dividido entre público e privada contudo a maioria deve ser de capital
público, maioria do capital votante. Logo, não é possível o investimento de particulares em empresas públicas, diferente do que ocorre
com relação a sociedade de economia mista. Ambas tem as decisões tomadas pelo estado por ter a maioria das ações com direito a
voto.
- Forma societária: as sociedades de economia mista sempre são constituídas na forma de Sociedade Anônima (SA) e a
empresa pública pode ser constituída em qualquer forma societária.
- Deslocamento de competência: válida apenas no âmbito federal, a terceira diferença é o deslocamento de competência,
regulamentado no art.109,I, CRFB. A sociedade de economia mista é a única que não desloca a competência para a justiça federal, já
com relação as empresas publicas será na justiça federal, assim como quanto as autarquias, fundações e entes federados. Não há
competência em razão da pessoa na justiça federal quando se trata de sociedade de economia mista, salvo s a união se manifestar no
processo, mas ai não será por causa da pessoa e sim das regras processuais.
Os servidores das empresas estatais são celetistas, por isso a competência é da justiça do trabalho. A justiça federal será
competente para julgar empresa publica se não for matéria de justiça especializada, ainda que haja deslocamento de competência,
como a justiça do trabalho é especializada ela terá competência para julgar os casos trabalhistas.

EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA


Ressaltadas as diferenças acima, todos as outras informações funcionam igualmente para as duas.
Ambas são pessoas jurídicas de direito privado, não gozam de nenhuma das prerrogativas estatais e nenhum privilegio
aplicado aos entes da administração direita. Seguem o mesmo regime fiscal das empresas privadas. Também seguem o mesmo
regem das empresas privadas os trabalhadores delas são regidos pela CLT logo tem regime de emprego, a eles não é cabível o
regime publico estatutário. Também seguem o regime aplicável as empresas privadas no que tange as obrigações civis e comerciais,
não gozando das prerrogativas dos contratos administrativos. Bem como, no que tange as obrigações processuais, sem os benefícios
de prazo dados as entidades públicas.
Não gozam de nenhum privilegio aplicável a fazenda publica, mas fazem parte do estado então levam consigo as limitações
direcionadas à administração publica, logo, devem fazer licitação, concurso, se submetem ao controle do tribunal de contas. Não
gozam das garantias e prerrogativas mas se sujeitam a todas as limitações do estado, em virtude dos princípios de direito
administrativo e como integram a administração publica devem respeita-los para alcançar as garantias dadas aos particulares que com
elas contratam.
Por isso entende-se que regime destas é hibrido pois ela sempre será entidade privada, mas deverá respeitar os princípios
inerentes a administração pública, logo seu direito privado é derrogado pelos princípios e limitações impostos a administração publica.
Ambas podem ser criadas para prestação de serviço público por descentralização (ex. Correios) ou para exploração de
atividade econômica de interesse do Estado (ex. Banco do Brasil, Petrobrás), para as duas situações elas são pessoas de direito
privado e possuem como finalidade SEMPRE o interesse público, não de lucro que é mera consequência da atividade. Art.173, CRFB
– empresas estatais só podem ser criadas para explorar atividade econômica quando for de relevante interesse coletivo ou para
garantir a segurança nacional.

4.2 – Organização Administrativa


Primeiro setor: onde o estado atua livremente
Segundo setor: mercado, busca pelo lucro, neste o particular atua livremente
Toda vez que alguém sai do seu setor para executar atividades em outro setor ela tem que respeitar as normas e o regime
dele. Quando elas são prestadoras de serviço publico o regime delas se aproxima mais do direito publico e quando exploram atividade
econômica seu regime se aproxima mais do direito privado, ou seja, quando ela é prestadora de serviço público causa um dano a
responsabilidade é objetiva pois aplica-se a responsabilidade civil do estado (art.37, parágrafo 6o, CRFB), para as exploradoras de
atividade econômica já não se aplica a responsabilidade civil do estado, serão regidas pelo regime privado no que tange a
responsabilização.
Quanto aos bens isso também ocorre, os bens da prestadora de serviço publico atrelados ao serviço, gozam de garantias
como impenhorabilidade, já para as exploradoras de atividade econômica isso não ocorre. Mas em ambos os casos o regime é misto e
elas são pessoas de direito privado.
A falência trazida pela lei 11.101, estabelece que não se aplicam seus dispositivos às empresas estatais, logo, não se
sujeitam a falência e recuperação judicial. O artigo 173, CRFB, diz que as empresas estatais exploradoras de atividade econômica
seguem o mesmo regime das empresas privadas no que tange as obrigações civis e comercias, a ela deveria ser aplicada a lei de
falências, esse é um novo entendimento e a doutrina determina que se faca uma interpretação dessa lei conforme a constituição
federal, de modo que se aplicaria tal lei às empresas que explorem atividade econômica, não se aplicando apenas às empresas
estatais prestadoras de serviço público. Ressalta-se que esta matéria ainda não é pacifica.
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT) é uma exceção jurisprudencial, o STF pacificou o entendimento que
essa empresa tem regime de fazenda publica, pois os serviços prestados por elas são serviços indelegáveis e exclusivo e não
poderiam ser transferidos a particulares, logo gozam de todas prerrogativas de estado. Entretanto não é considerado serviço postal
propriamente dito a entrega de encomendas e impressos, em que se admite a delegação a particulares – pessoas de direito privado –
pois são considerados serviços acessórios, logo, apenas o propriamente dito que é indelegável (serviços postais e correio aéreo
nacional).

Existem algumas entidades que atuam ao lado do estado e que não fazem parte da organização administrativa direta ou
indireta mas por atuarem ao lado do estado executando atividades de interesse do estado, acabam gozando de alguns privilégios
públicos e consequentemente se sujeitam ao controle da administração em determinados pontos, são os entes de
cooperação/paraestatais ou terceiro setor. Que atuam ao lado do estado realizando atividades de interesse publico, são entidades
particulares que buscam o interesse publico sem fins lucrativos, entidades filantrópicos que não fazem parte do estado mas atuam
junto a ele tendo em vista seus propósitos. O estado fomenta, auxilia e concede alguns benefícios a estas entidades, os entes do
10

terceiro setor, são particulares mas como elas não tem finalidade lucrativo, apenas finalidade pública, gozam de privilégios. Existem 4
entidades do terceiro setor, tem algum vínculo, variável entre elas, com o Estado:
* Serviço Social Autônomo: são o sistema S (SESI, SESC, SENAI, SENAC) embora sejam entidades privadas, dependem
de autorização legal para a criação. Atuam na assistência, auxílio, capacitação, ensino, fomento, lazer, desporto, de determinadas
categorias profissionais e sociais. Como executam atividade de interesse do estado e não tem finalidade lucrativa, recebem orçamento
público e gozam de parafiscalidade, ou seja, atuam ao lado do fisco, cobrada por uma entidade que não integra a administração
publica direta, o Estado transfere a capacidade de cobrar tributos para tais entidades, suas contribuições sociais são tributos, privilegio
publico dado a elas e esta verba é utilizada para beneficio próprio, ou seja, utilizada no interesse publico.
Pelo fato de receberem dinheiro publico precisam respeitar algumas normas aplicáveis a administração publica, por exemplo,
a exigência de controle pelo tribunal de contas (art. 71, CRFB – tribunal de contas controlam as verbas publicas onde quer que elas
estejam). Além disso para celebrarem seus contratos realizam procedimento simplificado, garantido a impessoalidade na contratação,
não precisam licitar nos moldes da Lei 8666, entretanto precisam realizar o procedimento citado para garantir a impessoalidade de
suas contratações. Ademais, seus agentes são considerados agentes publico para fins de improbidade.
* Entidades de Apoio: são entidades privadas criadas por particulares e não tem finalidade lucrativo. Associações,
fundações ou cooperativas. Atuam ao lado de hospitais e universidades públicas fomentando e auxiliando as entidades inerentes a
própria atividade estatal, ou seja, no exercício de suas atividades profissionais. São criadas por particulares e por meio de um convenio
passam a atuar ao lado de hospital e universidades publicas fomentando suas atividades profissionais. No convênio as pessoas que
acordam tem vontades convergentes, tanto o particular quanto o estado tem o mesmo interesse, em virtude do convenio elas recebem
orçamento publico e também é possível a cessão de bens e servidores públicos para possibilitar seu exercício, o que não significa que
ela possam exercer atividades que garantam verbas extras como forma de auxiliar seus serviços. Também devem realizar
procedimento seletivo simplificado para a celebração de seus contratos, sem licitação, mas garantindo a impessoalidade, bem como,
se sujeitam ao controle exercido pelos próprios entes da administração direita e o exercido pelo tribunal de contas no que tange as
contas e o respeito de utilização de verbas publicas.

4.3 – Organização Administrativa

* Organizações Sociais (OS): foram criadas pela Lei 9637/98 e consistem em entidades privadas criadas por particulares
sem finalidade lucrativa e atuam na prestação de serviços públicos não exclusivos de Estado, são aqueles que são prestado pelo
estado e também pelos particulares sem a necessidade de delegação. Ex.: saúde e educação. Dependem de autorização para ser
prestado por particulares e não delegação pois o estado não estará prestando o serviço publico indiretamente nesses casos, a escola
privada atua diretamente na prestação de serviço. Além de que esta prestação pelo particulares não desonera que o estado preste
também. As entidades privadas celebram com o poder público um contrato de gestão, qualificando-se como organização social, não é
o mesmo contrato de gestão das agencias executivas (entre entes da administração publica direta e entes da administração publica
indireta) aqui o vinculo é criado por particulares, a natureza jurídica deste contrato de gestão é de convênio e não de contrato
propriamente dito, por isso não há licitação.
Em virtude da celebração da gestão essa OS recebe verba orçamentária e dotação orçamentária especifica (definição de
rubrica orçamentária especifica para destinar dinheiro aquela OS), podem receber cessão de bens público e servidores públicos, esta
cessão é muito criticada. Ademais, o artigo 24, inciso XXIV da lei, dispensa licitação para a celebração de contratos entre a OS e
particulares, por atuar recebendo dinheiro público ela deveria licitar, por isso discute-se a inconstitucionalidade deste dispositivo (ADI
1923), a principio considera-se como constitucional a dispensa de licitação para as OS.
Ficam sujeitas a controle do tribunal de contas e também pelo ente da administração direta que firmou o contrato de gestão.
Essas organizações devem ter conselho de administração que fica responsável pela gestão dela e pela prestação de contas e
execução das atividades.

* Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP): a lei das OSCIP traz uma entidade muito parecida com
as OS. Criadas pela lei 9790. São entidades privadas criadas por particulares sem fins lucrativos que atuam na prestação de serviços
não exclusivos ao Estado, a lista de serviços das OSCIP é maior do que as de OS, mas todos os serviços são considerados não
exclusivos ao Estado. O que diferencia a OSCIP da OS é o vinculo que ela tem com o poder publico, pois aqui não há contrato de
gestão, mas Termo de Parceria que vai qualifica-la como OSCIP, ainda que a natureza jurídica seja a mesma com a do contrato de
gestão, mas o termo de parceria é muito menos generoso, não se prevê cessão de bens e servidores, a única coisa que existe é a
destinação de verba orçamentária, nem destaque orçamentária/transferência de dotação orçamentária, diferente do que ocorre com as
OS. Como há destinação de verba orçamentária ela recebe dinheiro publico e diferente das OS aqui nas OSCIP as contratações
dependem de licitação, dispensadas apenas nas hipóteses taxativamente previstas em lei. Uma coisa é a licitação para celebração do
termo de parceria outra coisa é a licitação para a celebração de contratos entre a OSCIP já qualificada e terceiro, o primeiro independe
de licitação, o segundo depende de licitação, pois para o termo de parceria não precisa de licitação.
Lei 9790, art. 18 e ss. Se a entidade privada cumprir os requisitos previstos em lei, ela tem direito a celebrar o termo de
parceria, considerando-se esta regra como ato vinculado determinado pela lei, pois cumprindo as regras a entidade tem direito à
celebração. Sempre que houver mais de um interessado em firmar o termo de parceria, a administração publica tiver limitação
orçamentária, ela precisa garantir que a escolha está sendo realizada de modo pessoal, não há licitação para definir, mas um concurso
de projetos para definir quem vai celebrar o termo de parceria com o Estado, será escolhida com critérios objetivos.
Por receber dinheiro público sujeitam-se ao controle do tribunal de contas. Ressalta-se que existem algumas entidades que
são proibidas de celebrar termo de parceria para se qualificar como OSCIP, são elas: as OS (quem já é OS não pode ser OSCIP); as
cooperativas de trabalho; partidos políticos; os sindicatos, associações, confederações ou organizações sindicais; bem como, as
sociedades empresárias (por buscar lucro).
Incialmente entendia-se que o recebimento de verba pelos dirigentes de OSCIP, configuraria divisão de lucro e ai
desnaturaria a qualidade da OSCIP de ser sem fins lucrativos. Se ela estiver fazendo divisão de lucro entre seus dirigentes ela deixa
de ser sem fins lucrativos e passa a ter finalidade de lucro, perdendo as prorrogativas. As OSCIP não podem fazer divisão de lucro,
mas a orientação atual da jurisprudência administrativa, mais objetivamente da Secretaria da Receita Federal é que que os dirigentes
das OSCIP podem recebem salários pro labore desde que contratos sob o regime da CLT, não podem receber dividendos que advém
de lucro mas salário sim, que deve ser fixo. Para manter a qualificação de OSCIP deve manter a finalidade originaria, caso contrário
perderá a qualificação como OSCIP.
Para todos os entes do terceiro setor não se exige concurso público para a contratação de seus empregados, pois é uma
entidade privada, ainda que seja sem finalidade lucrativa e execute atividade com privilégios públicos e controle do tribunal de contas,
seguem o regime privado de contratação, lembrando que não é o que ocorre com as empresas estatais em que o regime é hibrido,
aqui o regime é unicamente privado.
O que diferencia uma entidade do terceiro setor da outra é o vinculo que liga a entidade a administração pública. No serviço
social autônomo a entidade se liga à administração pela lei; nas entidades de apoio o vinculo é estabelecido pelo convênio, nas OS é o
contrato de gestão e nas OSCIP é o termo de parceria.
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4.4 – Atos Administrativos


Nem todo ato praticado pela administração publica é ato administrativo, em algumas situações ela pratica atos que não são
administrativos propriamente ditos, os atos da administração abrangem qualquer espécie de ato praticado pela administração publica
em qualquer atividade. São atos da administração:
- Atos Políticos: praticados no exercício da função politica de Estado. Ex.: veto de lei, anistia, declaração de guerra. Não se
sujeitam ao controle jurisdicional e abstrato, gozando de discricionariedade ampla, a principio não há controle jurisdicional genérico.
- Atos Privados: ex.: doação, permuta. Atos em que a administração atua no regime privado, abrindo mão das prerrogativas
publicas de Estado, são atos em que o Estado e o particular atuam em pé de igualdade.
- Atos Materiais: pode-se chamar de fatos administrativos e consistem na mera execução da atividade pública, é a atividade
material do Estado para execução de algumas atividades, não ensejam manifestação de vontade do estado ainda que muitas vezes
sejam decorrentes de manifestação prévia da administração por meio de atos administrativos propriamente ditos.
-Atos Administrativos propriamente ditos: são aqueles atos praticados no exercício da função administrativa, sob o regime de
direito público e ensejando uma manifestação de vontade do Estado ou de quem lhe faça as vezes. Logo, diferente dos atos políticos,
privados e materiais. Como visto, nem todo ato administrativo é praticado pela própria administração publica pois mediante delegação
é possível a pratica de atos administrativos por agentes delegados que atuam em nome da administração.

Classificação e Espécies
* Quanto a manifestação de vontade: podem ser discricionários (oportunidade e conveniência) ou vinculados. Funciona da
mesma forma explicada em poderes. Vinculado todas as informações estão na lei e discricionário a lei possibilita uma margem de
escolha do agente em relação a um ou alguns pontos, de modo que não podemos confundir discricionariedade com arbitrariedade.
* Quanto a formação:simples, complexos e compostos.O ato simples é aquele que está perfeito e acabado com uma única
manifestação de vontade, não precisa que seja de um agente, basta que seja de um único órgão. Tanto os complexos como os
compostos dependem de mais de uma manifestação de vontade, a diferença entre eles é que no ato complexo ocorre soma de
vontades absolutamente independentes, é um ato que está perfeito e acabado com a soma de vontades independentes para a pratica
de um único ato administrativo, vontade de órgãos independentes. A1 + A2 = A3.
No ato composto existe uma vontade principal e uma segunda vontade que é acessória, diferente do complexo em que se
somam vontades independentes, no composto a segunda vontade depende da primeira e é meramente ratificadora da primeira
vontade, por exemplo, que dependa de um visto, homologação, se o primeiro ato for expedido regularmente, necessariamente terá que
ser expedido o segundo ato.
A jurisprudência e a doutrina modernas trouxeram que a aprovação é um ato independente, seria então um ato complexo,
contrário do que ocorre em relação a visto e homologação que configuram ato composto, pois a aprovação é uma vontade
independente em relação a primeira vontade. Súmula Vinculante 3 – atos do tribunal de contas que restringem direitos devem atender
ao contraditório e a ampla defesa, salvo as hipóteses de não concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. Ele não está
anulando um ato que deu direito, está impedindo que o ato se aperfeiçoe, a jurisprudência também acordou que se passarem 5 anos
sem que o tribunal se manifeste acerca da aposentadoria, ocorre a aprovação tácita, mas se depois disso ele resolver atuar ele pode,
mas o ato de aposentadoria já se aperfeiçoou, se ele quiser anular ele pode fazer isso mas nesse caso terá que respeitar o
contraditório e a ampla defesa.
Todas as vezes em que o ato administrativo é complexo ou composto ele depende da manifestação de dois atos que se
juntam para aperfeiçoar o terceiro ato. O ato complexo C só fica perfeito apos praticado o ato A e B, quando o ato A é praticado o
efeito principal dele é dar inicio a formação do ato complexo, seu efeito acessório é a exigência da manifestação da administração
publica para a pratica do ato B ainda que não deva concordar com o A mas quebra a inércia da Administração. Esse efeito acessório
que o ato B tem de quebrar a inércia e exigir que a administração atue e pratique o ato B é chamado de efeito prodrômico do ato
administrativo.

5a aula – Direito Material


Atos Administrativos
5.1
No início dessa aula ele disse que a classificação acima, a primeira era quanto a liberdade e a segunda quanto a
manifestação de vontade (acho que ele se confundiu).
* Os atos podem ser Gerais ou Individuais: o individual é aquele que especifica o individuo que será atingido por ele, não
é aquele que se refere a um individuo mas que determina quem será atingido pode ele. O ato geral não se refere a pessoas especifica,
ele descreve uma situação e todos que se identificarem/adequarem com a situação descrita devem respeita-lo.
* Atos de império, gestão e de expediente: para a doutrina tradicional traz que os de império a administração publica atua
com prerrogativa de poder publico, com todas as garantias decorrentes da supremacia do interesse publico sobre o privado. Nos atos
de gestão a administração abre mão das prerrogativas e atua em pé de igualdade com o particular. Já os de expediente, simplesmente
dão andamento a atuação administrativa. Na pratica esta classificação não é muito boa porque os atos de império são atos
administrativos e os atos de gestão são atos privados e os de expediente são meros fatos administrativos ou atos materiais. Então no
fim das contas efetivamente são atos administrativos apenas os atos de império.
* Podem ser ampliativos ou restritivos: os ampliativos criam direitos, ampliam a esfera jurídica do particular ao qual ele se
dirige. Ex.: licenças, autorizações. Os restritivos restringem a esfera jurídica dos atingidos, cirando limitações, impondo obrigações e
aplicando penalidades.
* Todos os atos administrativos são atos normativos, ordinatórios, negociais, enunciativos ou punitivos:
- Os normativos são aqueles atos por meio dos quais a administração publica expede normas gerais e abstratas, sempre
dentro dos limites da lei, não confundindo-se com o poder legislativo.
Espécies de atos normativos: regulamento ou decreto1, sendo que o regulamento é o ato expedido por meio de um decreto
que é a forma do regulamento e consistem em atos privativos do chefe do poder executivo em seus âmbitos da federação.Esses
regulamentos podem ser executivos (fiel execução da lei) ou autônomos (editados para substituir a lei – lembrara das exceções já
citadas na 2a aula – art.84,VI). Avisos2, sempre da chefia auxiliar direta do chefe do executivo, no âmbito federal são os ministérios e
por isso avisos ministeriais e no âmbito estadual nas secretarias. Instruções normativas3, advém de outras autoridades publicas que
não sejam as competentes para os dois anteriores., que estabelecem regras que minudenciam o texto legal. Resoluções e
Deliberações4, são atos dos órgãos colegiados, também são expedidas pelas agência reguladoras pois estas são dirigidas por um
órgão colegiado, de modo que elas manifestam a vontade pelo conselho diretivo, órgão colegiado que expede resoluções.
- Os atos ordinatórios são aqueles que ordenam internamente a atividade pública administrativa, costuma decorrer do poder
hierárquico.
Espécies: portaria1, ato individual interno, muitas vezes utilizadas de modo errôneo, trazendo vícios considerados como
sanáveis, a portaria sempre será destinada a indivíduos especificados, por isso individual, se o que se quer é estabelecer atos gerais ai
não são portarias, mas sim circulares2, que é o ato administrativo por meio do qual se editam normas internas uniformes, que não se
12

referem a indivíduos específicos. Ordens de serviço3, ato interno de ordenação da atividade, ato por meio do qual se distribui o serviço
interno do órgão entre os setores e os agentes. Atos de comunicação, interna ou externas, são dois, Memorandos e Ofícios4, a
diferença é que o memorando é ato de comunicação interna, entre determinados agentes públicos de mesmo órgãos e o ofícioé o ato
de comunicação entre autoridades publicas de órgãos diferentes ou entre autoridade pública e particular.
- Atos punitivos são atos de aplicação de sanções, são sempre restritivos pois restringem a esfera jurídica da pessoa atingida
pelo ato, a ideia é aplicação de sanção/penalidade a um sujeito, tais sanções são definidas em cada instituto do direito administrativo
separadamente. Sempre devem ser precedidos de um devido processo legal em que possibilite e respeito ao particular o direito de
contraditório e ampla defesa.

5.2
Além dos atos normativos ordinatórios e punitivos, existem também os atos negociais, são atoa ampliativos por meio dos
quais a administração concede ao particular algo que ele pleiteou. A ideia do ato negocial é está, a concessão de um beneficio
pleiteado pelo particular e concedido pelo estado. Basicamente existem os atos de licença, autorização e permissão. Nos três casos a
administração concede ao particular o que ele pleiteou.
Existem diferenças entre eles, quais sejam: a autorização1 é um ato administrativo discricionário e precário (não gera direito adquirido),
portanto, pode ser desfeita a qualquer tempo sem ensejar direito a indenização. Pode se dar de duas formas: a)para uso de bens
públicos - quando a administração permite ao particular utilizar o bem público quando esta for anormal. Ex. casar na praia depende de
consentimento do estado tendo em vista a utilização anormal e/ou privativa de particular sobre bem público. b) para que o particular
exerça atividades materiais que são fiscalizadas pelo Estado. Ex. porte de arma, abrir uma escola. Também chamada de autorização
de polícia.Licença2que também é uma ato negocial por meio do qual a administração publica exerça uma atividade material por ele
fiscalizada, também é ato administrativo de policia. Ex. construir ou reformar a casa, para que o Estado fiscalize se a obra está
obedecendo as regras públicas. Diferentes da autorização a licença é ato vinculado, a lei determina critérios objetivos que cumpridos
os requisitos traz a tona o direito do individuo à concessão da licença. Gera direito subjetivo se o sujeito cumprir os requisitos definidos
em lei.E a permissão3 que tem natureza jurídica de contrato administrativo, mas a permissão de uso de bem publico ainda é ato
discricionário e precário por meio do qual um particular pode utilizar determinado bem publico de forma anormal e/ou privativa. A
diferença para a doutrina moderna é que a autorização de uso é feita no interesse do particular e a permissão de uso é de interesse
público. Pois a autorização, ainda que não possa ir de encontro ao interesse publico, possui como objeto o interesse do particular e na
permissão não, ocorre por exemplo com as feiras de artesanato e bancas de revista.
Em todos os casos os atos negociais soa expedidos da mesma forma, expedidos por meio de alvará que a forma dos atos
negociais.
Existe também a admissão4 o ato administrativo por meio do qual se permite ao particular usufruir de serviço publico
prestado a pessoas especificas. Ex. admissão na escolha ou no hospital, que permite que o particular usufrua do serviço publico que
está sendo prestado por meio daquele ato. Serviços prestados pelo estado a pessoas especificas e que dependem da admissão para
que possam ser usufruídos pelos particulares.
Por fim existem os atos enunciativos, que atestam fatos ou emitem opiniões, para parte da doutrina sequer são atos
administrativos, mas sim materiais por não ensejarem a manifestação de vontade do estão de forma a produzir efeitos propriamente.
Mas considera-se que são enunciativos. A) Os que atestam fatos são: atestados, certidões, apostilas. A certidão1 é o espelho de um
registro, ela espelha uma situação já registrada no órgão público. É entregue para que o sujeito possa mostrar/provar as pessoas que
aquela situação está registrada. Ex. certidão de nascimento pós registro da criança. Certidão de tempo de contribuição ao INSS.
Certidão negativa de débitos. Já no atestado2 a administração publica vai verificar a situação de fato para depois registrar, a
administração verifica a situação e posteriormente ela atesta aquilo que ela verificou. Ex. o indivíduo diz estar doente, a administração
verifica se a pessoa de fato está doente e atesta.Por fim, a apostila3 ou apostilamento ou averbação, é o ato por meio do qual se
acrescenta informações em determinado registro público. Ex. quando a pessoa casa, apostila ao registro da pessoa que o estado civil
agora é casado, assim como ocorre se houver separação, apostila outra vez. Nada mais é que o acréscimo de informações no registro
com algum interesse, como ocorre também quando conta-se o tempo trabalho realizado pela pessoa antes do concurso público,
apostila a certidão de contribuição do INSS no órgão onde foi aprovado.
Além destes três, também são atos enunciativos, aqueles por meio dos quais a administração, b) emite opiniões acerca de
determinada situação, o mais comum é o parecer1, que não traz consequências diretas ao mundo jurídico, emite apenas uma opinião
que será analisada por um agente publico que pode ou não emitir ato que concordo com o parecer. É possível que eles sejam
facultativos ou obrigatórios, algumas vezes a lei exige parecer para o processo e outra ela exige a emissão de um parecer.
Logo, o facultativo é aquele em que para que o processo esteja regular não é necessária a emissão de um parecer mas este
é opcional. O obrigatório é aquele que enseja vicio do processo por sua ausência, ele pode ser vinculante ou não vinculante, o parecer
vinculante é o que obrigada a decisão da autoridade que está vinculado a ele (é exceção), a regra no Brasil é que salvo disposição
legal expressa o parecer não vincula/ obriga a decisão da autoridade a qual o parecer se dirige, podendo a autoridade seguir a opinião
ou não, no caso dos não vinculantes.
A responsabilidade do parecerista quando ele é vinculante é solidaria a da autoridade a qual ele se dirigia, mas está é uma
exceção, logo como ocorre na maioria em que eles não são vinculantes, se a autoridade administrativa pratica o ato seguindo as
orientações do parecer não há responsabilidade do parecerista mas apenas da autoridade que praticou o ato pois ela tinha a opção de
aceitar a opinião ou não. Salvo se for demonstrado que o parecerista agiu com dolo ou continha erro grosseiro, ou seja, se ele teve a
intenção de emitir um opinião equivocada ensejando e induzindo a autoridade publica a praticar o ato de forma ilícita e praticar dano a
alguém, nestes casos o parecerista também se responsabilidade, mas a principio o parecerista não responde por pareceres não
vinculados.

5.3
Elementos do ato administrativo
Elementos ou requisitos do ato não é matéria pacifica, alguns doutrinadores diferenciam elementos de pressupostos. Mas a
princípio o que costuma cair em prova é a parte geral que é o entendimento da doutrina majoritária. A doutrina majoritária retira os
elementos do ato administrativo da lei de ação popular (lei 4717) que em seu art.2 o traz que todo ato administrativo é composto por 5
elementos: competência1, finalidade2, forma, motivo e objeto.
* Competência: ou sujeito competente, traz a ideia de que não basta que o ato seja praticado por um agente publico, pois
deve ser um agente publico cujo a lei determinou que deveria realizar o ato, a competência é um elemento sempre vinculado, a lei
estabelece com elementos objetivos quem é o agente competente para a pratica do ato. A competência é irrenunciável em virtude da
indisponibilidade do interesso público, pois o agente publico não pode abrir mão da competência definida por lei; imprescritível não se
perde pelo desuso, ainda que a gente publico não exerça a competência legalmente definida para ele, ele se mantem competente para
a pratica do ato; e improrrogável, pois não se adquire pelo uso como ocorre no processo civil, aqui ainda que o sujeito exerça a
competência que não tem, ele se mantem incompetência, ela não se prorroga pelo uso.
Mas mesmo com essas características, a lei estabelece hipóteses de delegação e avocação de competência, nestas o
sujeito que tinha competência originária não pratica o ato e sim quem não era competente e que se torna competente em virtude da
13

delegação e da avocação que soa temporárias e especificas. Delegar é a extensão da competência e pode ser realizada para agentes
de mesma hierarquia e para subordinados de hierarquia inferior. Ressalta-se que o delegado que pratica o ato é o responsável pelo ato
pratico, ainda que o tenha praticado por delegação.
É importante o conhecimento da súmula 510 STF diz que no eventual mandado de segurança contra ato praticado por
delegação, a autoridade coatora é a autoridade delegada, pois se ela praticou o ato, ela responde por ele. Lembrando que a delegação
não é transferência de competência mas sim extensão, logo ainda que a competência seja dada a quem não a tinha pela delegação,
pela clausula de reserva, não tem o condão de retirar a competência da autoridade delegante, pois está é originaria e se fosse perdida
consistiria em renuncia que não existe em atos administrativos.
Na avocação de competência o sujeito toma para si a competência de outro agente, pode ser realizada apenas com relação
a subordinados, ou seja, só se pode avocar competência de agentes de hierarquia inferior.
Tanto a delegação quanto a avocação são vedadas em algumas situações, quais sejam: para a edição de atos normativos,
decisão de recurso hierárquico e para a competência definida em lei como exclusiva. Nota-se que a competência privativa admite
delegação e avocação, não se confunde com a exclusiva. Contudo o art.84 parágrafo único CRFB traz exceção, ao estabelecer que a
edição de atos normativos do art.84, VI podem ser delegadas (regulamentos autônomos) do presidente da república para os ministros
de estado, procurador geral da republica e para os ministros de estado.
* Forma: é a exteriorização do ato, meio pelo qual o ato se apresenta. A ideia é que todo ato é precedido de processo
administrativo para que posteriormente o ato seja praticado regularmente. A forma também é um elemento vinculado, a principio está
determinada por lei com critérios objetivos, contudo se a lei não estipular a forma do ato, entende-se que ele é discricionário. Lembrar-
se do principio da instrumentalidade das formas, que estabelece que ela não é essencial ao ato administrativo, mas o instrumento por
meio do qual o ato vai conseguir alcançar o interesse publico, logo, se o ato for praticado com forma diversa mas mesmo assim
alcançar o interesse publico o vício que ele tinha é sanável e vai admitir conserto pois a forma é meramente instrumental e não há
nulidade sem prejuízo no processo administrativo, de modo que alcançando o interesse publico o vicio é sanável.
* Finalidade: aquilo que o ato administrativo busca, pois todos visam alcançar finalidade específica, a finalidade é aquilo que
a lei pretende atingir ao prever a pratica do ato, que visa alcançar determinada finalidade. A finalidade genérica e geral de todos os
atos é de que todos os atos buscam de certa forma o interesse público, em teoria não existe ato praticado visando o interesse privado.
Entretanto, quando a lei prevê a pratica de um ato ela já define a finalidade especifica deste ato. Ex.: a lei estabelece que a demissão é
a perda do cargo do servidor publico de forma punitiva e exoneração é a perda do cargo sem caráter de penalidade. Logo a finalidade
da punição não pode ser para cortar gastos e a finalidade da exoneração não pode ser punir pois deve ser respeitada a finalidade
especifica de tais atos. Assim como a finalidade do ato de remoção não é punir.
O elemento de finalidade também é vinculado e possui critérios objetivos, a doutrina costuma dizer que quando a finalidade
for analisada no que diz respeito a finalidade genérica ela é considerada discricionária pois deverá ser analisada no caso concreto,
mas quando a finalidade é especifica do ato ela é vinculada.
Competência, finalidade e forma são elementos sempre vinculados, claro com a ressalva da forma discricionária se não
houver forma determinada em lei e a finalidade que será discricionária se foi analisada na ótica da finalidade genérica.
* Objeto: é a disposição do ato, é o que ele diz. O objeto da demissão é a perda do cargo, da desapropriação é a perda do
bem. É a consequência direta do ato no mundo jurídico, quando ele é criado possui como objeto o efeito que pretende criar, para que o
ato administrativo seja válido o objeto deve ser lícito, possível e determinado ou determinável. Além do efeito principal os atos
administrativos geram alguns efeitos acessórios: efeito prodrômico que é o efeito que o ato tem de em determinadas situações
determinar a pratica de um segundo ato pela administração e outro efeitos acessório é o reflexo que consiste na possibilidade que o
ato tem de atingir terceiro não especificado em seu objeto. Ex. a reintegração do servidor publico que faz com que o servidor volte ao
cargo de origem e por efeito reflexo fazer com que o servidor que o ocupou em virtude da demissão indevida de retornar ao cargo
anterior.
Para quem diferencia (minoria) objeto e conteúdo tem-se que o conteúdo é a disposição jurídica e o objeto é a coisa sobre a
qual o ato recai. Ex. desapropriação o conteúdo é a desapropriação e o objeto é a coisa.
5.4
* Motivo: nada mais é que as relações que deram ensejo a pratica do ato, pois existe uma situação fática e jurídica que
motivam a pratica de determinado ato, é um fato que previsto em lei ensejam a pratica do ato. Situação que está prevista em lei que
quando ocorre de fato justifica a pratica de um ato administrativo. Não se pode confundir motivo com motivação, pois esta nada mais é
do que a exposição dos motivos, é a fundamentação do ato, a explanação dos motivos que deram ensejo a pratica do ato. O art.50 da
lei 9784 estabelece a motivação como principio implícito. Em determinadas situações a motivações do ato administrativo são
dispensadas pela própria lei, art.37,II, atos que tem motivo mas não dependem de motivação, exemplo da nomeação e exoneração
dos servidores comissionados. Contudo mesmo que a motivação não seja necessária, uma vez feita, ela passa a integrar o ato
administrativo, então se ela for viciada o ato também o é, esta é chamada de teoria dos motivos determinantes, que estabelece que os
motivos apresentados e determinaram a pratica do ato, vinculam o ato, logo se o motivo apresentado foi falso ou invalido o ato também
o é. Sendo que o direito brasileiro admite a motivação “aliunde” ou alheia, que ocorre quando os motivos são apresentados em outro
ato, por exemplo, quando a autoridade pratica o ato e diz que está realizando o ato pelos motivos apresentados no parecer art. 50,
paragrafo 1o lei 9784 e o ato anterior passa a integrar o ato por ela motivado.
Se o agente publico tiver margem de escolha em algum dos elementos apresentados considera-se que o ato é discricionário,
que normalmente é encontrada nos elementos objeto e motivo, pois competência, finalidade e forma em regra são vinculados.

Características do ato administrativo/prerrogativas


Uma das características do ato administrativo consiste no fato de que ele goza das prerrogativas da administração publica,
diferente do que ocorre com os particulares, são chamadas de atributo as garantis/prerrogativas inerentes a sua pratica. O primeiro
atributo consiste nas presunções: veracidade e legitimidade. A presunção de veracidade diz respeito a fatos, chamada também de fé
pública, significa que no momento em que o ato é praticado todos os fatos apresentados nele presumem-se verdadeiros, admitindo-se
prova em contrário, por isso é uma presunção iuris tantum, pois enquanto não houver prova em contrário presume-se a veracidade dos
fatos. Essa presunção de veracidade enseja uma inversão do ônus da prova, pois a administração não precisa provar a veracidade do
que ela alega, o particular que deve provar que os fatos alegados pela administração não são verídicos.
Existe também a presunção de legitimidade que diz respeito ao direito, estabelecendo que todo ato administrativo presume-
se lícito até prova em contrário, também é iuris tantum e admite prova em contrário. Presume-se que ele é regular pelos tramites
anteriores pelos quais passa o ato antes de sua pratica, de modo que no momento em que ele é praticado produz efeitos como se
valido fosse, se for comprovada a invalidade ele retorna ao status quo ante mas enquanto não se provar ele é considerado lícito.
Os atos que gerem obrigações a particulares, ou seja, os restritivos, geram a imperatividade que é o poder que a
administração tem de impor a particulares obrigações, ainda que atuando dentro dos limites da lei e independentemente da
concordância dele, logo, imposição unilateral que gera consequências em virtude do descumprimento, por exemplo, a multa que é
poder que administração tem de exigir o cumprimento de forma indireta, também chamados de meios indiretos de coerção. Os meios
indiretos de coerção é o atributo chamado de coercibilidade ou exigibilidade, ou seja, o poder que a administração tem de exigir o
cumprimento do ato por meios indiretos de coerção. Ex. multa de carro estacionado no lugar errado.
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Em algumas situação o meio indireto de coerção não é suficiente para sanar a inexecução do ato que está ocorrendo, ao
passo que a administração se vale de meios diretos de execução do ato administrativo. Ex. reboque no carro por estacionar em lugar
errado e que pode trazer danos. Esse atributo que a administração tem de praticar meios diretos de execução sem necessidade de
previa permissão jurisdicional, afasta o controle jurisdicional prévio, é chamado de autoexecutoriedade ou executoriedade. A
autoexecutoriedade não está presente em todos os atos administrativos, que apenas pode ser exigida a partir de previsão legal
anterior ou devido a situação de urgência devidamente justificada pela administração. Ex. carro estacionado de modo que impede a
saída de ambulância - reboque. Nesses casos em que a situação de urgência demanda uma atuação direta, ocorre o contraditório
diferido, pois será exercido depois da execução pratica direta do ato pela administração.
Outro atributo é a tipicidade, pois toda conduta do estado corresponde a um tipo legal previamente definido, principio da
legalidade aplicado aos atos administrativos, pois a administração apenas pode atuar quando a lei permite.

6a aula – Direito Material


Atos Administrativos
6.1
Produção de efeitos do ato administrativo
Para que o ato esteja regularmente produzindo efeitos no mundo jurídico é imprescindível a analise de sua perfeição,
validade e eficácia, três planos de analise antes de admitir que ele está regularmente produzindo efeitos. A perfeição1 é a existência do
ato, o ato perfeito é aquele ato que já concluiu todas as etapas necessárias a sua formação, sempre é precedido de um processo
administrativo regular que desemboca em sua pratica, o cumprimento dessas etapas enseja a perfeição do ato, enquanto depender de
alguma etapa ele é considerado ato imperfeito, ainda está em formação e ainda não existe. Além da perfeição existe a validade2 pois
não basta que ele cumpra todas as etapas necessárias a formação, ele também deve estar em conformidade com o ordenamento
jurídico, ou seja, respeitando todos os aspectos definidos em lei, bem como o processo administrativo que o precede, todas as etapas
de formação devem estar em conformidade com a lei para que o ato que resultou das etapas seja considerado válido, logo a invalidade
do ato pode decorrer de momento que precede o ato, como por exemplo o procedimento administrativo, que acaba por invalidar o
próprio ato. O ato também deve ser eficaz3, que nada mais é do que a aptidão que o ato tem para produzir efeitos, normalmente o ato
perfeito e valido está apto a produzir efeitos imediatamente, contudo, existem situações em que o ato administrativo é perfeito e valido
mas é ineficaz porque o próprio ato pode diferir essa eficácia, ensejando a dependência dela de um termo ou de uma condição, o
próprio ato sujeita sua eficácia ao implemento de um termo ou ao cumprimento de uma condição.Sendo que o termo é evento futuro e
certo (ex. casamento ano que vem) e a condição é evento futuro e incerto (condição suspensiva). Considera-se que o ato
administrativo está pendente quando ele está perfeito e é valido mas que todavia não está apto a produzir efeitos por depender de um
termo ou uma condição para que seja perfeitamente eficaz.
É possível que o ato seja perfeito, invalido e eficaz em virtude da presunção de legitimidade dos atos administrativos, pois
este ainda que invalido produz efeitos regularmente até que se prove sua invalidade/ilegitimidade.

Hipóteses de extinção dos atos administrativos


* Extinção natural: o ato pode ser extinto pelo cumprimento dos efeitos ou pelo advento do termo.
* Advento do termo: quando previsto o termo final de validade do ato no próprio ato, finalizada a vigência ele está extinto.
* Desaparecimento da pessoa ou da coisa sobre a qual ele recai: também extingue pois todo ato admistrativo se dirige a
pessoa ou coisa específica, então a extinção daquela pessoa ou daquela coisa automaticamente extingue o ato. Ex. bem tombado que
desmorona, o ato de tombamento extingue pelo desaparecimento da coisa sobre a qual o ato produzia efeitos.
* Renúncia: abdicação pelo beneficiado do ato, ao ato concedido. Nota-se que a renuncia é forma de extinção de atos
administrativos ampliativos, atos que geram direitos, ou seja, atos restritivos, atos que geram obrigação não podem ser extintos por
renúncia.
* Retirada: revogação, anulação, cassação, caducidade e contraposição. São hipóteses de extinção precoce do ato
administrativo. Quanto a anulação1, considera-se que esta é a retirada do ato administrativo em decorrência de vicio de ilegalidade,
que enseja e justifica a anulação do ato que é invalido desde sua origem. A principio a anulação produz efeitos extunc, impede efeitos
futuros e aniquila efeitos pretéritos desse ato, efeito retroativo. Ressalta-se que são resguardados os direitos adquiridos de alguns
efeitos do ato ao terceiro de boa-fé, não do ato pois não é possível resguardar o ato que é nulo. Teoria da aparência e o principio da
segurança jurídica dão o direito adquirido ao terceiro de boa-fé, não do ato em si, por exemplo, servidora publica admitida sem
concurso gera anulação do ato pela ilegalidade, o direito da servidora não pode ser resguardado pois não é possível fazer valer ato
que fere a legalidade, contudo se ela expede uma certidão a terceiro de boa-fé, a certidão é valida, pois este não pode desconfiar da
legitimidade do servidor publico, pelo principio da aparência, segurança jurídica e presunção de veracidade dos atos da administração.
Sendo que a anulação pode ser feita pela própria administração publica, podendo (poder-dever) atuar de oficio ou mediante
provocação, principio da autotutela (súmula 473 STF) e também pode ser realizada pelo judiciário (art.5 o, XXXV– nenhuma lesão ou
ameaça de lesão pode ser afastada do judiciário), por ser questão que envolve legalidade, não pode o judiciário decidir apenas com
relação as questões discricionárias, sendo que o judiciário para atuar deverá ser provocado, tendo em vista o principio da inércia do
judiciário.
O controle jurisdicional pode se dar por meio de 5 ações básicas: habeas data, mandado de segurança, ação civil publica,
ação popular e ações ordinárias anulatórias. Tem também o habeas corpus mas é mais voltado para o direito penal e mandado de
injunção mais voltado ao direito constitucional.

6.2
Habeas data1 hoje é regulamentado pela lei 9507/97, cabe habeas data sempre que o sujeito precise obter informações
acerca dele que estão em órgão publico, informações de interesse é por mandado de segurança. Direito a informação acerca da
própria pessoa e jurisprudencialmente se aceita que os herdeiros pecam pelo de cujus, para ambos os casos, desde que estejam em
registro publico e haja negativa de apresentação por parte do agente publico do registro, podendo obter informações, acrescentar
informações ou retificar informações que já constam no registro. Em todos os casos há a necessidade de recusa, que pode ser
expressa ou tácita. Se ele quiser obter e não seja feito no prazo de 10 dias e no caso da retificação ou acréscimo no prazo de 15 dias,
configuram recusa tácita, podendo recorrer ao habeas data para faze-lo.
Se não for o caso de habeas data pode ser mandado de segurança2 que é cabível para proteção de direito liquido e certo
não amparado pelo habeas data. Direito liquido e certo é aquele que não admite discussão por meio de produção de provas no meio
do processo, ou seja, é aquele cujas provas estão pré-constituídas, se houver necessidade de provas não cabe mandado de
segurança.
Não é cabível mandado de segurança de houver necessidade de dilação probatória, também não é cabível se couber do ato
que se pretende anular, recurso com efeito suspensivo, seja judicial ou administrativo, bem como não cabe contra decisão que já tenha
transitado em julgado, pois neste caso cabe apenas ação rescisória, também não o é contra atos de gestão comercial (sumula 333
STF) – licitação de sociedade de economia mista não é considerado ato de gestão comercial mas sim administrativo, por isso contra
estas decisões é cabível mandado de segurança. Mas quanto a atividade empresarial, ato de gestão comercial, não é discutível por
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mandado de segurança. Por isso não cabe contra ato de gestão comercial quando se tratar de atos dos dirigentes de empresas
publicas e sociedades de economia mista que exploram de atividade econômica, bem como com relação as concessionarias e
permissionárias de serviço publico no que tange seus atos comerciais.
Também não cabe se já tiver passado o prazo decadencial de 120 dias do ato coator, existe o mandado de segurança
preventivo, a ameaça do ato coator enseja mandado de segurança, mas não cabe mandado de segurança apor os 120 dias, sem que
seja cabível prorrogação de qualquer tipo (ex. caiu domingo prorroga para segunda, no mandado de segurança não cabe). Sendo que
o mandado de segurança preventivo pode ser convertido em mandado de segurança repressivo se a ameaça que se alegava no
preventivo ocorrer.
Incabível também contra lei em tese, não as de efeitos concretos (ex. que declara utilidade publica de um bem). Não cabe
também, para receber indenização de valores anteriores a impetração do mandado de segurança, pois eles apenas podem ser
pleiteados pelas medidas ordinárias (ex. ação de cobrança). Autor ou impetrante é a pessoa que foi lesada, o réu é a atividade publico
que praticou o ato lesivo e a autoridade coatora é o agente publico que praticou o ato lesivo, ele não é o réu pelas questões já
discutidas sobre a impessoalidade, de modo que o agente é chamado apenas para prestar informações. Antes da lei 12016 o réu não
era chamado, apenas a autoridade coatora, o réu não participada desde o inicio mas desde 2009 a lei 12016 dispõe que deve ser
notificada a autoridade coatora e deve ser dada ciência ao réu para que esta pessoa jurídica ré, querendo, ingresse no feito.
Ocorre que a competência do mando de segurança é definido de acordo com a autoridade coatora (ex. presidente art. 102 –
STF; ministro de estado art.105 STJ; juiz federal art.108 – TRF; qualquer outra autoridade federal art.109 – JF) e as competências
estaduais estão dispostas nas constituições estaduais. Por isso, a doutrina brasileira criou a teoria da encampação que pretende
garantir a tramitação do mandado de segurança mesmo se ele for impetrado contra autoridade coatora ilegítima, pois ela não é a ré e
sua ilegitimidade não deve fazer com que haja carência na ação de mandado de segurança, no intuito de proteger o cidadão, contudo
para que esta teoria seja aplicada devem estar presentes três requisitos cumulativos, são eles: a autoridade coatora impetrada mesmo
que ilegítima deve prestar informações para que elas sejam aproveitadas, não podendo se limitar a dizer que é ilegítima; a autoridade
impetrada deve ter hierarquia superior a que deveria ter sido impetrada (funciona como se fosse uma avocação de competência),
somado a essas duas, o erro em relação a autoridade coatora não pode alterar a competência jurisdicional em relação ao mandado de
segurança, pois como vimos a depender da autoridade a competência se modifica, pois essa competência jurisdicional é absoluta e
não pode ser prorrogada (ex. era ministro de estado e entre contra presidentes como autoridade coatora, modificaria a competência
jurisdicional, ainda que seja de autoridade de hierarquia superior, modificou a competência funcional do juízo, então não é possível).

6.3
No mandado de segurança não pode haver condenação em honorários advocatícios, bem como não é possível requerimento
de produção de provas em virtude da impossibilidade de dilação probatória, não cabe também embargos infringentes em mandado de
segurança, a lei expressamente retira. Também se admite liminar, logo, é possível o pedido de antecipação dos efeitos da tutela.
Não sendo cabível mandado de segurança em virtude das questões apresentadas, é possível que seja impetrada a ação
ordinária3, com prazos dilatados pois a administração publica participa dele.
A lei prevê o cabimento de ação popular4, que tem cabimento absolutamente diferente, regulamentada pela lei 4717/95,
determina que nada mais é do que uma ação proposta por um cidadão que pretende anular ato lesivo a coletividade, o autor não é
prejudicado diretamente pelo ato, mas a sociedade como um todo e para garantir os direitos da sociedade ele propõe a ação. São réus
da ação popular, a entidade publica que praticou o ato, o agente publico que assinou o ato lesivo praticado e o particular que tenha
sido beneficiado pelo ato, não há prerrogativa de foro pois os agentes públicos são réus da ação, se a administração publica concordar
com o autor, ela pode passar ao polo ativo, deixando a autoridade publica sozinha com o particular no polo passivo, se a entidade
publica concordar que de fato houve ato lesivo.
A ação civil publica5 segue mais ou menos o mesmo raciocínio da ação popular, decorre de atos lesivos ao interesse publico,
a diferença básica é a legitimidade, regulamentada pela lei 7347/85, aqui não é qualquer cidadão que ë legitimo, mas a entidade
publica lesada (entes da administração publica direta e indireta), ministério publico ou defensoria publica (mesmo que não tenham
personalidade jurídica, tem capacidade postulatória), por associação constituída a mais de um ano que tenha por finalidade de
proteção algum dos direitos que sejam objeto da ação civil publica.
O art. 54 da lei 9784/99 estabelece que os atos que geram efeitos favoráveis a particulares, ou seja, atos ampliativos, só
podem ser anulados dentro de um prazo decadencial de 5 anos, salvo em caso de má-fé do beneficiário do ato, quando a
administração poderá anular a qualquer tempo. Antes de 99 não havia nenhuma previsão de prazo, o entendimento jurisprudencial
atual é de que os atos praticados antes de 99, em virtude da impossibilidade de aplicar a decadencial retroativamente, então o que se
decidiu é que a partir de 99 contaram-se 5 anos para anular os prazos decadenciais com relação aos atos praticados antes de 99.
Aplica-se o prazo decadencial aos atos que ocorreram antes de 99 então, mas contados a partir de 99.
O provimento jurisdicional é diferente, o judiciário é inerte, e por isso ele não pode ser punido com a decadência, parte da
doutrina entende que o prazo decadencial de 5 anos previsto na lei é prazo decadencial para o exercício da autotutela, mas se
qualquer particular interessado se sentir prejudicado o judiciário poderá determinar a anulação, se não o judiciário será punido por sua
inercia em virtude de ninguém ter provocado ele antes dos 5 anos. Contudo, o entendimento que vem sendo adotado pelo AGU que
traz uma jurisprudencial administrativa no sentido de que o prazo decadencial de 5 anos não é só para punia a administração mas
também tem cunho de segurança jurídica ao particular, por isso, passados os 5 anos ocorre uma convalidação pautada no decurso do
tempo, não podendo mais anular o ato apos 5 anos pela garantia do particular, de modo que a decadência atinge tanto a administração
publica quando o judiciário.
Um julgado do STF e um julgado do STJ, observar que deve se tratar de invalidade para ser convalidado ou anulado, no
caso em questão o sujeito havia sido nomeado sem concurso de modo que o ato era imperfeito pois não cumpriu todas as etapas de
formação considerando-se que o ato era inexistência e não decai o direito de declarar a inexistência do ato e não nulidade. Logo, a
existência do ato pode ser analisada a qualquer tempo.
Nem todo ato viciado será anulado, existem situações em que o vicio admite conserto, assim, ao invés de anular o ato, a
administração poderá convalida-lo.

6.4
Se o vício admite conserto, considera-se que o vicio é sanável e a nulidade pertencente a ele é relativa e o ato administrativo
é um ato anulável. Existem situações em que o vicio é insanável e não tem como ser concertado, de modo que a nulidade do ato é
absoluta e o ato administrativo é nulo.
Sanável – relativa – anulável
Insanável – absoluta – nulo
Quando a autoridade competência ratifica o ato praticado por quem era incompetente, ela sana o vício que constava no ato,
essa é a convalidação do ato, ou seja, é concertar o vicio do ato tornando valido o ato que não era. Ademais, a convalidação retroage,
produzindo efeitos extunc, garantindo os efeitos futuros e pretéritos do ato. A lei estabelece que para que seja possível a convalidação,
devem estar presentes dois requisitos: o vício do ato administrativo deve ser sanável e a convalidação não pode causar prejuízos nem
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à administração publica, nem a terceiros. Pode se dar por vício de competência ou de forma, logo, quando a convalidação é feita pela
mesma autoridade recebe o nome de confirmação e quando é feita por autoridade diversa chama-se ratificação.
Isso não se confunde com conversão de atos, pois esta ocorre mesmo que o ato administrativo tenha uma nulidade
insanável, a conversão é a adaptação do ato viciado, a um ato mais simples como forma de sanar o vicio do ato. Ex. conversão de
decreto em instrução normativa, transformando o ato ilícito em ato mais simples que torna ele em lícito, não se confundindo com a
convalidação.

Também é hipótese de retirada do ato administrativo a revogação2 forma de retirada de atos administrativos validos, pois os
inválidos devem ser anulados, revogados por motivo de mérito (oportunidade e conveniência), não é interesse da administração que se
mantenha o ato. Se o ato é valido todos os efeitos produzidos por ele são igualmente validos, a administração apenas não quer que
seus efeitos continuem sendo produzidos, logo possui efeitos ex nunc, os efeitos produzidos serão mantidos.
Apenas quem pode analisar esse mérito é a própria administração publica, por isso a revogação só pode ser feita pela
administração, de maneira que o poder judiciário não pode revogar ato administrativo, mesmo provocado ele pode verificar apenas se
o ato está conforme com a lei, mas não a oportunidade e conveniência dele pois não pode influir sobre a discricionariedade
administrativa. Não se admite a revogação de atos administrativos consumados, ou seja, aquele que já exauriu seus efeitos, pois a
revogação impede apenas a produção de efeitos futuros. Também não é possível a revogação de atos vinculados, pois neste não há
possibilidade de escolha pois é pautado em critérios objetivos, logo torna-se impossível a revogação por motivo de mérito se não há
analise de mérito em atos vinculados. Afinal se a administração não atender a vinculação determinada por lei incorrerá em invalidade,
logo a forma de retirada será anulação.
Alguns doutrinadores entendem que a licença para construir, embora seja um ato vinculado, ato de polícia, admite revogação
em situações excepcionais, quando embasada em razões de interesse publico, mantidos os direitos adquiridos do beneficiário,
indenizados os prejuízos causados, revogar licença concedida para construção e reforma, por não ser ato precário, necessariamente
deverá ocorrer indenização. A principio não se admite revogação de atos vinculados, mas alguns doutrinadores entendem assim, mas
a questão vai direcionar para isso.
Outras hipóteses de retirada do ato são a cassação3 e a caducidade4, que são hipóteses de retirada do ato por motivo de
ilegalidade superveniente. Durante a execução o ato que nasceu válido se torna invalido. A diferença entre elas é que se a ilegalidade
superveniente decorre de culpa do beneficiário que deixou de cumprir os requisitos do ato posteriormente, enseja a cassação do ato.
Ex. licença para hotel, posteriormente a pessoa transforma em um bordel e a licença é cassada pois a pessoa deixou de cumprir os
requisitos da licença que tinha. Contudo, se após a ocorrência do ato, advém lei posterior que impossibilidade o ato, ou seja,
ilegalidade superveniente decorrente de lei nova, ocorre a caducidade. Ex. circo que teve autorização e lei posterior que transforma o
espaço em área de proteção que não pode ser cedido a uso de particular, causa a invalidade do ato de autorização, de modo que
caduca o ato de autorização em virtude da invalidade que se aflorou. No primeiro nada muda na lei mas sim na situação fática e no
segundo a situação fática é a mesma, o que muda é a lei.
Por último existe a contraposição5 também chamada de derrubada, ocorre quando um novo ato se contrapõe o primeiro, o
novo ato tem como efeito principal extinguir os efeitos do ato anterior, ocorrendo a derrubada do ato. Ex. nomeação x exoneração - o
ato de exoneração tem como efeito principal extinguir os efeitos da nomeação que é derrubado, retirado do mundo jurídico pela
contraposição de ato posterior.

7a aula – Direito Material


Licitações
7.1
Licitação é o procedimento administrativo prévio às contratações do Estado, ainda que existam hipóteses de dispensa ou
inexigibilidade, ocorre pelas três finalidades dispostas no art.3o da lei, quais sejam: busca pela proposta mais vantajosa; garantia de
isonomia entre os particulares que queiram contratar com o Estado, atendendo a igualdade das contratações no âmbito público;
garantia do desenvolvimento nacional, inserido em 2012 pela lei 12349, pois existem regras que beneficiam alguns para garantir a
melhor proposta e garantir o desenvolvimento nacional.
O art. 22, XXVII d lei 8666, dispõe que compete a união legislar acerca de normas gerias de licitações e contratos, o que faz
com que embora essa competência esteja no art.22, a gente consiga ver que na prática esta competência é concorrente, compete a
união legislar privativamente sobre as normas gerias, logo, os estados podem regulamentar procedimentos licitatórios específicos,
desde que respeitando as normas gerais. Os estados que não tem lei específica aplica completamente a lei geral. Quanto as normas
específicas a competência é concorrente. As normas gerais estão estabelecidas a partir da lei 8.666 de licitações e contratos; lei
10.520/02 que criou o pregão e lei 12.462 que criou o regime diferenciado de contratação (RDC) da copa do mundo. Somente a 8666
trata de hipóteses de inexigibilidade e dispensa.
Todos os princípios aplicáveis a administração publica valem para as licitações, contudo existem alguns princípios
específicos, quais sejam:
* Publicidade: todo ato da administração deve ser transparente, não se admitindo realização de atos sigilosos pois eles
devem ser conhecidos pela sociedade. Não confundir publicidade com publicação, pois a publicação em diário por exemplo é uma das
formas de alcançar a publicidade, mas nem todas as formas licitatórias assumem a publicação como forma de publicidade, pois ela é
apenas uma das formas de se fazer publicidade, que por outro lado é regra geral aplicável a todas as modalidades licitatórias.
* Sigilo das propostas: não se contradiz com a publicidade pois ela é garantia da licitação, mas as propostas são sigilosas
até a data da abertura de todas elas em conjunto, pois até essa data, um licitante não pode saber da proposta do outro, sob pena de
quebra da isonomia.
* Vinculação ao instrumento convocatório: como regra é o edital, mas existem outros, o fato é que o instrumento
convocatório estabelece todas as regras da licitação, que obrigam tanto os licitantes quanto a administração, todos que participam do
certame encontram-se vinculados as disposições do edital.
* Principio do julgamento objetivo: o edital prevê inclusive o julgamento, que deverá estabelecer com critérios objetivos como
será o critério de julgamento do vencedor que portanto, deve estar previamente estabelecido por meio do instrumento convocatório da
modalidade licitatória. O critério de julgamento, é o que chamamos de tipos de licitação, não modalidade de licitação, e existem quatro
tipos:
- Menor preço: o edital estabelece requisitos mínimos que devem ser atendidas pelos licitantes e ganhará o que atendendo
as características mínimas, apresentar o menor valor.
- Melhor técnica: o edital vai estabelecer o que é melhor técnica para cada serviço.
- Preço e técnica: junção dos dois primeiros, a principio a lei define que tem que ser de menor preço, admite a exigência de
técnica para aquisição de produtos e serviços de informática ou para serviços de natureza eminentemente intelectual.
- Maior lance: quando a administração estiver alienando bens.
A principio é vedada a escolha de marca pela administração publica, salvo situações de necessidade, por exemplo frota que
tem que ser igual para não trazer perigo aos que utilizam os veículos, em razão da diferenciação deles. Lembrando que o critério de
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escolha do vencedor é o que está no edital. Ex. licitação dos carros um com ar 30.000,00 e outro com ar e trava elétrica também
30.000,00, sendo que no edital está a exigência de ar, não se pode contar a trava elétrica como proposta mais vantajosa.

7.2
Clássico caso de empate no procedimento licitatório, o art. 3o parágrafo 2o da lei traz os critérios objetivos de desempate que
não tem mais relação com a proposta apresentada, sendo que os critérios de desempate trazido por ela são critérios sucessivos, logo,
devem ser analisados na ordem em que eles aparecem da lei, só pode passar para o segundo se o primeiro não foi suficiente para
resolver. O primeiro critério é saber se o bem é produzido no país. O segundo é saber se alguma das duas empresas é brasileira, não
interessa se o capital e nacional ou estrangeiro. O terceiro critério é saber se uma das duas investe em tecnologia ou pesquisa no país.
Se nenhum dos critérios de desempate resolver, o art.45, parágrafo 2o da 8666, diz que se nenhum dos critérios resolverem terá o
sorteio público, critério impessoal sem margem de subjetivismo ao agente.
Se a prova for além e disser que alguma das duas empresas é microempresa ou empresa de pequeno porte, existe a lei
complementar 123/06 de direito empresarial que cria privilégios a essas formas empresarias, de modo que a micro e pequena empresa
terão preferencial no critério de desempate. Antes de a administração publica partir para os critérios de desempate e pergunta se a
micro e pequena empresa quer diminuir a proposta e desempatar a licitação, mas se ela preferir ir para os critérios de desempate, ela
vai em pé de igualdade com as outras empresas. Outro beneficio é que nas modalidades licitatórias da 8666 (ou seja, menos o
pregão) se a micro empresa ou empresa de pequeno porte apresentar proposta até 10% maior que a empresa de maior porte
“vencedora”, considera-se que houve empate.
No pregão o beneficio é menor atingido até 5% a mais que a vencedora para que seja considerado empate, e não 10% como
ocorre com as outras modalidades.

Três regras básicas antes de entrar nas modalidades:


a) Obrigatoriedade de licitar: a licitação é obrigatória antes da elaboração dos contratos para os entes da administração
publica direta e indireta, bem como os fundos especiais e todos os demais entes mantidos ou subvencionados pelo dinheiro público
(entidades particulares que recebem dinheiro publico para a elaboração de seu patrimônio – entes do terceiro setor, ressalvadas as
situações de dispensa (OS)). Empresas publicas e sociedades de economia mista quando exploradoras de atividade econômica atuam
mais próximo do direito privado do que do público, mesmo assim permanece o dever de licitar para celebrarem seus contratos, a
questão é que o art.173 CRFB estabelece que será editada lei especifica para definir a realização do procedimento licitatório para
estas empresas, não se submetendo as normas da 8666 (norma geral). Contudo, não há lei especifica, apenas projeto de lei, enquanto
isso aplica-se a 8666, que em seu artigo 119, parágrafo único estabelece que embora essas entidades tenham obrigatoriedade de
licitar é possível a edição de decretos pelo chefe do poder executivo que possibilite a simplificação do procedimento licitatório das
empresas estatais.
O tribunal de contas da união vem dizendo que quando as empresas estatais que exploram atividade econômica realizam
contratos com relação as atividades fins, na exploração da atividade econômica, não nas atividades meio que devem ser licitadas,
ocorreria hipótese de dispensa de licitação, pois poderia prejudicar a disputa de mercado e a atividade econômica delas.

b) Intervalo mínimo: intervalo mínimo entre a publicação do edital e a data da abertura dos envelopes de documentação e
propostas estabelecido por lei. Para cada modalidade licitatória existe um prazo de intervalo mínimo.

7.3
c) Exigência de comissão de licitação: a autoridade máxima do órgão não realiza o procedimento licitatório, apenas informa e
justifica a necessidade que a administração tem de licitar e celebrar um contrato e designa uma comissão que é composta por no
mínimo 3 membros, logo podem ser mais, sendo que pelo menos 2 devem ser servidores efetivos do órgão, diferente do que ocorre na
comissão do PAD em que os servidores são estáveis. Um dos membros é o presidente da comissão que responde solidariamente com
os outros membros pelos atos praticados pela comissão, ou seja, os atos praticados pela comissão enseja responsabilidade solidaria
de seus membros. Existe uma exceção, se um dos membros discordar da decisão tomada e faça constar sua discordância em ata, ele
se exime da responsabilidade.
A comissão pode ser especial ou permanente, a composição é a mesma, mas a especial é designada para determinado
procedimento licitatório e é dissolvida após o fim do procedimento, criada para cada licitação, gera muitos gastos se o órgão licitar
muito, de modo que existem também as comissões permanentes do órgão que é responsável por todos os procedimentos licitatórios
realizados pelo órgão, instituída por meio de uma portaria, pelo prazo de 1 ano, depois de um ano deve modificar pelo menos um
membro da comissão, não pode ser idêntica à anterior, vedada a recondução de todos os membros.

A principio existem 6 modalidades licitatórias gerais – concorrência, tomada de preço, convite, concurso, leilão e pregão -, as
5 primeiras estão na lei 8.666/93 e o pregão é regulamentado pela lei 10.520/02. Ademais, de acordo com a lei não se admite a criação
de novas modalidades licitatórias, bem como, não se admite a combinação das modalidades existentes. As três primeiras são
escolhidas em relação ao valor concorrência com valores mais altos, tomada de preço valores médios e convite valor mais baixo. Já os
outros três são selecionados em razão do objeto a ser contratado. São elas:

* Concorrência: admite ampla competição, qualquer pessoa pode participar, por isso é modalidade utilizada para
contratações de grande vulto. Ainda que seja inabilitado depois poderá participas da concorrência, por isso é obrigatória para
contratação de valores altos que compreendem contratações de obras e engenharia valor acima de 1.500.000,00 e para aquisição de
bens e serviços acima de 650.000,00. Acima dessas valores a única modalidade licitatória válida é a concorrência.
Existem exceções em que a concorrência será obrigatória independente do valor em virtude da importância dos contratos, ou
seja, é obrigatório para contratos de concessão de serviço publico (a principio regulamentadas pela lei 8795), salvo serviços
regulamentados pelo plano nacional de desestatização que podem ser dados pela realização de leilão; para contratos de concessão de
direito real de uso, regulamentada pelo decreto 271/67; para contratos de aquisição e alienação de imóveis, salvo se a administração
publica for alienar imóveis adquiridos pela administração publica mediante decisão judicial ou dação em pagamento também poderá
ser feito o leilão; quando se tratar de contratos de empreitada integral, que é aquele contrato no qual a administração contrata uma
empresa para executar a obra e fica responsável por todas as etapas da obra, ela é entregue pronta par uso, diferente da empreitada
global que é a forma de pagamento da empreitada, que pode ser paga de forma global ou por tarefa, ao invés de dividir valor para
cada etapa da obra, define um valor para a obra toda; também é obrigatória nos casos de licitação internacional, que é aquela que
admite a participação de empresas estrangeiras que não tem sede no país e se ela puder cotar sua proposta em moeda estrangeira
isso terá que ser autorizado para todas as empresas, contudo, se o órgão tiver cadastro nacional de licitantes e tiver dentro do limite de
valor poderá fazer tomada de preço; se tiver contratado serviço que não tem fornecedor no pais poderá fazer convite, desde que esteja
dentro do limite de valor do convite.

7.4
18

O intervalo mínimo da concorrência, estabelecido pela lei, varia de acordo com o tipo de licitação, se for do tipo melhor
técnica ou técnica e preço o intervalo é de 45 dias, nos outros casos é de 30 dias, prazo mínimo a ser respeitado entre o edital e a
abertura da sessão. O prazo é diferente para o caso de empreitada integral, em que independente do critério de escolha do vencedor,
o intervalo mínimo será de 45 dias.

* Tomada de preço: mais restrita que a concorrência, em que qualquer um pode participar, na tomada de preço participam
da tomada de preço os licitantes cadastrados no órgão e aqueles que cumprirem todos os requisitos para cadastro pelo menos 3 dias
antes da abertura das propostas. O cadastro é como uma habilitação prévia, na forma do art.27 da 8666 (requisitos para habilitação),
esse cadastro tem validade de 1 ano, deve ser refeito a cada ano, assim, ao invés de a empresa levar os documentos de habilitação
ela leva o documento de cadastro que comprova que a habilitação já foi realizada, o cadastro é realizado para contratações de
serviços ou obras especificas, pois cada tipo de contratação precisa de documentos de habilitação diferentes, então a pessoa se
cadastra para eventual licitação com relação a algum contrato. A tomada de preço pode ser para obras e serviços de engenharia até
R$1.500.000,00 e bens e serviços até R$650.000,00, pois passados esses valores obrigatoriamente deve ser concorrência, ainda que
possa ser realizada também para valores menores. O intervalo mínimo da tomada de preço é como a concorrência, de modo que
depende, se for tomada de preço do tipo melhor técnica ou técnica e preço o intervalo mínimo ë de 30 dias e para os outros casos é d
e15 dias. Lembrando que a empreitada integral só pode ser realizada por concorrência.

* Convite: modalidade licitatória que tem restrição ainda maior, participam os convidados pelo órgão, que deve ser de no
mínimo 3 licitantes, salvo comprovada restrição de mercado (ex.: em que não existem 3 pessoas que fazem aquele serviço), os
convidados podem ser cadastrados ou não no órgão, podem participar também aquele que não foi convidado se cumprir dois
requisitos cumulativos: tem que ser cadastrado no órgão e tem de demonstrar o interesse em participar do certame com pelo menos 24
horas de antecedência à data marcada para a abertura do certame. O procedimento do convite é mais simples, não há edital, o
instrumento convocatório é simplificado, consiste na carta-convite que não é publicada, diferente do que ocorre nos dois anteriores,
ressalta-se que há publicidade mas não publicação que é uma das formas de fazer publicidade, pois no convite a carta-convite é
enviada aos convidados e posteriormente é feita a afixação no átrio da repartição em local visível ao público. devido as restrições o
convite só é possível para licitações de valores bem mais baixos, que soa, para obra e serviço de engenharia até R$150.000,00 e para
bens e serviços até R$80.000,00, lembrando que quem pode mais pode menos, então também pode ser feita concorrência e tomada
de preços para estes valores, até o limite que deve ser respeitado o limite dos valores de cada tipo de licitação. O intervalo mínimo do
convite é único independentemente do critério de escolha do vencedor a ser utilizado, são 5 dias úteis (quando forem dias uteis deve
estar explicitamente estabelecido), ademais, o intervalo mínimo que normalmente corre entre a publicação e a abertura das propostas,
será diferente tendo em vista a ausência de publicação, então contará a partir do recebimento da carta convite ou da afixação do
documento na repartição, ou seja, do ultimo ato de publicidade que ocorrer.
Sempre que estivermos diante de objeto que pode ser contrato de uma única vez, não é possível fracionar a contratação,
pois consiste em fraude à licitação como forma de burlar a concorrência. A mesma coisa vale para a dispensa, não é possível deixar de
fazer a licitação e utilizar diversas formas de dispensa pois é fraude à licitação. O poder publico não pode contratar por partes aquilo
que pode ser contratado de uma vez só, como forma de atingir um valor baixo a permitir a realização de uma modalidade convite.
O convite a principio segue a regra geral da comissão, composta por três membros que no mínimo 2 devem ser servidores
efetivos do órgão (não estáveis, mas efetivos), contudo no convite, se o órgão demonstrar escassez de pessoal, não podendo designar
três membros para montar uma comissão, poderá ser dispensada a comissão por motivo de interesse público excepcional
devidamente justificado e faz com apenas 1 servidor desde que seja efetivo.

8a aula – Direito Material


Licitações
8.1
Existe uma regra legal que estabelece que enquanto estiver no convite não cadastrados deverá ser convidado um a mais a
cada novo convite. Ex.: tenho 5 cadastrados no órgão, e um convite para aquele serviço setorial a qual eles pertencem, chamo 2
cadastrados e um de fora, no próximo convite o mínimo não será de 3 mas sim de 4, sendo que este 4 não precisa necessariamente
ser cadastrados, mas se convidar de novo não cadastrados, no próximo o mínimo será de 5 cadastrados, trazendo para a
administração uma tendência de convidar pessoas já cadastradas.

Analisadas as três modalidades escolhidas em razão do valor, passamos as modalidades selecionadas em razão do objeto
do contrato.

* Concurso: realizado todas as vezes que a administração estiver realizando licitação para escolher trabalho técnico,
artístico ou cientifico. O valor do contrato não é relevante, também não é concurso para provimento de cargos, mas para aquisição de
trabalho nos moldes citados. Ex. concurso de monografia que paga um premio ao vencedor, bem como, aquisição de projeto
arquitetônico.
Isso é licitação concurso, modalidade por maio da qual a administração faz aquisição de trabalho técnico artístico ou
cientifico mediante pagamento de premio ou remuneração (nome que se dá ao premio pago pelo trabalho) ao vencedor. O
procedimento do concurso é definido pelo regulamento próprio do concurso que estabelece as regras aplicáveis ao concurso. No
concurso a comissão também é composta por três membros que não precisam ser servidores públicos, devem ser pessoas idôneas
com conhecimento na área do concurso, podem ser servidores mas não há a obrigatoriedade das modalidades licitatórias anteriores. O
intervalo mínimo do concurso é de 45 dias.

* Leilão: realizado para alienação/venda de bens pela administração pública. pode ser realizado para alienação de bens
móveis e imóveis. Só podem ser alienados mediante leilão bens imóveis adquiridos por decisão judicial ou frutos de dação em
pagamento, qualquer outro tem que ser alienado mediante concorrência. Bem como só pode ser para bens moveis, apreendidos,
inservíveis (aqueles que não tem destinação publica) ou penhorados.
Não se pode utilizar bazar para alienar bem publico, no momento em que o bem apreendido, passa a ser bem publico de
modo que apenas pode ser alienado mediante leilão. Penhora é a constrição judicial de bens realizado pelo estado em cima dos bens
do particular, que se chama de hasta publica judicial e é leilão judicial e não leilão licitação, pois a licitação é procedimento
administrativo PRÉVIO a contratação, quando o legislador fala bens penhorados, na verdade são bens EMPENHADOS, ou seja,
entregues ao ente publico em penhor, se não pagar, os bens empenhados serão leiloado, ai sim, por licitação. Penhorado de penhor e
não de penhora.
A doutrina vem entendendo que é possível leilão para alienar bens que compõem o acervo ou patrimônio permanente da
administração publica, patrimônio integrante da estrutura da administração, mas estes devem ser desafetados e só podem ser
alienados por leilão até o limite de R$650.000,00, pois passando de R$650.000,00 só é possível alienar mediante concorrência. Essa é
19

uma exceção a regra do objeto, pois aqui o valor é relevante para definir o cabimento da modalidade. O intervalo mínimo do leilão é de
15 dias entre a publicação do edital e a data marcada para o leilão. Lembrando que quando não fala dias uteis são dias corridos.
Ademais, não ha comissão de licitação, quem faz o leilão é o leiloeiro que pode ser servidor publico designado como leiloeiro ou
leiloeiro oficial designado a realiza-los. O responsável pelo leiloa é apenas uma pessoa.
O leilão é sempre do tipo maior lance que seja igual ou superior ao valor da avaliação, não é possível valor menor que o da
avaliação, diferenciando-se novamente da hasta publica judicial.

* Pregão: hoje é regulamentado pela lei 10.520. A modalidade do pregão surgiu inicialmente pelas leis ordinárias 9472 e
9478 que instituíram agencias reguladoras, o que deveria ser considerado inconstitucional em virtude do desrespeito a lei 8666, mas
que nunca foi considerado dessa forma, de modo que elas continuam valendo. Posteriormente para regulamentar a situação por ter
sido muito bem aceito pela administração, foi editada a medida provisória 2022/2000 que definiu que o pregão seria aplicado a todos
os entes da união, depois convertido na lei 10.520 que determinou a aplicação a todos os entes. Hoje a modalidade licitatória
específica das agencias reguladoras é a consulta que é a regulamentada apenas para elas, pois o pregão passou a ser aplicável a
todos os entes públicos por ser regulamentado por lei geral.

8.2
Costuma ser chamado de leilão reverso, é modalidade utilizada para aquisição de bens e serviços comuns pela
administração publica. Serviços comuns determinados pela própria lei, são aqueles que podem ser designados no edital com
expressão usual de mercado (ex. caneta, o nome já deixa a entender o que é). Não pode ser utilizado pregão para obra, mas para
bens e serviços o pregão vem sendo utilizado amplamente. Inclusive no âmbito executivo federal existe uma orientação de preferi-lo
quando for cabível, em virtude de ser modalidade mais célere, admitindo-se como um todo, até mesmo serviços de engenharia, na
obra. Lembrando que o pregão não tem limite de valor e é a modalidade que traz a maior facilidade entre todas.
Também não há comissão assim como no leilão quem faz é o leiloeiro, no pregão quem realiza é o pregoeiro do órgão que é
designado para isso, a lei prevê a possibilidade de uma comissão de apoio ao pregoeiro, que não se confunde com a comissão
licitante, pois quem responde pelo pregão é o pregoeiro. O intervalo mínimo do pregão é em dias uteis assim como a do convite que é
de 5 dias úteis, mas no pregão o prazo mínimo é de 8 dias úteis, entre o edital e a realização do certame. O único critério de definição
do vencedor aceito no pregão é o critério de menor preço, não se admitindo os outros tipos.

Em algumas situações a administração licita para contratar, mas a licitação também pode ser realizada para registro de
preços, essas espécies de licitação não obrigam a administração, que informa previamente no edital que esta fazendo uma licitação
para registrar preços no ordem, seguindo o mesmo procedimento, mas ao final ao invés de escolher o vencedor é elaborada uma ata
de registro de preços que fica no órgão publico, assim a administração pode contratar com o vencedor sem realizar a licitação por um
prazo de um ano, que é o prazo de vigência da ata. Poderá então a qualquer tempo, no prazo de um ano, chamar o vencedor da
licitação, para celebrar um contrato que não estará necessariamente vinculado a quantidade realizada na licitação mas limitado pelo
quantitativo definido na ata de preços. Ex. licitou para registro o valor de 20 carros, poderá contratar durante um ano a qualquer tempo
com o vencedor da licitação, qualquer quantidade de carros até o limite máximo de 20 carros que é a quantidade em cima da qual foi
realizada a licitação para registro de preços.
A licitação carona ou a expressão trazida pela lei que é adesão a ata de registro de preços, que ocorre quando outro ente
publico utiliza-se da licitação feita por um órgão para contratar o vencedor daquele registro de preços, desde que haja autorização do
órgão que efetivamente celebrou o procedimento licitatório, bem como, o vencedor da licitação deve concordar. Na visão do professor
é fraude a licitação porque aderindo a ata após o resultado é como se o órgão escolhesse com quem quer contratar, mas é
regulamentado. Somente não se admite licitação carona entre entes federativos, admitidos apenas com relação a mesma esfera de
governo, entre entidades da administração direta e indireta da mesma esfera de governo é possível, não é possível entre entes
federativos diversos, como por exemplo, entre a união e estados. Outra questão é que se o ente que aderiu a ata de registro e
contratou, faz com que a quantidade limite da licitação seja abatido. Ex. fez a licitação para 20 carros e o ente que aderiu comprou 10,
o órgão licitante poderá comprar apenas 10 carros.

Procedimento Licitatório
*Concorrência: as licitações como um todo se iniciam pela fase interna, que são atos preparatórios à publicação do edital,
ao bem da verdade, seria uma fase pré-procedimental. Nessa fase interna é feita a exposição de motivos, que consiste na justificativa
da contratação. É designada a comissão, se o órgão tem comissão permanente é anexado ao processo a portaria que designou a
comissão permanente do órgão. Deverá ser realizada a declaração de recurso orçamentário, em que o gestor declara que o órgão
publico terá dinheiro para pagar o contrato, diz que a administração está adequada para realizar o pagamento, esta declaração não é
necessário na licitação para registro de preços. Além da declaração orçamentária, é elaborada e anexada a minuta do contrato e do
edital e anexada ao procedimento licitatório. Depois que todos esses procedimentos são realizados, é encaminhado à consultoria
jurídica do órgão que realizará um parecer que não é vinculando, mas é obrigatório, necessariamente deve haver o parecer
autorizando a abertura do procedimento licitatório. O parecer pode concluir pelo arquivamento do processo realizado até ali, ou pelo
andamento do procedimento licitatório com a publicação do edital e o inicio da fase externa da licitação.

8.3
A fase externa se inicia a partir da publicação do edital, que é quando inicia o procedimento licitatório propriamente dito, o
edital deve ser publicado em diário oficial E jornal de grande circulação na localidade. A publicação do edital é a maior forma de
publicidade que há. A administração pode cobrar no máximo os custos de confecção do edital, mas a administração publica o aviso de
licitação e as pessoas vao adquirir o edital se tiverem interesse em participar. Da publicação do edital a administração já marca a data
para abertura de propostas, respeitando os intervalos mínimos já estudados. No período do intervalo mínimo pode ocorrer a
impugnação administrativa do edital, em que as pessoas podem reclamar por algum problema no edital, administrativamente qualquer
cidadão pode impugnar o edital, desde que o faça até o 5 o dia útil anterior a data marcada para abertura dos envelopes, exceto se o
sujeito que deseja impugnar for licitante, caso em que terá até o 2o dia útil anterior a data marcada para abertura das propostas. Se
ninguém impugnar o edital a administração pode alterar o edital de ofício, com base no principio da autotutela, a administração tem o
poder de rever os vícios do edital, ainda que não haja impugnação. Uma vez alterado o edital, deverá ocorrer nova publicação e ser
reaberto o prazo de intervalo mínimo, ou seja, necessariamente apos a alteração, qualquer forma que seja, deve ser realizada a
publicação da PARTE ALTERADA – errata – no mesmos moldes da publicação originaria. Contudo, se a alteração for simples,
meramente material, e não modificar o conteúdo das propostas deverá ser publicado novamente, porém, nem necessidade de
reestabelecer o intervalo mínimo.
Após a publicação do edital, passa para a fase de habilitação, antes dessa fase, qualquer pessoa pode desistir da licitação,
depois de abertos os envelopes, o sujeito apenas poderá desistir se tiver motivo justificado e autorizado pela autoridade. Nessa fase
serão abertos os envelopes que contém a documentação dos licitantes. Na fase de habilitação não há analise de propostas, analisa-se
as condições do licitante de contratar com o estado, os critérios de habilitação são aqueles definidos em lei e que sejam indispensáveis
20

à realização do contrato, pois só se pode exigir como requisito de habilitação aquele previsto em lei e que é necessário para a
execução do contrato. O art.27 da 8666 estabelece os requisitos necessários a habilitação em um procedimento licitatório: deve ter
habilitação jurídica (existência de direito, registro, CNPJ da empresa, pessoa de fato não contrata, apenas pessoa de direito);
qualificação técnica (na justa medida necessária para a execução do contrato); qualificação econômico-financeira (feita pela
apresentação de balanços patrimoniais da empresa, declaração de idoneidade financeira); respeito ao art.7o, XXXIII, CRFB (normas de
trabalho quanto a não exploração do trabalho infantil, demonstrado a partir de uma declaração); regularidade fiscal (demonstração de
que não deve ao poder publico, ou se deve, que tem débitos com exigibilidade suspensa, demonstrado a partir da certidão negativa de
debito ou certidão positiva de debito com efeito de negativa); regularidade trabalhista (certidão negativa de débitos trabalhistas
expedida pela justiça do trabalho).
A ausência de qualquer dos requisitos de habilitação torna o sujeito inidôneo para participar e inabilita. Apenas se a prova
perguntar diretamente deve ser ressaltada a questão da micro empresas e empresas de pequeno porte, que podem participar da
licitação ainda que não tenham regularidade fiscal, deverá juntar o comprovante de que não tem regularidade mas por ser
microempresa poderá participar do procedimento licitatório, se ela for vencedora, terá o prazo de 2 dias úteis, prorrogáveis por mais 2
dias úteis, para realizar o saneamento, que é exatamente a regularização, logo, para celebrar o contrato ela tem que se regularizar.
O prazo para recurso na fase de habilitação, é de 5 dias úteis, quando for em dias úteis exclui o do início e inclui o do final
mas só se contam os dias úteis. O recurso administrativo nesse caso tem efeito suspensivo, normalmente os recursos administrativos
não tem esse efeito.

8.4
Prazo para recurso não se confunde com prazo para trazer documento obrigatório, no recurso apenas pode ser discutida a
regularidade da decisão da fase de habilitação. O prazo de intervalo mínimo é um prazo presumivelmente necessário para juntada dos
documentos necessários. Se todos os licitantes foram inabilitados, a administração pode conceder um prazo de 8 dias úteis, para que
os licitantes se adequem ao edital, não é recurso, a própria administração traz um prazo para que a documentação seja trazida
novamente. A lei diz que a administração pública pode conceder, mas em verdade ela deve conceder esse prazo. Quem não foi
habilitado recebe o envelope de proposta lacrado, a administração se quer olha a proposta e quem foi habilitado passa para a fase
seguinte em pé de igualdade com todos os outros licitantes igualmente habilitados, encerra a discussão acerca de documentação.
A próxima fase é a de classificação e julgamento da licitação, o tipo de licitação define este critério, neste momento o que
será realizado é a aplicação objetiva do que estava determinado no edital. A principio é fácil, mas em 2012 a lei 8666 foi alterada e
nessa alteração o art.3o paragrafo 1o da lei passou a estabelecer a possibilidade de preferencia para aquisição de produtos
manufaturados ou serviços nacionais que obedeçam as normas técnicas, ou seja, a administração publica pode, desde que estabeleça
previamente, para estes tipos de produto, sendo que esta preferencia é de até 25% maior que a do ganhador original. Desde que se
estabeleça anteriormente também, é possível estabelecer preferencia adicional, para os serviços nacionais ou produtos manufaturados
que decorram de novas tecnologias criados no país, até o limite de 25%, podem existir as duas mas a soma das duas preferencias não
pode ser maior que 25%, limite máximo de preferencia que pode ser previsto nessas situações.
Com ou sem preferencia é possível recurso na fase classificação e julgamento, prazo de 5 dias úteis, com efeito suspensivo,
assim como ocorre na fase de habilitação, o recurso é para discutir se a decisão de classificação foi acertada ou não. Se tiver um único
classificado o procedimento segue, mas se todos forem desclassificados a administração permite um prazo de 8 dias úteis para
apresentação de novas propostas.
A comissão trabalha até aqui, depois de realizada a classificação, a comissão encaminha o procedimento licitatório para a
autoridade do órgão que poderá homologar, ou seja, confirmar o que foi feito no procedimento, se a autoridade superior verificar que
há vicio é possível que autoridade ao verificar, realize a anulação do procedimento licitatório tendo em vista vicio de ilegalidade em
qualquer fase do procedimento, ou poderá revogar o procedimento licitatório por razões de interesse público superveniente que será
justificada pela administração para a revogação do procedimento, em ambos os casos em que não é feita a homologação, cabe
recurso, no prazo de 5 dias úteis SEM efeito suspensivo.
Homologado segue para a fase de adjudicação, que é dar ao vencedor o título de vencedor, não é o contrato, mas sim a
declaração oficial do vencedor do procedimento licitatório. Ainda que se declare o vencedor da licitação, a administração não é
obrigada a contratar, ela pode justificar o motivo pelo qual não está contratando, ainda que tenha ocorrido adjudicação, mas caso a
administração resolva contratar, ela só pode contratar com o vencedor, com base no principio da adjudicação compulsória, não é
possível realizar o contrato com outra pessoa.
Se a pessoa vencedora da licitação for convocada pela administração pública para realizar o contrato ele é obrigado a
cumprir a proposta apresentada, ou seja, a adjudicação obrigada o vencedor a cumprir a proposta apresentada, mas tem prazo legal,
de modo que é obrigada a contratar desde que seja contratada no prazo máximo de 60 dias contados da abertura das propostas, da
fase de classificação. Se ele não realizar o contrato sofrerá as penalidades e a administração convocará o segundo colocado, mas na
proposta do primeiro, sucessivamente até alguém cumprir com aquela, caso contrário terá que realizar outra licitação.
Todo o procedimento até aqui é o da concorrência, que tem diferenças mínimas com relação a tomada de preço e o convite.

* Tomada de preço: Em relação a tomada de preço segue o mesmo tramite da concorrência, contudo, não há fase de
habilitação, pois os licitantes estão previamente cadastrados ou se cadastraram até 3 dias antes da abertura dos envelopes de
proposta, pois o comprovante de cadastro substitui a habilitação.

* Convite: em relação ao convite, também não há fase de habilitação, pois todos estão cadastrados no momento das
propostas, o convite tem mais algumas peculiaridades: a primeira diz respeito aos prazos de recurso, que no convite são 2 dias úteis
com os mesmos efeitos já apresentados e não 5 como ocorre nos outros dois. O prazo para adequar-se no caso em que todos são
desclassificados, não abrem-se 8 dias úteis, mas apenas 3 dias úteis para realização da fase de classificação novamente. No convite
também não há a publicação, pois a publicidade é realizada por convite e afixação na repartição publica.

9a aula – Direito Material


9.1 - Licitações
Procedimento licitatório da concorrência:
# Publica o edital -> habilitam-se os licitantes -> classificam-se as propostas dos licitantes habilitados -> homologação da autoridade - >
adjudicação ao vencedor.

No pregão o procedimento muda, pois, após a publicação do edital, primeiro classificam-se as propostas para depois
habilitar, depois adjudica antes de homologar. A fase que mais demora é a habilitação, então inverte, selecionando a proposta e
habilitando apenas após, no pregão o procedimento é mais célere. A autoridade homologa depois que já terminou todo o
procedimento, é modalidade menos burocrática, a ideia é de fazer o possível para que no pregão se alcance o menor preço que é o
único tipo aceito nessa modalidade, principio da oralidade no pregão em que a administração seleciona as propostas para uma fase de
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propostas orais/ lances verbais, passando para a fase de lances verbais, a melhor proposta e todas as outras que não extrapolem 10%
da melhor proposta, devem ir aos lances verbais no mínimo 3 propostas, ainda que não estejam dentro do 10%.
Nos lances verbais os licitantes vão diminuindo, no que puderem, as suas propostas. Neste caso se o primeiro não foi
habilitado, chama-se o segundo para negociação do preço e não para cumprir a do primeiro como ocorre antes, e o próprio pregoeiro
faz a adjudicação e posteriormente encaminha para a homologação. O pregão não pode parar, então no pregão a fase recursal é
única, não tem aquelas diversas oportunidades de recurso, o prazo para recurso aqui é após a adjudicação, sendo que o prazo é
imediato, não tem decurso de tempo, o sujeito deve imediatamente apresentar o recurso, estabelecendo a fase a qual está recorrendo
e tem um prazo de 3 dias para elaborar e apresentar as razões do recurso.
Hoje o direito brasileiro, a partir do decreto 5450 permite o pregão eletrônico, estabelece regras que adaptam o pregão
presencial ao eletrônico, calcado sobre o mesmo procedimento, no âmbito federal tem a comprasnet, cada Estado que quiser ter
pregão eletrônico terá de fazer isso mediante decreto próprio. A orientação no âmbito federal é de preferir a utilização do pregão por
ser modalidade mais simples e célere.

Procedimento pregão:
# Publica o edital -> classificam-se as propostas -> lances verbais -> habilitação do vencedor até encontrar o adequado ->adjudicação -
> homologação.

O que mais cai em licitação é justamente a ausência de licitação, situações nas quais a administração publica pode contratar
sem licitar. Existem duas hipóteses: dispensa e inexigibilidade de licitação, hipóteses de contratação direta. Em ambas a administração
contrata sem licitar, mas são hipóteses são diferentes. A dispensa está regulamentada no art.17 e 24 e a inexigibilidade está
regulamentada no art.25 da lei 8666.
* Inexigibilidade: inexigível sempre que for inviável competir, sempre que for possível comprovar que não tem como fazer
licitação, é possível a inexigibilidade. Se não há como competir, não há como exigir a realização de um procedimento licitatório. Ex.
apenas uma pessoa presta aquele serviço, não tem possibilidade de competição.
O artigo traz um rol de 3 incisos, meramente exemplificativos, nos três a competição é inviável, mas mesmo fora deles, se a
administração conseguir mostrar que não é viável a realização de licitação recairá em hipótese de inexigibilidade. A doutrina costuma
apresentar 3 pressupostos da licitação, os três tem que estar presentes, se algum deles não estiver presentes a licitação é inviável:
pressuposto lógico (pluralidade de bens e fornecedores), pressuposto fático (generalidade da contratação, se a administração quiser
fazer contratação de caráter especifico, a contratação é inviável. Ex. melhor advogado tributarista do país para resolver um caso
específico tendo em vista o notório saber dele em relação aquele assunto) e pressuposto jurídico (interesse público na realização do
procedimento licitatório).
O tribunal de contas considera que as empresas estatais que exploram atividade econômica não são obrigadas a licitar
quando o bem ou serviço adquirido tiver relação com a atividade fim da entidade, apenas com relação a atividade meio, não precisa de
licitação por não haver interesse público.
O art.25, II estabelece expressamente que é vedada a inexigibilidade de licitação para serviços de divulgação e publicidade,
ou seja, este não é serviço técnico e especializado que possibilite a inexigibilidade da licitação. O art.13 da lei 8666 determina os
serviços técnicos e especializados de natureza singular, não significa que sempre haverá inexigibilidade para eles, terá que comprovar
que são serviços técnicos e especializados para contratação de natureza especifica/singular.

* Dispensa: a dispensa gera possibilidade não licitar em situações que seria viável a licitação.

9.2 – Licitações e Contratos Administrativos


Enquanto a inexigibilidade tem uma lógica, na dispensa não há logica, a principio é plenamente viável a competição mas a
lei dispensa essa necessidade. O rol de dispensa é taxativo e está disposto nos artigos 17 e 24, não existe a possibilidade de aplicar-
se analogia com relação as hipóteses. O art.17 define as situações de licitação dispensada e o art.24 estabelece o rol de licitações
dispensáveis. Hoje não considera-se mais diferença entre elas, ambas possuem hipóteses vinculadas e discricionárias.
Primeira hipótese de licitação dispensada é em razão do valor, se a administração vai realizar um contrato de até 10% do
convite, a licitação é dispensada, ou seja, até R$15.000,00 para obras e serviços de engenharia e até R$8.000 para bens e outros
serviços. Exceto para contrações firmadas entre empresas publicas, sociedade de economia mista, agencias executivas e consórcios
públicos, que possuem dispensa de licitação em dobra, ou seja, até 20% do convite, ou seja, R$30.000,00 e R$16.000,00.
Outra hipótese de dispensa decorre de guerra e grave perturbação da ordem, casos em que a administração não precisará
licitar para realizar suas contratações.
Terceira hipótese ocorre quando necessárias contratações de urgência, para os contratos ligados a situação de urgência e
desde que a contratação não extrapole 180 dias, prazo este que é improrrogável, são contratos realizados para resolver a situação de
urgência.
Existe dispensa de licitação também no caso do art.24, V, em que é dispensável quando não acudirem interessados na
licitação e esta não puder ser repetida sem que haja prejuízo para a administração, é o caso de licitação deserta. A licitação deserta é
diferente da fracassada, em que todos os que aparecem são inabilitados ou desclassificados, na deserta não parece ninguém para
licitar. Quando ela é fracassada tem que repetir, o art.24, VII estabelece uma única hipótese da licitação fracassada que dispensa
licitação, que ocorre quando ela é fracassada porque todos apresentaram preço alto e aparece alguém que queira fazer por preço mais
baixo (ler depois).
Por último, as organizações sociais, quando celebrarem contratos com particulares não precisam licitar, na forma do art.24,
XXIV da 8666. Ler todas as hipóteses de dispensa.

Nas duas hipóteses a contratação precisa de procedimento prévio, não licitatório, mas procedimento que justifique a
dispensa ou inexigibilidade. O artigo 26 da 8666 estabelece que nesses casos, necessariamente, deverá ser iniciado um procedimento
simplificado em que o gestor de contrato deverá justificar o porque da não realização do procedimento licitatório, demonstrando que
trata-se de uma das hipóteses legais e posteriormente justificar o motivo do escolhido para realizar o contrato, normalmente faz uma
pesquisa de mercado e escolheu o que era melhor dentro do possível, no caso de inexigibilidade é mais fácil. Depois que esse
procedimento é realizado, é encaminhado à autoridade do órgão que vai realizar uma ratificação do procedimento. Após estes passos
é realizada a contratação “direta”.

ContratosAdministrativos
Após o procedimento licitatório ou o simplificado, da forma que for, passa-se a realização do contrato. Contratos
administrativos e contratos da administração não são expressões sinônimas, os contratos da administração são aqueles em que a
administração é parte, seja pelo direito publico ou pelo direito privado (ex. locação, compra e venda, etc.), esses contratos privados
celebrados pela administração não são contratos administrativos, pois só são contratos administrativos, aqueles celebrados pela
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administração sob o regime de direito publico, os de regime privado são contratos civis e não administrativos como os de direito
público, caso em que não há isonomia entre as partes, pois o Estado atua em supremacia com relação a outra parte.
Características dos contratos administrativos:
* Consensual: aquele que já está perfeito e acabado pelo simples consenso firmado entre as partes, diferente do contrato
real que só está perfeito e acabado com a entrega da coisa. Todos os contratos administrativos são consensuais, a entrega posterior é
mera consequência.
* Comutativos: os direitos e obrigações são pré-definidos. Oposto do contrato aleatório em que os direitos e obrigações de
uma das duas partes está sujeito a um risco futuro e incerto. Todos os contratos administrativos são comutativos.
* De Adesão: uma das duas partes impõe as clausulas e a outra parte adere ou não, logo não admitem rediscussão de
clausulas contratuais. Os contratos administrativos são de adesão porque a administração determina as clausulas e o particular aceita
ou não aceita e não realiza o contrato.
* Formal: a forma do contrato é indispensável a regularização do contrato e está prevista em lei.

9.3 - Contratos
O artigo 55 estabelece todas as clausulas necessárias a validade do contrato, a ausência de qualquer delas torna o contrato
viciado e portanto nulo. O termo de contrato é obrigatório para contratos cujo valor exija licitação na modalidade concorrência ou
tomada de preço, ou seja, contratos acima de R$150.000,00 para obras e acima de R$80.000,00 no caso de bens.
Para contratos de valores mais baixos, é possível o instrumento de contrato mas pode ser substituído pela própria nota de
empenho da despesa ou pela ordem de serviço, que irão documentar no lugar do contrato, também é possível a carta-contrato que é
instrumento mais simples.
O contrato sempre tem que ser documentados, é nulo e não possível nenhum efeito contratos verbais celebrados com a
administração, mesmo nos de valores mais baixos é necessária a documentação, mesmo que não seja obrigatório o termo contratual,
exceto no caso de pequenas compras que até 5% do valor do convite, ou seja até R$4.000,00, casos em que é permitido o contrato
verbal, desde que de pronta entrega e de pronto pagamento, por serem contratos que não geram obrigações futuras entre as partes.
Depois que o contrato é celebrado, tem que ser publicado, que é requisito de eficácia dos contratos, sendo que a lei
estabelece que a administração deve providenciar a publicação até o 5o dia útil da mês seguinte a celebração do contrato, depois mais
20 dias corridos para que a publicação ocorra de fato. No momento em que o contrato é celebrado incide a supremacia do direito
público sobre o privado.
Os contratos administrativos possuem prerrogativas em razão de sua supremacia, através de clausulas exorbitantes que se
estivessem previstas em um contrato civil seriam ilícitas, mas por estarem presentes no contrato administrativo é possível, em virtude
da supremacia do interesse publico sobre o privado, preveem prerrogativas à administração em detrimento do particular. As clausulas
exorbitantes são implícitas em todo contrato administrativo, elas não precisam estar escritas neles. São clausulas exorbitantes:
* Alteração Unilateral: a administração publica pode alterar o contrato unilateralmente independentemente da concordância
do particular para alcançar o interesse publico, não é possível alterar o objeto do contrato, mas é possível alterar o projeto do objeto,
ou pode se dar quanto ao valor. Pode alterar o projeto originário e pode aumentar ou diminuir a quantidade do contrato. A alteração
unilateral quantitativa tem um limite de 25% para mais ou para menos, que deverá ser suportado pelo particular independentemente de
sua concordância. Tem uma exceção quanto aos contratos de reforma em que a alteração para mais pode chegar até 50% e para
menos permanece o limite de 25%. Qualquer alteração feita pela administração no contrato gera a obrigatoriedade de reestabelecer o
equilíbrio econômico-financeiro do contrato que é uma garantia do particular, pois a administração não pode alterar a margem de lucro
incialmente contratada, de modo que a administração deve proporcionalmente aumentar o valor a ser pago em virtude da alteração
unilateral do contrato, ou seja, qualquer alteração do contrato enseja uma alteração proporcional seja para menos ou para mais, no
valor que deverá ser pago. A margem de lucro que deve ser mantida na medida de suas proporções, por isso, equilíbrio econômico.
* Rescisão Unilateral: a administração pode terminar o contrato sem necessidade de concordância do particular ou de
decisão judicial, a lei estabelece duas hipóteses: inadimplemento do contratado ou por interesse público, mesmo que não haja
inadimplemento. Se o particular não contribuiu para a ocorrência da rescisão a administração deve indenizar o particular.
A lei 8987 trata dos contratos de concessão de serviço publico, que é regido da mesma forma que os contratos
administrativos em geral, podendo ser rescindido pelas razões acima, só que aqui a lei traz dois nomes diferentes a rescisão
unilateral por inadimplemento recebe o nome de caducidade e a rescisão unilateral por interesse público recebe o nome de
encampação.

9.4 - Contratos
* Fiscalização e controle: poder dever da administração, normalmente é designado por meio de portaria um agente publico
que será responsável pela fiscalização de determinado contrato. A administração não pode deixar de fiscalizar porque se ela deixar de
fiscalizar e ocorrer dano a alguém, o estado responderá pela não fiscalização em conjunto com o particular que provocou o dano.
- Questão que vem sendo muito discutida: o art.71 parágrafo 1o da lei 8666, estabelece que o Estado não responde pelos
débitos trabalhistas da empresa que ele contrata, mas apenas pelos previdenciários e de forma solidaria. Muito embora a lei
estabelecesse isso, o TST editou a Súmula 331 (terceirização), que estabelece que o Estado responde subsidiariamente pelos débitos
trabalhistas das empresas. Em 2010 o STF julgou a ADC 16, em que o STF declarou constitucional o artigo 71 da 8666, logo o Estado
não responde pelos débitos trabalhistas. Após a ADC, a súmula 331 do TST, foi alterada e estabeleceu que o estado responde
subsidiariamente pelos débitos trabalhistas das empresas contratadas desde que se demonstre a culpa do Estado, ou seja, demonstre
a omissão no dever de fiscalização. Não há responsabilidade trabalhista mas sim pelo descumprimento do dever de fiscalização do
contrato.
* Aplicação de penalidades: existem penalidades que extrapolam a relação contratual, por isso existem apenas para os
contratos administrativos, sendo elas:
- Advertência: que é penalidade mais leve, que não gera consequências posteriores, mas é penalidade e deverá ser feita
sempre por escrito.
- Multa: não se confunde com o ressarcimento, mas consiste em pena pecuniária aplicada ao particular contratado. Pode ser
aplicada havendo ou não efetivo dano e pode ser cumulada com o ressarcimento, bem como pode ser aplicada cumulativamente com
outras penalidades.
- Suspensão de contratar com o poder público: não pode ultrapassar 2 anos, ocorre a rescisão do contrato e ele fica
suspenso de qualquer contratação com a administração, a suspensão que determinará o período de suspensão, que não pode
extrapolar 2 anos, bem como, não pode extrapolar o ente federativo que impôs a suspensão, exemplo, um estado aplicou essa
penalidade, outro estado não poderá utilizar-se disso para impedir o particular de contratar, logo se limite ao ente federativo, se
estendendo a todas as entidades da administração direta ou indireta do ente.
- Declaração de inidoneidade: também tem prazo máximo de 2 anos e esta é mais grave exatamente por sua abrangência,
pois essa declaração extrapola o ente federativo que aplicou a pena, de modo que a empresa não consegue contratar com mais
nenhum ente público, o que a difere da suspensão de contratar. O prazo que a administração pode prever é de até 2 anos, mas pode
23

ser que fique mais tempo, pois passados os 2 anos a empresa tem que fazer a reabilitação, que consiste no ressarcimento ao erário,
pelos prejuízos causados.
Não existe gradação entre essas penalidades, pode direto sofrer a pena mais grave independente de já terem sido aplicadas
as anteriores, aplica-se aqui a proporcionalidade, pois deve-se aplicar penalidade proporcional a infração praticada. A aplicação de
qualquer das penalidades previstas enseja o processo com direito a contraditório e ampla defesa, antes da aplicação da pena, por
mais leve que seja a pena.
* Ocupação temporária dos bens da contratada: nada mais é do que garantia do principio da continuidade do serviço público,
para manter a prestação do serviço, ainda que o particular não possa, a administração pode ocupar os bens da contratada para
permitir e garantir a continuidade do serviço, se houver dano, o Estado indeniza.
Todas essas prerrogativas ensejaram discussão relevante acerca da aplicação do código de defesa do consumidor aos
contratos administrativos, quando o estado presta serviço publico atuando como fornecedor aplica-se subsidiariamente as regras do
CDC, mas quando o Estado é tomador do bem ou serviço, discutiu-se acerca da possibilidade do Estado figurar como consumidor do
bem ou serviço, parte da doutrina entende que não por dois motivos, visto que o Estado não é destinatário final, tendo em vista que ele
adquire para colocar na maquina publica de sua atividade, falta a característica de destinatário final que todo consumidor tem que ter,
e pelo fato de que o consumidor tem que ser hipossuficiente e o Estado é hiperssuficiente em um contrato administrativo, afinal goza
de prerrogativas, garantias e vantagens. Contudo, a doutrina mais moderna entende que é aplicável o CDC porque o Estado é
destinatário final sim, pois ele realiza o contrato para a sociedade e como representante dela, logo o serviço ou bem será utilizado pela
sociedade que é o destinatário final, além disso, realmente existe a superioridade jurídica, mas esta não impede hipossuficiente fática
ou técnica, pois se ele não tiver aquele serviço ele não funciona, ex. informática. Logo, a superioridade jurídica não afasta a
hipossuficiência prática, podendo o Estado atuar como consumidor.
É possível exceção de contrato não cumprido em direito administrativo, previsto no art.78, XV da 8666, se a administração
for inadimplente por mais de 90 dias, o particular pode suspender a execução do contrato, só poderá rescindir judicialmente.
Além disso, a administração pode exigir do particular contratado a prestação de uma garantia/ uma caução, que garanta o
cumprimento do contrato. A garantia pode chegar até 5% do valor do contrato e é o poder publico quem define o valor da garantia,
limitado a 5% na forma da lei. Exceto para contratos de grande vulto, alta complexidade técnica e que exijam riscos financeiros
consideráveis, a garantia pode chegar até 10% do valor do contrato, ainda assim a administração publica que definirá o valor. A lei diz
que são considerados contratos de grande vulto, são aqueles que ultrapassem 25 vezes R$ 1.500.000,00. Nos outros dois casos será
justificado o que os define como tal. Em algumas situações a administração entrega um bem publico que vão ficar com um particular
em deposito, nesses casos em que a administração entrega bens em deposito, ao valor da garantia pode ser acrescido o valor desses
bens, então a garantia vai ser de 5% mais o valor do bem depositado, quem decide o valor é a administração, mas quem define como
vai arcar com ela é o particular, a lei define quatro formas de prestação da garantia, quais sejam: em dinheiro, em forma de seguro
garantia, fiança bancária ou títulos da dívida pública. administração define o valor, o particular define a forma de prestação dessa
garantia.
Se o particular cumpriu o contrato, a administração devolve a garantia, que se foi prestada em dinheiro é devolvida com
correção. Se houve inadimplemento o Estado executará a garantia.

10a aula – Direito Material


10.1 - Contratos
Pagamento da administração publica ao particular contratado, pagamentos estes que são acessórios. O equilíbrio econômico
financeiro ë a única garantia que de fato o particular possui, pois quanto ao resto, em regra as garantias são dirigidas ao Estado. Ainda
que as situações não sejam causadas pelo Estado deve ser garantido o equilíbrio, para regular o desequilíbrio do contrato, a
administração realiza pagamentos acessórios, como por exemplo, a correção monetária, garantindo o valor real ao corrigir a
valorização da moeda, realizada com índices oficiais, previamente previstos no contrato. A administração também deve garantir o
direito ao reajustamento de preços, garantindo o aumento normal do preço dos insumos, pois com o passar do tempo os custos do
contrato variam e a administração deve garantir o equilíbrio. Outra forma que a administração tem de garantir o equilíbrio é através da
recomposição de preços, que consiste na revisão dos preços que decorre de situações excepcionais que desequilibram o contrato
além do esperado, o reajuste que estava previamente estipulado, não consegue suprir o real aumento ocorrido, de modo que a
administração lança mão da recomposição que visa garantir o equilibro em virtude de situações de desequilíbrio inesperadas
As situações não previstas no contrato que desequilibram a relação contratual, são as hipóteses de situações da teoria da
imprevisão, o direito administrativo dividem em quatro hipóteses de teoria da imprevisão, que não oneravam o contrato e passaram a
onera-lo excessivamente, quais sejam: caso fortuito e força maior (situações imprevisíveis ou previsíveis mas inevitáveis que
desequilibram a relação contratual); interferências imprevistas ou sujeições imprevistas (situações pré-existentes ao contrato mas que
vem a tona durante a execução contratual); fato do príncipe e fato da administração (situações que desequilibram a relação contratual
por causa do Estado, a diferença é que no fato da administração o Estado desequilibra atuando dentro do contrato, ou seja, como
parte do contrato ela causa o desequilíbrio do contrato. Ex. quando se torna inadimplente no contrato. Já no fato do príncipe a
administração causa o desequilíbrio contratual atuando fora do contrato, pois ao atuar acaba atingindo o contrato indiretamente. Ex. a
união contrata uma empresa para fazer o transporte dos servidores, posteriormente triplica a alíquota de um tributo que incide sobre o
combustível, a união está atuando fora do contrato, mas altera a relação contratual, pois aumentou o valor daquela prestação de
serviço e deve ser reestabelecido o equilíbrio contratual que foi perdido por fato do príncipe.
CUIDADO! Quando um ente federativo celebra o contrato e outro ente federativo atinge o contrato atuando fora dele, não
considera-se como fato do príncipe mas como forca maior, majoritariamente o entendimento é este, para ser fato do príncipe deve ser
o mesmo ente federativo.
A lei estabelece uma regra de duração dos contratos administrativos, art.57 da 8666, que eles duram o prazo de duração do
crédito orçamentária, que no Brasil é de um ano, ademais, quando a administração celebra um contrato ela tem, obrigatoriamente, que
estabelecer o prazo de vigência do contrato. Então o contrato administrativo dura no máximo um ano, pode ser menos.
No brasil temos três leis orçamentárias, são elas: lei orçamentária anual (todas as receitas e despesas da administração no
período de um ano); lei de diretrizes orçamentárias (definem as regras que devem ser seguidas pelo orçamento do ano seguinte) e a
lei do plurianual (estabelece todas as receitas e despesas que extrapolam um exercício, que dura 4 anos não coincidentes com a
legislatura).
Logo, existem exceções a este prazo:
- Lei do plano plurianual: como explicado acima, se previstos no plano plurianual podem durar mais de um ano.
- Contrato de prestação de serviços continuados: não podem ser celebrados por 60 meses, mas tem duração máxima de 60
meses, contudo sofrerão diversas prorrogações que podem chegar até o máximo de 60 meses. Ademais, havendo necessidade de
interesse publico devidamente justificado pode prorrogar por mais 12 meses, mas a principio são 60 meses.
- Aluguel de equipamentos e programas de informática: são contratos diferenciados que podem chegar até 48 meses, aqui a
lei não prevê possibilidade de prorrogação.
- Art.24, IX, XIX, XXVIII e XXXI: os contratos previstos nesses incisos, são contratos que tem duração de até 120 meses, ou
seja 10 anos, bem como, são hipóteses de dispensa de licitação.
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- Todos os contratos que não geram despesa não seguem o art.57: ex. contratos de concessão de serviço publico, em que a
empresa é remunerada pelo usuário da administração, como ocorre com o transporte público. como não geram despesa, eles não
vinculam o crédito orçamentário e a este passo, não precisam respeitar o prazo do art.57, mas também não podem ter prazo
indeterminado, logo, eles tem prazo, mas este prazo pode ser mais longo.

10.2 - Contratos
Respeitando o prazo máximo descrito na lei, é possível que haja prorrogação do contrato administrativo. A lei estabelece
algumas regras para que se admita a prorrogação:
- O contrato deve estar vigente ainda: a prorrogação acontece antes mesmo do contrato terminar.
- Justificativa: demonstrar que é mais vantajoso fazer a prorrogação do que celebrar novo contrato, normalmente, é realizada
por meio de pesquisa de mercado.
- Previsão no edital e no contrato administrativo: a possibilidade de prorrogação tem que estar prevista no edital e no contrato
para que se possa prorrogar o contrato administrativo.

Subcontratação
O vencedor da licitação e contratado, contrata um terceiro para executar o contrato no lugar dele. A subcontratação pura e
simples não é permitida nos contratos administrativos, pois seria como burlar o procedimento licitatório, por isso, não é possível que se
entregue o objeto do contrato totalmente à sujeito que não foi o vencimento do procedimento licitatório. Assim, a subcontratação pura e
simples consistiria em fraude a contratação, para que seja possível a subcontratação, devem ser respeitados alguns requisitos: a
subcontratação tem que ser parcial (não pode entregar o objeto do contrato inteiro, mas é possível entregar uma parte do contrato);
tem que haver previsão no edital e no contrato referente a possibilidade de subcontratar e autorização do poder publico no momento
da subcontratação.

Desconsideração da Personalidade Jurídica


Modernamente, vem se admitindo no direito administrativo, a aplicação da disregard doutrine do direito civil e empresarial,
que é a desconsideração da personalidade jurídica para atingir a pessoa do sócio, aplicável a sanções administrativas decorrentes de
contratos, a penalidade que a principio declarava a empresa inidônea, alcança a pessoa do sócio a partir da desconsideração da
personalidade jurídica, o que poderá ocorre apenas em casos de possibilidade de fraude.

Hipóteses de extinção do Contrato Administrativo


A lei estabelece ainda as situações em que o contrato administrativo pode ser extinto:
- Extinção natural: termino do prazo contratual ou entrega do objeto.
- Anulação: em virtude de vício de ilegalidade na relação contratual, essa anulação depende da analise de dois pontos: o
vício na licitação induz o vício no contrato, ou seja, de o procedimento licitatório possui vícios, o contrato também possui, mas se o
particular contratado estiver de boa-fé e já tiver prestado os serviços, ainda que o contrato seja nulo por ter nascido viciado, deverá
receber o pagamento dos serviços prestados, se não a administração vai enriquecer sem causa.
- Desaparecimento do contratado: os contratos administrativos são contratos personalíssimos, então o desaparecimento do
contratado, extingue-se o contrato realizado com aquela pessoas (ex. morte quando pessoa física, falência quando pessoa jurídica).
- Rescisão contratual: dividida em quatro situações rescisórias:
* Rescisão unilateral: feita pela administração publica por interesse publico ou por inadimplemento do particular contratado.
Se a administração for inadimplente o particular não poderá rescindir unilateralmente pois só pode faze-lo judicialmente, apenas
poderá suspender a execução se a administração estiver inadimplente a pelo menos 90 dias.
* Rescisão judicial: requerida pelo particular quando a administração está inadimplente.
* Rescisão bilateral ou destrato: feito por acordo entre as partes, quando não há interesse publico em manter o contrato e o
particular concorda em rescindir o contrato.
*Rescisão de pleno direito: ocorre todas as vezes em que o contrato é rescindido por situação alheia a vontade das partes
contratantes, então não é feita nem pelo particular e nem pela administração.

Espécies de contratos administrativos


Existem diversas espécies de contratos, como por exemplo:
- Concessão e permissão de serviço público: vai falar em serviços públicos.
- Concessão de uso de bem público: vai falar em bens públicos.
- Contrato de gestão: na pratica tem natureza de convênio, pois as vontades são convergentes. Tem duas espécies: firmados
com autarquias e fundações públicas que faz com que elas se qualifiquem como agências executivas cumprindo plano estratégico de
reestruturação (lei 9649). Outra hipótese de contrato de gestão é o realizado com particulares, entidades privadas sem fins lucrativos
que qualificam os particulares como organizações sociais (lei 9637). Também tem natureza de convenio mas firmado com particular.

10.3 - Contratos
Na lei 8666 existem 3 contratos previstos e regulamentados:
- Contrato de entrega de bens: não tem prazo determinado, comporta apenas um prazo máximo. A administração publica
tem que realizar um orçamento que é o valor máximo que a administração está disposta a pagar pelo bem ou serviço, realizado por
meio de pesquisa de mercado previamente apresentada.
- Execução de obras: não tem prazo determinado, comporta apenas um prazo máximo. Neste caso não é possível realizar
pesquisa de mercado, por isso a lei prevê a apresentação de projetos para que a administração defina o orçamento. De modo que
deve ser realizada a contratação de um projeto básico, depois um projeto executivo e apenas posteriormente a efetiva execução da
obra. A principio a lei estabelece que o autor do projeto básico e o autor do projeto executivo, estão impedidos de participar da licitação
para execução da obra. Contudo, a lei estabelece que é possível, que para dar celeridade ao procedimento, se contrate o projeto
básico e deixe a cargo do sujeito contratado para execução da obra, também a realização do projeto executivo, o que deve estar
previsto no edital, e neste caso o contratado que realizou o projeto básico não poderá participar da licitação. Logo, aqui não há
pesquisa de mercado, o valor será analisado na execução do projeto básico. Celebrado o contrato define um prazo máximo para a
entrega da obra, ao término da obra o contratado avisa e o poder público tem um prazo de 15 dias para o recebimento provisório da
obra, posteriormente será criada uma comissão que quando constituída realizará o recebimento definitivo, que deverá ocorrer no
máximo 90 dias após o recebimento provisório. O recebimento provisório e definitivo, não eximem o executor da obra da
responsabilização pelos vícios decorrentes da obra.
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- Prestação de serviço: neste caso existe o prazo de duração do serviço. A administração publica tem que realizar um
orçamento que é o valor máximo que a administração está disposta a pagar pelo bem ou serviço, realizado por meio de pesquisa de
mercado previamente apresentada.
A lei define que é presumivelmente inexequível valores muito a baixo (ex. 70% abaixo) do máximo apresentado pela
administração.

Essa é a regra geral de contratos, contudo, adveio regulamento novo em 2011, criado pela lei 12462, que trouxe um regime
diferenciado de contratações da copa do mundo, que a principio surgiu para os eventos esportivos. Esse regime não segue a 8666,
nem subsidiariamente, esta lei estabelece nova modalidade licitatória, ainda que por vezes a própria lei traga a tona regulamentos
estabelecido pela 8.666. Então a administração tem duas opções, ou opta por celebrar conforme a 8.666 ou conforme a 12.462, que
apenas poderá ser optada com relação a algumas contratações.
A lei 12.462, criou um órgão público chamado APO – autoridade pública olímpica, que será extinta um ano após o ultimo
evento esportivo (paraolimpíadas), esta APO é a responsável por gerir os contratos referentes a estas obras. Logo, a lei 12462 é
aplicável aos contratos referentes a copa das confederações, a copa do mundo, as olimpíadas e as paraolimpíadas. A principio foi
criado o RDC (regime diferenciado de contratações) para das celeridade as contratações em virtude da proximidade dos eventos, esse
regime acaba se preocupando com as especificidades destes contratos (ex.: bola escolhida pela FIFA e não a que tem o menor preço).
A lei 12.462 sofreu algumas modificações, alcançando também as obras e serviços do PAC (programa de aceleração do
crescimento), obras referentes ao serviço publico de ensino e as obras e contratações referentes ao sistema único de saúde (SUS).
As diferenças existentes entre o RDC e a lei 8666 são:
- Indicação de marca: a lei prevê a possibilidade fazer a indicação de marca, deve estar previsto no edital de licitação, o que
não pode ser realizado na lei 8666. Essa indicação pode ser realizada em três hipóteses: quando for necessária a padronização
estabelecida pela organização do próprio evento esportivo; também é possível fazer indicação de marca por ser a única capaz de
atender as necessidades/padrões do contrato; pode ser feita também para auxiliar a identificação do objeto, a marca não será
obrigatória mas é para efeitos de identificação do objeto que se quer (ex. Bombril ou similar; de igual qualidade – não exige a marca,
mas indica ela como forma de se garantir a identificação do objeto que se pretende adquirir) – este último é admitido na 8666 também.
- Seleção de propostas: não se utilizam os critérios de propostas da 8666 (menor preço, melhor técnica, etc.) pura e
simplesmente, aqui existem outros tipos e critérios de escolha do vencedor. O edital define o melhor critério para a escolha da
proposta, dentre os definidos na lei 12.462, assim como ocorre na lei 8.666.
-> Nota-se que a lei 12.462 não contraria a lei 8666 poia a 12462 é lei ordinária posterior e tem validade, existência e eficácia
da mesma forma que a lei 8666.
Os critérios de seleção de propostas da 12.462 podem ser:
* Menor preço ou maior desconto;
* Técnica e preço;
* Melhor técnica ou melhor conteúdo artístico;
* Maior oferta de preço (mesma coisa que maior lance);
* Maior retorno econômico.

Na prática os quatro primeiro são bem parecidos com os que já conhecíamos, a grande novidade é o maior retorno
econômico para a administração pública. lembrando que os critérios de julgamento tem que estar previamente estabelecidos no edital,
bem como, utiliza as regras de vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo.

- Comissão de licitação: deverá ser composta majoritariamente por servidores, logo, não tem a obrigatoriedade de 2
servidores dentre a quantidade que for como ocorre na 8.666, aqui, a maioria deve ser de membros efetivos, de modo que se tem 5
membros, ao menos 3 devem ser servidores.

10.4 – Regime de contratações da lei 12.462/11


- Publicação:Como todas as modalidades da 8.666 existe a fase interna, nos mesmos moldes. O procedimento licitatório
externo, inicia com a publicação do edital que deverá ser feita no diário oficial e no site da APO (autoridade publica olímpica), ao invés
de ser realizada em jornal de grande circulação, a lei 12.462/11 trouxe uma forma de publicação mais moderna. O problema é que a lei
dispensa a publicação no diário oficial para contratações de valores mais baixos (obras até R$150.000,00 e bens e serviços até
R$80.000,00), realizando a publicação apenas no site/sitio eletrônico da APO, o que restringe a publicação.
- Intervalo mínimo: publicado o edital respeita-se um prazo de intervalo mínimo que são totalmente diferentes e variam de
acordo com o critério de julgamento. Antes da data marcada para a abertura das propostas, qualquer cidadão pode impugnar o edital,
sem diferenças de prazos para qualquer cidadão e os licitantes como ocorre da 8.666, aqui na lei 12.462, o prazo varia de acordo com
o objeto, de modo que se for impugnação em contratos de bens e serviços poderá ser realizada até o 2 o dia útil anterior a data
marcada para abertura dos envelopes e de for para contratação de obras, poderá ser impugnado até o 5 o dia útil anterior a data
marcada para a abertura dos envelopes, lembrando que essa impugnação é administrativa e não retira a possibilidade de reclamar no
judiciário. Lembrando também que pelo poder de autotutela (sumula 473), impugnado ou não a administração pode alterar o edital e
republicar nos mesmo moldes da publicação original.
- Propostas: depois que realiza a publicação do edital, passado o prazo, chega a data da abertura das propostas, portanto,
houve inversão das fases pois primeiro apresentam-se as propostas e posteriormente a habilitação para só então ocorrer a fase de
recurso. A lei estabelece que o edital poderá determinar a inversão das fases e deixar o procedimento como ocorre na 8.666.
Apresentadas as propostas, se empatar a licitação, a 12.462 estabelece critérios de desempate diferentes da 8.666, são eles: disputa
final (todo mundo leva o envelope de volta, tem novo prazo de intervalo mínimo para que realizem novas propostas que não é feita
através de lances verbais como no pregão); se empatar de novo, passa ao segundo critério de desempate – lembrando que eles são
sucessivos – que é o de avaliação de desempenho contratual prévio (ele não concorda, por entender que quebra-se a isonomia da
licitação), analisa como foi a atuação das empresas que celebraram contratos anteriores com a administração pulica, o problema é que
assim acaba privilegiando empresas que já contrataram em detrimento das que pretendem contratar pela primeira vez; se ainda assim
permanecer empatado, segue para os critérios da 8.666 – se o bem foi produzido no país; se a empresa é brasileira; se há
investimento em tecnologia ou pesquisa no país; se todavia, continuar empatado, ai passa-se ao sorteio público. Logo, existem 6
critérios de desempate sucessivos.
- Habilitação: mesmos critérios de habilitação da 8.666, sendo que nas licitações da 12462 é possível uma pré-qualificação,
parecido com o cadastro da 8.666, não é obrigatório, mas é possível, para tanto, elas precisam apresentar os documentos necessários
ainda que não haja previsão de licitação, mas realiza a pré-qualificação para que, surgindo licitação, ela possa participar sem
necessidade de levar os documentos de habilitação, a pré-qualificação é facultativa e também tem validade de um ano, assim como o
cadastro da 8.666.
- Recurso: assim como no pregão, não se admite a interposição de recurso em cada fase, existe fase recursal única, com
prazo de 5 dias úteis contados da lavratura da ata do vencedor da licitação.
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- Encerramento: terminado o prazo de recurso, segue para o encerramento, que é como se fosse a fase de homologação, se
o vencedor da licitação não quiser celebrar o contrato a administração poderá chamar os colocados subsequentes e não precisará
chama-lo na proposta do primeiro, mas na proposta que ele mesmo apresentou, desde que esteja dentro do orçamento apresentado
pela administração e dentro dos padrões de mercado.

As contratações do RDC possui mais 3 peculiaridades:


* Contratação integrada: a lei também estabelece a possibilidade de contratação integrada, não é obrigatório, mas se
previamente estipulado, é permitido. A contratação integrada é aquela que permite que em um único procedimento licitatório se
contrate o sujeito que vai realizar o projeto básico, o projeto executivo e a execução da obra, muito diferente do que ocorre na 8.666,
neste caso a administração realizará apenas um anteprojeto em que a administração definirá valor que ela está disposta a pagar pela
obra. Aqui o anteprojeto vai ser feito definindo o orçamento que não é detalhado, mas apenas define o quanto a administração está
disposta a pagar e posteriormente é realizada a licitação para que o particular realize tudo, nos moldes de uma contratação integrada.
Foi muito discutida a legalidade deste dispositivo, principalmente após a extensão da aplicação da lei ao SUS, ao sistema de ensino e
ao PAC, mas até o momento a lei está sendo aplicada normalmente.

11a aula – Direito Material


Serviços Públicos
11.1
Finalizando RDC:
* Art. 57 da 8.666 tinha estipulado que os contratos de prestação de serviços continuados são firmados por 12 meses e
poderiam sofrer prorrogações até o máximo de 60 meses e por interesse público podem ser prorrogados por até mais 12 meses. No
caso do RDC, é possível, no caso dos contratos de serviços continuados, poderá ser realizado contratos continuados e prorroga-los
até a extinção da APO, não se limitando a 60 meses.
* A pena se suspensão de contratar com o poder público, que na 8666 pode ser de até 2 anos, no RDC admite-se a
aplicação de penalidade de suspensão de contratar com o poder publico de contratar por até 5 anos, sendo que é a administração que
define o prazo, respeitando a proporcionalidade, contraditório e ampla defesa, a diferença é o prazo mesmo.
* A lei 12.462, também admite o parcelamento do objeto, o que na 8.666 é considerado fraude, pois não posso contratar por
parte o que poderia ter sido contratado em conjunto, no RDC é permitido porque não há diferenças entre modalidades licitatórias e
posso entregar a diversas empresas realizando a obra ou serviço por partes trazendo maior celeridade na execução.
* A lei traz ainda que é possível a contratação de mais de uma empresa para executar o mesmo objeto, o que claramente
tem intenção de dar celeridade ao procedimento, todas as empresas se esforçado para garantir e alcançar as necessidades coletivas.

Introdução dos Serviços Públicos


Tudo que aprendemos para contratos se aplica no que couber a convênios. Além dos contratos firmados, a lei prevê algumas
espécies de acordos firmados no âmbito da administração publica, são eles: convênios, contratos de repasse e termos de cooperação.
Os dois primeiros são formados entre entes da administração publica federal e a administração publica direta, estados, municípios e
distrito federal e também com entidades privadas que não integram nem a administração direta ou indireta mas que atuam sem fins
lucrativos.
Convênios e contratos de repasse se diferenciam pela forma de pagamento, todos os três se diferenciam dos contratos
administrativos pela vontade das partes que acordam, pois aqui existem vontades convergentes entre as partes, diferente do que
ocorre nos contratos administrativos que cada parte tem seu interesse. No contrato de repasse os valores pagos pela administração
federal à entidade acordada, são feitos por meio de instituição financeira pública. no convenio não existe a figura deste terceiro, mas
na pratica são a mesma coisa, pois ambos existem para juntar forcas. Já o termo de cooperação, é realizado entre entes da
administração federal, dentro do âmbito da união, enquanto os convênios e contratos de repasse são feitos entre a união e entes de
outras esferas de governo ou com particulares sem fins lucrativos.
Esse vinculo não se confunde com os consórcios públicos (lei 11.107), que também são a união de pessoas de direito
publico com vontades convergentes, a diferença é que no consórcio é criada uma nova personalidade jurídica.
Para os convênios não há necessidade de procedimento licitatório, aqui não há contrato, vontades divergentes e busca pelo
lucro. Entretanto, se houver mais de um particular cumprindo os requisitos, querendo firmar um convenio, é possível a realização de
um concurso de projetos, que é um procedimento simplificado, por meio do qual a administração escolhe com quem vai firmar o
convenio, de forma impessoal.
Administração dialógica é expressão/ teoria doutrinária que está em alta, é retirada do direito comparado e consiste nesse
dialogo entre o poder publico e o particular, ou seja, a possibilidade do particular auxiliar o estado no busca do interesse da
coletividade, como ocorre nos convênios citados acima. Basicamente consiste nos vínculos formados entre a administração e
entidades privadas que não tem finalidade lucrativa, por isso a delegação de serviço publico não é entendida como hipótese de
aplicação da teoria da administração dialógica, pois esta pauta-se no dialogo visando a finalidade pública e não lucrativa, mais ligado
às entidades filantrópicas, OS, OSCIP, etc.Não é a substituição do Estado pelo particular, mas o trabalho em conjunto, de modo que a
entidade particular atue lado a lado com a administração.

11.2 - Serviços Públicos


Conceito: a doutrina tradicional entendia que serviço publico era toda atuação dos estado na busca do interesse público, mas
atualmente essa definição se modificou, a doutrina moderna trouxe conceituação mais restrita, de modo que para ser considerado
serviço publico, devem estar presentes três elementos: substrato material, trato formal e elemento subjetivo.
O substrato material é a ideia de que o serviço publico é uma comodidade ou utilidade usufruída continuamente pela
sociedade. O trato formal é o fato de que o serviço publico deve ser prestado sobre o regime de direito público, ainda que parcialmente
públicos. O elemento subjetivo consiste no fato de que deve ser prestado pelo Estado, ainda que prestada pelo Estado de forma
indireta, pois o Estado é responsável por promover a prestação, ainda que esteja delegando a terceiro.
Dai já se diferencia serviço publico de obra, porque ela é estanque (inicio, meio e fim) e não uma prestação continua. Por
isso não se confunde, por exemplo, a obra de um hospital com o serviço publico de saúde. Também já não confundimos mais com
poder de polícia, embora o poder de policia seja exercício na busca do interesse publico, pois o poder de policia na estabelece
comodidades, vantagens e garantias aos particulares e sim restrições que visam atingir o interesse público. Da mesma forma não é
possível confundir com a exploração de atividade econômica, pois esta é realizada com base no direito privado, faltando o trato formal
fundamental à definição do serviço público. Ademais os serviços públicos a principio são delegáveis e o poder de policia, assim como a
exploração de atividade econômica pelo Estado são indelegáveis.
27

A matéria de serviço público tem base no art.175 CRFB, este artigo da constituição foi regulamentado pela lei 8987, que é a
lei base da prestação de serviço publico, muito embora existam varias outras que iremos estudar. A lei estabelece alguns princípios
específicos de serviços públicos, são eles:
- Dever de prestação do Estado: o estado é o responsável por promover a prestação dos serviços públicos, seja prestando
diretamente ou indiretamente.
- Universalidade: também pode ser chamada de generalidade e define que o serviço publico deve ser prestado para a maior
quantidade de pessoas possíveis, deve ser prestado de forma geral/universal, com a intenção de atingir a maior quantidade de
pessoas possíveis, claro que é difícil que o Estado atinja todas as pessoas, por isso busca-se o ideal dentro dos limites do possível.
- Modicidade das tarifas: para garantir a universalidade pois se ele for muito caro, acaba ficando direcionado a uma cama da
população, inclusive é um dos critérios de escolha de vencedor em contratos de concessão, afinal tarifas baixas acabam alcançando
mais pessoas do que tarifas altas, contudo, as tarifas não podem ser diminuídas a ponto de causar desequilíbrio no contrato.
- Adaptabilidade ou atualização:deve ser prestado com as técnicas mais modernas possíveis. Inclusive está diretamente
ligada ao principio da eficiência, afinal as técnicas mais modernas, em regra, são mais eficientes que as técnicas obsoletas.
- Isonomia: igualdade em relação aos usuários, isonomia na lei e perante a lei, tratar os iguais de forma igual e os desiguais
como desiguais na medida de sua desigualdade. A lei 8987 estabelece que deve ser oferecido ao usuário pelo menos 6 datas para
pagamento, atendendo as diferenças existentes entre eles.
- Continuidade: ideia de que a prestação do serviço deve ser ininterrupta, este principio é excetuadopela greve dos
servidores públicos; no caso da exceção de contrato não cumprido quando o contratado deixa de prestar o serviço em virtude do
inadimplemento de mais de 90 dias por parte da administração; ocupação temporária de bens e reversão que também são institutos
que visam a garantia da continuidade; o art.6, parágrafo 3o da 8987 traz a possibilidade da interrupção do serviço por razoes de ordem
técnica ou por inadimplemento do usuário desde que em situação de urgência ou precedida de aviso.

11.3
Classificação dos serviços públicos:
* No que tange a fruição: os serviços públicos são serviços gerais (uti universi) e servidor individuais (uti singuli), essa
classificação é referente a fruição do serviço, os serviços individuais são aqueles em que a administração tem como calcular/mensurar
a utilização individual de cada um (ex. energia elétrica) por isso esses serviços são cobrados individualmente através de taxas ou
tarifas com valor proporcional à utilização do sujeito. Já os serviços gerais são aqueles prestados a toda a sociedade e usufruídos por
toda ela simultaneamente (ex. iluminação publica), não é possível que a administração meça a utilização individual desses serviços,
receita geral dos impostos que vai custear esses serviços.
* No que tange a prestação:
- Podem ser serviços exclusivos indelegáveis: são serviços que não admitem delegação a particulares. Basicamente se fala
em serviço postal e correio aéreo nacional, que devem ser prestados pelo estado de forma direta. Entrega de encomendas pode, o que
não pode é a entrega de cartas.
- Delegação obrigatória:aqueles que são prestados pelo estado mas que ele não pode prestar sozinho. No Brasil estes são
os serviços de rádio e difusão sonora e televisiva, que pode ser realizada pelo Estado mas necessariamente deverão também ser
delegadas a outros para que também façam.
- Serviço exclusivo com possibilidade de delegação: são serviços públicos exclusivos com possibilidade de delegação, de
modo que o estado pode prestar diretamente ou pode delegar a particulares, que quando prestam, o fazem de maneira delegada pelo
Estado.
- Serviço não exclusivo: os serviços públicos não exclusivos são de dever do estado e o particular tem o poder de presta-los
independentemente de delegação, ou seja, por iniciativa própria. Ex. saúde e educação. Estado tem o dever de prestar e o particular
tem o poder de presta-los mesmo sem delegação, ou seja, ainda que existam particulares que exerçam aquele serviço o estado não
pode deixar de faze-lo também.
Quando os serviços públicos exclusivos são prestados diretamente pelos particulares, não são considerados serviços
públicos propriamente ditos, de modo que são considerados apenas como serviços de utilidade/relevância pública, são serviços
prestados por particulares que comportam interesse social mas não são públicos pois não são prestados pelo estado nem de forma
direta e nem indireta, estes são considerados serviços impróprios e os exclusivos de Estado são chamados de próprios, ainda que
estejam sendo prestados por particulares de forma delegada.

Delegação
A descentralização na prestação de serviço, feita aos entes da administração publica ou a particulares, pode se dar mediante
outorga ou mediante delegação. Na outorga transfere-se a titularidade e a prestação do serviço, já na delegação, o estado se mantem
na titularidade e transfere o poder de prestar o serviço à outra pessoa. Só se admite outorga para autarquias e fundações
públicas,somente as pessoas jurídicas de direito público podem receber outorga que é transferida mediante lei, inclusive a própria lei
que as institui.
Por outro lado, a delegação pode ser feita as empresas estatais ou a particulares/entidades privadas. Isso é majoritário mas
não é pacífico. A delegação pode ser feita mediante lei (empresas estatais) ou pode ser feita mediante contrato a particulares, por isso,
pode ser delegação legal ou contratual, diferente da outorga que só pode ser feita mediante lei. Outorga e delegação estão fora de
moda, quando se utiliza outorga tem se chamado de descentralização por serviço e a delegação de descentralização por colaboração.
A particulares a delegação pode se dar mediante:
- Concessão de serviço público: regulamentada pela lei 8987/95 que estabelece as regras de concessão e permissão de
serviço publico, que são contratos administrativos.

11.4
Para que o contrato administrativo se caracterize com concessão de serviço publico ele precisa atender alguns requisitos: a
administração contrata a empresa e a empresa presta o serviço mediante remuneração do usuário. A concessão pode ser simples
(administração contrata empresa e o usuário remunera a empresa) ou concessão precedida de obra.

- Concessão precedida de obra: nesta a empresa executa a obra e poderá explorar o serviço decorrente dessa obra para se
remunerar. Ex. metrô – faz a obra do metrô e depois utiliza o metrô para se remunerar. A lei estabelece algumas peculiaridades, a
concorrência é a modalidade licitatória obrigatória para as concessões, exceto serviços que estejam no programa nacional de
desestatização – energia elétrica – que podem ser mediante leilão, mas a tendência é que a prova pergunte a modalidade geral. Aqui
tem duas peculiaridades quanto a concorrência: os critérios de escolha do vencedor não são os mesmo da 8.666, ademais o edital da
concorrência pode prever inversão das fases de classificação e habilitação, não é a lei que inverte, ela apenas traz a possibilidade de
realização da inversão, que será prevista pelo edital, de modo que primeiro serão classificadas as propostas para só então ocorrer a
habilitação. Realizado o procedimento licitatório será celebrado o contrato entre o concedente (poder publico) e a concessionária de
serviço público, que pode ser pessoa jurídica ou consorcio de empresas. É possível a participação de empresas em consorcio com o
28

compromisso de formar o consorcio em caso de vencimento da licitação, pois muitas vezes não há interesse em celebrar o consorcio
se elas não ganharem.
Também se aplicam as clausulas exorbitantes, que são compreendidas de forma diferente quanto as clausulas de: rescisão
unilateral – que se ocorrer por motivo de interesse publico recebe o nome de encampação e se ocorrer por inadimplemento do
contratado recebe o nome de caducidade (que não tem nada a ver com a caducidade do ato administrativo que é a extinção em
decorrência de lei superveniente). A administração tem o poder de fiscalizar a execução do contrato que havendo indícios de
irregularidade na empresa contratada (concessionaria) a administração pode decretar a intervenção na empresa contratada, por meio
de um decreto nomeia-se um agente publico que atuará como interventor na empresa concessionária.
A intervenção nada mais é que um processo administrativo para apurar irregularidades. Depois de decretada a intervenção,
no máximo de 30 dias a administração instaura o processo administrativo e depois são 180 dias para que o processo acabe, ou seja,
210 dias é o limite para que a intervenção acabe. Existem duas possibilidades ao final da intervenção: se for verificada irregularidade
poderá ocorrer a caducidade do contrato – rescisão unilateral por inadimplemento da concessionaria. Também é possível que se
identifique que não houve irregularidade, extingue-se a intervenção e o interventor deverá realizar uma prestação de contas.
Nos contratos de concessão também se prevê a aplicação de penalidades da mesma forma da 8666, bem como se aplica da
mesma forma a ocupação temporária de bens. Não podemos confundir ocupação temporária de bens com reversão de bens, para
evitar que se interrompa o serviço a administração pode ocupar os bens da empresa para manter a prestação, a reversar pelo contrario
ocorre no final do contrato de concessão e todos os bens que estavam atrelados a prestação do serviço, mediante pagamento de
indenização, são revertidos ao poder publico, ou seja, ao final do contrato de concessão, mediante pagamento de indenização pela
aquisição do bem, é feita a transmissão da propriedade dos bens da concessionaria à administração.
A lei 8987 tem uma novidade que sofre muitas criticas doutrinarias, pois em 2006 foi alterada a lei e inserido nela o art.23-A
que passou a estabelecer a possibilidade de arbitragem em contratos de concessão de serviço publico, assim, é possível compromisso
arbitral nesses tipos de contrato, podendo ser a arbitragem ou qualquer maneira privada de solução de controvérsias. O art.37,
parágrafo 6o estabelece que a responsabilidade objetiva do estado também é alcançada às pessoas de direito privado prestadoras de
serviços públicos (concessionarias), logo, também tem responsabilidade objetiva e o estado tem responsabilidade subsidiária pelos
danos causados por essas empresas.
A subconcessão, que é a subcontratação nos contratos de concessão, apenas será admitida se houver licitação na
modalidade concorrência para estabelecer quem será o subconcessionário.

12a aula – Direito Material


Serviços Públicos
12.1
A empresa explora o serviço transferido a ela e mediante a exploração ela é remunerada pelos gastos, de modo que quem
paga a remuneração à empresa é o próprio usuário. Neste contexto em 2004, por meio da lei 11.079, foram criadas duas novas
espécies de concessão de serviço público, que são as parcerias publico privadas, que são contratos firmados entre o poder publico e o
particular, são concessões especiais. As concessões comuns são a simples e a precedida e obra, as especiais se dividem em
concessão patrocinada e a concessão administrativa, que são as duas espécies de parcerias publico privadas.

- Parceria público privada: nessas concessões existem diferenças trazidas pela própria lei, perante as concessões comuns.
*Concessão patrocinada: a empresa é remunerada pelo usuário do serviço e adicionalmente a empresa recebe uma
remuneração do Estado, efetivamente é como se a administração patrocinasse o contrato, com a finalidade de garantir a modicidade
das tarifas, sem que interfira no equilíbrio econômico financeiro do contrato, sendo que a administração poderá fornecer até 70% de
sua remuneração total, ou seja, ao menos 30% do valor recebido por ela deve ser advindo dos usuários.
*Concessão administrativa: já na concessão administrativa, a administração contrata a empresa que presta serviço e é
remunerada pelo usuário, contudo, o usuário é a própria administração publica, de modo que ela será responsável pelo pagamento de
100% das tarifas recebidas pelo contratado. Não é prestação de serviço, mas concessão e a administração pagará as tarifas,
simplesmente, por ser a usuária do serviço prestado. Não pode haver a prestação de serviço como objeto único, deve estar junto à
execução de uma obra, além disso, a lei estabelece valores bem altos, parece um pouco com a prestação de serviços mas tem seus
diferenciais e não pode ser confundido.
Ambas formas de parceria publico privada, seguem a mesma regra, primeiro com relação aos prazos, conta com prazos
mais longos e devem ser celebrados com prazo mínimo de 5 e máximo de 35 anos, definido no contrato. Também se estabelece valor
mínimo, de modo que devem ser firmados com o valor mínimo de R$ 20.000.000,00.
Necessariamente deve haver a prestação de um serviço publico, inclusive não pode ser objeto único nos de concessão
administrativa, assim como, não é possível pura e simplesmente contratar uma obra, é fundamental que haja a prestação de um
serviço publico. Atualmente, vem se desnaturando a parceria publico privada, pois para isso a obra deveria ensejar exploração de
determinado serviço publico.
As PPP também devem ser precedidas de concorrência, o edital pode determinar a inversão das fases de habilitação e
classificação e o edital pode determinar que na concorrência existirá a possibilidade de lances verbais. A lei estabelece também, que
poderá ser precedida de uma garantia prestada pelo parceiro privado ao parceiro público nos moldes da 8.666, a lei das PPP traz
inovação quando a necessidade de garantia prestada do parceiro publico ao parceiro privado, desde que não decorrente de créditos
tributários, pois só pode ser instituído isso mediante lei complementar, mas possibilita que o parceiro privado exija garantia do parceiro
publico.
Ademais, nas parcerias publico privados aplica-se o chamado compartilhamento de riscos, que é a responsabilidade
solidária entre os parceiros, privado e publico, pelos danos causados em virtude da prestação do serviço, diferente do que
ocorre com as concessões comuns em que o estado responde subsidiariamente, de modo que aqui, o Estado também
assume o risco do negócio. Compartilham-se os ganhos decorrentes da redução do risco, por exemplo, a diminuição do
custo de empréstimo. Mas não adianta o estado ser solidário se para cobrar do estado tem que entrar na fila de precatórios,
por isso afasta-se a aplicação de precatórios aqui, por isso, a lei das PPP foi a pioneira a permitir a arbitragem em contratos
de prestação especial, pois o compromisso arbitral afasta o judiciário e junto a este afastamento, afasta-se também a
incidência dos precatórios. Na opinião dele é complicado a utilização de arbitragem aqui, mas é aplicado.
O contrato de PPP é gerido por particular imparcial que possa fazer a gestão do contrato, neste sentido, a lei estabelece que
antes do contrato de PPP deve ser criada uma sociedade de proposito especifico, formada por particulares que vai gerir o contrato de
parceria publico privado, ela que vai dividir os ganhos e os custos. Essa sociedade de proposito especifico é formada com capital
publico e privado, poderá inclusive ser criada como companhia e capital aberto, ou seja, é possível até a venda de ações em bolsa.
Como é criada com essa única finalidade, deverá ser criada ao final da licitação, mas antes da realização do contrato e ela está extinta
ao final do contrato a que ela está vinculada. A lei expressamente proíbe que o parceiro publico tenha a maioria das ações com direito
a voto desta sociedade, pois isso varia com que fosse quebrada a imparcialidade.

12.2
29

A própria 11.079 traz normas que são aplicáveis somente à União, portanto, no âmbito federal existe a possibilidade de
criação de um órgão gestor e de um fundo garantidor. O órgão gestor deve ser criado mediante decreto do chefe do poder executivo,
será criado um órgão que vai ficar responsável pela gestas das parcerias publico privadas, definindo metas prioritárias, não vai gerir
cada uma delas, mas como um todo. No âmbito federal foi criado através do decreto 5385/05 o comitê gestor das parcerias publico
privadas da união.
Também é prevista a criação de fundo garantidor das parcerias publico privadas, que é uma entidade privada formada pela
junção dos entes da administração federal, concorrem para tanto, a união, as autarquias, as fundações publicas, as empresas publicas
e as sociedades de economia mista. O fundo garantidor se dá pela integralização das cotas dos entes federativos que deverá ser
formado por 6 milhões de reais, este fundo fica responsável pela prestação de garantias dos contratos de PPP.
Ambos são criados somente no âmbito das PPP da união, sendo que o órgão gestor é órgão publico e o fundo garantidor é
entidade privada formada pela integralização do capital das entidades da administração direta e indireta. O fundo assume as
obrigações, de modo que seus cotistas não responderão por elas. Cada um integraliza o capital e fica responsável até o limite da
integralização pelos compromissos firmados, sendo que este fundo garantidor não pode ser acionado a qualquer tempo, devendo ser
demonstrado o inadimplemento pelo parceiro privado, quando só então será utilizado o fundo garantidor para paga-los.

Além dos contratos de concessão a lei prevê o contrato de permissão. É possível a delegação do serviço também mediante
a permissão do serviço publico a particulares. A doutrina costumava trabalhar a permissão como ato administrativo discricionário e
precário.

- Permissão de serviço publico: o art.175 da CRFB estabeleceu que a administração prestará o serviço publico diretamente
ou mediante contratos de concessão e permissão, ou seja, a constituição estabelece a permissão e a concessão como espécies de
contratos administrativos e não atos. O art.40 da lei 8987 trouxe que a permissão de serviço publico é contrato de adesão por meio do
qual a administração transfere ao particular a prestação do serviço publico a titulo precário, contudo o contrato administrativo em
virtude de sua natureza não pode ser considerado como precário, pois sua extinção antes do prazo determinado enseja indenização,
de modo que a permissão perde a característica de precariedade, pois como todo contrato deverá ser precedida de licitação e terá
prazo determinado. Então hoje considera-se que a permissão é contrato administrativo como outro qualquer, sendo de adesão mas
não precário, exceto a permissão de uso de bem publico que segue sendo considerada como ato administrativo é sim ato discricionário
e precário, mas a todo resto não, que inclusive, alcançam a aplicação no que couber, às normas dirigidas à concessão.
Então a empresa presta serviço e recebe do usuário do serviço, tudo acerca de concessão é aplicável à permissão, existem
basicamente três diferenças entre elas, tudo mais vale para as duas, quais sejam:
* Licitação:na concessão a licitação deve ser feita mediante concorrência, já na permissão permanece a obrigatoriedade de
licitar, contudo será variável a modalidade licitatória de acordo com o valor do contrato.
* Celebração: a concessionaria de serviço publico é pessoa jurídica ou consórcios de empresas, já a permissão pode ser
celebrada com pessoa jurídica ou pessoa física.
* Autorização: a concessão depende de autorização legislativa especifica, já a permissão de serviço público não precisa,
ainda que algumas exijam é excepcional, a principio a permissão não depende de lei especifica para ser celebrada.

- Autorização de serviço publico: alguns doutrinadores entendem que a autorização não existe pois o texto constitucional não
trata disso, assim como não é citada na lei 8987. Contudo, parte da doutrina estabelece que a autorização de serviço publico é a
delegação por meio de ato precário, de determinado serviço publico, não é contrato, mas forma que a administração publica por meio
de ato unilateral discricionário e precário transfere a prestação de serviço a um particular por meio de remuneração indireta. Contudo,
alguns doutrinadores entende que isso não existe por não ter previsão legal e que para concessão de serviço publico é fundamental
que tenha um contrato.
Não confundir essa autorização de serviço publico com a autorização de policia para a execução de serviços de utilidade
publica que dependem de fiscalização do estado, por isso, para que um particular possa prestar esse serviço ele depende de
autorização do estado, o que não é delegação. Ex.: quando um particular quer abrir uma escola, não é delegação de serviço e a
autorização é apenas por depender de fiscalização do estado, mas são serviços que não são exclusivos por isso não é delegação mas
autorização de polícia, inclusive porque a prestação desse serviço pelo particular não desonera o estado.

Consórcios (lei 11.107)


Não se trata de contrato pois se juntam pessoas com vontades convergentes e não divergentes, é a ideia de uma gestão
associada de pessoas jurídicas de direito privado. No consorcio púbico é o mesmo, mas é uma gestão associada de entes federativos,
ou seja, sujeitos públicos, que se associam para executar atividades de interesse comum a todos os entes que estão se associando.

12.3
Entes da federação, não da administração indireta, que executam de maneira associada, atividades de interesse comum
entre eles. No momento que esses entes federativos se juntam, nasce uma nova pessoa jurídica, o consorcio publico ganha
personalidade jurídica própria apartada dos entes formadores dele. De acordo com a lei essa nova pessoa jurídica formada, pode ser
pessoa jurídica de direito privado ou pessoa jurídica de direito publico, ainda que seja consorcio publico, não será consorcio privado
por ser pessoa jurídica de direito privado, continuará sendo consórcio publico, em virtude dos entes que o formam, que são todos
públicos.
Se esse consorcio for criado com personalidade jurídica de direito privado, será associação privada que vão seguir normas
de direito privado, em regime hibrido, pois não vai gozar das prerrogativas publicas, mas terá que atender as obrigações
administrativas e limitações publicas, inclusive, respeitando todos os princípios públicos, por exemplo, licitar para contratar.
A questão é quando o consorcio é formado com personalidade jurídica de direito publico, caso em que recebe o nome de
associação publica, que vai integrar a administração indireta de cada um dos entes consorciados. Porém o art.37 CRFB traz apenas 4
entes da administração indireta, mas a associação publica, não é outro ente que não previsto, mas é considerada como uma autarquia
associativa, logo, está entre as entidades previstas na constituição, além de que, será uma autarquia de vários âmbitos a depender dos
entes que formam o consórcios, por isso, o que vale para autarquia vale para ela.
No entanto as autarquias são criadas por lei especifica, mas podem ser criadas por meio de um consorcio, pois no momento
em que eles se juntam eles celebram um protocolo de intenções e não uma autarquia ainda, o protocolo é a demonstração de intenção
que cada ente tem de formar o consórcio, protocolo que apresenta a intenção de formar um consorcio, esse protocolo é encaminhado
a cada um dos entes do legislativo que será enfrentado como projeto de lei, depois que todos votam e ratificam o protocolo de
intenções, estará criado o consórcio. Alguns discutem que quando o primeiro ente legislativo ratificar já estaria criado, mas por ter
natureza associativa, o entendimento da doutrina moderna é de que sendo associação é necessária a junção de vontades, portanto, só
é criado, somente depois que todos os entes consorciados editam a lei que ratifica o protocolo de intenções, estará criada a autarquia
associativa.
30

A questão é que o patrimônio da autarquia é um valor disponibilizado pelo ente federativo que a criou, aqui é a mesma coisa,
mas todos irão contribuir para a formação dela, no momento em que eles assinam protocolo de intenções, eles também definem um
contrato de rateio que determina quanto cada ente vai disponibilizar para a formação e manutenção do consórcio.
Uma vez criado segue todas as regras direcionadas as autarquias, inclusive o controle ministerial, tem imunidade tributária,
privilégios processuais e a lei estabelece também que o consorcio por atuar como poder concedente (podem celebrar contratos de
concessão) e podem efetivar desapropriações, não podem declarar porque isso só pode ser realizado pelos entes federativos, mas
podem promove-las (vai explicar em desapropriações).
Igualmente devem licitar para celebrar seus contratos, não importando se ele é pessoa jurídica de direito publico ou privado,
tendo em vista que ele é formado pelo dinheiro público. em relação a modalidade licitatória tem duas peculiaridades:
- A dispensa de licitação é dobrada, logo são dispensados de licitações até R$30.000,00 no caso de obras e R$16.000,00 no
caso de bens e serviços, ou seja, contratos até 20% do valor do convite não dependem de licitação.
- No que tange a definição da modalidade licitatória os valores são diversos dos valores apresentados para os outros entes
da administração como previsto na 8.666, no caso do consorcio publico formado por até três entes federativos os valores das
modalidades licitatórias são duplicados. Se ele for formado por mais de três entes federativos, os valores base da 8.666 como forma de
determinação da modalidade licitatória, são triplicados.
Tudo isso vale para contratos firmados entre o consorcio publico e particulares, contudo, em algumas situações o consorcio
publico precisa contratar com um ente consorciado, o que não tem problema algum, pois o consorcio tem personalidade jurídica própria
e não se confunde com seus entes formadores, seja com entes da administração direta ou indireta do ente consorciado. Este contrato
firmado entre o consorcio e qualquer ente da administração direta ou indireta de um ente consorciado, recebe o nome de contrato de
programa por estar previamente programado no consorcio, ou seja, deverá estar previamente estipulado no consorcio a celebração
desse contrato.
O contrato de programa tem dispensa de licitação, art.24, XXVI da 8.666, estabelece que é dispensável a licitação para o
contrato de programa nos moldes previamente estabelecido no consorcio publico. Logo, se o consorcio quiser firmar contratos com
terceiros tem que licitar, mas o consorcio estiver celebrando um contrato com ente consorciado será dispensada a licitação.
O município de um estado não pode entrar em consórcio com a união sem que o estado que o município integra não estiver
participando, ou seja, a união não pode participar de consórcios públicos com municípios que os estados deles não estiverem
participando, o receio é de a união intervir no município sem que o estado dele esteja participando, evitando relação direta de união e
município.

12.4 – Controle da Administração


Toda administração publica se sujeita a um controle publica, pois o gestor publico não é dono da coisa publica, por isso
fundamental o controle. O administrador se sujeita a múltiplo controle, no sistema multinacional existem dois sistemas de controle:
- Contencioso administrativo: sistema francês que está vigente até hoje, estabelece que todas as controvérsias surgidas na
sociedade são controladas pelo judiciário, menos as controvérsias que envolvem a administração publica, pois estão são julgadas pela
própria administração, tendo em vista que a separação de poderes lá é levada ao extremo, o conselho de estado francês, que é um
órgão da administração publica, tem função de controlar os atos da própria administração. As decisões do conselho de estado formam
coisa julgada material, não sendo possível recorrer ao judiciário posteriormente. Embora respeite a separação de poderes, acaba
pecando pela ausência de imparcialidade, pois a administração atua como a ré e como quem vai proferir o julgamento ao mesmo
tempo.
- Jurisdição Única: o Brasil adota este sistema, que é o sistema inglês, respeita-se a tripartição dos poderes, que são
independentes e harmônicos entre si, a harmonia entre eles estabelece que apenas o judiciário pode julgar e proferir sentenças em
caráter de definitividade, inclusive as controvérsias que a administração seja parte. Art.5 o , XXXIV CRFB diz que nenhuma lesão ou
ameaça de lesão pode ser afastada do judiciário, claro que existe contencioso na administração, mas nunca com caráter de
definitividade, logo a coisa julgada administrativa não impede a analise judicial da questão, apenas determina que não será mais
analisada administrativamente aquela matéria. Tanto é que para ir ao judiciário não é necessário que o individuo esgote as esfera
administrativas, existe apenas uma exceção que é no caso da justiça desportiva, caso em que é necessário esgotar as instâncias
administrativas para depois ir ao judiciário, mas a principio a ida ao judiciário é livre.
No direito brasileiro em virtude do amplo controle, aplica-se a teoria dos frios e contrapesos, de modo que os poderes do
estado são independentes mas são harmônicos entre si, logo, o controle pode se feito pela própria administração – controle interno – e
pode ser feito pelo judiciário e pelo legislativo – controle externo – sobre os atos da administração pública. Sendo que só existe
controle externo se baseado em dispositivo constitucional.

Classificação:
- Quanto a pessoa que exerce: controle executivo – controle interno; legislativo e judiciário – controle externo, sendo que
este se considera apenas quando o controle é realizado entre um poder sobre o outro.
- Quanto ao âmbito da administração: possível que o controle interno seja feito por hierarquia ou por vinculação, o primeiro é
o realizado dentro da estrutura de mesma pessoa jurídica em que uns controlam os outros, também poderá ser realizado por
vinculação, que é o realizado dos entes da administração direta sobre os entes da administração indireta, que não deixa de ser interno
pois é realizado dentro da própria administração lato sensu, por exemplo, tutela administrativa e supervisão ministerial.
- Quanto a natureza: legalidade e mérito. O de legalidade analisa somente os aspectos de lei, no que tange a conformidade
da atuação com as disposições legais acerca da matéria, caso em que o órgão controlar atua como mero aplicador da lei. Por sua vez
o controle de mérito não se baseia em aplicação direta mas uma analise que vai além e analisa também aspectos genérico e de
interesse público, se atende os critérios de oportunidade e conveniência com relação a conduta do estado.
- Quando a oportunidade: prévio, constante ou posterior. Muitos desconsideram o constante pois se ele é realizado antes da
perfeição do ato é controle prévio e o controle realizado após a perfeição do ato é posterior, por isso é difícil encontrar o concomitante,
que hoje é considerado como um controle prévio, que é realizado antes de concluídos todos os atos de formação do ato.
- Quando a iniciativa: de ofício ou provocado. O de oficio é aquele feito por iniciativa do órgão controlador e o provocado é o
que depende da manifestação de alguma pessoa interessada na realização daquele controle.

*Controle Executivo/ Administrativo: é o que chamamos de controle interno (art.74 CRFB), controle hierárquico ou supervisão
ministerial, de modo que ele pode ser dentre de mesma pessoa jurídica ou entre entidades da administração direta e indireta. Esse tipo
de controle pode ser prévio ou posterior. Pode ser também controle de legalidade ou de mérito.
Pode ser de oficio ou mediante provocação, esse controle de oficio, decorre do principio da autotutela, que pode ser para
anulação do ato ou revogação do ato, já o provocado decorre do direito de petição, tendo em vista que todos podem provocar a
manifestação do controle da administração publica, sendo que este direito de petição pode se apresentar por meio de uma
representação ou uma reclamação, no primeiro o cidadão esta provocando a administração publica requerendo que ela anule um ato
que viola interesse publico e na reclamação o sujeito provoca a administração publica requerendo anulação de ato que o está lesando
diretamente.
31

Além disso em ambos os casos é possível o pedido de reconsideração, requerendo a retratação da administração.
Lembrando que os recursos como regra não tem efeitos suspensivos, pela presunção de validade do ato, exceto as situações que a
própria lei prevê a situação, por isso, em regra os recursos tem efeito meramente devolutivo, sendo que a autoridade caso a caso pode
dar efeito suspensivo a ele. Destaca-se também que nos recursos administrativos não há vedação da reformatio in pejus, podendo
piorar a situação. Existem também os recursos próprios e impróprios, os próprios decorrem de fato da hierarquia e os impróprios são
os que decorrem da supervisão ministerial, entre pessoas jurídicas diferentes.

13a aula – Direito Material


13.1 – Controle da Administração
Existem duas espécies de controle externo, que inclusive, dependem de previsão constitucional, por isso discute-se muito a
determinação da lei de autarquia que diz que para a nomeação do dirigente de uma autarquia depende da autorização do poder
legislativo, violando a separação dos poderes sendo que essa outorga legislativa não está prevista constitucionalmente. Então são
elas:
*Controle Legislativo:espalhado na constituição, se divide em dois grupos, podendo ser controle parlamentar direto que é o
feito pelo próprio parlamento pelo senado, câmara dos deputados ou congresso. Também é possível com auxilio do tribunal de contas
(art.71 e ss. CRFB). Pode ser feito mediante provocação ou pode ser de oficio. Também pode ser prévio ou posterior. A principio o
controle realizado por ele pode ser de legalidade ou de mérito (em situações regulamentadas na constituição).
O controle parlamentar direito está espalhado então o art.49, V, X CRFB (poder do congresso nacional de sustar atos que
exorbitem do Poder Regulamentar e de autorizar a ausência do Presidente da República do País - deixando claro poder posterior e
prévio), em decorrência disso, está no artigo 71, parágrafo primeiro, CRFB (contas do presidente julgadas pelo congresso, crimes de
responsabilidade julgados pelo senado após a câmara receber denuncia e CPI`s (que auxiliam no controle legislativo dos atos da
administração, justificam um controle posterior e tem amplo poder investigativo, não tem função jurisdicional).
Além do controle parlamentar direto, existe também o controle que é efetivado pelo legislativo por meio do tribunal de contas
(art.71 CRFB – é o que cai na prova de administrativo), atinge as entidades privadas integrantes da administração publica, e aquelas
não integrantes da administração publica mas que recebem dinheiro publico para atuar. O tribunal de contas também julga as contas
de todos os administradores públicos, exceto as do presidente que são julgadas pelo congresso nacional. Tribunal de contas também
tem o poder de sustação de atos. Em relação aos contratos administrativos o tribunal de contas emite apenas parecer para que sejam
sustados pelo congresso nacional, mas neste caso não podem sustar, a menos que o Congresso não suste no prazo de 90 dias, caso
em que o tribunal poderá susta-lo. O tribunal de contas no exercício de sua atuação pode aplicar multas que não depende de posterior
analise, sendo considerada titulo executivo extrajudicial, sempre respeitando o contraditório e a ampla defesa. Na analise de atos
administrativos, no exercício deste controle, o tribunal poderá declarar incidentalmente a declaração de constitucionalidade de leis,
claro em moldes de controle difuso e concreto.

13.2 – Processo Administrativo


*Controle Judiciário: tem base constitucional, art. 5o XXXV, inafastabilidade da jurisdição, com base nele costuma se dizer
que o Brasil adotou a jurisdição única. Diferente dos dois controles anteriores, o controle judicial é sempre provocado, pois o poder
judicial é inerte não podendo ocorrer de ofício, no que tange o exercício da função jurisdicional. O controle judicial também é de
legalidade, não podendo ser de mérito, pois o poder judiciário não pode controlar o mérito dos atos da administração, lembrando que
toda margem discricionária dada ao administrador é limitada pela lei, logo, através do controle de legalidade o controle judiciário pode
limitar a atuação discricionária do Estado ao atuar pautando-se no controle de legalidade, de modo, que ele não controla o mérito em
si, mas os limites desse mérito. Ademais, pode ser prévio ou posterior, pautando-se no art.5o CRFB, mesmo inciso. O poder judiciário
atua mediante provocação em ações ordinárias e também é possível que seja exercido por meio das ações constitucionais básicas
(habeas data, mandado de segurança, ação popular, ação civil pública, habeas corpus, mandado de injunção e ações diretas – ADI,
ADC, ADRF, ADO).

Processo Administrativo
No âmbito federal existe a lei 9784 que é lei subsidiária, ou seja, não é a única lei que trata de processos administrativos, de
modo que ela é utilizada apenas quando não há lei especifica que regulamenta o procedimento específico (ex. lei 8112 processo
administrativo servidores públicos federais), no que for silente a lei especifica, aplica-se a lei 9784. Se não tiver regulamentação por lei
especifica, o processo administrativo será pautado na lei 9784 de forma integral, sendo que esta utilização integral trata do âmbito
federal, pois os estados tem competência para legislar sobre seus processos, a menos que não haja lei estadual para regulamentar o
processo, pois se tiver será utilizada a lei estadual e não a 9784.

Princípios:
- Oficialidade: uma vez iniciado o processo administrativo, todos os atos subsequentes desse processo são realizados de
oficio sem necessidade de provocação, pois a lei prevê uma série de atos concatenados que não enseja a provocação do interessado
e tem plena condição de ser realizados de oficio pela administração.
- Contraditório e ampla defesa: o direito a ampla defesa abarca como regra o direito a defesa prévia. Claro que em situações
emergenciais é possível que a administração pulica primeiro pratique o ato e apenas posteriormente abra vista ao contraditório, nessas
situações considera-se possível o exercício do contraditório diferido. A ampla defesa também abarca o direito a defesa técnica, que no
entendimento moderno, baseado na sumula vinculante 5 que diz que a ausência de defesa técnica não gera nulidade de processos
administrativos, claro que por vontade do interessado. Abarca também o duplo grau de julgamento, não de jurisdição pois a jurisdição é
única, mas no sentido do duplo grau traz a tona a sumula 21 de 2009 que expressamente define qualquer lei que exija deposito prévio,
caução ou garantia para interposição de recurso na via administrativa, nem por lei especifica, que se exigir é considerada
inconstitucional.

13.3 – Processo Administrativo


- Instrumentalidade das formas: a ideia é de que a forma do processo administrativo regulamentada em lei é um instrumento
necessário para garantir o interesse público, tanto é que vicio de forma são sanáveis, tendo em vista que a forma não é essência mas
um instrumento dos atos, desde que o ato consiga alcançar o interesse publico.
- Formalismo necessário: alguns chamam de informalismo, que consiste no fato de que o processo administrativo é formal
para a administração e informal para o particular interessado, pois não é possível exigir que os particulares façam o processo
administrativo como a lei determina, afinal, o processo administrativo só tem forma quando for indispensável à execução dos atos,
inclusive por esse motivo é fundamental que a administração atenda o formalismo atendendo o interesse do particular e mantendo a
organização adequada dos processos.
- Verdade real: se contrapõem a máxima do processo civil de que só é verdade o que está nos autos, contudo, cada vez
mais os processos como um todo têm buscado a verdade real, não apenas no processo administrativo, que sempre teve esse ímpeto
de busca da verdade real. Em virtude desta busca se admite a produção de provas mesmo depois de concluída a fase de instrução.
32

Sempre atendendo a razoável duração do processo, de maneira que não pode ficar buscando a verdade real de forma indistinta e
esquecer da celeridade essencial, por isso mesmo o administrador publico pode negar pedido de provas consideradas meramente
protelatórias, ou seja, sempre deve se pautar na razoabilidade.
- Gratuidade: os processos administrativos são gratuitos, não há cobrança de custas e emolumentos, tendo em vista que
antes de mais nada o processo administrativo interessa a própria administração publica, de modo que a administração publica custeia
o processo, não sendo possível que a cobrança seja feita ao particular.

Lembrando que estamos tratando do processo na via administrativa quando não tem lei especifica, pois havendo lei
especifica deverá ser seguido o processo nos moldes previstos nela. A lei diz que deve ser instituída uma comissão responsável por
meio de portaria e cada lei especifica traz as minucias acerca da formação da comissão. A instauração feita por meio de portaria pode
se dar por meio de iniciativa da própria administração de oficio ou por um particular interessado que provoca o administrador público
para que ele tenha a iniciativa do processo administrativo.
Uma vez instaurado o processo deverá atender a forma, tempo e lugar, atendendo a forma como dito acima e deverão ser
praticados no local e no horário de funcionamento da repartição, em regra, se os atos iniciaram no horário de funcionamento da
repartição e cuja interrupção de execução do ato, possam prejudicar o processo, de modo que poderá ir além do horário de
funcionamento da repartição, desde que iniciada no horário de funcionamento da repartição. Se devidamente justificado é possível que
o ato seja praticado em local diverso do funcionamento da repartição, de modo excepcional.
Esses atos do processo podem depender da participação do interessado, nestes casos, deverá ser feita a comunicação dos
atos processuais, como garantia de contraditório. A lei estabelece alguns requisitos para que essa comunicação seja válida, assim,
temos que a intimação dos atos do processo tem que conter a identificação do interessado e o nome do órgão ou da entidade que está
dando andamento ao processo, bem como, informar qual é a finalidade da intimação.
Quando a intimação for para comparecer, a lei estabelece que necessariamente ela tem que ser feita 3 dias úteis antes da
data marcada para comparecimento. Também deve informar a data, a hora e local em que deve comparecer o agente. Também é
importante que ela diga se o intimado deve comparecer pessoalmente ou se ele pode se fazer representar. Deverá trazer também a
informação acerca do andamento do processo ainda que ele não compareça, o que não importa nos efeitos da revelia como no
processo civil. Ainda deverá conter a indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes ao processo que está sendo executado.
Após isso passa-se a fase instrução processual, onde ocorre a produção de provas, admitindo-se todos os meios de provas
que conhecemos, inclusive a prova emprestada que esteja em processo judicial que esteja correndo com relação ao mesmo fato,
tendo em vista que é possível que tramite processo administrativo e judicial em relação ao mesmo fato. Houve um julgado do STJ com
relação a isso, quebrou o sigilo das conversas telefônicas no processo judicial, licitamente produzida na origem, permitiu-se que fosse
emprestada essa prova ao processo administrativo, ainda que na via administrativa não exista a possibilidade desta prova que exige
outorga judicial para que seja produzida (interceptação telefônica).
Se a lei especifica na exigir parecer, considera-se que ele é facultativo, por outro lado, sempre que a lei exigir o parecer ele é
obrigatório, podendo ser vinculantes ou não vinculantes, em regra são não vinculantes e apenas emitem uma opinião, e os vinculantes
devem ser definidos assim expressamente pela lei. Em qualquer dos caso o parecer deve ser emitido no prazo de 15 dias, se ele for
obrigatório e vinculante, o processo fica paralisado até a apresentação do parecer. Se ele for obrigatório e não vinculante, passados os
15 dias sem que ele tenha sido emitido, o processo poderá seguir.
13.4 – Processo Administrativo
Finalizada a instrução probatória o parecer segue para a apresentação de defesa, com prazo de 10 dias, salvo disposição
diversa em lei especifica. Depois que apresenta a defesa, segue para o julgamento, que é a consequência do processo administrativo
inteiro. Proferido o julgamento devem ser analisados dois pontos: dever de motivação e autoridade competente.
Proferido o julgamento o processo segue para a possibilidade de recurso, para tanto, devemos analisar primeiro que o
processo precisa de motivação (art.50 lei 9784), é como o livre convencimento motivado, indispensável a pratica dos atos
administrativos, que deve ser praticado com motivação predeterminada. Inclusive o art.50 parágrafo primeiro, justifica o cabimento do
que chamamos de motivação aliunde, que ao invés de fazer a motivação o sujeito remete a outro ato que justifique a pratica do ato.
Além do dever de motivar o julgamento deve ser proferido por autoridade competente, elemento vinculado sempre definido
em lei. A competência que a principio é originaria e expressa pode ser afastada em virtude das hipóteses de delegação e avocação,
casos em que o sujeito que não tinha competência originaria, passa a ser competente para a pratica daquele ato, lembrando que a lei
veda expressamente delegação e avocação de competência para: edição de atos normativos, decisão de recurso hierárquico e
competência definida em lei como competência exclusiva, sendo que em ambos os casos a competência delegada ou avocada é
temporária.
A competência originaria e expressa, também poderá ser afastada pelas hipóteses de impedimento e suspeição, pois em
ambos os casos considera-se que o sujeito não conseguirá ser imparcial para a produção do ato, sendo que quem é competente para
se declarar impedido ou suspeito é a própria autoridade que seria competente para decidir, se ela não se declarar dessa forma, a lei
estabelece que será considerada falta grave para fins disciplinares.
O impedimento é estabelecido por meio de critérios objetivos, sendo eles: o sujeito que tem interesse direto ou indireto na
decisão/solução da controvérsia; da mesma forma, está impedido, aquele que esteja litigando, seja na via administrativa ou judicial,
com o particular interessado no processo (cônjuge, companheiro ou parente até o 3 o grau); igualmente, aquele sujeito que de alguma
forma tenha participado do processo anteriormente, como testemunha, perito, etc. (aplica-se essa hipótese também ao cônjuge,
companheiro ou parente até o 3o grau). Portanto são três hipóteses objetivas.
Já a suspeição exige critérios subjetivos de análise: aquele que tenha amizade intima ou inimizade notória com o particular
interessado.

Proferida a decisão, a lei estabelece a impugnação administrativa dela, através da interposição de recurso (sumula
vinculante 21 – livre a interposição de recurso) no prazo de 10 dias, lembrando novamente que se lei especifica trouxer outro prazo,
aplicar-se-a-lo.
Se a decisão for proferida pela autoridade “A”, o prazo é de 10 dias e o recurso será interporto perante a própria autoridade
que proferiu a decisão, ou seja, “A”. Esta autoridade tem o prazo de 5 dias para reconsiderar a decisão que proferiu ou encaminhar a
autoridade superior. Note-se que qualquer terceiro interessado poderá interpor o recurso. O máximo que o processo pode tramitar é
em 3 instâncias, sendo que algumas vezes nem existem 3 instancias para subir, mas ainda que haja não poderá mais subir, após as
três instancias considera-se que houve a coisa julgada administrativa, o que não impede o requerimento judicial acerca do ato.
No processo administrativo é possível que ocorra a reformatio in pejus, sempre que a reforma realizada através de recurso,
piorar a situação do recorrente. Isto é permitido, primeiramente, pelo principio da autotutela e não há sucumbência reciproca, só existe
a possibilidade de recurso pelo prejudicado, sendo que ele não pode ser impedido de recorrer e a administração não pode ser
impedida de analisar da forma adequada.
Terminados todos os prazos para recurso, ainda que tenha “transitado em julgado” a decisão administrativa, é possível a
revisão, que não tem prazo. O pedido de revisão pode ser feito a qualquer tempo, desde que se tenham fatos novos a ser alegados.
Se abre um novo processo, designa a comissão revisora, realiza todo o processo estudado até agora novamente e todo processo será
33

reanalisado, devendo ser realizada pela própria autoridade que decidiu. Ressalta-se que da revisão é vedada a reformatio in pejus, não
podendo piorar a situação do particular interessado que provocou a revisão, podendo a decisão ser apenas mantida ou melhorada.
No processo administrativo a contagem de prazo segue a mesma regra do processo civil, inclui o dia do início e exclui o do
final, não podendo começar ou terminar sem ser em dia útil, se iniciar em dia não útil, será transferido par ao próximo dia útil existente.

14a aula – Direito Material – Agentes Públicos

14.1
Não confundir agente publico e servidor público. Todos que atuam em nome do estado são considerados agentes públicos
(ex. mesário eleições – é agente publico mas não servidor público). São divididos em três espécies: agentes políticos, particulares em
colaboração com o estado e podem ser servidores estatais.
Os agentes políticos1 são aqueles que atuam no exercício da função política de estado. Parte da doutrina considera que são
agentes políticos aqueles que exercem função política, portanto, são agentes políticos, pacificamente, os detentores de mandatos
eletivos e os secretários e ministros de Estado. Contudo, parte da doutrina defende que além destes, também são agentes políticos os
membros da magistratura e os membros do ministério público (aqueles que exercem atividade fim - juízes e desembargadores,
promotores e procuradores).
Discute-se também acerca dos membros da defensoria e do tribunal de contas, majoritariamente entende-se que os
membros da defensoria não são agentes políticos, pois executam atividade eminentemente administrativa. Quanto aos membros do
tribunal de contas a discussão vai além, mas considera-se que também não são agentes políticos (súmula vinculante 13 – nepotismo)
– decisão de reclamação constitucional quando um governador nomeou o irmão como conselheiro do tribunal de contas e o STF
definiu que o conselheiro do tribunal é nomeado por ato administrativo e desde então entende-se que os membros do tribunal de
contas também não são agente políticos.
Além dos agentes políticos também existem os particulares em colaboração com o estado2 que não tem vinculo, atuam em
nome do estado, sem nenhum vinculo especifico mas atuam exercendo função pública. dividem-se pela forma que eles atuam em
nome do estado podem ser: designados (também chamados de agentes honoríficos) – que convocados pelo poder publico para
exercer função administrativo (ex. jurados e mesários, etc.); voluntários – podem atuar em situações de calamidade pública ou quando
o estado abre programas de voluntariado (ex. amigos da escola); delegados – são os agentes que atuam por delegação de serviço
publico, majoritariamente, são considerados como agentes os particulares que atuam no serviço publico através das concessionarias e
permissionárias, são considerado como delegados também os titulares da serventia de cartório, que fazem concurso, mas que não é
para provimento de cargos e sim para receber a autorização de prestar um serviço público. Por ultimo existem os particulares em
colaboração credenciados que são os que realizam convênios (ex. médico particular em convênio com o SUS), caso em que serão
considerados agentes públicos.
Por fim, existem também os servidores estatais3 ou agentes administrativos, enquanto o agente politico tem vinculo de
natureza politica, estes atuam exercendo função administrativa, são divididos em três espécies: temporários; celetistas e estatutários.
Os temporários são aqueles contratados com base no artigo 37 inciso IX, contratados se o serviço for de interesse publico
em caráter temporário, sendo que o serviço temporário deve estar regulamentado em lei (lei federal 8745/94), ademais, a contratação
de servidores temporários tem que ter caráter excepcional, do contrário é preferível a contratador de servidores públicos efetivos,
ressalta-se que para os servidores temporários não há necessidade de concurso público, ocorre no máximo um processo seletivo,
assim como, não há estabilidade. Os servidores temporários são contratados mas não são celetistas, de maneira que são julgados
pela justiça comum.

14.2
Além dos temporários, existem os celetistas e os estatutários que exercem atividade permanente no serviço público, a
atividade não é temporária, tanto é que se eles saírem, terão que ser substituídos por outrem, pois a atividade continua lá. Devem ser
aprovados por concurso público, o edital que define o prazo do concurso, que terá no máximo dois anos de validade prorrogável uma
vez pelo mesmo período. Hoje se entende que o sujeito que foi aprovado dentro do número de vagas do edital, tem direito subjetivo à
nomeação.
O que diferencia o celetista do estatutário é a natureza do vínculo. O servidor que é aprovado para assumir um emprego
público, assina um contrato de emprego e é celetista, de modo que a ele é aplicada a CLT, o vínculo desse servidor é contratual. Já o
estatutário é aprovado mediante concurso, chamado para assinar um termo de posse, não assina contrato, o vinculo dele com a
administração é eminentemente legal, não há relação contratual, não havendo vínculo individualizado entre o servidor e a
administração. A exceção a necessidade de contrato comporta apenas os comissionados e os temporários. Ademais, para serem
criados os cargos públicos, dependem de lei, lembrando que o art.84, CRFB traz que os cargos vagos podem ser extintos por decreto.
A estabilidade regulamentada no art.41 CRFB, não se estende a celetistas e estatutários (súmula 390 – aplica apenas aos
empregados que ingressaram antes de 1998), pois a estabilidade é apenas para os detentores de cargos públicos. Contudo, nem
todos servidores estatutário é estável, pois os servidores estatutários podem ser detentores de cargos efetivos e cargos em comissão,
casos em que não possuem estabilidade, apenas os efetivos podem adquirir estabilidade. Tem exceção, o art. 19 da ADCT, estabilizou
todos os que tinham ingressado no serviço público a pelo menos 5 anos antes da promulgação da constituição de 1988, estes
adquiriram estabilidade automaticamente, inclusive os que eram empregados. Para adquirir estabilidade, o servidor além de ser
detentor de cargo efetivo, deve ter 3 anos de exercício e ser aprovado por uma avaliação especial de desempenho. O STF vem
entendendo que se o sujeito passar dos 3 anos e não foi avaliado, ocorre avaliação tácita, logo, passado o prazo presume-se que ele
foi avaliado e aprovado, de forma que ele adquire a estabilidade da mesma forma.
Com a estabilidade, o servidor tem a garantia de que ele apenas perderá o cargo nas formas regulamentadas pela
constituição, podendo perder por meio de avaliação periódica de desempenho (que não se confunde com a avaliação especial
realizada para ele adquirir a estabilidade), essa avaliação de desemprenho depende de lei regulamentadora, mas para efeitos de prova
há a exigência e se insuficiente o desempenho ele poderá perder o cargo, poderá perde-lo também por meio de processo
administrativo, em que se assegure a ampla defesa, que inclusive, deve ser respeitada em todos os processos administrativos.
Também poderá perder por meio de sentença judicial transitada em julgado. Essas são as hipóteses do art.41 CRFB. O art.169, CRFB
dispõe ainda, outra forma de perda do cargo por servidores estáveis que decorre do corte de gastos com pessoal, que não pode ser
com a diminuição da remuneração do servidor, mas de dispensa de alguns para cumprir a regra orçamentaria, iniciando pelo corte de
cargos em comissão, cortando pelo menos 20% deles; se não resolver passa para os servidores que ainda não adquiriram estabilidade
e se ainda assim for necessário cortar, passa-se para a exoneração de servidores estáveis, que terá duas garantias: o cargo dele será
extinto, de modo que esta justificativa não poderá ser utilizada para substituição de servidores, não se admitindo a criação de outro
cargo igual ou similar no período de 4 anos, além disso, terá garantia de recebimento de uma indenização que corresponde a um mês
de remuneração dele, para cada ano de serviço público prestado.
Exoneração é diferente de demissão, pois a demissão é a perda do cargo em caráter punitivo pelo cometimento de uma
infração, a exoneração por outro lado, é a perda do cargo em caráter não punitivo, podendo ocorrer na hipótese de corte de gastos
como supracitado.
34

Existe um ponto com relação ao estagio probatório que deve ser destacado, com a emenda 19/98 o prazo para estabilidade
aumentou de 2 para 3 anos e as leis que previam 2 anos como estágio probatório não se modificaram, sendo que o estagio probatório
não é previsto constitucionalmente. Hoje a jurisprudência do STJ e do STF começaram a pacificar o entendimento de que o prazo de
estagio probatório é o prazo para aquisição de estabilidade, ainda que a lei preveja de forma diferente, será de 3 anos o período de
estagio probatório e estabilidade.

14.3
Acerca da vitaliciedade é fundamental entender que é uma garantia de algumas carreiras do agente publico que é maior do
que a estabilidade, pois o agente que tem direito a vitaliciedade só poderá perder o cargo com processo administrativo transitado em
julgado. Vitaliciedade somente é cabível para os membros da magistratura, do ministério publico e do tribunal de contas, dentro dessas
carreiras adquire vitaliciedade, quem ingressa mediante concurso publico para provimento de cargos; mediante indicação política nos
moldes da constituição federal, pelo quinto constitucional por exemplo, se o sujeito ingressar mediante concurso público, ele adquire
vitaliciedade após 2 anos no cargo, contudo se ele ingressar por indicação, ele adquire vitaliciedade imediatamente ao inicio das
funções.
A lei 8112/90 é o regramento aplicável aos servidores públicos federais. O primeiro grande requisito para ingresso no cargo
está previsto na constituição que é a aprovação em concurso publico, a lei por sua vez, em seu art.5o traz requisitos de ingresso, de
modo que tem que ser nato ou naturalizado (porque a lei não pode diferenciar naquilo que a constituição não diferencia), são
acessíveis também aos estrangeiros na forma da lei (estatuto), assim, a própria lei dispõe que universidades publicas e instituições de
pesquisa podem prover seus cargos de técnicos, cientistas e professores, com servidores estrangeiros. Além da nacionalidade, o
sujeito tem que estar em gozo com os direitos políticos, ter o nível de escolaridade exigido no concurso, quitação militar e eleitoral, 18
anos de idade e aptidão física e mental para o exercício do cargo.
O exame psicotécnico é passível de ser exigido em concurso publico, para tanto é necessário que se atenda a dois requisitos
básicos, a lei tem que prever a possibilidade de se exigir o psicoteste e o edital deve estabelecer critérios objetivos para este exame.
Além disso a aptidão física e mental, não significa dizer que os portadores de deficiência estão excluídos de concursos
públicos, mas de certos cargos sim, tendo em vista a necessidade para eficiência na atuação dentro daquele cargo, exemplo a súmula
683 STF, assim, desde que seja compatível com o exercício da função do cargo a ser exercido é possível exigência de certos
requisitos físicos, sexo, idade, etc. contudo, para os portadores de deficiência, cuja deficiência não impeça o exercício da função, serão
reservadas até 20% das vagas, o STJ trouxe que deverá ser de no mínimo 5%.
Depois de cumprir todos esses requisitos, o candidato irá prover o cargo, ou seja ocupa-lo, divide-se em provimento
originário que é aquele primeiro provimento do sujeito na carreira, não precisa ser no serviço publico, mas na carreira, ex. era analista
e vira juiz, tem que ter provimento originário. No âmbito do serviço publico o provimento originário é a nomeação, no momento que sai
a portaria de nomeação o sujeito não é servidor público ainda, pois ele apenas se torna servidor com a investidura no cargo que se dá
com a posse, por meio da assinatura do termo de posse, que poderá ser realizada inclusive por procuração especial. Depois de
nomeado o candidato tem até 30 dias para tomar posse e se não o fizer fará com que o ato de nomeação fique sem efeito e o cargo
volta a ficar vago. Note-se que o pedido de final de fila deverá ser realizado antes da nomeação, pois após a nomeação tem 30 dias,
sob pena de perda do efeito. Após a posse há um prazo de 15 dias para que ele inicie o exercício das funções. Se ele tomar posse e
não entrar em exercício no prazo de 15 dias, ele é exonerado.
Há também o provimento derivado, que é aquele que decorre da existência de provimento originário anterior na carreira, o
sujeito já ingressou na carreira originariamente e vai prover outros cargos naquela carreira de forma derivada. Logo, não existe
provimento derivado entre carreiras. Súmula 685 STF diz que é inconstitucional qualquer forma de provimento que permita o servidor
passar de uma carreira para outra sem aprovação em concurso.
- Promoção:A primeira hipótese de provimento derivado é o vertical, que consiste na promoção, em que ele vai subindo
naquela mesma carreira. Antigamente poderia fazer isso, que se chamava de ascensão, quando a pessoa saia do nível mais alto de
uma carreira para o nível mais baixo de outra, mas isso não pode mais ser feito, sendo possível a troca de carreira apenas com
provimento originário através de aprovação em concurso. A promoção dos servidores se dá por antiguidade e merecimento,
alternadamente, ou seja, se houve promoção por antiguidade para um, o próximo será promovido por merecimento.

14.4
A promoção é o provimento derivado vertical, claro que como a promoção é forma de provimento, para prover o cargo ele
deve ficar vago. Não podemos confundir promoção com progressão, pois a segunda normalmente existe nas carreiras meio, que
consiste em um aumento do patamar remuneratório sem mudança de cargo.
- Readaptação: existe a readaptação, que é provimento derivado horizontal, ocorre quando o servidor publico sofre uma
limitação na capacidade física ou mental, não precisa ser em virtude do exercício da função, devendo ser readaptado em outro cargo
que atenda suas possibilidade em virtude da limitação que adveio. O sujeito tem direito de ser readaptado ainda que não haja cargo
vago compatível com o dele, caso em que ele ficará como excedente, de modo que não havia cargo vago para ele e ele ficou como
mais um exercendo a função, até que surja cargo vago compatível. Se não tiver nenhum cargo, ele será aposentado por invalidez. O
servidor readaptado não pode em virtude da readaptação sofrer nenhuma espécie de restrição remuneratória, de modo que ele
continuará recebendo a mesma coisa e manter seu padrão remuneratória.
Além destes dois, existem quatro hipóteses de provimento derivado por reingresso, são eles:
- Reversão: volta ao cargo publico do servidor que estava aposentado, por exemplo, aposenta por invalidez, melhora e
reverte ao cargo dele, tendo em vista que cessaram os motivos da aposentadoria, a reversão neste caso não tem prazo, poderá
ocorrer a qualquer tempo. Portanto, a qualquer tempo o servidor que foi aposentado por invalidez, pode ter que se sujeitar a avaliação
da junta médica e deverá voltar a trabalhar se for constatado que ele não está mais invalido.
O STF vem entendo que a aposentadoria voluntaria quebra o vinculo dele com a administração, de modo que não haverá
possibilidade de reversão, o que inclusive seria considerado inconstitucional. Mas a lei 8112 chama essa reversar de reversão no
interesse da administração publica, que para ocorrer depende de aposentadoria voluntaria, interesse da administração e concordância
do servidor, sendo que a aposentadoria voluntaria tem que ter ocorrido a no máximo 5 anos, deverá ter cargo vago para que ele ocupe
e ele tinha que ser servidor estável ao tempo da aposentadoria. Cumpridos os seis requisitos, é possível, nos termos da lei, a reversão
no interesse da administração.
Em ambos os casos, o servidor publico só pode reverter ao cargo publico até os 70 anos de idade, que é a idade de
aposentadoria compulsória.

As próximas três hipóteses, são formas de provimento derivado exclusivas de servidores públicos estáveis, são elas:
- Reintegração: ocorre todas as vezes que o servidor estiver diante da anulação do ato de demissão, a volta do servidor dá-
se o nome de reintegração. A anulação poderá ser feita tanto pela administração publica quanto pelo poder judiciário. Se outro agente
já ocupou o cargo do servidor reintegrado, deverá ser reconduzido ao cargo de origem sem direito a indenização, o cargo de origem
pode já estar ocupado também, caso em que como não foi possível a recondução, o servidor será reaproveitado em cargo compatível
com o dele, se não houver cargo compatível, ele será posto em disponibilidade remunerada.
35

- Recondução: volta do servidor publico ao cargo anterior, sem direito de indenização. A recondução acontece em duas
hipóteses, a primeira é quando há a reintegração do anterior ocupante do cargo, a segunda hipótese decorre da inaptidão no estagio
probatório do cargo que ele assume, ou seja, de outro cargo em outra carreira, quando ele já era servidor publico estável, logo, diante
da inaptidão no novo cargo, ele tem direito a ser reconduzido ao cargo de origem. Neste segundo caso, entende-se doutrinaria e
jurisprudencialmente que a recondução é de mão dupla, dentro do período de estagio probatório, tanto a administração poderá
reconduzi-lo como a administração também pode fazer, contudo, passado o prazo de estagio probatório ele não poderá mais pedir a
recondução.
- Aproveitamento: consiste na volta ao cargo publico do servidor que estava e disponibilidade. Se o servidor publico for
estável e o cargo dele for extinto ou considerado como desnecessário, ele não perde o vinculo e ficará em disponibilidade, que é
remunerada proporcionalmente ao tempo de serviço. A disponibilidade não tem prazo, mas tem a garantia de que surgindo cargo vago
compatível com o dele, ele será obrigatoriamente aproveitado, obrigação essa que alcança tanto a administração quanto o próprio
servidor.

15a aula – Direito Material - Agentes Públicos


15.1
Hipóteses de vacância, ocorrem quando o cargo que estava ocupado passa a ficar vago, são elas:
- Exoneração e demissão: exoneração não tem caráter punitivo e pode ser requerida por vontade própria, já a demissão é a
perda do cargo em caráter punitivo.
- Readaptação e promoção: se o servidor for promovido automaticamente o cargo que era ocupado por ele se torna vago, da
mesma forma ocorre na readaptação. Em ambos os casos ocorre o provimento de um cargo e vacância do outro ao mesmo tempo.
- Aposentadoria
- Morte
- Posse em cargo inacumulável: necessariamente terá que vagar um cargo tendo em vista a impossibilidade de cumulação
deles, a constituição federal veda expressamente a acumulação de cargos e empregos públicos, sejam eles da administração direta,
indireta de todos os entes federativos. A jurisprudência vem dizendo que até mesmo os temporários estão sendo abarcados por essa
impossibilidade de acumulação.
Existem 6 exceções a essa regra: possível a cumulação de dois cargos de professor; dois cargos de profissionais de saúde
com profissão regulamentada; também é possível a cumulação de cargo técnico ou cientifico com um cargo de professor, esclareça-se
que os cargos técnicos e científicos são os que exigem formação técnica especializada e os que exigem ensino superior; também é
possível a cumulação de um cargo efetivo e um cargo de vereador; bem como é possível cumular juiz e professor; um de promotor ou
um de procurador do ministério publico com um de professor. Além de se enquadrar em uma das exceções, para que a cumulação seja
licita, é necessário comprovar que os horários são compatíveis. A constituição exige ainda que a cumulação respeite o teto
remuneratório do art.37, XI, que é aquele que define o teto da remuneração do serviço publico, que é o subsidio do ministro do STF –
hoje é R$30.000,00, ainda que a cumulação seja licita, a soma dos cargos acumulados, não pode ultrapassar o teto, alguns julgados
do STF vem entendendo que seria possível ultrapassar o teto se a cumulação for com o cargo de professor, mas isso não é pacifico,
então tem que respeitar o teto.
A principio também não é possível acumular o provento de aposentadoria de cargo publico, com remuneração de cargos
públicos da atividade, existem exceções: se os cargos forem acumuláveis na atividade poderão ser acumuláveis na inatividade;
também é possível acumular proventos da aposentadoria do regime próprio de serviço público com cargos em comissão; também é
possível a cumulação com subsidio de cargos eletivos (vereador, deputado, senador, presidente, etc.). em todo caso, deve seguir
sendo respeitado o teto remuneratório do serviço público, que é o subsidio do ministro do supremo.
Se a cumulação de cargos está sendo realizada de forma ilícita, a administração notifica o servidor e dá um prazo de 10 dias
a ele para escolher qual dos dois vai querer, contudo, se ele não fizer a opção, a administração irá instaurar processo administrativo
sumário (art.133 lei 8112), instauração por portaria, com designação de comissão composta por dois servidores públicos estáveis e o
sujeito é chamado para defesa no prazo de 5 dias. A lei estabelece que se o servidor fizer a opção até o ultimo dia do prazo de defesa,
pedindo exoneração de um dos dois cargos, considera-se que ele estava de boa-fé.Se ao final do processo definir-se que a cumulação
é ilícita o servidor será demitido de todos os cargos acumulados ilicitamente, afinal ele teve a chance de escolher mais de uma vez.

Deslocamento, quando ele é deslocado de um ponto para outro, não é provimento nem vacância, existem duas hipóteses,
quais sejam:
- Remoção: ocorre com o deslocamento do servidor dentro do mesmo quadro de pessoa que ele ocupava antes, ou seja, ele
sai de uma localidade para outra mas sem mudar de carreira, logo, dentro do mesmo quadro funcional que ele se encontra. Ex. sai da
1a vara do TRT e passa a trabalhar na 2a vara do mesmo TRT. É possível que a remoção seja feita com ou sem mudança de sede.
Pode ocorrer de duas formas: de oficio ou a pedido. A remoção de oficio é a realizada no interesse da administração pública, já a feita
a pedido ainda que o servidor peça, é feita a critério da administração, que vai analisar se considera ou não o pedido de remoção. A
principio a remoção é ato discricionário (analise de oportunidade e conveniência), mas a lei estabelece três exceções (art.36) em que a
remoção é ato vinculando, por meio de critérios objetivos que cumpridos, não poderá ser negada ao servidor, não pode confundir com
de oficio, o servidor terá que pedir e nesse caso não poderá ser negado. As três hipóteses de ato vinculado de remoção são:

15.2
a) Deslocamento do cônjuge ou companheiro: se essas pessoas forem deslocadas de oficio para qualquer ponto do território
nacional, o servidor tem direito de acompanha-lo, estamos diante de cônjuges e companheiros que coabitam, pois se eles já não
moravam juntos, não tem motivo de obrigatoriedade no deslocamento conjunto. Ademais, ressalte-se que um deles tem que ter sido
deslocado de oficio, ou seja, no interesse de administração, se por esse motivo o outro pedir a remoção, a administração não poderá
negar. O servidor que está pedindo a remoção para acompanhar o outro tem que ser servidor federal, tendo em vista que ele está
pedindo a remoção com base na lei 8112, o servidor que foi de oficio e que está servindo como paradigma, não necessariamente tem
que ser federal. No ano passado o STJ entendeu que poderá inclusive ser removido ainda que o cônjuge seja empregado público, ou
seja, empregado da administração indireta, permitirá que o servidor federal seja deslocado.
b) Por questão de Saúde: seja do próprio servidor, do cônjuge ou companheiro ou de dependente econômico dele, desde
que isso seja comprovado em laudo médico oficial.
c) Concurso de Remoção: varia de acordo com a lei de cada carreira, é um concurso feito por antiguidade, tem um concurso
novo e antes de oferecer as vagas disponíveis aos que estão ingressando no concurso, oferece aos que já estão, lembrando que a
administração não é obrigada a fazer concurso de remoção, mas se ela fizer, fica vinculada aos critérios que apresentou.

- Redistribuição: totalmente da remoção, que é o deslocamento do servidor. Na redistribuição o que está sendo deslocado é
o cargo publico e o servidor é deslocado junto com ele, se ele está ocupando o cargo e o cargo desloca ele desloca também. Pode ser
feito entre órgãos diferentes, entre entidades diferentes, da administração direta para a indireta, desde que seja dentro do mesmo
36

poder (executivo, legislativo e judiciário). Obviamente, o cargo publico não pode pedir para ser redistribuído, por isso a redistribuição é
sempre de oficio, ou seja, feita no interesse da administração.
Portanto, na remoção o interesse da administração é modalidade e na redistribuição o interesse da administração é
pressuposto.

Remuneração do servidor
Esse servidor publico tem vantagens em razão do serviço, recebe uma contraprestação por ele, chamada de remuneração
que é a contraprestação pela prestação do serviço, por esse motivo não há remuneração para os dias de greve. A remuneração
abarca o vencimento do cargo somado a todas as vantagens pecuniárias permanentes desse cargo. Ressalta-se que vencimentos no
plural é sinônimo de remuneração que abarca o vencimento mais as vantagens permanentes do cargo/carreira ou do servidor.
Lembrando que há a garantia da irredutibilidade dos vencimentos = remuneração, logo, o valor total não pode ser reduzido.
O STF já pacificou o entendimento que a remuneração é nominal, ou seja, do valor e não a real que é o potencial de compra que o
valor nominal atribui. Contudo a CRFB art.,37, inciso X garante que além da irredutibilidade nominal, deve haver anualmente um
reajuste nominal, para manter o poder de compra. O vencimento do servidor pode ser inferior ao salario mínimo, o que não pode ser
inferior é a remuneração dele, a remuneração que é analisada para fins de vencimento básico.
Tem que haver transparência na prestação do serviço, pois esse contracheque cheio de gratificações não deixa claro o real
valor, por isso a emenda 19 criou nova forma de pagamento, que é o pagamento realizado por meio de subsidio, lembrando que a
remuneração e o subsídio convivem normalmente, cada carreira adota o que quiser, contudo o subsidio é pagamento feito em parcela
única, o valor do subsidio é um valor único que não admite nenhuma espécie de acréscimo patrimonial.
Desde que por meio de lei a administração pode implantar subsidio para qualquer carreira, contudo existem algumas para as
quais a implantação do subsidio é obrigatória, sao elas: a dos agentes políticos já citados; membros da defensoria publica; advocacia
publica; polícia civil e federal e tribunal de contas.
A constituição federal em seu art. 37, XI definiu como teto remuneratório dos servidores públicos, o subsidio recebido pelo
ministro do STF. É possível que as constituições estaduais e a lei orgânica do município estabelecem subtetos de remuneração, no
âmbito municipal o teto é a remuneração do prefeito, já no âmbito estadual, varia de acordo com o poder, os servidores do executivo
tem como subteto o subsidio do governador, os servidores do judiciário tem como subteto o subsidio do desembargador do tribunal de
justiça e no âmbito legislativo o subteto é o subsidio do deputado estadual.
A própria constituição federal determina que os membros da defensoria publica, do ministério publico e da advocacia pública
embora estejam vinculados ao executivo, se submetem ao subteto do judiciário. O STF tem entendido que o juiz de direito estadual
não se submete ao teto do subsidio do ministro do STF e não dos subtetos estaduais.
Quanto ao desconto na remuneração do servidor publico, a principio entende-se que não é possível, pois são verbas de
caráter alimentar por isso não poderiam sofrer descontos, a lei define as exceções, de modo que é possível desconto definido em
disposição legal, que decorrem de lei e incidem diretamente na folha do servidor, ex. imposto de renda e contribuição previdenciária ou
decisão judicial, que são os determinados pelo juiz. Ex. alimentos devidos e atribuídos por decisão judicial, são descontados
diretamente do salário. Também poderá sofrer desconto por consignação em folha, que é empréstimo que é descontado direto da folha
de pagamento, desde que haja interesse da administração e autorização do servidor (empréstimo consignado), a financiadora deve
previamente firmar acordo com a administração o que demonstrará o interesse da administração, no âmbito federal tem um decreto
que impõe um limite máximo a essa consignação em folha, que é de 30% da remuneração bruta dele. Também será possível o
desconto quando o servidor tiver que fazer ressarcimento ao erário público.

15.3
Se ele deve ao poder publico ele tem que ressarcir, a principio esse ressarcimento é feito de uma vez só, em no máximo 30
dias. No entanto ele pode requerer o parcelamento, justificando porque não poderá pagar de uma vez, ele requerendo esse
parcelamento permitirá que o desconto seja feito em folha. Sendo que a parcela desse parcelamento não poderá ser menor que 10%
da remuneração do servidor, logo, deve ser superior a 10% da remuneração. Se ele se desligar do serviço publico antes de quitar o
débito, ele terá um prazo de 60 dias para quitar o débito de uma vez só, e se não o fizer, será inscrito em dívida ativa.

Além da remuneração o servidor publico faz jus ao recebimento de algumas indenizações, gratificações e adicionais que são
acrescidas à remuneração do servidor, discriminadamente, são elas:
- Indenização: jamais será incorporada à remuneração do servidor pois tem caráter de indenização, já os outros dois podem
incorporar, desde que previsto em lei. De maneira que a indenização não é considerada acréscimo patrimonial, mas mera devolução
de algo que ele perdeu. Existem quatro espécies de indenização:
* Diária: tem valor presumido, não tem que apresentar o valor pois é um valor fixo. Se o sujeito vai voltar no mesmo dia, ou
seja, sem pernoite, ele recebe mais diária, se for no mesmo conglomerado urbano não recebe. Receberá meia diária também se a
administração custear os gastos com a viagem. Normalmente é paga antes do deslocamento, se ele não se deslocar, terá 5 dias para
devolver, se o deslocamento for por prazo inferior à quantidade de diárias recebidas, terá que receber o proporcional.
* Ajuda de custo: deslocamento permanente do servidor de ofício, com mudança de domicilio. A lei 8112 foi alterada
informando que não remoções a pedido do servidor, não há ajuda de custo. Só há ajuda de custo se o servidor for deslocado de ofício.
O valor da ajuda de custo é de até 3 vezes a remuneração do servidor, o valor também é presumido, de modo que a administração
para a mudança do servidor e da família dele e mais a ajuda de custo sem necessidade de comprovação. Se o servidor for para a nova
sede com a família e falecer a família pode voltar para o local de origem, com prazo de um ano, contado do falecimento, para requerer
esse retorno que será custeado pela administração (mudança mais ajuda de custo). Se ele for deslocado e não se apresentar em até
30 dias na nova sede, ele tem que devolver o valor de ajuda de custo.
* Transporte: não tem regulamentação na 8112, deve ser definido por regulamentação especifica. A lei traz apenas o
conceito que é o pagamento do servidor que utiliza meio próprio de locomoção para a prestação do serviço publico, deverá receber
indenização a titulo de transporte em virtude do gasto para a realização da prestação de serviço.
* Auxílio moradia: para custear os gastos com moradia, só faz jus a este auxilio o servidor que for deslocado de sua sede
para exercer cargos em comissão DAS 4 em diante, se for 1,2 ou 3 não tem esse direito, este auxílio será de até 25% do valor que ele
recebe pelo cargo em comissão, o valor aqui não é presumido, aqui ele recebe o que ele gastar com moradia que será indenizado e
25% é o limite máximo que ele poderá receber, ele presta conta e 30 dias depois ele recebe, se ele morrer ou deixar de ser servidor,
receberá o auxilio no mês subsequente, pois mês a mês ele tem que provar para que a administração vá custeando. Sendo que
ninguém pode receber auxilio moradia superior ao auxilio percebido pelo ministro de estado, só recebe auxilio moradia quem foi
deslocado a partir de 30 de junho de 2006, pois foi quando foi instituído, sendo que foi suprimido da lei o prazo de no máximo 8 anos
para recebimento do auxílio, hoje ele receberá pelo tempo que ele ficar deslocado.
A lei traz mais algumas restrições, não faz jus ao auxilio moradia o sujeito que tem um imóvel ou que tenha morado nesta
cidade nos últimos 12 meses, no local para onde for deslocado, bem como se o cônjuge tiver essa condição. Também não faz jus
aquele que tem imóvel funcional disponibilizado para ele, pois isso impedirá que ele gaste com moradia. Isto decorre do fato de que o
37

auxilio é verba indenizatória e se a pessoa tem essas facilidades não terá que ser indenizada. A retirada deste prazo ocorreu em 24 de
dezembro de 2013, a alteração da lei 8112 ocorreu por meio de medida provisório, por isso é muito recente.

15.4
- Gratificações:
* De função: todo cargo publico tem função, logo o cargo nada mais é do que um centro de competência criada por lei, que
atribui ao cargo determinada função e estas funções realizadas por ele que fazem com que se defina a remuneração dele. Contudo,
existem funções que dependem de uma confiança direta do agente, basicamente, as funções de direção, chefia e assessoramento,
que dependem da confiança direta do agente público, neste caso a forma tradicional de cargos que é o concurso publico é afastada e
foram criadas duas outras formas de provimento, quais sejam, os cargos em comissão e função de confiança, em ambos, as funções
serão de direção, chefia ou assessoramento.
A diferencia estra elas é que a função de confiança é criada por lei e é uma função sem cargo, que está solta dentro da
estrutura administrativa, como é uma função sem cargo, apenas poderá ser exercida ao sujeito que já tem um cargo inerente a ele, no
momento em que a função de confiança é entregada a ele, ele cumula duas funções, a que ele já é remunerado e a gratificação de
função, que é paga pelo exercício da função de confiança, tendo em vista que neste caso ele tem uma função a mais.
Já nos cargos em comissão, efetivamente existe um cargo, que tem como função a confiança também, mas entregue dentro
de um cargo, por isso podem ser exercidos por quem não tenha cargo nenhum, são servidores comissionados, nomeados para este
cargo, também podem ser entregues aos detentores do cargo efetivo, deverá porem se afastar do cargo efetivo e realizar o cargo em
comissão.
A lei determina que deve existir um percentual mínimo que deve ser entregue a servidores de carreira, por isso não é
possível que todos os cargos em comissão sejam entregues a pessoas que não possuem cargo algum. Como cargo em comissão é
de livre exoneração, se o servidor perde esse cargo ele volta para o cargo anterior e se o particular perde o cargo, sai do serviço
publico.
Ademais, é possível que quem tem um cargo em comissão, receber outro cargo em comissão desde que interinamente, ou
seja, provisoriamente, a lei estabelece que nesses casos, durante o período da interinidade ele acumula as funções, mas deve optar
por uma das duas remunerações.
* Natalina: na CLT chama-se de 13o , aqui no caso chama-se de natalina mesmo e deve ser paga até o dia 20 de dezembro
de cada ano e pode ser dividida como forma de diluir os gastos. A gratificação natalina é de 1/12 anos para cada mês de serviço
prestado no ano, se prestou serviço o ano inteiro receberá uma remuneração integral, sendo que a partir de 15 dias trabalhado em um
mês considera-se como um mês inteiro. Sendo que o calculo é sobre a remuneração que está sendo percebida no mês de dezembro,
ainda que durante o período tenha mudado o valor, toma por base o mês de dezembro, a menos que ele seja exonerado ou demitido
que a base será o mês da exoneração ou demissão.
*Cargo, curso ou concurso: é a gratificação paga aos agentes públicos que atuam em aplicação, coordenação, examinador
em banca ou instrutor em curso de formação de concursos, que compreende o valor de 1,2% da remuneração dele para cada hora
para aplicação e coordenação de concurso e 2,2% da remuneração dele para cada hora nos casos de examinador de banca ou
instrutor em curso de formação, o limite é de 120 horas anuais, podendo prorrogar, justificadamente, por mais 120 horas. Claro o
trabalho deverá ser diferente do cargo especifico dele, se ele é contratado para realizar essas atividades, não receberá gratificação.
- Adicionais: são quatro adicionais fundamentais, lembrando que cada carreira tem suas especificações, sendo que com
relação a estas não há percentual definido em lei, são eles:
* Insalubridade: aquela atividade prejudicial a saúde. Não pode ser cumulada com a periculosidade, deve optar por um dos
dois ainda que a atividade seja ao mesmo tempo insalubre e perigosa. Se a servidora estiver gestante ou lactante deve ser afastada de
qualquer das três atividades, seja, insalubre, periculosa ou penosa, tendo em vista o afastamento ela não continuará recebendo o
adicional. Assim como mas normas trabalhistas se a atividade deixar de ser insalubre, periculosa ou penosa deixará de receber o
adicional. Ex. o operador de raio X recebe insalubridade e deverá se submeter a exame médico a cada 6 meses.
* Periculosidade: aquela que apresenta risco de vida.
* Penosidade: que se configura por um esforço demasiado.

*Além destes três também existe o adicional de hora extra: a lei especifica de cada servidor define a jornada de trabalho
dele, a lei diz que para o servidor federal tem que ser de no mínimo 6 horas e no máximo 8 horas diárias e no máximo 40 horas
semanais. Claro que a lei de cada carreira respeitando esses parâmetros vai definir a jornada de trabalho, se ele trabalhar além da
jornada, receberá um adicional de 50% da hora normal, logo receberá a hora normal mais 50% dela, sendo que o máximo que ele
poderá prestar é de 2 horas diárias em caráter excepcional.
*Existe também o adicional noturno que é de 25% além da hora diurna, então recebe o valor da hora diurna mais 25% dela.
É considerada hora noturna o trabalho que vai das 22h às 5h do dia seguinte. Sendo que a hora noturna tem 52’30”, ou seja, quem
trabalha das 22h às 5h trabalha 8 horas (ainda que em verdade sejam 7 horas) que é a jornada completa. O agente tem direito ao
adicional noturno e ao computo diferenciado, não tem que optar por um dos dois. A hora extra que advém de horário noturno, ainda
que se estenda ao horário noturno, também será considerada hora noturna que é ao mesmo tempo noturno e extra e o agente
receberá os dois em juros compostos, primeiro incide a hora extra e o adicional noturno será calculado em cima dela.
* Adicional de férias: pago ao servidor publico por ocasião de suas ferias, devendo ser pago até 2 dias antes das férias e
corresponde a 1/3 da remuneração do mês das férias. As férias podem ser parceladas em até 3 vezes, ainda assim o adicional deverá
ser pago integralmente até 2 dias antes da primeira parcela de férias.
Lembrando que o rol é exemplificativo e a lei pode prever parcelas indenizatórias diferentes.

16a aula – Direito Material – Agentes Públicos


16.1
Ausências do servidor
São as situações em que o servidor pode deixar de ir ao serviço publico mas é considerado como se tivesse ocorrido o
efetivo serviço, existem algumas espécies:
- Férias: espécie de ausência. O servidor publico tem direito a 30 dias de férias por ano. para gozar o primeiro período de
férias ele deve ter 12 meses de exercício. Todo dia 1o de janeiro nasce o direito de férias do servidor. A lei também estabelece que os
30 dias de ferias podem ser parcelados em ate 3 vezes desde que requerido pelo servidor e autorizado pela administração pautando-
se no interesse público. Lembrando que o adicional de férias é pago integralmente antes da primeira parcela de férias ainda que ele
divida o período. Desde que no interesse da administração o servidor pode ser obrigado a cumular tempo de férias, caso em que
poderão ser acumuladas em até dois períodos, sem direito indenização em virtude da cumulação, visto que o interesse publico
predomina sobre o interesse privado.
As férias podem ser interrompidas, desde que respeitado o interesse publico, sem direito a pagamento de indenização em
virtude da interrupção, a lei estabelece que as ferias podem ser interrompidas: por calamidade publica ou por comoção interna.
Convocação para participação de júri, para serviço militar ou eleitoral e por necessidade do serviço, desde que a necessidade tenha
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sido demonstrada pela autoridade máxima do órgão. Interrompida uma vez as férias do servidor, o restante será gozado uma vez só,
para que ele tenha férias garantidas, sem nova interrupção. Existe uma exceção, essa questão de férias não se aplica aos servidores
que operam raio X, que tem direito a 20 dias de férias a cada 6 meses, não sendo possível a cumulação desses períodos, pois o
interesse aqui é de saúde por causa da radiação.

As outras espécies de ausência tem peculiaridades e nem todas elas são computadas para tempo de serviço, embora sejam
licitas e justificadas, divididas em dois grupos: licença e afastamento. São elas:
- Licença: licenças pagas pela administração pois as licenças pagas pela seguridade social serão conversadas depois.Em
todas elas é necessário observar se poderá ou não ser concedida ao servidor que está em estágio probatório, as que puderem é para
escrever EP do lado delas. Quatro podem ser concedidas a servidores que estão no estagio probatório e 3 são apenas para os
servidores efetivos. Duas regras importantes que devemos lembrar: a licença não remunerada não conta como tempo de serviço e;se
do termino de uma licença até o inicio da outra da mesma natureza não transcorrer o prazo de mais de 60 dias, a segunda licença é
considerada como prorrogação da primeira. São elas:
* Licença por motivo de doença familiar (EP): para que o sujeito tenha esse direito, precisa comprovar três requisitos
cumulativos: deve demonstrar que tem alguém doente na família por laudo médico oficial, o laudo deverá demonstrar também que
essa pessoas da família depende da assistência direta do servidor e que não tem como ele prestar a assistência a pessoa doente junto
com a prestação do serviço público. Comprovando os três requisitos ele tem até 60 dias de licença com remuneração, dentro do
período de 60 dias pode ter menor quantidade de dias, que poderá ser prorrogado até o máximo de 60 dias. Passados os 60 dias é
possível prorrogar por até 90 dias, contudo esses 90 dias não serão remunerados. Sendo que qualquer prorrogação depende da
comprovação de todos aqueles requisitos. Esses prazos mudaram. A lei estabelece uma regra de que para requerer nova licença por
motivo de doença familiar deverá transcorrer um prazo de 12 meses de prestação de serviço, só então poderá requerer de novo.

16.2
* Afastamento do Cônjuge (EP): é possível desde que o cônjuge do servidor tenha sido afastado a trabalho para qualquer
ponto do território nacional ou do exterior, enseja ao servidor o direito de requerer licença para acompanhar o cônjuge, contudo essa
licença não dá direito a remuneração, poderá ficar afastado pelo tempo que for necessário mas não receberá remuneração nesse
tempo.
A jurisprudência entendia que a licença por motivo de afastamento do cônjuge entendia que essa licença era discricionária,
mas o STJ passou a entender que se o sujeito comprovar os requisitos objetivos o ato é vinculado e administração publica não poderá
nega-la. Por isso ainda que na lei esteja escrito pode, devemos entender que deve. A lei define que se esse cônjuge que foi afastada a
trabalho for servidor publico de qualquer esfera de poder, o cônjuge que vai acompanha-lo e que também é servidor, poderá requerer
uma lotação provisória em qualquer órgão da administração publica estadual ou municipal, em cargo compatível com o meu no âmbito
federal, concessão essa que também é vinculada.
* Serviço militar (EP): é vigente durante a prestação do serviço militar e é definida por legislação especifica. Essa licença é
remunerada, o que não se confunde com o disposto na lei que diz que terminado o serviço militar e junto a isso a licença, o servidor
terá 30 dias para retornar ao serviço publico contudo estes 30 dias não ensejam remuneração como ocorria no prazo de licença para
serviço militar. Essa é a única licença que não suspende a contagem do estágio probatório, dentre as que podem ser concedidas
durante o estágio probatório (3 anos).
*Exercício de atividade política (EP): não é a licença para quem se elegeu, pois este faz jus a um afastamento, o que
inclusive é regulamentado na constituição. Essa licença aqui é para o servidor que quer se candidatar e para tanto terá que se afastar
de qualquer cargo de confiança ou de atividades fiscalizatórias. A regra é que desde que ele é escolhido na convenção do partido até a
véspera do registro da candidatura na justiça eleitoral, o servidor tem direito a uma licença sem remuneração. Depois, do registro da
candidatura até 10 dias após as eleições ele tem direito a uma licença com remuneração. Entretanto esta parte remunerada da licença
só pode durar no máximo 3 meses, que poderá ser tirado na hora que quiser dentro do prazo mencionado (entre o registro e até 10
dias após as eleições).

As três licenças seguintes são exclusivas de servidores que já adquiriram estabilidade:


* Capacitação: veio substituir a licença premio que não existe mais no âmbito federal, ainda que persista em alguns estatutos
estaduais. A licença capacitação significa que a cada 5 anos no serviço publico o servidor tem direito a 3 meses de licença para fazer
um curso de capacitação profissional no interesse da administração, sendo que os períodos para licença capacitação não são
acumuláveis. Ressalta-se que a licença capacitação é remunerada.
A jurisprudência vem admitindo licença para aqueles que querem escrever a tese de mestrado e doutorado, é para escrever
e não para fazer o mestrado e o doutorado, pois para isso existe o afastamento. O servidor não pode requerer durante o estagio
probatório mas o estagio probatório conta para os 5 anos no serviço publico federal, bem como a soma de tempo de serviço em cargos
diferentes, sempre atento que ainda que tenha 5 anos mas que em virtude desse novo cargo ele ainda esteja no estagio probatório,
não será possível a concessão da licença capacitação por não poder ser concedida a quem está em estágio probatório.

16.3
* Interesse particular:desde que não esteja no estagio probatório, poderá requerer licença para interesse particular que é
imotivada, o motivo é particular e não deve ser exposta. Em compensação essa licença é discricionária, ainda que a administração não
tenha nenhuma razão para concede-la por não saber o motivo, ela será concedida se for de interesse publico e é precária, ainda que
tenha prazo determinado, poderá ser revogada e o servidor terá que voltar no momento exato, desde que por necessidade do serviço.
Não é remunerada e pode ser concedida por até 3 anos improrrogáveis e quem define o prazo é a administração. Para requerer nova
licença terá que esperar pelo menos 60 dias.
* Mandato Classista: licença concedida ao servidor que vai exercer função de direção ou representação em entidade de seus
pares/ de sua classe/ de sua carreira. Também não poderá ser eleito e ter direito a licença se não tiver passado 3 anos, que é o
estagio probatório. A licença é sem remuneração pois ele será remunerado pela entidade de classe e licença dura o tempo do mandato
classista, destaca-se que ele não é obrigado a pedir se ele conseguir conciliar o serviço publico e o mandato classista, se ele for
reeleito admite-se uma prorrogação. Essa é uma exceção a regra geral de que as licenças não remuneradas não contam como tempo
de serviço pois esta licença conta como tempo de serviço para todos os efeitos, menos para fim de promoções de merecimento pois
ele não está atuando no serviço publico efetivo dele.

- Concessões:são situações nas quais o servidor pode se ausentar do serviço e o tempo que ele se ausenta é contato
efetivamente como tempo de serviço para todos os efeitos, dividem-se em concessões gerais que alcançam todos os servidores
públicos e as especiais que são concedidas a determinados servidores que tem situações peculiares pessoalmente.
39

*Gerais: um dia para fins de doação de sangue. Sem limite temporal como ocorre na legislação trabalhista; até dois dias
para alistamento eleitoral, mudança de domicilio eleitoral, realistamento (modificação em 24 de dezembro naquela mesma medida
provisória) e 8 dias para casamento (licença gala) ou luto (licença nojo).
* Especiais: são concessões especificas a direcionada ao estudante que tem o direito a horário especial para conciliar o
horário das aulas e do trabalho, com compensação de horário se houver diminuição de jornada. A doutrina vem admitindo servidores
estudantes em qualquer tipo de estudo; além do estudante também há concessão especial de horário para servidores que sejam
portadores de deficiência ou que tenha doença sem necessidade de compensação de horário desde que a junta médica demonstre e
justifique, ou seja, ele pode ter redução de jornada se a junta médica achar necessário e; para aquele que tem familiar que tem
necessidades especiais, tem direito a horário diferenciado mas com compensação de horário.

Além das licenças e das concessões também existem os afastamentos:


- Afastamento:
* Afastamento para cargo em comissão: de acordo com a lei é possível afastamento para servir a outro órgão, o que poderá
ocorrer em dois casos: se ele for exercer cargo em comissão e nas hipóteses definidas por lei especifica. Esse afastamento de servidor
que sai para exercer cargo em comissão chama-se de cessão, pois o servidor publico federal é cedido para servir outro órgão. O ônus
da cessão é do órgão cedente que é o que tem o servidor publico e não o órgão cessionário, se o servidor for cedido para outro órgão
da união. Por outro lado se ele for cedido para órgão do DF, estados ou municípios o ônus da cessão é do cessionário, o que pode ser
definido no ato de cessão de forma diversa. Os servidores que estiverem em estagio probatório apenas poderá ser cedido para exercer
cargos em comissão em outro órgão se for para exercer cargo DAS 4, DAS 5, DAS 6, especial ou ministro, portanto DAS 4 para cima,
se não estiver em estagio probatório não existe essa restrição.

16.4
* Afastamento para exercício de mandato eletivo: não é a licença para atividade política mas a daquele que já foi eleito,
quando vai requerer afastamento para exercer mandado eletivo (art.38 CRFB e art.94 8112), de modo que vale para qualquer esfera
de governo. Se ele foi eleito para cargo político para cargo eletivo no âmbito da união, estado e DF e vai receber o subsidio do cargo
eletivo. No caso de prefeito a lei determina que ele se afasta do cargo eletivo mas pode optar por qual das duas remunerações ele
quer e se for vereador, se houver compatibilidade de horários ele pode acumular os cargos e acumulando funções acumula também as
remunerações, contudo, se não houver compatibilidade de horário ele terá que se afastar do cargo efetivo e vai ter que optar entre a
remuneração de vereador e a que tinha como servidor. Note-se que cargo eletivo é sempre subsídio.
Em todos os casos ele se afasta e continuará contribuindo para o regime próprio de previdência mesmo que esteja afastado,
de modo que o tempo é contado como tempo de contribuição normalmente. O tempo de afastamento conta como tempo de serviço
para todos os efeitos menos para promoção por merecimento.
* Afastamento para estudo ou missão no exterior: qualquer missão de interesse publico ou estudo fora do país, de acordo
com a lei esse afastamento é remunerado também e quem define a forma de remuneração é a legislação própria do cargo. A lei diz
que vai ser concedido pela administração e pode durar até o máximo de 4 anos, o prazo real será definido pela administração. Depois
que o servidor retorna, pelo mesmo período que ele ficou afastado, que pode ser no máximo 4 anos, ele fica impedido de ser
exonerado a pedido e de requerer licença para interesse particular. Se ele quiser ainda assim, ele pode, mas terá que fazer
ressarcimento ao erário de todos os gastos que a administração teve com ele durante o período de afastamento para estudo ou missão
no exterior.
Essas hipóteses de afastamento podem ocorrer durante o estágio probatório e são contados para o período de estágio. A lei
dispõe que se ele for afastado para servir um organismo nacional que o Brasil participa ou coopera, ele está exercendo uma missão de
interesse público fora do país mas nesse caso é diferente e o afastamento será sem remuneração, porque como regra ele será
remunerado pelo organismo internacional, além de que o período que ele ficar lá será suspenso o prazo de estágio probatório se ele
ainda estiver.
* Afastamento para pós-graduação strictu sensu no Brasil: inserido em 2009 na 8112. Essa modalidade de pós é mestrado,
doutorado e pós-doutorado, e não aquela pós graduação no sentido de especialização.Deverá demonstrar que é impossível conciliar a
pós strictu sensu com a execução do serviço publico, ainda que tenha concessão de horário especial, caso em que poderá se afastar.
O servidor que queira fazer essa pós, terá que ter 3 anos de exercício na função se ele quiser afastamento para mestrado e 4 anos de
exercício para o doutorado e pós-doutorado. Além disse ele terá que comprovar ainda que nos últimos 2 anos não foi concedida a ele,
licença para interesse particular, licença para capacitação ou afastamento para pós graduação strictu sensu. No caso de pós
doutorado ele terá que comprovar que não gozou nos últimos 4 anos de licença para interesse particular e afastamento para pós strictu
sensu. Se ele voltar sem o certificado/diploma’titulação de pós strictu sensu ele terá que ressarcir o erário os gastos que teve com o
afastamento. Ademais, ele fica afastado pelo tempo necessário, depois que ele voltar, pelo menos tempo que ele ficou afastado, ele
terá que se manter na função pública que estava o tempo que ele ficou afastado. Caso ele não queira se manter na função, terá que
ressarcir os custos também, visto que este afastamento é remunerado integralmente, podendo receber até mesmo uma bolsa pelos
estudos.

17a aula – Direito Material – Agentes Públicos


17.1
Regime Disciplinar
Art.116 em diante da lei 8112. Regime que estabelece as sanções de natureza administrativa ao servidor, sem prejuízo das
sanções de outros âmbitos do direito. Passou alguns minutos marcando a lei. O STF vinha entendendo que a impossibilidade de
retorno ao cargo publico pelo servidor em virtude da pratica dos crimes circulados por ele no artigo 132, mas o entendimento ainda não
é pacífico.
O artigo 132, incisos II e III traz as seguintes hipóteses: abandono de cargo ocorre quando o servidor se ausenta por mais de
30 dias consecutivos de forma intencional ensejando a demissão, se ele não faltar mais de 30 dias consecutivos intencionalmente, mas
se ausentar 60 dias interpolados no período de 12 meses injustificadamente também é hipótese de demissão como inassiduidade
habitual.
A penalidade mais grave é a demissão e obviamente, é aplicada as infrações mais graves e a competência para aplicação
das sanções de improbidade é do chefe do poder ao qual o servidor está vinculado. Ressalta-se que no caso do ministério publico,
ainda que não seja poder propriamente dito, será o procurador-geral da união. Lembrando que essa competência é delegável pois não
está entre as hipóteses de indelegabilidade. Prescreve em 5 anos do conhecimento do fato, o prazo para a administração punir o
servidor infrator. Quem tem que tomar conhecimento do fato não é necessariamente a autoridade competente, mas a administração
publica genericamente considerada.
Cassação de aposentadoria e cassação de disponibilidade: são as mesmas hipóteses da demissão, é tudo igual, o que
muda é a situação funcional do servidor, pois se ele está em atividade será demitido, mas se está em disponibilidade ou aposentado,
40

aplica-se a cassação. Sendo que quanto a eles, a infração punível com demissão deve ter ocorrido enquanto ele estava na atividade.
Ressalta-se que é possível cassar a disponibilidade do servidor público em outra situação que não existe para a demissão, qual seja, a
hipótese do servidor que está em disponibilidade em virtude da extinção do cargo dele ou da declaração de desnecessidade do cargo,
se por ventura surgir o cargo e ele for convocado para fins de aproveitamento e ele não comparecer no prazo determinado, tendo em
vista que é obrigatório, terá sua disponibilidade cassada.
Existem quatro hipóteses objetivas de suspensão, quais sejam a dos incisos XVII e XVIII do artigo 117, bem como a
reincidência em infração punível com advertência, não precisando que seja a mesma infração, ou seja, duas advertências ensejam
uma suspensão.
OBS.: existe um prazo chamado prazo de cancelamento de registro. Cada servidor tem um
assentamento individual, onde é registrado tudo sobre ele, inclusive as penalidades que o servidor
sofrer, para tanto a lei estabelece que se o servidor comete uma infração que foi registrado e depois
ele não pratica nenhuma infração durante um período, a ficha dele será limpa, ou seja, será cancelado
o registro acerca daquela penalidade que foi registrada.No caso de advertência o registro é cancelado
apos 3 anos da aplicação da pena e se for de suspensão, o registro é cancelado após 5 anos da
aplicação da pena. De modo que passado esse prazo, em virtude de nova infração, não haverá
reincidência, pois já foi cancelada a penalidade anterior.

17.2
A reincidência em infração punível com advertência enseja uma suspensão automática, o que não significa dizer que sua
suspensões ensejam uma demissão automática, deverá ser avaliado o caso específico. O prazo máximo de suspensão é de até 90
dias, a administração vai determinar o tempo em ato discricionário. A lei estabelece que desde que justificado, por interesse da
administração, a penalidade de suspensão, tendo em vista que a administração não poderá ficar sem o serviço prestado por ele,
poderá ser substituída por uma multa de 50% do salário do servidor, diferente do que ocorre no caso da suspensão em que ele não
recebe nada, lembrando que 90 é o limite e ele receberá metade do salário durante o prazo de substituição.
Também é punível a suspensão em caso de recusa a inspeção médica, solicitada pela administração publica, ex. servidor
que opera raio X. Esta suspensão tem duas peculiaridades, pois não poderá ultrapassar 15 dias. Neste caso a suspensão tem um
caráter muito mais coercitivo do que punitivo, tanto é que se ele se submeter a inspeção médica durante a pena, ela será cessada
automaticamente.
O prazo de prescrição para aplicação da penalidade de suspensão é de 2 anos do momento em que a administração tomou
conhecimento do fato. O prazo de cancelamento de registro é de 5 anos como trazido acima. A competência na suspensão varia de
acordo com o prazo, até 30 dias, o próprio chefe imediato do servidor poderá aplicar, se for aplicar penalidade por mais de 30 dias até
90 dias, a lei determina que quem deverá aplicar é a autoridade imediatamente inferior àquela competente para aplicar demissão.
Destituição de cargo em comissão ou função de confiança: penalidade a ser aplicada a servidor de confiança, poderá
perder/ser destituído do cargo se cometer qualquer das infrações punidas com suspensão ou demissão.
OBS.: A aplicação de qualquer pena, depende de prévio processo disciplinar, ou seja, não é possível
aplicar penalidade sem processo. Ainda que a exoneração do servidor comissionada seja livre, a
destituição é penalidade e portanto, apenas poderá ser aplicada mediante processo administrativo, que
respeite o contraditório e ampla defesa.
O prazo de prescrição para aplicação da penalidade de destituição é de 5 anos, no momento em que a administração tomou
conhecimento do fato e a própria autoridade que nomeou tem competência para destituir.
A penalidade mais leve de todas é a advertência, que é aplicada em hipóteses de infrações mais leves (art.117 I a VIII), a
prescrição para aplicação da penalidade de advertência é de 180 dias contados do momentos em que a administração publica tomou o
conhecimento do fato, sendo que a competência para aplicar advertência, bem como a suspensão até 30 dias, é do chefe da
repartição. Lembrando que a advertência será cancelada no prazo de 3 anos, se ele não se tornar reincidente antes desse prazo.
Responsabilidade do servidor publico tem a possibilidade de ser transmitida entre varias instancias, ou seja, por uma única
infração ele pode ser punível até 3 vezes, logo sofrer três sanções, punido na esfera, penal, civil e administrativa por uma única
infração. Inclusive pode ser punido em uma e absolvido em outra, ou até mesmo ser punido nas três sem que enseje bis in idem,
porque em regra, existe independência das instancias (não interdependentes – que nesse caso elas dependeriam umas das outras),
mas como toda regra, comporta exceções trazidas pela própria lei, pois se o sujeito for absolvido na esfera penal por inexistência do
fato ou negativa de autoria, obrigatoriamente ele terá que ser absolvido na esfera civil e administrativa.
Nos casos de penalidade de advertência ou suspensão por até 30 dias, não precisará de processo administrativo disciplinar
propriamente dito, sendo suficiente a realização de uma sindicância, que é um processo administrativo simplificado, portanto, ainda
que a lei possa confundir, segue sendo aplicada a regra de que não é possível penalidade sem que haja processo administrativo
anterior. Inclusive essa sindicância deve durar 30 dias, sendo admitida uma prorrogação de até 30 dias, esse prazo não é absoluto, é
um prazo impróprio, pois o desrespeito ao prazo não gera nulidade do processo.

17.3
Da sindicância é possível que decorram três resultados: arquivamento do processo por absolvição do servidor; verificando
que o sujeito cometeu a infração, será aplicada a penalidade que pode ser advertência ou suspensão por até 30 dias; existe ainda uma
terceira opção, que é a hipótese de que no bojo da sindicância seja constatado que a penalidade para a infração deve ser mais grave e
como ela não pode aplicar a pena, dela decorrerá a instauração do processo administrativo disciplinar. Se já se sabia que a penalidade
era mais pesada, terá que ser instaurado processo administrativo de imediato e não a sindicância antes.
Instaurado o PAD surgem algumas questões, quem está respondendo a PAD não poderá ser exonerado a pedido nem
aposentado voluntariamente, primeiro terá que terminar de responder, para que só depois possam ser concedidas essas questões. A
instauração do PAD interrompe o prazo de prescrição para a aplicação da pena na via administrativa, o STJ desde 2011-2012
começou a dizer que o prazo fica interrompido durante 140 dias, depois reinicia a contagem do zero tendo em vista a interrupção.
Ademais, a autoridade administrativa pode determinar o afastamento preventivo do servidor de forma cautelar, para tanto o
administrador terá que demonstrar que a manutenção dele no cargo pode atrapalhar o processo disciplinar, sendo que esse
afastamento preventivo será de no máximo 60 dias, prorrogáveis por mais 60 dias, ainda que o processo esteja ainda em tramitação o
servidor volta ao cargo, tendo em vista que o prazo de afastamento é peremptório. Insta frisar que o afastamento preventivo é com
remuneração pois o afastamento preventivo não é penalidade.
Com ou sem afastamento preventivo, o PAD é instaurado com uma portaria que designa, constitui e instaura a comissão do
PAD, o entendimento hoje é que essa portaria faz uma descrição sumária dos fatos, na qual designa a comissão processante, durante
a instrução probatória os fatos serão analisados minuciosamente. O importante da portaria então é a constituição da comissão do PAD,
sendo que a comissão deve ser composta necessariamente por três servidores públicos estáveis no serviço público e não na carreira,
como entende o STJ. Determina ainda que os servidores não podem ser parentes do acusado até o 3 o grau civil do acusado, nem
cônjuge ou companheiro do acusado. Um dos três membros é o presidente da comissão, que também deverá ter cargo ou nível de
escolaridade, igual ou superior ao do acusado.
41

Instaurado o PAD pela designação da administração, passa-se ao inquérito administrativo que nada mais é do que uma fase
do processo administrativo disciplinar. O inquérito administrativo se divide: na instrução probatória, apresentação de defesa e relatório
da comissão processante. Se admite no PAD todos os meios de prova, inclusive a prova emprestada, de acordo com o STJ, porque a
prova emprestada tem natureza de prova documental e pode ser reutilizada, desde que tenha sido licitamente produzida na origem.
Produzidas as provas e instruído o processo, abre-se prazo de 10 dias para a defesa, existem duas exceções: se não encontrando o
acusado para apresentar defesa, será intimado por edital, caso em que ele terá prazo de 15 dias para apresentar defesa; outra
hipótese é no caso em que existe mais de um acusado no mesmo processo, caso em que o prazo de defesa passa a ser de 20 dias.
Súmula vinculante 05 – que diz que não há nulidade do PAD por ausência de defesa técnica, que é opção do acusado, logo o
particular acusado pode apresentar sua própria defesa. A lei traz mais uma regrinha, se o particular acusado demonstrar a
necessidade de realização de diligencias indispensáveis admite-se a contagem em dobro desses prazos para apresentação da defesa.
Depois de apresentada a defesa o processo segue, se ele não apresentar a defesa opera-se a revelia que no processo
administrativo não produz os efeitos do processo civil, aqui a revelia é a não apresentação de defesa dentro do prazo de lei, no PAD o
efeito da revelia é a nomeação de um defensor dativo, pois neste caso o processo terá que conter defesa e esse defensor dativo não
precisa ser advogado, apenas precisa ter cargo ou nível de escolaridade igual ou superior ao do acusado.

17.4
O sujeito apresenta defesa, seja ele ou o defensor dativo apresentando por ele, no momento em que é designado, o
defensor dativo tem o prazo de 10 dias para apresentar defesa. Com isso, o processo segue para a comissão processante que vai
elaborar um relatório que tem natureza jurídica de parecer, pois ele relata o que ocorreu e ao final opina concluindo algo e informa qual
é o entendimento da comissão acerca da situação. Este relatório não é vinculante, porém a lei traz que o julgador teria que seguir a
conclusão do relatório, salvo se ela for contraria a prova dos autos, de modo que entendia-se que o relatório é vinculante. Contudo
hoje, o STF considera que o relatório é conclusivo mas não é vinculante, porque parecer vinculante não pode ser contrariado em
nenhuma hipótese e como nesse caso existe hipótese de contrariar, entende-se que o relatório da comissão é conclusivo mas não
vinculante.
Posteriormente o processo é encaminhado para julgamento da autoridade competente, lembrando que o PAD tem um prazo
impróprio de 60 dias prorrogáveis por mais 60 dias, quando então, segue para a autoridade competente, que deve proferir o
julgamento em no máximo 20 dias, logo o processo todo tem 140 dias, mas se o processo não tiver acabado não há nulidade, mas o
prazo de prescrição que estava interrompido volta a correr. Neste sentido, o STJ entende que é admissível a prescrição intercorrente
no processo administrativo, pois a prescrição vai correr enquanto o processo estiver em curso se já tiverem se passado os 140 dias e o
processo não tenha acabado.
O julgamento deve ser proferido por autoridade competente e deve ser realizado com motivação, inclusive se admite a
motivação aliunde que é aquela “copiada” remetendo ao relatório, utiliza-se um ato anterior que embasou a pratica do ato pelos
fundamentos apresentados nele (aplico a pena tal, pelas razoes apresentadas no relatório).
A lei 9784 que é a lei geral de processo administrativo deve ser aplicada subsidiariamente, de forma que deve ser aplicado
no PAD as hipóteses de impedimento e suspeição.
É possível que seja discutida a decisão judicialmente, não precisando haver o esgotamento da instancia administrativa para
tanto, mas administrativamente o sujeito tem a possibilidade de impugnar (sumula vinculante 21 – caução e deposito prévio recurso
administrativo). A interposição de recurso administrativo no PAD, assim como na maioria dos casos (exceção da licitação) não tem
efeito suspensivo, caso a caso é possível que se dê efeito suspensivo a ele, fica a critério da autoridade competente.
Na 8112 existem três hipóteses de impugnação da decisão: recurso, reconsideração e revisão, que tem forma
completamente diferente da lei 9784. O interessado tem prazo de 30 dias para interposição de recurso e de pedido de reconsideração,
o que os diferencia é a autoridade competente para julgar, o pedido de reconsideração é proferido pela própria autoridade competente
que proferiu a decisão, pois o pedido de reconsideração pede um pedido de retratação da autoridade, já o recurso é direcionado à
autoridade superior na tentativa de modificação da decisão. E não se excluem, pode em 30 dias fazer pedido de reconsideração, se
negado, tem mais 30 dias para interpor recurso.
Lembrando que o processo apenas pode tramitar em 3 instancias, desde que haja hierarquia, então, se tiver hierarquia
suficiente, é possível que a pessoa interponha 2 recursos. Ademais, cada novo recurso interposto interrompe o prazo prescricional
novamente. Da decisão originária sempre deverá primeiramente realizar pedido de reconsideração, se não for favorável, poderá
recorrer, do recurso é possível recorrer novamente ou pedido de reconsideração da decisão recursal. Não é possível a existente de
pedido de reconsideração do pedido de reconsideração.
Lembrando que no direito administrativo não há vedação, à reforma da decisão recorrida que incorra em reformatio
in pejus, em decorrência do principio da autotutela e da legalidade.
Além do pedido de reconsideração e do recurso, a lei também prevê a possibilidade de revisão, caso em que mesmo depois
de exauridas as possibilidades de recurso e transitada em julgada a decisão administrativa, é possível que o particular peticione para
requerer a revisão do processa, o que não tem prazo, mas deverá ser acompanhado por fatos novos que justifiquem o pedido, neste
caso, não será possível a incidência da reformatio in pejus. Sendo que fatos novos não são fatos que ocorreram depois, mas que
ocorreram antes do processo e que não foram analisados ao tempo do processo, por diversos motivos, por exemplo, não era
conhecido, o pedido de revisão abre um novo processo administrativo e quem julga a revisão é a autoridade que proferiu a decisão
originária.
É possível um processo diferenciado no caso de abandono de cargo, art.133 da lei 8112, em que poderá ocorrer processo
administrativo sumário, se o sujeito não fizer a opção que deverá fazer, será instaurada uma comissão que deve ter 2 servidores
estáveis e tem um prazo de 5 dias de defesa, sendo que a opção poderá ser feita até o ultimo dia do prazo, posteriormente ocorre o
julgamento e a penalidade a ser aplicada, se verificada a infração resultará em demissão, o prazo impróprio de todo o processo
sumário é de 30 dias prorrogáveis por mais 15 dias. Esse rito sumário se aplica nos casos de abandono de cargo, acumulação de
cargos e inassiduidade habitual.

18a aula – Direito Material – Agentes Públicos


18.1
Previdência do Servidor
No brasil existem dois regimes obrigatórios de previdência, ou seja, o regime geral de previdência social que é o do INSS e
se aplica a todos os que exerçam atividade remunerada e não tenham regime próprio direcionada a eles, de modo que dentre esses
estão os servidores celetistas, temporários ou detentores somente de cargos em comissão – por não serem efetivos ainda que
estatutários; e o regime próprio de previdência que é aplicável a todos que tem esse regime que são os detentores de cargos efetivos e
que tem o regime instituído no ente a qual você está subordinado e que é gerido por ele (ente), se o ente não instituiu regime próprio,
os servidores iram contribuir para o regime geral.
-> É regulamentado pelo texto da constituição, pois isso foram retirados alguns artigos da 8112: marcar com X em cima, os
artigos 186, com exceção do parágrafo 1o, assim como art.187, 189 e 191 a 194. Essa matéria de previdência dos servidores públicos
42

é regulamentada pela constituição, o artigo 40 da CRFB foi alterado por duas emendas constitucionais (reformas da previdência)
emenda 20/98 e 41/03, quando as regras da 8112 deixaram de valer.
O artigo 40 regulamenta a aposentadoria do servidor publico e o regime próprio tem algumas características, quais sejam:
- Solidariedade: não necessariamente a pessoa contribui para beneficio próprio, mas para manutenção do sistema, não
existindo obrigatoriamente uma correlação lógica entre a contribuição e o beneficio porque o regime é solidário e não direto.
- Contributivo: para fins de aposentadoria o que importa não é o tempo de serviço do servidor mas o tempo de contribuição,
que pode ou não ser similar ao tempo de serviço. Inclusive em virtude dessa situação é vedada a contagem fictícia de tempo de
contribuição, pois ela impede a realidade. Mas é possível a contagem reciproca, ou seja, todo tempo de contribuição em qualquer
regime pode ser aproveitado no regime próprio para efeitos de aposentadoria. Se a pessoa contribui ao mesmo tempo para dois
regimes não ë possível aproveitar o tempo de contribuição do regime próprio no regime geral ao mesmo tempo, pois admite-se a
contagem reciproca mas não a simultânea. O que poderia ocorrer é que se a pessoa contribuir a vida inteira para os dois, ela poderá
aposentar pelos dois, recebendo duas aposentadorias.
Existem três espécies de aposentadoria:
- Invalidez: realizada por meio de laudo medico oficial que deve atestar a invalidez permanente do servidor, não é eterna,
significa que a pessoa pode melhorar, de forma que a lei estabelece que o servidor aposentado por invalidez a qualquer tempo será
submetido a exames por junta medica para saber se ele tem condições de retorno. A aposentadoria por invalidez é paga proporcional
ao tempo de contribuição. Existem três hipóteses em que a aposentadoria por invalidez será integral: se decorrer de acidente em
serviço; moléstia profissional; e se decorrer de doença grave contagiosa ou incurável na forma da lei.
No âmbito federal, ou seja, na lei 8112 art.186, parágrafo 1o que traz o rol das doenças que ensejam a aposentadoria por
invalidez com proventos integrais. O STJ entende que o rol desse artigo é meramente exemplificativo, então é possível que uma
doença grave ainda que não esteja no rol da lei enseje a aposentadoria por invalidez com proventos integrais. Ademais, o STJ entende
que se advier uma doença grave no curso da aposentadoria por invalidez, será convertida em aposentadoria por invalidez com
proventos integrais em virtude do alcance aos requisitos necessários para tanto.
- Compulsória: 70 anos de idade, feita com proventos proporcionais ao tempo de contribuição. Aos 70 anos existe uma
presunção absoluta de incapacidade para prestar o serviço ainda que ele tenha essa capacidade. Também, não tem a opção de
continuar contribuindo para aumentar o valor de aposentadoria. Vai se aposentar no dia que completar 70 anos.

18.2
- Voluntária: feita por vontade do servidor publico desde que cumpra os requisitos constitucionais, caso em que tem direito à
aposentadoria. Se divide em aposentadoria voluntaria integral e proporcional. Para fazer jus a aposentadoria voluntaria, o sujeito terá
que demonstrar 10 anos de serviço publico, sem que os últimos 5 necessariamente tem que se dar no cargo da aposentadoria dele. No
caso da integral, se homem tem que ter 60 anos de idade e 35 anos de contribuição e se mulher tem que ter 55 anos de idade e 30
anos de contribuição. Se ele atender os requisitos e não quiser aposentar, receberá um abono permanência mês a mês, que é o valor
da contribuição previdenciária dele. No mesmo contracheque desconta a contribuição previdência e paga a contribuição previdenciária,
então ele não deixa de contribuir, apenas é abatido o valor da contribuição no valor do abono da contribuição, então elas por elas e ele
passa a receber o salario inteiro sem desconto previdenciário pois o abono irá suprir este valor.
Contudo se o servidor publico exerce a atividade magistério (professores) ele tem um benefício regulamentado na própria
constituição e para consegui-lo terá que comprovar todo o tempo de contribuição em atividade ligada ao magistério (sumula 726 –
superada então não é só na sala de aula), sendo que a atividade de magistério deverá ser no ensino infantil, fundamental e/ou médio,
logo o professor universitário está fora do beneficio. Se ele cumprir estes requisitos ele poderá se aposentar 5 anos antes, logo o
homem aposenta com 55 anos e 35 de contribuição e a mulher aposenta com 50 anos e 30 de contribuição. O beneficio deles é
somente na aposentadoria voluntaria integral. Se não alcançar o tempo de contribuição, poderá aposentar com proventos
proporcionais se tiverem mais idade, ou seja, o homem 65 anos e a mulher 60 anos. Hoje a aposentadoria proporcional é apenas por
idade, não tem por tempo de serviço.
O texto constitucional estabelece que essas são as hipóteses de aposentadoria voluntaria integra e nenhuma lei poderá
estabelecer critério diferentes destes, não podendo estabelecer critérios nem mais radicais e nem mais benéficos. Mas tem exceção, é
vedada a criação de critérios diferenciados, salvo por meio de lei complementar, para servidores portadores de deficiência; que
exercem atividade de risco e para aqueles que exercem atividade prejudicial a saúde. Trata-se de norma de eficácia limita, enquanto
não for editada a lei complementar eles seguem a regra geral. Mas isto estava dando problema, este ano 2014 foi editada a sumula
vinculante 33 que passou a estabelecer que para os servidores que exerçam atividade prejudicial a saúde, caso não haja lei
complementar que regulamente a aposentadoria deles, poderão se valer da aposentadoria especial nos moldes do regime geral de
previdência. A sumula veio tentar suprir a omissão legislativa.

Alguns pontos importantes:


* Contribuição: hoje no regime próprio de previdência a contribuição do regime próprio é de 11%, sem variação de alíquotas
e sobre o valor total da remuneração ou do subsídio, não havendo a aplicação do teto do regime geral de previdência social que é de
R$ 4.000,00, isso vai mudando, mas no regime próprio não havia teto.Por isso, a emenda 41/03 acabou piorando a situação do
servidores do regime próprio que passaram a contribuir mesmo depois de inativos que abarca os aposentados e pensionistas, que
contribuem com 11% também, muda a base de calculo, os que ganham até o teto do regime geral não contribui, já aqueles que
ganham acima do teto do regime geral, que contribuirá com 11% sobre aquilo que a aposentadoria dele ultrapassar o teto do regime
geral.A partir de 2003 todos os inativos, inclusive os que já estavam aposentados, passaram a contribuir, o inativo que tenha doença
incapacitante, só contribui naquilo que o provento de aposentadoria dele ultrapassa o dobro do teto do regime geral.
A emenda 41 trouxe também que a partir de então os servidores do regime próprio teriam que seguir o teto do regime
geral.Mas para isso antes o ente federativo tinha que criar um regime complementar de previdência publica, de forma que os
servidores teriam que contribuir para esse regime para complementar o valor de aposentadoria deles, então não se aplica esse teto,
enquanto o ente federativo não criar esse regime complementar, de forma que os servidores continuam contribuindo sobre tudo e
aposentando sobre tudo e quando for instituído será opcional ao servidor já ocupante de cargo publico optar.
No âmbito federal foi criada a FUNPRESP (lei 12. 618) que é o regime complementar de previdência social dos servidores da
união.

18.3
Desde 2013 quando foi regulamentada a FUNPRESP, os servidores contribuem até o teto e se quiserem ganhar além, terão
que contribuir para esse regime complementar. Os que já estavam podem optar por manter o regime anterior. Na maioria dos estados
e municípios o regime não foi criado ainda, então continua como era antes ainda. É possível que os entes federativos façam adesão à
FUNPRESP.

O servidor público inativo tinha dois benefícios que deixou de ter, quais sejam: a integralidade e a paridade no âmbito
federal. A integralidade era a garantia que o servidor tinha de que quando ele aposentasse o valor do provendo dele seria exatamente
43

o valor da ultima remuneração ou subsidio que ele tinha recebido. No lugar da integralidade se estabeleceu que o provento do servidor
do regime próprio é calculado exatamente igual ao calculo realizado para o servidor do regime geral.No regime geral é feita uma média
aritmética dos 80% maiores salários de contribuição do servidor. A paridade era a manutenção do aposentado aos direitos do servidor
na ativa, ou seja, o aumento dado ao servidor na ativa são estendidos ao servidor inativo. A paridade acabou e no lugar dela foi
inserido o art.40, parágrafo 8o, que diz que o servidor inativo tem direito a uma revisão geral anual, não precisa receber nada vinculado
ao servidor da ativa.

A aposentadoria é um dos benefícios da seguridade, mas ela tem outros benefícios, existem benefícios pagos ao segurado e
benefícios pagos aos dependentes dos segurados. Quanto aos segurados, existem:
- Aposentadoria: já estudado.
- Auxílio natalidade: beneficio pago ao segurado pelo nascimento de um filho, não pelo filho mas apenas pelo nascimento. O
valor dele equivale ao valor da menor remuneração do serviço publico federal (valor de um salário mínimo), se forem gêmeos recebe
meio para cada filho a mais em mesma gravidez (gêmeos – recebe 1 e meio). O auxilio natalidade é pago a servidora mulher se ambos
pais foram servidores. Se a mãe da criança não for servidora pública e o pai for servidor é pago ao homem. O auxilio natalidade é pago
inclusive no caso de natimorto.
- Salário família: pago continuamente ao servidor por cada dependente que ele tenha. Embora não esteja na 8112, o salario
família só pode ser pago a servidores de baixa renda que é determinada por ato infra-legal.São considerados dependentes: filhos,
inválidos até 21 anos, ou em caso de estudo até 24 anos, cônjuge ou companheiros e quaisquer dependentes comprovados. Mesmo
que o servidor esteja afastado ou licenciado, ainda que não esteja recebendo remuneração, continuará recebendo o salario família pois
este é pago pela seguridade social do servidor.
- Licença saúde: será concedida por problemas de saúde do próprio servidor e até 15 dias de licença saúde, não será
necessária licença médica, servindo o atestado médico do servidor pelo recursos humanos do órgãos. Quando for por mais de 15 dias,
tem que ter laudo médico do médico do órgão e mais de 120 dias no período de 12 meses, somente será permitida licença com laudo
expedido pela junta médica oficial. Lembrando que os problemas de saúde dão direito à contagem de serviço, salvo se ultrapassar 240
dias, quando não contará mais como tempo de serviço. A licença saúde costuma ser um caminho para a aposentadoria por invalidez.
- Licença para acidente em serviço: segue mais ou menos a mesma ideia da licença saúde, mas não tem limitação de tempo,
o tempo que ele precisar ficar afastado contará como tempo de serviço. A necessidade da licença decorreu do exercício na atividade
publica por isso a exclusão do prazo, aqui também devera ser feita a comprovação de que o acidente em serviço está impedindo ele
temporariamente ao exercício da função, posteriormente poderá virar aposentadoria, caso em que será com proventos integrais. É
considerado acidente em serviço qualquer prestação sofrida durante o serviço da atividade, bem como, qualquer acidente ocorrido no
trajeto casa-trabalho-casa.
- Licença gestante/adotante: sofreu alguns acréscimos. A principio a licença gestante é de 120 dias contados do parto,
havendo necessidade pode-se adiantar. Essa licença gestante sofreu uma alteração no ano de 2008 porque no âmbito federal se
editou uma lei do direito do trabalho dizendo que os empregadores tem a faculdade de ampliar a licença gestante por mais 60 dias. De
forma que, editou-se o decreto 6690/10 que ampliou e admitiu a prorrogação da licença gestante no âmbito publico federal por até 60
dias se a servidora requerer em até 30 dias contados do dia do parto.O problema é que a lei dizia que a adotante teria uma situação
diferenciada com relação a idade e o tempo de licença, inclusive o decreto trouxe hipóteses de prorrogações para as mães adotantes,
contudo essa diferença não é admitido mais pois o entendimento da jurisprudência é de que a servidora adotante tem o mesmo direito
da servidora gestante (a lei não modificou, então se vier o texto da lei pode marcar, ainda que não seja mais aplicado). Em caso de
aborto existe uma licença de 30 dias para retornar ao cargo público. em caso de natimorto são 30 dias para a realização de uma
período que avaliará se a mãe tem condição de retorno.
- Licença paternidade: o pai tem direito a 5 dias corridos, do nascimento do filho.

18.4
Os servidores segurador tem direito também a tratamento de saúde. Da mesma forma os dependentes tem direito de saúde
e mais 3 benefícios que são exclusivos deles, quais sejam: pensão por morte, auxílio reclusão e auxilio funeral. Discriminadamente:
- Pensão por morte: o cálculo da pensão foi alterado com a emenda 41/03, se o sujeito ganhar até o teto do regime geral, o
valor da pensão será o mesmo da aposentadoria, se ele receber acima do teto, receberá o teto mais até 70% do superior daquilo que a
remuneração ou provento ultrapassar este teto. A pensão se divide em pensão vitalícia que é aquela paga a alguns dependentes que
receberam até o fim da vida dele, são eles: o cônjuge1;a desquitada/separada judicialmente que receba alimentos do se cujus 2;
companheiro3 – inclusive homoafetivos; pai ou mãe comprovando dependência econômica 4; pessoa designada com mais de 60 anos
de idade desde que dependente economicamente5. Sendo que o primeiro e/ou o terceiro, excluem o quarto e o quinto.
Existe também a pensão temporária, que é paga para alguns dependentes que podem perder a pensão por outros motivos,
são eles: filhos até 21 anos ou inválidos1; menor sobre guarda, até 21 anos2; irmão desde que órfão e que comprove dependência e
mesmo assim até 21 anos ou inválido3; pessoa designada até 21 anos ou inválido desde que comprovada até a dependencia 4. Neste
caso, 1 e/ou 2 excluem 3 e 4. Não se pode cumular mais de 2 pensões a custas do regime próprio de previdência.
As pessoas cabíveis receberam a pensão, sendo que 50% vai para a pensão vitalícia e 50% vai para as pessoas da pensão
temporária. CONCLUSÃO 1: havendo beneficiário dos dois grupos de pensão 50% vai para cada grupo, dividindo dentro dele pelo
numero de pessoas que tiver. CONCLUSÃO 2: excluído o dependente de um grupo, o seu valor acresce aos demais dependentes do
mesmo grupo. CONCLUSÃO 3: quem foi excluído no momento da abertura da pensão não volta mais para receber o benefício de
pensão, ainda que se modifiquem os fatos que poderiam ensejar o alcance dele. CONCLUSÃO 4: excluído um grupo, o valor acresce
ao grupo remanescente. O sujeito que a principio seria dependente que for condenado por crime doloso contra a vida do de cujus, está
excluído da pensão.
- Auxílio reclusão:pago aos dependentes do segurado preso, neste caso o auxilio varia, pois é possível prisão cautelar e
prisão definitiva. Em se tratando de prisão cautelar, os dependentes recebem a titulo de auxilio reclusão, 2/3 da remuneração do
servidor e se ao final do processo o servidor for absolvido, terá direito a integralização do montante que faltaram (os 1/3 retirado
durante o auxílio). Já no caso de prisão definitiva, a família receberá o auxilio reclusão de ½ da remuneração dele, desde que essa
sentença condenatória não enseje a perda do cargo, pois neste caso não terão direito ao auxilio.
- Auxíliofuneral:é pago aos dependentes do servidor em virtude da morte, serve para custear o funeral, será o valor de uma
remuneração do servidor. Hoje a jurisprudência entende que é o valor que gasta efetivamente com o funeral, limitado à remuneração
do servidor.De acordo com a lei é pago a quem custeou o funeral, ainda que não seja da família e deve ser pago por meio de um
processo sumaríssimo em até 48 horas da morte do sujeito, mas na prática costuma passar muito este prazo por ser impróprio
principalmente. Ele terá que comprovar o gasto.

19a aula – Direito Material – Improbidade Administrativa


19.1
44

Responsabilidade de pessoas físicas no que tange a improbidade administrativa. A ideia de probidade enquanto principio de
confunde um pouco com a ideia de moralidade, por isso parte da doutrina entende que são expressões sinônimas enquanto princípios.
A moralidade jurídica é a honestidade do agente púbica atuando em conjunto com o estado, devendo ser leal as instituições públicos,
não diz respeito necessariamente a desvio de verbas, mas a honestidade no que tange a atuação dele com a entidade publica. A ideia
de moralidade varia de acordo com os padrões de cada sociedade, mas de forma geral é essa atenção que respeita a moralidade no
que tange a forma de agir perante o ente estatal para o qual ele trabalha e participa, como funcionário e como cidadão pertencente a
sociedade administrada.
Probidade enquanto principio é equivalente ao principio da moralidade que é a ideia de honestidade e boa-fé de conduto.
Porém, quando se fala em improbidade administrativa, não estamos falando necessariamente em uma violação ao principio da
moralidade, hoje se entende que a ideia de improbidade é muito mais ampla que a ideia de moralidade, inclusive, é possível que se
pratique um ato de improbidade sem que se pratique uma ofensa à moralidade propriamente dita, tendo em vista o conceito mais
amplo.
A improbidade está prevista no art.37, parágrafo 4o a necessidade de regulamentação de lei que determine as infrações e as
sanções consideradas atos de improbidade. E já determina que a lei sancionará os atos com perda da função, suspensão dos direitos
políticos, ressarcimento ao erário e indisponibilidade de bens. Em 92 para regulamentar esse artigo foi editada a lei 8429.
Alguns doutrinadores apontam a inconstitucionalidade formal e material na lei de improbidade. Quanto a
inconstitucionalidade formal a matéria já foi julgada pelo STF em sede de ADI, sendo considerada constitucional a lei de improbidade
formalmente falando, alegaram que teria havido violação ao bicameralismo mas, de fato o projeto tramitou nas duas casas do
congresso nacional, o fato de não acatar todas as propostas realizadas pelo senado, não enseja a necessidade de retornar ao senado
após a analise da câmara, logo entende-se que o projeto de lei passou pelas duas casas antes de seguir para a sanção, logo, o fato de
não ter voltado para o senado após a analise e aprovação pela câmara, não enseja ofensa ao bicameralismo.
Já com relação a inconstitucionalidade material existem duas discussões, a primeira diz respeito ao fato de que o art.37
paragrafo 4o define um rol de sanções a serem aplicadas pela pratica do ato e a lei amplia o rol, sem base constitucional para isso. O
problema é que deve ser feita uma interpretação mais garantista do texto constitucional, logo o rol trouxe apenas as sanções mínimas
que a lei não poderia deixar de prever, o que não significa que ele restringiu única e exclusivamente a estas hipóteses de sanções, ou
seja, o rol é meramente exemplificativo que pode ser ampliado por disposição legal, como a lei fez, esse é o entendimento majoritária
na doutrina hoje e por isso a lei de improbidade não é inconstitucional materialmente por este fato.
Outro ponto, se refere à abrangência da lei de improbidade, discute-se que não haveria competência legislativa da união
para editar lei que trate de sacões aos servidores públicos e que se aplique a todos os âmbitos federativos, tendo em vista que a
competência para aplicação de sanção a servidores é competência concorrente. De forma que essa lei deveria definir as sanções
direcionadas aos servidores da união e os estados deveriam editar leis para regulamentar as sanções de seus servidores, pois
estabelecendo para todos a união estaria extrapolando a competência dos outros entes. Contudo, a lei 8429 não estabelece sanções
administrativas aos servidores públicos, mas estabelece sanções de natureza civil que se aplicam não só aos servidores mas a todos
os particulares que concorram induzam ou se beneficiem da pratica de atos de improbidade, logo, se aplica a agentes públicos
amplamente considerados, afinal, as sanções direcionadas aos servidores da união são regulamentadas na 8112.Afinal a competência
para legislar as sanções do direito civil é exclusiva da união, portanto não há incompetência, logo a lei é nacional e não federal.

19.2
Lei 8429 define os atos de improbidade praticados em face de entidades publicas e privadas que recebem o dinheiro publico
e as sanções aplicadas por esses atos. As sanções apresentadas em dita lei tem cunho de sanção civil sem prejuízo das sanções
penais e administrativas que o sujeito venha sofrer pelo mesmo fato, logo a ação civil aplicável é ação de improbidade ou ação civil
publica por atos de improbidade, tem natureza de ação civil publica, ainda que não siga a lei de ação civil publica (Lei 7347).
O sujeito ativo do ato de improbidade é o agente publica e também os particulares que concorram induzam ou se beneficiem
do ato de improbidade. A lei fala em agente públicos e a jurisprudência vem afastando algumas questões, pois agente publico é todo
mundo que atua em nome do poder público de alguma forma. O art.2o da lei 8429 que traz o conceito amplo de agente. Os particulares
em colaboração e os servidores estatais definidos na aula de agentes públicos, são indiscutivelmente considerados para efeitos de
improbidade, no que tange os agentes políticos que respondem por crime de responsabilidade estão afastados da lei de improbidade
pois responder pelos dois incorreria em bis in idem, a principio prefeitos, governadores, respondem perante a lei de improbidade, então
apenas não respondem pela lei de improbidade no caso de responsabilidade é o presidente da republica e os ministros de estado em
crimes conexos com ele não respondem pela lei de improbidade.
Logo, leia-se que respondem pela lei de improbidade todos os agentes públicos menos o presidente da republica e os
ministros de estado em crimes conexos com ele. Esse afastamento é jurisprudencial.
Os particulares que de alguma forma concorrerem, induzirem ou se beneficiarem da pratica do ato de improbidade também
responderá, ressalta-se que esse particular é particular mesmo, não confundir com particular em colaboração, ademais esse particular
não atuará sozinho, mas sempre junto a um agente público.
Sujeito passivo da administração publica, leia-se entes da administração direta e indireta, inclusive, sociedade de economia
mista exploradora de atividade econômica. Também são sujeitos passivos, as entidades privadas que recebem dinheiro público, ainda
que não componham a administração, por isso a lei as divide em dois grupos: aquelas em que o dinheiro publico concorre com mais de
50% do capital ou do patrimônio da entidade, ela é equiparada a um ente da administração publica para fins de improbidade, casos em
que a lei se aplica integralmente na proteção delas; e aquelas em que o dinheiro público configura menos de 50% do capital ou que
não tem capital público mas que atuam com benefícios/incentivos fiscais concedidos aquela entidade, nesses casos a lei de
improbidade se aplica no que tange as sanções patrimoniais e no limite do dinheiro publico, o dano causado ao patrimônio privado
delas deverá ser discutido em outra esfera que não a de improbidade. Este contexto está disposto no art.1 e parágrafo único da lei.

19.3
Os atos de improbidade são definidos pela lei em três grupos (art.9, 10 e 11 da lei 8429): são aqueles que geram
enriquecimento ilícito do agente, os dolosos ou culposos que causam dano ao erário e os que atentam contra princípios da
administração. Os três estão dispostos de maneira gradativa, o primeiro é mais grave e o último é o menor grave. Logo, a configuração
do ato de improbidade ocorre independentemente de dano patrimonial efetivo ao erário. Desde 2010 o STJ passou a entender que não
se pode presumir a modalidade culposa, de forma que quando a lei de improbidade quis admitir as sanções a titulo de dolo e culpa ela
expressou, logo se não está expresso, apenas poderá ser punido a titulo de dolo, ou seja, a necessidade de demonstração da má-fé
do agente para provar os outros atos que não o previsto no art.10, pois a lei não deixou claro que os outros dois aceitam a forma
culposa.
Se em um único ato o agente pratica as três condutas a infração mais graves absorve as mais leves, ou seja, se ele se
encaixa em mais de uma hipótese de improbidade em um único ato, sofrerá apenas a sanção mais grave.
As sanções do art.12 são:
45

ART.9 ART.10 ART.11


1. Perda da função 1. Igual o art.9 1. Igual o art.9
Obs.1) Julgado do STJ de 2014 disse que
a sanção incide sobre as funções que o
sujeito esteja exercendo no momento da
aplicação da penalidade e não o que ele
se valeu para praticar o ato. Existem
hipóteses em que a sanção penal incorre
em perda do cargo, no caso do art.9 a
perda do cargo é a própria sanção e não
acessória como no âmbito penal, pois
nesses casos perderá o cargo que se
valeu para cometer o crime.
Obs.2) Julgado do STJ de 2010 disse que
aplica-se a adequação punitiva às
condições pessoais do sujeito que está
sendo punido, se o sujeito está
aposentado não tem como perder o cargo,
mas em virtude da adequação, será
convertida em pena de cassação de
aposentadoria.
2. Perda dos bens acrescidos 2.Igual o art.9 2. Não há perda de bens porque não há
ilicitamente caso de bens acrescidos ilicitamente.
3. Ressarcimento ao erário: não pode 3.Igual o art.9 3. Ressarce se houver dano reflexo.
deixar de ser aplicado se houver dano.
Sequer considera-se como penalidade,
Pois é consequência do ato de
improbidade.
4. Suspensão dos direitos políticos: não 4. Mesma sanção mas aqui a suspensão é 4. Aqui suspense de 3 a 5 anos.
é perda ou cassação mas mera suspensão de 5 a 8 anos.
que pode durar de 8 a 10 anos, o que
automaticamente já enseja a perda da
função exercida.
Obs.3) Se a sentença for omissa em
relação ao prazo, se aplica o menor prazo
cabível para a infração praticada.
5. Multa: pena pecuniária de até 3 vezes o 5. A diferença é que aqui é calculada com 5.Neste caso a multa será de até 100X a
que ele enriqueceu ilicitamente. base no dano e será de até 2X o valor do remuneração do agente público.
dano causado. Obs.4) pela adequação punitiva, se o
agente for não remunerado, será calculada
em cima do salario mínimo. O que não
vale para particulares, caso em que será
calculada com base na remuneração do
agente com quem o particular concorreu.
6. Proibição de contratar: abrange 6. Neste caso a proibição é de 5 anos e 6. Aqui a proibição será de 3 anos.
também os atos de participar de licitações não de 10 anos.
e receber incentivo fiscal, ainda que por
meio de interposta pessoa (pessoa
jurídica), por um prazo de 10 anos.

19.4
-> Continuou fazendo a tabela acima. Acabou e seguiu a aula:
Nos casos em que o agente pratica mais de um ato de improbidade, de acordo com o art.12, o juiz definirá quais as sanções
que serão aplicadas, isoladas ou cumulativamente, de acordo com a gravidade da infração cometida, ainda que não haja pedido
expresso, entendimento pacificado a partir de decisão do STJ. Na ação de improbidade o juiz julga os fatos e não os pedidos, por isso
não há sentença ultra petita, ou qualquer modalidade de petita, pois fica a critério do juiz definir a sanção cabível para o fato que está
sendo julgado.

Ação de improbidade administrativa


O art.17 da lei dispõe acerca da ação e do processo de improbidade. A ação pode ser proposta pelo ministério publico ou
pela entidade lesada pelo ato de improbidade. Se for proposta pelo MP a pessoa jurídica lesada será intimada para, querendo, atuar
como litisconsorte, que não é litisconsorte ativo necessário. Se for proposta pela pessoa jurídica lesada, o ministério publico atuará
como fiscal da lei (custus legis), por isso é indispensável a participação do MP na ação de improbidade, seja como autor ou como
custus legis, não como parte mas na ação.O sujeito passivo do ato de improbidade é o sujeito ativo do ato de improbidade, lembrando
que no caso do particular, sempre ocorrerá litisconsórcio passivo necessário, pois sempre está junto com um agente público.
A competência para ação de improbidade, não pode ser definida com base em foro privilegiado pois não há determinação
constitucional neste sentido, de modo que não é possível atrelar o foro dessa ação à competência penal, pois isso traria um privilegio
de foro de forma transversa. Por isso a ação de improbidade inicia e tramita perante juiz singular, porém a jurisprudência diversificou
essa determinação em um caso, em virtude do escalonamento hierarquizado do judiciário, em caso de um ministro do supremo que foi
julgado no STF, a partir de então passou-se a entender que para as carreiras de magistratura, as ações de improbidade propostas em
face de membros da magistratura serão iniciadas e julgadas perante o tribunal ao qual o magistrado esteja vinculado, pois o juiz
singular não poderia julgar alguém que está superior no que tange a hierarquia. Logo, juiz estadual no TJ os do TJ pelo próprio TJ e do
STJ pelo próprio STJ, juiz federal e TRF pelo TRF e do STF pelo STF.
Contudo existem apenas estas decisões jurisprudenciais no que tange esse tema, ainda que isto traga uma insegurança
jurídica, é o que devemos atender para efeitos de prova até o momento.
46

20a aula – Direito Material


20.1 – Improbidade Administrativa
A lei 8429 regulamenta que antes que o juiz defira ou não a petição inicial ele deve notificar o acusado, ou seja, fazer
notificação prévia do acusado, para que ele apresente a defesa prévia no prazo de 15 dias sob pena de nulidade da improbidade, essa
é a tentativa que o acusado vai ter de convencer o juiz da inadequação da via eleita, caso em que o juiz poderá indeferir de plano.
No processo civil a decisão do juiz que indefere a inicial é passível de apelação, e a decisão que defere é despacho e
portanto irrecorrível. Já no âmbito da ação de improbidade, ainda que siga o CPC, contra a decisão do juiz que defere a inicial é
cabível agravo de instrumento, por considerar-se que ela é realmente uma decisão interlocutória e não mero despacho. Com ou sem
agravo, que inclusive não tem efeito suspensivo e o acusado será citado, a partir de então seguirá o rito ordinário com apenas uma
peculiaridade, pois nas ações de improbidade não se admite nenhum tipo de acordo ou conciliação expressamente proibido, de modo
que necessariamente ela termina por sentença condenatória ou absolutória. A jurisprudência vem se firmando no sentido de que
mesmo antes da propositura da ação de improbidade, não pode ser firmado acordo, ainda que em atos administrativos.
A lei regulamenta a possibilidade de algumas medidas cautelares no bojo desta ação, que tem a intenção de resguardar o
resultado prático do processo, admitindo-se também as cautelares inominadas, logo, não é taxativo o rol trazido pela lei, mas o que
interessa são as cautelares regulamentadas pela própria lei de improbidade. A princípio existem quatro cautelares previstas na lei:
- Afastamento provisório do servidor: não confundir com o afastamento do PAD, este é determinado no bojo da ação e é
provisório, e diferente do PAD que tem prazo máximo 60 dias prorrogados por mais 60 dias e o servidor volta mesmo que o PAD esteja
em curso, na ação de improbidade quando em modalidade cautelar não tem prazo, deve ser respeitada a proporcionalidade apenas. O
afastamento preventivo é medida cautelar a não sanção, então deve atender aquela ideia de que para ocorrer justifica-se pelo fato de
que a manutenção do cargo do servidor atrapalharia o processo, sendo que o afastamento é remunerado pois ele é acusado e não
culpado ainda.
- Indisponibilidade de bens: torna indisponível como forma de impedir que ele se furte à penalidade de perda de bens
futuramente caso ela seja viável. Neste caso existem duas peculiaridades jurisprudenciais: primeiro que o STJ pacificou o
entendimento de que podem ser declarados indisponíveis os bens adquiridos pelo sujeito anteriormente ao cometimento da infração,
logo, não se limite a declaração de indisponibilidade aos bens que foram objeto do ilícito cometido. Outro ponto é que quando a
demonstração o fumus boni iuris e o periculum in mora, a jurisprudência do STJ entende que pelo simples fato de estar requerendo a
indisponibilidade de bens em um ação de improbidade o periculum in mora é presumido, deve ser provado apenas o fumus boni iuris,
ou seja, já é presumido o perigo da demora pelo simples fato de se tratar de ação de improbidade.
- Sequestro: segue as regras do CPC.
- Bloqueio de contas do acusado: inclusive no exterior, para assegurar o resultado prático do processo.

20.2 – Improbidade Administrativa


As cautelares citadas na aula anterior podem ser cautelares incidentais ou preparatórias. Quando preparatórias, são
autônomas, ou seja, realizadas por meio de ação proposta meramente para pedido da cautelar, após efetivada a medida cautelar o
sujeito tem 30 dias para propor ação principal, se não for proposta, a cautelar cai, neste caso a ação principal é a ação de improbidade.
Já na incidental, é proposta a ação de improbidade e a cautelar é requerida no bojo da ação de improbidade. Na ação de improbidade
a cautelar preparatória é muito importante, pois traz a surpresa ao acusado que na ação de improbidade normalmente vai ter
conhecimento prévio da ação de modo que acaba sumindo com os bens antes mesmo que seja deferida a cautelar incidental.
A prescrição na ação de improbidade varia de acordo com o réu. Se for proposta em face de detentor de mandato, função ou
cargo em comissão o prazo de prescrição é de 5 anos contados do término do mandato, da função ou do cargo, a ideia é que
enquanto ele estiver exercendo ele consegue esconder o que fez, então o prazo deve correr após a ausência dele.Se o agente for
reeleito, em casos de mandato, tendo em vista a ausência de interrupção, o entendimento jurisprudencial, inclusive do STJ, havendo
reeleição do agente que tenha praticado ato de improbidade no primeiro mandato, começa a correr apenas no término do segundo
mandato e não do primeiro como a lei deixa a entender. Contudo se ele for eleito novamente depois de um tempo, não se interrompe o
prazo, a lei não prevê causas interruptivas, logo ela corre normalmente ainda que ele tenha voltado ao serviço.
Se o réu for detentor de cargo ou emprego efetivo, não tem como esperar o termino então o prazo de prescrição é o mesmo
prazo previsto no estatuto deste servidor, havendo coincidência entre o prazo da esfera civil e administrativa. Ex. o servidor público
federal é 5 anos contado do momento em que a administração tomou conhecimento do fato, art.142,I Lei 8112/10, se a infração for
também penal, o prazo de prescrição utilizado para a sanção administrativa é o prazo penal, para tanto deve ser demonstrada a
investigação penal (essa apuração necessária é exigida pelo STJ). O art.170 da 8112 foi declarado inconstitucional pelo STF neste ano
de 2014, pois extinta a punibilidade pelo prazo prescricional não será anotado no assentamento individual do servidor.
A lei 8429 não fala acerca dos particulares, a doutrina se divide, alguns dizem que diante da omissão, se aplica o prazo de
10 anos que o prazo geral do CC. Outra parte da doutrina, que é a majoritária, entende que como o particular sempre vai estar junto a
um agente publico no polo passivo da ação de improbidade, a ele se aplica o mesmo prazo prescricional aplicado ao agente com quem
ele praticou o ato.
O art.37, parágrafo 5o da CRFB estabelece que a lei deverá estabelecer os prazos de prescrição para sancionar o ilícito
praticado pelos agentes públicos, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento ao erário. Assim, o artigo cria uma ressalva aos
prazos prescricionais apresentados quanto a ação de ressarcimento ao erário respectiva a um ato de improbidade, ou seja, ilícito
administrativo, é considerada imprescritível.
As sanções patrimoniais a serem aplicadas ao agente publico, se estendem aos sucessores do servidor falecido nos limites
da herança, assim os herdeiros responderam pelos atos de improbidade, claro, respeitando os limites da herança.

20.3 – Lei anticorrupção. Lei 12.846/13


Iniciada sua vigência em fevereiro deste ano de 2014. Trata de responsabilidade administrativa e civil, mas não se aplica as
pessoas físicas muito embora não impeça a punição das pessoas físicas, não afastando a aplicação da 8429 (improbidade) e da 8666
(licitações).
Esta lei se aplica a pessoa jurídicas, não apenas empresas mas também associações, fundações, entidades, sociedades
estrangeiras, sendo que a lei estabelece responsabilidade objetiva dessas pessoas pelos atos praticados contra a fazenda pública. a
pessoa física que deu causa ao ato lesivo responde, mas em outros âmbitos e não pela lei 12846, pois ela incide apenas às pessoas
jurídicas.
No caso de coligação de empresas a responsabilidade é solidária, que é expressamente determinada pela lei, diferente do
que ocorre no caso de fusão u incorporação, casos em que a sucessora é responsabilizada até o limite do patrimônio transferido,
exceto em casos de simulação ou evidente intuito de fraude, quando a responsabilidade passará ainda que ultrapasse o limite do
patrimônio transferido.
A lei estabelece os atos lesivos que podem ensejar responsabilização: dar ou prometer vantagem ao agente público;
patrocinar ilícito administrativo; ocultar benefícios de ato ilícito; fraudes nas licitações e contratos; dificultar investigação administrativa
das agênciasreguladoras ou do sistema financeiro brasileiro. A lei traz um rol de infrações que decorrem da fraude de licitações e
contratos, o entendimento que vem se formando, afinal a lei é bem nova, dispõem um rol exemplificativo (art.5 o, IV) as pessoas que
47

são protegidas pela lei são os órgãos e as pessoas publicas nacionais ou estrangeiras. Inclusive, os organismos públicos
internacionais são equiparados as pessoas estrangeiras para fins da 12.846, quando se trata de tentativa de contenção à corrupção.
Logo, são protegidas as pessoas jurídicas nacionais e estrangeiras que compõem a estrutura da administração publica e são
sancionadas/atingidas pela lei as pessoas jurídicas de direito ou de fato, empresas, associações, fundações ou quaisquer entidades
que causem dano praticando qualquer dos fatos ilícitos dispostos na lei. A lei prevê responsabilização administrativa e civil, não fazem
alusão a responsabilização penal, sendo que esta responsabilidade é objetiva, não há discussão de elementos subjetivos para
caracterização do ilícito ou para a penalidade em virtude da ocorrência dele.
Existem duas sanções administrativas regulamentadas pela lei: multa (varia de 0,1% até 20% do faturamento bruto da
empresa, sendo que se não for possível auferir poderá ser de 6.000,00 até 60.000.000,00 – nota-se uma discricionariedade muito
ampla), a multa independe do ressarcimento ao erário, pois a multa não se confunde com a reparação, independentemente da multa
ele terá que sanar o prejuízo que causou. A segunda sanção é a publicação extraordinária da corrupção, expõe a todos o quanto a
empresa é corrupta, tem caráter de publicidade e sancionatório, não se trata do simples dever de publicidade mas além disso é uma
punição aplicada a empresa.

20.4 – Lei anticorrupção. Lei 12.846/13


As sanções podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, serão definidas com base na discricionariedade
administrativa. Caso o sujeito não pague caberá execução judicial por meio de dívida ativa.
A publicação extraordinária é feita em jornal de grande circulação, no site oficial do órgão e por edital que poderá ficar por 30
dias para visualização do público, a pessoa jurídica que terá que pagar essa publicação, é o que se chama de as expensas da pessoa
jurídica.
A aplicação de qualquer dessas sanções na esfera administrativa, dependem da manifestação jurídica do AGU – advogado
geral da união, ou do órgão de consultoria jurídica responsável por definir e emitir pareceres naquele órgão, justificará e declarará a
possibilidade de aplicação da pena escolhida. A proporcionalidade da pena deverá ser verificada, como dispõe o art.7 o da própria lei.
A lei regulamenta o procedimento administrativo para aplicação dessas sanções, note-se que a lei 9784/99 será aplicada
subsidiariamente, ainda que lei 12846 não disponha isso, aplicará naquilo que a lei 9784 for silente.
O processo é instaurada pela autoridade máxima de cada órgão admitida a delegação. No caso do judiciário o presidente do
STF, no caso do legislativo o presidente do congresso nacional e no caso do executivo o presidente da republica, que poderá ser
delegada a autoridades em hierarquia inferior por não se tratar de decisão de recurso hierárquico, decisão de competência exclusiva e
para edição de atos normativos que são hipóteses em que não é possível realizar a delegação. Lembrando que a súmula 510 do STF
estabelece que em eventual mandado de segurança quem responde é o delegado e não o delegante. A lei estabelece que no âmbito
do executivo federal poderá ser instaurado pelo controladoria geral da união (CGU) – órgão de controle interno do executivo, que tem
competência inclusive para avocar para si, mesmo não estando em hierarquia superior.
A lei diz que essa instauração pode ser dar mediante provocação do interessado e de oficio. Instaurado o processo a
comissão será composta por pelo menos dois servidores estáveis. A lei prevê a possibilidade de cautelar administrativa, a autoridade
pode suspender o ato administrativo que esteja sendo analisado ou do processo que esteja em analise. Lembrando que este processo
é administrativo para aplicar as sanções administrativas e não judicial. O processo segue com ampla instrução probatória e o prazo
para defesa, a princípio, é de 30 dias.
Elaborada a defesa o processo volta para a comissão que deve elaborar um relatório conclusivo com relação a penalidade
que deve ser aplicada, após isso o processo segue para o julgamento. Todo o processo deve durar no máximo 180 dias, admitindo-se
a prorrogação por mais 180 dias, que deve ser devidamente justificado. É cabível a desconsideração da pessoa jurídica para aplicar as
sanções a pessoa física. Além disso a lei diz que deve ser dada ciência ao MP para que seja verificada a possibilidade da
responsabilização das pessoas envolvidas na esfera penal, logo a lei não entra na esfera penal, deve apenas avisar ao MP para que
ele determine se essa penalidade poderá/deverá ocorrer.
A lei prevê a possibilidade de transação que é chamado pela lei de acordo de leniência que é firmado junto à CGU –
controladoria geral da união. Neste acordo a pessoa jurídica concorda em colaborar com as investigações, é como a delação premiada
no direito penal. Para realizar este acordo são necessários três requisitos: a pessoa jurídica tem que ser a primeira a se manifestar
perante a administração publica para ajudar na investigação; essa empresa terá que cessar automaticamente seu envolvimento com o
fato; terá que cooperar à suas expensas/custas para participar do processo e auxiliar nas investigações.
Ganhará com isso a possibilidade de não aplicação das penas de publicação extraordinária da sanção e de proibição de
receber incentivo fiscal e creditício (pena civil), além disso é possível a redução da multa em 2/3, de modo que ela pagará apenas 1/3.
O acordo interrompe os prazos prescricionais para aplicação das penalidades enquanto estiver vigente o acordo. A lei 12.846 diz que
podem ainda, ser atenuadas ou isentadas as sanções do art. 86 a 88 da 8666, mas a lei foi vaga neste ponto pois não determinou os
moldes para realização disso.
A rejeição de proposta pela administração não pode fazer prova contra pessoa jurídica que demonstre o interesse, ou seja, o
fato de ter requerido a administração o acordo de leniência, não presume o reconhecimento dos fatos para o processo que se instaure
depois, se a administração rejeitar, a rejeição não importa reconhecimento dos fatos alegados pela administração.
A lei também regulamenta as sanções civis, provavelmente será chamada de ação civil publica por ato de corrupção, mas
não tem nome ainda, se dirige a pessoas jurídicas que tenham praticados atos em face da administração. Essa ação gerará
responsabilidade civil sem prejuízo da responsabilidade administrativa. Poderá ensejar: perda de bens e valores acrescidos
ilicitamente; suspensão ou interdição parcial das atividades; dissolução compulsória da pessoa jurídica; proibição de receber
benefícios e incentivos fiscais/dentre outros, por um prazo de 1 a 5 anos. O acordo de leniência impossibilita a aplicação apenas dessa
ultima penalidade. A dissolução da PJ só pode ser utilizada se a pessoa jurídica estiver sendo utilizada de forma habitual para pratica
de atos ilícitos ou se estiver sendo utilizada para ocultar ou dissimular interesse de pessoa física e é a pena mais grave.
A lei não estabelece competência tão ampla como a lei de ACP, quem tem competência aqui é a entidade lesada ou o
ministério publico. A lei define também um prazo prescricional de 5 anos para aplicação das sanções apresentadas na lei, sendo que a
instauração do processo administrativo ou a propositura do processo judicial são hipóteses de interrupção do prazo prescricional, além,
do acordo de leniência. Regulamenta também a criação de um cadastro nacional de empresas punidas, define dentro dos entes
públicos quais são as entidades que estarão impedidas de participar de algumas atividades, se a empresa estiver em acordo de
leniência também deve constar no cadastro.

21a aula – Direito Material – Responsabilidade Civil do Estado


21.1
A responsabilidade do estado por danos causados por seus agentes. A questão da responsabilidade do estado passou por
grande evolução, atualmente aplica-se a responsabilidade objetiva do estado desde a constituição de 1946, lembrando que o Brasil
desde a independência não teve fase da irresponsabilidade civil do estado. Antes o código civil de 16 previa a responsabilidade
subjetiva, mas desde a constituição de 46 já foi afastado este entendimento civilista, aplicando-se a responsabilidade objetiva. A
matéria também é seguida pelo código civil 2002, que regulamenta a responsabilidade objetiva do Estado em seu art.43.
Na constituição a matéria é regulamentada no art.37, parágrafo 6o:
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§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos


responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Vamos dissecar este artigo pois o entendimento acerca dele é praticamente todo jurisprudencial, de antemão observa-se que
a responsabilidade do estado é objetiva mas a responsabilidade do agente é subjetiva, não há responsabilidade objetiva do agente.
Pessoas jurídicas de direito publico e pessoas jurídicas de direito privado que prestam serviço publico, de forma que a
responsabilidade objetiva do estado vai além do estado, quando alcança as atividades privadas que atuam por delegação na prestação
de serviço. É um responsabilidade que se aplica ao estado e se aplica as prestadoras que prestam serviços público. Primeiro se cobra
da empresa e subsidiariamente se cobra do estado, sendo que ambas responsabilidades são objetivas, isso muda se a concessão for
especial (patrocinada u administrativa – PPP ), pois nelas a responsabilidade é solidaria.
De acordo com o STF desde 2009 a responsabilidade do estado é objetivo seja a vítima usuária ou não do serviços publico,
pois a constituição não traz esta diferenciação, apenas traz terceiros. Só tem um ponto com relação as empresas estatais, pois estas
são pessoas jurídicas de direito privado que podem ser criadas ou para prestação de serviço publico (art.37, parágrafo 6 o) ou para
exploração de atividade econômica, neste segundo caso ela nem é pessoa jurídica de direito publico, nem prestadora de serviço
publico, caso em que será regida pelo direito privado, não se aplicando ao art.37, parágrafo 6 o, se vai ser objetiva ou não dependerá do
que for determinado no direito civil.
A responsabilidade objetiva é aquela que se baseia em três elementos objetivos, basta demonstrar: a conduta do agente
publico; o dano causado a um particular e o nexo de causalidade entre a conduta e o dano. Esses três elementos são os únicos
necessários para comprovar a responsabilidade civil do estado, de maneira que abre-se mão do elemento subjetivo (dolo e culpa) e do
elemento ilicitude, que são elementos usualmente analisados para efeitos de responsabilidade e que não são levados em
consideração para efeitos de responsabilidade objetiva.
Quando a responsabilidade do estado decorre de ato ilícito, que viola a legalidade, a responsabilidade é objetiva ainda
assim, mas quando a responsabilidade civil do estado decorre de ato licito, se baseia no principio da isonomia/igualdade, nesses casos
quando para beneficiar toda a sociedade seja causado dano especifico a alguém, é necessário que ocorra a indenização a este
particular que saiu prejudicado no beneficio de toda a comunidade, logo a responsabilidade do estado decorrente de atos lícitos
depende da comprovação de dano anormal e específico.
Nota-se que o mesmo ato pode ensejar direitos diferentes em relação a pessoas diferentes, chama-se de teoria do duplo
efeito do ato administrativo, logo não é possível que um individuo baseie o pedido de indenização dele ao deferimento indenizatório
direcionado a outrem.

21.2
Para que haja responsabilidade do estado deverá ocorrer a conduta de um agente publico atuando nesta
qualidade para ensejar o dano, ou pelo menos se valendo dela. O dano tem que ser jurídico, logo atingir um bem previamente previsto
pelo direito, ainda que exclusivamente moral. O nexo de causalidade, no Brasil, segue a causalidade adequada que enseja a teoria da
interrupção do nexo causal. Deve ser demonstrado que a conduta do agente por si só seria suficiente para ensejar o dano ao
particular, de modo que, demonstrando que o dano decorreu de outras condutas que não do Estado, ocorre a quebra do nexo causal.
Um julgado do STJ deu base a essa interpretação, nesses casos como ocorrem situações posteriores que ensejam o dano
diretamente, ocorre a quebra do nexo de causalidade entre a conduta do estado e o dano, assim, só há responsabilidade do estado se
a conduta do agente for suficiente a ensejar o dano, os exemplos mais famosos são, caso fortuito, força maior e culpa exclusiva da
vítima, sendo que não são as únicas que excluem a responsabilidade pois esta decorrerá de qualquer situação em que não houver
conduta, dano ou nexo de causalidade.
Este entendimento decorre da teoria do risco administrativo, que justifica a atividade do estado, pois a atividade
administrativa é arriscada. Quando o estado assume o risco de exercer a atividade administrativa ele se responsabiliza objetivamente
por qualquer dano que decorra deste risco assumido. Alguns doutrinadores adotam a teoria do risco integral, mantem a
responsabilidade objetiva, mas não admitem a exclusão da responsabilidade, ainda que ocorra a quebra do nexo causal, por entender
que o estado é garantidor universal, não se admitindo as hipóteses de exclusão.
No Brasil se adota a teoria do risco administrativo, mas parte da doutrina adota o risco integral em três situações especificas:
dano decorrente de atividade nuclear; dano ambiental (STJ – definiu que efetivamente o dano ambiental enseja responsabilidade
objetiva baseado na teoria do risco integral pela conduta, logo, se for pela omissão do estado a responsabilidade será de execução
subsidiaria, de modo que primeiro é cobrado do poluidor direto e depois do estado); dano decorrente de ataque terrorismo ou crimes
abordo de aeronaves sobre o espaço brasileiro.
No seguro obrigatório DPVAT o risco também é integral mas o estado não figura no polo passivo da ação, pois há uma
seguradora universal que vai abarcar essas ações, claro que com direito publico, mas não é em face do estado, ainda que sejam casos
de acidente de transito em que o DPVAT é acionado.

A responsabilidade por omissão do estado é subjetiva, mas não a civilista, em que é necessário demonstrar o dolo ou a
culpa, mas a que se baseia na má prestação do serviço no caso concreto, na culpa do serviço, ou seja, em casos de omissão do
estado para que ele seja responsabilizado é necessário demonstrar que o dano decorreu da não prestação do serviço que foi
prestação, a má prestação foi responsável pelo dano.

21.3
Embora a responsabilidade seja objetiva como regra, o Brasil adota a teoria do risco criado/ do risco suscitado, que são
hipóteses em que o estado cria uma situação de risco, se ele cria, a responsabilidade é objetivo mesmo que não haja participação de
seus agentes. Ex. um preso mata outro na prisão, não há conduta de agente público, mas a situação presidio é situação de risco criada
pelo estado e por isso ele se responsabiliza objetivamente por todos os danos decorrentes desse risco que ele criou. Essa doutrina se
aplica todas as vezes que o estado tiver alguém ou alguma coisa sob sua custodia, e deverá responder objetivamente pelos danos
causados em virtude/durante da/a custódia, ou no caso de apreensão de veículo, no pátio do Detran, o estado responde objetivamente
com qualquer coisa que acontecer com o carro. Nessas situações de custodio os casos fortuitos são divididos em fortuito interno e
fortuito externo, o interno é a situação inesperada que decorre logicamente da situação de custódia, caso em que o estado responde, o
externo não, pois ocorre independentemente da situação de custódio de modo que o estado não responderá.
O que ele chama de fortuito interno é o caso fortuito e o fortuito externo é força maior (por isso é como se só se aplicasse a
responsabilidade do estado à força maior). A teoria que determina isso é a conditio sinequa que consiste na ideia de que nas situações
de custodia para que haja responsabilidade do estado, a custodia deve ser uma condição sem a qual não haveria o dano.
Obs.: teve um julgamento do STJ em 2013, que entendeu que o preso que se suicidou na prisão
enseja responsabilidade objetiva do estado.
49

Quando a vítima cobra do estado não precisa provar nem o dolo e nem a culpa porque a responsabilidade do estado é objetiva, já
quando o estado cobra do agente ele terá que demonstrar que o agente agiu de forma culposa ou dolosa porque a responsabilidade do
agente é subjetiva. Sendo que a vítima não poderá cobrar diretamente do agente, pelo entendimento do STF, pautando-se na teoria da
dupla garantia, ainda que a vitima abra mão de garantir do estado, o estado poderá cobrar do agente em ação de regresso e a vitima
não pode cobrar diretamente do agente, inclusive, com respeito ao principio da impessoalidade, pois quando o agente pratica o ato
considera-se que o Estado está atuando e não o agente.
O STJ em 2013 proferiu uma decisão dizendo que a vitima pode cobrar do estado, mas a matéria não é pacifica, o
entendimento tradicional é do STF que não pode, no caso da jurisprudência mais recente ela poderia cobrar, mas vai ter que provar o
dolo ou a culpa, provando os critérios subjetivos de responsabilização.
Mas a principio a vitima cobra do estado e o estado cobra do agente em forma regressa, contudo, o art.70 do CPC traz que
sempre que houver hipótese de regresso deverá obrigatoriamente ocorrer a denunciação a lide. Mas no direito administrativo ela não é
obrigatória, não é possível presumir que o estado abriu mão do direito de regresso porque ele é indisponível, mas a questão é se o
estado poderia denunciar a lide, caso em que a doutrina e a jurisprudência se dividem, pois o STJ entende que sim por ensejar
economia processual através de forma mais célere de cobrança e a doutrina entende que não é possível pois quando ocorre a
denunciação da lide ao agente, junto a ele vem a discussão de dolo e culpa, gerando ampliação subjetiva do mérito e a vitima tinha
garantia de que neste processo não se discutiria elementos subjetivos mas apenas objetivos.

Prescrição
O prazo de prescrição para a ação de reparação civil em face do estado é regulamentado no decreto 20.910/32 art.1 o e a lei
9494/97 art. 1o “c”, o decreto e a lei dizem que prescreve em 5 anos. Contudo o art.206, parágrafo 3 o do CC/02, diz que a ação de
reparação civil prescreve em 3 anos. Logo, parte da doutrina e da jurisprudência entenderam que não poderia ser aplicado os 5 anos
por ser o código civil lei mais benéfica a fazenda publica, afastando a prescrição de 5 anos e mantendo a de 3 anos, até o STJ
entendeu assim. Outra parte entendia que o CC era lei posterior, mas é lei geral que não revoga lei especial, então o prazo seguiria
sendo 5 anos.
Hoje o STJ já pacificou esse entendimento, e unificando entende que o CC é lei geral e nao pode revogar lei especial,
portanto, o prazo de prescrição para acoes de reparação civil em face do estado e das prestadoras de serviço publico prescreve em 5
anos com base em lei específica. Dessa forma a situação para o estado é menos benéfica do que para o particular.
Responsabilidade do Estado por ato jurisdicional
A principio as decisões judiciais retratam parcela de soberania do estado e podem ser recorridas mas não ensejam
indenização, logo ainda que ela s ensejem prejuízos a particulares não ensejam responsabilização. A principio o estado não responde
mas existe uma exceção expressa no texto constitucional art.5o, inciso LXXV - para aqueles que ficarem presos por erro do judiciário
ou aquele que fica preso além do tempo de sentença (erro administrativo), mas o primeiro é erro judiciário e causa responsabilidade
objetiva de reparação pelo estado. Neste caso o agente que cometeu a conduta foi o juiz e o estado poderá agir de forma regressa
contra o juiz, contudo depende da demonstração de DOLO, ou seja, intencionalmente ele ensejou o dano, a ausência de dolo retira a
responsabilidade do juiz, nao do estado.
A absolvição final do processo não ensejam obrigatoriamente o erro na prisão cautelar, pois elas tem requisitos específicos,
portanto, é possível que ele seja absolvido no final mas que a prisão cautelar que ocorreu se mantenha licita.

21.4
Quanto a responsabilidade do estado por atos legislativos também tem como regra a irresponsabilidade, logo, a principio o
estado não responde por ato legislativo (lei em sentido formal e material), nota-se que a lei de efeitos concretos que são leis apenas
em sentido formal mas que em sentido material são atos administrativos tem a natureza de ato para fins de responsabilização do
estado, quando o art.37 é integralmente válido, diferente de lei em sentido formal e material que não geram responsabilização para o
estado, pois são restrições gerais a toda a sociedade, então o dano não decorre na lei em sentido formal e material propriamente dita.
Existe uma exceção doutrinaria que diz que se a lei causar um dano direto a alguém e for declarada inconstitucional gera
responsabilidade objetiva do estado. Mas a principio não há responsabilização do estado por atos legislativos.
Existe também a responsabilidade decorrente de obra, neste caso existem duas situações, pois a responsabilidade pode ser
decorrente da má execução da obra realizada pelo estado, então o dano decorre dessa má execução e não da obra, logo, neste caso
é preciso buscar quem está executando a obra, pois se for o Estado a responsabilidade é objetiva, porém se estiver sendo executada
por algum contratado do estado, a responsabilidade será subjetiva, pois ele não é pessoa de direito publico, bem como, não presta
serviço publico, está apenas executando obra, então a responsabilidade será pautada no direito privado. Neste caso o estado
responderá somente se for comprovado que o Estado foi omisso no dever de fiscalização do contrato, contudo, se ele tomou todas as
providencias de fiscalização não ensejará responsabilização, pois a responsabilidade aqui é subjetiva e ocorre por culpa do serviço.
Outra forma de ver a responsabilidade decorrente de obra é a própria existência da obra, o simples fato de a obra estar lá
enseja o dano, logo, o dano decorre da própria obra e não da má execução dela. Ex. caso do cemitério que foi construído na frente do
hotel. Essa é a responsabilidade pelo simples fato da obra. Neste caso, não importa saber quem está executando a obra, o que
importa é a obra em si, portanto a responsabilidade será sempre do estado e objetiva, pois o estado que é o “dono” da obra.

Bens Públicos
A expressão domínio público é o que mais dificulta a matéria de bens públicos, em sentido amplo a ideia de domínio publico
não tem nada a ver com o direito administrativo pois consiste no poder que o estado tem sobre todos os bens que se encontram no
território nacional e decorre da soberania, sejam eles bens públicos ou privados. A doutrina moderna chama esse poder que o estado
exerce sobre os bens que se encontram em seu território, de domínio eminente e não domínio público, até mesmo para que seja
possível a distinção com domínio público.
Já o domínio publico em sentido estrito que hoje permanece sendo domínio publico propriamente dito, esta é domínio
enquanto propriedade do poder público, que é efetivamente matéria de direito administrativo.
O que caracteriza estes bens do domínio publico possuem características diferenciadas que criam especificidades aos bens
do estado. O conceito de bens públicos passou por diversas mudanças, e atualmente, desde o código civil em seu art.98 considera-se
que são bens públicos os bens das pessoas de direito publico e todos os outros são privados, o CC tomou como base para o critério
de bens públicos é a titularidade do bem, mas como sabemos, devemos interpretar esse dispositivo de maneira extensiva frente a todo
ordenamento. Porém, os bens privados que pertencem a pessoa jurídica de direito privados que estiverem atrelados a utilidade
publica/prestação de serviço publico gozaram dos privilégios dos bens públicos.Os bens públicos podem ser da união, dos estado, do
DF ou dos municípios.
Outro ponte que deve ser analisado é a destinação dos bens, que é necessária à classificação desses bens, podendo ser de
uso comum, uso especial ou dominicais. Sendo que os bens de uso comum, são aqueles que existem para ser utilizados pela
sociedade em geral. A utilização ordinária/comum do povo, não depende de autorização para a utilização quando for uma utilização
normal. Ex. caminhar no calçadão. Já os bens de uso especial, são bens que o estado possui com finalidade especifica, logo, nem
todo bem publico é de utilização pública. os bens de uso especial se dividem em bens de uso especial direto, que são os que fazem
50

parte da maquina do estado, utilizados pela administração diretamente para a prestação do serviço publico. Ex.: computador e carro
oficial do servidor. Por outro lado, os de uso especial indireto não são utilizados pela administração diretamente mas conserva com
finalidade especifica, impede a utilização normal das pessoas pautando-se nessa finalidade. Ex. terra indígena, pertence a união e são
conservadas com a finalidade de proteção deles. Bem como ocorre com as terras protegidas para preservação do meio ambiente,
impede a utilização para proteção de um bem comum. O terceiro tipo de bens públicos são os dominicais/dominiais, que são bens que
o estado conserva mas que não tem nenhuma utilização ou finalidade atrelada a elas. Ex. terras devolutas.

22a aula – Direito Material


22.1 – Bens Públicos
Os bens comuns e especiais que estão atrelados ao interesse publico, são bens afetados. Já os dominicais que não estão
atrelados ao interesse pulico são desafetados. Lembrando que essa denominação não ë estanque pois pode ocorrer a afetação ou a
desafetação desses bens, quando se dá destinação publica a bem que não tinha ou retira a destinação publica daquele que tinha. A
simples utilização do bem no interesse público já torna o bem afetado, pois a ideia é que no mundo ideal todos os bens públicos devem
ser afetados.
Se por um lado não há necessidade de qualquer ato formal para a afetação de um bem, visto que pelo simples uso ele é
considerado como afetado, por outro lado, para que seja desafetado é necessário que ocorra formalização, não pelo simples desuso,
pois a desafetação deve ser feita por meio de lei ou por meio de ato administrativo formal. Salvo os bens de uso especial que além
dessas duas possibilidade, também podem ser desafetados por fato da natureza que torne inviável sua utilização.
Todos os bens públicos gozam de quatro características básicas, que configuram a supremacia do interesse público sobre o
privado:
- Impenhorabilidade: vedação a constrição judicial de bens, qual seja, a penhora.
- Não onerabilidade: impossibilidade de constrição extrajudicial, pois não é possível incidir sobre eles, direitos reais de
garantia, não abrange os direitos reais de uso, apenas os de garantia (hipoteca, penhor e anticrese).
- Imprescritíveis: diz respeito a prescrição aquisitiva – usucapião. Ainda que desafetados não são passiveis de usucapião,
pois o que define o bem público é a titularidade e não a destinação. O STJ vem dizendo que a utilização continuo por um particular
sequer induz posse, considerando-se mera detenção, o que retira direito a benfeitorias e retenção do bem para pagamento delas.
Nota-se que o STJ também entendeu que é possível usucapir o domínio útil e a qualidade de enfiteuta se o domínio útil pertencer a um
particular. Art.102/CC, 183 parágrafo 3o CRFB, art.191 CRFB.
- Alienabilidade condicionada: evolução da expressão inalienabilidade, pois a lei define algumas condições que se
respeitadas ensejam a possibilidade de alienação de um bem público, de modo que não é absolutamente inalienável. Bem públicos
afetados são inalienáveis, ou seja, para que possa ocorrer a alienação devem ser desafetados, logo bens de uso especial ou comum
não podem ser alienados. Ocorrida a desafetação, é necessário que haja declaração de interesse público justificando a razão pela qual
o Estado vê o interesse público em alienar o bem. Após isso é feita avaliação prévia do bem e por fim realiza a licitação para aliena-lo.
Observadas as hipóteses de dispensa e de inexigibilidade de licitação, mas a principio, se forem bens móveis a licitação pode ser feita
por meio de leilão, se forem imóveis deve ser feita mediante concorrência, com exceção dos bens imóveis adquiridos mediante decisão
judicial ou dação em pagamento que podem ser alienados mediante concorrência ou leilão. Se o bem for imóvel além desses
requisitos apenas poderá ser alienado se tiver autorização legislativa em lei especifica. Além de tudo isso se for bem imóvel da União
tem que haver autorização do presidente da república.

22.2 – Bens Públicos


- Desafetação
- Declaração de interesse público
- Imóvel: autorização legal; avaliação prévia; licitação; união – autorização presidencial (lei 9636/98)
- Móvel: avaliação e licitação

Uso de bens públicos: utilização normal é licita, sem necessidade de consentimento do Estado. Contudo, algumas vezes a
pessoa quer fazer uso especial e diferenciado do bem público e para tanto é necessário que haja autorização da administração para
que a pessoa pode realizar. É o uso especial de um bem de uso comum, não se confunde com bem especial. O consentimento do
estado para utilização especial do bem público, pode se dar de três formas: autorização, permissão e concessão de uso.
Autorização e a permissão de uso são atos administrativos unilaterais discricionários e precários, por meio dos quais o
estado consente a utilização especial de determinado bem publico por um particular. O que diferencia da permissão de serviço publico
que tem natureza de contrato. A diferença básica entre esses dois é que a autorização é feita unicamente no interesse do particular e
na permissão o interesse é público (ex. banca de revista). Na autorização a situação é episódica e de curta duração, já na permissão
de uso, em virtude do interesse público deverá ocorrer licitação, sendo possível a dispensa dela.
Já a concessão de uso, tem natureza de contrato administrativo, de modo que não é precária, ainda que tenha prazo
determinado. Normalmente é utilizada em hipóteses em que o particular vai ter um gasto maior com o bem e precisa de uma garantia
para realizar o investimento.
Existe também a concessão especial de uso para fins de moradia, regulamentada por meio de medida provisória e visa
regularizar ocupação urbana ilícita. Ex.: favela. Atende basicamente os requisitos da usucapião urbana, ainda que não seja usucapião.
Existe também a concessão de direito real de uso, regulamentada pelo decreto-lei 271/67 que cria a possibilidade de se
conceder o direito real de uso de determinado bem publico como forma de permitir a urbanização e industrialização de determinada
área.
Os bens que não estejam afetados podem ser entregues a particular por título jurídico de direito privado. Ex. locação,
arrendamento, enfiteuse, etc.

Bens em Espécies
Art. 20 CRFB, define quais são os bens da união e o art.26 define quais são os bens dos Estados. Inclusive, a
explicação do art. 20 está no decreto-lei 9760/46

BRASIL
Índios
UNIÃO
33 metros – linha preamar
TERRENO DE MARINHA – UNIÃO

150 km – Terras
Devolutas
FAIXA DE
FRONTEIRA
51

12 milhas
Mar territorial
UNIÃO 200 milhas
Plataforma Continental – Recursos
encontrados -UNIÃO
Legenda
Vermelho – linha preamar
Roxo – faixa de fronteira

OBS.: tudo que acrescer ao terreno de marinha também é da união. Ex. parte aterrada de terreno. As terras devolutas pertencem aos
estados, o art.20 , II trazem exceções, em que as terras devolutas pertencem a União.
Rios e correntes de agua como regra pertencem ao estado onde ele se localiza, as exceções são: rios que venham de outro
pais e os rios que vão para outro pais ou que banham mais de um estado da federação pertencem a União. Ademais, os potencias de
energia elétrica pertencem a união, ainda que estejam localizados em regiões estaduais, somente a união pode explorar a extração de
energia das aguas. Os terrenos que ficam à margem de rios navegáveis são terrenos de domínio público federal.

22.3 – Intervenção na Propriedade


art.5o , XXXII – direito constitucional de propriedade. A intervenção do estado na propriedade é uma clara demonstração da
supremacia do interesse publico sobre o privado, casos em que para garantir o interesse público o estado poderá intervir na
propriedade privada. Existem duas formas de intervenção: restritiva e supressiva. Nas restritivas o bem continua nas mãos do
particular que deverá respeitar apenas algumas restrições ao utiliza-la, normalmente decorre do poder de polícia do Estado, ex.
servidões, tombamentos, ocupação temporária, etc. Já a supressiva, suprime/retira o direito de propriedade das mãos do particular, o
Estado retira do particular o direito fundamental de propriedade. Por isso costuma-se dizer que a desapropriação é forma originaria de
aquisição de propriedade, pois o bem chega para o Estado livre e desembaraçado. O registro é feito depois como mero ato
declaratório mas a propriedade é adquirida pelo Estado com a desapropriação por si só.
A base constitucional está no art.5o XXIV – desapropriar por utilidade ou necessidade publica, por interesse social, com
pagamento prévio justo e em dinheiro. A desapropriação por utilidade publica está regulamentada no decreto lei 3365/91, a utilização
será realizada pelo poder público, será o próprio poder que irá utiliza-lo. A desapropriação por interesse social é regulamentada pela lei
4132/62, não há necessariamente utilização pelo estado, o fundamento é destinar o bem à função social que ele não está atendendo,
ex. reforma agrária. Muitas coisas desses dispositivos não foram recepcionados ou foram alterados tendo em vista que são antigos e a
constituição modificou muita coisa.
São ressalvadas as situações previstas na própria constituição que excepcionam os requisitos básicos citados. As
desapropriações do art.5o são chamadas de desapropriação comum, além desta, existem as desapropriações especiais,
regulamentadas na própria constituição, ou seja, somente a constituição federal pode criar hipóteses de desapropriação especial, que
excepcionam a regra geral.
A constituição traz 3 hipóteses de desapropriação especial:
* Art.182 – desapropriação especial urbana: imóvel urbano que não esteja cumprindo a função social prevista no plano
diretos da cidade e no momento em que não cumpre tal função, permite ao poder publico tomar algumas providencias antes de chegar
ao ponto da desapropriação. Quais sejam: notifica-se o propriedade para que ele faça o parcelamento ou a edificação do terreno –
poder de polícia criando ao particular obrigação de fazer; após a notificação o sujeito tem 1 ano contado da notificação para
apresentação do projeto e 2 anos da apresentação do projeto para dar início às obras; se passar o prazo e não fizer, o poder publico
poderá determinar a incidência do IPTU de forma progressiva no tempo, coagindo para que ele dê função social, isso poderá ocorrer
durante 5 anos, a intenção do tributo é extrafiscal, pois não pretende arrecadar, mas coagi-lo a dar função social, existe também um
limite percentual de 15% que é o máximo que a alíquota poderá chegar, nota-se que mantém a base de cálculo, ademais, o máximo
que se pode aumentar de um ano para o outro é o dobro da alíquota anterior; passado o prazo de 5 anos, será mantida a alíquota no
máximo até que se tome a terceira medida que é a incidência da desapropriação que é especial pois tem cunho sancionatório, por isso
a indenização não é paga em dinheiro, mas integralmente em títulos da dívida pública que pode ser resgatado em até 10 anos a partir
da emissão, dependerá do valor para se definir a forma de resgate o que será definido em decreto. Essa desapropriação especial
urbana é exclusiva do município, inclusive todas as ações citadas seguem a competência exclusiva do município, ressalta-se que para
que o município possa fazer isso ele tem que ter plano diretor, pois é ele que define a função social da propriedade.
* Art.184/186 – desapropriação especial rural: exclusiva da união. A ideia é parecida com a da desapropriação urbana,
decorre do descumprimento da função social, porém, aqui será desapropriado para fins de reforma agrária, ou seja, a destinação é
vinculada. Se o imóvel rural não cumpre a função será desapropriado, o que é regulamentado pela lei complementar 76/93, e também
não é paga em dinheiro, mas em títulos da dívida agrária que pode ser resgatada em até 20 anos a partir do segundo ano de emissão
e não da emissão como no urbano. Neste caso o pagamento da indenização não é integralmente pago pelos títulos pois as
benfeitorias uteis e necessárias são pagas em dinheiro. No caso da rural, a função social está definida na própria constituição, no
art.186. essa desapropriação não pode incidir sobre pequena e média propriedade que seja a única do sujeito e nem sobre a
propriedade produtiva.

22.4 – Intervenção na Propriedade


Esclarecendo que poderá ocorrer desapropriação de propriedade rural produtiva, mas com pagamento em dinheiro na
desapropriação comum e não com base na desapropriação simples.
* Art. 243 – desapropriação confisco ou expropriação, chama-se dessa forma por não ser indenizada, o sujeito perde o bem
sem direito a indenização. Ocorre me duas hipóteses: art.243 caput e parágrafo único, quais sejam, bens imóveis para plantação de
psicotrópicos (o art. traz glebas – que são pedaços de terreno – mas o STF faz interpretação ampliativa e diz que ainda que utilize
apenas um pedaço do terreno para plantar, ele perderá tudo, ainda que a parte em que está sendo plantada esteja sendo alugada a
terceiro que está realizando o ato) e os bens móveis utilizados para tráfico de drogas. Os imóveis serão utilizados para assentamento
de colonos e os moveis serão utilizados para combate ao tráfico ou para recuperação de viciados. Em todos os casos a
desapropriação confisco é de competência exclusiva da união.

Desapropriação Comum
O decreto admite a desapropriação de bens públicos, mas ela deve respeitar a “hierarquia federativa”, o que quer dizer que
deve ser feita pelo ente mais abrangente sobre os bens do ente menos abrangente, mas nunca o inverso. Ex. união sobre os estados e
municípios. A doutrina vem entendendo que isso não foi recepcionado pela constituição em virtude da independência dos entes
52

federativos, não sendo admissível esse tipo de intervenção, salvo as hipóteses constitucionalmente previstas. Para fins de prova a
tendência é que caia o texto da lei, caso em que será possível sim este tipo de desapropriação.
A competência para desapropriação necessita da analise de três vias de competência:
- A competência legislativa é privativa da união, art.22, X CRFB;
- A competência declaratória é a competência para declarar a utilidade publica ou o interesse social, sabemos que nas
especiais esta competência é restrita dos municípios ou da união como apresentado acima, na comum pelo contrário qualquer ente
federativo tem competência declaratória quanto a utilidade publica ou interesse social. Existem duas exceções: DNIT – autarquia
federal – tem competência declaratória e a ANEEL – também tem esta competência declaratória, claro que neste casos deve existir
pertinência temática;
- A competência executória que é a que permite a efetiva entrada no bem em virtude da indenização, esta é ampliada,
sendo que o próprio ente que declarou pode executar, contudo, pode executar também por via delegada às entidades da
administração indireta, a consórcios públicos e concessionarias de serviço publico, no ultimo caso a lei ou o contrato de concessão tem
que dar essa competência.
Logo, a desapropriação se desenvolve em duas fases – declaratória e executória. A fase declaratória é iniciada pelos entes
da administração direta, declarada esta utilidade publica ou interesse social, que pode ser feita por meio de decreto expropriatório ou
por meio de lei de efeitos concretos. Declarada a utilidade publica ou interesse social não há transferência da propriedade, o estado
tem direito apenas a penetrar no bem, em virtude a força expropriatória do Estado, que dá ao estado o poder de ingressar nele para
medir/avaliar o terreno e definir o valor da indenização, sempre da forma menos gravosa ao proprietário, caso em que ocorre a fixação
do estado do bem, de modo que posteriormente a isto o Estado não pagará nenhuma melhoria feita no bem que seja realizada apos a
declaração de utilidade publica ou interesse social. A propriedade apenas será transferida após o pagamento da indenização. Tem
exceção ao não pagamento da indenização de acordo com o que foi fixado, no caso de benfeitorias necessárias e as benfeitorias úteis
autorizadas pelo Estado. Súmula 23 STF – a licença para construir não é revogada pela declaração, mas as construções feitas apos
ela não serão indenizadas.
Essa declaração tem um prazo de caducidade, se não executada dentro deste prazo, ela decai. Se for de necessidade ou
utilidade publica o prazo é de 5 anos e se for por interesse social o prazo é de 2 anos. Sendo que é possível que seja realizada nova
declaração sobre o mesmo bem, para tanto existe um prazo de carência de 1 ano, que é estendido a hipótese de interesse social pela
doutrina, nessa nova declaração, deverá ser realizada nova fixação do valor.

23a aula – Direito Material – Intervenção na Propriedade


23.1

23.2

23.3

23.4

1a aula – Aula Prática – Marcação de Código


1.1
OAB adm. Matheus Carvalho
Lápis de cor
Post it ou clipes na mesma cor
20 cores

1.2
Marcação do Código Direito Material

1.3
Marcação do Código Direito Material

1.4
Marcação do Código Direito Material

Cabimento de Ações
Existem 5 ações principais:
- Habeas Data
- Mandado de Segurança
- Ação Ordinária
- Ação Popular
- Ação Civil Pública

Começando pelas 3 primeiras, devem ser analisadas através de gradação pois tem cabimento sucessivo. Primeiro vê se é
caso de habeas data, se não for é mandado de segurança ai sim parte para as ações ordinárias.
A lei 9507 regulamenta o habeas data e define que ele é cabível para garantir o direito de informação acerca do impetrante,
se eu quiser informações acerca da minha pessoa é habeas data, informações de meu interesse é mandado de segurança. Hoje a
doutrina e a jurisprudência aceitam habeas data para informações acerca do de cujus impetrada pelos herdeiros e a pessoa jurídica
também pode.
Habeas data é cabível em três hipóteses: obter informações acerca dele, retificar informações ou acrescentar informações.
Essas informações estão em um registro público. Nestes casos terá ainda que ser demonstrada a recusa por parte da administração
em dar essas informações, não é esgotamento, é recusa que pode ser expressa ou tácita, caso em que ele pede e a administração
não entrega por ais de 10 dias por se ele quiser retificar ou acrescentar e a administração não se manifesta por mais de 15 dias
entende-se que ela recusou. Se ele quiser certidão da informação é mandado de segurança, o habeas data garante apenas que ele
tenha conhecimento das informações, se ele se estende e quer também certidão é mandado de segurança.
Se não for caso de habeas data caberá mandado de segurança, de acordo com a lei 12.016/09, desde que ofenda direito
liquido e certo do impetrante que não seja amparado por habeas data. Direito líquido e certo é aquele que prescinde de produção de
provas no bojo do processo, logo no mandado de segurança não se produz provas, o direito tem prova pré-constituída, por exemplo
um documento que garante que ele tem efetivamente o direito, em que a discussão será meramente jurídica. Se ele precisar provar o
53

direito deverá ser por meio de ação ordinária. Além da prova pré-constituída, para impetração do mandado de segurança também é
necessário que seja respeitado um prazo decadencial de 120 dias contados do conhecimento pelo impetrante, do ato coator, pode ser
até antes do ato, com mandado de segurança preventivo, o que não pode é impetrar mais de 120 dias depois do conhecimento dele
acerca do ato. Se passarem os 120 dias terá que ser pelas vias ordinárias.
Também não cabe mandado de segurança contra lei em tese, que é a lei em sentido formal e material, ou seja, geral e
abstrata, pois elas serão discutidas pelas ações constitucionais. Lembrando que lei de efeitos concretos não é lei em tese, inclusive
podem ser discutidas em mandado de segurança.
Também não é cabível se da decisão que estiver sendo impugnada ainda couber recurso, seja judicial ou administrativo, com
efeito suspensivo. Lembrando que como regra os recursos administrativos tem efeitos meramente devolutivos, existem apenas duas
exceções: recurso da licitação, que é cabível na fase de habilitação ou na fase de classificação que tem efeito suspensivo.
Também não é cabível para recebimento de indenização com relação a valores anteriores a impetração do mandado de
segurança. Para isso será ação ordinária, exemplo anular o ato e receber a indenização de valores anteriores a impetração, no
mandado poderá apenas anular o ato, então se o cliente quiser anular e ser ressarcido, será ordinária, mas se ela falar que ele quer
apenas anular, poderá ser mandado de segurança.
Não cabe mandado de segurança também, contra atos de gestão comercial das sociedades de economia mista e empresas
publicas. Ex. sumula 333.
Se não for hipótese de mandado de segurança, será ação ordinária, regulamentada pelo CPC, cabe ação ordinária quando
couber mandado de segurança, mas não é a mais adequada, pois sendo cabível mandado de segurança é mandado de segurança, se
faltar os requisitos dele, só então deve passar para ação ordinária.

Habeas Data Mandado de Segurança Ação Ordinária

->Pegar tabela com Sara

Ação Popular e Ação Civil Pública


A ação popular é regulamentada pela lei 4717/65, ocorrerá sempre que um cidadão quiseranular um ato que seja ofensivo ao
interesse público. Logo, qualquer poderá propor.
A ação civil pública também é a violação de ato lesivo ao interesse publico, a diferença é a legitimidade. Sendo na OAB a
única possibilidade será representando associação constituída a mais de um ano.

Ação Popular Ação Civil Pública

2a aula – Aula Prática – Marcação de Código


2.1
2.2
2.3
2.4

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