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RESUMO DE DIREITO ADMINISTRATIVO

2.1.1. Natureza jurídica e conceito.

2.1.2. Objeto e abrangência.

2.1.3. Princípios constitucionais do Direito Administrativo Brasileiro.

2.2. Administração Pública.

2.2.1. Conceito.

Administração Pública

● Aspecto formal/subjetivo (orgânico): É a estrutura do Estado. São as pessoas


jurídicas, os órgãos e os agentes públicos que exercem atividades administrativas.
-Comporta as pessoas que fazem parte da Administração Pública.
- Deve ser grafada com as primeiras letras em maiúsculo.
● Aspecto material/objetivo: É a própria atividade administrativa desempenhada
pelo Estado.
-Deve ser escrita com letra minúscula.
-São funções administrativas:
● Função ordenadora (por meio da atividade de polícia)

● Função prestacional (prestação de serviços públicos)

● Função regulatória(atividade de fomento exercido por algumas agências


reguladoras)
● Função de controle (autotutela/controle administrativo).

2.2.2. Regimes Público e Privado na Administração Pública.

Regime de Direito Público: trata-se de uma relação vertical, a ordem jurídica


reconhece poderes à Administração para que realize um fim (interesse público).
-Toda vez que a Administração Pública atua na qualidade de poder público deve agir
segundo o regime jurídico de direito público.
Regime de Direito Privado: trata-se de uma relação horizontal, pois para desempenhar
suas atividades a Administração Pública não precisa de prerrogativas públicas. Como
exemplo: proteção aos idosos, proteção às crianças e aos adolescentes; prestação de
serviços como de energia elétrica.
- A administração pública só atuará em regime jurídico de direito privado quando a lei
assim estabelecer.
OBSERVAÇÃO: quando a Administração Pública atua segundo o regime jurídico de
direito privado SEMPRE haverá a incidência de normas de direito público, as quais
derrogam parcialmente o regime jurídico de direito privado. Ou seja, sofrerá alterações
em razão das normas de direito público.

2.2.3. Regime Jurídico Administrativo.

Conceito: Conjunto harmônico de princípios que definem a lógica de atuação ao ente


público, o qual se baseia na existência de limitações (indisponibilidade) e
prerrogativas em face do interesse público (supremacia).
Princípios basilares (também chamados de pedras de toque)
1. Supremacia do interesse público sobre o direito privado: os interesses da sociedade
devem prevalecer diante das necessidades específicas dos indivíduos.
-É considerado, pela doutrina, como um princípio implícito da administração
pública.
- O princípio da supremacia do interesse público, não desconsidera os interesses
particulares/individuais, não obstante informa ao agente administrativo que o
interesse público prevalece sobre interesses privados.
-Os contratos administrativos se distinguem dos contratos privados celebrados pela
Administração Pública pelo fato de assegurarem a esta certos poderes ou
prerrogativas que a colocam em posição de superioridade diante do particular
contratado, a fim de que o interesse público seja preservado.
- A Administração se coloca em situação privilegiada.
- EX: dilação de prazos para a Adm Pública, possibilidade de intervenção na
propriedade privada, poder de polícia.
- Interesse público primário: relacionado à satisfação das necessidades coletivas
através de atividades administrativas prestadas à coletividade.
-Interesse público secundário: Interesse individual do próprio Estado, relacionando-
se à manutenção das receitas públicas e à defesa do patrimônio público.
2. Indisponibilidade do interesse público: o administrador que exerce uma função
pública é mero representante e não tem titularidade sobre o interesse público, não
podendo, por esse motivo, dispô-lo.
-Princípio implícito da CF

2.2.4. Princípios da Administração Pública

2.2.5. Organização Administrativa

Conceito: A organização administrativa é a forma por meio da qual o Estado é


estruturado. Corresponde ao estudo acerca das pessoas, entes e órgãos que compõe o
aparelho administrativo do Estado, no desempenho da atividade administrativa.
-É realizada, primordialmente, mediante lei. Todavia, é possível que a Constituição
Federal ou a própria legislação autorizem que determinada organização seja feita por
meio de decretos ou outros atos normativos.
-A organização administrativa promove especialização e eficiência, distribuindo
atribuições entre órgãos ou pessoas jurídicas integrantes da Administração Pública
indireta.
Entidades políticas: Trata-se da U, E, DF e M.
- São entes detentores de autonomia política, consistente na capacidade de auto-
organização e competências
Entidades administrativas: são pessoas jurídicas de direito público ou de direito
privado, que integram a Administração Pública formal indireta, porém sem dispor de
autonomia política e de competência legislativa.
ÓRGÃOS PÚBLICOS: São as repartições internas do Estado a que são cometidas
funções determinadas, sendo composto por agentes que, quando as executam estão
exteriorizando a própria vontade do estado.
-São unidades integrantes da estrutura de uma pessoa jurídica, que recebem parcela das
competências da entidade que integram para exercício de forma especializada, por meio
de agentes públicos.
-Não possuem personalidade jurídica própria (sua atuação é imputada a PJ que integra)
-Criados e extintos por lei.
-Não possuem, em via de regra, capacidade processual.(exceção: quando se tratar da
defesa de suas competências ou prerrogativas funcionais, violadas por ato de outro
órgão).

Classificação dos órgãos públicos


1- Quanto à hierarquia
-Independentes: são aqueles que não estão hierarquicamente subordinados a
nenhum outro.
-Autônomos: são órgãos imediatamente subordinados aos órgãos independentes
e diretamente subordinados aos seus agentes.
-Superiores: são dependentes, e não possuem autonomia, dependem do
orçamento a ser definido pelo órgão autônomo, por outro lado, não possuem
também autonomia administrativa, dependendo da estruturação definida pelo
órgão autônomo. Possuem, todavia, poder de decisão.
-Subalternos: são órgãos com reduzido poder de decisão, constituindo-se, em
verdade, em meros órgãos de execução da atividade administração, colocam a
mão na massa, desenvolvendo a atividade.
2- Quanto ao âmbito de atuação
-Central: é aquele órgão que tem atribuição em toda extensão na pessoa jurídica
a qual faz parte, não há restrição na participação.
-Local: tem competência para atuação apenas em determinado ponto do
território daquela pessoa jurídica que eles compõem.
3- Quanto à estrutura
-Simples: possuem uma estrutura formada por uma única unidade orgânica.
-Composto: tem estrutura formada por mais um de um órgão, que se associa para
a formação de um outro.
4- Quanto à atuação funcional
-Singular: é um órgão de único titular, que atua pela manifestação de vontade de
um único agente que é o seu chefe e representante.
-Colegiado: é aquele órgão que atua e decide pela manifestação da vontade de
seus membros, funcionando por um colegiado de agentes.
5- Quanto às funções
-Ativo: é aquele órgão que executa a atividade pública diretamente.
-Consultivo: São aqueles órgãos que atuam na emissão de pareceres jurídicos,
assumindo a função de aconselhamento da atuação dos demais órgãos estatais.
-Controle: são órgãos que atuam na atividade de controle dos demais órgãos e
agentes públicos, seja esse controle exercido internamente no âmbito de uma
mesmo Poder do Estado ou externamente, quando se manifesta entre Poderes
Estatais diversos.

2.2.5.1. Centralização, descentralização, desconcentração.

CENTRALIZAÇÃO: é a situação em que o Estado executa suas tarefas diretamente,


ou seja, por intermédio dos inúmeros órgãos e agentes administrativos que compõem
sua estrutura funcional, sem envolver outra pessoa.
DESCENTRALIZAÇÃO: Quando o Estado transfere a atividade administrativa para
pessoas de fora da administração direta (sejam elas da administração indireta ou
particulares).
- A transferência de determinada atividade pode ser feita para pessoa física ou jurídica,
integrante ou não da estrutura organizacional do Estado.

-descEntralização- cria Entidade.


- É criada uma nova pessoa jurídica diversa, que possuirá autonomia; pressupõe a
existência de duas pessoas: o Estado (U, E, DF, M) e a pessoa que executará o serviço
-Não há subordinação, havendo apenas vinculação, em virtude do qual é feito o
chamado “controle finalístico”.
- Em nenhum dos casos de descentralização há a presença de hierarquia.
Instrumentos da descentralização de serviço público

● Outorga: Transfere-se a propriedade sobre o serviço e a sua execução


- Deve ser feita somente por lei
-A outorga é feita somente para a administração indireta.
-A transferência ocorre por prazo indeterminado
● Delegação: A Administração transfere somente a execução do serviço.
-Pode ser feita:
- Pela lei (para as pessoas da adm. Indireta),
- Via contrato (feita ao particular- concessionária-PJ- ou permissionária-
PF- de serviço público necessitando de autorização legislativa por lei
específica)
- via ato administrativo: feita ao particular
-A transferência será sempre por prazo determinado
DESCONCENTRAÇÃO: Deslocamento ou distribuição da atividade administrativa
dentro da mesma pessoa jurídica (entre órgãos internos).
-Decorre do poder hierárquico, existindo relação de subordinação
-DescOncentração- cria Órgão sem personalidade jurídica
-Ocorre tanto no âmbito da administração direta quanto da indireta

2.2.5.2. Administração direta, Administração indireta e Entidades Paraestatais.

Administração Pública direta: constituída pelos órgãos relacionados aos entes da


federação, como a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por exemplo.
Eles estão subordinados ao chefe do poder ao qual pertencem.
Administração Pública indireta: conjunto de órgãos que prestam serviços públicos,
ligados à administração direta, todos dotados de personalidade jurídica: autarquias,
fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista.
-Possuem personalidade jurídica própria (patrimônio próprio, capacidade de
autoadministração, receita e regime de pessoal próprios)
-São dotadas de autonomia administrativa
-São criados e extintos por lei específica (CRIA-Autarquia / AUTORIZA –Fundação,
Empresa Pública, Sociedade de Economia Mista)
-Tem finalidade pública
-Ficam sujeitas ao controle finalístico da Adm. Direta.
-Ausência de subordinação
Entidades Paraestatais: São entes privados que não integram a administração direta ou
indireta, mas que exercem atividades de interesse público sem finalidade lucrativa, ao
lado do Estado (integram o chamado 3º setor).
-A expressão “Paraestatal” significa ao lado do Estado, paralelo ao Estado.

2.2.5.3. Autarquias.

Conceito: São pessoas jurídicas de direito público, CRIADA por meio de leis
específicas, para desenvolver atividades típicas de Estado, integrando a administração
pública indireta. não estando subordinados ao ente que a constitui (autônomo), mas
sujeitando-se, todavia, ao denominado controle finalístico.
-EXEMPLOS: Agências reguladoras (ANVISA, ANS), Conselhos profissionais,
Universidades públicas
-Regime jurídico de direito público
-Autarquia- criAda e extinta por meio de lei
-Personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios.
-Autonomia administrativa e financeira
-Exercício de atividades típicas do Estado
-A personalidade jurídica da autarquia se inicia imediatamente com a vigência da
respectiva lei instituidora, não sendo necessário o registro dos atos constitutivos em
cartório para tal fim.
- A nomeação dos dirigentes das autarquias deve seguir a regra estabelecida na lei
instituidora.
- Os agentes são contratados pelas autarquias por meio de concurso público e são
nomeados para ocuparem cargo público, sendo submetidos ao regime jurídico
estatutário.
- Os atos das autarquias são atos administrativos.
-Gozam de imunidade tributária recíproca (abrange somente os impostos)
-Possuem privilégios processuais (prazo em dobro para quaisquer manifestações)
-Execução fiscal: os débitos da autarquia são pagos pela ordem cronológica de
precatórias.
-Seus bens são impenhoráveis por serem considerados bens públicos
-Possuem responsabilidade civil objetiva: responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.
- Seu regime de pessoal é o mesmo aplicado às pessoas que integram a estrutura da
adm. pública direta (regime jurídico único)
-Submetem-se a prescrição quinquenal
- O foro processual para processo e julgamento das autarquias depende de qual esfera
federativa a entidade pertence
OBSERVAÇÃO: O STF firmou o entendimento de que a Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), embora seja uma entidade fiscalizadora da profissão, não possui natureza
jurídica de autarquia e não está, de qualquer modo, vinculada à Administração indireta,

2.2.5.4. Fundações Públicas.

Conceito: Pessoa jurídica sem fins lucrativos a quem é destinado um patrimônio para
atingimento de uma finalidade social definida pelo instituidor.
-EXEMPLOS: FUNAI, FUNASA, IBGE
- Consistem em um patrimônio personalizado
-São autorizadas por lei
-Possui finalidade de interesse público
-Integra a Administração Pública indireta
-Tem como objetivo o exercício de atividade socialmente relevante sem finalidade
lucrativa.
- As fundações públicas, tanto de Direito público quanto de Direito privado, por serem
integrantes da Administração Pública indireta, sofrem o controle finalístico (tutela
administrativa ou supervisão ministerial) por parte da Administração Pública direta, não
havendo qualquer tipo de hierarquia ou subordinação entre elas. O que existe é apenas
uma vinculação.
-Elas podem ser criadas com personalidade jurídica de direito público ou privado.
Sendo criada com personalidade de direito público, será denominada de autarquia
fundacional. As fundações de direito privado seguem o regime híbrido: regime similar
ao das empresas estatais.

2.2.5.5. Empresas públicas e sociedades de economia mista.

- “Empresas estatais” é a expressão utilizada para designar todas as entidades civis e


comerciais que se encontram sob o controle acionário do Estado, englobando,
principalmente, as empresas públicas (EP), as sociedades de economia mista (SEM),
suas subsidiárias e as demais sociedades controladas pelo Poder Público.

Empresa Pública: É a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado,


com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é
integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios.
- Desde que a maioria do capital votante permaneça em propriedade da União, do
Estado, do Distrito Federal ou do Município, será admitida, no capital da empresa
pública, a participação de outras pessoas jurídicas de direito público interno, bem como
de entidades da administração indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios
Sociedade de Economia Mista: É a entidade dotada de personalidade jurídica de
direito privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas
ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito
Federal, aos Municípios ou a entidade da administração indireta
-Ambas possuem personalidade jurídica de direito privado (não possuem as
prerrogativas de Estado)
- A criação é autorizada por lei e efetivada mediante o registro dos atos constitutivos no
órgão competente
-Possuem patrimônios próprios e autonomia administrativa e financeira
-Devem ter relevante interesse coletivo ou imperativo de segurança nacional
-São criadas para exploração de atividade econômica ou prestação de serviço.
- Fazem parte da Administração Pública indireta, estando vinculadas e sofrendo controle
finalístico da Administração Direta instituidora, não existindo, entretanto, hierarquia
entre elas;
-Não gozam de privilégios fiscais que não sejam extensivos a todas as pessoas de direito
privado.
- Regime jurídico híbrido (predominantemente privado, com derrogações do Direito
público).
- A nomeação dos dirigentes das empresas públicas e sociedades de economia mista é
realizada na forma da lei autorizadora ou de seus estatutos, devendo ser realizada pelo
Chefe do Poder Executivo do ente federado instituidor (caso instituída pelo Executivo).
-No tocante ao regime de pessoal, os agentes que atuam na prestação de serviços
públicos, são classificados como empregados, sendo sua relação de trabalho regido pela
Consolidação das Leis do Trabalho (regime celetista), prestando serviço mediante a
celebração de contrato de emprego, não sendo possível a regulação da atividade por
meio de regime estatutário de servidores.
- Em regra, os atos praticados pelas estatais são considerados de natureza privada, em
razão da sujeição ao mesmo regime das empresas privadas.
-Não gozam de prerrogativas processuais aplicadas ao Estado.
-Apesar de não possuírem prerrogativas públicas, sujeitam-se às limitações da
Administração Pública, razão pela qual deverão fazer licitação e ficam sujeitas ao
controle finalístico.
-A legislação de falências não pode se aplicar às empresas públicas e às sociedades de
economia mista que prestam serviços públicos, inclusive porque há impenhorabilidade
dos bens atrelados à prestação do serviço, sendo impossível a concorrência dos
credores.
- Por se tratar de pessoas jurídicas de direito privado, a responsabilidade civil das
empresas estatais será, em regra, subjetiva
-Subordina-se ao regime de licitação
DIFERENÇAS

CONSÓRCIOS PÚBLICOS
Conceito: pessoa jurídica formada exclusivamente por entes da Federação, na forma da
Lei no 11.107, de 2005, para estabelecer relações de cooperação federativa, inclusive a
realização de objetivos de interesse comum, constituída como associação pública, com
personalidade jurídica de direito público e natureza autárquica, ou como pessoa jurídica
de direito privado sem fins econômicos;
-Possuem natureza jurídica de contrato interfederativo.
- Serão instituídos com a forma de uma espécie de pessoa jurídica já existente no
ordenamento jurídico.
- O objeto do consórcio público pode ser qualquer atividade administrativa de interesse
comum entre os entes consorciados. Caso possua o objetivo de gestão associada de
serviços públicos, deve prever expressamente autorização para esta atividade no
protocolo de intenções.
- O consórcio público será constituído por contrato cuja celebração dependerá da prévia
subscrição de protocolo de intenções.
- A alteração ou extinção dos consórcios públicos dependerá de instrumento formal
aprovado pela assembleia geral, ratificado mediante lei por todos os entes consorciados,
conforme o princípio da paridade das formas jurídicas (art. 12, lei 11.107/05).
-A retirada de ente federado do consórcio público também dependerá de ato formal de
seu representante na assembleia geral, na forma previamente disciplinada por lei (art.
11). Além disso, os bens destinados ao consórcio público pelo consorciado que se retira
somente serão revertidos ou retrocedidos com a extinção do consórcio, salvo no caso de
expressa previsão no contrato de consórcio público ou no instrumento de transferência
ou de alienação (art. 11, §1º).
- Os consórcios públicos poderão outorgar concessão, permissão ou autorização de
obras ou serviços públicos mediante autorização prevista no contrato de consórcio
público, que deverá indicar de forma específica o objeto da concessão, permissão ou
autorização e as condições a que deverá atender, observada a legislação de normas
gerais em vigor.
- Independentemente da natureza de Direito público ou privado, o consórcio público
deve realizar concurso público para contratação de seus empregados, que serão regidos
pela CLT.
- O contrato de rateio é a única forma possível para entrega de recursos pelos entes
consorciados ao consórcio público.

2.2.5.6. Parcerias entre a Administração Pública e o Terceiro Setor.

Terceiro Setor: No terceiro setor da economia estão presentes as entidades privadas


que atuam, sem finalidade lucrativa, visando garantir o interesse da sociedade,
executando atividades de interesse social, gozando, desta forma, de benefícios pagos
pelo ente estatal, como forma de incentivar a atuação do particular (recebem vantagens,
porém se submetem ao controle Estatal).
-São também denominados de entidades paraestatais
-Partido político é entendido como integrante do terceiro setor

● Serviço Social Autônomo (Sistema S)


- São pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, criadas por confederações
privadas (representativas de categorias econômicas), após autorização prevista em lei,
que recebem recursos oriundos de contribuição social de natureza tributária (art. 240,
CF) e dotações orçamentárias do poder público.
-O regime de pessoal é o trabalhista (CLT)
-Não se sujeitam à exigência de licitação
-Seus bens são considerados de natureza privada
-Seus créditos não são pagos mediante precatória
-Dependem de Lei específica autorizando sua criação.
-Atuam na assistência, ensino, capacitação a determinadas categorias profissionais ou
sociais, para a indústria e comércio.
-Podem receber orçamento público, assim como podem cobrar contribuições com
natureza jurídica de tributo (parafiscalidade: poder de cobrar tributos).
-Submetem-se ao controle exercido pelo Tribunal de Contas.

● Entidades de Apoio (Fundações, associações e cooperativas)

- São pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, instituídas por servidores
públicos em nome próprio, sob a forma de associação, cooperativa ou fundação, para a
prestação de serviços sociais não exclusivos de Estado, em caráter privado, por meio de
vínculo com entidades da Administração indireta ou com a Administração direta,
normalmente por meio de convênio.
- As entidades de apoio que podem celebrar convênios com o IFES e com as ICTs
devem ser constituídas sob a forma de fundação.
- Essas fundações de apoio devem realizar prévio registro e credenciamento no
Ministério da Educação no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações, renovável a cada 5 (cinco) anos (art. 2º, III).
- Atuam ao lado de hospitais e universidades, fomentando, auxiliando na pesquisa.
-Executam assuntos de interesse do próprio órgão, que lhes são inerentes.
-O vínculo que possuem é o denominado “convênio”.
-Cessão de bens, cessão de servidores e transferência de verba orçamentária.
-Deve realizar procedimento simplificado de licitação para seus contratos, para justificar
a impessoalidade na contratação a ser firmada, isto porque realiza contratações com
dinheiro público.
-Se submetem ao controle do Tribunal de Contas.

● Organizações Sociais (OS)

- Trata-se uma entidade criada sob a forma de associação ou fundação, recebendo a


qualificação jurídica de OS posteriormente.
-Criada através da edição da Lei nº 9.637/98
-Entidades privadas sem fins lucrativos
-Não há necessidade de lei autorizadora para sua criação;
-Criada por particulares:
-Criados na prestação se serviços públicos não exclusivos de Estado: são serviços que o
Estado tem o dever de prestar e o particular tem a faculdade em prestá-los
independentemente de delegação.
-São serviços que o particular pode prestar por iniciativa própria.
-Celebração de “Contrato de gestão”, através dessa contração ela ganha a qualidade de
OS (A organização social é a única entidade privada que celebra contrato de gestão com
o Poder Público)
- A desqualificação será realizada pelo Ministro ou autoridade supervisora da área de
atuação da organização social quando constatado o descumprimento das disposições
contidas no contrato de gestão.
-Possui orçamento próprio; submete-se ao controle pelo Tribunal de Contas.
-As organizações sociais têm dispensa de licitação, sendo, inclusive, declarada
constitucional a referida dispensa.
-O Conselho de Administração deve ser composto também por um servidor público.

● Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP)

- Trata-se de uma qualificação específica, concedida a entidades de direito privado sem


fins lucrativos, constituídas e em funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos,
que atuem em uma das atividades sociais previstas no art. 3º da lei 9.790/99, não
exclusivas de Estado, e que pretendam celebrar parceria com o Poder Público para
receber fomento e se submeterem a fiscalização por meio de termo de parceria.
-Criadas através da Lei nº 9.790/99
-É uma entidade privada criada por particulares, sem fins lucrativos, que atua na
prestação de serviços públicos não exclusivos de Estado.
- Não é exigida a previsão de um conselho de administração com participação de
representantes do poder público. Exige-se apenas a constituição de um conselho fiscal
ou órgão equivalente, com competência para fiscalização, sem necessidade de
participação do Estado
-Celebram Termo de Parceria, que o qualifica como OSCIP e que permite o
recebimento de fomento do Estado para execução da atividade social.
-Verba orçamentária.
-Controle pelo Tribunal de Contas.
-Dependem de licitação.
-Se submetem ao controle do próprio ente que celebrou o termo de parceria.
- A desqualificação ocorre quando a entidade deixar de preencher os requisitos previstos
em lei, mediante processo administrativo, assegurando o contraditório e a ampla defesa,
instaurado a pedido do Ministério Público ou de qualquer cidadão, vedado o anonimato
-Não podem se qualificar como OSCIP: cooperativas; entidades religiosas; as
sociedades empresariais; partidos políticos, confederações sindicais e os OS
(organizações sociais).
-Os dirigentes da OSCIP, desde que sejam empregados, podem receber remuneração
fixa

● Organização da Sociedade Civil (OSC)

-Criada através da edição da Lei nº 13.019/2014

-São entidades privadas, que atuam sem finalidade lucrativa na prestação de serviços de
interesse público não exclusivos de Estado.
-Possuem 3 espécies de vínculo:
o Termo de colaboração: instrumento por meio do qual a Administração
Pública celebra parceria com OSC que envolva a transferência de recurso
financeiro, para consecução de finalidades de interesse público e
recíproco, cujos planos de trabalho foram propostos pela própria
Administração Pública, após regular chamamento público.
-Criada para atuar ao lado do Estado;
- Transferência de recursos do Poder Público ao particular;
o Termo de fomento: instrumento por meio do qual a Administração
Pública celebra parceria com OSC que envolva a transferência de recurso
financeiro, para consecução de finalidades de interesse público e
recíproco, cujos planos de trabalho foram propostos pelas organizações
da sociedade civil, após regular chamamento público.
- transferência de recursos do Poder Público ao particular;
o Acordo de cooperação: instrumento por meio do qual a Administração
Pública celebra parceria com OSC que não envolva a transferência de
recurso financeiros.
-Sem transferência de recurso.
-Podem se qualificar como OS às entidades sem fins lucrativos, as
sociedades cooperativas e as entidades religiosas (c/ finalidade
filantrópicas).

2.3. Servidores Públicos.

2.3.1. Agentes públicos.


Conceito: Aquele que exerce ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por
eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura no
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades públicas.
-É qualificado como agente público qualquer pessoa que age em nome do Estado,
independentemente de vínculo jurídico, ainda que atue sem remuneração e
transitoriamente.
-Não há necessidade de pagamento de remuneração
-Teoria da imputação volitiva ou teoria do órgão: As pessoas jurídicas de direito público
e as de direito privado prestadoras de serviço público responderão pelos danos que seus
agentes causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo e culpa.

2.3.2. Classificação dos agentes públicos.

● Agentes políticos: são aqueles que atuam no exercício da função política de


Estado.
-Presidente, governadores, prefeitos, secretários e ministros de Estado, Membros da
magistratura e do MP (defensoria e membros do tribunal de contas não)
-São investidos em cargos (em pessoas jurídicas de direito público) sujeitos ao regime
estatutário.
-Inaplicabilidade da súmula vinculante nº13 que veda o nepotismo na adm pública, aos
agentes políticos

● Particulares em colaboração: são aqueles que, sem perderem a qualidade de


particulares, atuam, em situações excepcionais, em nome do Estado, mesmo em
caráter temporário ou ocasional, independentemente do vínculo jurídico
estabelecido, exercendo função pública.
-EX: mesários, jurados, serviço militar obrigatório
-Não perdem a característica de particulares
-Não tem vínculo com o Estado (político o administrativo)
-Classificação

● Particulares em colaboração designados: Atuam por convocação do Estado e tem


a obrigação de participar, sob pena de sanção (jurados, mesários)
● Particulares em colaboração voluntária (cidadãos honoríficos): são os cidadãos
convocados para prestar, transitoriamente, serviço ao Estado, sem remuneração.
● Particulares em colaboração delegados: São particulares que atuam em virtude de
delegação de serviços públicos
- Agentes das concessionárias e permissionárias
-Titulares de serventia de cartório
● Particulares em colaboração credenciados: São particulares que atuam em nome
do Estado mediante convênios celebrados com o Poder Público para exercer
atividade de interesse do Estado.
-Exemplo: médico particular com convênio com o SUS.
● Servidores públicos

2.3.3. Os servidores estatais na CR/88.

Conceito: Também denominados de agentes administrativos em decorrência do seu


vínculo administrativo.
Regimes jurídicos funcionais

● Temporários: Exceção a forma de ingresso por concurso, são contratados por


tempo determinado para atender à necessidade temporária de excepcional
interesse público.
● Celetistas: são aqueles contratados sob o regime da CLT e que ocupam
empregos públicos.
- É o regime aplicável aos agentes públicos que ocupam emprego público,
normalmente, nas entidades administrativas de Direito Privado da
Administração indireta.
-Aprovados em concurso
-Após concurso celebra CONTRATO de emprego
-Seus direitos e obrigações estão previstos no contrato
-Ocupam emprego público
● Estatutários: são aqueles que ocupam cargo público, sendo regidos pelo regime
estatutário
-É o regime utilizado pelas pessoas jurídicas de direito público e seus
respectivos órgãos com relação aos seus servidores.
-Aprovados em concurso
-Sua relação é regida por um ESTATUTO
-Não há contrato de trabalho.
-Ocupam cargo público
-Compete à Justiça comum processar e julgar as causas relacionadas aos
servidores estatutários, e não à justiça do trabalho.
● Especial: é aplicável aos agentes públicos contratados por tempo determinado
(servidores temporários).
- Esses servidores temporários não se submetem ao regime estatutário e nem à
CLT.
- O vínculo jurídico será formado mediante contrato, entretanto, serão regidos
pela legislação própria, a ser editada por cada Ente Federativo.
Cargo, emprego e função pública

● Cargo Público: é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na


estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor.
● Emprego público: é a expressão usada para designar a relação de trabalho
existente entre o servidor e o ente empregador, que é regida pelo regime celetista
(trabalhista).
● Função pública: é a atividade em si mesma, constituída de um conjunto de
atribuições e responsabilidades, mas sem lugar (posto) no quadro funcional.
2.3.4. Os cargos públicos.

Conceito: significa atribuições + responsabilidades + um posto na Administração


Direta, autárquica ou fundacional. Além de regime estatutário.
Requisitos

● Nacionalidade brasileira

● Gozo de direitos políticos

● Quitação com obrigações políticas e militares

● Nível de escolaridade

● Idade mínima de 18 anos

● Aptidão física e mental

Classificação
Quanto a esfera de governo

● Federal

● Estadual

● Municipal

Quanto à sua posição na estrutura estatal

● Cargos de carreira: organizados em classes ou categorias escalonadas em razão


do nível de responsabilidade e atribuições, permitindo a progressão funcional e a
promoção;
● Cargos isolados: não integram uma carreira específica, não havendo
escalonamento de funções nem progressão funcional ou promoção.
Quanto a estabilidade

● Cargo vitalício: são aqueles que oferecem a maior garantia de permanência a seus
ocupantes. Somente através de processo judicial, em regra, podem os titulares
perder seus cargos
- Ex: Membros da magistratura, membros do MP, membros dos tribunais de
contas
● Cargos efetivos: Embora em menor grau que nos cargos vitalícios, os cargos
efetivos são preenchidos por agentes aprovados em concurso público de provas
ou de provas e títulos e também proporcionam segurança a seus titulares: a perda
do cargo, nos termos do art. 41, § 1º, da CF, só poderá ocorrer, depois que
adquirirem a estabilidade, se houver sentença judicial ou processo administrativo
em que se lhes faculte ampla defesa, e agora também em virtude de avaliação
negativa de desempenho, como introduzido pela EC nº 19/1998.
● Cargo em comissão: são de ocupação transitória. Seus titulares são nomeados em
função da relação de confiança que existe entre eles e a autoridade nomeante. A
natureza desses cargos impede que os titulares adquiram estabilidade. Por outro
lado, assim como a nomeação para ocupá-los dispensa a aprovação prévia em
concurso público, a exoneração do titular é despida de qualquer formalidade
especial e fica a exclusivo critério da autoridade nomeante
-NÃO adquirem estabilidade
Criação, transformação e extinção de cargos e empregos públicos
- A criação, transformação e extinção de cargos, empregos públicos e funções públicas,
em regra, deve ocorrer por meio de lei (art. 48, X, CF).
Estabilidade
- É uma prerrogativa constitucional (art. 41, CF) dos servidores públicos, ocupantes de
cargo público efetivo, de permanência no serviço público, somente podendo perder o
cargo nas hipóteses previstas na Constituição Federal e regulamentadas na lei.
- A estabilidade ocorre em relação ao serviço e não ao cargo.
- A estabilidade alcança apenas os servidores públicos efetivos estatutários.
-Requisitos para obter estabilidade: 3 anos de efetivo exercício + aprovação em
avaliação de desempenho instituída para essa finalidade.
Vitaliciedade
- É a garantia de permanência no serviço público, somente podendo perder o cargo nas
hipóteses previstas na Constituição Federal.
-A vitaliciedade beneficia apenas os ocupantes dos cargos especificamente definidos na
Constituição como Juízes, Ministros e Conselheiros dos Tribunais de Contas,
Magistrados, Membros do MP.
-Em regra, o servidor público somente se tornará vitalício após o prazo definido pela
Constituição para avaliação de sua aptidão para o cargo (2 anos), em procedimento
semelhante ao estágio probatório (estágio de vitaliciamento).
-A demissão do servidor vitalício somente pode ocorrer por meio de sentença judicial
transitada em julgado.
Perda do cargo:

● Em virtude de sentença judicial transitada em julgado; (demissão)

● Mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;


(demissão)
● Insuficiência de desempenho, avaliada mediante procedimento de avaliação
periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla
defesa. (demissão)
● Em virtude de necessidade de corte de gastos (exoneração).

Estágio probatório: Corresponde ao período de experiência pelo qual passa o servidor


para apuração da sua eficiência para as atribuições do cargo.
-Duração de 3 anos
-Durante o estágio probatório, o servidor poderá ser exonerado ou demitido
independentemente das hipóteses do art. 41 da CF.
-O servidor público em estágio probatório também não está protegido da extinção do
cargo.

2.3.5. Provimento em cargo público: Conceito e formas.

Conceito: é o fato administrativo que retrata o preenchimento de um cargo ou função


pública.
Critérios de admissão

● Prévia aprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos de


acordo com a complexidade do cargo ou do emprego.
- Concurso público é o processo administrativo por meio do qual a
Administração seleciona os melhores candidatos para ocuparem os cargos ou
empregos públicos, por meio da realização de provas ou de provas e títulos.
-Suas regras devem estar expressamente previstas no edital
- O concurso tem validade de até 2 anos prorrogável uma vez, por igual
período.
-Cláusula de barreira: é a nota de corte dos concursos
-A exigência de títulos deve ter caráter meramente classificatório.
- A anulação do concurso público pode ocorrer pela própria administração, no
exercício do poder de autotutela, bem como pelo Poder Judiciário, desde que
verificada irregularidades no procedimento.
- É entendimento pacífico na jurisprudência de que a simples aprovação em
concurso público não enseja direito subjetivo à nomeação do candidato, mas
mera expectativa de direito. Entretanto, uma vez nomeado, surge o direito
subjetivo à posse.
Formas de provimento

● Nomeação
- Único ato que é originário
-A investidura acontece com a posse (prazo de 30 dias após ser nomeado)
-Após tomar posse deve entrar em exercício no prazo máximo de 15 dias
● Promoção: é a forma pela qual o servidor é deslocado de um cargo de classe
inferior de uma carreira para o cargo de classe imediatamente superior da mesma
carreira.
-A promoção pode ser por antiguidade ou merecimento.
● Readaptação: É o aproveitamento do servidor em novo cargo, em razão de uma
limitação sofrida na capacidade física ou mental.
-Será garantida a equivalência de rendimentos
-Mesmo na hipótese de não existir cago vago na carreira, o servidor terá direito a
ser readaptado e exercerá suas funções no cargo como excedente.
● Reversão: É o retorno ao serviço público de um servidor que já havia se
aposentado, por invalidez (art. 25, I, Lei 8.112/1990) ou de forma voluntária
(art. 25, II, Lei 8.112/1990), ao mesmo cargo que ocupava ou em cargo
resultante de sua transformação.
-Não tem direito a ser indenizado
● Reintegração: enseja o retorno do servidor público estável ao cargo que ocupava
anteriormente, em virtude do ato de anulação.
-Ele terá o ressarcimento de todas as suas vantagens
● Aproveitamento: é o retorno de servidor em disponibilidade à atividade em
cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado.
● Recondução: é o retorno do servidor estável ao cargo de origem em razão da
inabilitação em estágio probatório relativamente a outro cargo ou quando ocorrer
a reintegração de servidor ao cargo que ocupava.
OBSERVAÇÃO: Na hipótese de extinção do cargo, o servidor ficará em
disponibilidade
Investidura: ocorre com a posse.
- É por meio da assinatura do termo de posse que o indivíduo forma vínculo jurídico
com a Administração Pública e é investido em cargo público, assumindo os direitos e
deveres inerentes.
Vacância: Formas de deixar o cargo público vago

● Exoneração: pode acontecer a pedido do próprio agente público ou, nas


situações legalmente previstas, por ato de ofício da Administração.
- A extinção do vínculo funcional não representa uma punição ao servidor.
-Nos casos de cargo em comissão e das funções de confiança a exoneração não
depende de motivação
● Demissão: É a forma de sanção administrativa e é aplicada pela prática de ilícito
administrativo apurado em PAD em que sejam assegurados o contraditório e a
ampla defesa.
● Promoção

● Readaptação

● Aposentadoria

● Posse em outro cargo inacumulável: vedação à acumulação de cargos públicos

● Falecimento

Acumulação de cargos, empregos e funções públicas


- A CF veda a acumulação remunerada de cargos, empregos e funções
-A vedação se estende aos servidores celetistas, estatutários, bem como os temporários
Exceções:

● Acúmulo de 2 cargos de professor

● Um cargo de professor com outro de técnico ou científico


● 2 cargos ou empregos privativos de profissionais da saúde, com profissões
regulamentadas
-É necessário ainda a comprovação da compatibilidade de horários, ou seja, que o
exercício de uma função não impossibilita em termos de carga horaria o exercício da
outra.
-Os cargos acumuláveis não podem ultrapassar o teto remuneratório
Deslocamento: Não configuram provimento ou vacância de cargos públicos

● Remoção: deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do


mesmo quadro, com ou sem mudança de sede.
-Hipóteses em que a remoção a pedido do servidor não poderá ser negada:
▪ Decorrente de deslocamento do cônjuge (ou companheiro)

▪ Por motivo de saúde do servidor, do cônjuge ou companheiro do


servidor, ou ainda, de dependente econômico.
▪ Na hipótese de concurso de remoções.

● Redistribuição: Trata-se do deslocamento do cargo, o qual poderá ocorrer,


inclusive entre entidades diferentes e órgãos diferentes, desde que dentro do
mesmo poder.
- Será sempre feita de ofício, no interesse da Administração Pública
Sistemas remuneratórios

● Remuneração

-Remuneração= vencimento básico + vantagens pecuniárias permanentes


- A remuneração é irredutível
-Deve ser maior ou igual a um salário mínimo

● Subsídio: forma de pagamento em parcela remuneratória única, que não admite


acréscimos pecuniários.
- Cargos cuja implantação do subsídio é obrigatória

● Membro do poder: (o que compreende os membros do Legislativo, Executivo e


Judiciário da União, Estados e Municípios), o detentor de mandato eletivo
(agentes políticos), Ministros de Estado e Secretários Estaduais e Municipais;
● Membros do MP

● Integrantes da AGU

● Ministros do Tribunal de Contas

● Servidores Públicos policiais


-A fixação e a alteração da remuneração (vencimentos ou subsídios) dependem de lei
específica.
Teto remuneratório

● Teto remuneratório corresponde ao subsídio do Ministro do STF!

2.3.6. Deveres e responsabilidades dos servidores públicos estatutários.


DEVERES
-Honestidade, Lealdade às instituições, imparcialidade e legalidade
- Consta ainda no estatuto dos servidores públicos federais

● Exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo

● Ser leal às instituições a que servir;

● Observar as normas legais e regulamentares;

● Cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais;

● Atender com presteza:


-ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as
protegidas por sigilo;
-à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de
situações de interesse pessoal;
-às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
● Levar ao conhecimento da autoridade superior as irregularidades de que tiver
ciência em razão do cargo;
● Zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio público;

● Guardar sigilo sobre assunto da repartição;

● Manter conduta compatível com a moralidade administrativa;

● Ser assíduo e pontual ao serviço;

● Tratar com urbanidade as pessoas;

● Representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.

RESPONSABILIDADES
-O servidor público responde civil, penal e administrativamente pelos ilícitos praticados
no exercício do cargo ou em razão dele.
-As sanções são acumuláveis de modo que pode haver simultaneamente sanção civil,
penal e administrativa independentes entre si, sem que isto implique em bis in idem
-A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que
resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros (art. 122 da lei n.º 8.112/90), e tem
fundamento nos artigos 186, 187 e 927 do Código Civil, o qual impõe a todo aquele
causar prejuízo a outrem a obrigação de reparação.
-Tanto na indenização por prejuízos causados à Administração diretamente ou em ação
regressiva (art. 37, § 6º CF) na ausência de bens do servidor para garantir a execução,
serão feitos descontos em parcelas mensais, não podendo exceder a 10% do valor da
remuneração ou provento.

2.3.7. Sindicância e Processo administrativo.

SINDICÂNCIA
Conceito: é espécie de procedimento administrativo simplificado, suficiente e adequado
para a aplicação das penalidades de advertência e suspensão por até 30 dias, não sendo
admissível esse mesmo procedimento quando tratar-se de penalidades mais graves.
- A sindicância deverá ser finalizada no prazo máximo de 30 dias, prorrogáveis por
mais 30 dias.
-Do processo de sindicância podem resultar 3 situações
● Arquivamento do processo

● Aplicação da penalidade

● Instauração de PAD

PROCESSO ADMINISTRATIVO- PAD


- Impossibilidade de quaisquer penalidades sem a observância de prévio PAD
-Previsão: arts. 143 a 182 da Lei n° 8.112/90.
-Procedimento administrativo para apuração de suspensão superior a 30 dias
-Divide-se em:

● Processo sumário

● Sindicância

● PAD propriamente dito (ocorre por meio de portaria)

-Pode acontecer o afastamento preventivo do servidor, com caráter de medida cautelar


administrativa.
OBSERVAÇÕES

● O servidor que estiver respondendo a processo administrativo disciplinar não


pode ser exonerado;
● O servidor que estiver respondendo a processo administrativo disciplinar não
pode ser aposentado voluntariamente.
● A instauração do PAD interrompe o prazo prescricional para aplicação da
penalidade administrativa. (PRAZO INTERROMPIDO POR 140 DIAS)
Processo administrativo propriamente dito
- A instauração ocorre por meio de uma portaria
- Pode ser instaurado de ofício ou mediante provocação
- A comissão processante será composta por 3 servidores estáveis
- Fases do PAD
● Inquérito administrativo

● Julgamento- observará o prazo de 20 dias

2.4. Poderes da Administração Pública.

Conceito: Instrumentos conferidos à Administração para alcançar os interesses da


coletividade.
-São consideradas prerrogativas instrumentais uma vez que são concedidos com o único
objetivo de possibilitar a consecução dos interesses públicos, sendo atribuídos na exata
medida reputada para tanto.
-Trata-se de um poder-dever uma vez que a Administração Pública não somente pode
como deve atuar em favor do interesse da coletividade.
Abuso de poder: Ocorre abuso de poder quando o agente público extrapola a
competência que lhe foi conferida, seja buscando finalidade diversa da imposta para o
ato administrativo.
-O abuso de poder divide-se em duas espécies:

● Excesso de poder: extrapola a competência (vício sanável)

● Desvio de poder: busca finalidade diversa da proposta pelo ato (vício insanável).

2.4.1. Poder vinculado.

Conceito: Aquele em que a lei estabelece todos os critérios objetivos da prática do ato.
-Não há margem de escolha no caso concreto
-É o poder utilizado quando se pratica atos vinculados.
-Ato vinculado: é o ato que possui todos os elementos e pressupostos já preenchidos
previamente em lei, tornando o administrador mero “cumpridor de leis”.

2.4.2. Poder discricionário.

Conceito: É aquele em que a lei determina a forma de atuação, porém confere à


administração, em algum ponto, uma determinada margem de escolha, que terá como
elemento norteador a oportunidade e a conveniência.
-A margem de escolha deverá ocorrer dentro dos limites da lei.
- O poder discricionário existe, em regra, quando a lei o instituir. No silêncio da lei, os
atos administrativos serão vinculados.
-Essa margem de escolha conferida ao agente público é denominada de mérito
(conveniência e oportunidade).
-A discricionariedade somente pode ser exercida em relação ao motivo e ao objeto do
ato administrativo.
-Os Poderes Judiciário e Legislativo não podem controlar o mérito administrativo, ou
seja, não cabe a eles realizar considerações acerca da oportunidade e conveniência do
ato, sob pena de violação da separação dos poderes. O Judiciário somente pode
controlar a legalidade e a legitimidade (juridicidade) do ato.
-No caso da discricionariedade proveniente dos conceitos jurídicos indeterminados, o
limite do mérito para fins de averiguação de sua legitimidade é o princípio da
razoabilidade e proporcionalidade.

2.4.3. Poder normativo ou Poder regulamentar.

Conceito: Refere-se à faculdade que tem o Chefe do Poder Executivo de expedir


decretos que, em regra, possuem apenas a finalidade de explicar a lei (art.84, IV, CF).
-As normas gerais e abstratas expedidas (regulamentos) são inferiores à lei para sua fiel
execução.
- O regulamento (ato) é expedido por meio de um decreto (forma).
-Somente o chefe do Poder Executivo (presidente, governador e prefeito) tem
competência para expedir regulamentos/decretos.
Espécies de regulamento

● Regulamento executivo (decreto regulamentar ou de execução): é aquele criado


para a fiel execução da lei, não sendo cabível delegação.
-Não inova a ordem jurídica
● Regulamento autônomo (decreto substitutivo à lei): são aqueles expedidos para
substituir a lei.
- É considerado ato normativo primário porque retira sua força diretamente da
Constituição.
-Inova a ordem jurídica
-O art. 84, VI da CF é a única hipótese em que se admite regulamento autônomo
(determinar a extinção de cargo público vago e tratar da organização
administrativa)
-O decreto autônomo está sujeito ao controle de constitucionalidade.
-Pode ser delegado
Deslegalização
Consiste na possibilidade do Poder Legislativo, através de lei, transferir para a
Administração Pública a competência para editar normas sobre assuntos cuja
complexidade e velocidade de transformação exigem uma nova dinâmica normativa,
que possibilita inclusive, o exercício de discricionariedade técnica.
-A lei que promove a deslegalização deve definir os parâmetros dentro dos quais a
administração deve atuar.
- A deslegalização surge como instrumento de atuação para as agências reguladoras.

2.4.4. Poder hierárquico.


Conceito: É uma decorrência da forma como se organiza a Administração Pública,
havendo agentes ou órgãos cujas atuações se encontram subordinadas a outros agentes
ou órgãos superiores.
-Distribuição de competência e hierarquia
-Poder de estruturação interna da atividade administrativa - poder interno
-Se manifesta entre os órgãos e agentes da mesma pessoa jurídica.
- Não se admite hierarquia e/ou subordinação entre administração direta e indireta, entre
as entidades da Administração Direta e Indireta temos um controle apenas, também
denominado de tutela ou supervisão ministerial.
-NÃO caracteriza a hierarquia: controle finalístico da adm direta sob a indireta.
Manifestação da hierarquia
A hierarquia pode se manifestar por meio de atos de coordenação (relação horizontal) e
atos de subordinação (relação vertical).
Delegação x Avocação

● Delegação: é o ato de conferir a outro servidor atribuições que, originalmente,


eram de competência da autoridade delegante.
-Se dá entre agentes de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior.
-Ela deve ser específica, ou seja, deve ser expresso em relação à competência
delegada e no que tange a indicação do agente que se tornará competente.
● Avocação: consiste na possibilidade de o superior hierárquico trazer para si
temporariamente o exercício de competências legalmente estabelecidas para
órgão ou agente hierarquicamente inferior.
-Não cabe avocação fora da linha hierárquica.
-É medida excepcional
-Ela deverá ser temporária.
Cláusula de reserva no ato de delegação
- A delegação é ato temporário, pode ser revogada a qualquer tempo e não implica
renúncia de competência. Salvo disposição em contrário, como regra geral, presume-
se a cláusula de reserva, ou seja, o agente delegante não transfere a competência, mas
apenas a amplia, mantendo-se competente após a delegação juntamente com o agente
delegado, ou seja, o agente delegante se reserva na competência delegada
Vedação de delegação e avocação

● Para edição de atos normativos

● Para decisão de recurso hierárquico

● Para competência definida como exclusiva

2.4.5. Poder disciplinar.


Conceito: Refere-se à possibilidade de punição interna das infrações funcionais dos
servidores públicos e das demais pessoas que se vinculam à Administração.
- Somente está sujeito ao poder disciplinar aquele que possui algum vínculo específico
com a Administração, seja de natureza funcional ou contratual.
-O poder disciplinar pode ser verificado em duas hipóteses:
a) punir internamente infrações funcionais dos servidores públicos (decorre, de forma
mediata, do poder hierárquico); e
b) punir infrações administrativas cometidas por particulares que possuam uma relação
jurídica específica (vínculo jurídico específico/especial) com a Administração Pública
(ex.: punição de um particular que tenha celebrado contrato administrativo com o poder
público e tenha descumprido alguma cláusula contratual, punição de presos sob custódia
do Estado etc.).
- É o poder sancionatório, punitivo.
- A aplicação das sanções disciplinares deve respeitar o devido processo legal,
assegurando o contraditório e a ampla defesa e requer um procedimento administrativo
prévio.
- A discricionariedade, quando existente, é relativa à graduação da penalidade ou à
escolha entre as sanções legalmente cabíveis, uma vez que no direito administrativo não
predomina o princípio da pena específica (que corresponde à necessidade de prévia
definição em lei da infração funcional e da exata sanção cabível).
OBSERVAÇÃO

● Estado punindo pessoas vinculadas a ele = poder disciplinar

● Estado punindo particulares não vinculados = poder de polícia

2.4.6. Poder de polícia.

Conceito: É destinada a disciplinar, restringir ou condicionar o exercício dos direitos


individuais em prol dos interesses coletivos.
-Não depende de nenhum vínculo especial com o Estado para ser aplicado.
- O poder de polícia enseja a possibilidade de cobrança de taxas.
- Tem por finalidade restringir as liberdades individuais, o uso, gozo e disposição da
propriedade para adequá-los ao interesse da coletividade.
- A polícia administrativa se manifesta por atos de prevenção e repressão
- É atividade típica do Estado e por isso não pode ser delegada à pessoa jurídica de
direito privado, ainda que a pessoa jurídica de direito privado da Administração Indireta
- O poder de polícia pode se manifestar por intermédio de atos gerais, inclusive leis, e
pode também se manifestar por atos individuais.
- O poder de polícia, se manifesta por intermédio de atos discricionários ou vinculados.
- As sanções decorrentes do poder de polícia devem respeitar um prazo prescricional
de 5 anos
Tipos de poder de polícia
OBSERVAÇÃO

Ciclos do poder de polícia

● ORDEM: é a norma legal que estabelece, de forma primária, as restrições e as


condições para o exercício das atividades privadas;
● CONSENTIMENTO: é a anuência do Estado para que o particular desenvolva
determinada atividade ou utilize a propriedade particular.
● FISCALIZAÇÃO: é a verificação do cumprimento, pelo particular, da ordem e
do consentimento de polícia (ex.: fiscalização de trânsito, fiscalização sanitária
etc.). A atividade fiscalizatória pode ser iniciada de ofício ou por provocação de
qualquer interessado;
● SANÇÃO: é a medida coercitiva aplicada ao particular que descumpre a ordem
de polícia ou os limites impostos no consentimento de polícia (ex.: multa de
trânsito, interdição do estabelecimento comercial irregular, apreensão de
mercadorias estragadas etc.).

Atributos do poder de polícia

● Discricionariedade: Em regra, a Administração Pública tem a liberdade de


definir a oportunidade e conveniência da prática dos atos de poder de polícia.
● Autoexecutoriedade: A Administração Pública pode, com os seus próprios
meios, executar seus atos e decisões, sem precisar de prévia autorização judicial.
● Coercibilidade: Significa que as medidas adotadas pela Administração podem
ser impostas coercitivamente aos particulares
● Imperatividade: poder que a administração pública tem de impor obrigações a
particulares unilateralmente, independentemente da vontade daquele
(concordância do particular).

2.5. Atos Administrativos.

-Atos da administração e atos administrativos não são sinônimos


-Os atos da administração são mais amplos do que a noção de ato administrativo, uma
vez que este é espécie daquele.
2.5.1. Conceito.
Atos administrativos: são aqueles atos praticados no exercício da função
administrativa sob o regime de direito público, ensejando uma manifestação de vontade
do Estado.
-Aqueles atos que são praticados por quem atua por delegação do Estado, também são
considerados atos administrativos, pois constitui-se em manifestação do Estado.
Silêncio administrativo pode ser considerado um ato administrativo? A
manifestação unilateral de vontade da Administração Pública normalmente é
materializada de forma expressa, por meio de atos administrativos. Deste modo, a
omissão, no caso, não é um ato administrativo, pois inexiste manifestação formal da
vontade da Administração, razão pela qual deve ser configurada como fato
administrativo.
2.5.2. Classificação.
Quanto ao grau de liberdade

● Ato vinculado: ato que todos os seus elementos já estão previamente estipulados
em lei, de forma objetiva.
● Ato discricionário: são aqueles que admitem uma margem de liberdade,
chamada de mérito (conveniência e oportunidade)
Quanto aos destinatários

● Atos gerais: são aqueles atos que atingem uma quantidade indeterminada de
pessoas, com caráter abstrato e impessoal.
-Não se destina a pessoas específicas, mas descreve uma situação de fato,
tornando todos aqueles que se enquadram nesta situação obedientes aos termos
expostos no ato.
-Dependem de publicação.
● Atos individuais: são aqueles que se dirigem a determinados indivíduos,
especificados no próprio ato.
-Há uma discriminação específica de quais agentes ou particulares se submetem
à disposição da conduta.
-São dirigidos a destinatários certos e criam uma situação jurídica particular.
Quanto à formação

● Atos simples: Depende de uma única manifestação de vontade. (1 manifestação,


1 órgão)
-A vontade para a formação do ato deve ser unitária sendo ela obtida por meio
de uma votação em órgão colegiado, ou manifestação de um agente, em órgãos
singulares.
● Atos complexos: Soma de vontade de órgãos públicos independentes, de mesma
hierarquia. (2 manifestações, 2 órgãos diferentes e independentes, 1 único ato)
-Neste caso os atos que formarão o ato complexo serão expedidos por órgãos
públicos diferentes, não havendo subordinação entre eles.
● Atos compostos: É um ato composto por uma vontade principal e a vontade que
ratifica esse ato. (vontade principal+ vontade acessória)
-Os atos são compostos por vontade principal (ato principal) e a vontade que
ratifica esta (ato acessório).
-haverá a manifestação de autoridades diversas, dentro de uma mesma estrutura
orgânica, sendo que uma das condutas é meramente ratificadora e acessória em
relação à outra.

OBSERVAÇÃO: O efeito prodrômico ocorre quando um ato administrativo depende


de duas manifestações de vontade: se houver a primeira manifestação, gera a
necessidade da segunda (o que se verifica nos atos compostos ou nos complexos).
Haverá o efeito prodrômico enquanto durar essa situação de pendência.
Quanto ao objeto

● Atos de império: são aqueles nos quais a Administração atua com prerrogativa
de Poder Público, valendo-se da supremacia do interesse público sobre o
privado.
● Atos de gestão: são executados pelo poder público sem as prerrogativas de
Estado, atuando a Administração em situação de igualdade com o particular.
● Atos de expediente/ execução: são aqueles praticados como forma de dar
andamento à atividade administrativa, sem configurar uma manifestação de
vontade do Estado, mas sim a execução de conduta previamente definidas.
Quanto à estrutura

● Atos concretos: são praticados com a finalidade de resolver uma situação


específica, exaurindo seus efeitos em uma única aplicação, não perdurando após
a prática e execução da conduta.
● Atos abstratos: são aqueles que definem uma regra genérica que deverá ser
aplicada sempre que uma situação descrita no ato ocorrer de fato.
Quanto aos efeitos

● Atos constitutivos: são aqueles que criam uma situação jurídica nova,
previamente inexistente, mediante a criação de novos direitos ou a extinção de
prerrogativas anteriormente estabelecidas.
● Atos declaratórios: afirmam um direito preexistente, mediante o reconhecimento
de situação jurídica previamente constituída.
Quanto aos resultados

● Atos ampliativos: são aqueles que atribuem direitos e vantagens aos seus
destinatários.
● Atos restritivos: são aqueles que impõem obrigações ou aplicam penalidades aos
destinatários, sempre, dentro dos limites da lei.
- São atos que restringem a esfera do particular.
Quanto ao alcance

● Atos internos: São aqueles que produzem efeitos dentro da estrutura da


administração pública responsável por sua edição.
-Não dependem de publicação.
● Atos externos: são aqueles que produzem efeitos em relação aos administrados,
estranhos à estrutura da Administração Pública, razão pela qual dependem de
publicação oficial.

2.5.3. Atributos.

● Presunção de veracidade (fé pública): significa que o ato goza de fé pública e os


fatos apresentados em sua prática presumem-se verdadeiros, em conformidade
com os fatos efetivamente ocorridos.
- Em virtude dessa presunção de veracidade, existe uma inversão do ônus da
prova, sendo do particular o dever de provar que os fatos alegados pela
Administração Pública são falsos.
● Presunção de legitimidade: trata-se do fato de que, se a Administração Pública
ou quem lhe faz às vezes praticou um ato, há de se presumir que o fez
observando as prescrições legais.
-Corresponde à legalidade do ato/direito.
-Se encontra presente em todos os atos administrativos (tem caráter absoluto)
- Até que se prove em contrário, o ato presume-se legítimo e pode ser exigida a
sua execução
● Imperatividade: impõe obrigações ao particular independentemente de vontade e
concordância deste.
- Enquanto não declarada a ilegalidade do ato praticado, o particular deve
cumprir as regras nele expostas.
● Exigibilidade: é o poder que a administração tem de valer-se de meios indiretos
de coação para que o ato administrativo seja cumprido.
● Executoriedade ou autoexecutoriedade: é o poder que os atos administrativos
têm de serem executados pela própria Administração independentemente de
qualquer participação/ solicitação ao Poder Judiciário.
● Tipicidade: é a exigência de que todo ato administrativo esteja previsto em lei,
ou seja, corresponda a um tipo legal previamente definido.

2.5.4. Elementos ou requisitos.

● Competência: atribuição normativa de legitimação para a prática de um ato


administrativo.
-É elemento sempre vinculado
-É irrenunciável, imprescritível e improrrogável
● Objeto: é o efeito causado pelo ato administrativo no mundo jurídico, em virtude
de sua prática.
● Forma: Consiste na exteriorização do ato determinado por lei.
- A forma não é essencial para a prática do ato, mas tão somente um meio. Se
conseguir alcançar o interesse público, o vício da forma é sanável.
● Finalidade: é tudo aquilo que se busca alcançar com a sua prática.

● Motivo: são as razões de fato e de direito que ensejam/justificam a prática do


ato, ou seja, a situação fática que precipita a edição do ato administrativo.
OBSERVAÇÃO: Competência, finalidade e forma são atos vinculados: CFF.
2.5.5. Discricionariedade e vinculação.
Ato vinculado: todos os elementos para a prática deste estão objetivamente previstos na
lei.
-Não há margem de liberdade na atuação do agente público, ou seja, o administrador é
mero aplicador do texto legal.
Ato discricionário: é o ato administrativo em que o legislador confere margem de
escolha ao administrador público, mediante análise de mérito, que são razões de
conveniência e oportunidade.
-O legislador atribui ao aplicador da lei o encargo de produzir a melhor atuação
valorando as circunstâncias fáticas.
- Neste tipo de ato, o controle exercido pelo poder judiciário se limita a análise da
legalidade.

2.5.6. Espécies de atos administrativos.

● Atos normativos: São atos da administração que consistem na elaboração de


normas gerais e abstratas com finalidade de assegurar a fiel execução da lei,
decorrem do poder normativo.
-Ele não pode inovar dentro do ordenamento jurídico
-São atos decorrentes do poder normativo: (RE-DE IN RE-DE)
o Decreto: forma de apresentação do ato
o Regulamento: ato
o Aviso
o Instruções normativas
o Resoluções
o Deliberações
o Regimento interno dos tribunais
● Atos ordinatórios: São atos de ordenação e coordenação interna da atividade.
-São considerados atos ordinatórios: (C-A-I-O-P-O-DE)
o Portarias: organizam a atividade pública
o Circular: ato por meio do qual se estabelecem regras uniformes
o Ordem de serviço: ato que distribui atividades daquele setor e servidores
o Despacho
o Memorando
o Ofício
● Atos negociais: São aqueles atos nos quais a administração pública confere
algum benefício ao particular.
-A manifestação de vontade do Estado coincide com o interesse particular.
-São atos negociais: (P-A-N-E-L-A)
o Licença: É sempre um ato de polícia, ou seja, se concede a licença
porque o particular pretende exercer uma atividade que é fiscalizada pelo
Estado.
o Autorização: o administrador público irá analisar oportunidade e
conveniência para definir se deve ou não praticar o ato
o Permissão: Tem natureza contratual.
● Atos enunciativos: São atos administrativos que atestam/apresentam situações de
fatos ou que emitem opiniões. (C-A-P-A)
-São atos enunciativos:
o Certidão
o Apostila
o Parecer
o Atestado
● Atos punitivos: São atos de aplicação de sanção, que pode decorrer do poder
disciplinar ou do poder de polícia, variando conforme o vínculo.

2.5.7. Extinção.

FASES DE CONSTITUIÇÃO

● Perfeição: Quando o ato administrativo cumpre todos os trâmites previstos em


lei para a constituição, completando seu ciclo de formação, diz-se que ele é
PERFEITO.
● Validade: ele deverá ainda ser expedido com observância de todos os aspectos
legais.
● Eficácia do ato: aptidão para produção de efeitos concedidos ao ato
administrativo.
EXTINÇÃO

● Extinção natural: Ocorre quando o ato já tenha cumprido os efeitos nele


dispostos, ou pelo advento do termo final ou prazo.
-Se extingue de forma automática
● Desaparecimento da pessoa ou coisa (extinção subjetiva e objetiva):
o A extinção subjetiva ocorre pelo desaparecimento da pessoa, neste caso,
há o desaparecimento do sujeito que se beneficiou com o ato.
o A extinção objetiva decorre quando o próprio objeto do ato praticado
desaparece.
● Renúncia: é forma de extinção do ato, a qual aplica-se somente para os
denominados atos ampliativos. Nesses casos, o particular ao qual o ato se destina
abre mão de benefício que lhe fora concedido por meio da edição de um ato
administrativo
● Anulação: é a retirada do ato administrativo em virtude de vício de ilegalidade,
tornando o ato inválido.
- A anulação deve retroagir à data de origem do ato, para impedir os efeitos
futuros do ato e aniquilar os efeitos pretéritos deste ato. Assim, falamos que a
anulação possui efeito ex tunc.
- A anulação pode ser feita pela própria Administração, mediante o exercício de
seu poder de autotutela ou pelo poder judiciário mediante provocação.
- só podem ser anulados dentro do prazo decadencial de 5 anos.
● Revogação: é a extinção do ato administrativo por motivo de oportunidade e
conveniência, ou seja, por razões de mérito.
- Os efeitos produzidos são mantidos, deixando de existir o ato dali para frente.
- Só quem pode revogar o ato é a própria Administração pública, pois só esta
tem competência para análise do mérito.
-Não se admite revogação de atos consumados, de ato vinculado, de atos que
integram um procedimento e de atos que gerem direitos a terceiros.
● Cassação: é a retirada por motivo de ilegalidade superveniente.
-O ato administrativo nasce válido e torna-se inválido durante a sua execução,
por culpa do beneficiário.
● Caducidade: É a retirada do ato administrativo em razão da superveniência da
norma jurídica que impede a sua manutenção.
● Contraposição: É a retirada em virtude da edição de um ato que impede a
manutenção do mesmo, até então vigente.

2.5.8. Convalidação.

- Nem todo o ato será anulado, pois se o vício admitir conserto, o ato poderá ser
convalidado.
-Tanto atos vinculados quanto discricionários podem ser convalidados
-São considerados vícios sanáveis aqueles relacionados a forma e competência (FoCo)
- Se o interesse público exigir e for sanável o vício, o ato administrativo pode ser
convalidado, em razão de oportunidade e conveniência, desde que a convalidação não
cause prejuízo a terceiros.
- A convalidação produz efeitos retroativos.
-Por fim, destaca-se que a convalidação pode ser feita tanto pela mesma autoridade que
praticou o ato (confirmação), quanto por autoridade diversa (ratificação).
- A competência e a forma são vícios sanáveis.
2.5.9. Conversão.
Instituto utilizado pela Administração Pública para converter um ato inválido em ato de
outra categoria, com efeitos retroativos à data do ato origina

2.6. Controle da Administração Pública.

2.6.1. Conceito.
-É o conjunto de mecanismos jurídicos e administrativos por meio dos quais se exerce o
poder de fiscalização e de revisão da atividade administrativa em qualquer das esferas
de Poder.
- A Administração Pública ao exercer seu controle tem como objetivo principal
assegurar que a Administração Pública atue especificamente na preservação dos
interesses da coletividade, e em consonância com os princípios que comandam sua
atividade.

2.6.2. Classificação das formas de controle.


Quanto ao órgão controlador

● Controle administrativo: é o que se origina da própria Administração Pública.

● Controle legislativo: é aquele executado através do Poder Legislativo sobre os


atos da Administração Pública.
● Controle judicial: Mediante a provocação do interessado, poderá o Judiciário
exercer controle de legalidade em relação aos atos administrativos.
Quanto à extensão do controle

● Controle interno: é aquele realizado dentro de um mesmo poder.

● Controle externo: esse tipo de fiscalização envolve o controle de um poder em


relação a outro.
Quanto à natureza do controle

● Controle de legalidade: analisa a compatibilidade da atuação administrativa com


o ordenamento jurídico. O controle de legalidade pode ser exercido pela própria
Administração ou pelo Poder Judiciário.
-Pode ser interno ou externo
-Legislativo, judiciário e a própria administração podem exercer o controle de
legalidade.
● Controle de mérito: é exercido somente pela própria Administração quanto aos
juízos de conveniência e oportunidade de seus atos.
-Não se admite controle do mérito de atos administrativos pelo Poder Judiciário,
exceto quanto aos atos praticados pelo próprio Judiciário no exercício de função
atípica.
Quanto ao âmbito da administração
● Controle por subordinação: decorre do poder hierárquico, tratando da relação
entre o superior e seus subordinados.
● Controle por vinculação: É o poder de fiscalização e de revisão atribuído a uma
pessoa e se exerce sobre os atos praticados por pessoa diversa.
- Tem caráter externo.
-Esse controle é o mais comum na relação entre as pessoas da Administração
Indireta e a respectiva Administração Direta.
Quanto à oportunidade

● Controle prévio: é o exercido antes de consumar-se a conduta administrativa.

● Controle concomitante: se processa à medida que se vai desenvolvendo a


conduta administrativa. Esse controle tem aspectos preventivos e repressivos.
● Controle posterior: tem por objetivo a revisão de atos já praticados, quer para o
fim de confirmá-los, quer para corrigi-los.
Quanto à iniciativa

● Controle de ofício: é o executado pela própria Administração no regular


exercício de suas funções.
-Caracteriza o poder de autotutela da Administração
● Controle provocado: depende da solicitação do interessado.

2.6.3. Controle administrativo.

-É o poder de fiscalização e correção que a Administração Pública exerce sobre sua


própria atuação, sob os aspectos da legalidade e mérito, por iniciativa própria ou
mediante provocação.
-Na esfera federal esse controle é denominado de supervisão ministerial.
- O controle administrativo deriva do princípio da autotutela, podendo revisar, corrigir,
confirmar e extinguir seus próprios atos, tanto por legalidade, quanto por conveniência e
oportunidade.
-Esse tipo de controle ocorre dentro da mesma estrutura de poder, ou seja, trata-se de
controle interno porque controlado e controlador pertencem à mesma organização.
OBJETIVOS DO CONTROLE ADMINISTRATIVO

● Confirmação: Considera os atos e comportamentos administrativos são dados


pela Administração como legítimos e adequados.
● Correção: Ao considerar um a conduta ou o ato ilegal ou inconveniente , a
Administração providencia sua retirada do mundo jurídico e procede à nova
conduta.
● Alteração: A administração ratifica uma parte e substitui outra em relação ao que
foi produzido por órgãos e agentes administrativos.
FORMAS DE CONTROLE
-As formas de controle são instrumentos jurídicos que concretizam a possibilidade do
controle efetuado.
-As formas de controle são a supervisão ministerial (sobre as entidades
descentralizadas) e o controle hierárquico típico dos órgãos da Administração Direta.

● Supervisão Ministerial

-É também denominada de tutela ou controle finalístico


- A supervisão ministerial, apesar de ser empregada no sentido do controle da União,
também é aplicável na esfera Estadual e Municipal.
-Entre entes diferentes não existe hierarquia, o que pode acontecer é uma vinculação
entre os entes.

● Controle hierárquico

-Corresponde ao sistema hierárquico da Administração, sendo responsável pela


distribuição e escalonamento das funções administrativas.
-Além de constituir um dos meios de controle administrativo, também é considerado um
poder administrativo visto que dela decorre o princípio pelo qual agentes de grau
superior têm o poder fiscalizatório e revisional sobre agentes de menor grau.
-Administração através do controle hierárquico, exerce o controle de ofício ou
provocado, de legalidade ou de mérito, prévio, concomitante ou posterior sobre suas
próprias atividades.
RECURSOS ADMINISTRATIVOS
-O princípio do duplo grau de jurisdição garante aos interessados a possibilidade de ter
o processo revisto.
-Essa garantia aplica-se tanto aos processos administrativos quanto às ações judiciais.
-Os recursos administrativos são os meios formais de controle administrativo, através
dos quais o interessado postula, junto a órgãos da Administração, a revisão de
determinado ato administrativo.
-Objetivo: revisão, reforma ou alteração de alguma situação administrativa que o
recorrente entenda como ilegal ou inadequada ao interesse público.
Fundamentos básicos para a interposição dos recursos administrativos

● Sistema de hierarquia orgânica

● Exercício do direito de petição

● Garantia do contraditório e ampla defesa

Efeitos dos recursos

● Efeito suspensivo: suspende os efeitos do ato até a decisão do recurso.


-Ele só existe quando a lei traz expressamente sua previsão, ou seja, no silêncio
da lei, o recurso tem apenas efeito devolutivo.
● Efeito devolutivo: é o efeito normal de todos os recursos, independente de
norma legal; ele devolve o exame da matéria à autoridade competente para
decidir.
Tipos de recurso hierárquico
-Recurso hierárquico é o pedido de reexame do ato dirigido à autoridade superior à que
proferiu o ato.

● Recurso hierárquico próprio: é dirigido à autoridade imediatamente superior,


dentro do mesmo órgão em que o ato foi praticado.
- Independe de previsão legal
● Recurso hierárquico impróprio: é dirigido a autoridade de outro órgão não
integrado na mesma hierarquia daquele que proferiu o ato.
- Só é cabível quando previsto expressamente em lei
Órgãos internos de controle

● Controladorias

● Conselho Nacional de Justiça

● Conselho Nacional do Ministério Público

● Corregedorias

2.6.4. Controle legislativo.

-É a prerrogativa atribuída ao Poder Legislativo de fiscalizar a Administração Pública


sob os critérios político e financeiro.
Controle parlamentar direto
- Tem-se a atuação direta do parlamento, ou seja, a fiscalização será realizada pela
Câmara dos Deputados, Senado Federal ou Congresso Nacional.
-Esse tipo de controle só poderá ser efetivado dentro dos limites e dos casos previstos
taxativamente na CF (não pode uma norma infraconstitucional ampliar a área de atuação
fiscalizatória do legislativo)
Controle exercido pelos Tribunais de Contas
-O tribunal de contas é um órgão independente que auxilia o Poder Legislativo na
realização do controle externo referente à fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial de todas as pessoas que recebam recursos
públicos, sejam elas entes públicos ou não.
-Os tribunais de contas tem natureza jurídica de órgãos públicos primários
despersonalizados.
OBSERVAÇÃO: Os tribunais de contas não integram a estrutura do Legislativo,
Executivo ou Judiciário. São órgãos diretamente ligados à entidade federativa sem
pertencer a nenhum dos três Poderes.
-Atualmente existem os seguintes tribunais de contas:
● TCU- tribunal de contas da união (auxilia o CN)

● TCE- tribunal de contas do estado (auxilia as assembleias legislativas)

● TCDF- tribunal de contas do DF (auxilia a câmara legislativa municipal)

● TCM- tribunal de contas dos municípios (auxilia a câmara dos vereadores)

Atribuições do tribunal de contas da união (ART. 71 cf)


OBSERVAÇÃO: O Tribunal de Contas não pode sustar contratos, sendo a
competência para esse tipo de ação do próprio Congresso Nacional.

● Sustar aTos = Tribunal de Contas

● Sustar CONtratos = CONgresso Nacional

2.6.5. Controle judicial.

- Envolve a apreciação pelo Poder Judiciário da juridicidade dos atos oriundos dos
Poderes Executivo, Legislativo e do próprio Judiciário.
-Para a efetivação dessa medida o Brasil adota o Sistema de jurisdição Una, onde todos
os conflitos, sejam eles decorrentes de atos do Poder Público ou não, poderão ser
julgados pelo Poder Judiciário.
- O Sistema de Jurisdição Una, não impede a Administração de revisar seus próprios
atos.
OBSERVAÇÃO: O julgamento administrativo não faz coisa julgada material, sempre
será possível rediscutir a matéria no judiciário.
AÇÕES JUDICIAIS (REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS)

● Habeas corpus: Utilizado em casos de restrição da liberdade de locomoção

● Habeas data: Utilizado para assegurar o conhecimento de informações relativas


à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público E para a retificação de dados, quando não
se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.
● Mandado de segurança individual;

● Mandado de segurança coletivo;

● Mandado de injunção- utilizado quando mesmo diante da ausência ou


insuficiência da norma regulamentadora, se viabiliza o exercício de direitos e
liberdades constitucionais, bem como das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania.
● Ação popular- visa à proteção do patrimônio público, da moralidade
administrativa e do meio ambiente.
● Direito de petição.
● Ação civil pública- Destinada à proteção dos interesses coletivos e difusos

2.7. Responsabilidade Extracontratual do Estado.

2.7.1. Conceito.

-Estado responde pelos prejuízos patrimoniais causados pelos agentes públicos e


particulares, em decorrência do exercício da função administrativa. Trata-se de
responsabilidade civil (em vista da natureza patrimonial dos prejuízos ensejadores da
reparação) e extracontratual (danos decorrentes de relação jurídica de sujeição geral)
-A Responsabilidade civil do Estado é também denominada de responsabilidade civil
extracontratual, visto que o fato ensejador da responsabilidade não decorre de qualquer
contrato ou vínculo prévio com o sujeito indenizado.
- A culpa do agente somente é averiguada para estabelecer o direito de regresso do
Estado contra o responsável direto pelo evento, posteriormente.

● Responsabilidade civil do Estado = objetiva

● Responsabilidade civil do Agente = subjetiva

2.7.2. Evolução.

Fase da irresponsabilidade do Estado


-Nessa teoria adotada pelos países absolutistas, vigorava-se a ideia de que o rei não
errava e por isso não haveria responsabilidade civil do Estado.
-No Brasil NÃO tivemos a fase da irresponsabilidade.
Fase da responsabilidade civil com previsão legal
- Abandona-se a premissa da irresponsabilidade do Estado para admiti-la, desde que
houvesse previsão legal.
- O Estado passa a ser responsável, em casos pontuais, sempre que houvesse previsão
legal específica para a responsabilidade.
Fase da responsabilidade subjetiva
- Também conhecida como fase civilista, a responsabilidade civil do Estado aplicava-se
da mesma forma que incide a responsabilidade no direito civil, desde que demonstrado
conduta, dano, nexo causal e elemento subjetivo: dolo ou culpa.
Fase da culpa do serviço
- Nessa fase, a vítima apenas deve comprovar que o serviço foi mal prestado ou
prestado de forma ineficiente ou ainda com atraso, sem necessariamente apontar o
agente causador.
- É também denominada de culpa anônima.
-Não se baseia na culpa do agente, mas do serviço como um todo, sendo suficiente
demonstrar que o dano foi consequência do não funcionamento ou do inadequado
funcionamento do serviço público.
Fase da responsabilidade objetiva
- Atualmente o ordenamento jurídico consagra a teoria da responsabilidade objetiva,
dispensando a vítima de comprovar a culpa (individual ou anônima) para receber a
reparação pelos prejuízos sofridos em virtude da conduta estatal.
- Para a comprovação da responsabilidade será suficiente a mera relação causal entre o
comportamento do agente público e o dano.
-Somente com o advento da Constituição Federal de 1946 a Responsabilidade Civil do
Estado passou a ser objetiva.

2.7.3. Responsabilidade Objetiva da Administração Pública (art. 37, §6º da CR/88).

CF, Art. 37. § 6°- As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável
nos casos de dolo ou culpa.

- Todos aqueles que atuam na prestação de serviços públicos, também respondem de


forma objetiva.

-As empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de atividade


econômica não se incluem nesse artigo.
-Também se submetem ao regime da responsabilidade objetiva, os particulares
prestadores de serviço público por delegação, por exemplo, as concessionárias e as
permissionárias de serviços.
-Nos casos das concessionárias e permissionárias de serviços, responderam de forma
objetiva, e o Estado de forma SUBSIDIÁRIA, também terá responsabilidade objetiva.
Elementos da responsabilidade objetiva
- Elementos da responsabilidade civil = conduta+ dano+ nexo causal.
CONDUTA: Para que o Estado seja responsável pelo dano causado é necessário que
tenha advindo de uma conduta do agente público atuando nessa qualidade.
DANO: a existência de dano (prejuízo) é requisito indispensável para a
responsabilização civil do Estado.
- Segundo a jurisprudência do STJ, são possíveis de serem cumuladas a indenização por
dano moral, material e estético, ainda que decorrentes de um mesmo fato, mas desde
que as consequências de cada tipo de dano possam ser claramente identificadas”.
- É desnecessária a comprovação de dolo ou culpa.
- O dano deve ser a um bem jurídico protegido pelo direito, ainda que exclusivamente
moral.
- O dano, além de jurídico, precisa ser certo (ou real), podendo ser atual ou futuro, ou
seja, engloba o que se perdeu e o que se deixou de ganhar.
NEXO CAUSAL: é o vínculo existente entre a conduta de determinado agente e o dano
efetivamente gerado.
- Adotou-se a teoria da causalidade adequada, por meio da qual o Estado responde
desde que sua conduta tenha sido determinante para o dano causado ao agente.
- Na teoria da teoria da causalidade adequada, interrompe-se o nexo de causalidade e,
consequentemente se exclui a responsabilidade do Estado todas as vezes que a atuação
do agente público não for suficiente, por si só, a ensejar o dano ora reivindicado.
- São circunstâncias que excluem a responsabilidade civil do Estado por ausência de
nexo causal o caso fortuito, força maior e a culpa exclusiva da vítima.
-Não precisa haver comprovação da ilicitude do ato, ou seja, sendo a conduta do agente
lícita ou ilícita, a responsabilidade do Estado será a mesma.

● Responsabilidade decorrente de atos lícitos: Pauta-se no princípio da isonomia e


requer um efeito anormal para a vítima (particular) do ato produzido pelo
Estado.
● Responsabilidade decorrente de atos ilícitos: Pauta-se no Princípio da legalidade.

TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO


Teoria do risco administrativo: Responsabiliza o ente público, objetivamente, pelos
danos que seus agentes causarem a terceiros, contudo, admite a exclusão da
responsabilidade em determinadas situações em que haja a exclusão de algum dos
elementos desta responsabilidade.

● -EXCEÇÕES: Aplica-se a teoria do risco integral em caso de danos nucleares,


danos ao meio ambiente, crimes ocorridos a bordo de aeronaves que que estejam
sobrevoando o espaço aéreo brasileiro e danos decorrentes de ataques terroristas.
Teoria do risco integral: O ente público é garantidor universal e, sendo assim,
conforme esta teoria, a simples existência do dano e do nexo causal é suficiente para
que surja a obrigação de indenizar para a Administração, pois NÃO admite nenhuma
das excludentes de responsabilidade.
Responsabilidade por atos omissivos do Estado
- Trata-se de situações nas quais o agente teria o dever de atuar previsto em lei, mas não
o faz.
- O Estado será responsabilizado quando tinha o dever de agir para impedir o resultado e
não atuou, e, por isso, será necessário demonstrar a falha na atuação.
- O Estado responderá pelo dano desde que o serviço público não funcione quando
deveria funcionar, funcione atrasado ou funcione mal, sendo configurada a omissão nas
duas primeiras hipóteses.
- Na responsabilidade subjetiva por má prestação do serviço, será suficiente que o
sujeito (vítima do dano) demonstre que se não fosse a má prestação do serviço prestado
pela Administração Pública, o dano não teria ocorrido.

Responsabilidade por omissão e teoria do risco criado


- Em determinadas circunstâncias, o Estado cria situações de risco que levam à
ocorrência do dano.
- A teoria do risco criado está presente todas as vezes que o Estado tiver alguma pessoa
ou coisa sob a sua custódia.
- Nos casos de custódia, a responsabilidade do Estado é mais acentuada do que nas
relações de sujeição geral, à medida que o ente público tem o dever de garantir a
integridade das pessoas e bens custodiados. Por isso, a responsabilidade estatal é
objetiva inclusive quanto aos atos de terceiros.
-Custódia e caso fortuito

Prazo prescricional
- O Decreto 20.910 expõe que a prescrição para o particular pleitear a demanda
judicialmente é de 05 anos.

2.7.4. Responsabilidade Subjetiva da Administração Pública.

-A responsabilização dos agentes públicos se dá de forma subjetiva, ou seja, após a


análise do dolo e culpa dele, perante o Estado em ação de regresso.
- Trata-se de uma garantia para a vítima, pois ele poderá cobrar de um ente solvente.
-Teoria da dupla garantia: não é possível a propositura de ação, diretamente, em face
do agente público causador do dano. Isso porque, no momento em que o texto
constitucional, em seu art. 37, §6°, estabeleceu a responsabilidade estatal, garantiu um
direito ao particular lesado de ser indenizado pelos prejuízos que sofreu, mas também
concedeu ao agente a garantia de só ser cobrado pelo Estado.

2.7.5. Causas Excludentes e atenuantes da responsabilidade.


2.7.6. Responsabilidade do Estado por atos legislativos.

-Regra geral: o Estado não possui responsabilidade pelo exercício de sua atribuição
típica de elaborar leis.
-Exceções:

● no caso de leis de efeitos concretos, causando dano a um grupo restrito de


administrados
● leis inconstitucionais que causem danosa população, seja assim declaradas pelo
STF.

2.7.7. Responsabilidade do Estado por atos jurisdicionais.

-Regra Geral: o Estado não é responsável por decisões judiciais, ou seja, não cabe
falarmos em responsabilidade civil do Estado por ato jurisdicional.
-Exceções:
● Erro judiciário

● Prisão além do tempo fixado na sentença

● Demora na prestação jurisdicional

- No caso das exceções, a autoridade judicial não possui responsabilidade civil pelos
atos jurisdicionais praticados, devendo a ação ser proposta contra o Estado, o qual tem
direito de regresso contra o magistrado responsável, nas hipóteses de dolo ou culpa.

2.7.8. Reparação do dano.

- A reparação do dano poderá ser feita por via administrativa ou judicial

- A vítima somente poderá ajuizar a ação contra o Estado (Poder Público). Se este for
condenado, poderá acionar o servidor que causou o dano.

2.8. Constituição da República Federativa do Brasil: art. 37 ao art.43.

2.9. Constituição do Estado de Minas Gerais: art. 13 ao art. 38.

2.10. Lei Complementar Estadual nº 129/2013 - Lei Orgânica da Polícia Civil


(atualizada)
2.11. Lei Estadual nº 5.406/69 – Lei Orgânica da Polícia Civil (parcialmente
revogada): Regime disciplinar (Art. 142 ao art. 205).

2.12. Decreto Estadual nº 46.549/2014 (Regulamento do Plano de Carreira dos


Policiais Civis do Estado

de Minas Gerais).

2.13. Lei Federal nº 8.429/92 (atualizada).

2.14. Lei Federal nº 9.784/99 (atualizada).

2.15. Lei Federal nº 12.016/2009 (atualizada).

2.16. Lei Federal nº 13.303/2016 (atualizada).

EXTRAS

2.17 Intervenção do Estado na propriedade privada

-Em virtude do princípio da supremacia do interesse público sobre o privado, o Estado


pode intervir no direito de propriedade do indivíduo para assegurar o bem-estar da
coletividade.
ESPÉCIES DE INTERVENÇÃO
Supressiva: o Estado transfere para si a propriedade de terceiro, suprimindo o direito de
propriedade anteriormente existente
Restritiva: o Estado impõe restrições e condicionamentos ao uso da propriedade pelo
terceiro, sem contudo, lhe retirar o direito de propriedade.
-EX: servidão administrativa, requisição administrativa, ocupação temporária,
limitação administrativa e tombamento
INTERVENÇÕES SUPRESSIVAS
Desapropriação
-É o procedimento que permite ao Poder Público (ou aos seus delegados) transferir para
si a propriedade de terceiros, por razões de utilidade pública, necessidade pública ou de
interesse social, normalmente mediante justa e prévia indenização.
- É a única forma de intervenção que acarreta a perda da propriedade.
Pressupostos

● Utilidade pública: quando a desapropriação do bem é oportuna e vantajosa – mas


não imprescindível –para o interesse coletivo;
-O valor poderá ser definido por meio de mediação ou arbitragem
● Necessidade pública: está relacionada a situações que exigem da Administração
providências imediatas e inadiáveis que tornam imprescindível a incorporação
do bem ao patrimônio público;
● Interesse social: se verifica quando a desapropriação visa à redução de
desigualdades sociais
● Pagamento de prévia e justa indenização em dinheiro: deve abarcar o valor venal
do imóvel+ indenização
Tipos de desapropriação

● Comum

- Trata-se da desapropriação regulamentada no art. 5°, XXIV da Constituição da


República dependendo sua licitude da existência de uma situação de utilidade ou
necessidade pública, ou, ainda, da demonstração de uma hipótese de interesse social.
-Deverá ser precedida de pagamento indenizatório prévio, justo e em dinheiro.

● Especiais

o Desapropriação urbana (art. 182, CF)


-Ocorrerá quando o imóvel urbano não estiver cumprindo a sua função social
estabelecida no plano diretor da cidade.
- O município somente poderá efetivar a desapropriação urbanística sancionatória após
3 providências sucessivas e infrutíferas na tentativa de forçar o uso adequado do imóvel.
1. Notificação do proprietário
- Depois de notificado, o proprietário tem o prazo de 1 ano para apresentar o projeto,
e mais 2 anos para dá início as obras.
2. Aplicação de imposto progressivo
- Incidência do IPTU progressivo no tempo que poderá durar até 5 anos, observada a
alíquota máxima de 15%.
-De um ano para outro é possível duplicar o valor da alíquota
3. Decretação da desapropriação
- Uma vez ultrapassado o prazo de cinco anos sem que o particular tenha tomado
qualquer providência no sentido que conferir função social ao bem, inobstante a
aplicação do IPTU progressivo no tempo, o ente municipal poderá decretar a
desapropriação especial urbana, com pagamento de indenização mediante a entrega
de títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal,
com prazo de resgate de até 10 anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas,
assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
- Somente o MUNICÍPIO pode decretar a desapropriação especial urbana
-Trata-se de desapropriação com função sancionatória
o Desapropriação rural (art. 184 a 186, CF): regulamentado pelo estatuto da
cidade.
- Na hipótese de o proprietário não cumprir a função social do imóvel rural,
COMPETIRÁ À UNIÃO desapropriar por interesse social, para fins de reforma
agrária, o referido imóvel, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida
agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até 20
anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
-Requisitos para o cumprimento da função social da propriedade

▪ Aproveitamento racional e adequado

▪ Utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio


ambiente
▪ Observância das disposições que regulamentam as relações de trabalho

▪ Exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores

- Inobstante a regra do pagamento por meio de emissão de títulos da dívida agrária, as


benfeitorias úteis e necessárias são pagas em dinheiro.
- São insuscetíveis de desapropriação-sanção para fins de reforma agrária (requisitos
alternativos):

▪ A pequena e média propriedade rural, caso seu proprietário não possua outra

▪ A propriedade produtiva
o Desapropriação confisco (art. 243, CF).
-Também chamada de expropriação, uma vez que não dá ensejo a indenização
- Incide sobre propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo
na forma da lei.
-As propriedades expropriadas serão destinadas à reforma agrária e a programas de
habitação popular.
-Também serão expropriados os bens móveis que forem utilizados para o tráfico de
drogas e destinados ao Fundo Especial de combate ao tráfico
-Todo o terreno será desapropriado, ainda que a plantação se restrinja a uma parcela da
propriedade
INTERVENÇÕES RESTRITIVAS
- O proprietário continua usando o seu bem, porém com determinadas restrições.
- Trata-se de manifestação do poder de polícia.
Limitação Administrativa
-Limitação de caráter geral e abstrata que incide sobre uma quantidade indeterminada de
bens.
-São em regra obrigação genérica de não fazer.
-Características

● Trata-se de uma restrição geral e abstrata;


● Atingem um número indeterminado de propriedades particulares;

● É exercido pelo poder de polícia administrativa; (manifestação do Poder de


Polícia);
● Atingem o caráter absoluto da propriedade.

- A limitação administrativa tem efeitos ex nunc (não retroage).


- Em princípio, a limitação administrativa não ensejará direito a indenização. Por
outro lado, caso fique comprovado a existência de um dano específico, anormal e
extraordinário em virtude da limitação, o proprietário poderá ser indenizado.
Servidão administrativa
-Possui caráter individual
-Trata-se de restrição imposta pelo ente estatal a bens privados, determinando que seu
proprietário suporte a utilização do imóvel pelo Estado, o qual deverá usar a
propriedade de forma a garantir o interesse público.
- o Estado coloca o bem privado para utilização de serviços públicos.

-Características

● Ônus real;

● Incide sobre propriedade particular;

● Possui finalidade de permitir uma utilização pública.

-Fases

● Declaração: informa que tem interesse na servidão, demonstrando o interesse


público.
● Execução: o Poder Púbico analisará se haverá dano, em se constatando, será
devido a indenização.
-A servidão tem caráter permanente, fala-se que é perpétuo, isso significa que o Estado
não precisa utilizar o bem apenas de forma temporária/provisória.
Requisição administrativa
- Visa a solucionar situações de iminente perigo, mediante a utilização de bens privados
pelo ente estatal, enquanto durar a situação de risco.
- O especial requisito para que seja configurada a requisição administrativa é a
urgência.
- A indenização por ocasião da requisição administrativa deverá acontecer
posteriormente e somente no caso de comprovação de dano.
- A requisição pode recair sobre bens móveis, imóveis e até sobre serviços.
Ocupação temporária
- É intervenção do Estado na propriedade de bens particulares em apoio à realização de
obras públicas ou à prestação de serviços públicos.
- O Estado pode ocupar temporariamente os terrenos vizinhos às obras, como forma de
dar suporte a estas, de forma temporária (prazo determinado).
- A indenização no caso de ocupação temporária será assegurado em caso de dano.
Tombamento
-Tem a intenção específica de proteção ao patrimônio histórico, artístico e cultural, não
se confundindo com a servidão ou a limitação administrativa.
-Não precisa obedecer a hierarquia entre os entes
-É constituído por bens de natureza material e imaterial, tomados como individualmente
ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes
grupos formadores da sociedade brasileira, conforme menciona o art. 216, caput, da CF.
- O tombamento de um bem apenas impõe ao seu proprietário algumas regras de como
utilizá-lo, ou seja, impõe restrições ao seu uso.
-O tombamento pode ser total (sobre todo o bem) ou parcial.
-Registro do tombamento efetivado:

● Bem móvel registrado no livro do tombo.

● Bem imóvel se submete a duplo registro - cartório de registro de imóveis e no


livro do tombo.
- O mesmo bem poderá ser tombado mais de uma vez. É possível que um único bem
seja ao mesmo tempo de interesse nacional, regional e local, ensejando a possibilidade
de realização de mais de um tombamento.

● Bem de interesse local: será tombado pelo município.

● Bem de interesse regional: deve sofrer tombamento efetivado pelo estado.

● Bem de interesse nacional: o tombamento é de competência da União.

-Tem caráter perpétuo


OBSERVAÇÃO: Tombamento provisório é medida cautelar administrativa
determinada, no bojo do processo administrativo de tombamento, como forma de
garantir o resultado prático do processo, ou seja, evitar que o proprietário destrua o bem
no transcorrer do processo. Ao final do procedimento, será procedido o tombamento
definitivo, mediante transcrição no registro do imóvel.
-Obrigações para o proprietário em decorrência do tombamento:
● Obrigações de fazer
o Dever de conservação
o Direito de preferência: caso o particular queira alienar o bem tombado,
deverá, primeiramente, oferecer, em preferência, ao Poder Público.
● Obrigação de não fazer
o Não destruição: não pode destruir ou modificar o bem tombado.
o Não retirada do país: não é possível tirar o bem do país, salvo, por curto
período de tempo para fim de intercâmbio cultural, a juízo do Conselho
Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
o Tolerar: proprietário deve tolerar a fiscalização do Poder Público.
COMPETÊNCIA PARA DESAPROPRIAR
- A competência legislativa sobre essa espécie de desapropriação é privativa da União
-A competência para declarar a desapropriação é de todos os entes federativos
(concorrente), contudo deve-se respeitar a hierarquia federativa, ou seja, um ente de
maior abrangência pode desapropriar um ente de menor abrangência.
FASES DA DESAPROPRIAÇÃO
1- Fase Declaratória
-Essa fase consiste na consiste na manifestação do ente político quanto à utilidade
pública ou interesse social do bem para fins de desapropriação
- Pode ser declarada pela União, Estados, DF e Municípios (competência concorrente)
-EXCEÇÕES:

▪ ANEEL (Agência reguladora - Autarquia em regime especial da


União): terá competência para declarar utilidade pública de bens
privados para fins de instalação de empresas concessionárias e
permissionárias do serviço energia elétrica, nos moldes definidos pela
lei 9.074/95.
▪ - DNIT: pode promover declaração de utilidade pública visando à
implantação do Sistema Nacional de Viação
-É feita pelo poder executivo por meio de um decreto ou pelo poder legislativo por
meio de lei de efeitos concretos.
- A lei ou o decreto deve identificar com precisão o bem a ser desapropriado e a
destinação que lhe será dada.
Efeitos da declaração
- A declaração não tem o poder de transferir a propriedade do bem objeto do ato, no
entanto, sujeita a propriedade à força expropriatória do Estado, o que enseja alguns
efeitos:

▪ O Estado tem o poder de penetrar no bem para fazer algumas avaliações e


medidas, por exemplo.
▪ Fixação do Estado do bem: o Poder Público irá se manifestar no sentido de que
deseja receber o bem naquele estado em que foi constatado no momento da
avaliação, destacando-se que eventuais reformas feitas a posteriori não ficaram
sujeitas a indenizações por parte do Estado. Exceção: benfeitorias necessárias e
úteis (desde que autorizadas – as úteis).
-Em relação as benfeitorias a indenização será devida, mesmo que executadas
após o ato declaratório.
-As benfeitorias úteis deverão ser autorizadas pelo Estado.

▪ Início da contagem do prazo para fins de declaração de caducidade do ato


declaratório.

- Decorrido esse prazo, a declaração efetivada não poderá ser executada, haja vista
sua retirada pela inércia administrativa.
-O Estado poderá realizar nova declaração, em havendo utilidade pública ou interesse
social, decorrido o prazo de l ano, que é definido em lei, como o prazo de carência.
OBERVAÇÃO: As construções feitas após a declaração de interesse público não serão
indenizadas pelo ente expropriante
2- Fase Executória
-Adoção de providências necessárias para a efetivação da desapropriação, com a
transferência do bem após o pagamento do valor justo
-A competência executória poderá ser feita pelos próprios entes federativos (U, E, DF e
M), podendo ser delegadas a:

● Entidades da Administração Pública Indireta;

● Consórcios públicos;

● Concessionárias de serviço público.

-Na hipótese de ocorrência de acordo quanto ao valor da indenização, a execução


ocorrerá por via administrativa, não precisando recorrer ao judiciário.
-Não havendo acordo, a execução ocorrerá na via judicial através da chamada “ação de
desapropriação”.
Ação de desapropriação
- É o processo judicial que tem por objetivo solucionar o conflito de interesses entre o
expropriante e o proprietário expropriado.
-O sujeito ativo é sempre o poder público ou a pessoa que exerça função pública
delegada (esta última deve ser autorizada por lei ou contrato).
-A ação segue o rito especial
- A ação é proposta pelo ente expropriante e o particular é chamado para contestar.
- De acordo com o Decreto-Lei, a matéria que pode ser alegada em sede de contestação
na ação de desapropriação são os vícios processuais e o valor indenizatório.
- Uma vez efetivada a citação, o réu terá o prazo de 15 dias, conforme lei processual,
para apresentação de defesa.
- Eventuais ilegalidades na desapropriação podem ser questionadas perante o Poder
Judiciário, haja vista seu caráter de ato administrativo, contudo, esse questionamento
não ocorrerá nos autos da ação de desapropriação.
- O juízo da desapropriação é prevento para julgamento desta ação direta (autônoma)
que deverá ser distribuída por dependência à ação principal.
- Na ação de desapropriação, o juiz pode conceder a imissão provisória no bem.
-Requisitos para a imissão provisória do bem:

● Declaração de urgência (com prazo de validade de 120 dias)

● Depósito do valor incontroverso da ação

- 80% do valor depositado por ser levantado e 20% fica em juízo para garantia.
- Poderá ainda o proprietário optar pelo levantamento de 100% do valor depositado.
Porém, nessa hipótese presume-se que este concordou com o valor ofertado pelo ente,
ocasião em que a ação prosseguirá para homologação.
Sentença
- Com a decisão final do processo transitada em julgado, ocorre a aquisição de
propriedade pelo poder público.
- O juiz, estabelecerá a indenização justa devida pelo poder público ao expropriado.
- Sobre esses valores incidirá ainda pagamentos acessórios:
● Correção monetária;

● Juros compensatórios;

● Juros moratórios e

● Honorários advocatícios.

DESAPROPRIAÇÃO POR ZONA


- A desapropriação por zona se efetiva em razão da realização de obra pública, na qual o
ente estatal tenha a necessidade de desapropriar, não somente o espaço necessário à
construção da obra, mas também a zona vizinha a esta construção.
DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA
- A desapropriação indireta ocorre nas situações em que o Estado invade o bem privado
sem respeitar os procedimentos administrativos e judiciais inerentes à desapropriação. A
desapropriação indireta tem fundamento no art. 31 do Decreto-Lei 3.365/41.
- A desapropriação indireta é o esbulho possessório praticado pelo Estado, quando
invade área privada sem contraditório ou pagamento de indenização.
- Sendo assim, em regra, a ação de desapropriação indireta tem prazo de 10 anos.
- Excepcionalmente, o prazo será de 15 anos se ficar comprovada a inexistência de
obras ou serviços públicos no local.
-Requisitos:

● O apossamento irregular do bem pelo poder público;

● A destinação pública deste bem, ou seja, sua afetação ao interesse público, ou


pela execução de uma obra ou prestação de determinado serviço; e
● A impossibilidade de se reverter a situação sem ensejar prejuízos aos interesses
da coletividade.
TREDESTINAÇÃO
-Fala-se que houve tredestinação quando o Estado declara uma finalidade no momento
do ato expropriatório e confere destinação diversa daquela declarada.
- A doutrina tem entendido e se manifestado no sentido de que, embora alterado a
finalidade específica da desapropriação, caso seja mantido o interesse público
(finalidade genérica), a tredestinação será considerada lícita.
Tredestinação ilícita hipótese em que além não ser conferida a destinação específica
declarada, a qual embora diversa atingiria o interesse público, o bem expropriado não
receba nenhuma destinação.
ADESTINAÇÃO
- Ocorre quando o Poder Público não confere destinação ao bem público que fora
desapropriado. Nesse caso, o particular terá o direito de retrocessão.

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