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Unidade 1: A Dispensa de licitação e o

pagamento por meio do Cartão de


Pagamento do Governo Federal
As compras públicas, contratações de prestação de serviços, contratações de obras e
serviços de engenharia e arquitetura e contratações de tecnologia da informação e
comunicação, por força da lei, devem ser realizadas mediante procedimento licitatório.

O processo licitatório, além de ter como objetivo assegurar a seleção da proposta apta a
gerar o resultado mais vantajoso para a administração pública, visa a incentivar a
inovação e o desenvolvimento nacional sustentável.

Na contratação direta, não é realizada a licitação. Porém, há um processo, denominado


processo de contratação direta.

A Lei nº 14.133, de 2021, estabelece as hipóteses de contratação direta, quais sejam


inexigibilidade e dispensa de licitação:

Contratação Direta
Fonte: Elaboração própria.

A lista de casos de licitação dispensável é taxativa e consta do artigo 75 da Lei nº


14.133/2021.

Nesse sentido, e considerando o tema do nosso estudo, vamos tratar nesta unidade da
inovação que a Lei nº 14.133/2021, em seu parágrafo 4º do artigo 75, trouxe,
estabelecendo o cartão de pagamento como meio preferencial para pagamento das
contratações de que tratam os incisos I e II, conforme subscrito a seguir:

Art. 75. É dispensável a licitação:

I - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 100.000,00 (cem mil reais), no caso de obras e
serviços de engenharia ou de serviços de manutenção de veículos automotores;
II - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), no caso de outros
serviços e compras;
§ 4º As contratações de que tratam os incisos I e II do caput deste artigo serão preferencialmente pagas por
meio de cartão de pagamento, cujo extrato deverá ser divulgado e mantido à disposição do público no
Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP).

Observação: esses valores são apurados por exercício


financeiro e pela natureza do objeto. Por exemplo: no exercício
financeiro de 2023, um órgão da administração pode dispensar a
licitação para compra de material de expediente, desde que o
somatório seja inferior a R$ 50 mil.
A alta administração deve realizar a governança das suas contratações, implementando
processos que promovam eficiência, efetividade e eficácia.
Dispensa por baixo valor

Fonte: Elaboração própria, adaptado


de https://www.novacap.df.gov.br/wp-content/uploads/2022/07/LEI-No-14.133-de-
01.04.201-LICITACOES-E-CONTRATOS-QUADRO-COMPARATIVO-2.pdf(opens
in a new tab).

Atenção: A Nova Lei de Licitações e Contratos não é


vinculante para estados, municípios e Distrito Federal e para os
seus respectivos poderes. Esses entes possuem competência
para disciplinar a forma de pagamento pela execução dos
contratos celebrados.

Unidade 2: Instrução do processo de


contratação direta
Tal qual ocorre com as despesas realizadas por Suprimento de Fundos, as licitações
devem ser motivadas e atender ao interesse público, além de observar o orçamento
estimado e a proposta mais vantajosa.

Para tanto, a contratação deve passar por uma fase preparatória, que resumidamente é
composta pelas etapas descritas a seguir:
Fase preparatória
Fonte: Elaboração própria.

Em sua fase preparatória de instrução, o processo licitatório deverá ser composto


minimamente pelos seguintes artefatos:

 Estudo técnico preliminar.


 Termo de referência.
 Plano de contratações anual.

Falaremos um pouco sobre cada um deles:


➤    Estudo técnico preliminar (ETP)

De forma semelhante ao formulário de solicitação de Suprimento de Fundos, esse


documento define a descrição da necessidade da contratação, considerando o problema
a ser resolvido sob a perspectiva do interesse público, as estimativas de quantidade, a
estimativa do valor da contratação e a adequação da contratação para o atendimento da
necessidade a que se destina.

Tem o objetivo de realizar um levantamento de mercado para analisar as alternativas


possíveis e as justificativas técnicas e econômicas da escolha do tipo de solução a
contratar e deve conter os seguintes elementos:

I – descrição da necessidade da contratação, considerando o problema a ser resolvido sob a perspectiva


do interesse público;

II – demonstração da previsão da contratação no plano de contratações anual, sempre que elaborado, de


modo a indicar o seu alinhamento com o planejamento da administração;
III – requisitos da contratação;

IV – estimativas das quantidades para a contratação, acompanhadas das memórias de cálculo e dos
documentos que lhes dão suporte, que considerem interdependências com outras contratações, de modo a
possibilitar economia de escala;

V – levantamento de mercado, que consiste na análise das alternativas possíveis, e justificativa técnica e
econômica da escolha do tipo de solução a contratar;

VI – estimativa do valor da contratação, acompanhada dos preços unitários referenciais, das memórias
de cálculo e dos documentos que lhe dão suporte, que poderão constar de anexo classificado, se a
administração optar por preservar o seu sigilo até a conclusão da licitação;

VII – descrição da solução como um todo, inclusive das exigências relacionadas à manutenção e à
assistência técnica, quando for o caso;

VIII – justificativas para o parcelamento ou não da contratação;

IX – demonstrativo dos resultados pretendidos em termos de economicidade e de melhor aproveitamento


dos recursos humanos, materiais e financeiros disponíveis;

X – providências a serem adotadas pela administração previamente à celebração do contrato, inclusive


quanto à capacitação de servidores ou de empregados para fiscalização e gestão contratual;

XI – contratações correlatas e/ou interdependentes;

XII – descrição de possíveis impactos ambientais e respectivas medidas mitigadoras, incluídos requisitos
de baixo consumo de energia e de outros recursos, bem como logística reversa para desfazimento e
reciclagem de bens e refugos, quando aplicável;

XIII – posicionamento conclusivo sobre a adequação da contratação para o atendimento da necessidade a


que se destina.

O estudo técnico preliminar deverá conter ao menos os elementos previstos nos incisos
I, IV, VI, VIII e XIII, além das justificativas para a ausência dos demais.
Estudo técnico preliminar
Fonte: Elaboração própria.

Dica
Artigo 20
Os itens de consumo adquiridos para suprir as demandas
das estruturas da administração pública deverão ser de
qualidade comum, não superior à necessária para cumprir
as finalidades às quais se destinam, sendo vedada a
aquisição de artigos de luxo.
§ 1º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário definirão em regulamento os limites
para o enquadramento dos bens de consumo nas categorias comum e luxo.
➤    Termo de referência (TR)

Deve ser elaborado conjuntamente por servidores da área técnica e requisitante,


utilizando os subsídios produzidos no ETP, e apresentar a definição:

a) do objeto para atendimento das necessidades;


b) das condições de execução e pagamento;
c) das garantias exigidas e ofertadas;
d) das condições de recebimento;
e) da indicação dos locais de entrega;
f) da composição do preço;
g) do regime de fornecimento;
h) da modalidade de licitação, que, para o caso de utilização do CPGF, será por
contratação direta;
i) das justificativas das exigências impostas ao fornecedor, tais como qualificação
técnica e econômico-financeira;
j) dos critérios de julgamento das propostas;
k) da análise dos riscos que possam comprometer o sucesso da licitação e a boa
execução contratual.

O TR deve apresentar demonstrativo da previsão da contratação no plano de


contratações anual, de modo a indicar o seu alinhamento com os instrumentos de
planejamento do órgão ou entidade.

Falaremos no próximo tópico sobre o plano de contratações anual. 

Dicas
1. Utilizar modelos de minutas de editais, de termos de referência, de
contratos padronizados pela AGU. Modelos da Lei nº 14.133/2021
para Contratação Direta – Advocacia-Geral da União(opens in a
new tab) (www.gov.br)
2. O sistema TR Digital contempla os modelos de TR instituídos pela
Secretaria de Gestão da Secretaria Especial de Desburocratização,
Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, com auxílio dos
órgãos de assessoramento jurídico, que contêm os elementos previstos
na Lei nº 14.133/2021, e devem ser utilizados pelos órgãos e
entidades.

➤     Plano de contratações anual (PCA)

Tem o objetivo de racionalizar as contratações dos órgãos e entidades sob sua


competência, garantir o alinhamento com o seu planejamento estratégico e subsidiar a
elaboração das respectivas leis orçamentárias.

Nesse documento, o órgão deve consolidar todas as contratações que pretende realizar
no exercício subsequente ao de sua elaboração, além dos respectivos estudos
preliminares e gerenciamento de riscos.

1 Racionalizar
2 Planejamento Estratégico

3 Lei Orçamentárias

4 Fracionamento

5 Dialogo com o Mercado

Plano de contratações anual


Fonte: Elaboração própria.

Com a elaboração do PCA, os órgãos e entidades podem aperfeiçoar a governança e a


gestão de suas contratações, com uso racional dos recursos públicos.

Ficam dispensadas de registro no plano de contratações anual:


Exceções ao PGC
Fonte: Elaboração própria.

No que tange aos valores e à seleção da opção mais vantajosa, de forma geral, a
legislação estabelece que: 

O valor deverá ser compatível com os valores praticados pelo mercado, considerando os
preços constantes de banco de dados públicos e as quantidades a serem contratadas,
observadas a potencial economia de escala e as peculiaridades do local de execução do
objeto.

No caso de aquisição de bens e contratações de serviços em geral, o melhor preço deve


ser aferido por meio da utilização dos seguintes parâmetros, adotados de forma
combinada ou não:

I – composição de custos unitários menores ou iguais à mediana do item correspondente


no painel para consulta de preços ou no banco de preços em saúde disponíveis no Portal
Nacional de Contratações Públicas (PNCP);

II – contratações similares feitas pela administração pública, em execução ou concluídas


no período de 1 (um) ano anterior à data da pesquisa de preços, inclusive mediante
sistema de registro de preços, observado o índice de atualização de preços
correspondente;

III – utilização de dados de pesquisa publicada em mídia especializada, de tabela de


referência formalmente aprovada pelo Poder Executivo Federal e de sítios eletrônicos
especializados ou de domínio amplo, desde que contenham a data e hora de acesso;
IV – pesquisa direta com no mínimo 3 (três) fornecedores, mediante solicitação formal
de cotação, desde que seja apresentada justificativa da escolha desses fornecedores e
que não tenham sido obtidos os orçamentos com mais de 6 (seis) meses de antecedência
da data de divulgação do edital;

V – pesquisa na base nacional de notas fiscais eletrônicas, na forma de regulamento.

Dica
Utilizar o catálogo eletrônico de padronização de compras,
serviços e obras, destinado a permitir a padronização de
itens a serem adquiridos pela administração pública e que
estarão disponíveis para a licitação. 
Nas contratações diretas, situação em que é preferencial o uso do cartão de pagamento,
caso não seja possível adotar os critérios mencionados, a legislação estabelece que o
contratado deve comprovar previamente que os preços estão em conformidade com os
praticados em contratações semelhantes de objeto de mesma natureza, por meio da
apresentação de notas fiscais emitidas para outros contratantes no período de até 1 (um)
ano anterior à data da contratação pela administração, ou por meio idôneo.

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