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História do Brasil: século xx – A República e o desenvolvimento nacional

Pedro Calmon
1ª edição — outubro de 2023 — CEDET
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Editor:
Felipe Denardi
Preparação de texto:
Ulisses Trevisan Palhavan
Capa:
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Revisão de provas:
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Flávia Theodoro
Juliana Coralli
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Adelice Godoy
César Kyn d’Ávila
Silvio Grimaldo de Camargo

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)


Calmon, Pedro (1902–1985).
História do Brasil: século xvi – As origens / Pedro Calmon;
apresentação de Thomas Giulliano
Campinas, sp: Kírion, 2023.
isbn 978-65-87404-86-8
1. História do Brasil 2. Período colonial
i. Título ii. Autor
cdd 981 / 981-03

Índices para catálogo sistemático:


1. História do Brasil – 981
2. Período colonial – 981-03
Sumário
APRESENTAÇÃO: PEDRO CALMON NÃO MERECIA, NÃO MERECE E NÃO MERECERÁ NUNCA O DESPREZO

I: NOVEMBRO DE 1889

REALISMO...
... E MUDANÇA
II: A ADESÃO DAS PROVÍNCIAS

NO DIA SEGUINTE
EM SÃO PAULO
NA BAHIA
NO NORTE
NO SUL
NO RIO GRANDE
A BANDEIRA
O RECONHECIMENTO
III: A DITADURA

OS MINISTROS
PRIMEIRAS DIFICULDADES
GENERALÍSSIMO
DITADURA E DEMOCRACIA
MÃO FÉRREA
A CRISE FINANCEIRA
IV: A ORGANIZAÇÃO DO REGIME

NOVAS LEIS
ENCILHAMENTO
REESTRUTURAÇÃO
A CONSTITUINTE
A CONSTITUIÇÃO
V: O GOLPE DE ESTADO

DISSOLUÇÃO
LUCENA
DEFINIÇÕES
NOS ESTADOS
O CONFLITO DOS PODERES
O GOVERNO CONTRA O CONGRESSO
O LEVANTE INICIAL
DOIS ALMIRANTES
VI: O MARECHAL DE FERRO

FLORIANO
DERRUBADA
O PROCESSO...
DE NORTE A SUL
PARANÁ E MATO GROSSO
SEBASTIANISMO
AGITAÇÕES
CONTROVÉRSIA
DITADURA
VII: O SUL EM ARMAS

FORÇAS INCONCILIÁVEIS
A LUTA
RESTAURAÇÃO?
ILUSÃO AMERICANA
ROMPIMENTO
TURBILHÃO
O ENCONTRO DECISIVO
GUMERCINDO
AVENTURA DE WANDENKOLK
VIII: REVOLUÇÃO DA MARINHA

ANTECEDENTES DA INSURREIÇÃO
CONSULTA À NAÇÃO
INTERVENÇÃO ESTRANGEIRA
O FRACASSO DA REVOLTA
CHOQUE DE IDÉIAS
CONQUISTA DO DESTERRO
DO RIO NEGRO A BAGÉ
AÇÃO DE CUSTÓDIO
IX: A JORNADA REVOLUCIONÁRIA

NO PLANALTO PARANAENSE
A RESISTÊNCIA DA LAPA
X: FIM DA LUTA

A REVOLUÇÃO CONDENADA
O COMBATE DE 9 DE FEVEREIRO
PLANOS E INSUCESSOS
A CAPITULAÇÃO
CONDUTA PORTUGUESA
REPRESSÃO DESATINADA
XI: O PRESIDENTE PACIFICADOR

CANDIDATO CIVIL
ENIGMA
ANTÍTESE
A ANISTIA
O FIM DE GUMERCINDO
APARÍCIO SARAIVA
COMO ACABOU SALDANHA
XII: QUATRIÊNIO TEMPESTUOSO

A PAZ INTERNA
RESPOSTA JACOBINA
MANUEL VITORINO
O FANÁTICO E O MEIO
CANUDOS
XIII: BRASIL BÁRBARO

PSICOSE DE FIM DE SÉCULO


EXPEDIÇÕES DESTROÇADAS
OS MELINDRES DA AUTONOMIA
MAJOR FEBRÔNIO
MOREIRA CÉSAR
REPRESÁLIA
A VOLTA DO PRESIDENTE
A VITÓRIA DO GOVERNO
PRESIDENCIALISMO
XIV: A EPOPÉIA DOS SERTÕES

ARTUR OSCAR
DEPOSIÇÃO DO GOVERNADOR?
A QUARTA EXPEDIÇÃO
A DURA GUERRA
ÊXITO INCOMPLETO
REFORÇOS
EPÍLOGO...
FOGO E SANGUE
A GRAVE LIÇÃO
XV: DESORDEM E AUTORIDADE

EXTREMOS CRIMINOSOS
O ATENTADO
RESPONSÁVEIS
INTOLERÂNCIA
A TRANQÜILA SUCESSÃO
XVI: O GOVERNO DE CAMPOS SALES

O PROBLEMA DAS FINANÇAS


ERA NOVA
POLÍTICA DOS GOVERNADORES
OPOSIÇÃO
XVII: AS QUESTÕES INTERNACIONAIS

RIO BRANCO
LITÍGIO DAS MISSÕES
A ILHA DA TRINDADE
QUESTÃO DO AMAPÁ
XVIII: PLENITUDE DO PRESIDENCIALISMO

REGENERAÇÃO FINANCEIRA
CÓDIGO CIVIL
UNANIMIDADE
A DISSIDÊNCIA
OUTRO PAULISTA
XIX: DIPLOMACIA

SOB O SIGNO DA PAZ


A QUESTÃO DA GUIANA
SENTENÇA ARBITRAL
XX: A INCORPORAÇÃO DO ACRE

A BORRACHA
A “LINHA VERDE”
PROTESTO E DEMARCAÇÃO
AVENTURA
PLÁCIDO DE CASTRO
A AÇÃO BRASILEIRA
TRATADO DE PETRÓPOLIS
XXI: O GOVERNO DE RODRIGUES ALVES

GENTE ANTIGA
VIDA NOVA
O PREFEITO PASSOS
OSWALDO CRUZ
CONTRA A VACINA
A REVOLTA DE TRAVASSOS
VENCEU O PROGRESSO
XXII: CIVILIZAÇÃO MODERNA
NOVAS CIDADES
O NOVO RIO
XXIII: ÉPOCA DE PROGRESSO

O BLOCO
SUCESSOS DE MATO GROSSO
CONVÊNIO DE TAUBATÉ
A FORTE DIPLOMACIA
QUESTÕES TERMINAIS
PAN‑AMERICANISMO
XXIV: A ADMINISTRAÇÃO DE AFONSO PENA

ACIMA DOS GRUPOS


ESTRADAS
A PAZ DE HAIA
FORTALECER PARA SUBSISTIR
VOZES GUERREIRAS
XXV: A CAMPANHA CIVILISTA

HISTÓRIA REPETIDA
O FULGOR DA ESPADA
NILO PEÇANHA
RUI BARBOSA
SIGNIFICADO DA LUTA
XXVI: O PERÍODO INQUIETO

RECOMEÇA A DESORDEM
AMOTINAM‑SE OS MARINHEIROS
“SALVAÇÕES”
NO ESTADO DO RIO
ALI E ACOLÁ
BOMBARDEIO...
AS CONSEQÜÊNCIAS
RIO GRANDE E SÃO PAULO
CEARÁ E O PE. CÍCERO
CONSEQÜÊNCIAS
XXVII: CAUDILHO E OLIGARQUIA

RESISTÊNCIA TRIUNFANTE
PRUDÊNCIA E FIRMEZA
O FIM DE UM CHEFE
XXVIII: O EPISÓDIO DO CONTESTADO

OUTRO CASO DE FRONTEIRAS


MONGES E BANDIDOS
O ACORDO
XXIX: A GRANDE GUERRA

REALIDADE UNIVERSAL
NEUTRALIDADE E INDIGNAÇÃO
MARCHA PARA A INTERVENÇÃO
EM GUERRA
POLÍTICA PATRIÓTICA
ÚLTIMA EPIDEMIA
AS AGITAÇÕES SINDICAIS
XXX: UM PRESIDENTE DO NORTE

DE MINAS A SÃO PAULO


CAMPANHA PRESIDENCIAL DE 1919
QUANDO APARECE A DEMOCRACIA SOCIAL
EPITÁCIO PESSOA
NA VELHA BAHIA
AO CLARÃO DAS FESTAS
XXXI: “HAJA O QUE HOUVER...”

REAÇÃO REPUBLICANA
O FATOR MILITAR
A CAUSA REGIONAL
5 DE JULHO
O CENTENÁRIO
XXXII: INTRANSIGÊNCIA E REPRESSÃO

GOVERNO INABALÁVEL
DESMONTE
A REBELIÃO NO SUL
REVIRAVOLTA
NOVAMENTE A SEDIÇÃO
SUBLEVAÇÃO EM SÃO PAULO
XXXIII: INTRANQÜILIDADE

REVOLUÇÃO VOLANTE
COLUNA‑FANTASMA
ESTADO DE SÍTIO
REFORMA CONSTITUCIONAL
XXXIV: EPÍLOGO DA “REPÚBLICA VELHA”

WASHINGTON LUÍS
ESTRADAS E MOEDA
A VOLTA DOS PARTIDOS
ENTRE MINAS E O SUL
CANDIDATO GAÚCHO
ALIANÇA LIBERAL
CRISE GENERALIZADA
PARAÍBA EM FOGO
PARA O PRÉLIO DAS ARMAS
O TERRÍVEL IMPREVISTO
XXXV: A REVOLUÇÃO DE 1930

DE SUL A NORTE
EM MINAS GERAIS
NO NORDESTE
PROPORÇÕES DA LUTA
A QUEDA DA LEGALIDADE
XXXVI: A NOVA REPÚBLICA

DITADURA... E PROGRAMA
PLENOS PODERES
GRUPOS E CORRENTES
O CASO PAULISTA
O POVO NAS RUAS
SEPARAÇÃO DE FORÇAS
CÓDIGO ELEITORAL
XXXVII: O MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA

9 DE JULHO
HISTÓRIA REPETIDA
A DURA RESISTÊNCIA
CONSEQÜÊNCIAS
A VOLTA À LEI
A CONSTITUINTE DE 1933
XXXVIII: A TERCEIRA CONSTITUIÇÃO

O NOVO DIPLOMA
SOCIAL‑DEMOCRACIA
PRESIDENTE CONSTITUCIONAL
ENTRE AS EXTREMAS
1935
MAIS FORTE O GOVERNO
A ATMOSFERA INTERNACIONAL
XXXIX: O ESTADO NOVO

TRANSIÇÃO PARA O GOLPE...


1937
ESTADO NOVO
A CARTA OUTORGADA
LINHAS DOUTRINÁRIAS
CONTRA OS EXTREMOS
LEGISLAÇÃO SOCIAL
XL: NA SEGUNDA GRANDE GUERRA

POSIÇÃO INTERNACIONAL
NEUTRALIDADE E ESCUSA
COMPROMISSOS CONTINENTAIS
CONDIÇÕES MILITARES
EM FAVOR DA AMÉRICA
DEPOIS DE PEARL HARBOR
A GUERRA INCLEMENTE
O ATAQUE INOPINADO
O TRAMPOLIM DE NATAL
SILENCIOU A POLÍTICA
MOBILIZAÇÃO E COMPROMISSOS
BRASILEIROS NA EUROPA
O CONTINGENTE EXPEDICIONÁRIO
A MARCHA DA F. E. B.
XLI: RECONSTITUCIONALIZAÇÃO

OUTRA ERA
OS PARTIDOS
OUTUBRO DE 1945
GOVERNO DUTRA
1950
1954
O GOVERNO DE CAFÉ FILHO
TRANSIÇÃO
O DESENVOLVIMENTO
MUDANÇA
XLII: A VIDA ECONÔMICA

CORRENTES HUMANAS
TRANSPORTES
AVIAÇÃO
PRODUÇÃO
O CAFÉ
AÇÚCAR E FUMO
ALGODÃO
BORRACHA
CACAU
CRIAÇÃO DA INDÚSTRIA
SIDERURGIA
ENERGIA E COMBUSTÍVEL
XLIII: PANORAMA DA CULTURA BRASILEIRA

O PROBLEMA INTELECTUAL
POESIA
ESCRITORES
SERTÕES
A ACADEMIA
MACHADO E SEU TEMPO
A GRANDE INSATISFAÇÃO
GERAÇÃO DE 1922
FILÓLOGOS
TEATRO
HISTÓRIA
DIREITO
MEDICINA
CIÊNCIAS NATURAIS
MARCHA DAS IDÉIAS
FARIAS BRITO
O PROBLEMA SOCIAL
PESQUISA
ENGENHEIROS
ARQUITETOS
ARTES: PINTORES
ESCULTORES
EDUCAÇÃO
CORRENTES MODERNAS
NOTA

BIBLIOGRAFIA

NOTAS DE RODAPÉ
APRESENTAÇÃO: PEDRO CALMON NÃO MERECIA,
NÃO MERECE E NÃO MERECERÁ NUNCA O DESPREZO

A sociedade brasileira, como uma paisagem, é um sistema cuja estrutura e


evolução são determinadas por múltiplos fatores. Considerá-los na
indissociável coesão que os une é fundamental se quisermos compreender o
funcionamento da história nacional. Historicamente, não somos órfãos de
pais desconhecidos. A continuidade, que não significa indiferença aos dramas
herdados, é uma consciência própria do homem. Diante do passado, temos a
percepção de nossa individualidade e com a história compreendemos o que os
homens foram, fizeram, conseguiram. Se saíssemos da história, tombaríamos
no nada. Pensá-la é vê-la no reino do possível.

Desde a invenção da escrita, o registro de experiências humanas informa que


recebemos do passado um conjunto de valores, necessidades e crises. Da luz
elétrica aos livros de Graciliano Ramos, sem ignorar a falta de saneamento
básico pleno e a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, o
passado sempre deixa a sua herança. A História sempre lida com eventos que
aconteceram em um tempo. Não é uma manipulação, mas o descobrimento
de realidades próprias do passado, enquanto a historiografia, constituída
como o campo privilegiado de recolha de materiais humanos, é o estudo das
variações dos comportamentos dos homens do passado. Descortinar o
passado é exprimir um diálogo explicativo, por meio das fontes históricas,
acerca de eventos singulares e não mais existentes. O passado, enquanto
conjunto descontínuo de fatos verdadeiros e mutilados, não é um ser, mas um
cruzamento de itinerários. Sem a história, vemo-nos privados de falar das
origens de que brotamos e que nos sustentam.

A pesquisa historiográfica, diametralmente oposta à ficção, transforma o


passado em fenômeno do conhecimento e não se contenta com o interior das
coisas, mas apreende, no seu exterior, o significado dado pelo homem. Dotada
de um caráter temporalmente transcendente, é um lugar ontológico
privilegiado, onde o homem pode viver e contemplar, através de personagens
variadas, a plenitude da sua condição, transportando-se imaginariamente para
outro tempo. O ato de explicar a substancialidade do passado não é somente o
de unificar ou familiarizar a aparência com o aspecto de um grande princípio,
ou a realização da condição autoconsciente e livre dos homens, mas é uma
apreensão das realidades não dadas que se revela por meio do dado.

Toda pesquisa histórica anda sempre às voltas com a linha difusa entre
resgatar a experiência daqueles que viveram os fatos, interpelar seu sentido e
reconhecer nessa experiência seu caráter inconcluso. A historiografia examina
o ponto do contato da palavra com a realidade concreta do objeto examinado.
É um instrumento privilegiado de decifração do mundo. Encontrar o
verdadeiro sentido das palavras contidas em um texto é tarefa que se impõe a
qualquer historiador que deseja transformar em compreensão histórica o seu
estado inicial de incompreensão semântica. Historiar é uma atividade
intelectual, composta por tudo o que um historiador pode aprender: leituras e
convivências, por idas e vindas entre os documentos, alocação de seus
interesses intelectuais, um esforço de imaginação em fazer reviver o tempo
estudado. Qualquer historiador, para produzir bons significados sobre um
tempo irreversível, precisa de uma atenção constantemente voltada para os
múltiplos objetos que exprimem os vestígios esparsos do passado.

O historiador que conhece os eventos apenas em sua ordem cronológica não


descortina os indivíduos em meio aos fatos, mesmo que correspondentes à
dimensão episódica da narrativa. Esse tipo de erro insere o heterogêneo
psíquico em uma homogênea superestrutura psíquica. Enquanto a história é
feita de acontecimentos, a historiografia é a tentativa de composição de certas
totalidades temporais, extraídas do fluir histórico e firmadas num cálculo
cronológico. Não chega a ser historiador aquele que simplesmente trabalha
com afinco nos arquivos. Para o historiador, a determinação da veracidade de
documentos é uma tarefa preliminar. Deve-se devolver o fato à sua totalidade
em busca de uma compreensão da vida humana. A leitura de um documento é
como conversar com um ser de papel. Pacientemente, o historiador faz
perguntas que possibilitam a reflexão sobre as diferenças entre a realidade, o
perceber e o imaginar da essência analisada. Seu pensamento reflexivo
pertence, antes de tudo, às categorias do pensamento comparativo, no qual,
cada fonte histórica, com seus diferentes tipos, representa um universo aberto
onde o seu intérprete pode descobrir infinitas interconexões. No presente e no
passado, ser historiador sempre exigiu erudição e sensibilidade no tratamento
de fontes. A alma dessa compreensão é forjada na luta que o pensamento
conceptual do historiador estabelece contra o drama da palavra. Ao fazer mais
que acatar o critério da evidência aparentemente imediata, o historiador
percebe que em cada documento de uma mesma temporalidade há diferentes
vozes.

Evitar conclusões apressadas ou rígidas é uma condição essencial para não


transformar a especificidade do fato histórico em um acontecimento
indistinto. As motivações morais implicadas nos fatos analisados podem
ajudar a compreender a história, mas não são os objetos da explicação
histórica. Há diferenças entre a história como fato e o registro escrito dos
fatos. Fundada na diversidade dos homens e tempos históricos, a história não
é um conhecimento de intenções, mas dos fatos livres realmente executados.
O bom historiador não é um mero colecionador, mas um operário da verdade
pretérita. Seus pensamentos e aspirações se dirigem à construção humana
sobre a reflexão, sobre o saber. A história se dirige ao conhecimento da ação
humana. A transformação desse depósito de múltiplas matérias-primas
individuais em uma estrutura lógica é um dos ofícios dos historiadores.
Descobrir realidades próprias do passado, constituídas enquanto resultados
das decisões dos homens concretos, requer esforço. Enquanto homens, somos
hóspedes de um momento da história.

A história integra a existência humana através de uma reunião de passados,


individuais ou coletivos. O fato histórico é a ação humana realizada
singularmente no tempo. Por mais ampla que seja a causa histórica, a sua
recepção é sempre individual. Como escreveu Ortega y Gasset: “Eu sou eu e
minha circunstância, e se não salvo a ela, não me salvo a mim”.
Originalmente, o sujeito da história é o indivíduo, que, por sua essência
sociālis, engaja-se em totalidades coletivas detentoras de vínculos que
aproximam os homens na realização de projetos de vida. Do trabalho
corporativo à família, exemplos não faltam para enfatizar que o vínculo social
permeia a história. Inescapavelmente, tupinambá ou esquimó, o homem nasce
no seio de uma sociedade e faz sua vida em seu meio. Do mais remoto núcleo
familiar ao mais abrangente tema global, é sempre inimaginável um fato
histórico que não seja também social. Evidenciar a especificidade humana em
nada invalida a certeza de que o indivíduo é meio e instrumento da história.

A verdade existe, inclusive nesses tempos em que o rigor intelectual passa


longe de ser difundido. Afirmar a sua existência é uma condição para o
desenvolvimento de qualquer pesquisa historiográfica. A questão da verdade
na história é capital. Se não há certeza, não há verdade; nem o mínimo de
coesão social. Fora da verdade, nada pode ser verdadeiro. Abandoná-la leva ao
nada. Se cada um tem a sua verdade, por que não posso afirmar que Machado
de Assis foi um hipopótamo membro da Al-Qaeda? O que perguntei é
incognoscível porque desarticula a consciência natural do mundo fenomênico
e a ordem do conhecimento. Na nossa consciência, ordenamos e elaboramos o
material sensível em relação às formas a priori da intuição e do entendimento.
A nossa convicção da realidade de que Machado de Assis não era um
hipopótamo é o resultado da soma de um raciocínio lógico com a vivência
imediata numa experiência da realidade. O conhecimento consiste em forjar
uma imagem do objeto; e a verdade do conhecimento é a concordância desta
imagem com o objeto. Nem tudo é questão de ponto de vista. Na história, há
divisão entre os objetos reais e ideais; é real tudo o que nos é dado pela
experiência histórica. Para o realista, o verdadeiro existe fora e
independentemente da nossa consciência, enquanto para o idealista o
verdadeiro não existe pura e simplesmente, mas necessita ser concebido.

Na generalidade nada mais representativo do que a cegueira. A


impossibilidade de esgotamento da verdade é tomada como prova de sua
inexistência, e a subordinação dela à vontade para tirar a limpo convenções
entendidas como arbitrárias é confundida coma negação da unidade entre o
pensamento subjetivo e o objetivo. Nessa babel, impregnada de idealismo
lingüístico, além dos problemas hermenêuticos, deve-se levar em conta as
conseqüências dessa predisposição para se multiplicar uma importância
pessoal. Esse idealismo reduz o ser das coisas percebidas e distingue o dado da
percepção e a própria percepção. Suprimida a realidade aparente, sustenta a
tese de que não há coisas reais, independentes da consciência.

Sucessão e dimensão episódica indicam a ordem dos acontecimentos;


totalidade temporal e seqüencias de enunciados indicam a ordem do discurso.
O passado possui os seus predicados técnicos de verificação.
Historiograficamente, algo pode ser verdadeiro sem ser bom e o menor fato
histórico tem um sentido. Exemplos do mal na história não faltam e é pela
pesquisa que um historiador distinguirá, dentro do que for possível, a
concordância de um tempo histórico consigo mesmo. O passado é sempre
dotado de uma realidade própria. Apresentá-lo é um dos enfoques do
historiador, que, inevitavelmente, está no presente e no passado ao mesmo
tempo. Ele abarca com suas pesquisas acontecimentos, descreve ambientes,
estabelece relações de causa e efeito, analisa as personagens. Na condição de
artífice, o historiador se interessa pelos acontecimentos com a pretensão de
descobrir a fisionomia pouco conhecida do passado. Por essência, a história é
o estudo por meio de documentos, mas a narrativa histórica se coloca para
além de todos os documentos, visto que nenhum deles pode ser a totalidade
do acontecimento em si. Para um historiador, a noção de fonte é bastante
flexível: é toda fonte informativa da qual sabe extrair algo para melhorar a
compreensão do passado humano. O passado pode ser banal e mortificante,
mas é sempre um ponto onde o historiador se coloca.

Na historiografia, o passado subsiste na voz narrativa amparada na memória,


que, sujeita à linearidade do signo histórico, conta com a força do imaginário.
Através da memória, o homem constitui a sua voz. A memória, que nem
sempre é épica, pálida ou morta, é feita de acontecimentos, constituídos de
múltiplas histórias que se passaram em diferentes unidades espaço-temporais.
Os acontecimentos, mediante pesquisas ou convenções, recebem do
historiador o seu enredo arquitextual, ou a dimensão textualizada dos
acontecimentos de uma totalidade temporal. Dessa maneira, a relação do
historiador com a memória passa a ser classificativa, combinando a análise
temporal com a integração da lógica narrativa, que se configura em seqüências
que se integram à lógica do passado coletivo. O historiador combina a análise
temporal com a integração da lógica narrativa. Essa síntese pode ser mera
ilusão que objetifica o passado, como também pode ser um bom horizonte de
expectativas que enquadra e rege a leitura histórica.

Todo historiador, quando se pretende sério, tem diante de si um desafio: a


manutenção de uma consciência autônoma, livre de paixões políticas e imune
a todo aliciamento ideológico. A maneira como cada pesquisador responde a
esse desafio norteia sua pesquisa e condiciona seus resultados. A verdade é
sempre profunda, e o historiador deve ser prudente para justificar os vestígios
que escolheu. Todo acontecimento histórico tem potência para explodir numa
multidão de objetos de conhecimentos, que, quanto mais conhecemos, mais se
alargam aos nossos olhos.

Da luta entre o caos da existência, os princípios de ordem e um corpo de


múltiplos fatos nasce a história.

Os valores moralmente subjetivos implicados nos fatos podem nos ajudar a


compreender a história, mas não são o objeto primordial da explicação
histórica. Há em nós a tendência de julgar um evento pelos seus agentes
menos dignos e, como vivemos numa época de intenso fanatismo ideológico,
esse anacronismo, tão comum em historiadores brasileiros, domina a maioria
dos espíritos descritivos. O historiador, quando lida com qualquer assunto,
precisa ajustar o espaço que sua base moral terá no conflito com o tema
analisado. O bom pesquisador, por meio do estudo, coloca suas opiniões em
conflitos. Estudar o passado consiste em mais do que reagir aos personagens e
temas analisados. Independentemente do valor de suas suspeitas iniciais, o
pesquisador precisa compreender o motivo de algo ser uma verdade. O fluxo
de consciência que estabelecemos com as nossas opiniões é tão familiar
quanto o ar que respiramos. Quando se obtém a verdade por meio do
conhecimento, você não apenas a possui, mas compreende o motivo de ser
uma verdade. Porém, quando você tem a verdade apenas por ter uma opinião
certa, você não a compreende, nem compreende seus motivos.

A descrição de processos históricos não se desenvolve por mágica, mas


graças à tentativa metodológica de identificar os códigos e os mecanismos
pelos quais o significado é produzido em várias regiões da vida social do
passado analisado. Historiograficamente, desde que bem fundamentadas, as
visões distintas sobre o passado não se excluem, mas integram-se. A dialética
historiográfica, vinculada às variações do ser humano, ilumina o caminho até
o passado, permitindo que apreendamos os fundamentos dos significados e
orientações. O historiador é aquele que, apesar dos próprios conflitos de sua
realidade, investiga os enigmas das conjunções pré-existentes. Cotejada com o
passado, a vida do historiador é menos que um grão de areia na ampulheta.
Nenhum historiador será capaz de esgotar qualquer realidade analisada. Seu
talento é o de dirigir a própria consciência, à maneira de Proust, para um
lugar privilegiado, e isso só será possível com a apreensão dos conceitos
essenciais para a legitimidade da historiografia, tais como memória, passado,
linguagem, verdade, documento. Compreendê-los, parafraseando o poeta
Manoel de Barros, é enrugar o couro intelectual.

A idéia de uma história nacional é um limite inacessível ou antes uma idéia


transcendental. Não se pode escrever esta história, e as historiografias que se
crêem totais são enganosas. O historiador pode escrever dez páginas sobre um
dia ou exprimir dez anos em duas linhas. Do mesmo modo, não está reduzido
a ser um cronista de eventos tidos como consagrados. Uma das razões que
tornam tão fascinante o estudo da história é a ambigüidade essencial de toda
situação histórica; cada livro de história impõe a lógica de sua escrita. Como
vozes direcionadas, os historiadores e suas múltiplas maneiras de pesquisar,
refletir e viver o país textualizam as mesclas híbridas de suas experiências.

Não precisamos saber tudo sobre determinado acontecimento para que


possamos entendê-lo com certa razoabilidade. Inclusive, muitas vezes, uma
montanha de informações pode provocar o efeito contrário, isto é, poderá
servir de obstáculo ao entendimento. O historiador fica mais próximo da
realidade pesquisada por meio de dois predicados importantes para a
composição historiográfica: a imaginação e a multiplicidade das fontes, que
são restos do homem que emanam do fundo dos tempos, como destroços de
um completo naufrágio, objetos cobertos de signos que podemos tocar,
cheirar e observar na lupa. Dessa verdade que anseia por atingir e que lhe
escapa permanentemente, o historiador recompõe os processos, que, em
conjunto, formam uma história de maior ou menor duração. Descrever uma
totalidade é multiplicar os itinerários que a atravessam. Caracterizar a
maneira de pensar ou sentir de certos grupos sociais, mesmo de determinados
indivíduos, não é tarefa fácil. Ao pretender reconstituir a maneira de pensar
ou de sentir de certas épocas ou de certas coletividades, tomei o Brasil em seu
conjunto, mas sem ignorar alguns traços essenciais de suas variantes
regionais.

A memória é essencial a um grupo porque está atrelada à construção de sua


identidade. Composta de ações definidas como dignas de viver na anamnese
dos homens, ao mesmo tempo que visa estabelecer a construção de arquétipos
por meio de símbolos nacionalmente reconhecidos — por exemplo, a
bandeira e o hino nacional —, muitas vezes não passa de ilusão de
simultaneidade. Profundamente relacionada com os quadros sociais do país,
suas funções se constituem em tentativas de unidades narrativas mínimas.

Predominantemente formado por escolas que produzem um número cada


vez maior de indivíduos atingidos por essa espécie de mal-estar histórico
crônico, o “brasileiro médio”, muitas vezes, considera que há poucos fatos na
vida brasileira que despertem uma dedicação generosa. Dotado de orfandade
histórica instituída pela experiência — mais ou menos recalcada — do
fracasso escolar e refém do marginalismo de nossas elites, que Oliveira Viana
causticou como sendo um dos principais dramas brasileiros, sua relação com
a memória nacional é quase sempre antipática. Basta ligeira inspeção para
encontrar no Brasil de hoje esses sinais. Em geral, receberam um tipo
anacrônico de ensino da história brasileira, no qual o presente se projeta no
passado, como se a nação fosse apenas um pretexto para juízos morais. Não se
trata de entronizar ou de destruir ídolos. Trata-se de um tipo de professor de
história que, ao transformar o passado em um espetáculo para um público em
luto, permanece limitado ao papel do colecionador que arranca os fatos do seu
contexto, sem submetê-los a um verdadeiro inquérito. Acostumado a viver
interpretando o passado de uma forma adestrada e maniqueísta, de certo
modo intoxicado pela própria universidade, expõe perante os seus estudantes
ou às vezes perante um público mais extenso um arremedo de desmistificação
do Brasil. Esse tipo de fanático sem escrúpulo, atuando sobre uma multidão
amorfa, deprimida, analfabeta funcional, carcomida por divisões intestinas,
etc., tem grande probabilidade, com os meios da propaganda e de
espetacularização das informações, de exercer um poder magnético. Nas
palavras de Manuel Antônio de Almeida: “À custa de muitos trabalhos, de
muitas fadigas, e sobretudo de muita paciência, conseguiu o compadre que o
menino freqüentasse a escola durante dois anos e que aprendesse a ler muito
mal e escrever ainda pior”.

Sendo o Brasil uma realidade viva e humana, que sofre influências de toda a
sorte, não é anacrônico tentar compreendê-lo em uma perspectiva histórica
que dialogue com os dias que correm. Conhecer seus muitos eventos que
continuam presentes na agenda atual é uma forma de combinar as abordagens
cronológica e analítica. Se muitos são os eventos, contextos políticos e
culturais que assinalam esses mais de cinco séculos de existência nacional,
alguns traços insistem, teimosamente, em comparecer na agenda local. O
caminho da autoafirmação do pensamento brasileiro já está aberto, carecendo
apenas dos que continuem o trabalho dos desbravadores. É o caminho
palmilhado por Pedro Calmon, historiador de apurada pesquisa, dos maiores
e mais primorosos em língua portuguesa.

Devo a Pedro Calmon um dos estímulos mais decisivos para que a minha
formação cultural se processasse iluminada pelas luzes da história brasileira.
Pedro Calmon Moniz de Bittencourt, um típico baiano de exportação,1 não foi
somente um intelectual erudito, mas homem de ação e de muitas sugestões.
Foi Deputado Estadual e Federal, Reitor e Ministro. Como escritor, lega uma
obra notável, estruturada em três grandes áreas: literatura histórica, história e
direito.2 No primeiro grupo, incluem-se os mais divulgados dos seus livros,
por exemplo, O Rei Cavaleiro e a Vida de Castro Alves. Fazem parte da
segunda categoria os cinco volumes da História Geral do Brasil, os três da
História Social do Brasil e a sua grande obra História do Brasil. Na área do
direito, estão reunidos o Curso de Direito Constitucional e Curso de Teoria
Geral do Estado.

Nascido em 1902, a 23 de dezembro, na cidade baiana de Amargosa, Pedro


Calmon, desde o curso secundário,3 revelara excepcional inteligência, a ponto
de seus professores o convidarem para compor algumas bancas examinadoras.
Poderosa inteligência, assíduo leitor, ainda adolescente se tornou íntimo dos
clássicos, armazenando sólida cultura. Espírito disciplinado, tocado pela fé
católica,4 o segundo filho de Pedro Calmon Freire de Bittencourt e de Maria
Romana Moniz de Aragão Bittencourt, tem na sua progênie expressivos
representantes da nobiliarquia brasileira,5 a exemplo do Visconde Nogueira
da Gama, prestigiado político do final do Segundo Império, pelo ramo
materno. Oriundo do tronco paterno, o representante mais destacado é o
Capitão de Mar e Guerra, João Calmon, combatente na luta contra os
holandeses, para cuja missão viera de Portugal acompanhado da família.
Editado por Monteiro Lobato, estreou como escritor aos 18 anos com a
publicação de “Pedra d’Armas”, uma coleção de contos relacionados com a
história da Bahia.6 Também nesse período, inicia a atividade jornalística em O
Imparcial, graças a Homero Pires. Por influência de seu padrinho, Miguel
Calmon7 — que fora em sua vida um segundo pai — escolheu ingressar na
Faculdade de Direito. Estudou na Faculdade de Direito da Bahia por dois
anos, transferindo-se para o Rio de Janeiro, em 1922, para secretariar a
Comissão Promotora dos Congressos do Centenário da Independência.8
Continuou seus estudos na Universidade do Rio de Janeiro, atual Faculdade
Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, diplomando-
se em 1924. Aos 23 anos volta à Bahia,9 para exercer a deputação estadual, nos
governos de Góes Calmon e Vital Soares.

Para não poucos historiadores brasileiros, que se definem como atualizados,


a obra historiográfica de Pedro Calmon está defasada. Embasado na minha
convivência íntima e prolongada com seus textos, discordo. Sobre a
discordância, cabe dizer que a historiografia não precisa ser unânime em
absolutamente nada. Heródoto e Tucídides, por exemplo, ambos gregos e
mestres antigos da história, divergiram no modo de escrevê-la, ou seja, a
divergência está na gênese da narrativa história. Só para contextualizar,
Heródoto, ainda sob o ciclo da epopéia, e que tanto se ocupou do
antagonismo entre o espírito helênico e o oriental, entremeava de mitos e
lendas as suas narrações, ao passo que Tucídides, seu discípulo, sem prejuízo
da prosa ática, preferiu o relato seguro e objetivo, sendo um precursor da
informação documental. Um tendeu mais para a arte, o outro, para a técnica
de reconstituir o passado. No meu entendimento, Pedro Calmon realizou a
proeza de unificá-los nos volumes de sua monumental obra História do Brasil.

Na adolescência já ouvia falar dos livros de Pedro Calmon e de sua


personalidade — um tanto medieval em um tipo renascentista. Talvez por isso
mesmo, sem mais informações, concluí que se tratava apenas de um
medalhão. Independentemente desses juízos iniciais, estudá-lo, sendo eu
então um jovem aspirante a historiador, seria um caminho obrigatório, afinal
ele é o autor de dezenas de livros,10 e o intelectual que melhor concebeu e
modelou a universidade entre nós, a partir do reitorado que exerceu com
fulgor, na Universidade do Brasil, bem como no luminoso exercício da
cátedra durante período longo e fecundo. Por isso, desconhecê-lo seria negar a
condição de universitário e confessar obscurantismo e ignorância
imperdoáveis. Não precisei ler um de seus livros para começar a mudança na
minha percepção, bastou que eu começasse a investigar a sua biografia para
que me surpreendesse, afinal esse homem que classifiquei como um medalhão
era admirado por Carlos Heitor Cony, escritor que já reverenciava nessa
época. Descobri essa admiração de Cony quando li sua crônica em
homenagem ao recém-falecido Pedro Calmon. Nesse texto, carregado de
emoção, o romancista registrou que a morte de Calmon mostra um tempo
que acabou, sendo muito provável que as gerações mais novas ignorem o que
Pedro Calmon representou no panorama cultural de um tempo não tão
distante assim. Segundo Cony, Pedro Calmon foi um tipo de homem que não
há mais. Era agradável e sensível sem ser ingênuo, cordato sem bom-
mocismo, educado porque entendia ser obrigação das pessoas civilizadas
tratar bem ao seu semelhante. Tinha a intuição das limitações humanas e
sabia a maneira de estimular as boas qualidades das pessoas, fazendo-as
sentirem-se mais importantes do que são. Era, além disso, um pacificador por
temperamento e formação. Sobre esse seu temperamento conciliador, nesses
meus estudos inspecionais, descobri algumas passagens interessantes, sendo
uma delas a vez que defendeu seus alunos11 universitários na época da
repressão estado-novista. Esse homem conciliador e hábil, que não poucos
alunos disseram que sabia compreender o idealismo dos moços arrastados
pelo espírito não-conformista, soube vencer com habilidade o conflito entre
estudantes e a polícia, quando, certa feita, na solenidade de uma formatura, o
orador oficial excedeu-se, segundo os critérios ditatoriais, nas críticas à
ditadura de Vargas. Como a polícia era mencionada nesse discurso e no
evento havia policiais presentes, o clima ficou tenso e reforços policiais foram
chamados. Calmon, um defensor do sagrado direito de pensar livremente,
conseguiu controlar bem a situação interna, mas vendo que a polícia cercava a
Faculdade de Direito se dirigiu ao encontro do comandante militar. Dizendo
que a situação interna já estava controlada, enfatizou que caso algum policial
quisesse entrar na Faculdade, que antes fizessem o vestibular. O resultado
dessa sua ação? Os policiais não entraram na Faculdade e nenhum estudante12
foi preso ou perseguido nesse dia.
Como historiador lhe ficamos devendo, nós e as gerações do futuro,
preciosas e legítimas contribuições para o conhecimento da nossa história. Em
1931, foi eleito sócio efetivo do Instituto Histórico e, em 1932, criou no Museu
Histórico Nacional, a cátedra de História da Civilização Brasileira, para a qual
escreveu o livro com o mesmo título. Esse seu estudo é pioneiro nessa
temática dentro de nossa historiografia. Como se desenvolvesse um esquema
didático, onde o leitor, na clareza do seu estilo e através da comprovação
documental, encontra respostas, conseguidas depois de exaustivas e pacientes
pesquisas, de raciocínios inteligentes, de lúcidas interpretações. Ao invadir o
espaço da intimidade de personagens relevantes, chegando ao nível de quase
escutar o som de suas vozes, Calmon não foi indiferente à dor ou à alegria do
brasileiro comum. Biógrafo de soberanos, os seus perfilados ressurgem para a
vida na inteireza do porte, na justiça das observações, nos traços
característicos, nas minúcias necessárias, tudo relacionado com a época, as
circunstâncias e os ambientes em que viveram e atuaram, ressaltadas e
interpretadas a participação e contribuição de cada um. Ministro da
Educação, serviu à política brasileira com a visão superior do estadista, atento
aos interesses nacionais, preocupado com o destino da mocidade brasileira.
Jurista, professor catedrático de Direito Público e Teoria Geral do Estado,
diretor, por um decênio, da Faculdade Nacional de Direito, reitor, durante 18
anos consecutivos, da primeira universidade brasileira, a Universidade do
Brasil.

Antes de completar 34 anos, em 1936, passou a ocupar a cadeira de nº 16 na


Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é outro notável baiano, Gregório
de Matos Guerra, sobre cuja vida Calmon escreveria anos mais tarde. Chegou
a ser Presidente da Academia Brasileira de Letras e, nesse posto, chefiou a
delegação do Brasil encarregada de assinar, em Lisboa, o acordo ortográfico
binacional da língua portuguesa. Foi membro e presidente do conselho federal
de cultura, além de também ter sido presidente, nesse caso por 17 anos, do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. A sua obra foi de tal porte que lhe
não tardou o reconhecimento internacional merecido.13 Tornou-se professor
honoris causa das Universidades de Coimbra, Nova York, Buenos Aires,
México, Quito e Santiago do Chile, membro da Real Academia Espanhola, da
Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Portuguesa da História.

Tendo sido sensivelmente prejudicado pela Revolução de 1930, que o


afastara da arena política e, ao mesmo tempo, o impedira de fazer concurso
para a Faculdade de Direito, aos 32 anos ingressou na Faculdade de Direito do
Brasil, tornando-se livre-docente de Direito Constitucional. Quatro anos
vencidos, no verdor dos anos, converteu-se Calmon em professor da mesma
disciplina por memorável concurso. Depois, volta ao terreno político, ao
disputar uma cadeira de Deputado Federal, em 1935. Venceu, mas seu
mandato de deputado federal durou efetivamente muito pouco tempo,
porquanto, a 10 de novembro de 1937, o Estado Novo cerrou as portas do
Legislativo Brasileiro. Apesar de político, chegou a concorrer até para o cargo
de governador do Estado da Bahia em 1954, foi um homem que viveu
segundo o juízo de Ortega y Gasset: “A missão do chamado intelectual é, de
certo modo, oposta à do político. A obra do intelectual aspira freqüentemente,
em vão, a aclarar um pouco as coisas, enquanto a do político sói, pelo
contrário, consistir em confundi-las mais que estavam”.

Poucos brasileiros acumularam tantas glórias no decorrer de suas vidas.


Pode-se discordar das idéias de Calmon, nos vários terrenos em que foram
lavradas. Seus princípios conservadores e sua visão dos acontecimentos
podem gerar controvérsias, mas não considero possível não admirar seu
empenho e pertinácia em achar os documentos cartas, jornais, peças jurídicas,
livros antigos, depoimentos orais. Calmon não foi um copista de historiadores
precedentes, não seguiu trilhas; refez por conta própria os caminhos por
outros percorridos, dissentindo, confirmando, inovando. É um historiador só
comparável, nessa paixão, aos grandes de nossas letras. Combinando pesquisa
com acerto, no rumo da lição de civismo, que entendia complementar do
conhecimento. Esse civismo o levou, em 1928, a estabelecer em lei a defesa do
patrimônio tradicional na Bahia. Acho realmente impossível falar de nossa
história sem procurá-lo, sem reverenciá-lo. Concordemos ou não com o
universo de suas conclusões, não podemos estudar a historiografia brasileira
sem passar por seus livros e ensinamentos. O moralismo calmoniano, de
fundo monárquico14 embora nada sebastianista e de forma barroca, nunca o
impediu de reconhecer certos condicionamentos abranges de nosso passado
histórico.

Pedro Calmon convenceu-me de que algo superior e belo existe do lado de


cá, nascido e cultivado pelo Portugal de antanho. O homem, que foi casado
com a Sra. Herminia Caillet Calmon e que teve dois filhos, Maurício Caillet
Calmon e Pedro Calmon Filho, faleceu em 17 de junho de 1985, no Rio de
Janeiro, num triste fim de tarde.15 Mesmo no hospital, convalescendo de três
cirurgias no intestino sofridas em março desse mesmo ano, aproveitava o
tempo para preparar mais três livros: um catálogo genealógico das famílias
tradicionais brasileiras, uma edição revisada e comentada das memórias de
seu bisavô, o Visconde Nogueira da Gama, e suas próprias memórias, que ele
dizia estar escrevendo muito rapidamente.

Em nossos dias, estamos, de fato, diante de uma verdade indesejada: a de


tolerar a omissão de pronunciamentos necessários sobre a historiografia
produzida por essa ilustre personalidade que foi Pedro Calmon. Em contraste
com esse incompreensível silêncio, e atendendo ao clamor de não poucos,
vem ao grande público esta nova edição, em cinco volumes, de História do
Brasil, a obra mais importante de Pedro Calmon. Neste Brasil formado por
milhões de brasileiros que desconhecem a vida e o nome de Pedro Calmon, e
que transforma tenebrosas figuras em personalidades enaltecidas, badaladas,
comentadas, inclusive em meio a ridículas dissertações, é grandioso saber que
há um público interessado em conhecer Pedro Calmon, esse homem de
cultura enciclopédica.

Thomas Giulliano16
E um dia, povoada a terra...
— Olavo Bilac, O caçador de esmeraldas
I: NOVEMBRO DE 1889

REALISMO...

Proclamada, a república — ou antes, reconhecida a tranqüila vitória da revolução — não


gastou tempo, vidas e dinheiro com o desmonte do antigo regime. O seu trabalho, rápido
e enérgico, foi organizar o novo, aproveitando, realista, os materiais existentes: a
burocracia, com o funcionamento rotineiro dos serviços, a começar pelo Tesouro, a
justiça (imunes os tribunais de mudanças precipitadas), a força pública... Foi moderada e
cautelosa. Compreende-se que assim fosse; e nesta primeira característica lhe
encontramos os traços do dissídio fundamental, que a condenou às provações da anarquia
e da guerra civil.

Desencadeada por uma coligação de conservadores ressentidos, dissidentes liberais,


militares irritados, partidários da autoridade forte, positivistas inspirados por um
programa acadêmico de reformas, é natural que se processasse numa linha de
compromisso ou equilíbrio, entre tendências antagônicas. Depurar-se-ia, adquirindo
expressão estreme, de revolução de base, se a resistência lhe pusesse à prova o ímpeto.
“Era muito rápido para ser sério”.17 Sem sacrifício e heroísmo, os movimentos dessa
natureza degeneram em transformações incompletas; adaptam-se aos costumes que
pretenderam suprimir. O crítico dos fatos brasileiros, que os apreciasse com a distância de
uma quinzena, naquele novembro de 1889, poderia tudo resumir numa inversão: do
império republicano (parlamentar e descentralizado) se passara à república... imperial
(autoritária e concentrada).18 Parte da geração que se opusera às instituições, nos quadros
da propaganda, cujos núcleos tinham sido São Paulo, o Rio Grande, Minas Gerais, a corte,
tomou avidamente o poder. E esbarrou na concorrência da velha política. Observa-se o
conflito de mentalidades, de objetivos, de teorias, simplificado e, de certo modo,
neutralizado, pela posição eqüidistante do governo provisório, feito para conciliar os
grupos na representação de suas tendências. Nesse aspecto de renúncia às opiniões
radicais, visando à consolidação da ordem, em que primava o respeito às dificuldades do
momento — o ministério formado pelo marechal era uma peça inteiriça de lógica política.
Nele figuravam a juventude das armas, seu apóstolo da Escola de Guerra, Benjamin
Constant, a Armada, com Wandenkolk, a campanha republicana, desde a primeira hora,
com Quintino e Aristides Lobo, a ala paulista, com Campos Sales, os rio-grandenses, com
o positivismo militante, Demétrio Ribeiro. Rui Barbosa, deslocado na pasta da Fazenda,
de fato a primeira cabeça do governo, podia ser chamado de Ministro da Idéia, tal o
destaque que lhe dera a batalha quotidiana travada, desde maio de 89, com a situação
reacionária. Essa coalizão de correntes, sob a influência prudente do ditador — receoso de
novidades que não tolerava, sem intransigências ortodoxas, ele, que, até o
“pronunciamento”, fora um crente do sistema reinante, linha viva de comunicação entre o
passado e o presente, garantia e árbitro da evolução —, ganhava uma eficiência benéfica.
Tudo se faria, fez-se tudo com a mínima inquietação, no mais breve prazo: a deportação
da família imperial (cujo embarque silencioso, na calada da noite, selou a implantação da
república), a detenção e o exílio de alguns adversários temíveis, a substituição dos
presidentes das províncias ao som das charangas militares, a mudança da bandeira, atos
fundamentais da reorganização — suavizados pela afirmação solene de que as dívidas e
compromissos exteriores eram encampados pelo novo regime. Os banqueiros ingleses
telegrafaram, pressurosos: os fundos brasileiros estavam mais firmes na City.19 As nações
amigas, os Estados Unidos à frente, apressaram-se em reconhecer a república.

... E MUDANÇA

A república deu a impressão de que envelhecera no segundo mês de existência.

O mal, foi a facilidade com que se impôs: na aceitação indiscriminada, o sentido, já


decadente, do acordo com a imoralidade eleitoral, as oligarquias regionais, a falsa
democracia, a troca dos rótulos e não dos processos, a “adesão” dos vícios que tinham
corrompido a centralização monárquica, acrescido de um, inédito: o caudilhismo de
espada à cinta. Mas, apesar da deformação realista, ou por isso mesmo, cumpriu a sua
tarefa sem cataclismos: favorecida pela alegria econômica, que lhe foi o timbre, a marca
demagógica, a sua arma. Quebrou, numa época de nervosismo comercial, as formas
estreitas, tanto da legislação como dos costumes: e envolveu-se na “festa” do
“encilhamento”, dos negócios, do jogo da Bolsa, da prosperidade aparente — que
enrodilhava no seu turbilhão a sociedade —, com as emoções e os sentimentos populares:
o período áureo da aventura... “Se o encilhamento não tivesse vindo por si, devia a
república inventá-lo”.20

Graças a este conjunto de circunstâncias, a que a disciplina das Forças Armadas


emprestou algum tempo o apoio essencial, a nação abandonou o velho sistema; começou
a comportar-se republicanamente sem as calamidades que lhe adviriam da transição, se
não a presidisse, por toda parte, uma tolerância espontânea. O caráter brasileiro estava
pintado nessa ênfase, nesse simbolismo, nessa timidez inconseqüente, que tinha a
vantagem de congraçar as classes, diluindo entretanto nas meias-tintas de um ceticismo
prematuro as esperanças doutrinárias daquilo... Os republicanos foram os primeiros
decepcionados. Correu a frase de que “não era a república dos nossos sonhos”. Uns após
outros se foram desligando da responsabilidade da ação, nas controvérsias que dividiram
e, por fim, dissolveram o governo provisório: Aristides Lobo, Demétrio, Rui, o próprio
Deodoro. Foi preciso que troasse o canhão da revolta para que a luta definisse enfim os
campos e desse ao regime o seu forte relevo.21

A história dos três primeiros anos da república compreende a organização legal, a cisão,
o choque das forças, cuja aglutinação pusera abaixo o trono, e cuja separação obedecia à
ordem natural das coisas.
II: A ADESÃO DAS PROVÍNCIAS

NO DIA SEGUINTE

Às três e meia da tarde de 16 de novembro, os novos ministros, Aristides Lobo, que


também representava o Marechal Deodoro, Benjamin Constant, Rui, o Almirante
Wandenkolk, perante a câmara municipal, convocada especialmente, prestaram o
compromisso de “manter a paz e a liberdade públicas, os direitos dos cidadãos, respeitar e
fazer respeitar as obrigações da nação, quer no interior quer no exterior”.22 Podia ser
extravagante, o juramento, na Casa do município e não no Supremo Tribunal: e com José
do Patrocínio, ontem caudatário fanático do “terceiro reinado”, à frente do cerimonial,
assinando a ata dezenas de pessoas presentes... Mas a confusão dos primeiros momentos
— tudo justificava.

Havia pressa em concluir a revolução. Começou a organizar-se em 18 de novembro.23

Depois dos atos inaugurais, qual a instituição da república federativa pelo decreto
número um, a nomeação do ministério e dos primeiros governadores (Bahia, Minas
Gerais, Rio de Janeiro), a “Proclamação do governo provisório”,24 providências que
contentassem a Marinha (indulto de desertores, abolição de castigos corporais) — era
preciso ver o que ia pelas províncias, com a passagem do poder às novas autoridades.

A contra-revolução seria provável, teria explodido,25 se a não desautorizasse o


imperador, tomando filosoficamente o caminho do desterro. Foi a sua partida noturna,
habilmente insinuada nas medidas urgentes do restabelecimento da ordem, o sinal da
capitulação das últimas resistências, a mais significativa, ou a mais poderosa, a da Bahia,
cujo comandante das armas era o irmão mais velho de Deodoro.

O que aconteceu nas províncias (desde 16 de novembro, segundo o decreto


institucional, Estados Unidos do Brasil )26 testemunha a feição especial que nelas tomou o
levante, e as suas possibilidades civis.

EM SÃO PAULO

De posse da repartição dos telégrafos, o Tenente Vinhais (que na redação de O País era o
encarregado dos telegramas) se comunicou com as províncias, a anunciar a vitória da
revolução. Esses despachos derrubaram os governos locais, como um sopro derruba
castelo de cartas. Incruentamente...

Em São Paulo foi que se soube de véspera (graças à correspondência de Glicério com
Campos Sales) do golpe que seria desfechado na manhã de 15 de novembro. Prevenido, o
clube republicano (fadado a exercer papel preponderante na política nacional durante o
decênio) tomou a dianteira aos acontecimentos. Às nove da noite de 15 começou a
encher-se de povo a Rua de São Bento. Os mais entusiastas queriam assaltar o palácio. Foi
voto vencedor o de Gabriel Piza,27 para que se esperasse o dia seguinte, quando,
suficientemente informado, o presidente, General Couto de Magalhães, o abandonaria.
Dissolveu-se a multidão, depois de um discurso de Américo de Campos (veterano das
agitações liberais de 1868). A 16, tudo transcorreu numa ordem correta: perante a câmara
municipal se empossou o triunvirato, composto de Prudente de Morais, Rangel Pestana e
Américo Brasiliense; entre alas respeitosas, Couto de Magalhães, calmo, polido, sem
gestos, deixou o palácio;28 e a população não teve mais dúvidas sobre a solidez da
república quando, no dia 18, insistindo no “fato consumado”, na impossibilidade da
“restauração”, o Conselheiro Antônio Prado a concitou a acatar o poder instituído.29

Em Minas, ausentes o chefe da facção republicana, João Pinheiro, e Cesário Alvim,


nomeado governador, o engenheiro Antônio Olinto dos Santos Pires foi, por ofício de
Aristides Lobo, incumbido de receber das mãos do Visconde de Ibituruna a presidência.
A cerimônia, no Palácio de Ouro Preto, reduziu-se à transferência de funções.30 Não se
registrou um incidente, não houve um choque, nada que dramatizasse a mudança. A
prova está no convite que o novo governador fez ao secretário do presidente deposto, para
que continuasse... A câmara municipal, o Barão de Saramenha à testa, advertiu que estava
pronta para formalizar a instauração do governo. E nessa docilidade se desvaneceram as
hipóteses de resistência.

NA BAHIA

Foi na Bahia que se pensou em lutar, desobedecer, separar a província... Dirigia-a um


presidente forte, o Conselheiro Almeida Couto, cujos adversários eram o partido
conservador, desfalcado, havia pouco, do seu principal suporte, Cotegipe, a ala federalista
do partido liberal (Rui Barbosa), a juventude republicana, com alguns intelectuais e
escasso eleitorado. Deu-se ali o contrário do esperado: na noite de 16, gente exaltada, da
suposta “guarda negra” (antigos abolicionistas, que juravam defender a monarquia que
emancipara os escravos), correra a pau os republicanos.31 Em palácio, o presidente era
solicitado a manter-se firme, podendo contar com o desvio dos acontecimentos por uma
atitude decidida, talvez a contra-revolução... Publicando em 16 de novembro as novidades
telegráficas, informou o Diário da Bahia: “O Sr. Marechal Hermes da Fonseca,
comandante das armas, não adere ao movimento da corte, o que comunicou às
guarnições do Norte das províncias e à corte”. Ali estava — se faltasse a Dom Pedro II
outro condestável — o homem, para a ocasião. Ainda a 17, em resposta ao apelo de
Deodoro, asseverou Almeida Couto: “Como presidente da província e no nome do povo
baiano, reunido espontaneamente e em massa em palácio [...] declaro respeitar e manter a
Constituição e as leis do império”. Quebrou o “impasse” o Coronel Frederico Cristiano
Buys, comandante do 16º de infantaria, que tinha correspondência com a direção local do
Partido Republicano (Diocleciano Ramos, Virgílio Clímaco Damásio). Telegrafou ao
governo provisório; e recebendo a confirmação de estar “fortemente constituído”, às seis
da tarde de 16 de novembro, com a presença de muitos civis, proclamou a república. Mas
somente na manhã seguinte — ciente da “partida da família imperial para a Europa,
ficando assim extinta a dinastia imperante”, o marechal comandante das armas se dispôs a
aderir. O documento conciso que assinou foi transmitido à tropa; e, à uma da tarde, em
frente ao Forte de São Pedro, Virgílio Damásio, cercado de oficiais, de estudantes, de
correligionários, proferiu os três gritos, que rematavam a crise: Viva a república brasileira;
vivam os Estados Unidos do Brasil; viva o estado da Bahia.32 A banda de música atacou A
Marselhesa... Damásio tomou posse do governo perante a câmara (que profligara dois
dias antes a revolução e se rendia ao “fato consumado”) — no dia 18 —; e o entregou, a
22, ao médico ilustre a quem o ministério preferira para o cargo, Manuel Vitorino Pereira.

NO NORTE

As primeiras notícias foram para os clubes republicanos: sentiram-se donos da situação.


Mas os telegramas oficiais foram para os comandantes militares: e estes tomaram conta
do governo. No Recife, saiu Martins Júnior à rua, com grupos entusiásticos que
ovacionavam a república, na noite de 16 de novembro. O presidente Sigismundo Antônio
Gonçalves (que se empossara na antevéspera) resignou, porém, em mãos do Coronel José
de Cerqueira de Aguiar Lima, substituído, em seguida, pelo General José Simeão de
Oliveira. Poupadas então (como no Rio Grande), se despejaram as discórdias num
tremendo conflito de republicanos e democratas (dois partidos, históricos e adesistas), à
semelhança dos dias dramáticos de 1847. O Clube do Maranhão entendeu-se com o
comandante do 5º de infantaria, que, conciliatório, fez junta, sob a sua chefia, de oficiais,
doutores e negociantes.33 O Clube do Pará (constituído, em 1886, com Justo Chermont,
Pais de Carvalho, 2º Tenente Lauro Sodré, Bertoldo Nunes) uniu-se, na tarde de 16, à
guarnição de Belém e intimou a demissão ao presidente Silvino Cavalcanti...

NO SUL

O presidente do Paraná, Jesuíno Marcondes, entregou o governo, a 16 de novembro, ao


Coronel Cardoso Júnior, comandante de brigada, que se lhe apresentara com um
telegrama de Deodoro. Teve palavras cordiais: daria todo o concurso para que a ordem
não fosse alterada.34 Republicanos e conservadores fundiram-se num partido forte, sob a
direção de Vicente Machado da Silva Lima, o propagandista do novo regime de mais
vigorosas qualidades de chefe; e os liberais se arregimentaram em torno do Dr. Generoso
Marques dos Santos. Ganharam estes as primeiras eleições com o auxílio do governador
provisório, General Aguiar Lima — porém por breve tempo gozaram a vitória, frustrada
nos acontecimentos de novembro de 91.35

Em Santa Catarina, a junta, que no dia 16 assumiu o governo, transferiu-o, a 17 do mês


seguinte, ao Tenente Lauro Müller, nomeado telegraficamente pelo marechal. Os partidos
monárquicos aderiram discretamente; não teve conseqüências um motim de praças do
25º de infantaria, possivelmente insuflado por reacionários encobertos; e, com o seu fino
tato, o jovem governador organizou, não somente a administração, como o partido. Este
elegeu a Assembléia que, por sua vez, o reconduziu ao governo, que ocupou até novembro
de 91 — quando dele se afastou, dias antes da queda de Deodoro.36 A oposição formara-
se, com o rótulo de União Federalista, em redor de Eliseu Guilherme, Severo Pereira,
Fernando Haeckradt: não lhe foi difícil ligar-se — no ano seguinte — ao governador
designado para o Estado (Tenente Manuel Machado), cujo rompimento com o presidente
(Marechal Floriano) deu a Lauro Müller a oportunidade de reaver as rédeas do comando,
mas através de um episódio particularmente nefasto para os catarinenses — a revolução
de 1893.

Em Mato Grosso (e destes sucessos resultariam as graves conseqüências que veremos) o


próprio chefe liberal, Generoso Ponce, proclamou o General Antônio Maria Coelho. Este,
entretanto, formou com os conservadores; os antagonistas, vencidos em eleições
dominadas pelo terror (3 de janeiro de 91), apelaram para o governo central, que o
substituiu; o pleito em que preponderara a violência foi anulado; realizou-se outro, com a
vitória de Generoso; e a Constituinte, assim criada, elegeu Governador Manuel
Murtinho.37 Na sua defesa esmagaria Generoso, no ano seguinte, a rebelião dos quartéis.

NO RIO GRANDE

Era mais poderoso, no Rio Grande do Sul, o partido liberal, graças a Gaspar Silveira
Martins, chefe incontestável da província. Aí também o Partido Republicano tinha, com a
unidade de doutrina, a rigidez do comando: Júlio de Castilhos. Surpreendido em viagem
para a corte, Gaspar não pôde contrapor-se aos acontecimentos. A sua ausência facultou a
ação rápida dos jovens propagandistas a quem o órgão do partido, A Federação, servia de
porta-voz e centro da reunião. Foi na redação da sua gazeta que se reuniram — ainda a 15
de novembro — Castilhos, Ramiro Barcelos, o Visconde de Pelotas: e decidiram que
assumisse este o governo — pela autoridade da sua alta patente38 — ficando o primeiro
como secretário do Estado. Sem apoio político — os gasparistas atacando rudemente
Castilhos, defendido com veemência pelos republicanos —, Pelotas preferiu recusar.
Deodoro nomeou Castilhos, que declinou, indicando o General Júlio Anacleto Falcão da
Frota. A crise não parou aí. Opondo-se o governo do Estado à criação dos bancos
emissores com monopólio bancário (de que trataremos), dissentiu de Deodoro; e
demitiu-se. Em 6 de maio de 90 entrou em exercício o Vice-governador Francisco da Silva
Tavares. Com ele rompeu o republicanismo castilhista, cindindo o partido: e a dissidência
não tardou em aliar-se aos gasparistas, para enfrentar o Congresso unânime eleito pelo
governo, e a sua Constituição positivista.

No bojo desta tempestade estremeciam as forças que iam pôr à prova o regime.

Por toda parte, pois, a tropa, ou o grupo republicano, selou a surpresa dos espíritos com
a ocupação do governo, e o franqueou aos novos, aos políticos sem experiência, que se
jactavam do triunfo no meio do cataclismo, em verdade esmagados pela responsabilidade
inesperada.

O governo provisório teve o cuidado de destacar para a direção dos Estados pessoas de
sua confiança, e, consciente da sua solidez, envolveu o país na rede propícia de serenidade
e força, que foi o seu clima.39 Mas o sortilégio dos decretos acabou quando as paixões
retomaram o curso: passada a perplexidade do primeiro momento, enevoou-se o ar,
encheu-se com as sombras graves de uma borrasca inaudita.

A BANDEIRA

É de 19 de novembro o decreto que criou a bandeira: conservando o losango áureo em


campo verde, substituiu o escudo monárquico pelo globo celeste, representados nele os
estados por estrelas astronomicamente dispostas, conforme o aspecto do firmamento na...
manhã de 15. Uma faixa branca, no sentido da eclíptica, atravessa essa esfera azul, com o
mote positivista, Ordem e progresso. “Ordre et progrès”... Pediu Rui a Teixeira Mendes
(responsável pela concepção) que em artigo para o Diário oficial a justificasse.40 Ficamos
sabendo que a idéia do dístico é de Miguel Lemos; Teixeira Mendes consultara o
astrônomo Manuel Pereira Reis sobre a exata posição das estrelas às 9 da manhã de 15 de
novembro; o pintor Décio Vilares se desincumbira da parte artística; e Benjamin Constant
(que encarregara o chefe do Apostolado de sugerir o símbolo) o levara à aprovação do
governo. Havia pressa; agradou; testemunhava o efêmero predomínio da seita, que
assumira o papel de preceptora filosófica da república; batida assim, pelas auras favoráveis
da doutrina, tremulou naquele dia a bandeira nova.

Iludir-se-ia quem, pelo letreiro do pavilhão, imaginasse que o positivismo dava a lei.41

No dia seguinte, dava-a o liberalismo de Rui Barbosa.

O RECONHECIMENTO

Fracas objeções fizeram-se no estrangeiro ao reconhecimento da república.

Precipitou-se a Argentina — com visível sensação de alívio (pois isto abolia o “sistema”
do império, abrindo-lhe a oportunidade de novo acerto, para a fronteira disputada)42 —
logo em 3 de dezembro. Reconheceu festivamente o governo de fato. Voltou-se a Europa
para os Estados Unidos: deles dependia a atitude uniforme das potências.43 Os
democratas, no Senado, propuseram o reconhecimento, razão suficiente para se oporem
os conservadores (Shermann e Ewarts), lembrando a figura venerável do imperador
deposto e a conveniência de se aguardar a normalização do regime, pelo voto da
Assembléia Constituinte. Venceu a habilidade do nosso representante, Salvador de
Mendonça, junto da natural predileção do governo de Washington pela forma
republicana, cuja sorte tanto lhe interessaria em 1893: e a 29 de janeiro de 90 formalmente
a reconheceu. Ingleses e portugueses tinham outros escrúpulos: a ordem monárquica,
ameaçada pelo incremento da propaganda revolucionária. Que se esperasse a
Constituinte, declarou o governo de Lisboa, mais receoso dos republicanos locais do que
dos brasileiros — naquele ano da coroação do Rei Dom Carlos, a vésperas da insurreição
do Porto. Datou de 18 de setembro o reconhecimento, bem depois da França (20 de
junho) e do próprio império alemão (26 de agosto de 90).

III: A DITADURA

OS MINISTROS

A ditadura não teve a unidade de uma doutrina, mas a debilidade de uma aliança.

As divergências provinham das profundas diferenças entre homens formados sob as


mais distintas inspirações. Deodoro, de saúde má e temperamento autoritário, preferia a
linha curta, do bom senso; não o deslumbravam os gestos, as exterioridades republicanas
que o surpreenderam na idade dos desenganos. Inclinou-se aos conselhos de Rui Barbosa,
que não comungava com os exageros “jacobinos” e tinha duas preocupações: atender às
finanças e dar ao regime o figurino norte-americano. Aristides Lobo zelava a pureza das
instituições, confiadas aos correligionários da propaganda: um intransigente. Quintino
meteu-se num plano difícil: acabar desde já com o dissídio de fronteiras — a questão das
missões — indo a Buenos Aires num couraçado, pomposamente, para dividir ao meio o
território contestado. Campos Sales esforçava-se pela transformação legislativa, que não
abalasse as classes conservadoras; Demétrio Ribeiro, positivista, pedia despesas, atitudes, a
coragem de um programa, que a juventude militar aplaudia de antemão. Benjamin e
Wandenkolk ficavam nas nuvens do idealismo. Governo de coalizão, feito na insegurança
do triunfo, sem que o consolidasse a amizade ou a confiança dos ministros uns com os
outros,44 tirou a sua força das dificuldades que se lhe depararam.

PRIMEIRAS DIFICULDADES

A 18 de novembro um motim do 25º de infantaria no Desterro — dominado pelo major


que o comandava —, a 18 de dezembro outro no 2º de artilharia do Rio, foram como o
convite para que o governo, receoso de inimigos ocultos, conspirações vagas e desordens,
deixasse irritadamente a tolerância em que se ia desarmando. O marechal parecia
enfurecido. Decretou — no dia 23 — a instituição de um tribunal militar, para os casos de
indisciplina dos quartéis e ainda de quem quer que fosse, que “por palavras, escritos ou
atos”, os “aconselhassem ou promovessem”. Só não foram fuzilados alguns soldados
colhidos na repressão, porque Rui Barbosa se opunha a tais extremos.45 Prendessem-se os
monarquistas perigosos! Foram presos Silveira Martins, Ferreira Viana,46 Ouro Preto,
outros vultos do passado. A pena de banimento pôs fora do país Ouro Preto, Carlos
Afonso, Silveira Martins. A ditadura varria a oposição. Mas, temível cá fora,
desconjuntava-se no interior. Ao marechal faltava saúde para conduzir os
acontecimentos; e os ministros, sem se entenderem bem, o melhor que conceberam para o
aliviar das responsabilidades, foi a criação de um conselho de gabinete em que as medidas,
apreciadas coletivamente, se tomassem por maioria, com as respectivas atas lavradas por
secretário fiel, o sobrinho de Deodoro, João Severiano da Fonseca Hermes.47 Iniciou-se
este sistema em 2 de janeiro de 1890 — no Palácio Itamaraty, comprado dias antes para
sede do governo.48

GENERALÍSSIMO

No dia 15 — explosão do nervosismo que lavrava na tropa — houve uma cena bizarra:
oficiais e populares correram ao Itamaraty e prestaram ruidosa homenagem ao fundador
da república. Um dos oradores, o major de engenheiros Serzedelo Correia, na ênfase do
discurso lhe impôs o título de “generalíssimo”.49 Ao Tenente-coronel Ministro da Guerra
outro orador pediu que se aclamasse “brigadeiro”. Terceiro porta-voz pelo mesmo modo
promoveu a vice-almirante o Ministro da Marinha. Eles agradeceram e aceitaram. As
respectivas patentes foram redigidas em seguida: e a 25 de maio o “generalíssimo”
rematou essa extravagância conferindo aos demais ministros (os mais civilistas do
mundo) as honras de “general de brigada”. O chefe de polícia, Sampaio Ferraz, benfazejo
na sua ação contra as maltas de “capoeiras” que desassossegavam a cidade, ganhou os
galões de “coronel”...50 O cesarismo hipotético que tais demasias consagravam, dando-lhe
indisfarçável amenidade, marcava entretanto o caráter marcial da revolução: e a vestia de
cores fictícias.

A solidariedade ministerial seria absurda. E o povo mostrava-se indiferente...51

DITADURA E DEMOCRACIA

Para definir a divergência entre os membros do governo basta atentar nas suas tendências,
autoritárias e democráticas. Queria Rui abreviar o período experimental da ditadura,
convocando a Constituinte. Demétrio Ribeiro e seu secretário, Aníbal Falcão, defendiam a
“ditadura forte”. O Diário oficial de 14 de dezembro publicou os discursos que lhe
dirigiram alguns discípulos de Benjamin, militares de terra e mar, e a sua resposta.
Pregavam a dilatação do governo pessoal; e ele exigia ditadura, não parlamentarismo. Rui,
vigilante nos zelos liberais, era sensível às ponderações da imprensa do Rio e de São Paulo,
que reclamava a Assembléia, para legitimar o poder.52 Venceu, com o decreto de 21 de
dezembro, que a convocou.53 Neste dia a Tribuna liberal (de oposição ao regime),
registrou o acerto: “O positivismo perdeu a partida que com o republicanismo estava a
jogar dentro do gabinete”.

Afirmou Rui, quatro anos mais tarde: “A verdade é, porém, que nas reformas políticas,
as que deram à revolução o seu caráter e os seus moldes permanentes, a opinião de
Benjamin Constant nunca teve preponderância, nem iniciativa: foi apenas um elemento,
ponderoso, sim, mas coordenado, paralelo, igual entre iguais, no meio dos votos que
compunham o Conselho da Ditadura”. Aliás... “Benjamin Constant era um discípulo
refratário ao jugo de sua escola, e nem conhecia a política de Comte”.54 Esta, o Apostolado
positivista esquematizou nas “Bases de uma Constituição política ditatorial para a
República Brasileira” — em 31 de janeiro de 189055 —, que não chegaram a influenciar a
Constituinte, estampando entretanto a distância, na do Rio Grande do Sul, a imagem
diluída da doutrina.56 Ultrapassado o momento em que o positivismo poderia imprimir
nas instituições o selo sectário — com o ditador central e a sua assembléia dócil —, cuidou
o governo de adaptar-se às novas circunstâncias.

MÃO FÉRREA

As novas circunstâncias exigiam disciplina. Estranhou Deodoro (formado na velha


hierarquia) que oficiais impetuosos censurassem nos jornais o governo. Em 15 de março,
chamou a atenção de Benjamin para esses casos de incontinência de linguagem e agravo à
autoridade: não reconhecia direito a seus camaradas mais jovens, de faltar ao “respeito e
acatamento”. Tomaria providências, se as não tomasse o ministro, porque era “preferível
não haver exército, a haver um exército desmoralizado”.57 Cesário Alvim (alvo da crítica
do Major Jaime Benévolo em artigo do Jornal do Comércio) secundou o marechal nessas
graves considerações. Benjamin — por elas molestado — quis demitir-se a 16 de março.
Ficou, a instâncias de Deodoro (e Quintino). Mas não podia continuar na pasta da
Guerra. Encontrou-se a fórmula de sua remoção: o Ministério da Instrução Pública,
Correios e Telégrafos, para isto criado em 19 de abril de 1890. Neste, acomodar-se-ia com
dignidade o temperamento filosófico do primeiro republicano. A pasta militar, com os
imperativos do pulso férreo e da seca obediência, ajustar-se-ia ao prestígio de Floriano
Peixoto — engrandecido nesse quadro de instituições inconclusas por seu silêncio após 15
de novembro. Evitara a efusão de sangue, tornara-se (ajudante-general) o laço firme
unindo o exército imperial ao do regime que dependera do seu gesto, da sua paciência, da
sua omissão. Floriano, Ministro da Guerra, assegurou a vitalidade da república... que
dezenove anos almejara para a pátria (confessou, na festa que a 30 de abril, seu
aniversário, lhe fizeram os companheiros de armas). Esta afirmação o colocou na linha
mais exposta da defesa das instituições, cujo peso, cedo ou tarde (calculou-se logo) lhe
cairia nos ombros.

A CRISE FINANCEIRA

A crise mais séria, que explodiu a 17 de janeiro de 1890, preconizou a dissolução do


governo provisório. É preciso lembrá-la, para ter em vista o processo de separação das
correntes, de fixação dos rumos que foram, por etapas fatais, da discórdia à
decomposição, desta à reorganização reacionária, daí ao golpe de Estado, com a seqüência
do fracasso, da renúncia, das agitações regionais, da segunda ditadura, da guerra civil.

A crise declarou-se porque, sem ouvir os colegas, o Ministro da Fazenda obteve de


Deodoro o decreto daquela data, autorizando as emissões bancárias.58

O seu pensamento era singelo.

Ressentia-se a animação dos negócios — que vinha dos últimos meses da monarquia —
de meio circulante, elasticidade da moeda, crédito fácil. E, a menos que se continuasse o
sistema do lastro-ouro, que mantinha o câmbio (em invejável paridade) mas restringia a
vida econômica, forçoso era emitir, ou deixar emitir. Que os bancos pudessem fazê-lo
sobre apólices... No “relatório” referente a esse tempestuoso ano de 1890, justificou-se
com a angústia dos banqueiros, que recorriam ao papel do Tesouro, sem poder voltar à
circulação metálica, com as novas empresas que proliferavam à sombra da especulação
entusiasta, com as próprias tendências do momento, que lhe pareceu o melhor para as
estimular, a exemplo do que sucedera nos Estados Unidos. Explicou: “No regime firmado
pelo decreto de 17 de janeiro, a apólice resgata-se a si mesma pelo seu emprego no
depósito dos bancos: e este, além do papel inerte de garantia, exerce a função dinâmica de
consumir a apólice depositada, reduzindo progressivamente a dívida nacional”.59 Os seus
companheiros de gabinete e a oposição — que crescia, alarmista — não viram com esta
simplicidade a inovação. Bradaram que se entrava pelo atalho da aventura, em que as
inflações arruinariam o erário e o trabalho. Clamaram pela destituição do ministro.
Exigiram Demétrio, Campos Sales, Aristides Lobo, Wandenkolk, que o ministério se
reunisse, para lhe tomar contas. Chegou a renunciar, em carta que Aristides entregaria a
Deodoro. Este bateu o pé, imperioso; e na sessão de 30 de janeiro, em que se julgava seria
Rui demitido, a sua obstinação triunfou; e todos concordaram em aprovar o que estava
feito.60

A atitude de Demétrio foi extremada:61 abandonou o governo. Sucedeu-lhe —


reforçando a influência paulista — Francisco Glicério. Demitiu-se Aristides Lobo. Foi
substituído por Cesário Alvim.62 Em verdade se temia o abalo da ordem, provocada ou
estremecida pelas ressonâncias de conspirações mais ou menos fantasistas; e a idéia de
que a situação corria perigo a todos assustava.

Voltara Quintino da sua embaixada ao Prata. Em contraste com as festas que lhe
fizeram, protestou-se azedamente: o tratado de Montevidéu (25 de janeiro de 90) não
convinha ao Brasil... A celeuma criada pela imprensa retumbou no seio do governo, que,
tendo aprovado a viagem, se via na contingência de recusar-lhe os resultados.63 A
Comissão Especial do Congresso, encarregada de examinar o acordo, opinaria por sua
rejeição e a volta ao arbitramento (parecer aprovado na sessão de 10 de agosto de 1891,
142 votos contra 5).
IV: A ORGANIZAÇÃO DO REGIME

NOVAS LEIS

Apressou-se o governo provisório em realizar as prometidas reformas, atendendo tanto


aos compromissos da “propaganda” como às resistências conservadoras, que os travavam.

Têm o primeiro caráter, programático, os decretos da “grande naturalização” dos


estrangeiros domiciliados que categoricamente não a recusassem, sobretudo a separação
da Igreja e do Estado, segundo a posição liberal dos que, em 1872, se tinham batido por
ele, contra ela.64 Os positivistas, com Demétrio Ribeiro, queriam a separação sumária,
exigida pelos núcleos republicanos dos estados. Encarregou-se Rui, ouvindo o antigo
mestre, o bispo do Pará, Dom Antônio de Macedo Costa,65 cujo conselho era então
inestimável, de lavrar essa lei difícil, em que liberdade não fosse hostilidade nem
seqüestro. Assumindo-lhe a responsabilidade (discurso no Senado, de 20 de novembro de
1912), diria Rui que procurou inquietar “o menos possível as almas”, poupando “à
liberdade de cultos” a reação “das tradições crentes”.66 Seguiram-se-lhe o casamento civil
(proibida a anterioridade do religioso), a secularização dos cemitérios...67 Traduziram a
segunda tendência os atos de urgente legalização do regime pela convocação da
Constituinte, a organização dos poderes locais, a reestruturação judiciária,68 a criação de
um Tribunal de Contas da República.69

Serviu de cortina protetora dessa vasta alteração de instituições e costumes o tumulto


financeiro, que, com o apelido de encilhamento (jogo, delírio de apostas nos parelheiros
do hipódromo, azar e aventura...), atordoou por algum tempo a atenção pública,
amortecendo, no Rio de Janeiro, o choque das novas leis.

ENCILHAMENTO

A palavra era julgamento.

Como se tratava de jogo de bolsa, a analogia popularizou o vocábulo: e a volubilidade


desse espírito se apoderou da capital (a exemplo do que acabava de suceder em Buenos
Aires, donde espraiou a onda dos fáceis negócios) e deu fisionomia ao período, na febre
das “épocas milagrosas”.70 Somaram-se os fatores coincidentes da inflação bancária (que a
sociedade, segundo Comte, entrara na sua fase de progresso, a que as indústrias
presidem), da fantasia e da especulação, num regime de irresponsabilidade — tal o
fervedouro das operações fictícias — agravado pela complacência oficial. A lei encorajara
a jogatina, favorecendo a improvisação das companhias, por ações vendáveis na praça,
para fins utópicos, ou apenas absurdos:71 empresas de rótulos sonoros que realizavam
quando muito a décima parte do capital, e logo, impulsionadas pela procura dos coupons,
vendidos, revendidos, circulantes com “ágio” crescente, se constituíam fonte de lucros
miríficos. Como as assembléias gerais, ao aprovarem os atos da diretoria, as absolviam de
responsabilidade, não faltaram banqueiros e corretores, a inundar a Bolsa de papéis que,
de mão em mão, acabavam — com a insolvência — arruinando os incautos. Ganhavam os
que se valiam da boa-fé dos compradores, passando-lhes, na alta, os títulos, que caíam,
como bilhetes brancos, de loteria... Mas no ir e vir da torrente se fizeram grossas fortunas;
os hábitos pacatos da cidade se transformaram, com a ostentação, o luxo, a prodigalidade,
cujos fascinantes excessos celebrizaram o Rio de 1890; e generalizou-se a impressão de
que a monarquia retardara este esplendor, obra da “liberdade”.72

A imprensa aproveitou a ilusão para atribuir a desordem ao governo, que concorria,


com os comerciantes, para a queda cambial, a anarquia das finanças, tudo o que havia de
ilícito no “encilhamento”. E aquele barulho de imprecações — num ambiente enervado
pelos pregões da Bolsa — disfarçou a crise política.

REESTRUTURAÇÃO

Andou depressa o governo na organização do regime.

Rapidamente antepôs a aparência de normalidade — a que não faltou a sistemática da


ordem — às forças desintegradoras que em torno militavam. Com a naturalização dos
estrangeiros, a liberdade de cultos, o casamento civil, a desenvoltura das empresas de
capital, o regulamento das eleições com o sufrágio amplo, adquiriu a república fisionomia
própria. Ideologicamente igualava os homens, depositava nas mãos do povo o seu futuro,
destravava o comércio, laicizava a sociedade, apartando do Estado a Igreja. Ligava-se à
corrente radical que preponderara na França com a terceira república, sem perder (esta a
característica que os vários projetos de Constituição lhe deram) o cunho americano,
presidencial e federalista. Para completá-lo, foi eleita em 15 de setembro a Assembléia
Geral Constituinte, que se instalou no Palácio de São Cristóvão em 15 de novembro de
1890.

Fizeram-se as eleições pelo “regulamento Alvim”, ao sabor do governo e de seus agentes.


Dissolvidos os partidos (como em dezembro de 89 informara Rui a O Século, de Lisboa),73
retraídos os antigos chefes, escolhidos os que serviam, ou tinham aderido à revolução,74 o
Congresso, assim formado, careceria da experiência, e, o que era pior, da vivacidade dos
antagonismos, apagados na submissão, inevitável, ao poder executivo. Diz Medeiros e
Albuquerque que
a Constituinte foi uma assembléia de calouros. A maioria de seus membros entrara por ali na vida pública. Um grande
número deles vinha dos quartéis: eram oficiais moços, e quase todos se consideravam solidários com Benjamin
Constant. Só havia nessa assembléia um grupo realmente ativo, coerente, sabendo mais ou menos o que queria: o
grupo positivista. Embora pequeno, pesou muito — e nefastamente.

“O regime presidencial não suscitou, nunca, nenhum debate geral. Ele apareceu um dia,
em um projeto de Constituição decretado pelo governo provisório. Ninguém o discutiu.
Foi aceito, por assim dizer, em silêncio”.75

Há dois casos típicos: de Saraiva e Silva Jardim.

Presidente do partido liberal, chefe da ala federalista, da qual se destacara Rui para fazer
a república, podia o Conselheiro Saraiva orientar os espíritos precavidos. Tinha uma larga
experiência ao serviço do Parlamento e da administração. Veio senador pela Bahia. Foi
recebido hostilmente; não achou confortável o novo meio, estalando de intolerância;
voltou, desiludido, para o seu refúgio rural — renunciando à cadeira. Com Silva Jardim,
quem errou foi a sua própria gente. Surpreendido em 15 de novembro pelo golpe, que se
cansara de anunciar, sem que para ele o convidassem, ficou fora das posições. Não logrou
eleger-se constituinte. “A situação parece pertencer aos ex-monarquistas... Creio que sou
o último republicano”, confidenciou a um adversário.76 Bom para demolir, não o julgaram
apropriado para compartir da vitória. Pagou pelo intrépido revolucionismo da
propaganda, em que se distanciara da filosófica prudência dos mentores do partido, como
Saldanha Marinho, Quintino, Aristides Lobo... Viajou para a Europa. Atraiu-o, em
Nápoles, a majestade fumegante do Vesúvio. Galgou a montanha verde-negra; afoitou-se,
até perto da cratera; e lá desapareceu — a 1o de julho de 1891 — no seio do vulcão.77

Esse fim alegórico do mais ardente dos precursores da república serviu de comentário e
contraste à fria evolução da política brasileira.

A CONSTITUINTE

A tarefa específica da Assembléia era elaborar a Constituição dos Estados Unidos do


Brasil.

Adiantara-se aliás o governo provisório, arrebatando-lhe este privilégio, pois logo a 3 de


dezembro de 1889 confiara a uma comissão de cinco membros (presidida pelo velho
Saldanha Marinho) a lavratura do projeto, para cujo estudo, por sua vez, se transformou
ele próprio em comissão revisora — de que resultou (por decreto de 22 de junho de 1890)
a Constituição aprovada pelo Executivo, a ser presente aos constituintes. Para a
homologação... Diga-se que não são relevantes as diferenças entre o primeiro e o segundo
trabalho (o da comissão dos cinco e o do governo, nas reuniões em que Rui Barbosa foi
“magna pars”), verdade é que este o refundiu, e de tal modo que razoavelmente o Ministro
da Fazenda se proclamou seu “autor”. As reuniões, a que presidia Deodoro, estenderam-
se, noturnas, de 10 a 18 de junho.78 A autoria de Rui consiste na redação do texto, calcado
no da comissão, mas sem sacrifício das vistas originais,79 com que o alterou; e de jeito a
podermos considerar como duas fases autônomas do mesmo planejamento, a que o
Congresso ajuntou pormenores valiosos.

A CONSTITUIÇÃO
Para a instalação da Assembléia a 15 de novembro de 1890, “sem um grito, sem um
viva”,80 armou-se, no pátio interno do Palácio de São Cristóvão, um vasto e modesto
recinto, de madeira. Não a acusassem de dispersar-se em discussões vãs! Presidida por um
autêntico representante do republicanismo paulista, Prudente de Morais — severo e
pontual —, os seus trabalhos correram breves e tranqüilos. Antes de mais nada se conveio
em restringir-lhe a competência “ao objeto e termos de sua convocação”.81 Proibia-se-lhe
qualquer interferência no governo (razão do descrédito da primeira constituinte imperial)
e a discussão de dois pontos pacíficos: república e federação.82 Esta adesão inabalável ao
“fato consumado” varreu as possíveis resistências abrigadas na desilusão ou na reação da
“velha guarda”; e foi num ambiente de urgência e acordo que correram os debates.83 O
liberalismo oficial estampara-se no projeto. Chefiada por Castilhos, a bancada sul-rio-
grandense se destacou, tanto pela prévia divulgação do programa doutrinário (afinal, um
sistema!) como pela energia com que o apresentou. Defendia sobretudo a autonomia dos
estados e a universalidade do voto. Manteve-se o presidencialismo. Em vão pediu o
Senador Saraiva, para o moderar, que fosse de dois anos o mandato do presidente...84
Ficou sendo de quatro (não seis, como propusera a comissão). Aos ministros impedia-se
de participar da discussão legislativa; seriam o presidente e os senadores eleitos pelo povo,
não como quisera Rui, por um colégio eleitoral reduzido e pelas Assembléias estaduais;
reforçou-se a economia dos estados dando-se-lhes a propriedade de terras e minas, e
novas fontes de receita; especificaram-se os direitos individuais...85 Caíram certas
disposições extremadas, como a obrigatória precedência do casamento civil, a expulsão
dos jesuítas... Mas não havia relações com a Igreja!86 Equilibravam-se, nos “freios e
contrapesos” (como nos Estados Unidos) os poderes; e afinal a clareza, a síntese, a
limpidez verbal da Constituição — promulgada em 24 de fevereiro de 1891 — lhe
garantiam uma duração razoável. Estabilizava a autoridade, franqueara aos estados vida
própria, proclamara as liberdades democráticas. Tanto fosse cumprida!

É escusado acrescentar que não foi.

Na verdade jamais a observaram, no espírito de suas disposições básicas, sofismadas, na


prática do governo, por um presidencialismo autocrático associado às oligarquias
regionais. Permitiria (veremos) que à sua sombra se formasse outra “ordem”, qual a dos
“costumes”, em contradição com a “ordem” da lei. Confesse-se embora que nenhum país
é regido estritamente por sua Carta Magna; tanto que a propósito da Inglaterra (modelo
na espécie) disse um autor que quatro são na realidade as suas Constituições, a simbólica
(dos signos), a legal (dos textos), a convencional (das concessões), a existente (dos
hábitos)...87 De fato a república legalizou-se. Mas — “prometida e adiada”, argumentou
Rui88 — longe de adaptar-se às normas clássicas do legislador, continuaria metida na
conjuntura de sua visceral imperfeição combinada com duas séries de problemas, que,
com aquela Constituição tão norte-americana,89 ou sem ela, teriam de ser resolvidos: da
conservação (combatida por todas as forças da oposição) e da organização local
(conturbada pelo deslocamento das influências, na anarquia das províncias).
Não espanta, pois, ser mais importante do que o solene ato de 24 de fevereiro, da
assinatura do Estatuto Máximo, a escaramuça política do dia seguinte, que foi a eleição
para a presidência e a vice-presidência dos marechais desavindos.

V: O GOLPE DE ESTADO

DISSOLUÇÃO

Dissolveu-se o governo provisório minado por insanáveis descontentamentos. Pretextou-


lhe a retirada o caso do porto de Torres, no Rio Grande: mas o episódio é secundário no
processo de desagregação, resultante da incompatibilidade que se estabeleceu entre a
orientação dos ministros e a prudência de Deodoro. Por várias vezes cedera à pressão e à
eloqüência dos auxiliares; contemporizara, conciliador; transigira; fora paciente.90 Mas era
visível a crise de confiança que germinava no governo, à medida que a Constituinte
avançava o seu trabalho, desdobrando as perspectivas da normalidade legal. Entendera
Glicério de propor garantia de juros de 100 mil contos-ouro à companhia hidráulica, que
se encarregaria do equipamento portuário do Rio de Janeiro.91 Deodoro resistiu; e
lembrou as obras de Torres, que mereciam favor semelhante. Dissentiram os ministros; e,
irredutíveis, demitiram-se coletivamente a 20 de janeiro de 91.

LUCENA

Magoado com os homens que a seu lado tinham feito a revolução, atirou-se Deodoro nos
braços de um veterano do ancien régime. Incumbiu o Barão de Lucena de recompor o
gabinete.

Eram amigos desde que, presidindo o Rio Grande, e por incumbência de Cotegipe,
Lucena dele se aproximara, apreciando-lhe os brios militares e os assomos do
temperamento indomável. Desembargador, sofrera uma remoção injusta, no último
governo liberal, e a república o encontrou predisposto a aceitá-la, tanto porque abatera os
adversários, cuja causa afinal se confundira com a da Coroa, como por estar à sua frente o
velho soldado. Este o nomeou juiz da Fazenda no Rio de Janeiro e, em setembro de 1890,
governador de seu estado, Pernambuco. De regresso ao Rio, hospedou-se no Itamaraty; e
desde logo o lúcido magistrado passou a ser o seu conselheiro íntimo. Interveio
amistosamente, mas sem resultado, para evitar a demissão do ministério; e só lhe sucedeu
porque Deodoro, exausto, disse que, se recusasse, também iria embora...92 Exerceu
cumulativamente as pastas da Justiça (até 22 de maio) e das Obras Públicas (até 4 de
julho) e ficou na da Fazenda (a partir desta última data). Chamou para os outros postos
do gabinete Tristão de Alencar Araripe (Exterior e Fazenda), o jurisconsulto João
Barbalho (Interior e Instrução), e o Desembargador Antônio Luís Afonso de Carvalho
(Justiça), formando governo distante do Congresso e da influência que os estados
disputavam, estranho ao fervor republicano e sem interesse de lisonjeá-lo, mais perto
agora do império — que parecia ressurgir, com os antigos servidores — do que dos
entusiasmos jacobinos, que respondiam ao agravo com exaltado ressentimento...

DEFINIÇÕES

Os fatos subseqüentes obedeceram a essa decepção: o Congresso, alarmado com a política


de Deodoro; e unido em torno do seu presidente, Prudente de Morais; a maioria pronta
para, no primeiro ensejo, destituir o generalíssimo; este decidido a não ceder, não
transigir, não capitular; e a oposição inclinada para o outro marechal, Floriano.

Em 25 de fevereiro correu perigo a eleição de Deodoro para presidente no quatriênio


que ia inaugurar-se.

Nos incidentes que antecederam à votação estão delineados os sucessos que, por um
decênio, abalaram e dirigiram a nação. Prudente levantou-se, com a bancada paulista,
contra Deodoro. Constou que, se vingasse tal candidatura, o exército, indignado, fecharia
a Assembléia. A Armada — protestou o Almirante Custódio de Melo — defenderia a
representação nacional! Estudantes,93 o povo, a gente que, em 89, recebera o novo regime
ao som da Marselhesa, ficavam contra a ditadura, cercada de baionetas... Conviria a
medida de forças? Falou mais alto a ponderação dos que temiam arriscar num desafio a
sorte do seu partido, senão a firmeza das instituições. Campos Sales e Bernardino de
Campos viram claro, tanto mais que o candidato à vice-presidência seria o Marechal
Floriano Peixoto, impotente então para deter as iras de Deodoro, porém
desenganadamente seu herdeiro. Valia a pena esperar. Tentaram convencer Prudente da
necessidade de sua desistência. Foi mais forte a obstinação, algo fatalista, com que resistiu.

Diria Campos Sales, nas reminiscências, que desse “primeiro erro” decorreram os
demais, que ensangüentaram e talaram o país durante demoradas desordens:94 disse certo.
Esta intransigência acabou de afastar Deodoro da Assembléia, com a qual jamais se
conciliou; e produziu o pretexto, no fim do ano, para o golpe de Estado. Abandonaram os
paulistas a intervenção apaziguadora; e a votação correu apertada, vencendo Deodoro por
129 votos contra 97. Mas Floriano, apresentado pela oposição, derrotou Wandenkolk
(sustentado pelos deodoristas) por 153 contra 57. O irremediável da contenda declarou-se
no dia seguinte, por ocasião da solene posse de ambos. O Congresso recebeu friamente o
pai da república; e prorrompeu em aclamações ao vice-presidente, sagrado — em face do
velho camarada, numa desfeita estridente — o “homem do dia”.95

Notou o cronista:
Eu comparei tudo — e comparei ainda o presidente e o vice-presidente. Aquele proferia as palavras do compromisso
com a voz clara e vibrante, que reboou na vasta sala. Desceu depois com o mesmo aprumo, e saiu. A entrada do vice-
presidente teve igual cerimonial, diferiu logo nas palmas das tribunas, que foram cálidas e numerosas, ao contrário das
que saudaram a chegada do primeiro magistrado. O Marechal Floriano caminhou para a mesa, cabeça baixa, passo
curto e vagaroso, e quando teve de proferir as palavras do compromisso, fê-lo em voz surda e mal ouvida. Tal era o
contraste das duas naturezas.96

NOS ESTADOS

O governo, ou antes, Lucena, interveio por toda parte, naquele período de eleição de
assembléias e governadores. “Faz-se em todo o país guerra aos republicanos históricos
(escreveu, em abril, José Tomás da Porciúncula a Silva Jardim) e principalmente aos que
não votaram no Congresso no nome de Deodoro para presidente da república; essa guerra
é sistemática em São Paulo, Minas, Espírito Santo e Ceará, sobretudo”.97 Em São Paulo,
Jorge Tibiriçá (envolvido na atitude da bancada, favorável a Prudente) foi substituído, em
6 de março, por Américo Brasiliense. Prudente telegrafou-lhe, de Piracicaba: “Parabéns
pela vossa demissão. Caiu convosco o partido republicano. Acompanham-vos os aplausos
de toda a opinião desinteressada”.98 “Os republicanos ainda não governaram o país; o
governo está nas mãos dos velhos barões da monarquia, decrépitos e inúteis como ela” —
protestava, na Constituinte baiana, Cosme Moreira.99 E Xavier da Silveira: “Atropelam-se
nas regiões governamentais os ex-validos da monarquia”.100

No Rio Grande, percebeu Castilhos que a perda de tempo em discussões demoradas


seria fatal à autoridade: e com presteza elaborou a sua Constituição positivista — o
governador chefe responsável e direto do Estado, sem se ater ao dogma da divisão de
poderes, nem ao princípio da limitação do mandato.101 Elegeu câmara unânime, e, a 14 de
julho de 91, fez por ela aprovar, sem emendas, o projeto.

Criticou-o alguém: “No Rio Grande do Sul souberam aproveitar a situação com
habilidade rara. Votemos desde já a Constituição sem emendas, como foi apresentada,
dizia-se; o que se votar hoje pode revogar-se amanhã; o que importa é constituir desde já
o Estado, para pô-lo a coberto da intervenção federal iminente”.102

O CONFLITO DOS PODERES

Reacenderam-se as hostilidades, estimuladas pela força que dava à oposição o “seu


marechal”, centro de convergência, e sua bandeira, na luta desencadeada. A Campos Sales
deve-se também a única tentativa razoável para contê-la: o acordo para que, representada
a oposição no ministério, este fosse de equilíbrio, não de combate. Esbarrou
aparentemente a idéia no número dos ministros: Lucena concedia dois, ela queria três.
Prudente de Morais votou contra.103 Delineou-se outra solução: destruir o governo, pelo
impeachment. Apesar de presidencialista, levando a prevenção ao sistema parlamentar até
a intolerância e a guerra civil (como aconteceu no Rio Grande), aquela gente dele
conservava a noção rudimentar de que, sem o Congresso, o presidente não podia manter-
se. Respirava ainda a inquietação do velho regime quanto à instabilidade dos gabinetes
oscilantes na sua posição precária, em face de maiorias pugnazes; usaria temerariamente
do poder que julgava legítimo, de chamar a julgamento e destituir o chefe da nação,
contando votos num plenário faccioso... Aí estava o dilema da república, compor-se com
o governo de prazo fixo, pela combinação, ou atirar-se a ele, pela violência. Num caso, a
oposição o envolveria; noutro, provar-lhe-ia a resistência... pelo desatino.

Floriano, este se dissimulava, num silêncio astuto. Esquivou-se, reservando-se.

Certo de que era seu o futuro, antecipou-o.

Declarou-se o conflito em torno do projeto de lei que definia os crimes de


responsabilidade do presidente. Se aprovado, teria o Congresso base para o afastar, pelo
impeachment.104 Vetado o projeto, Prudente (vice-presidente, na presidência do Senado,
porque ausente Floriano...) decidiu submetê-lo ao voto da casa, disposta a rejeitar o veto.
Aceitava o desafio. Em carta a Cesário Alvim, de 1o de novembro, preveniu Lucena: “Se
ele (Prudente) isto fizer, eu vos anuncio da parte do generalíssimo que o Congresso será
dissolvido”.105

O GOVERNO CONTRA O CONGRESSO

A doutrina do governo era que o veto só podia ser apreciado na sessão legislativa seguinte.
A oposição queria recusá-lo imediatamente. Eletrizara-se a atmosfera com o dissídio; e
Prudente de Morais precipitou-lhe o desfecho. O Senado rejeitou o veto; e, sem perder
tempo, remeteu a matéria à câmara, que procederia do mesmo modo... Surpreendeu-os o
decreto de 3 de novembro — em que, invocando altas razões do bem público, Deodoro
dissolveu o Congresso, declarando que seriam em maio seguinte as eleições para a nova
legislatura.

O golpe de Estado sacudiu o país de um espanto em que se misturava a reminiscência


das dissoluções, a que se habituara na monarquia, e o temor das reações correspondentes.
O povo parecia aceitá-lo, com essa inquietação complacente que causa a violência apoiada
à força. Dos congressistas só se conheceu protesto, datado de 4 de novembro, quando, a
23, caiu Deodoro. Também não se publicou no Rio o de Campos Sales e seus amigos,
saído em São Paulo, no dia 5. Os governadores, com exceção do Capitão Lauro Sodré, do
Pará, telegrafaram aplaudindo, aderindo, ou prometendo assegurar a ordem, o que tudo
equivalia à concordância.106 A ordem dependia de dois fatores: a Marinha, que obedecia
em boa parte à orientação ideológica do Almirante Custódio José de Melo — o mais ativo
dos adversários da ditadura, na qualidade de deputado pela Bahia, chefe real da resistência
—; e o vice-presidente, Floriano Peixoto, a quem aproveitava a conspiração.107 Os sucessos
seguiam o seu natural desenvolvimento. Fora Custódio um dos tenazes oposicionistas de
fevereiro de 91, que tinham compensado a eleição de Deodoro, para presidente, com a de
Floriano, para vice-presidente, derrotando Wandenkolk. Ambos aguardavam o fim desse
agitado governo, fosse através do impeachment (encartado na lei de responsabilidade,
inutilmente vetada), fosse no imprevisto dalgum desvario, que pusesse a revolta na rua.
Não havia maior do que o atentado cometido contra a representação nacional. Perpetrado
este, saiu o almirante a coordenar o “pronunciamento” naval; e a casa de Floriano, em São
Cristóvão, se converteu no centro da conjura. Enigmático, sem se descobrir aos olhos do
governo, mas de corpo e alma solidário com a sublevação que se organizava,108 aquele
homem glacial encarnou — no atropelo destas conjunturas — a continuidade do regime,
ameaçado de colapso, os compromissos de 1889, que se diria traídos pelo Barão de
Lucena, o espírito revolucionário das instituições, aparentemente condenadas a
desaparecer. E fingia um alheamento descrente...

O LEVANTE INICIAL

O movimento que depôs o marechal iniciou-se em Porto Alegre.

A dissidência (Barros Cassal, Demétrio Ribeiro, Assis Brasil), forte com os federalistas
(correligionários de Silveira Martins, suprema expressão eleitoral da província,
engrandecido com o exílio e o infortúnio) promovera o levante das guarnições de Rio
Grande e Bagé; e pela manhã de 12 de novembro, o povo na rua, exigiu em Porto Alegre a
renúncia de Castilhos. O pretexto do motim era a sua definição tardia contra o golpe de
Estado. Em verdade, destituía-o porque carecia das simpatias federais (seus amigos
contrários, no Rio, à ditadura) que o seu silêncio parecia requestar.109 Os adversários
escolheram o momento para abater o jovem chefe do mais enfibrado partido com que no
Sul contava a república: e foi singular a reação. Desdenhando uma resistência dramática,
declarou-se apeado do poder, entregando-o à anarquia...110 Aclamado o General Barreto
Leite, limitou-se a devolvê-lo a um triunvirato (General Rocha Osório, Cassal e Assis
Brasil), que não esquentou lugar. Faltava-lhe a confiança da situação que ia inaugurar-se
com Floriano: a sua sorte condicionava-se à “salvação do regime”, logicamente
identificado com a facção castilhista.

Ordenou Deodoro providências radicais. Pensou numa expedição de terra e mar.


Confiava na solidariedade do país... Enganava-se com a calma, subseqüente ao golpe.
Inesperadamente deflagrou a “greve” do pessoal da Estrada de Ferro Central do Brasil.111
Ameaçava o abastecimento da cidade. Já aí Custódio dispunha de duas ou três unidades
da Armada. Com o arrebatamento do seu gênio de iniciativa e bravura, não esperou pela
palavra dos correligionários do exército, que gravitavam em torno de Floriano: passou-se
para bordo do Primeiro de Março, em seguida ocupou, com a sua guarnição, o
encouraçado Riachuelo, e, ao amanhecer 23 de novembro, movia-se vitoriosamente na
Guanabara.

DOIS ALMIRANTES

Surge então o Almirante Saldanha como o condestável da ditadura vacilante. É admirado


pelo cavalheirismo, pela lealdade, pela competência profissional: infunde respeito,
confiança, dedicação.112 Sabem-no hostil à república. Isto mesmo o ajustava a uma
situação composta de veteranos da política imperial, de generais inadaptados à nova
ordem, de conservadores coligados na reação — contra o “jacobinismo”. A opinião
dividira-se pela linha das paixões, de uma banda a resistência, encarnada no governo que
caíra na ilegalidade, de outra o ardor republicano, dos seus inimigos. No momento
corriam paralelas duas restaurações: da autoridade (que, na suspeição geral, poderia
complicar-se com a restauração da Coroa, apregoada por um remanescente e vivaz
partido monárquico)113 e da Constituição, rasgada em 3 de novembro. Luís Filipe
Saldanha da Gama pusera-se às ordens de Deodoro. Se lhe valesse a influência, a
restauração da autoridade importaria a revisão de toda a obra feita a partir de 15 de
novembro de 89: vislumbrava-se, no desassombro de sua atitude, a reimplantação da
monarquia.

Custódio e Saldanha agiram com extraordinária rapidez. Enquanto aquele se apoderava


do Riachuelo, este se instalava no Solimões. E pediu a Lucena um batalhão de infantaria
para com ele abordar o navio sublevado. Era na madrugada de 23. Conta Lucena que
Deodoro dormia depois de uma crise de dispnéia que o assaltara à meia-noite; e esperou
que despertasse, para lhe transmitir a requisição. As horas perdidas já não podiam ser
recuperadas. O presidente ainda telefonou para as fortalezas, ordenando que
respondessem à esquadra; e mandou dar a Saldanha a tropa que requisitara. Subitamente,
mudou de idéia. Aterrou-o a magnitude do conflito. Travar-se-ia uma batalha à sua vista,
à volta dele, provocada por sua imprudência, outros diriam por sua ambição — dele, a
quem Tobias Barreto chamara “grande herói sem ambição”;114 agitou-o uma emoção
nobre, de patriota que não podia consentir que corresse por sua culpa o sangue dos
concidadãos; atendeu, meditativo, às ponderações de Lucena, agora para que desistisse de
lutar, selando com a renúncia a grandeza do gesto...
Quando o Sr. Lucena acabou de falar, Deodoro levantou-se, pôs as mãos sobre a mesa, inclinando-se ligeiramente para
frente e, de cabeça baixa, refletiu algum tempo. Depois voltou-se, ereto, e ordenou a um dos seus ajudantes:
“Lamenha, diga a Saldanha que julgue sem efeito as ordens dadas e venha falar-me”. E fitando outro: “Lobo Botelho,
mande preparar o landau e vá dizer a Floriano que me venha falar”. Dirigindo-se então a todos, declarou: “Já não sou
presidente da república e vou pedir a minha reforma”.115

VI: O MARECHAL DE FERRO

FLORIANO

O vice-presidente assumiu o governo na manhã de 23 de novembro de 1891, como


restaurador da Constituição que iria “consolidar a república”. A frase é de Campos Sales,
na moção com que o Senado — a 21 de janeiro seguinte — lhe hipotecou o seu pleno
apoio.116 Chamou para as pastas militares o Almirante Custódio e o General José Simeão
de Oliveira. Contrapôs ao manifesto melancólico em que Deodoro se despedia, a sua
veemente mensagem, declarando-se vingador da legalidade. Convocou para 18 de
dezembro o congresso dissolvido. E prorrompeu na sua política de abater os
representantes da situação decaída, de cimentar nos estados a autoridade que lhe fosse
fiel, de erradicar a reação e fundar materialmente outra espécie de ditadura: a da
“salvação”.

Seria excessivo pedir àquele frio soldado, que servira silenciosamente às antigas
instituições, que adotara sem ênfase o novo regime, que colaborara com o governo
provisório como Ministro da Guerra e primara pela omissão enquanto herdeiro do poder,
uma atitude de respeito passivo pela lei, que não convencia. Vira forjar-se a Constituição
ao arbítrio de opiniões individuais, no círculo fechado do governo; e assistira à sua
aprovação por uma assembléia livre de fazer o que entendesse, mas distante do povo.
Desagravara-a sem risco, beneficiário hábil de uma revolução que arquitetou na sombra,
sem lhe correr os perigos: e, pois, estava de pé essa constitucional república, abandonada
por seu fundador (gritavam os vencedores de 23 de novembro), não lhe parecia razoável
entregar o comando à desordem dos partidos ou à anarquia das ruas. Modelou-se nele o
“homem forte”. Era da raça misteriosa dos heróis de poucas palavras, de aparência
inerme, pensamento dissimulado, intrepidez calma, insondáveis energias reveladas pelo
ataque, pela provocação, pelo desafio. Se tivesse sucumbido antes dessa hora histórica, se
não tivesse sobrevivido ao primeiro governo da república, maltratado pelos monarquistas,
como perjuro, suspeitado pelos deodoristas, como insincero, o seu perfil desluzido
atravessaria a crônica política sem características originais, caudatário taciturno do
cesarismo triunfante... O poder transformou-o: assim “modesto e vulgar” como o
retrataria Quintino117 — “esquivo, indiferente, impassível”.118 Era, no rigor da expressão, o
chefe.

DERRUBADA

Começou “derrubando” os governadores que se tinham manifestado favoráveis ao golpe


de Estado. Pouco importava que, mandatários de prazo certo, não fossem demissíveis. “A
restauração das leis assentava o seu reinado, golpeando até aos fundamentos as leis
restauradas”, diria Rui.119 A mesma idéia sumária (que vinha do tempo das dissoluções
parlamentares) que levara Deodoro a extinguir o Congresso, induziu Floriano a depor os
governadores, tão legalmente indestrutíveis como a Assembléia, que restaurara. Nem
repugnou a violência aos ortodoxos da legalidade. Custódio fala do “pensamento da
revolução”.120 Era a justificativa: houvera uma revolução, que seguia a sua lógica, não um
retorno à ordem jurídica, definida nos papéis oficiais.121 Comportou-se Floriano como
árbitro de uma reorganização à viva força, não como espectador de uma pacificação mole.
Aderiram-lhe os grupos que, nas províncias, cobiçavam a direção; e as submeteu, de
Norte a Sul, com o auxílio pressuroso da tropa. Interveio, utilizando-a. O exército tomava
uma posição irrevogável na “consolidação da república”. O vice-presidente identificou-se
com ele.

Houve uniformidade de processos na deposição dos governadores. O marechal tinha


para isto um elemento de choque, nas oposições locais, uma razão popular, na
incompatibilidade deles com a “legalidade” desagravada, e agentes eficazes, nos militares
de confiança despachados para os lugares necessários. Manobrou esses recursos.
Reproduziu-se, do Norte ao Sul, uma cena equivalente: escudados na parceria dos
batalhões, os políticos, ferventes de entusiasmo constitucionalista, se reuniam num
comício agressivo; atestava-se de povo a praça; defensivamente o governador se cercava
em palácio da polícia fracamente armada; uma comissão ia levar-lhe o ultimatum;
intervinha, intimidativo, o oficial encarregado de liquidar a pendência; e a fim de evitar o
pior, resistente ou frouxa, com ou sem drama, fosse corajosa ou acomodada, a condenada
autoridade acabava rendida, fugitiva ou expulsa.

O PROCESSO...

É do deputado paraibano Epitácio Pessoa (falando na câmara em 28 de outubro de


1891) a corajosa acusação:
Que vemos desde que se restaurou a legalidade na república? Vemos reproduzir-se a cena de que tantas vezes, com
tristeza, fomos testemunhas no tempo da monarquia — a derrubada de presidentes de províncias, acompanhada da
mais feroz reação [...]. Vemos o Sr. Marechal Floriano Peixoto telegrafar aos chefes dos distritos militares — que está
causando má impressão a deposição de governadores — como se o governo, em lugar de ordens positivas e
terminantes, devesse transmitir notícias ou fazer tímidas observações aos seus subordinados; vemo-lo depois ordenar-
lhes que mantenham as autoridades constituídas, e, logo em seguida, os comandantes das forças federais, ou em
desobediência àquelas recomendações, o que não se acredita, ou em obediência a contra-ordens reservadas,
continuarem a depor os governadores e a apossar-se dos cargos.

Vemos o presidente da república enviar emissários para todos os estados, sob o pretexto de colher informações exatas
e imparciais dos acontecimentos que ali se desenrolam, e coincidir a deposição dos governadores com a chegada
desses emissários, alguns dos quais se têm colocado franca e ostensivamente à frente do movimento sedicioso. Vemos
na Bahia o representante do presidente da república, para desfazer suspeitas que se levantavam contra sua missão,
protestar em termos claros e peremptórios que não tem o intuito de assumir o governo do Estado e, logo em seguida,
apoderar-se deste governo, que só deixou por força do manifesto da guarnição, ante cuja atitude decidida e enérgica
teve de recuar, teve de ceder, o Marechal Floriano Peixoto.

E para a maioria: “O Marechal Deodoro deu um golpe de Estado; vós tendes dado mais
de dez; o Marechal Deodoro dissolveu o Congresso Federal, vós tendes dissolvido o
Congresso de quase todos os estados, tão indissolúveis como este”.122

DE NORTE A SUL

Em Manaus o governador, Tenente-coronel Taumaturgo de Azevedo, enfrentou a


desordem: capitulou quando o 36º de infantaria e a flotilha do rio o dissuadiram. Em São
Luís o próprio mensageiro de Floriano, Tenente Manuel Joaquim Machado, promoveu o
meeting que destituiu — aos gritos — o Governador Lourenço de Sá.

O General José Clarindo, do Ceará, não se deixou intimidar. Entrincheirou a polícia e


resistiu aos cadetes da Escola Militar. O batalhão de linha que poderia auxiliá-lo fora
deslocado para Maranguape. Bombardeado o palácio pelos alunos, o velho general, depois
de uma resistência impávida, capitulou.123 Era na madrugada de 17 de fevereiro de 1892.
Entregou o governo ao Tenente-coronel Bezerril Fontenelle, comandante da guarnição; e
num protesto vibrante (escrito por seu secretário, Farias Brito) expôs ao país a extensão
do atentado.

No Recife também houve luta.

Meses antes o governo, José Maria de Albuquerque à frente, formara três batalhões de
polícia. Quando o Brigadeiro Ourique Jaques, representando Floriano, foi a 18 de
dezembro notificar o Barão de Contendas de que devia largar o poder, defrontou, no
Campo das Princesas, com essa força. Talvez tudo acabasse bem se um incidente não
deflagrasse a batalha. Um cavalariano, que derrubara algumas pessoas, foi abatido a tiro; e
os soldados de ambos os lados, julgando que era isso o sinal do combate, romperam o
fogo, que durou meia hora.124 Cessou com a retirada do governador, a fuga de seus
correligionários, a “legalidade” triunfante.

Governava a Bahia José Gonçalves da Silva.125 Capitaneada por César Zama, depois de
um comício a oposição o intimou a resignar. O 9º de infantaria, comandado pelo Coronel
Moreira César — guardemos o nome — foi alinhar-se em face da secretaria do Estado,
onde permanecera o governador. E o General Tude Neiva, para evitar o choque, o
convenceu a transferir as funções ao sucessor legal. Era o presidente do Senado, Luís
Viana, que recusou. Aconselhado por César Zama, o general assumiu a responsabilidade
da situação.126 Correu um mês de indefinível mal-estar, acéfalo o Estado, o comandante
militar sem autoridade para organizar o governo, os políticos, reagrupados, a reafirmarem
— com digna teimosia — que José Gonçalves continuava investido do mandato.
Transigiu-se. Convocou Viana o Senado, demitiu-se da presidência, para que fosse eleito
o almirante reformado Joaquim Leal Ferreira, e este — neutro e venerando — foi
empossado como governador interino (23 de dezembro). Preservaram-se assim os
quadros políticos — intactos com a manobra — e escapou a Bahia a um conflito
semelhante ao do Ceará e de Pernambuco.

Também em Minas, à intervenção demolidora faltou brecha por onde entrar. Cesário
Alvim infundia respeito; e como repugnasse a intromissão desabusada da União na
autonomia do Estado, o que melhor ocorreu à dissidência foi um esboço de separação,
criando, núcleo da revolta... o Estado de Minas do Sul. Transparecia o jogo federal, nesse
episódio mofino. Sentiu Alvim o dilema, entre conflagração e demissão; e passou o cargo
ao vice-presidente. Pedia-se paz. E como na Bahia, a paz se consumou com a eleição pela
Assembléia estadual de figura antiga, que aliava a probidade à prudência, o “conselheiro”
Afonso Pena.127

PARANÁ E MATO GROSSO


Os fatos do Paraná e de Mato Grosso realçam devidamente a crise, na sua forma de
anarquia militar. Contava Generoso Marques, em Curitiba, com a guarnição federal, e
parecia não temer a oposição formada em torno de Vicente Machado, quando, um belo
dia (29 de novembro) se lhe anunciou um comício. Exigia-se que entregasse o governo ao
Coronel Roberto Ferreira, comandante do distrito. Quis resistir. Mas o coronel ouviu
diante dele a oficialidade; e o depôs. Substituiu-o uma junta, que fez eleger presidente e
vice-presidente Xavier da Silva e Vicente Machado, origem da situação dominante no
estado até 1908.128 As forças que pretenderam destituir o governador de Mato Grosso
encontraram pela frente um vulto respeitável de chefe: Generoso Ponce. Respondeu à
intimidação das armas com os clarins da guerra. É verdade que neste transe lhe valeu a
desorientação dos adversários, que se precipitaram à luta contra o Governador Manuel
Murtinho desobedecendo ao mesmo tempo as ordens de Floriano, de modo a serem
duplamente rebeldes, na questão estadual e em face do presidente. A alma do movimento
foi o Major Aníbal da Mota, sobrinho do General Antônio Maria Coelho. Estourou em
Corumbá (22 de janeiro de 92), com o lema separatista, de República Transatlântica de
Mato Grosso; e facilmente conquistou a capital (2 de fevereiro), com a adesão dos corpos
de linha. Generoso Ponce convocou então os correligionários dos municípios próximos e
a investiu com mil e quinhentos homens. O governo revolucionário, para evitar a batalha,
acordou em transferir o mando a uma junta conciliatória. Em Corumbá, porém, a
insurreição manteve-se. O Coronel Ewbanck, nomeado por Floriano comandante militar,
teve de retroceder, por não permitirem que o seu navio subisse o rio. Decepcionado com
o repúdio da convenção de paz, o caudilho duplicou os seus elementos e cercou a cidade.
Nela entrou à viva força, debelando a resistência do 2º de artilharia, do 2º, 8º e 21º de
infantaria — já aí com o auxílio de vários contingentes que se haviam declarado pela
legalidade, o mais importante, o 19º de infantaria, sob o comando do Major Tupi
Caldas;129 e assumiu o poder. Devolveu-o a Manuel Murtinho. Floriano agora o
sustentava: representara a autoridade; e com a vantagem de a ter vingado.

A república corria perigo...

SEBASTIANISMO

Em 5 de dezembro, em Paris — no hotel tranqüilo onde se hospedara —, faleceu o


imperador. Sacudiu a nação um sentimento brusco de admiração pelo velho monarca,
maior na dor sem queixas e no exílio sem dinheiro do que outrora, quando reinava e
governava: e se fizeram em sua honra adequadas manifestações de pesar. Tornaram-se
mais intensas à medida que, passado o primeiro momento de compungido espanto, os
grupos monárquicos se atreveram a deliberar sobre aquelas homenagens, censurando,
além disto, o governo, que reclamara contra as exéquias imperiais decretadas pelo
presidente da França. Enfrentavam a reação. Gerou-se na imprensa a polêmica que desceu
às veemências do meeting e armou os sintomas de uma vasta luta. Presidida pelo
venerando Marquês de Tamandaré, realizou-se em 10 de dezembro a reunião popular
promovida pelo jornal O Brasil: aprovou um programa de comemorações. No dia
seguinte o clube republicano rio‑grandense chamava à rua os adeptos (em manifesto com
a assinatura do Capitão Tasso Fragoso) contra a provocação. Nomes ilustres subscreviam,
é verdade, as frases de respeito à memória de Dom Pedro II: Quintino, José Veríssimo,
Constâncio Alves, Rosendo Moniz... Na Cidade do Rio, Patrocínio, a 7 de dezembro,
antecipara-se a todos, exigindo o repatriamento de seus restos mortais. Laet, no dia 12,
clamava pelas colunas da sua gazeta: “Ele há de vir, o glorioso imperador”.130

Com o seu espírito belicoso, levantou a luva que Rui atirara aos decaídos de 15 de
novembro: em editorial, apelou para o “sebastianismo”.

Desse artigo de 10 de dezembro de 91 vem a palavra, que se estendeu à resistência


conservadora, na sua rixa com o jacobinismo. Adquiriu o relevo tradicional: é uma
fórmula de reivindicação em busca de desbotadas reminiscências, erigido o tema da volta
do rei, e do reinado, em crença poética, entranhadamente brasileira, porque brotava das
mais antigas fontes da raça, nas suas fantasias de ressentimento e esperança...131
Sebastianistas, sim! É curioso notar. O sebastianismo arrogante — de que o jornalista se
desvanecia — transitou da cidade para os sertões, em vez de emigrar do campo para a
capital. Em 1891 foi apelido. Em 1897 — veremos — seria religião. A Floriano servia: pois
a república tinha inimigos, competia-lhe defendê-la. No íntimo, não se iludia. Não era a
restauração do trono, que parecia iminente: mas a de Deodoro. Os monarquistas
formavam uma elite; porém civilista. Os camaradas e os amigos do fundador da república,
estes eram capazes de abalar o governo: queriam retomá-lo, como o tinham perdido. À
força!

AGITAÇÕES

O que ia pelos estados se refletiu no Rio de Janeiro, onde Deodoro — quisesse ou não —
era o centro da conspiração contra a “legalidade”.

A violência de 3 e a sedição de 23 de novembro tinham habituado os espíritos às


surpresas da violência: nela confiando, os vencidos procuravam deter a ditadura.
Amotinaram-se os marinheiros do cruzador Primeiro de Março. Foram subjugados sem
derramamento de sangue. Era o indício das ligações que os inimigos da situação tinham
na esquadra: tanto assim, que, fiados do apoio ou da abstenção dos navios de guerra, se
insurgiram a 19 de janeiro as fortalezas de Santa Cruz e da Laje.132 Comandou a primeira
o Sargento Silvino Honório de Macedo, que acabava de ser absolvido, em processo
disciplinar, pelo Conselho de Guerra,133 e, à frente dos presos, aferrolhara no refeitório a
guarnição, hasteara uma bandeira vermelha, ameaçara canhonear a cidade, e se dizia
restaurador de Deodoro. Não custou a Floriano dominar o levante, mandando tomar de
assalto, por terra, Santa Cruz, posta, além disto, sob a mira da artilharia naval. Rendeu-se
após um dia de combate; e a Laje, sem um tiro. Mas este desatino revelava o fermento de
desordem de que adoecia o país.
Agravara-se com a questão — asperamente explorada — do período constitucional do
vice-presidente.

Pela letra fria da magna carta, pois o presidente renunciara antes de dois anos de
exercício, cumpria-lhe ordenar as eleições, para a sucessão...

CONTROVÉRSIA

A controvérsia agitou a imprensa. Em carta a Pardal Mallet resumiu-a Rui (que defendera
a fórmula norte-americana da eleição indireta e da sucessão pelo vice-presidente,
qualquer que fosse a época em que ocorresse a vaga): far-se-ia a reforma constitucional,
esclarecendo a dúvida, ou nova eleição; absurdo seria apelar para a hermenêutica do
Congresso, como desejava o governo.134 Ponderava este que houvera equívoco de redação
no artigo 42: devia ler-se, “no caso de vaga, por qualquer causa, da presidência e vice-
presidência”, e não, “da presidência ou vice-presidência”.135 Quem arbitraria a contenda?
O Supremo Tribunal (que, intimidado, se eximiria de falar) ou o Congresso (cujo voto era
de antemão conhecido). Floriano entregou a questão ao Congresso, que, em junho,
decidiu ser legítima a continuação no cargo até o fim do quatriênio. Resolveu errado?
Sim, bradaram os deodoristas; não, gritaram os florianistas. Na realidade — embora
faccioso — interpretara a obscuridade. A comissão legislativa, que lhe dera parecer na
Constituinte, ao referir-se à necessidade de nova eleição, cuidara da ausência de
presidente e vice-presidente, quando seria inadmissível governar “durante uma longa
interinidade” alguém não eleito “na previsão de vir a ocupar tão elevado posto” — como o
vice-presidente do Senado, os presidentes da câmara e do Supremo Tribunal. Lá estava o
projeto do governo provisório, que ao vice-presidente atribuía a sucessão — pelo resto do
período. O artigo 42 poderia entender-se como obrigando a eleição se faltasse também o
vice-presidente.136 Não repugnava esta idéia à índole do regime, que outra não é a prática
vigente nos Estados Unidos: com a vantagem de evitar as perturbações incalculáveis dos
pleitos extemporâneos. Assim não julgava a reação, tão exacerbada agora, no combate ao
governo, como os outros, no ano anterior, a Lucena e Deodoro.

Clamou-se que o seu dever era restituir a soberania ao povo, para que elegesse o
presidente.

Floriano fechou-se num silêncio desdenhoso.

Estabeleceu-se o dilema: cederia o governo, ou recorreria a oposição aos meios


extremos. Recorreu.

DITADURA

Resolveram altas patentes do Exército e da Marinha precipitar a solução, impondo-a —


numa mensagem de treze assinaturas que o Marechal Almeida Barreto foi levar ao
Itamaraty, e os jornais publicaram em 5 de abril. Eleição “quanto antes”. Era um
“pronunciamento”: e o ministério insistiu com o vice-presidente para que, num ato
vigoroso, o castigasse.137 Floriano reformou — divulgando um manifesto explicativo — os
signatários do documento. Fazia-se forte diante da arrogância: enfrentava-a. Os elementos
civis e militares associados para depô-lo marcaram para 10 de abril uma homenagem
popular a Deodoro, pelo propalado restabelecimento de sua saúde. Constou que a festa
encobria o objetivo audaz de um ataque ao palácio, se contassem, como acreditavam, com
a tropa. Disto avisados, Floriano e os ministros militares fizeram sair à rua os batalhões
fiéis: e quando, em tumulto, os cabeças da revolta se dirigiram da casa de Deodoro, que
não pudera recebê-los, para o Itamaraty, saiu-lhes ao encontro, cruzando a pé a Praça da
República, o próprio vice-presidente. Deu voz de prisão ao Tenente-coronel Mena
Barreto, que se salientava no grupo exaltado; e passou, serenamente, superior à tormenta,
numa ostentação fria do seu destemor.138 Por sua vez os agitadores, vendo que as
baionetas ali postadas se conservavam obedientes ao governo, estenderam o desfile até a
Rua do Ouvidor, onde, sem outros incidentes, dispersaram... Houvera entretanto tentativa
de levante: e Floriano, além de decretar o estado de sítio por 72 horas, mandou prender e
deportar para as regiões extremas do país os indigitados chefes.139 Vários tinham
imunidades parlamentares. Cauto e angustiado, o Supremo Tribunal desprezou o
habeas‑corpus com que Rui Barbosa procurou libertá-los.140 Dois eram lentes de escolas
superiores. Demitiu-os. Que recorressem à justiça! Aceitando a luva, respondia à agressão.

Estava-se em ditadura.

A morte de Deodoro, em 23 de agosto de 1892, encerrou o episódio da instabilidade do


governo — dele arredando a ameaça da “volta” do Fundador.

Reformado em 11 de janeiro, zangado com a classe, intimamente desenganado do


regime e num ostracismo altivo, recomendara o marechal que não lhe fizessem honras
militares nos funerais;141 e prometeu nunca mais vestir aquela farda refulgente, com que a
posteridade o reconheceria. Exilou-se, com a sua dispnéia e a sua amargura, para uma
casa modesta de Santa Teresa; e desprezando o estrondo dos acontecimentos, que
indicavam a proximidade de uma catástrofe, condenou-se ao definitivo silêncio. Como
que se alistara no rol das vítimas da república cesarista que proclamara — para que
reluzisse a estrela do rival vitorioso.

VII: O SUL EM ARMAS

FORÇAS INCONCILIÁVEIS

A despeito da “derrubada” nos estados e da oposição levantada na capital federal contra o


vice-presidente, possivelmente não sobreviria a guerra civil, se os partidos se
acomodassem no Rio Grande. Mas se odiavam de morte. Poderia Floriano amainar as
paixões, intervindo; ou disso se aproveitou para dividir, sem remédio, os beligerantes,
com a vitória dos “republicanos”? O emissário que mandou a Porto Alegre lhe deu a
impressão dos fatos: embora em minoria o castilhismo, nas suas fileiras militavam os
correligionários autênticos de Floriano, pois os contrários, chefiados por Gaspar da
Silveira Martins, numa mistura de dissidentes (velhos republicanos, como Joca Tavares),
restauradores (inconciliáveis com a nova ordem) ou deodoristas, com o rótulo geral de
“federalistas”, tendo inscrito no seu programa a volta às instituições parlamentares,
reuniam, sob a bandeira nova, os inconformados, os descontentes, os reacionários.142 Para
ele se delineou, clara, a situação: repondo Castilhos, deteria a oposição esperançosa dos
êxitos “federalistas”;143 e unificaria, de Norte a Sul, a frente dos defensores do regime,
contra os que o hostilizavam na sua ditadura ou o negavam na sua legalidade. Foram
palavras suas: “O que se passa nesse Estado é lamentável e ao mesmo tempo útil, porque
desta vez ficará liquidada a situação política e que não poderá deixar de ser republicana”.
O essencial era não aparecer — denunciando-se — na revolta que repusesse o governador
caído em 12 de novembro... Não apareceu. Ou melhor: dissimulando-se nas hábeis
manobras do comandante do distrito, General Bernardo Vasques, por mais que se
ocultasse, fingindo-se surpreendido, não houve quem o não descobrisse nessa
transformação dramática.

As duas forças estavam organizadas em março de 1892. Os “republicanos”, sem


segurança no Estado, celebraram em Caseros, na Argentina, uma grande reunião: juraram
(os generais Hipólito Ribeiro e Francisco Rodrigues de Lima, o senador Pinheiro
Machado, cabeça do movimento, Gabriel Portugal, Evaristo Teixeira do Amaral, Manuel
do Nascimento Vargas, Filipe Aguiar, Honorato Cunha, Antônio Duarte Jardim, Antônio
Cidade, Ataliba Gomes, João Francisco, Horácio Fernandes, Adolfo Martins de Meneses,
Aparício Mariense) juraram promover por todos os meios a volta à “legalidade”. E logo os
primeiros chefes prometeram apresentar os seus contingentes armados. Isto a 13 de
março.144 No dia 31 celebrou-se em Bagé o congresso gasparista,145 sob a presidência do
General João Nunes da Silva Tavares (Joca Tavares), que, aos 78 anos,146 era uma relíquia
de todas as guerras da fronteira: replicou, aclamando presidente do partido Gaspar da
Silveira Martins e candidato ao governo do Estado o velho general. O item principal do
seu programa consistia na substituição “da Constituição comtista do Estado por uma
Constituição republicana representativa, modelada nos princípios do governo
parlamentar”. Em verdade, os dois partidos levavam a mão à espada.

A LUTA

Começaram as hostilidades com a revolta que estalou em Porto Alegre, a 17 de junho.


Descansava no poder, aparentemente apoiado pelo governo federal, o velho Pelotas. Mas
o General Vasques, comandante do distrito, e o da flotilha, Legey, o largaram à sua sorte.
Colaborou Vasques com a sedição deixando que a polícia, rebelada, se aprovisionasse no
Arsenal de Guerra. O exército não saiu a defender o governo. Empossou-se nele —
restaurado — Júlio de Castilhos, que, ato contínuo, nomeou vice-presidente e passou as
funções a Vitorino Monteiro. Pelotas telegrafou a Joca Tavares, em Bagé, transmitindo-
lhe por sua vez o governo, como 2° vice-presidente: também por nomeação... Deslocava
para as coxilhas o facho da resistência: entregava-o ao sopro do pampeiro!

Ninguém se espantou mais com a reviravolta do que o Ministro da Marinha, Custódio


de Melo.147

Dois barcos da flotilha revoltaram-se em Porto Alegre. O ministro destituiu os


comandantes; e cessou o motim. Reunira Tavares em Bagé ponderáveis elementos: mas, à
aproximação da força federal, cedeu aos conselhos de Gaspar, que não se conformava com
a luta intestina; e dissolveu a sua gente. Não se falasse em paz: essa dispersão marcava o
compasso aos acontecimentos. Os federalistas perdiam nos municípios as posições; delas
desalojados, refugiavam-se em território estrangeiro; confiavam nas armas; dispunham,
para dirigi-las, de seus caudilhos. O telegrama que, de Melo, no Uruguai — para onde
convergiram — enviou Tavares a Gaspar, em 31 de janeiro de 93, retrata a exaltação
indomável: “Impossível conter forças, amigos Estado reúnem-se. Para evitar imediata
invasão marquei dia 5, dando tempo virem vossas instruções. Se puderdes, vinde. Dizei
estação mandar receber armas, embora tenha invadido. Conto regimento Bagé”.148

Em 5 de fevereiro, rompeu a guerra.

RESTAURAÇÃO?

Achou Floriano a fórmula do governo: o republicanismo.

Com a mesma simplicidade tachou de restauradora a oposição, embora nela se


engajassem republicanos inabaláveis, como Serzedelo Correia e Custódio, a dissidência de
Demétrio, Assis Brasil, Barros Cassal... O epíteto colou-se à revolução, cujos chefes o
repeliram, no manifesto de 15 de março de 93: “Nossos adversários, com o desígnio
pérfido de tornar antipática à opinião a revolução rio-grandense, apontam-nos no país
como restauradores da monarquia! É uma monstruosa calúnia!”.

Há exagero no qualificativo.

Os inimigos da situação poderiam transigir com a idéia monárquica, porém por


diferentes caminhos. O mais vibrante, Gaspar Martins, concordava com Rui Barbosa,149
então em visível descrença desse republicanismo frustrado, para ser fiel às liberdades
constitucionais, quaisquer que fossem os rótulos. “Afirmei sempre a indiferença das
formas de governo”. Para o tribuno gaúcho o primeiro problema era o
parlamentarismo.150 Para o baiano, “o descrédito da república: eis a restauração”.151

É certo que a campanha contra Floriano arrebanhava todos os descontentamentos e


fazia circular, na sua linguagem indignada, um curioso respeito pelas instituições
abolidas.

Espelho dessa conversão é o Jornal do Brasil.

Fundado em abril de 1891 por Rodolfo Dantas, núcleo acadêmico da reação, que durara,
nessa fase de experiência, até a queda de Deodoro, vendido nos primeiros dias da
ditadura, passou em maio de 93 à direção de Rui.152 Desejou este fazê-lo o novo Diário de
Notícias, com que arietara e derrubara o império; e a partir de maio (data de “traços de
um roteiro”) flagelou as arbitrariedades em curso. Substituía a seu modo o Congresso,
onde a maioria obediente imobilizava o inconformismo da oposição.153 Esse combate
doutrinário à violência oficial produziu, em 1893, o efeito dos ataques a Ouro Preto em
89: atiçou a rebelião, que só podia vir do mar para a terra — com o desgosto das forças
navais. Tinham abatido Deodoro, que descambara para a ditadura; deviam insurgir-se
contra Floriano, que a continuava... Há duplicidade de sentido na carta de Rui ao Jornal
do Comércio, em 6 de março: que no montante da intolerância “as baionetas podem ser
tão inúteis como contra a água do mar”.154 A Armada falaria por último!

ILUSÃO AMERICANA

Resumiu Eduardo Prado na Ilusão americana a incompatibilidade dos homens do


passado com o republicanismo continental, ou a sua interpretação indígena.155 O mesmo
protesto inflama a prosa de jornalistas pugnazes (Laet, Nabuco, Taunay, Ferreira de
Araújo, Patrocínio) e a reação dos velhos liberais.

O governo, sim, pragmaticamente se inclinara para os Estados Unidos, fizera o


presidente Grover Cleveland árbitro da “Questão das missões”, e colheu o resultado dessa
diplomacia: o apoio americano contra a esquadra revoltada (como veremos).156

ROMPIMENTO

No ministério, despeitado pela reposição de Castilhos, acreditando na “traição de


Floriano”, sem ilusões sobre o caráter pessoal do seu governo, estabelecera Custódio de
Melo uma forma de conciliação. Interviria no Rio Grande para atalhar a guerra civil, mas
por intermédio de alta patente militar, que, eqüidistante dos grupos, convocaria as
eleições e entregaria ao vencedor o poder legitimamente conquistado. A intervenção
impunha-se como uma exigência de salvação pública. Mas a Floriano a idéia não podia
seduzir, porque desarmaria o castilhismo, abrindo naturalmente aos gasparistas a vitória
das urnas. Manteve, porém, uma discrição sibilina, a ponderar as razões do Ministro da
Marinha. Parecia estudá-las... Foi quando o Tenente Manuel Machado, governador de
Santa Catarina, aderiu à revolução, com o longo manifesto de 24 de abril. Surpreendido, o
marechal destacou para o Desterro e a fronteira dos dois estados oficiais de sua confiança,
que contivessem a trêfega autoridade; e permitiu que contra ela se armasse a sublevação
civil, no Vale do Itajaí, chefiada por Hercílio Luz, delegado de terras — que criou em
Blumenau um governo provisório (22 de julho) e à testa de sua coluna de voluntários
arremeteu para a capital.157 Custódio, indignado com a contradição do vice-presidente,
que, em vez de interferir no Rio Grande, se voltava contra Santa Catarina — exprobrou-
lhe o erro; e exigiu que pusesse em execução o seu projeto de apaziguamento. Em 22 de
abril Felisbelo Freire fora nomeado Ministro do Exterior. Pediu-lhe Floriano o parecer
jurídico: e o novo ministro afirmou que a Constituição não consentia... Demitiu-se
Custódio a 30 de abril. No mesmo ato Rodrigues Alves, Ministro da Fazenda,
intimamente constrangido nesse governo de força, largou a pasta.158

Correu o almirante a articular a revolta na esquadra, de que era potencialmente o chefe.

A oposição insistiu no plano de interrupção da luta no Sul pela intervenção generosa:


apenas, combatendo Floriano, queria-a do Congresso, “por uma autoridade investida de
poderes especiais, nomeação feita pelo poder executivo, mas dependente da aprovação do
Senado” (como, da tribuna da câmara, pediu no seu impetuoso discurso de 23 de maio o
jovem paraibano Epitácio Pessoa). A maioria rejeitou-a, por inconstitucional. Cabeças
serenas, do exército, apelavam para a pacificação: com o estado de sítio e um governador
militar, “que este seja alheio às paixões políticas”.

Foi a recomendação inútil que o General João Batista Teles enviou de Bagé, a Floriano,
em 2 de novembro (de 1892).159

TURBILHÃO

Divide-se a revolução rio-grandense em três fases: a invasão, julgando os rebeldes que


sublevariam o Estado; fracassado o plano, a separação, Gumercindo Saraiva de marcha
batida para o Norte (sobre o Paraná e São Paulo), Joca Tavares em operações na fronteira;
e o retorno, a penosa retirada, o destroço, o exílio, a anistia.

Entraram Gumercindo e Vasco Martins pelo Aceguá, com 600 homens. Juntou-se-lhes,
com três mil, o velho General Joca Tavares — que assumiu o comando — para tomar,
após fraca resistência, Dom Pedrito (23 de fevereiro) e ameaçar Santana do Livramento e
Alegrete. De Bagé saiu o General João Batista em auxílio de Santana e a libertou (17 de
março). Caiu Alegrete (19 de março). A meia légua, na restinga de Jararaca, os
revolucionários destroçaram a coluna que partira de Cacequi com mil homens e
prenderam, ferido, o seu comandante, Coronel Santos Filho (27 de março).160

Surge aí a empolgante figura do senador Pinheiro Machado.

Licenciou-se do Senado para cingir a espada; entrou em São Borja, repelindo a força de
Dinarte Dornelles (29 de março), organizou na costa de Botuí (2 de abril) a “divisão do
Norte”, comandada pelo General Francisco Rodrigues de Lima, somando, com a coluna
de Uruguaiana, do General Hipólito Ribeiro, seis mil homens161 das três armas; e a 3 de
maio se chocou com o inimigo nas margens do arroio Inhanduí.162

O ENCONTRO DECISIVO

Senhoreando as campinas entre Alegrete e Uruguaiana, os federalistas deviam defender-se


na linha do Ibicuí das tropas que confluíram de Itaqui, São Borja, São Luís, com os
regimentos policiais e o 30º do exército (Coronel Artur Oscar). Dominado pela estância
da Palma, onde aquartelou o Estado‑maior revolucionário, o passo de Inhanduí era para
ambos os exércitos o caminho inevitável. Tomaram os invasores a iniciativa,
atravessando-o, e atacaram a Divisão do Norte antes que a ela se incorporasse, com três
regimentos montados e alguns canhões de antecarga, a coluna de Hipólito, que de
Uruguaiana, onde Gumercindo a ameaçara, retirava para Itaqui. O primeiro momento do
combate, em que a vantagem topográfica e o ímpeto da acometida os favoreceram, foi
formidável, sem que cedesse, firme no solo, a infantaria do 30º (da Bahia), que, em
quadrado, resistiu à carga dos lanceiros, nem os esquadrões legalistas afrouxassem o fogo.
Seriam compelidos a retirar, quando se apresentou, ao meio-dia, marcando a fase decisiva
da refrega, a gente de Hipólito. Continuou até ao entardecer, por cinco horas de
desperdício de munição, esgotados os dois lados na fúria da ação inconclusa, que não
poderiam sustentar noite adentro, exaustos. Os federalistas repassaram então o Inhanduí,
sem vozes de derrota, é certo, porém com os planos frustrados.

Travara-se a mais encarniçada batalha da revolução: o castilhismo, satisfeito com a


prova, gritou o seu triunfo.163

Contramarchou a tropa insurreta em três colunas (Tavares, Coronel Salgado,


Gumercindo), duas pela Serra do Caverá em direção do território oriental, onde,
acossadas pela Divisão do Norte, dispersaram (6 de junho), e a última, levando tudo de
vencida, para Encruzilhada, Caçapava e Lavras.

GUMERCINDO

Iniciara Gumercindo, com meio milhar de homens, a marcha através do Rio Grande, que
o levaria, de arremesso, pelos serros de Santa Catarina e campos do Paraná...

Foi o mais famoso dos caudilhos de 93.

O seu caso é representativo desse tipo de guerrilheiro e chefe.

A sua biografia resume os sentimentos de que se constituiu — somando as vinditas


rurais — a revolução, com os seus “heróis e bandidos”.164

Natural do Arroio Grande, portanto rio-grandense, mas de fala castelhana, educado e


afazendado no Uruguai, pátria dos irmãos (o mais destacado, Aparício Saraiva),165 tomara
armas nas sublevações orientais de 1870 e 1875; de lá, perseguido, se passara ao Brasil,
tivera em Santa Vitória do Palmar posições de mando...166 Ainda em 4 de agosto de 1889 o
conselheiro José Francisco Diana, Ministro de Estrangeiros do gabinete Ouro Preto,
escrevia a um correligionário liberal: “Vi a nomeação do nosso Gumercindo para
delegado de polícia. Acertadíssima nomeação”. E recomendava: “Não me deixem derrotar
aí pelos conservadores e republicanos. Aperte o trabalho por Santa Vitória. O
Gumercindo Saraiva que desenvolva a acostumada atividade, faça valer a sua influência e
afaste conservadores, se os não puder levar à urna. Insistam com os republicanos para que
voltem ao grêmio liberal”.167 Caiu, com o regime, e Gaspar Martins. Porém como se caía
naqueles lugares e naquele tempo: humilhado e preso pelos adversários intolerantes, que
pagavam à vista as tropelias passadas (“afaste conservadores”). Fugiu da cadeia, tornou ao
país vizinho, chamou às armas parentes e amigos, numa leva de broquéis que estendeu o
belicoso tumulto por toda a fronteira — e se engajou na luta política do Rio Grande.
Transformou-se — à testa de centenas de gaúchos de poncho, lança, boleadeira, chiripá e
divisa escarlate,168 reencarnação tempestuosa das cavalgatas farroupilhas, pela mesma
planície em que se tinham plasmado juntas a bárbara personalidade do caudilho e a sua
vocação estrondosa da guerra e da liberdade — no lendário chefe dos “maragatos”. A
admiração fácil da corte deu-lhe um apelido: Napoleão dos pampas...

Aparício, este seria El General: os blancos dele fizeram, com literatura e bronze, um
herói da pátria.169

A revolta da Esquadra abriu a segunda fase às operações do Rio Grande.

AVENTURA DE WANDENKOLK

O Almirante Wandenkolk decidiu salvar a revolução federalista tomando, por um golpe


de audácia, o porto do Rio Grande, com o que cortaria a rota de abastecimentos do
governo. Em carta que a 20 de julho de 93 escreveu a Rui Barbosa, minudenciou a
aventura. Sabia que a cidade era guarnecida apenas com uma ala do 29º de infantaria e
algumas peças de campanha. Contava que Gumercindo dela se aproximasse, quando
estivesse com o seu navio sobre a barra: e, na surpresa deste cometimento, ganharia a mais
fácil e completa vitória anfíbia, “o termo da luta”...170 Assim imaginou e fez. Embarcando
com o nome trocado para o Prata, passou-se, com um grupo de revolucionários, para
bordo do vapor Júpiter, quando este de Buenos Aires saía para o oceano, obrigou o
comandante e a tripulação a lhe obedecerem, armou-o com duas metralhadoras, meteu
nos porões 460 carabinas para o Rio Grande. Na véspera de sua entrada o Coronel
Laurentino Filho, com uns trinta homens, lograra apoderar-se do vapor Itália, que levava
para Porto Alegre valioso carregamento de armas e munições. Foi o único auxílio efetivo
que teve Wandenkolk: porque tomou a canhoneira Camocim, que saíra a reboque de
outro pequeno navio para lhe dar combate, chamou à fala os demais navios que havia no
ancoradouro, mandou desembarcar um contingente em São José do Norte, mas verificou
que seria impossível conquistar a cidade, porque todo o apoio de terra não passava da
escassa gente de Laurentino. Detido no Jaguarão, Gumercindo retardara-se: não havia
esperança de que chegasse. A resistência governista cresceu, rápida e espessa. A artilharia
começou a bater a flotilha. De medo a um desastre, desiludidamente, o almirante (a 12 de
julho) suspendeu as operações e fez-se ao mar.171 Do Rio de Janeiro partira o cruzador
República para aprisioná-lo. Encontraram-se em Santa Catarina. Não resistiu. Foi
transportado para a capital federal, a fim de ser sentenciado com a severidade, ainda
inédita, de um julgamento emocionante.

Fora declarado “pirata” pelo governo. Mas era o presidente do Clube Naval — eleito em
acinte a Floriano, como expressão arrogante da classe; e foi ela que moralmente se sentou
a seu lado, no banco dos réus. A causa de Wandenkolk converteu-se num desaire para a
Marinha, cujo estado de espírito pressagiava a exasperação e o levante.

VIII: REVOLUÇÃO DA MARINHA

ANTECEDENTES DA INSURREIÇÃO

O processo a que respondeu Wandenkolk consternou a sua corporação. Senador da


república, permaneceu preso sem que o governo disto notificasse o Senado, o que fez dez
dias depois, e para lhe atender ao protesto. Julgado inicialmente por um Conselho de
Guerra de três velhos almirantes, decidiu este que não houvera flagrante do crime, aliás
político e não militar. Apelou Rui Barbosa para o Supremo Tribunal, requerendo
habeas‑corpus em favor dos civis envolvidos na sedição. Marcada a audiência para a
apresentação deles, o governo se recusou a cumprir a ordem e os libertou 49 horas depois
da concessão do habeas‑corpus, sem deixar de replicar à alta corte com um ofício
impertinente. Por sete votos contra seis (índice da indecisão dos magistrados) aprovou ela
a proposta do Ministro José Higino, para que se não tomasse conhecimento do ofício...172
Por 25 votos contra 23 concordou o Senado, corresse pelo foro civil o processo de
Wandenkolk. Desfechou Rui outro pedido de habeas‑ ‑corpus, desta feita denegado por
nove contra três: e Floriano mandou que o julgamento andasse pelo juízo secional de
Santa Catarina... A negativa do Supremo foi de 30 de agosto. Na manhã de 5 de setembro
publicou-se o veto ao projeto de lei que, a pretexto da reforma eleitoral, declarava
inelegível para a presidência o vice-presidente do quatriênio anterior. A proposição visava
a impedir que Floriano — inevitavelmente, entusiasticamente elegível nas atuais
circunstâncias — se perpetuasse no poder. O seu veto pareceu a confissão do
“continuísmo”. Custódio não esperou mais. Na mesma noite içou a bordo do Aquidabã a
bandeira da revolução.173 Todos os navios surtos no porto, três encouraçados, quatro
cruzadores, sete torpedeiros, nove vapores... aderiram ao movimento.174
Calculou-se, ao amanhecer 6 de setembro,175 que a intimação pusesse abaixo o governo.
Ilusão! Cairia se não contasse com a guarnição militar, o que todavia não bastava.
Contava com a vivacidade, a paixão da “idéia”, em que pouco e pouco se metera,
compondo o prestígio inabalável da autoridade: a idéia republicana.

Deodoro não agüentara o repelão dos marinheiros porque a má política, com o erro da
dissolução, alienara o apoio de todos os grupos. Fundador do regime, não pudera
solidificá-lo; chefe constitucional, rompera com a lei; decepcionado, doente, confessara-se
sem fé... Floriano, não. Apoderara-se do “princípio”, criara a mística, manejara a
propaganda, cujo tema era a república em perigo, o sebastianismo à porta; servido pelos
fatos, lá estava, fleumático, inquebrantável nas reservas do heroísmo sem gestos. Tinha
por si a mocidade militar; esse fanatismo jacobino176 que se tornara a força das ruas; a
maioria do exército, convencida de que o parlamentarismo de Gaspar, no Rio Grande, a
reação, no Rio de Janeiro, a revolta da Esquadra significavam... a restauração. E
mobilizara a guarda nacional.177

CONSULTA À NAÇÃO

É tempo de perguntar: sobreviria a restauração com o êxito da Armada?

Dúvida não há que a revolta só descobriu a índole simpática à restauração com o


manifesto do Almirante Saldanha, que aderiu em dezembro. Mas havia um compromisso
entre os seus inspiradores. Era a “oportuna consulta à nação”.

Opor-se-ia Rui à revocatória mediante essa “consulta”? Não; pois se fartou de dizer no
Jornal do Brasil (e repetiria nas Cartas de Inglaterra) que se contentava com o governo
representativo — transigindo portanto com a forma parlamentar, dos gasparistas — e o
“regime jurídico da liberdade”.178

O apelo à nação, que dissesse as instituições que preferia, estava, por outro lado, nas
confidências do partido monárquico, que não deixariam de orientar (e explicam) atitudes
surpreendentes, como a de Saldanha.

A Princesa Isabel, a quem os “restauradores” continuavam a considerar sucessora da


coroa, concitara João Alfredo a não confiar em “golpes de força”; definira-se. “O senhor
conhece meus sentimentos de católica e brasileira. Não duvidará pois que uma vez que a
nação se pronunciar por convicção geral pela monarquia para lá voltaremos”.179 Foi o
pronunciamento que Gaspar e Saldanha exigiram. Aquele não acreditava na restauração;
este, por ela daria a vida.180 Positivo é que os sebastianistas se alistaram no partido da
revolta; com o marechal ficou a excitação republicana. “No Brasil” — observou Rui no
Jornal a 24 de julho — “presentemente só há dois agrupamentos políticos naturais: o dos
que fraternizam com a ditadura e o dos que lutam pela Constituição”. Como os
monárquicos estavam contra a ditadura, logicamente se classificavam entre os “da
Constituição”... A imprensa completou a preparação psicológica, desenvolvendo a
propaganda da “república” traída.

Jacobinos, às armas!

INTERVENÇÃO ESTRANGEIRA

É certo que tudo isso não evitaria um grave abalo se a esquadra aterrorizasse a cidade com
os grossos canhões, e lavrasse a desordem. Floriano tinha, porém, o adequado elemento
de proteção, que era a diplomacia. Dirigia-a o secretário-geral do ministério, Visconde de
Cabo Frio.181 Rebeldes, com poderosos recursos, ameaçavam a cidade aberta, onde a
autoridade, mundialmente reconhecida, se identificava com o patrimônio e a vida dos
cidadãos... Carlos de Carvalho (e o marechal chamou-o por isto para Ministro das
Relações Exteriores, cargo que exerceu por 17 dias), publicou no Jornal do Comércio, de
11 de setembro, um artigo severo: “Defesa da cidade pelo direito internacional”. O
governo, prendendo-se à argumentação, insinuou às forças navais estrangeiras presentes
no Rio (ingleses, italianos, portugueses, alemães, franceses) que se opusessem às
operações contra a capital, pelos prejuízos que causariam a seus nacionais. A 16 de
setembro começou a “intervenção” (como diz Nabuco) com o apelo daqueles
comandantes para que Custódio se “abstivesse” “de toda operação” cujo alvo fosse o Rio
de Janeiro.182 De início, pois, ficava com o objetivo frustrado. Podia bloquear, mas não
canhonear a cidade ou investi-la, num ataque pesado... Interpunha-se a frota
internacional! Era apelo. Tornou-se ultimatum (30 de setembro) — quando o governo
inglês ordenou a seus representantes em Lisboa, Paris, Roma, Berlim, Haia e Washington,
pedissem instruções para os navios surtos no Rio de Janeiro, a fim de “se oporem por
todos os meios, de mútuo acordo e chegando mesmo ao emprego da força, ao
bombardeamento da cidade”.183 O Foreign Office antecipou-se à atitude que assumiram
os Estados Unidos.

O ministro do Brasil em Washington, Salvador de Mendonça, soube pôr em brios o


“monroísmo”: e quando o secretário de Estado, Greshan, parecia concordar com a vitória
da revolução (análoga, talvez, à que, no Chile, depusera Balmaceda) dele obteve todo o
auxílio para a “legalidade”, a fim de que os ingleses não explorassem — foi o argumento!
— a oportunidade de ajudar a restauração da monarquia na América...184

Aliás o ministro americano no Rio, transmitindo em 3 de outubro o pedido de Floriano,


para comprar dois navios de guerra, dizia que ele tinha provas de que a tramavam os
rebeldes.185 E em 10 de outubro, nervoso: “It is rumored that an attempt will be made to
restore Monarchy”.186

Vale dizer que, para impedir a intromissão européia, e reforçar a sua posição no
continente, o State Department passou de espectador a aliado. Ordenou as três
providências que mais interessavam ao marechal: permissão para a venda de navios ao
governo, aumento da sua flotilha no Rio e ordens ao novo comandante (destituído o
primeiro, por ter trocado cumprimentos com Custódio) para garantir o desembarque de
mercadorias transportadas em barcos norte-americanos, o que importava a suspensão do
bloqueio — nem que fosse preciso empregar a força. Os Estados Unidos intervinham...
Realmente, às três belonaves que em dezembro ali estavam, se juntaram em janeiro, sob o
comando do Almirante Benham, dois cruzadores pesados.

Entre a Marinha insurreta e a capital interpôs-se essa muralha de aço; porque a agressão
para os lados de terra quebraria o compromisso de não a hostilizar!187

O FRACASSO DA REVOLTA

À luz destes fatos compreende-se a ineficácia da sedição, cujas possibilidades se esgotaram


entre 6 de setembro e 3 de outubro.

É certo que a 13 de setembro a artilharia de bordo experimentou as baterias de terra,


principalmente as fortalezas de Santa Cruz e São João,188 e, tomada de pavor a população
refluiu em massa para os subúrbios. Observação indispensável: poucos tiros acertaram.
Explica-se: careciam ainda as fortalezas de canhões modernos; e os seus poderosos
Armstrongs não tinham a precisão dos da esquadra, que, por sua vez, queria mais
intimidar do que demolir. Chega-se a pensar se de ambos os lados houvesse realmente a
intenção de se destruírem — com pontarias cuidadosas —, os estragos teriam sido
consideráveis: e foram escassos. O naufrágio do Javari, metido ao fundo por uma bala do
Forte de São João, foi a perda mais grave dos revoltosos.

Em breve as salvas e o crepitar esporádico da metralha na baía deixaram de ser uma


calamidade, para se transformarem num espetáculo. Com que calma ironia anotou
Machado de Assis: “Pela segunda vez desci na praia da Glória a pretexto de ver o
bombardeio!”.189

Depois do ultimatum a cena ficou mais longe; a cidade respirou; e Floriano tratou de
retirar aos insurretos os meios de manutenção.

Impedidos de desembarcar no Rio, só lhes restava tentá-lo na margem oposta, onde


havia depósitos de carvão e material bélico. Custódio esboçara um assalto a Niterói em 8
de setembro. Desistiu ante o fogo nutrido. Perdeu tempo, não se apoderando logo dos
estabelecimentos desabrigados. A curiosa atitude de Saldanha foi-lhe propícia de começo
porque — incompatível com ele, mas oposto a Floriano — se dissera neutro, com os
alunos da Escola Naval, na sua ilha.190 Estendera a absurda neutralidade às de
Villegaignon, em que aquartelavam os fuzileiros, e das Cobras, em que funcionava o
hospital. Evitou que o governo fizesse delas o seu baluarte, contra a Armada; resguardava-
se. Não impediu a adesão de Villegaignon à revolta, em 9 de outubro. Nem, por mais que
proibisse aos alunos a saída da Escola, obstou a que muitos, fugindo, fossem
entusiasticamente meter-se nos navios. O levante era de toda a Marinha; e arrastava
Saldanha. Floriano tratou-o habilmente. Mandou primeiro que licenciasse a escola.
Respondeu que não: seria extinguir o ensino, e a corporação. O marechal, paciente,
respeitou-lhe a resistência; e deixou que se abastecesse em terra. Sabia que acumulava
víveres e munições; e acabaria entrando na luta. Porém quis adiar-lhe o pronunciamento.
Protelou-o Saldanha até 9 de dezembro. Floriano tinha razão. Os dois almirantes
detestavam-se; um não se submeteria ao outro. Enquanto comandasse um, o outro ficaria
de fora. Combinaram dividir as forças.

E somente depois disto jogou Saldanha na revolução todos os seus recursos.

CHOQUE DE IDÉIAS

O manifesto de Saldanha é de 9 de dezembro. Condenando o estado de coisas a que


chegara a nação, prometia consultá-la, em plebiscito, sobre o regime que lhe desse
tranqüilidade e união. Atribuía os males existentes ao que sucedera de 15 de novembro de
1889 em diante. Nas entrelinhas sobressaíam-lhe as convicções: sem falar da volta do
império, na realidade sorria à hipótese, invectivando as desordens que sobrevieram à sua
queda. Para os sustos da opinião civil, que se cindira em partidos, legalidade e revolução,
tanto valia o manifesto do almirante como a doutrina de Gaspar. O que fosse contra o
jacobinismo tinha o mesmo peso. O triunfo pacificaria as idéias. Mas os iniciados no
pensamento revolucionário perceberam a distância que os separava. Gaspar contentara-se
com a república parlamentar, e exigindo menos, se satisfaria com a observância, no Rio
Grande, da Constituição Federal, sem o “comtismo” castilhista. Rui, os republicanos
incompatíveis com a ditadura, embora aceitassem todas as conseqüências do conflito,
paravam, cautelosos, nessa reivindicação. Pugnavam pela verdade democrática. Mas os
monárquicos pediam uma regência: e Saldanha era o seu homem. Registrou um deles, no
seu diário: “É um raio de luz a uma prisão que nos chega hoje a nós, monarquistas”.191 E a
imprensa gritou, retumbante: os restauradores desmascaravam-se!192 Debalde Saldanha
emendando-se, no manifesto de 20 de dezembro deu “vivas à república civil”.

Tinham desaparecido os jornais da oposição; qualquer notícia a ela simpática importava


a prisão do autor, a eliminação da folha; austeramente, o Jornal do Comércio, para não
servir de cartaz à ditadura, decidira calar sobre a revolução. Não publicava nada! O
Tempo e O País, este com “a exposição metódica e lúcida” de Eduardo Salomonde e os
editoriais dirigidos à mocidade republicana193 — exultavam em libelos convincentes: o
sebastianismo guerreava a liberdade...

CONQUISTA DO DESTERRO

O projeto das novas operações envolvia, com junção de forças, o socorro federalista.

Destacara Custódio — a 17 de setembro — o República, sob o comando do Capitão-de-


mar-e-guerra Frederico Guilherme de Lorena, para tomar Santa Catarina e ali criar um
governo provisório. Daria com isto ajuda à rebelião rio-grandense; e tornaria possível o
reconhecimento da sua beligerância pelas nações estrangeiras. Adquiriria uma base
territorial. A Lorena correu fácil a missão: acompanhado do Palas e da torpedeira
Marcílio Dias (a que se seguiram, em outubro, os vapores Meteoro e Uranus), surgiu
ameaçadoramente em frente do Desterro.

Não havia em terra elementos sérios de resistência. Canhões que das velhas fortalezas
responderam à artilharia moderna da esquadra, contavam-se três: o resto era de alma lisa,
dos tempos coloniais, peças inservíveis adormecidas nos parapeitos da época de Dom João
194
V... Serra Martins, comandante do distrito, na suposição de que o República não
pudesse aportar no Desterro devido ao seu calado, saiu com uma pequena força a tiroteá-
lo na enseada de Canasvieiras. Mas o navio, deixando esse fundeadouro, varou a barra e se
apresentou, imune, em frente à cidade. Reuniu-se o Conselho de Guerra, dominado pela
figura veneranda do Marechal Barão de Batovi, que se declarou adversário de Floriano, e
recomendou a rendição. Serra Martins em vão se opôs; e acabou consentindo em mandar
a bordo uma comissão, que registou, em ata, a entrega da praça (30 de setembro). O que
se seguiu foi um movimento geral de adesão a Lorena, que a 14 de outubro se investiu
na... presidência provisória da república. Nomeou Ministro da Guerra o Dr. Aníbal Elói
Cardoso. Desterro passava a ser a capital interina do país! A revolução tinha enfim o seu
núcleo administrativo, um porto e uma direção! De pouco serviu; ou antes, foi pior.

Chegaram, vindos do Prata, os delegados revolucionários, Seabra, Francisco da Silva


Tavares, Antunes Maciel. Transportou o Íris, de Laguna para a Ilha de Santa Catarina, os
mil homens do Coronel Salgado. Mas os chefes se desentenderam. Acusou Gaspar
Martins, três anos depois: “O Almirante Melo combinou comigo um governo e depois
aceitou o inqualificável governo que, sem sua ciência, se ergueu em Santa Catarina, e nem
mais se comunicou comigo. Esse governo era a discórdia; não só guerreava a revolução do
Rio Grande, mas também a Saldanha no porto do Rio de Janeiro”.195 Escreveu, zangado, a
Custódio. Este, para contornar a crise, decretou que ficaria a presidência em junta, de
Lorena, Maciel (representando Gaspar) e o Tenente Manuel Joaquim Machado (por Santa
Catarina).196 As iras federalistas voltavam-se porém contra Aníbal Cardoso, positivista, do
grupo de Demétrio Ribeiro, adversário de Gaspar, Rui, e seus aliados liberais...197 Um
fracasso.

Mais do que nunca — entretanto — os rio-grandenses, rebelados contra Castilhos,


tinham o direito de influenciar a situação que ali se formara: porque Joca Tavares voltara
à luta.

DO RIO NEGRO A BAGÉ

A segunda invasão federalista de Joca Tavares foi precipitada em agosto pela intimação
das autoridades uruguaias (sob pressão diplomática do Brasil) para que o general exilado
deixasse a região fronteiriça. Com as poderosas forças que de novo reuniu (Coronéis Joca
Tavares, Cabeda, Pina, Estácio Azambuja), procurou localizar as que o Marechal Isidoro
Fernandes de Oliveira — comandante do exército estacionado em Bagé — expedira para o
Rio Negro, em cobertura da fronteira (e das comunicações desta com Pelotas e o Rio
Grande). Numa hábil convergência de destacamentos entusiastas conseguiu cercá-las nos
acampamentos de Santa Rosa perto daquele rio, onde, após uma série de sangrentas
sortidas, capitulou a tropa governista, com o Marechal Isidoro e a sua oficialidade. Foi isto
a 28 de novembro (de 93). Manchou a vitória o sacrifício dos prisioneiros, terrível
carniçaria de nefastas conseqüências para a revolução.

Começou a sofrê-las no sítio de Bagé, que durou, prolixo e ineficaz, de 24 de novembro


a 7 de janeiro.

Em substituição do marechal, tomara a chefia da guarnição federal o Coronel Carlos


Teles. Dispunha de mil homens (o 31 de infantaria como casco dessa tropa heterogênea),
alguns canhões, víveres para menos de um mês... Alcançavam cinco mil os rebeldes, que
fecharam as saídas da cidade e procuraram apoderar-se dela em escaramuças e ataques,
repelidos, na boca das ruas, pelas trincheiras intransponíveis. Há entre o cerco de Bagé,
com Carlos Teles, e o da Lapa, com Gomes Carneiro, uma analogia de táticas, recursos,
episódios, furor e perseverança, que os erigem em páginas de igual colorido militar, como
pontos culminantes da insurreição federalista. Apenas o comandante de Bagé foi mais
feliz do que o estóico sitiado da Lapa. Recebeu a tempo (quando já se lhe esgotavam
mantimentos e munições, e para alimentar a tropa tivera de abater os últimos cavalos de
serviço), o socorro da Divisão do Sul, mandada organizar apressadamente pelo governo
federal — e ao aproximar-se ela, fracassado o mais furioso assalto às barricadas,
levantaram os rebeldes o cerco.198 Levantaram-no, para retirar, Joca Tavares — vencido
finalmente pelos incômodos da idade avançada — sem saúde para continuar na
campanha, e a sua gente obrigada a pedir novamente ao estrangeiro a hospitalidade
providencial. A resistência de Bagé teve naquela preamar convulsiva o papel de um dique,
que susteve e rebateu o rolar das ondas. Extinguia-se em seguida o seu ímpeto; estava
salva a “legalidade” rio-grandense.

E a Armada?

AÇÃO DE CUSTÓDIO

A 16 de novembro, de bordo do Aquidabã, informava Custódio a Rui Barbosa, então em


Buenos Aires:
Talvez eu tenha de sair para ativar as operações no nosso litoral, e neste caso ficará tomando conta deste porto o
Almirante Saldanha da Gama. Desta forma, continuando a esquadra (a parte que aqui ficar) a trazer apertada a
garganta do tirano enquanto eu vou atacar-lhe os membros nos estados, me parece que ao primeiro triunfo sério da
revolução fora daqui não lhe restará outra saída senão passar a outrem as rédeas do governo.199

Saiu o Aquidabã (Custódio no passadiço, comandando a manobra) sob o fogo das


fortalezas, juntamente com o Esperança200 — repetindo a proeza do República —; e as
suas intenções foram pontualmente realizadas. Irrompeu por Paranaguá a 15 de janeiro,
para precipitar a queda do governo paranaense, iminente com a incursão de Gumercindo
e Piragibe através de Santa Catarina. E não teve pela frente senão uma resistência frouxa.

Que acontecia no Paraná?

IX: A JORNADA REVOLUCIONÁRIA

NO PLANALTO PARANAENSE

Para defender o Paraná, expedira Floriano o General Francisco de Paula Argolo, que,
desde o primeiro momento — em Curitiba —, percebeu a gravidade da situação. Não
havia armamento, a guarnição era reduzida, para equipar os provisórios — que o
Governador Vicente Machado fazia recrutar — só lhe mandavam velhas espingardas,
Chassepot e Minié (estas de espoleta); para os canhões faltava munição...201 Com louvável,
mas baldada atividade, tratou de organizar em Paranaguá e Antonina uma defesa
qualquer; e, com 400 homens, foi para o Rio Negro, ao encontro da vanguarda federalista.
Julgava poder atacá-la em combinação com o contingente de Artur Oscar, que devia
transpor o Pelotas, e a Divisão do Norte, de Rodrigues de Lima, ao encalço de
Gumercindo entre o Vale do Itajaí e os limites do Paraná. Operaria, outrossim, com o
apoio no destacamento concentrado em Tijucas, sob o comando do Tenente-coronel
Ismael do Lago.

Dissiparam-se-lhe as esperanças quando soube que Artur Oscar chegara com uma
semana de atraso ao litoral, por onde escapara a coluna de Salgado; que Lima e Pinheiro
tinham retrocedido de Itajaí;202 e em Tijucas a força, constringida em impiedoso cerco
(pouco mais de 600 homens) acabaria rendendo-se.203 Com medo de ser aprisionado no
Rio Negro, 400 contra 4 mil, voltou Argolo — depois de alguns tiros de artilharia — para
Curitiba.

Floriano compreendeu que era preferível nomear outro comandante, e enviou o


Coronel Antônio Ernesto Gomes Carneiro. Para a chefia do distrito, com a demissão de
Argolo, mandou o General Pego Júnior.

O primeiro, tomando a direção do contingente que Argolo levara ao Rio Negro, fez
finca-pé na Lapa, donde não saiu mais: pois com a eliminação desse obstáculo os
revolucionários entrariam por São Paulo.

O General Pego, porém, fracassou no intento de defender o litoral. Desceu a Paranaguá,


ao lhe dizerem que a esquadra forçava a barra. Recolheu-se a Morretes, donde vigiaria
Paranaguá e Antonina. Soube que os navais desembarcavam, anulando a oposição rala
com que o Coronel Eugênio de Melo os recebeu, em Porto d’Água;204 que entravam de
ímpeto na cidade, prendendo-o, numa das ruas; e apenas uma companhia da polícia
sustentara o fogo, na cadeia velha. Pensou ainda em reorganizar o contra-ataque: mas,
cético, precipitado,205 ordenou que se metesse tudo num trem, e abalou para a capital. Aí
formara-se, explicável, um ambiente de terror: e algumas pessoas notáveis, com o Barão
de Serro Azul à frente, apelaram para o general e o governador, que não transformassem
Curitiba numa praça fortificada. Na certeza de que os federalistas já rodeavam a Lapa,
cortando a linha férrea, e pela serra (mal defendida por uma patrulha) podia, de uma hora
para outra, investir Custódio de Melo, o general deu ordem para a retirada. O comboio
não passou de Serrinha. Temeu-se que o capturassem: e, tornando a Curitiba, dali
partiram os retirantes, cerca de 600 — que podiam ter salvo a Lapa, se fossem sérias as
disposições de luta — para Itararé e Sorocaba.206 Numa caravana veloz, fugitiva... A 20 de
janeiro entrou Custódio, de trem, como um triunfador, na capital paranaense e foi abraçá-
lo, na segunda capital conquistada pela revolução, o “General” Gumercindo, cuja
cavalaria encerrara, no perímetro da Lapa, em anfiteatro sobre os campos‑gerais, por
todos os lados aberta ao assalto, o Coronel Carneiro e os remanescentes da desbaratada
força federal de Santa Catarina e do Paraná.

Daí aos lindes de São Paulo, era um pulo... Porém tinham de passar sobre aquele reduto
isolado: e, neste, a honra das armas manteve de pé a resistência inabalável.

Foi o que mudou o destino da guerra.

A RESISTÊNCIA DA LAPA

Malogrou-se o plano de Custódio e Gumercindo pelo tempo perdido no cerco da Lapa. A


defesa dessa cidade aberta, em torno da qual os esquadrões rebeldes apertaram os anéis de
fogo sem conseguir estrangulá-la, num assédio prolixo e desnecessário, salvou a
“República de Floriano”. Errou Gumercindo — o que lhe valeu a derrota e a morte —
insistindo em tomar a Lapa. Se a deixasse à retaguarda, e galopasse pelos campos‑gerais,
para Itararé; se invadisse São Paulo, antes que os reforços legais lhe fossem ao encontro, e
espalhasse, até Sorocaba, o clamor da revolta, transtornaria as esperanças do governo: e
talvez ganhasse a guerra. Não esqueçamos que o governo tinha Saldanha à ilharga, pronto
a entrar na capital amedrontada sob a mira de seus canhões; e que a expectativa do povo
traduzia, numa indefinível desconfiança, um sobressalto imenso... O Coronel Carneiro
não cedeu, não recuou, não parlamentou. Tinha, contra uns 4 mil, 750 homens, incluídos
os “patriotas” do Coronel Joaquim Lacerda, chefe local. A medula dessa força eram os
grupos do 17 de linha, do regimento de segurança, do 3º de artilharia e do 8º de cavalaria.
Compunha-lhe o Estado-maior um conjunto de valentes oficiais: Coronel Carlos
Napoleão Poeta, Tenentes-Coronéis Emílio Blum e Constantino Pereira da Cunha,
ajudante-de-ordens Capitão Homembom, ajudante-de-pessoa Alferes Arsênio. Dirigia os
abastecimentos o Major Filipe Schimidt. Carneiro separou-a em duas brigadas, a regular,
sob a chefia de Serra Martins (que, não cumprindo os termos da capitulação do Desterro,
se incorporara aos defensores de Tijucas e viera, batido, à Lapa), e a de voluntários, às
ordens de quem os apresentara, o Coronel Joaquim Lacerda. As avançadas chegaram a
alcance de tiro em 15 de janeiro; os pequenos canhões da Lapa os saudaram a 16; a 17
começaram as escaramuças. O engenheiro Gonçalves Júnior traçou as linhas de
trincheiras. Nelas a resistência foi inquebrantável, até 7 de fevereiro, quando, dentro já da
cidade, os federalistas acertaram as balas no grupo que equipava uma das peças de
artilharia. O Coronel Carneiro a elas se expôs, para socorrer um dos seus oficiais, e foi
atingido duas vezes. Levado para a residência do médico, que atendia zelosamente aos
defensores da praça, Dr. João Cândido, verificou este a gravidade das feridas. Morreu a 9
de fevereiro.

Extinguiu-se com ele a flama que animava a luta.207 Esmagada nas tenazes do cerco,
cortadas as comunicações com o exterior, sem alimentos nem munições para a
prolongação indefinida daquele espetáculo de heróica teimosia, a praça rendeu-se no dia
11, com a promessa de respeitarem os vencedores vidas e bens dos vencidos. Em verdade,
sacrificara a revolução as suas possibilidades nessa demora fatigante, presa às dobras desse
terreno ensangüentado por um episódio solitário de honra militar, enquanto tudo a
solicitava para os caminhos do Norte; e quando dali se despegou, mal consolada com os
troféus do êxito caro, era tarde. As suas vanguardas alcançaram Castro e Jaguariaíva.
Surpreendeu-as a notícia de que 5.800 homens estavam a desembocar na passagem de
Itararé: e de medo a chocar-se com eles, retrocederam — não mais para os ondulados
campos de Curitiba, porém, em retirada franca, para a serra catarinense, e o Rio Grande.

X: FIM DA LUTA

A REVOLUÇÃO CONDENADA

E Saldanha?

A esquadra norte-americana, ancorada na Guanabara, impediu-lhe — com o tiro de


advertência208 — a visita aos navios mercantes de sua nacionalidade, abarrotados de
material encomendado pelo governo. Com isto, cessava o bloqueio. Se quisesse impo-lo,
atirar-se-ia aos cruzadores yankees; suspendendo-o — renunciava à eficiência da
insurreição, reduzida desde já a uma demonstração inócua de força diante da legalidade
robusta. Tinha outro inimigo: o tempo. O governo confiava na esquadra que adquirira
nos Estados Unidos e na Europa, e que, concentrada na Bahia, sob o comando do
almirante reformado Jerônimo Gonçalves, estava incumbida de cortar a retirada aos
navios rebeldes, quando — desistindo do combate — pretendessem recolher-se aos portos
do Sul.209

Os insucessos militares de Saldanha não pararam mais. Faltou-lhe a Ilha do Governador,


conquistada por uma expedição às ordens do General Silva Teles, que morreu dos
ferimentos recebidos na batalha do Jequiá, e do Coronel Moreira César. Não pôde evitar a
destruição dos depósitos das Ilhas do Viana e Mocanguê. Decidiu jogar a cartada final —
empenhando na tomada de Niterói, em 9 de fevereiro, as forças disponíveis. Jogou e
perdeu.

O COMBATE DE 9 DE FEVEREIRO

De surpresa, naquela antemanhã, sob a proteção dos canhões da frota, desembarcou a


maruja em quatro diferentes pontos. Eram quatrocentos homens, sob o comando do 1º
Tenente Antão Correia da Silva e a direção pessoal de Saldanha, que pôs pé em terra com
os primeiros escalões de ataque. Tomadas de assombro, as guarnições da Armação e da
Ponta da Areia bateram em retirada, abandonando as baterias. Vitoriosos nesse encontro
inicial, afluíram os navais para as ruas que conduzem à cidade. Mas o General Francisco
de Paula Argolo, que a comandava, confiou ao Tenente-coronel Fonseca Ramos a contra-
ofensiva, dando-lhe tudo o que tinha, e eram os batalhões policiais, os da guarda nacional,
os de voluntários 23 de Novembro e Benjamin Constant, entre 2 e 3 mil homens, que
dividiu em duas colunas, uma para recuperar a Ponta da Areia, a outra a Armação. Vendo
crescer sobre eles essa tropa, recuaram os marinheiros para aquelas posições, e
contiveram, com o fogo de bordo, a fuzilaria, repetidos choques a arma branca, três
assaltos que visavam a desalojá-los do outeiro do Laboratório, e praias circunvizinhas.
Não puderam evitar a junção das colunas legalistas, em movimento de cerco; e dando por
finda a missão, reembarcaram ao meio-dia, depois de sangrenta e bravia peleja em que o
próprio Saldanha — de espada desembainhada, peito descoberto, desdenhando do perigo
— foi duas vezes ferido.210 No episódio final da reconquista do Laboratório caiu varado
por uma bala o Tenente Tasso Fragoso. Foram pesadas as perdas de lado a lado. A
Marinha considerou um êxito tático esse formidável esforço dissipado numa batalha
desesperada; os florianistas o reputaram uma vitória. Diz um dos biógrafos do almirante
que ele se regozijou pela destruição da maioria das peças que, daquelas praias, o
hostilizavam, achando que fora completo o sucesso das suas armas.211 Alegou depois, se
tivesse mais quinhentos homens entraria em Niterói.212

PLANOS E INSUCESSOS

O combate, e esta confissão, explicam o seu plano, que era ocupar uma base de
reabastecimento, criar aí a convergência de recursos, e, com os que lhe fossem do Sul,
irromper pela capital federal. Apoderar-se-ia de Niterói com 400 marinheiros? O fracasso
seria inevitável; nem lhe chegaram os sonhados contingentes do Sul. Na realidade o
desembarque de 9 de fevereiro lhe extinguiu as ilusões de uma vantagem qualquer sobre
os florianistas. Provou-lhes o poderio bélico, a superioridade numérica, a firmeza. E já se
anunciava a chegada da esquadra governamental, sob o respeitável comando do
Almirante Jerônimo Gonçalves,213 com armamento suficiente para engarrafar os navios
que se deixassem ficar à espera...

Imaginou Saldanha (embalado algum tempo com a esperança do retorno da esquadra de


Custódio com uma divisão federalista, para tomar o Rio de assalto...)214 interceptar, na
Bahia ou no Recife, a frota legalista, pelo Aquidabã e pelo República. Convinha-se que a
entrada de um desses navios nos portos do Norte derrocaria automaticamente o governo
local. Cairia, sem mais nada, naqueles redutos históricos do liberalismo e do
conservantismo... Os sucessos de Pernambuco autorizavam a suposição. Lá aparecera o
Sargento Silvino de Macedo, em missão misteriosa... O homem do destino foi Joaquim
Freire — espécie de personagem protéico, que, por singular coincidência, surge na crise
deste período no Rio de Janeiro, metendo-se como adepto da revolta entre os seus
corifeus, no Recife, a perseguir a sombra de Silvino, no Paraná, a organizar as listas das
execuções... Floriano Peixoto não teve na sua milícia de irredutíveis um Javert mais tenaz.
Fê-lo major honorário, patente que se lhe tirou em 1897, porque (última façanha) figurou
Freire entre os conspiradores, contra a vida do presidente. Casualmente viu ele na rua um
moço, que lhe pareceu Silvino. Correu a avisar o Governador Barbosa Lima. Preso,
identificado, tido logo como emissário da revolução, Silvino foi julgado sumariamente e,
por ordem pessoal de Floriano, passado pelas armas.215 José Mariano (que encabeçava o
movimento favorável a Custódio) não escapou à violência policial: esteve dez meses
recluso no Forte do Brum...216 Mas os navios não chegaram. Um desarranjo de máquinas
no República os forçou a mudarem de rumo. Foram inutilmente para Santa Catarina.
Alexandrino de Alencar, comandante do Aquidabã, recebeu ordem de Custódio
(contrariando a de Saldanha) para ir juntar-se a ele. Assim as duas belonaves — deixando
livre a rota da armada governista — abandonaram na Guanabara o almirante,217
condenado a render-se, se, como era inevitável, lhe fosse fechada a barra. Os barcos de
Floriano zarparam a 1o de março da Bahia, dispostos ao ataque. A insígnia do chefe ia
içada no cruzador Niterói (comprado nos Estados Unidos, e cujo famoso canhão
pneumático nunca funcionou...).218 “Baldo de munições de guerra e de boca”, sem
combustível, à espera de um encontro puramente destrutivo — convenceu-se Saldanha da
necessidade de cessar fogo. A 1º de março realizara-se o pleito presidencial, na ordem
morna em que se conciliavam as expectativas de um regime civil e a fadiga da vigília
militar. “Logo após a famigerada eleição de 1º de março” podia falar de paz, com a evasiva
de que a capitulação fora antes da política do marechal, impotente para impedir a
sucessão. Prudente de Morais seria, de qualquer forma, o contraste, dessa ditadura
desaçaimada... Afagou a idéia de asilar as suas tripulações nos navios estrangeiros.
Americanos, ingleses, franceses, italianos estavam em condições de recebê-las. Preferiu as
corvetas portuguesas Mindelo e Afonso de Albuquerque, comandadas por um nobre
marinheiro, Augusto de Castilho. Na comunhão da língua, falava-lhes o sentimento
consangüíneo, da aliança natural... Portugueses não eram estranhos!

A CAPITULAÇÃO

O dia 11 de março foi decisivo para a revolução que se extinguia.


O marechal mandou avisar aos barcos estrangeiros que deviam retirar-se da área do
porto,219 pois os revoltosos tinham sido advertidos de que, após 48 horas, às três da tarde,
as fortalezas e a esquadra — que surgira na enseada da Praia Vermelha — abririam fogo.
O Almirante Gonçalves, por seu lado, fizera o plano de combate, que consistiria em entrar
às onze da noite (ao pôr da lua), e atacar, com todo o poder de sua artilharia, e das Ilhas
Villegaignon e das Cobras, ao tempo em que as torpedeiras se atirariam aos navios
pesados de Saldanha... Este não esperou o prazo.

Por intermédio do comandante português — ainda a 11 de março —, ofereceu as suas


condições. Queria poupar (escreveu a Castilho)
maiores vexames da ordem deste que acaba de sofrer (a pátria), qual a exigência apresentada pelo corpo diplomático
de depósito prévio por parte do Marechal Floriano Peixoto de valiosa quantia ou hipoteca do território nacional,
como garantia dos interesses estrangeiros nesta capital, para lhe ser permitido romper fogo.

E pedia-lhe asilo a bordo das corvetas, para umas setenta pessoas. Castilho acedeu a este
pedido. A proposta de rendição tinha por cláusula principal a retirada da oficialidade para
o estrangeiro, com garantia de vida a inferiores e praças.

Floriano, a quem o ministro de Portugal levou o escrito, respondeu que consultaria os


ministros.

A 12, a população começou a abandonar a orla marítima.

Na manhã seguinte, ainda calado o governo sobre as suas condições, ordenou Saldanha
que fossem inutilizados os armamentos de bordo e de terra, e, com surpresa de Castilho e
da marinhagem portuguesa,220 recolheu, com quantos o desejaram, à Mindelo e à Afonso
de Albuquerque — para cima de quinhentas pessoas apinhadas num espaço que mal
chegava para a tripulação... À hora dada — três da tarde —, as fortalezas desmascararam
as baterias num canhoneio simultâneo, a que não contestaram os navios, desertos, e as
duas ilhas, despovoadas. O silêncio confirmava o fim do episódio — que assim, através de
humanitário asilo, antes que houvesse um grande desfecho, terminou atropeladamente, a
evasão misturada ao mais curioso problema diplomático.

CONDUTA PORTUGUESA

Realmente, não assentira o marechal nos termos da capitulação e exigia a entrega dos
refugiados. Para isto dispunha da autoridade da vitória, do domínio do porto, da força de
terra e mar. O próprio presidente do Conselho de Portugal, Hintze Ribeiro, conveio na
entrega. Castilho, firmado nos princípios da honra, negou: o seu dever era levar a
salvamento os que se tinham abrigado sob a proteção da sua bandeira. Com exímia
dignidade — e desconforto — apesar da intimação, para que aguardasse a solução do
litígio, navegou com eles barra afora, em direção do Prata. Afrontou um instante o perigo
de uma catástrofe: se se pusessem a canhonear os seus pequenos navios de madeira. E
arrostou duas ordens de protestos: dos asilados, que lhe não perdoaram a decisão do seu
governo, de — para atender ao do Brasil — proibir o desembarque em Montevidéu ou
Buenos Aires, a fim de serem conduzidos a Lisboa; e de Floriano, que, indignado, rompeu
relações diplomáticas com Portugal. É que, dizia el-Rei Dom Carlos, com dois países
jamais poderia estar mal, a Inglaterra e o Brasil...221 Mas eram tão precárias as
acomodações de bordo que o desespero dos oficiais de Saldanha foi mais forte do que a
palavra: a maioria escapou, em lanchas ou a nado, para retomar a liberdade nas praias
uruguaias e argentinas.

Quanto ao Almirante Custódio, dispunha da divisão do Coronel Salgado, que ficara em


Santa Catarina, e dos portos do Sul, enquanto a esquadra governista a eles não chegasse.
Gumercindo deu-lhe a idéia de tentar o derradeiro esforço — capaz de mudar a face aos
acontecimentos — com a gente de Salgado e os barcos em que poderia ser levada. Se
lograsse tomar a cidade do Rio Grande, engarrafaria, na Lagoa dos Patos, os elementos
legais, e os desviaria do interior do estado, ameaçado de novo pelas colunas que refluíam
do Norte. Faltou-lhe, porém, o essencial para esta reabertura de operações: a convicção.
Os federalistas que transportava não quiseram arriscar-se ao desembarque incerto; e por
lhe escassear o necessário para uma prolongada ação naval, se limitou a surgir diante
daquela cidade, trocar com as baterias de terra alguns disparos, sondar com isto as
disposições do lugar, na esperança de um auxílio qualquer, que o convidasse a empenhar-
se a fundo; e, desanimadamente, foi desarmar na costa uruguaia.

REPRESSÃO DESATINADA

Eliminada nas águas do Rio de Janeiro a revolta, reconquistados pela legalidade o Paraná
e Santa Catarina, o capítulo final da guerra civil foi maculado por uma série de torpes
excessos, em que sobrelevou a ferocidade de alguns militares ébrios de intolerância e
paixão.

Não os justificou a reciprocidade das violências, porque a luta cessara no mar; e os seus
ecos em terra esmoreciam na distância.

Em 16 de abril, perto da Ilha de Anhatomirim, foi o Aquidabã (sempre comandado por


Alexandrino) abalroado pelo torpedo que lhe acertou a contratorpedeira Gustavo
Martins;222 e na iminência do naufrágio, com vinte metros de rombo no costado, a
tripulação o abandonou, para se embrenhar no continente, atrás das forças de
Gumercindo em retirada. Com a captura do famoso barco a legalidade concluiu o seu
triunfo. As tropas de Pires Ferreira entraram festivamente em Curitiba, onde assumiu o
comando o General Everton Quadros; e para o Desterro (que, por ato do legislativo
estadual, passou a chamar-se Florianópolis) seguiu o mais truculento dos oficiais
governistas, Antônio Moreira César,223 conhecido pela turbulência epilética do seu
temperamento exaltado, em cuja morbidez se desenhavam as intenções mais atrozes...
Com este comandante do distrito, destacado para as “operações de limpeza” na capital
federalista, era imaginar a série de criminosas execuções que lhe marcaria o despotismo.
Não desmentiu a previsão.

Acumulando funções (governador provisório e chefe da guarnição), prendeu a quem


quis, remeteu-os, com ordens sibilinas, para a Fortaleza de Anhatomirim, sinistramente
apropriada, no seu isolamento, à matança clandestina, e mandou fuzilar culpados e
inocentes, sem dar tempo aos recursos de graça, sequer a um esboço de defesa, na
brevidade de supressões em massa... As mais notáveis vítimas foram o Marechal Barão de
Batovi, que se apresentou à escolta de cadetes que o foi buscar de grande uniforme, e o
Capitão-de-mar-e-guerra Frederico Guilherme de Lorena. Circunstâncias tétricas
frisaram a estupidez do assassinato. Como o filho do barão, o Dr. Alfredo de Gama d’Eça,
a ele se agarrasse num abraço convulsivo, o comandante do pelotão deu voz de fogo, e
rolaram ambos mortos, crivados de balas.224 Lorena, ao saber que o conduziam à morte,
despiu a sobrecasaca militar, dizendo que a não queria conspurcada pelos tiros da
soldadesca irresponsável; e ofereceu o peito descoberto. Mostra-se na ilhota de
Anhatomirim o sumidouro, que, no parque, comunica com o mar, e por onde se crê que
desapareceram muitos corpos. Quantos? “Houve quem contasse na Fortaleza de Santa
Cruz 185 prisioneiros que dela não mais saíram”.225 Uma hecatombe! Não é lícito carregar
Moreira César com a culpa integral dessas atrocidades. Em sessão do Senado — a 18 de
junho de 1896 — o Barão de Ladário leu um telegrama, com estas palavras: “Marechal
Floriano — Rio — Romualdo, Caldeira, Freitas e outros fuzilados segundo vossas ordens.
Antônio Moreira César”.226 Cumpriu instruções específicas, ou as interpretou a seu
modo? A impunidade, a confiança, a fama, as considerações oficiais que desfrutou o
coronel enquanto em Santa Catarina se manteve, com o seu batalhão — o 7º de infantaria
—, dizem mais do que os papéis. Na verdade, Floriano não interveio para evitar a efusão
de sangue, que tinha o caráter serôdio da vingança, na sua capa de castigo ou expurgo:
completou a vitória com o extermínio.

No Paraná a repressão, sem atingir aquelas proporções, foi também cruel. Fez o
arrolamento dos suspeitos o secretário do General Everton Quadros, Alferes
Comissionado Joaquim Freire. Atribui-se-lhe a ordem infame para que o Barão do Serro
Azul, um irmão, quatro amigos — pertencentes ao comércio de Curitiba — fossem
passados pelas armas, de surpresa, na Serra de Paranaguá. O barão não fora
revolucionário: limitara-se a intervir em favor da praça, para a resguardar da pilhagem, e
ficara em casa, sem nada temer, quando reentraram as forças governistas. Acreditava que
o não incomodassem; e propalava a sua inocência. Foi porém recolhido preso; disseram-
lhe que iria defender-se no Rio de Janeiro; e o embarcaram no comboio, noite alta. A
viagem disfarçou a armadilha: pois no quilômetro 65 parou o trem, os soldados fizeram
que descesse, e, na beira do abismo, o abateram, a tiro e coices de fuzil, lançando o corpo
encosta abaixo daquele paredão de montanha... Na cidade alguns, como Francisco Braga,
foram fuzilados no cemitério, ao pé da cova aberta... Em Paranaguá tiveram a mesma
sorte o Major Colônia, o Tenente Pedro Nolasco.227 Os principais federalistas salvaram-se,
emigrando para Buenos Aires.
XI: O PRESIDENTE PACIFICADOR

CANDIDATO CIVIL

Enquanto Floriano empenhava todos os recursos para debelar a revolução, desprezando a


política e, com isto, a sucessão, organizou o Senador Francisco Glicério o Partido
Republicano Federal; e fácil foi concentrá-lo em torno da candidatura de Prudente de
Morais. Sagrou-a a convenção do partido em 25 de setembro de 93. Teve unanimidade de
votos para presidente; para vice-presidente, o senador baiano Manuel Vitorino Pereira
venceu o do Pará, Pais de Carvalho, por maioria de um voto. A data explica a impotência
do marechal para desviar de sua lógica os acontecimentos. Não poderia evitar o sucessor
paulista, que desde 1891, presidindo à Constituinte, e em seguida, ao Senado, era o
pretendente nato. Glicério, adotando-o, unificou a sua agremiação: possivelmente não
teria forças para vetá-lo. Mas Floriano não escondeu o ressentimento. Quando Glicério o
advertiu que o escolhido seria Prudente, negou-se a intervir, mas objetou que se
arrependeriam: seus amigos seriam perseguidos...228 Procurou desfazer o compromisso do
partido, acenando com a candidatura de Afonso Pena (que firmemente recusou), de
Rangel Pestana, do jovem Capitão Lauro Sodré.229 Em verdade só lhe serviam Sodré e
Castilhos. Prudente significava a demissão dos vitoriosos, a retirada do jacobinismo, o
epílogo da república retinta... Pergunta-se: qual então o pensamento daquele homem
enigmático?

ENIGMA

Tudo conspirava para a sua conservação no poder.

Se de um lado Carlos de Carvalho o induzira a publicar o Manifesto à nação,


convocando-a a eleições,230 do outro os correligionários — jovens militares — achavam
descabido esse rito cívico, bom para os tempos normais, agora inoportuno ou absurdo.
Respondendo, depois do pleito, a uma homenagem, declarou, sibilino: “Homem da
ordem, não turbarei a posse do eleito e seu governo, salvo se enveredar pelo caminho
errado, no que não acredito”.231 Acreditava. Na sua carta a Rio Branco, de 1911, Gabriel
Piza (ministro em Paris) conta que avisara ao governo que a França reconheceria como
beligerantes os revoltosos, se houvesse novo adiamento de eleições no Brasil...232
“Telegrafei imediatamente essa notícia ao chefe da nação e os eleitores foram
convocados”. Podia optar: a ditadura, mas instável; ou uma sossegada transmissão de
mando, após a qual a sua figura de condestável soturno do regime cresceria com as
decepções, a confusão, os últimos estertores da tormenta. Tratou mal o sucessor eleito.
Não mandou recebê-lo à chegada de São Paulo; deixou-lhe sem resposta o pedido de
audiência, para conversarem antes da posse; a esta não compareceu. Para que o Congresso
e a cidade o vissem fraco e só...233
Mas se assim encorajou o jacobinismo, logo o desprezou, recusando-se a servi-lo.

Não deu um passo para “turbar” ou perturbar a legalidade, que salvara a seu modo; nem
para a proteger — em 15 de novembro de 1894.234 Omitiu-se, numa atitude perigosa, cujas
reservas não confiou a ninguém. Cessado o seu período, ausentou-se. E nada aconteceu...
O certo é que, resistindo à tentação de proclamar-se ditador, sul-americanamente, ao som
das fanfarras, preferiu recolher-se, sem frases, à humildade de sua casa; e quando se
julgava que ia surgir, com o uniforme de gala, numa apoteose de armas e flores, levado
pela multidão, à porta do Congresso, fechada para o civil casmurro — desapareceu.

Fugiu aos entusiasmos da tropa e do povo — com astuta prudência.

Os médicos (cuja opinião a política não ouvira) poderiam esclarecer: sofria. Não tinha
saúde para continuar. Esgotara nos dias nervosos e nas noites insones da guerra civil as
energias indomáveis; e retirou-se para os ares silvestres — na estação da Divisa, a tentar a
cura tardia.

Morreu de cirrose do fígado em junho do ano seguinte.

ANTÍTESE

O fato é que, de carro de aluguel, foi Prudente prestar o juramento ao Senado, onde
cálidos aplausos o festejaram; e chegou ao Itamaraty sem ninguém para lhe tomar à
entrada o chapéu. Aberto, abandonado, sem guarda nem funcionários, fora o palácio
invadido pelos curiosos.235 Já ali estava, com os novos ministros, perplexo, quando se
apresentou Cassiano do Nascimento, Ministro da Justiça de Floriano. Com um rápido
discurso disse que o marechal lhe transmitia o poder.

A humilhação infligida a Prudente resumia a crise desfeita. Começava diminuída uma


administração naturalmente tímida. O verdadeiro dirigente era Glicério.

A sua grossa figura eclipsava o vulto severo do presidente.236

Certo, a subida ao governo do advogado de Piracicaba (o biriba, na chacota da Rua do


Ouvidor, em contraste com o marechal ) desarmava os ódios sectários, retirando à
revolução o primeiro dos seus motivos. Contava com o Congresso. A opinião afagava-o
com as suas esperanças.

Acusa-o Campos Sales de nefasto retraimento, deixando que o Congresso (neste,


Glicério) trabalhasse às tontas, fora da cooperação do Executivo distante.237 Não se
estranhe a crítica a quem, sucedendo-lhe, fez o contrário. Mas sabia o que queria. Queria a
ordem — com a lei — e a paz — com a ordem. O seu programa reduzia-se a pouco, com
paz e ordem; infringia a lógica do republicanismo triunfante (definida por Castilhos) que
era o castigo dos rebeldes, o governo forte, a supressão dos entraves que os inimigos lhe
opunham... Quem estivesse contra a punição, estaria contra Floriano. Não convinha ao
presidente cultivar os ódios, que o atingiam, e manter a mística, que o excomungava. O
próprio marechal o classificara como adversário, ausentando-se de sua posse,
desfeiteando-o com a indiferença: a sua política derivava necessariamente da afronta que
se lhe fizera a 15 de novembro de 94, quando saltara à porta do Itamaraty no carro de
aluguel, sem ninguém para lhe tomar a cartola. Os amigos seriam, por isto mesmo, os
oposicionistas da véspera; que os florianistas não lhe perdoariam a clemência, o acordo
com os réus... Lúcio de Mendonça indignava-se com a sua habilidade calada, “prudente e
demorado”.238 Não podia ser de outro modo, com Glicério dirigindo o Congresso,
comprometido com a situação anterior, as ruas agitadas pelos jacobinos, a autoridade
depreciada e débil entre o Partido, que tinha direção própria, e as forças armadas, que
haviam perdido a sua. A anistia afigurou-se-lhe o remédio: pelo menos cicatrizaria as
feridas; permitiria que capitulassem os remanescentes da revolução.

A luta pela anistia absorveu a primeira fase do governo de Prudente e, se de um lado o


reforçou, com a simpatia dos vencidos, por outro o condenou às iras da rubra
“legalidade”.

A ANISTIA

Campos Sales teve a iniciativa do projeto, que excluía os cabeças da revolução. O


presidente aceitou, emendando: anistiados seriam os que se apresentassem no prazo de
noventa dias, prorrogável pelo governo. Glicério, para não desgostar os castilhistas, correu
a impugnar e ameaçou romper.239 Prudente, fugindo a um dissídio prematuro, pediu que
o seu nome fosse afastado das discussões. Influenciaria a proposta atrás da cortina, sem se
arriscar à derrota... Mas a partir deste instante as suas relações com Glicério estavam
abaladas: não se curvaria à sua prepotência. O fenômeno político era culminante.
Simbolizava a definição do presidencialismo nas suas linhas autênticas. Até aí reinara a
ditadura, com ou sem o Congresso, a ditadura impulsiva de Deodoro, a ditadura solerte
de Floriano... Pela primeira vez o poder sem farda ia funcionar em harmonia com um
Parlamento assustado, tendo entre eles o Partido comandado por seu engenhoso
“general” — que se dizia “das vinte e uma brigadas”, porque lhe obedeciam as bancadas de
todos os estados. Um observador atilado veria nessa tentativa de “organização” o ranço do
parlamentarismo abolido: tirava-se ao Executivo a condução da Assembléia conquistada
pelo chefe da maioria, ou sua expressão monolítica. Neste caso o “taciturno do Itamaraty”
(chama-lhe Rui)240 se ocultava na sombra de um poder isolado, sem ação fora da área
administrativa, vendo de longe o turbilhão das câmaras... Os silêncios tristes de Prudente
pareciam ajustados a essa forma de presidente sem política, contrária à tendência do
regime, a gritar pela política do presidente. Dia viria em que o Jornal do Comércio
publicasse, numa “vária”, que Glicério não representava a... política do presidente. Sim;
tinha a sua. Levou três anos para reivindicá-la.

Ganhou a “batalha da anistia” pelo cansaço do Congresso, em relação aos excessos do


jacobinismo, e pelo suicídio da revolução, nos seus momentos finais. Os fatos auxiliaram-
no. Desapareceram Gumercindo, Saldanha, Floriano, este na sua casa modesta de
“vilegiatura”, cinco dias depois do combate de Campo Osório.241

Vejamos estes sucessos.

O FIM DE GUMERCINDO

Em três colunas repassaram os federalistas a fronteira do Paraná com Santa Catarina: por
Porto União (Gumercindo), Palmas (Juca Tigre) e caminho de Curitibanos (Aparício).
Mas a Divisão do Norte, que retirara do Vale de Itajaí para a Vacaria, depois de bater na
Serra de Tijucas um contingente do Coronel Salgado, apressadamente se deslocara para
Oeste, juntara-se, na colônia militar de Chapecó, ao destacamento do Coronel José
Bernardino Bormann,242 fizera retroceder no Chopim a vanguarda de Tigre (José Serafim
de Castilho), que se perdeu na floresta do Iguaçu, e forçou Gumercindo e Aparício
(reunidos em Campos Novos) a transpor a nado o Pelotas.243 No Jacuí — em Passo Fundo
— a cavalaria rebelde derrotou ainda uma coluna legalista; e se lançou à Divisão em 27 de
junho, entre Umbu e Melo. Foi a batalha do Pulador, a maior deste período. Depois de
seis horas de fogo, feridos o General Lima — comandante da Divisão do Norte — e
Aparício Saraiva, reencetaram os rebeldes desenganadamente a retirada. Acelerou-a a
convicção de que, perdida a guerra, só no estrangeiro achariam asilo. Desceu Gumercindo
— reforçado pela coluna missioneira de Dinarte Dorneles — pela estrada de Ijuí a São
Borja (paralelamente ao Uruguai); e no planalto de Carovi, em 10 de agosto de 94 —
quando se adiantou, só, para observar os movimentos do adversário, foi reconhecido por
um soldado que estivera na Lapa, prisioneiro.244 Este levou a arma à cara, e derrubou-o
com certeiro tiro.245 Morreu na carreta onde o recolheram; foi respeitosamente sepultado
pelos companheiros, num pequeno cemitério à beira do caminho.

APARÍCIO SARAIVA

Desapareceu o caudilho quando refluía para a fronteira, que lhe fora a origem e o abrigo, a
revolução federalista.

Aparício Saraiva — sucessor do irmão no comando, mas sem os seus compromissos


brasileiros — conduzia-a velozmente para Cruz Alta, correu ao longo do Ibicuí, e a 5 de
setembro, pondo-se a salvo na outra margem do Uruguai, fez supor que acabara a
campanha. Recrudesceu em breves episódios, com a incursão de Piragibe e Cabeda, a 27
de setembro, até Upomaroti, a passagem de Aparício — a 26 de janeiro, vingativamente,
pelo Cacequi, Dom Pedrito, São Luís... Retrocedeu. Desistiu. Com a volta de Aparício aos
campos pátrios (logo a sua aliança com os republicanos, principalmente, no Cati, o
Coronel João Francisco, contra os “colorados” orientais...)246 — cessaram as rumorosas
cavalgatas.
A fronteira dividiu menos do que a paixão.

Para ajudar os “blancos”, valeu-se o irmão de Gumercindo das armas castilhistas,


contrabandeadas com a complacência das autoridades — que respondiam à cumplicidade
das outras, com todas as revoltas rio-grandenses.247 Podia ser contra a lei e as normas da
vizinhança pacífica; mas obedecia à tradição, ao espírito, à realidade da região, em que se
misturavam — como os arroios na água crespa do rio limítrofe — idiomas, negócios,
famílias, ódios, ideais.

Seguiu Aparício o seu destino de indomado revolucionário, cujo epílogo, na batalha de


Masoller (1904), coincide com o encerramento de uma fase social (econômica e política)
da vida sul-americana. Essa fase começara com as levas de broquéis da quadra da
independência (precedida pela incursão aquisitiva do território missioneiro) e terminava
cavalheirescamente ao som das salvas, nos últimos arrancos da carga de lança e sabre, em
que o poncho guasca dos velhos centauros era a permanente sugestão dos farrapos de
Bento Gonçalves e dos voluntários de Joca Tavares.

Restava — remanescente deslocado desse ciclo subversivo — o Almirante Saldanha.

COMO ACABOU SALDANHA

O Almirante Saldanha recolhera-se, com a maioria dos companheiros, à hospitalidade


uruguaia. Foi em seguida à Europa, no desejo de alcançar do governo português a
libertação dos asilados da Mindelo e da Afonso de Albuquerque, que lá tinham sido
internados; e como não o deixassem entrar em Portugal, voltou ao Prata, resolvido a uma
ação desesperada. Reuniu a sua gente em Corrientes, depois em Artigas, e com uns
quatrocentos homens, dos quais, acaudilhados por Vasco Martins, cinqüenta gaúchos
lanceiros, precipitou a invasão, ao saber que o governo de Montevidéu, premido pela
diplomacia brasileira, ia ordenar o desarmamento e a dispersão dos refugiados. Investiu
pela costa do Quaraí e foi acampar em frente à barra do Quaraí-Chico, no Campo Osório.
A 24 de junho o atacaram as forças do General Hipólito Ribeiro e do Tenente-coronel
João Francisco Pereira de Sousa.248 Eram cerca de mil e duzentos cavaleiros. O plano de
defesa consistiu em sustentar o fogo ao centro, onde se entrincheirara a sua pequena
infantaria, e carregar sobre os flancos. Sucedeu, porém, o que era freqüente nos pampas: o
ardor da luta sobrepuja a prudência. Enganado pelo inimigo, que fingiu retirar, o
esquadrão de Vasco Alves lhe caiu em cima. Eis que o atropela, e arrasta de vencida, toda
a coluna republicana; com tal ímpeto que, a galope, se atirou aos entrincheiramentos.
Lembrava o episódio em que morreu o Barão de Serro Largo, em Ituzaingó... O combate
transformou-se em matança, esmalhados os fuzileiros pela campina, com a cavalaria de
rédea solta sobre eles. Saldanha teve ainda tempo de ordenar que escapassem pelas
picadas do Quaraí; e, oferecendo-se à morte, volteou com o cavalo, em direção de um
magote de lanceiros. Foi levantado na sela por um lançaço; atingido por outro — que um
Salvador Tambeiro lhe acertou —, caiu; tentou soerguer-se; o soldado, que o acometera,
novamente o prostrou, com duas cutiladas à cabeça...249

O sebastianista acabou como Dom Sebastião, no campo de batalha... Foram os


sobreviventes do recontro que deram às autoridades orientais a notícia de como ele
morrera, numa tentativa impossível de abalar a situação castilhista, em verdade vítima do
pundonor, de que fora mestre sem mácula. Esse desfecho de epopéia era digno daquele
homem: e esgotou a guerra civil. Mais uma semana, e fazia-se a paz no Rio Grande.250

O sacrifício do almirante foi a liquidação oportuna de uma luta já absurda; apenas, para
ele, o seu fim lógico. “As folhas de todos os matizes deram-lhe o apelido de Coriolano”.251

Finou-se Floriano no seu retiro da Estação da Divisa, até onde o entusiasmo dos
correligionários fora levar-lhe, a vésperas de morrer, uma espada de ouro. Proferiu
palavras de presságio, que correspondiam à inquietação dos manifestantes. Cético,
registou Capistrano de Abreu: “Ainda depois de morto publicaram um discurso,
autêntico ou não, grito de alarma contra o primeiro presidente eleito pelo povo”.252

As exéquias do marechal, estas assumiram a importância de uma apoteose. Machado


meditou: “Os mortos não vão tão depressa como quer o adágio; mas que eles governam os
vivos, é cousa dita, sabida e certa. Não me cabe narrar o que esta cidade viu ontem”.253
Fez-se do saimento fúnebre uma demonstração ideológica. E a inauguração, em setembro,
do seu mausoléu, serviu para separar dessa ortodoxia republicana extremada e bravia o
governo ameaçado. Entre eles havia Floriano.

XII: QUATRIÊNIO TEMPESTUOSO

A PAZ INTERNA

O presidente queria a anistia, para governar. A política, encarnada em Glicério, combatia-


a, para manter a coesão republicana, dos florianistas. Carecia a oposição, favorável a um
perdão largo, de autoridade para se fazer ouvir: representava, impopular, os vencidos.
Neste impasse, valiosos elementos favoreciam os desígnios conciliatórios de Prudente:
alguns governadores — com os seus amigos do Congresso — que apoiariam a orientação
presidencial; e as altas patentes do exército.

A nomeação do General Inocêncio Galvão de Queirós para comandar o 6º distrito


resolveu o problema. Porque este inteligente militar não teve dúvida em tomar à sua conta
as negociações, que o chefe da nação não determinara nem proibira: adivinhando-lhe o
pensamento.254

As suas intenções eram claras: mandara substituir nos postos da fronteira os irregulares
pela tropa de linha; ordenara a transferência do quartel-general de Porto Alegre para
Pelotas, separando-o do centro político, em que predominava Castilhos, destituíra os
ministros no Uruguai e na Argentina, Vitorino Monteiro e Fernando Abbot; prometia
ampla segurança aos que, desarmadamente, voltassem aos lares. Galvão entendeu-se
confidencialmente, ainda no Rio, com o Dr. Francisco Tavares, que escreveu ao irmão,
Joca Tavares: o essencial seria esclarecer que os federalistas continuavam lutando, não
contra o governo federal, porém contra o castilhismo. Na hipótese de uma resposta
satisfatória, encontrar-se-iam, para um acordo... O velho caudilho afirmou que combatia
a situação estadual, não a república, até porque a discórdia girava em torno da
“inconstitucionalidade” do regime rio-grandense. E assim prevenido das facilidades que
encontraria, o general recebeu em Pelotas o chefe revolucionário e desta conferência
resultou — em 10 de julho de 95 — o convênio da paz. Tavares e o próprio Galvão
sustentaram que deveria modificar-se a Constituição do Rio Grande... “indubitavelmente
contrária à lei federal”.255

Cientificado dos passos dados pelo general, Prudente concordou, vencendo as


resistências que no ministério se levantaram contra o que parecia um entendimento
açodado, do Poder com a rebelião: e tanto que se divulgou a boa-nova, uma onda de
júbilo, com Patrocínio à frente,256 correu pela cidade e se atirou ao Itamaraty.

Pela primeira vez o povo aplaudia o “taciturno”. E este, respondendo à alocução de


Patrocínio (nos últimos arrancos da eloqüência fascinante), assegurou que a sua política
consistia em devolver a tranqüilidade ao país.

Não podia restituir-lhe a ordem com os obstáculos que a maioria lhe apresentava.
Travou-se no Congresso, surda, complicada, rancorosa, a luta contra a anistia, em que se
uniam — opostos ao presidente — os castilhistas, justamente indignados com a referência
feita no acordo à sua Constituição, Glicério, que achava isto atentatório à autonomia dos
estados, o “jacobinismo” das ruas. Em 19 de setembro, fatigado, Prudente positivou que
confirmaria a anistia, ou resignaria. O projeto do Senado, que a concedia amplamente,
caiu na câmara (relator, Medeiros e Albuquerque). Dez minutos depois Glicério
apresentava outro, com restrições.257 Prevaleceu. Em 21 de outubro foi afinal decretada,
excetuados do benefício os militares, que só voltariam ao serviço ativo depois de dois
anos.

RESPOSTA JACOBINA

Um fato intempestivo reacendeu a flama florianista: a suposta reabertura da guerra civil,


nos “sertões”.

O episódio de Canudos — longínquo e inexpressivo, explosão mística de uma latente


rebelião, sem forma ou sentido político, coisa de fanáticos — modificou de repente a
situação nacional.
Entre o governo e o descontentamento dos triunfadores da véspera se interpunha,
fulgurante na auréola de herói popular, o “marechal”... Os que o tinham levado em
apoteose para o cemitério, voltaram com entusiasmo a inaugurar-lhe o mausoléu de belo
mármore, panteão com que o honrava a república. Compareceu o representante do
presidente. E como se previra, a cerimônia transformou-se em comício, falando Irineu
Machado, Nicanor Nascimento, Raul Pompéia...258 Ofendido pelo desrespeito à
autoridade, o representante do presidente retirou-se; e para que o meeting absurdo não
degenerasse em motim, a polícia o abreviou... Sem demora, entrou o governo a contra-
atacar. Pompéia, diretor da Biblioteca Nacional, Irineu, funcionário da câmara, foram
demitidos. Como falara de improviso, defendeu-se aquele, reconstituindo o discurso, para
provar que não injuriara ninguém. Essa declamação escaldante vale pela definição da
crise: e a estende à interpretação da época. O escritor considerava que a capital — com os
interesses estrangeiros e a insídia cosmopolita — estava contra a nação, na sua pureza
provinciana: e se devia reprimi-la.259 Em verdade, o florianismo, enrolando-se na glória do
grande morto, pregava a revolução... Abaixo a “traição” civil!

MANUEL VITORINO

A precária saúde do presidente obrigou-o, porém, a afastar-se das funções. E a licença, por
prazo imprevisível,260 alterou subitamente a fisionomia do governo. Assumiu-o (a 11 de
novembro de 96) o Vice-presidente Manuel Vitorino Pereira, parlamentar de outra
formação, que, não pertencendo às mesmas origens republicanas, era, com os seus dotes
cintilantes de orador e jornalista, um autêntico condutor de massas. A antítese de
Deodoro e Floriano repetia-se neste caso. Frio e calado, Prudente, o Biriba, como o
alcunhavam,261 perdia em expansões o que ganhava em austeridade, no exagero de seus
silêncios. Sem compromissos com o passado, culto e imaginoso, tinha Vitorino a intuição
do momento, a sensibilidade do tribuno que afina com a exaltação dos auditórios, a
simpatia dos jacobinos, incompatíveis com a nova situação. Tornou-se o salvador, o
homem que reergueria a república, tão enferma quanto o seu presidente... “Escancarou
todas as janelas do novo palácio ao ruído exterior”.262

Vitorino, certo, como toda gente, de que exerceria o poder até o fim do quatriênio — tão
pessimistas eram as notícias do presidente —, quis inicialmente consolidar a autoridade.
O melhor teria sido a renúncia de Prudente: dar-lhe-ia a segurança de agir, imprimindo
ao governo orientação própria. Bernardino de Campos (intérprete da política paulista)
não deixou que se encaminhasse tal apelo. Levar-lhe-ia, sim, os nomes que desejasse, para
recompor o ministério. Gravemente doente, irritadiço e contrariado, Prudente começou
recusando; e só conveio na aprovação de novos ministros quando Bernardino, seu amigo,
assentiu em ocupar a pasta da Fazenda: neste, ele confiava!263 Vitorino nomeou em 20 de
novembro os ministros da Fazenda (Bernardino), da Viação (Joaquim Murtinho), da
Marinha (Almirante José Alves Barbosa); e em janeiro os da Justiça (Amaro Cavalcanti) e
da Guerra (General Argolo). Organizou assim o seu governo.
O FANÁTICO E O MEIO

Há um pitoresco ponto de contato do cataclismo revolucionário que agitara o país com o


caso de Canudos: o sebastianismo.

Tanto dele se falou, desde 1891, que ninguém estranhou o novo alarde sebastianista:264
com a circunstância, agora verídica, de acreditar na volta del-rei o “monge” que
pastoreava, pelos caminhos remotos de Itapicuru, Chorrochó, Cumbe, Monte Santo,
legiões de peregrinos. A propaganda florianista colara à insurreição da esquadra o rótulo
satírico, que cabia — isto sim — à dos “jagunços”. Extraordinária coincidência de reações
irresponsáveis, em psicologias primárias contaminadas de crenças apocalípticas, o
autêntico sebastianismo, jacente nas adormecidas recordações populares — herança tri-
secular cultivada nas lendas e tristezas da raça —, despertou afinal, onde sempre existira.
Não era nas ruas da capital, entre conspiradores retóricos, muito menos nos
acampamentos da guerra civil: mas nos estirões desertos do interior, lá, onde a ignorância
rústica misturava religião e fábula, nas nevroses místicas, e à falta do missionário, o beato
podia ser o chefe.

Tudo concorria para isto.

O meio físico, flagelado pelas estiagens, oferecendo à angústia dos povoados a


fisionomia enxuta da terra pardacenta, a esterilidade da planície arenosa, ralos oásis na
vastidão tórrida dos sertões; o abandono em que viviam, em lugarejos cujo centro natural
era a capela, construída pela piedade coletiva para o consolo das rezas, para os efeitos
humildes da única sociabilidade possível nesses arraiais de adobe, ramagem e coivara, que
era o culto; a desconfiança da autoridade, que só aparecia para oprimir, com a polícia,
para depredar, com as correrias de mandões e bandoleiros, com o funcionário municipal
para cobrar o imposto, intermediário suspeito entre esses sofrimentos e a “política”, a
política pessoal dos “coronéis”, assentada feudalmente nas suas zonas privativas.
Adoçavam tais infortúnios o patronato desses senhores, onde os havia, patriarcais e
graves; a passagem caritativa do vigário; certos traços de civilização, próprios das
povoações em crescimento. Fora daí, campeava agreste, calado, triste, o homem das
“caatingas”, tipo histórico formado dois séculos antes, quando a expansão pastoril foi
lineando pelos “gerais” o “rumo” das fazendas, e que conservara, no isolamento e na
miséria, as qualidades elementares dos seus troncos étnicos: resistência, astúcia, frieza,
resignação, fidelidade... E o heroísmo sem nervos dos caçadores solitários, a bravura tesa e
silenciosa dos homens rudes, que pouco estimam a vida arriscando-a a cada momento, no
seu destino andejo...

No dia em que para essas maltas de vaqueiros crédulos surgisse um “santo”, vestido de
santidade, com as santas insígnias da romaria, encamisolado num burel, rosário ao cinto,
barba nazarena, a falar do fim do mundo e dos exércitos invisíveis de Dom Sebastião,
nesse dia de encontro dos simples com o “monge” aconteceria o inevitável. Milhares de
fanáticos atrás do “apóstolo”, que arvorava uma cruz, reunindo em círculo o povo. Esses
romeiros a pervagarem por descampados e feiras, assustando o comércio, indignando os
padres, que não podiam detê-los. A palavra do “conselheiro”, imperiosa, consoladora,
absoluta. E a ação repressiva, sacrificada pela imprudência, a brutalidade, aliada à
estupidez... Inutilmente! O sujeito que sublevou os “sertões” era um maníaco inofensivo
que, cabelos caídos sobre os ombros, barba longa, vestido de um camisolão azul, munido
de dois breviários, falando em indicar às almas a salvação urgente, viera do Ceará,
perambulara por várias regiões da Bahia e se estabelecera à beira do Vaza-Barris, com
uma multidão de fiéis, a levantar, no meio de um vilarejo de palhoças, a sua igreja do Bom
Jesus.

Chamava-se Antônio Vicente Mendes Maciel; e o lugar — Canudos.265

CANUDOS

É preciso descrever-lhe a topografia, menos como luxo de pormenor do que explicação


prévia. Com a idéia certamente de estabelecer-se num sítio defensável, acobertado da
surpresa dos seus inimigos intransigentes, escolhera — com a intuição de um estrategista
— o vale do Vaza-Barris, onde este encurva desviado do rumo franco de Sudoeste pelos
últimos relevos da Serra do Cambaio. Neste trecho circunscreve o rio, qual fosso
semicircular de fortaleza redonda, uma área que arrampa suavemente em anfiteatro,
cortada ao meio por um desses tênues afluentes dos caudais sertanejos, de que no verão só
se vê o coleante sulco enxuto. Duas estradas, de Uauá para o Oeste e de Canabrava para o
Norte, foram as ruas iniciais do acampamento construído em função da aguada, a praça,
com o cruzeiro plantado em alvenaria (em 1893),266 a igreja velha, em melhor lugar, de
pedra e cal, a nova, ao pé do cemitério, rente ao rio, com as abas de um morro do outro
lado do barranco, e, além delas, escabrosas, as alturas da Favela. Rompem por essas
ladeiras as estradas antigas de Massacará e Geremoabo. Defronte, dominando o povoado,
há os restos da Fazenda Velha. E a cintura do Cambaio, donde serpeando descia o
caminho de Monte Santo, parecia distendida ali como o antemural — que a hirsuta
vegetação veste de asperezas selvagens. Não há altos montes, tombadouros, grossos
obstáculos preservando o recinto côncavo em que se meteu o Conselheiro: na sua Igreja
Nova, tendo à esquerda os pedregais do Cambaio, à frente a Serra do Cocorobó, à direita a
tapera da fazenda antiga, a sua vantagem consistia em só poder ser atacado por um
adversário descoberto, obrigado a deslizar por aquelas encostas até os seus valados,
portanto sob a mira de suas armas... Nas longas secas toda essa paisagem é poeirenta,
monótona e estéril. Extinguem-se os veios sussurrantes, em cujas depressões o que sobra
da torrente sumida é a umidade dos pântanos, com esparsos poços cor-de-lama.
Desdobra-se pelas encostas o carrascal cinzento e espinhado, vegetação feroz do deserto, e
sob esses tufos de mandacarus e xiquexiques, cabeças‑de‑frade, palmatórias e quipás, o
chão arenoso, a brotar nas mais agressivas espécies de cactáceas, reverbera os fulgores do
dia. Por vezes — nota alegre ferindo os tons mortos do panorama — o icozeiro, angicos,
favelas arborescentes, os juazeiros sacodem a copa viçosa sobre o areal, e recordam
farrapos de bandeiras, numa planície incendiada. Foi atrás daquelas colinas, e com as
margens do Vaza-Barris delimitando, em meia-lua, a cidadela, que o “monge” fincou pé,
com um milheiro de fanáticos, em seguida cinco, dez, vinte mil, na aldeia labiríntica de
casebres construídos à toa, ao sabor da pobre gente, de barro, palha ou telha, vila
desordenada de rezadores governada mansamente por ele — com a fabulosa autoridade
de “santo”.

XIII: BRASIL BÁRBARO

PSICOSE DE FIM DE SÉCULO

Antônio Conselheiro era o apelido.

Entre os papéis que lhe acharam, havia uma profecia, aliás corrente na imprensa, pois
visionários europeus a anunciavam — de que o mundo acabaria em 1900; e estas
significativas palavras: “Em verdade vos digo, quando as nações brigam com as nações, o
Brasil com o Brasil, a Inglaterra com a Inglaterra, a Prússia com a Prússia, das ondas do
mar Dom Sebastião sairá com todo o seu exército”.267

O fato é que as desordens nacionais tinham naquele cérebro enfermo batido a chispa do
messianismo:268 e, vexado pela autoridade, para ele, a República, odiou — como se odeia
um símbolo de maldade — tudo o que à República se referia. Atribuiu às mudanças
políticas os pecados, a Igreja separada do Estado, o casamento civil, a substituição do
signo monárquico,269 que tinha cruz, pelo novo sem ela... Por último, a revolução, cujos
ecos chegaram ao seu deserto, parecia confirmar o vaticínio. “O Brasil contra o Brasil”.
Por esse tempo — ainda em 93 —, porque a sua gente queimara certos editais da câmara
que anunciavam as taxas recentemente lançadas, lhe foi ao encalço uma expedição
policial. Encontraram-se, no lugar chamado Masseté, destacamento e romeiros. Estes
enfrentaram os soldados, que, aturdidos, retiraram, deixando alguns mortos. O governo
cometera o erro inicial. Tratara o ajuntamento dos fanáticos como uma reunião de
celerados: e atirara-lhe em cima a força. E era (ia resmungar aquela multidão de fanáticos)
a fraqueza... Oitenta homens enviados para dispersar a beataria de Canudos não passaram
da estação de Serrinha. Seria temeridade atacá-los com pouca tropa.270 Os capuchinhos,
Frei João Evangelista de Monte Marciano e Frei Caetano de São Léo, de ordem do
arcebispo-primaz, tentaram melhor combate: a santa missão. Foi em vão que disseram
palavras amenas ao Conselheiro, rodeado de clavinoteiros rancorosos, e já com uma idéia
heróica na sua ingênua rebeldia: “No tempo da monarquia (explicou aos frades) deixei-
me prender, porque reconhecia o governo; hoje não, porque não reconheço a
República”.271

Fracassou a persuasão aflita dos missionários: Canudos era uma praça de guerra!
EXPEDIÇÕES DESTROÇADAS

Receoso de que fossem até lá, o juiz de direito de Juazeiro, Arlindo Leoni, pediu ao
governador do Estado as providências necessárias. Sem recursos adequados, requisitou o
governador auxílio federal: cem homens às ordens do Tenente Manuel da Silva Pires
Ferreira. Afinal, seguiria contra aquela “nossa Vendéia” (pois a idéia de revolta se ligava
naturalmente ao “símile” romântico, cheirava à restauração...)272 a tropa de linha. “É
muita coisa para tal homem”, sorriu Machado de Assis.273 Partindo de Juazeiro a 7 de
novembro de 96, a coluna chegou a Uauá, exausta, no dia 20. Aprestava-se para, na
manhã imediata, rumar para Canudos, quando foi surpreendida pelo mais imprevisto dos
acontecimentos. Em romaria, de cruzes arvoradas, como se peregrinasse, penitentemente,
pelos campos, uma multidão de fanáticos se aproximara, cantando rezas; e de súbito, com
uma cólera terrível, de facão e bacamarte, arrasadoramente, assaltou o povoado
adormecido. Despertados pelo estrondo do ataque, os soldados entreabriram as janelas, e,
a coberto do fogo, descarregaram as Mannlichers. Rolou por quatro horas a espingardaria:
e por fim, quando, dizimados, retiraram os assaltantes,274 verificou o Tenente Pires
Ferreira que seria absurdo prosseguir. Seria lançar-se à morte certa. Voltou a tropa em
desalinho, mal refeita do assombro, apavorada... Já não se podia contemporizar com o
Conselheiro. O Major Febrônio de Brito foi incumbido de dar cabo dele com 600 homens
(metade exército, metade polícia) — que atacariam de enfiada, costeando a Serra do
Cambaio.

OS MELINDRES DA AUTONOMIA

Luís Viana representa nesta fase da história republicana o princípio (a que Castilhos, no
Rio Grande, dera a rigidez de um dogma) do direito que tinham os estados de se
governarem por suas próprias autoridades. A “política dos governadores”, definida no fim
do período de Prudente de Morais e consolidada, ou antes, fixada em sistema no de
Campos Sales, inaugurou-se como fórmula conciliatória dos melindres da autonomia
com o intervencionismo da União, sob as inspirações, e segundo as necessidades dessa
resistência. Teve, em 1896, o sentido de imposição, da periferia ao centro, de vez que o
Rio Grande e a Bahia não se submetiam à vontade presidencial. Acabaram torcendo-a.
Compreende-se que assim fosse. No caso gaúcho, os embaraços criados ao apaziguamento
(apetecido pela oposição vencida e castigada) levara o nome de fidelidade à república.
Somara-se ao florianismo impenitente, enrolando-se na sua bandeira; enquanto vivessem
os heróis das últimas batalhas (e os seus mentores civis), ninguém abalaria o poderio
castilhista. Na Bahia, onde carecera o regime de entusiasmos propiciatórios, pois se fizera
à sua revelia, a reação tomou outra forma. A da autonomia vibrante e severa.

Com a cisão do grupo que, desde 1891, dirigia o estado, organizara-se em 1895, com
José Gonçalves, o Barão de Geremoabo,275 Manuel Vitorino, poderosa oposição, que se
apoiou à fração do Partido Republicano Federal, presidido por Glicério, contra Prudente
de Morais. O governador ficou com o presidente da república.
No seu diário, indicou Inocêncio Munhoz de Araújo Góis, que conhecia os segredos do
governo do estado: “A soldadesca diz que vai impor ao M. César276 a deposição do Viana
[...]. Parece que tudo é movido pelo Glicério descontente pela entrada na chapa federal do
Dr. Seabra e Castro Rebelo”.277 Podia ter ajuntado: e a reeleição de Rui Barbosa para o
Senado. Escrevera bravamente a Severino Vieira (12 de outubro de 1896), que o advertira
dos desejos do “partido”: “Eu não me sentiria bem no governo da Bahia se
concorrêssemos para a exclusão do Rui, porque se me afiguraria nosso estado humilhado
sob a pressão de uma política de ódios estranha a ela”.278

MAJOR FEBRÔNIO

Se tivesse mais cem homens, teria varrido os fanáticos de Uauá, dissera o Tenente Pires
Ferreira (e repete Viana na mensagem ao presidente da república). O General Sólon
Ribeiro, comandante do distrito, achou entretanto que o Major Febrônio não levava tropa
suficiente, e o fez voltar de Cansansão para Queimadas. Esse regresso à base, retardando
lamentavelmente a expulsão dos jagunços, encheu de indignação o governador.
Desentenderam-se, Viana e Sólon; nem podiam deixar de desentender-se o general
autoritário (impregnado da mística republicana) e o hábil político intransigente na defesa
da autonomia do estado. Telegrafou este a Manuel Vitorino (no exercício da presidência
da república): requisitara forças do exército para suprirem a momentânea deficiência da
polícia, mas... se isto importasse “fazer comandante do distrito árbitro das operações”,
poderia retirá-las!279 Sólon foi substituído no comando. O Major Febrônio —
considerando-se invencível com a sua coluna bem abastecida e forte de 600 homens —
arremeteu para o “covil dos perversos” (como, em telegrama a Viana, qualificara o Arraial
do Conselheiro). Encontrou-se porém numa das regiões de mais escabroso acesso daquele
sertão. Nem teve tempo de reconhecê-la, porque os fanáticos lhe cercaram a tropa, e quase
a exterminaram. Era a menos de légua de Canudos. Defendeu-se formando-a em
quadrado; infligiu numerosas baixas (cerca de setecentas, alegou-se, com exagero); e com
60 feridos e contusos, retirou para Monte Santo. Salvou as suas armas; e a honra militar.
Mas proclamando a superioridade numérica de um inimigo irredutível...280

MOREIRA CÉSAR

Lauro Müller tivera a idéia de chamar Moreira César, cuja presença em Santa Catarina era
intolerável para os seus amigos. Sugeriu ao Ministro da Guerra o telegrama patético em
que, apelando para o seu fervor republicano, o concitou a vir com o seu batalhão defender
o regime...281 Com a sua fina malícia libertava o Estado do incômodo “restaurador” da
república — responsável pelas execuções de Anhatomirim — e antepunha ao fanatismo
de um lado, o do outro. Defrontar-se-iam, nas “caatingas” do Nordeste, essas duas formas
de loucura — simplificadas na mesma exasperação.

Aliás a quadra dos fanáticos não se encerrara. Os sebastianistas, excitados, campeavam,


longe e perto do governo, se não na própria Rua do Ouvidor. Dividiam-se em categorias,
pois havia monárquicos, desnorteados com a derrota de Saldanha, mas intransigentes na
oposição política, a quem as folhas jacobinas continuavam a chamar assim; florianistas,
que, como se o “marechal” estivesse vivo, o invocavam a todo instante, e não se cansavam
de ir comemorá-lo no seu túmulo do São João Batista, fazendo-lhe discursos. Que
significavam os “vivas” a Floriano, a distribuição de pequenos retratos, que eram como
imagens bentas, as romarias ao cemitério, o nome do herói na boca dos demagogos, o seu
culto, senão uma espécie belicosa de sebastianismo, capaz de explosões inauditas — a
última delas o atentado de 5 de novembro, contra o presidente da república? Marcelino
Bispo, o soldado-assassino, dedicou um soneto a Jesus e Floriano... Moreira César era um
dos ídolos dessa heresia republicana.

Embarcou com o 7º de infantaria, seu batalhão de confiança. A bordo do Itaipu,


desconfiado de possível traição, temendo que desviassem o vapor do seu rumo, “prendeu
o comandante e parte da tripulação” (O Estado de São Paulo, 4 de novembro de 1896).
Bastaria este delírio para que não o enviassem a tão importante missão: porém o
entusiasmo da Rua do Ouvidor o aplaudiu vigorosamente. Ninguém ignorava a sua
epilepsia, as façanhas e os impulsos, desde 1883, a fúria sangüinária na cidade do
Desterro.282 Cruel ironia da política: achava-se que era homem adequado para acabar com
a Vendéia sertaneja. Tanto que se soube do insucesso da expedição do Major Febrônio, foi
ele investido no comando da brigada que devia vingá-lo.

Com o 7º, e 9º, que se lhe juntou, com a polícia da Bahia, alas do 33º e do 16º, um
esquadrão do 9º de cavalaria e uma bateria de artilharia ligeira,283 partiu Moreira César
com a promessa de não deixar pedra sobre pedra, na cidadela maldita. Atirou-se para o
desconhecido,284 isto é, para o desastre. Fez de Queimadas e Monte Santo base de
operações; mal deu tempo à engenharia para definir os relevos da região; traçou a rota
entre o Cumbe e a estrada velha de Massacará, para evitar as rampas do Cambaio, e
alcançou o morro da Favela,285 de onde os quatro Krupps podiam metralhar o arraial.

Iludiu-se com a fraca oposição, não percebeu a tática dos jagunços, de esperar,
emboscados nas anfratuosidades do terreno, o ataque estonteado, e julgou que os levaria
de vencida, num arremesso. No mesmo dia, ao sol da uma da tarde, depois de alguns tiros
de peça, ordenou a mais simples das formas de batalha: a descida, em linhas paralelas, de
toda a brigada, e o assalto convergente, a descoberto, frontal. Responderam à artilharia os
sinos da igreja nova. Convocavam à resistência. No ímpeto do avanço escorregou a
infantaria ladeira abaixo, transpôs o Vaza-Barris, linha de água entre o enladeirado da
Fazenda Velha nos socalcos da Favela e as trincheiras de Canudos, e, batidas de chapa pela
desordenada fuzilaria, entrou de baioneta calada pelo dédalo dos arruados, onde se diluiu
a luta em mil episódios esparsos. Das seteiras da igreja partia, mortífera, a espingardaria.
Moreira César mandou que a polícia e a cavalaria a tomassem: e esses contingentes,
dizimados, não passaram das ribanceiras do rio. Compreendeu que fracassava o ataque, e,
esporeando o cavalo, disse que ia dar brio àquela gente. Lançou-se às balas. Uma varou-
lhe o ventre. Ampararam-no, para não desmontar. Recomendou que chamassem o
Coronel Tamarindo, para assumir o comando. “Canudos está vencido...” — murmurou. E
levado para o alto, numa padiola, assistiu, indignado, à catástrofe. Os soldados recuavam,
corriam, fugiam, caçados pelos sertanejos que lhes desfechavam às espaldas os clavinotes,
as lazarinas, os rifles: e os sinos tocavam, gementes, as ave-marias. Improvisara-se na
Favela um acampamento, desmoralizado pela derrota; e apesar das ordens de Moreira
César, que continuava a querer que atacassem, convieram os oficiais que era indispensável
retirar, para Monte Santo. Bradou: “Estou morto; mas lavro meu protesto contra esse ato
de cobardia”.286 Ao amanhecer, começou essa marcha penosa, a que os feridos juntavam o
lamento, a artilharia e a sua guarnição à retaguarda, os fanáticos, reanimados e insistentes,
escoando-se pelos flancos da coluna, a acertarem naquela vasta linha ondulante e
aterrada... A agonia de Moreira César foi sombreada de desespero: morreu entre o silêncio
compungido dos companheiros, que já não sabiam como salvar o seu corpo da
profanação do inimigo. Carregaram-no algum tempo, a ombros: e por fim, quando a
marcha aflita se desfez em debandada, e cada um tratou de despojar-se do que levava, para
melhor se evadir, o largaram à beira do caminho, como um fardo...

Termina com este pormenor sinistro a aventura contraditória do herói enfermiço,


condenado, por um destino inexorável, a transformar em calamidade a paixão cívica,
estrela funesta, que inspiraria os diagnósticos psiquiátricos das alturas do seu infortúnio...
Iniciava-se ao mesmo tempo a dissolução da luzida brigada que expusera à morte. E o que
se seguiu foi a desabalada fuga, que o grupo de canhões do Capitão Salomão reteve um
instante, na última cena grandiosa do tremendo desastre.

A cavalo, tentou Tamarindo retardar a debandada: viu-se isolado, perseguido, alvejado;


caiu cosido de balas, sem ninguém que o vingasse, desamparadamente. Morreram
matando o Capitão Salomão e os que com ele escoltavam os Krupps.287 Os demais,
abandonando armas e bagagens, num “salve-se quem puder” indizível, porque os
fanáticos lhes rastejavam o pavor como se fossem mocós ou preás de sua caça pobre,
espalhados pela vastidão triste da caatinga — por esta enfiaram sem rumo, à-toa...
Tinham tombado, brigando, os valentes: restava o bando reiúno dos desertores, com um
medo absurdo dos homens diabólicos do Conselheiro... Esse terror invadiu Monte Santo,
onde o Coronel Sousa Meneses ficara com oitenta praças de guarda ao material: e daí
abalaram todos para Queimadas, com vozes de alarme pânico, imaginando nos seus
calcanhares os perseguidores... Até de preparativos de defesa da capital se cuidou,
assoalhando-se uma incursão possível dos jagunços,288 agora que o fracasso de Moreira
César os equipara com o armamento de uma brigada do exército!

REPRESÁLIA

Os sucessos de Canudos estouraram na capital como um ultraje à república, traída pela


conspiração de restauradores, fanáticos, vendilhões...

Este estado de exaltação vinha de longe, e crescera, em agosto de 96, com as arruaças de
São Paulo e do Rio, a propósito do protocolo italiano.

Acordara-se submeter à arbitragem do presidente dos Estados Unidos a reclamação dos


italianos espoliados pela revolução de 93: e o povo se insurgiu contra a humilhação. Já ia o
Congresso aprovar aquela fórmula, quando Glicério, para atender às intimações
jacobinas, propôs que se recusasse tudo.289 Venciam as massas! Tiveram outro pretexto
para a sua cólera, com o recrudescimento da ação monárquica, diluída embora na
elegância de chefes severos, que se apresentavam, cerimoniosamente, à luta política. O
sebastianismo alçava o colo, provocante...

Começou em São Paulo, com a folha de Eduardo Prado e Afonso Arinos (Comércio de
São Paulo), o banquete a 15 de outubro, aniversário do Príncipe do Grão-Pará, o
manifesto a 15 de novembro, assinado em primeiro lugar por João Mendes de Almeida.290
Os “conselheiros” movimentaram-se, deitaram manifesto a 16 de janeiro de 97 (Ouro
Preto, Lafayette, Andrade Figueira, João Alfredo, Carlos Afonso, diretores do “centro
monárquico”) e, com a ajuda de Gentil de Castro,291 fizeram seus jornais — Liberdade
(dirigido por Cândido de Oliveira)292 e Gazeta da tarde. Gentil de Castro atraiu os fogos
da imprensa inimiga, principalmente d’A República, de Glicério e Alcindo Guanabara,
que o acusou de fornecer armas aos jagunços. Chamou Alcindo a juízo. Este, perante o
magistrado, aplaudido pelos correligionários, sustentou a acusação. O incidente foi fatal
ao capitalista: porque, em 8 de março, ao se saber do desastre de Moreira César, com os
pormenores de heroísmo e martírio da sua coluna, maltas jacobinas, encabeçadas por
velhos florianistas, lhe incendiaram as oficinas. No dia seguinte ainda o procuravam.
Foram achá-lo na estação de São Francisco Xavier, quando tomava o trem de Petrópolis.
Acompanhavam-no alguns amigos, entre eles Ouro Preto e o filho.293 Acossado pelos
“mazorqueiros”, Gentil de Castro descarregou inutilmente o revólver: foi derrubado a
tiro, na plataforma do vagão... Na cidade a revolta acalmou, com a presença do Ministro
da Justiça, Amaro Cavalcanti, com o que sobrava de autoridade ao governo, sem forças
para conter a multidão... Referiu-se Rui Barbosa à “mera aparição pessoal de um ministro
de coragem, que bastou para fazer refluir na Rua do Ouvidor a onda sangüinária”.294 Em
São Paulo, as autoridades assistiram, complacentes, ao empastelamento do Comércio.295

Que havia de verdade na denúncia? Teriam os sertanejos correspondência com os


políticos — e a sua guerra santa seria a retomada da guerra civil? — Correram diligências
em Minas Gerais, com a ajuda da polícia do Rio, e chegou a ser surpreendido, a fugir, um
carro, que possivelmente levaria a Canudos munição farta...296 Como não se encontrou
traço de ligação do Conselheiro com os “simpatizantes”, nem fizeram estes qualquer coisa
para o socorrer,297 cremos que os supostos auxílios escoados pelos caminhos remotos
fossem rondas de negociantes, atraídos, com as suas carregações, para os sítios onde
fariam o seu comércio. Tais avejões acompanham sempre as expedições militares: onde há
uma luta, aí se instala um mercado. Mas a nevrose demagógica tudo deformava. E
complicava-se, com a agitação que descia do governo até às mais baixas camadas.
A VOLTA DO PRESIDENTE

A 4 de março, sem aviso, mostrando com a volta inesperada a sua incompatibilidade com
o substituto, reassumiu Prudente de Morais o poder. Como em 1894: sem ninguém para o
receber. Entrando sozinho no palácio, mandou dizer laconicamente a Manuel Vitorino,
então em veraneio na Tijuca, que já estava restabelecido. E governava.

Entre eles a distância aumentava. Um dos motivos íntimos do desgosto de Prudente fora
com certeza a transferência, com um baile famoso, da sede do governo, do Itamaraty (que
passava a Ministério do Exterior) para o Palácio do Catete (adquirido, conforme o desejo
de Manuel Vitorino, ao Conselheiro Mayrink).298 Esta festa inaugural, que parecia
conciliar o regime e a sociedade, nos esplendores do luxo, primeira, retumbante, depois
do baile a vésperas da queda do império, contrastava com a solidão triste do enfermo, no
seu repouso das Paineiras. Atestava, num confronto de temperamentos, a oposição do
vice-presidente, voltado para as belezas da vida, ao presidente metido asceticamente no
seu silêncio amargo...299 Refletia nos sucessos públicos o antagonismo, em cujas paralelas
se reproduzia o caso de Deodoro e Floriano, vice-presidente, ídolo das ruas, o outro
encerrado na desconsolada austeridade... O jacobinismo enovelou-se na popularidade de
Vitorino, contra o homem da “anistia”, o poder civil amolecido pela tolerância, o
presidente omisso... E este, até 5 de novembro, quando um fato terrível o libertou dessa
atmosfera deprimente, oscilou entre atos de força e uma timidez grave, com a desordem
— solta desde 8 de março — pelas ruas da cidade.

A VITÓRIA DO GOVERNO

Não vacilou o presidente em mandar contra Canudos uma expedição poderosa. Mas tudo
contribuiu para cultivar o desassossego público: a irritação dos políticos contrariados pelo
retorno do presidente, a demora dos preparativos bélicos, o rescaldo das agitações
habituais, a que a impunidade dera audácias crescentes, a cisão do grupo governante.
Glicério separava-se do presidente. Mas as bancadas do Congresso, que até aí lhe
obedeciam, começavam a rebelar-se, preferindo o presidente a Glicério. A de Pernambuco
iniciou a dissidência, em 14 de maio de 97, opondo-se à escolha, pelo chefe do partido,
das comissões permanentes da câmara.300 Dizia-lhe “não”. Glicério invocou, pela primeira
vez (declarou da tribuna) a qualidade de “chefe do Partido Republicano Federal”. A
definição firme de Prudente daria com ele em terra.

A oportunidade foi a sedição da Escola Militar, que tanto serviu para reafirmar a
autoridade como para destruir o líder.

Na Escola da Praia Vermelha sucediam-se as manifestações de indisciplina, culminadas,


em fevereiro e março, com as desordens de rua, as vaias com que os cadetes
desrespeitaram o comandante. Medida de precaução, adiou-se a reabertura das aulas. A
26 de maio, com o pretexto de que o governo, tirando-lhe o material de guerra de seus
depósitos para mandar ao Rio Grande, a desarmava, a Escola se amotinou. O presidente
agiu implacavelmente: que dois batalhões de infantaria com uma bateria do 2º de
artilharia a cercassem; e quando os alunos se renderam, decretou o seu desligamento.301

Dissolvia o estabelecimento que fora o berço da república, o seu seminário, o seu


baluarte!302

Fez mais: fechou a Escola do Ceará, solidária com a do Rio, e extinguiu (golpeando o
florianismo) os batalhões patrióticos que, nos entusiasmos de 8 de março, se tinham
recomposto, para defender... a república.

Os velhos adversários da ditadura (e dos seus homens, que dirigiam a maioria) não
podiam deixar passar o ensejo de varrer-lhe a ameaça e os remanescentes. O autor da
manobra foi José Joaquim Seabra, que o Governador Luís Viana fizera eleger,
contrariando Glicério, e, na câmara, conservava a desenvoltura de livre atirador.303
Incorporou-se no grupo parlamentar que esteve no palácio, a cumprimentar o presidente;
e à saída (narrou mais tarde o Deputado Castro Rebelo) segredou ao colega de bancada
que no dia seguinte apresentaria moção de apoio ao governo. Espantado, perguntou-lhe o
interlocutor: se o presidente sabia disto. Segredou-lhe Seabra: ao cumprimentá-lo, dissera
que ia apresentar a moção; e Prudente, num aperto de mão, concordara, com estas
palavras, “aprovo e agradeço”. O mistério deste acordo frio, entre o oposicionista,
disposto a surpreender Glicério com um grito de aplauso ao governo que fustigara o
jacobinismo, e este, incompatível com o seu líder, foi a arma triunfante de Seabra. Na hora
aprazada, com surpresa de todos (a começar por Artur Rios, presidente da câmara e seu
companheiro de bancada), desfechou a moção gratulatória. Exasperado, saltou Glicério a
opor-se. Teve frases sentimentais de elogio à Escola Militar. Correu a votação: como era
de esperar, mas com um quorum em que apontava o fracasso de Glicério, a casa a
derrubou, 86 votos contra 60. O resultado satisfazia a Seabra: graças à oposição da
maioria, o governo perdia o aplauso caloroso do Congresso — proposto pela minoria... E
mandou por um colega este fulminante recado a Artur Rios: demitir-se imediatamente.
Perplexo, hesitou Rios; quis saber — se Prudente estava a par daquilo... Que sim,
confidenciou-lhe Castro Rebelo. E Rios demitiu-se...

De fato, no outro dia publicava o Jornal do Comércio uma vária lacônica, elaborada na
presidência da república, informando que Glicério não interpretava o pensamento do
governo...

A “vária” era de Prudente. Tinha o sentido de uma despedida. O complemento


parlamentar foi o gesto do presidente da câmara. Forçava o plenário a manifestar-se, por
um ou por outro. Seabra acertara em cheio. Conveio-se que Rios seria reeleito, em nome
dos prudentistas. Glicério aceitou o repto, e fez-se candidato contra ele. Feriu-se, fora do
recinto, nervosa “cabala”: ganhou o governo com curta margem, 88 contra 76. Ganhou
com as bancadas da Bahia, de Pernambuco, de Minas Gerais e São Paulo, isto é, os
grandes estados: e eclipsou-se a estrela do incauto que teimara em ser o condestável civil
da nação, sem o presidente, ou contra este.304
PRESIDENCIALISMO

A cisão matou o partido.

Fora a desforra dos vencidos de 1889, resumiria Alcindo Guanabara...305 Mais certo é
dizer que foi a substituição do grupo, que pretendia governar o governo, pelo poder
pessoal, assentado em base firme, por definição, o presidencialismo.

Campos Sales, candidato pela ala que ficara com o presidente (os governadores),
suprimiu do rótulo o qualificativo; e protestou que representava o “Partido Republicano”.
Ambiguamente caracterizava, na carência ideológica, a condição de “histórico”; na
realidade, o tal “partido”, como “força” em que se uniam os adeptos do regime, orgânico
na monarquia, agora não era mais do que a cooperação dos seus funcionários eletivos.
Ligava-os o sistema; a solidariedade era das peças de uma máquina. Somente esta
prevalecia: a máquina do poder, “verdadeiro motor do Estado”,306 e sua presença.

XIV: A EPOPÉIA DOS SERTÕES

ARTUR OSCAR

Urgia vingar, em Canudos, a República!

Disto foi encarregado outro general republicano, Artur Oscar, que comandava o distrito
de Pernambuco. Para tão forte inimigo organizou um corpo de exército de seis brigadas,
em duas colunas, sob o comando dos Generais João da Silva Barbosa (para atacar por
Monte Santo) e Cláudio do Amaral Savaget (por Sergipe e Geremoabo).307

As operações correram lentas e complicadas.308

Tolos boatos exageravam os recursos dos fanáticos; nem faltava quem dissesse estarem
com eles hábeis capitães, revolucionários antigos, até personalidades civis...309
Desconfiava-se da sinceridade do governador da Bahia.

Não faltaram insinuações e boatos sobre a sua... traição.

“A situação agrava-se de minuto a minuto” (escreve Inocêncio Munhoz a 4 de


fevereiro).
Manuel Vitorino não ouviu Viana sobre a nomeação de M. César, oficiais e batalhões para a expedição dos Canudos.
Ontem a deputação federal, o governador e Severino pediram ao governo a nomeação de outro general para comandar
a força expedicionária; tiveram resposta negativa. A situação está grave; os militares insultam diária e publicamente o
governo do Estado. Fundam um clube militar; preparam magnífica manifestação ao M. César.
Somavam-se a essa irritação as vozes oposicionistas de José Gonçalves, do Barão de
Geremoabo... “Desgraçadamente o bravo Coronel César deixou-se levar pelas pérfidas
informações dos Srs. Artur Rios, Luís Viana e o tal chefe de polícia com quem morava em
Queimadas” (queixava-se, em carta a Geremoabo, o Alferes Macambira Monte Flores). E
essa atoarda correspondia à crença, generalizada nos meios jacobinos, de que o
monarquismo do governador — ajudando a rebelião do Conselheiro — punha em perigo
o regime!

DEPOSIÇÃO DO GOVERNADOR?

Anotou Inocêncio Munhoz, a 7 de março (véspera dos acontecimentos do Rio de Janeiro


que culminaram na morte de Gentil de Castro):
Na noite de ontem para hoje não se dormiu em palácio, na polícia e no Quartel-general. Ontem pela manhã o Cons.
Luís Viana chamou seus ordenanças e, dando-lhes armas, disse-lhes que se o palácio fosse atacado por força do 16º
matassem somente oficiais. O palácio tem somente 50 praças e os 4 ordenanças bem armados. Às duas horas da
madrugada chegou o comandante do 16, que acompanhara M. César. O Capitão Sales é quem comunica ao Viana os
passos dos conspiradores. A correspondência foi ativíssima esta noite.310

Viana, decididamente, não se deixaria abater. Não ousassem! Não ousaram.

Era ridícula a notícia daquele suposto monarquismo. Que interesse teria o governador
baiano de trabalhar contra si próprio, demolindo o sistema político de que era um dos
chefes? A sua entrevista à Gazeta de Notícias — em 24 de julho de 1897 — é um
desmentido altivo.311 No banquete que celebrou a vitória final do exército — em honra de
Artur Oscar —, repetiu a sua grande frase: “A Bahia era republicana porque queria ser. Se
não o quisesse, quem a obrigaria?”.312

Esta firmeza salvou-lhe a autoridade; e, ao lado da ortodoxia republicana de Castilhos,


representa uma componente do federalismo (de 1896) implantado na “política dos
governadores” (de 1897).

O poder central devia fazer desses rijos governos os pilares do “presidencialismo”, não
os agentes da oligarquia a ele hostil.

Desenha-se, nessa reivindicação da autonomia, o lineamento definitivo do regime


civilmente solidificado.

Em vez de destroçar-se — abalado pela desordem —, ganhou com a resistência e a


repressão o vigor que lhe faltava.

Aquilo fora a sua prova de fogo.

A QUARTA EXPEDIÇÃO
Careciam, as tropas que se deslocaram para Queimadas e Monte Santo, de abastecimento
organizado. Devorados os recursos locais, tinham de esperar a meia ração por morosos
comboios, naqueles arraiais esgotados: e que os engenheiros estudassem os roteiros da
avançada. Esperaram impacientemente. Arriscavam-se a chegar depois de Savaget, que, de
Aracaju, apressado, rompia para o vale do Vaza-Barris. O Coronel de Engenheiros
Siqueira de Meneses traçou com os sapadores a estrada que, à direita, pelo Rosário e
Angico, permitiria a passagem da artilharia, até os cimos da Favela. Graças a isto Artur
Oscar, com três brigadas, os canhões (um deles a matadeira, Withworth de 32, para
demolir a igreja nova) e a distância, escoltada pelo 5º de polícia baiana a bagagem,
alcançou o altiplano donde podia ver Canudos. Saudou-o com as primeiras granadas.
Combinara com Savaget o assalto geral, a 27 de junho.

A 2ª coluna topou no desfiladeiro de Cocorobó — caminho de Geremoabo para


Canudos marginando o Vaza-Barris, as avançadas do Conselheiro. Foi rápido e terrível.
Silva Teles, cujo cavalo pampa foi logo baleado, comandou a carga, a baioneta, que
destroçou a horda de jagunços espalhada pelas alturas. Savaget saiu ferido levemente.
Com a pontaria tranqüila, de caçadores, escaramuçando pelas dobras do terreno, no
cerrado de juremas e angicos, sobre aquela vegetação agressiva, os jagunços pareciam
conhecer os oficiais, e neles empregavam o tiro mortal. A 27 de junho (cientificada na
véspera a coluna de que Artur Oscar estaria acolá no dia marcado) adiantou-se do
Trabubu — a Nordeste — para a posição que devia ocupar ao norte, em ângulo com a
primeira, que desceria das lombadas da Favela e da Fazenda Velha. Foi de novo atacada
por um vespeiro de atiradores. Ainda a baioneta os repeliu, mas com 150 baixas, entre
estas os comandantes do 33º (Tenente-coronel Virgílio Ramos) e do 12º, o Tenente-
coronel Tristão Sucupira. Já então a alma da segunda coluna era o Coronel Teles. Ele e
Thompson Flores, comandante do 7º (o batalhão de Moreira César), como que
apostavam, num concurso de bravura, quem chegaria primeiro.

Mas a sofreguidão era refreada pela necessidade de atender à primeira coluna,


mergulhada a este tempo numa situação incompreensível.313

A DURA GUERRA

Certa de que, a cavaleiro do arraial, seria fácil deslizar pelas ladeiras, num arranco,
destruindo e tomando tudo, viu-se em breve a coluna de Artur Oscar — colhida na mais
deplorável das ansiedades. Entrincheirados em volta, nos fojos, nas rugas do morro, nos
carrascais que lhe vestem as escarpas, os fanáticos puseram-se a fuzilá-la, num assédio314
que tinha a insídia de uma armadilha.

Os soldados batiam-se com um adversário fabuloso, denunciado apenas pela fumaça das
descargas, tão cosido à terra, que dificilmente as balas das Mannlicher, destocando-os,
alcançavam um ou outro, que sobressaía das pontas de pedra, das moitas requeimadas, do
mato escasso, sombreado a espaços pela rama solitária do icozeiro... Ia faltando munição.
Esgotada a das cartucheiras, devia aguardar-se o comboio, que ficara para trás, retardado.
O emissário voltou; a retaguarda fora cortada, e atacado o comboio. Defendera-o o 5º da
Bahia, formado de sertanejos do São Francisco315 — caboclos contra caboclos. Era preciso
livrá-lo com uma brigada completa. O Coronel Serra Martins encarregou-se disto.

O fato é que a primeira coluna passara de sitiante a sitiada. Teve de chamar a 2ª em seu
socorro: ou Artur Oscar acabaria como Moreira César. Savaget, para o salvar, renunciou a
assaltar Canudos pelo norte, justificação da sua caminhada de Sergipe para Geremoabo,
dos sacrifícios de Cocorobó e Trabubu. Fez apressadamente a marcha de flanco; e chegou
a tempo. Esta junção foi providencial para ambas as colunas que, separadamente, seriam
imoladas — desabastecidas, exaustas, os melhores oficiais vítimas do seu destemor — tal
como sucedera à expedição que iam vingar...316

ÊXITO INCOMPLETO

Com o reforço, reanimou-se Artur Oscar; e o Coronel Thompson Flores, com o 7º, num
arrojo belo, mas inútil, se precipitou, encostas abaixo, a conquistar Canudos, que lá jazia,
no vale, o casario esfarinhado pelo canhoneio, mas as duas igrejas sempre de pé,
caladamente... Não andou muito. Tombou fulminado; e retrocederam em desordem, os
remanescentes da castigada força. Este episódio mostrava a invulnerabilidade do arraial, a
menos que se abatesse sobre ele toda a Divisão. Atacou a 18 de julho, reconfortada pela
chegada do comboio de víveres, remuniciada a artilharia para um bombardeio triturante.
Atiraram-se à ação quatro brigadas, a ala de cavalaria, o 5º da Bahia, dois canhões Krupp:
e o resto (sob o comando de Savaget) permaneceu de sobreaviso, na Favela. Os batalhões
transpuseram a pé enxuto o Vaza-Barris, rechaçaram a resistência dispersa pelos flancos,
invadiram impetuosamente o arraial, até a igreja nova. Verificou-se aí o erro do assalto a
peito aberto, sem a prévia debilitação do inimigo, que, desaparecendo como força
organizada, se convertia num enxame de caçadores emboscados nas ruínas dos
quarteirões de adobe. Os comandantes Teles, Tupi Caldas, Dantas Barreto, isolados na
praça da igreja, queriam reforços, para varrer dali os jagunços, que continuavam a atirar.
Mas não havia reservas; todos lutavam, em grupos, atropeladamente, por inspiração
própria; e, dos esconderijos, os fanáticos começavam a visar os oficiais. Caiu Carlos Teles,
e, em redor, capitães, tenentes, alferes... No fim, havia fora de combate 67 oficiais, dos
quais 27 mortos.317

A expedição perdera um terço do efetivo.318 Tomara apenas uma parte do arraial.319

REFORÇOS

Telegrafou Artur Oscar, pedindo ao Ministro da Guerra cinco mil homens. Aquele
subúrbio de Canudos foi resguardado por uma linha de fossos, perpendicular ao Vaza-
Barris, rente ao “cemitério velho”, a que se chamou — sombria reminiscência, “linha
negra”. E como outrora nos pântanos paraguaios, sofreu diariamente o tiroteio das
guerrilhas que a experimentavam. Num desses choques morreu Pajeú, famoso jagunço,
que dirigira o assalto ao comboio, na retaguarda da 1ª coluna (24 de julho).

Cerca de seiscentos feridos tinham de ser transportados para Monte Santo, entre eles
Savaget, Teles, Serra Martins. A imprevidência somara-se à desorganização, para compor
a fisionomia infeliz de uma luta em que, por vezes, os soldados, doentes, famintos,
andrajosos, se confundiam, ao longo dos caminhos, com os “tabaréus” a quem
combatiam. Assemelhava-os a miséria. A 27 de julho partiu, enorme, o comboio dos
feridos. Não existia um serviço qualquer de enfermaria e assistência; e os poucos médicos
mal tentavam os curativos urgentes. Naquele dia saíram da Bahia vinte e quatro
estudantes de medicina, que se tinham oferecido para os hospitais de sangue, dispostos a
tudo, no ímpeto da sua abnegação. Prestaram generoso auxílio à tropa, desde que a ela se
juntaram, a 5 de agosto.320

A 15 de agosto — chegou o auxílio de mil homens (brigada Girard) mandado do Rio


pelo Ministro da Guerra, antes da requisição de Artur Oscar. Outros 1.600 se
apresentaram (23 de agosto): o 1º da polícia de São Paulo (“aparição triunfal dos
bandeirantes”, registou Euclides da Cunha),321 dois batalhões do Pará (Coronel Sotero de
Meneses), um do Amazonas, o 37º do exército. Com tais reforços era possível desdobrar o
cerco, com a tomada, simultânea, das posições externas, que mais dano causavam à tropa.
O Coronel Olímpio da Silveira, com dois batalhões, instalou-se nas eminências da
Fazenda Velha, fazendo calar a fuzilaria; e a 7 de setembro Siqueira de Meneses, com 530
homens, foi ocupar, nas rampas do Cambaio, a saída para Monte Santo.

Encerrado a Norte e a Leste, o arraial fechava-se ao Sul.

EPÍLOGO...

Foi o epílogo.

Terminaria quando os cordões do sítio estrangulassem, do lado oposto, o caminho de


Várzea da Ema e Canabrava, último de que poderiam valer-se os fanáticos. Foi tomado a
23 de setembro, ao alastrar-se o cerco das bandas do Cambaio, através do Mamuquém,
tênue afluente do Vaza-Barris, e da estrada de Uauá, para as duas faces do quadrângulo
ainda desocupadas.322

“Eram cinco mil soldados, em números redondos, excluídos os que permaneciam de


guarda ao acampamento e guarnecendo a estrada de Monte Santo”. Comprimidos de
encontro à cidadela, ou seja, à praça da igreja, os jagunços cavaram ali um fosso em
quadrado, para a última resistência. As duas igrejas eram ruínas despedaçadas, sendo que
à nova sobrara um trecho de alvenaria ressaltando, rendilhado de balas, de um montão de
escombros. Fato mais importante, de que o exército só teve notícia oito dias mais tarde, a
22 de setembro morrera o Conselheiro. Provavelmente não resistiu à destruição do seu
santuário. Constou que o considerava milagrosamente inexpugnável: e no dia em que o
bombardeio o demoliu, foi como se desabasse com ele. Macerado dos jejuns, chumbado à
obstinada imobilidade, ninguém soube o que fez, o que falou, nos estertores dessa agonia:
acharam-no intacto, de borco na terra batida, o crucifixo colado ao peito... Deixara-se
matar de inanição; e os fanáticos acreditaram que fora para o Céu, a convocar legiões de
anjos, com quem desceria, para os livrar... Antônio Vilanova, um dos cabecilhas,
escapara-se a tempo, pelo caminho da Várzea da Ema.323 Dois dias depois não passou
mais ninguém.324

O Ministro da Guerra, Marechal Carlos Machado Bittencourt, chegara em agosto a


Queimadas, para dirigir a remessa dos socorros, e a retirada dos feridos. O seu zelo (base
do serviço de intendência no exército) normalizou os fornecimentos, habilitou a tropa a
apertar o cerco sem medo de piores surpresas. O bom senso indicava que se fizesse render
o arraial obrigando os defensores a escolher entre a capitulação e a morte, com cinco mil
carabinas e vinte e dois canhões apontados para o quadrilátero, junto à caliçaria da igreja
derreada. Mas o brio militar, nos seus assomos de impaciência, pôde mais: e a 1º de
outubro, após quase uma hora de preparação de artilharia, que pulverizou as palhoças à
volta daquele quadrado, revolvendo o pedregal da igreja destruída, avançaram ao som dos
clarins as brigadas, para o assalto final. Ia adiante o 5º de polícia.325 Com efeito tomaram a
ponta de baioneta os restos da igreja nova, enfiaram pelas vielas, quase conquistaram o
objetivo: e recuaram, diante da fabulosa obstinação dos fanáticos dissimulados entre os
destroços, ressurgindo das ruínas, infalíveis no tiro inesperado, mortífero, incessante...
Baquearam, mortos, o Coronel Tupi Caldas, o Major Queirós, do 29º, o Major Henrique
Severiano, do 25º... Trezentos feridos foram removidos daquele braseiro: e à uma da tarde,
quando arrefeceu o fogo, se apurou que fora inútil o ataque.

FOGO E SANGUE

Uma bandeira branca apontou entre os escombros: dois sertanejos apareceram. Um era
Antônio Beato: entregava-se. O General Silva Barbosa concitou-o a ir buscar os outros.
Beato voltou, mas com trezentas mulheres, crianças e velhos, bocas sedentas, estômagos
vazios, farrapos humanos de que se libertavam os combatentes, num ardil irônico... Em
verdade, a resistência desmaiava. Homens válidos, clavinoteiros cansados de brigar,
esfalfados, imprestáveis, também largaram as tocas, abandonaram os companheiros, e se
foram meter, calados, no acampamento...326 Para reduzir os demais, nada melhor do que o
incêndio, mas uma vasta “queimada”, de querosene e dinamite, que devorasse tudo... Em
4 e 5 de outubro voaram em estilhas os restos de Canudos, que submergiu num oceano de
chamas. No fim, disparando os derradeiros tiros, do fosso, ao pé dos destroços da igreja,
um velho, dois jagunços, uma criança, sustentaram ainda a luta com as cinco mil
baionetas que corriam sobre eles, desatando as suas ondas de prata em redor da fogueira
imensa...327
A cidade está desfeita em brasas...
Uma e outra, depois, foram caindo as casas...328
No dia seguinte, para que nada ficasse da povoação, as ruínas da igreja foram
despedaçadas a explosões de dinamite. E, escavando-se no pavimento do santuário, que
fora o casebre onde o Conselheiro recolhera, para rezar e morrer, acharam o corpo ainda
incorrupto. À volta desse troféu meditaram os vencedores. Fotografaram-no, para a
comprovação de que já não vivia o terrível personagem; e, sob as vistas do médico Dr.
Curio, lhe cortaram a cabeça — de longos cabelos e barbas grisalhas — para o estudo
sábio dos psiquiatras da Faculdade.329

A GRAVE LIÇÃO

Assim terminou a mais extraordinária das guerras, que teve todavia uma vantagem.
Sacudindo o país, revelou, na sua realidade, os sertões. O livro, que produziu, deu corpo a
uma idéia, que tinha o relevo lancinante de um remorso: a idéia de que o Brasil pagava a
dívida contraída com a terra e a gente, por ter tardado tanto em descobrir-lhes as
angústias, a paisagem, os rumos. Canudos foi um acidente, na história de uma civilização
que ocupa devagar, e aos arrancos, a sua área continental. O Conselheiro recrutara as suas
romarias na ignorância e no isolamento de regiões abandonadas. A rebeldia formara-se-
lhe na incompreensão da autoridade e na tropelia dos seus agentes: gerara-se de
ressentimento e desengano. A sua pobre cabeça de semilouco desatinara-se com as
notícias deformadas da crise política, as inovações, as bizarrias, os ridículos: e o
sebastianismo vetusto, de que foi o apóstolo bronco, se lhe reduziu a um misto de reação
— contra as profanações — e reminiscências — apocalípticas e vulgares. Trataram-no
como ao inimigo da república, que lhe jogou em cima as suas melhores forças. Perto de
três mil baixas numeraram a enormidade deste erro, que, penitenciando-se Euclides da
Cunha chamou de crime,330 “monstruoso pesadelo” — disse o poeta,331 Afonso Arinos —
em 1897 — preferiu classificar de ensinamento,332 e Nina Rodrigues reduziu a termos de
ciência.333 Tê-lo-iam destruído sem nada disto. Se em vez de tropa mandassem justiça,
medicina, religião, escola. Tem-se a impressão amarga de que todo aquele aparato bélico
desenvolvia as linhas plásticas de um exercício no mais pitoresco dos combates simulados,
para a instrução dos quadros: e todavia custou um preço inaudito. Quanto à população de
Canudos, sumiu-se nas ruínas ou acabou a ferro e fogo. Resultado deplorável: não
apareceram prisioneiros. Ninguém que desse à vitória um resquício de generosidade.
Ébrios de vingança, os soldados liquidaram a faca, degolando, os que lhes caíram nas
mãos. Os jagunços não temiam as balas; numa superstição conhecida, tinham como
condenação aviltante morrer a arma branca. Então a coragem se lhes desfalecia: e aqueles
admiráveis guerreiros combaliam, em atitudes espavoridas... Indicaram à ferocidade dos
vencedores a espécie de suplício, a que nenhum escapou.

Há um ressaibo de comédia, na literatura com que Artur Oscar selou estas atrocidades,
proclamando:
Vencidos os inimigos vós lhes ordenáveis que levantassem um viva à república e eles o levantavam à monarquia, e, ato
contínuo, atiravam-se às fogueiras que incendiavam a cidadela, convencidos de que tinham cumprido o seu dever de
fiéis defensores da monarquia. É que ambos, vós e eles, sois brasileiros e ambos extremados em seus ideais políticos.
Não se enganassem: o sangue honrava esses ideais... políticos! Nesta distorção dos fatos
vibra, com os exageros finais, o jacobinismo de 1893, excitado na campanha federalista,
extremado em março de 97. A sua vítima derradeira seria o expoente desse próprio
exército atraiçoado por tantos equívocos. Porque no Rio continuava a ecoar, entre
explosões de demagogia, aquela metralha de ódio. Somente um acontecimento fulminante
poderia atalhá-la: ocorreu em 5 de novembro de 1897.

É necessário acrescentar que “a vitória que degola os vencidos” (dizia Rui a 6 de


novembro)334 despertou uma reação sadia do espírito público, repudiando as sinistras
ilusões que o acobertaram.

Levantou-se, num protesto severo, a mocidade, pela voz dos acadêmicos de direito da
Bahia: que era feito dos prisioneiros de Canudos?335

XV: DESORDEM E AUTORIDADE

EXTREMOS CRIMINOSOS

Recrudescera a campanha contra o presidente.

Passada a cólera provocada pelo “protocolo” italiano, o jacobinismo enraiveceu com a


discussão do tratado franco-brasileiro — a propósito do Amapá.336 Tudo aproveitava à
agitação; e a polícia proibiu comícios anunciados. Manuel Vitorino declarou-se solidário
com a exaltação de algumas das principais figuras do Partido Republicano, como o
Deputado Barbosa Lima; ouviram-lhe palavras agressivas.337 A República, de Glicério, era
o órgão dessa oposição, em que se inspirou o florianismo intolerante, da Rua do Ouvidor,
do Largo de São Francisco. Por vezes estrugia um “viva o Marechal Floriano”, e, a cacete,
os “republicanos” corriam os adversários. O Jacobino, jornal do capitão honorário
Diocleciano Mártir, extremava-se em ameaças e desafios.

Adivinha-se, iminente, a explosão. Conspira-se. Pinheiro Machado repele o convite para


chefiar o movimento,338 que não convém ao castilhismo, forte na legalidade. O culto de
Floriano tem os seus fanáticos. Há quem vá ajoelhar-se no seu túmulo, quem distribua os
seus retratos, como de um santo, quem lhe sacrifique a vida... Na redação de O Jacobino,
um jovem anspeçada alagoano, do 10º de infantaria, Marcelino Bispo de Melo, aceita a
idéia de salvar a república... assassinando o presidente. Achou-se depois, entre os seus
objetos, uma alegoria à república, em que escrevera, sob o seu nome, lembrando o
“marechal”, “anspeçada de ferro”...339 Diocleciano Mártir sugestionou-o, convenceu-o,
inspirou-o:340 e o rapaz, tresloucado, dispôs-se a cometer o crime.
Foi o autor do atentado de 5 de novembro.

O ATENTADO

Na manhã desse dia, governo, exército, povo, acorreram ao arsenal de guerra para receber
o General Silva Barbosa e o primeiro contingente das forças que regressavam de Canudos.
O presidente esteve a bordo, em companhia do Ministro da Guerra, Marechal Carlos
Machado Bittencourt. Desembarcou à uma da tarde. Um grupo de populares —
hostilmente — entrou a vivar Floriano, os bravos de Canudos, Manuel Vitorino... Do
outro lado, palmas saudaram o presidente. Junto ao portão de Minerva, que dá entrada ao
arsenal, subitamente arremete um soldado (era Marcelino Bispo!), engatilhando a
garrucha que levava na mão direita e ajeitando-a com a esquerda. Instintivamente,
Prudente afasta a arma com a cartola, que empunhava; e em vez da detonação, há o
estalido seco do tiro falhado. Logo o Coronel Mendes de Morais derruba com uma
pranchada de espada o criminoso; caem-lhe em cima, para o dominar, o ministro, dois ou
três oficiais; e mãos amigas impelem o presidente para a carruagem, afastando-o do local.
Estrugem aplausos, movimenta-se, curiosa e aterrorizada, a multidão, e algo de espantoso
ocorre, em cinco minutos de uma luta confusa, dos militares que subjugam o anspeçada, e
deste que se debate sob os seus punhos. Arrebatam-lhe o sabre. Recorre a uma faca que
trazia oculta. Com golpes mortais prostra o Marechal Bittencourt; fere o Coronel Morais;
atinge o Alferes Oscar de Oliveira; o Alferes João Manuel Garcia, que procurava tomar-
lhe o punhal, ficou com a mão em sangue... Quando o imobilizaram, e arrastaram dali,
para o cárcere no arsenal, jazia morto o Ministro da Guerra. Uma onda de consternação
se propagou, sem demora, pela cidade.

A paixão jacobina imolara um herói.

E o governo dignificou-lhe o sacrifício, da nobre vítima — a quem se deu o apelido de


“marechal de ouro”. As suas exéquias foram de ordem a mudar o panorama nacional.341

O presidente compareceu ao cemitério e, à saída, recebeu a mais estrondosa aclamação


que ainda se fizera a um chefe de Estado.

O povo “em delírio de bravos, de aplausos, de saudações”342 quis tirar-lhe os cavalos da


carruagem, cercou-o, desagravou-o, numa demonstração ululante de sentimentos
diametralmente opostos às brutalidades da era anárquica, que acabava ali. Prudente
acolheu, severo e triste, essa apoteose, para dela tirar a energia repressiva de que
necessitava. Hauriu vigorosamente a força moral com que replicou às violências passadas:
e se fez temível.

A 6 de novembro, depois da formidável manifestação à porta do São João Batista,


magotes de povo empastelaram, de corrida, A República, a Folha da Tarde, O Jacobino,
retribuindo aos jornais oposicionistas os assaltos de 8 de março, que tinham silenciado as
gazetas monárquicas.343 E o governo pediu ao Congresso trinta dias de estado de sítio. Rui
defendeu a medida. O Congresso concedeu-lha contra Glicério e Pinheiro. A “legalidade”
— imitando Floriano — varria os obstáculos: punia. Valeu-se do processo instaurado para
apurar as ligações do assassino com os cúmplices que, à boca pequena, todos apontavam,
indicando os chefes da oposição. O processo deu-lhe os nomes, e pretexto à reação, a
oportunidade da vindita política.

RESPONSÁVEIS

Afinal, quem armara o braço ao Anspeçada Marcelino? Até 12 de novembro houve


conjeturas e suspeitas. Apresentou-se então à secretaria de polícia o juiz da oitava pretoria
Gusmão Lima, e disse o que sabia. O seu depoimento desvelou o panorama da
conspiração, revelando que Diocleciano Mártir o avisara da intenção de mandar matar o
presidente.344 Com esta pista, foi no dia seguinte interrogado o criminoso, que contou,
com luxo de minúcias, o encontro com Diocleciano na redação d’O Jacobino, em agosto,
o juramento que lhe fizera, de eliminar o presidente, inimigo do exército e de Floriano.
Várias vezes se aprontara para cumprir a promessa, mas recuava, perturbado. José de
Sousa Veloso levara-lhe numa caixa a pistola e a faca, para o arsenal, naquela manhã de
novembro. Empunhara com a mão direita a garrucha, com a outra a faca... Foram presos
Diocleciano e Joaquim Freire; o famigerado florianista estava na conspiração. Escusou-se,
dizendo que o seu companheiro de cárcere lhe confessara importantes coisas. Delator
astuto, puxou o fio a uma complicada intriga policial... A 28 de novembro explicou
Diocleciano não só a sua parte, como a dos correligionários na trama em que se
emparceiravam militares, chefes da oposição, o farmacêutico Umbelino Pacheco, em cujo
estabelecimento se debatera o plano. Por Torquato Moreira soubera que a idéia do
assassinato já era conhecida; capacitou-se que Glicério, amigo de Torquato, andava
informado; conversou com Barbosa Lima e Irineu Machado; não ousou abrir-se com
Manuel Vitorino; foi franco com o Senador João Cordeiro; o dinheiro para comprar a
arma, dera-o Irineu; José de Sousa Veloso a entregara a Marcelino... Estas revelações,
destinadas a comprometer toda a oposição, mostram o exasperado propósito de distribuir
e diluir a responsabilidade. A polícia acreditou em tudo. Envolveu na societas criminis o
vice-presidente e os parlamentares.345 Foram excluídos da denúncia Manuel Vitorino —
que protestou contra a sua inclusão em tal companhia — e Joaquim Freire, a quem o
governo tirou a patente de capitão honorário. O Tribunal Civil e Criminal manteve a
exclusão, negando contudo ao vice-presidente as imunidades que reivindicava346 por falta
de provas.347 Ficaram pendentes de julgamento Diocleciano, Manuel Rodrigues Moreira,
Antônio Evaristo da Rocha, José Rodrigues Cabral Noya, Jerônimo Teixeira França, José
de Sousa Veloso. Quanto a Marcelino Bispo, apresentou indícios de desarranjo mental,
conveio que Diocleciano fora o autor de sua desgraça,348 escreveu um soneto, com o título
Jesus Cristo e Floriano, pediu para ser fuzilado, e, sucumbindo à depressão, enforcou-se
nas grades do cubículo...

INTOLERÂNCIA
Não faltou quem murmurasse que o suicídio aproveitava aos políticos. Insinuou-se que
fora envenenado; garrotearam um cadáver... Seria inútil a supressão do criminoso, depois
da confissão, prolixa ou maliciosa, de quem o induzira ao crime. A repressão descambara
em perseguição.349 Um senador e três deputados foram mandados para o presídio de
Fernando de Noronha. O próprio Pinheiro Machado não escapou à prisão.
Interceptaram-lhe um telegrama, em que o capataz de sua estância prevenira, que a tropa
seguia... Referia-se à de muares, despachada para Sorocaba.350 Foi o Supremo Tribunal
quem pôs cobro à prepotência, concedendo — em 16 de abril de 98 — a ordem de
habeas‑corpus, que impetrou Rui, em favor dos congressistas desterrados (João Cordeiro,
Alcindo Guanabara, Barbosa Lima, Major Tomás Cavalcanti). Defendera Rui a tese, de
que, com a cessação do sítio, não podiam continuar presos os não processados (26 de
março). Por um voto, o tribunal denegou a ordem, que veio a conceder vinte dias mais
tarde, quando, com os mesmos argumentos, outros advogados a pleitearam.351 Fixou a
doutrina de que, fora do estado de sítio, não lhe persistem as conseqüências.352

Insurgiu-se o Congresso, fatigado desse longo período de insegurança. O governo


cometera atos de força, que tinham, em verdade, dissipado o perigo de novas
perturbações. Como dissolvera a Escola, fechou o Clube Militar. Reduzira a irritação das
classes armadas, contava com a solidariedade dos conservadores, impusera a ordem.
Bastava! Por 92 votos contra 85, a câmara negou licença para o processo dos deputados
(30 de julho).353 O Senado, por 94 a 52, recusou-se a concedê-la no caso de Manuel
Vitorino. Rejeitou a câmara, por fim, a emenda senatorial que suspendia durante o sítio as
imunidades parlamentares. Isentava a tribuna política...354 Derrotado neste pormenor,
indignou-se o presidente, pensou em renunciar,355 tachou de inconstitucional a decisão
judiciária (mensagem de 12 de maio). Mas concluiu em paz o quatriênio.

O “marechal de ouro” momentaneamente ofuscara o “de ferro”.

A TRANQÜILA SUCESSÃO

Prudente liquidara o Partido Republicano Federal. A sua sucessão serviu para desbaratar a
organização que Glicério fundara e perdera, entre duas crises, da consolidação (com
Floriano) e do civilismo (com Prudente). Candidato natural era o presidente de São
Paulo, Campos Sales. Ficara ao lado de Prudente; reunia a “velha guarda”, da
“propaganda”; e o seu título, de “histórico”, o colocava, figura patriarcal do regime, acima
dos conflitos partidários. Ao vir ao Rio em princípios de junho de 97, na esperança de
conciliar os conterrâneos desavindos, sentiu que o seu nome apaziguaria o país.356
Severino Vieira, leader no Senado, vangloriou-se de ter anunciado a São Paulo esta
candidatura.357 Campos Sales preferiu informar que foi Bernardino de Campos quem lha
comunicou, em 18 de junho. Glicério e Pinheiro trataram de opor-lhe uma fórmula de
luta. Levantaram, para a presidência e a vice-presidência, os nomes de Castilhos e Lauro
Sodré. Os governadores da Bahia, de Minas, de São Paulo, de Pernambuco,358 pilares do
sistema, ficaram com Campos Sales e Rosa e Silva — este representando o Norte. Foram
indicados pela convenção do Partido Republicano, de 19 de outubro de 1897.

Sussurrou-se que o plano da oposição consistia em lavrar em todos os estados duplicatas


eleitorais, e, aproveitando a efervescência do Congresso, que faria a apuração, derrotar,
“de golpe”, o candidato oficial... Se foi este o projeto, exeqüível até 5 de novembro, a
reviravolta da opinião e do exército o dissiparam. Desagregou-se a coligação resistente; e
na eleição de 1o de março, sem surpresa para ninguém, triunfou a “chapa” da maioria.
Tinha, não o voto, mas o poder dos estados. Ninguém falasse de autenticidade eleitoral
em democracia lisa: continuava o povo à margem daquele dissídio de personagens, que
descia das alturas da “política”, feitas e desfeitas as operações pelo arbítrio dos dirigentes
— a que não faltava a brutalidade policial. O presidencialismo lá estava.359 A sua realidade
quatrienal — o presidente. Na América do Norte ironizara-se o poderio de Roosevelt:
“Teodoro I ”... Um americano (E. Hambloch) devolveu o motejo, que era comentário:
“His Majesty the President of Brasil”. Na linguagem do romancista: “Senhor absoluto nos
dois primeiros anos do governo e humilhado nos outros dois, em que já começa a
governar o oligarca sucessor”.360

XVI: O GOVERNO DE CAMPOS SALES

O PROBLEMA DAS FINANÇAS

Há uma frase a propósito dos dois presidentes civis: Prudente pacificou, Campos Sales
restaurou as finanças. Complete-se: este saneamento começou na presidência do primeiro
e foi realizado pelo sucessor, que teve o mérito de executar o mais difícil e impopular dos
programas, o equilíbrio das despesas com economia drástica e satisfação pontual das
dívidas; honradamente. Compreende-se a gravidade da situação pelo acúmulo dos
compromissos, pela desvalorização e aumento do meio circulante, lançado no exterior o
descrédito dessas finanças periclitantes ligadas à descontinuidade administrativa, às
decepções da aventura inflacionista, às leis contraditórias, às conseqüências naturais da
guerra civil. Floriano gastara mais do que permitiam os recursos do Tesouro,
sobrecarregando-o de letras e emissões, naquele transe de defesa da república: e a taxa
cambial exprimiu, com o declínio desastroso, a desvalia do mil-réis na bolsa internacional.
Mas poderia apelar-se para o surto econômico... O vencimento das letras contra o erário
nacional não consentia que se esperasse por essa eclosão de riquezas jacentes. Os
banqueiros exigiam: e não havia com que pagar!

Alguns números documentam a calamidade. Com o câmbio a cinco (num orçamento de


300 mil contos, 186 mil absorvidos pelas diferenças de câmbio), o déficit para 1898 de 30
mil contos, um milhão a pagar em prestações mensais pela emissão de letras em Londres,
donde tinham vindo sete milhões esterlinos em 1895 e dois em 96, o dilema definia-se:
um empréstimo externo ou a suspensão de pagamentos. O Ministro da Fazenda,
Bernardino de Campos, enviou a Rothschild (tradicionais banqueiros do Brasil) a
exposição dessas aperturas, e o plano de um funding loan, afinal semelhante ao que
Pellegrini, depois do infeliz governo de Celman, conseguira para a Argentina. Campos
Sales encarregou-se — mas sem instruções especiais, ou seja, para estudar as
possibilidades do negócio — de o discutir com os credores.361 Já o presidente eleito ia em
meio da viagem, quando chegou ao Rio o Sr. Tootal, emissário do London and River Plate
Bank, e transmitida telegraficamente a sua proposta a Campos Sales, este, debatendo-a
com os banqueiros, obteve melhores condições. Fez-se o funding loan, ou seja, o
empréstimo destinado ao resgate dos títulos de dívida por três anos, à taxa cambial de
dezoito, com dez anos para a amortização, a subseqüente obrigação dos Rothschild de
manter aqueles pagamentos, ao juro de 5% e amortização de 1,5% anuais, garantida pelas
rendas da alfândega.362 Em contrapartida, incineraria o papel-moeda acumulado no Rio,
em quantidade igual às prestações vencidas em Londres. Noutras palavras: os banqueiros
trocariam ao par os antigos pelos novos “coupons”, emitindo, como empréstimo, estes
papéis, e destarte, tomando a si por aquele prazo a responsabilidade de que o Brasil ficaria
aliviado, com o compromisso de purgar o excesso de moeda fiduciária. Era alto o juro; e o
empréstimo, atendendo ao crédito externo, permitia apenas que o país utilizasse as divisas
momentaneamente economizadas. Continuava imerso na penúria financeira, maior pela
deflação violenta. É preciso considerar que pesava na opinião geral esse crédito externo,
razão do prestígio das nações, e justificativa de detestáveis incidentes, coroados, em 1902,
com a intervenção internacional na Venezuela. E a idéia corrente, esposara-a Joaquim
Murtinho na Introdução ao relatório da indústria, viação e obras públicas, de 1897:363
equilibrar o orçamento, nem que isto arruinasse, pelo desamparo, as melhores iniciativas,
contanto que a saúde financeira se espelhasse — como a do organismo na limpidez dos
olhos — no câmbio.364 O que servisse a tal fim agradava àquele “frio, cético homem de
negócios, crente no dinheiro”,365 capaz de comprimir despesas, aumentar impostos,
abandonar obras, relegar pruridos industriais e melhoramentos inadiáveis à livre empresa,
mecanismo limitativo, na sua função glacial de exator. Esse médico homeopata curava
pela dieta... Realmente o país sofreu no seu progresso, diferido para o futuro, retardando-
se: mas regenerou o conceito administrativo; e robusteceu-se.366 Por isso foi de realizações
o governo de Rodrigues Alves.

ERA NOVA

Em 15 de novembro de 1898 deixou Prudente de Morais o governo, sob efusivos aplausos


públicos,367 num violento contraste com a posse assustada, quatro anos antes. Três boras
levou a carruagem que o conduzia, do Palácio do Catete à pensão modesta do Largo da
Glória, sua morada provisória.368 Obstruiu-lhe o trajeto aquela popularidade intempestiva,
que foi (quem o diria?) a atmosfera do seu ocaso. Quando em 1901 voltou à capital
federal, essas manifestações de carinho e respeito se reproduziram, já aí (como era de
antever) estimuladas pelo desagrado da situação dominante. Tanto tinham de festa a
Prudente como de desafio a Campos Sales... Sem músicas marciais, com parte do trecho a
percorrer às escuras, “as famílias queimavam das sacadas dos prédios fogos-de-bengala”,
os estudantes comprimiam-se junto ao carro, e de pé no veículo o Marechal Cantuária só
pedia que não asfixiassem Prudente, “combalido pela moléstia que, meses depois, o havia
de vitimar. Espetáculo indelével”.369 A esse belo crepúsculo correspondia o amanhecer
jubiloso do novo governo, celebrado por aparatosas cerimônias — a que a presença das
esquadras estrangeiras deu um excelente fulgor diplomático. Inspirado nessa pompa
escreveu Rui Barbosa o seu famoso artigo sobre “a lição das esquadras”.370 Uma era nova...

Mas marcada de precoce decadência.

POLÍTICA DOS GOVERNADORES

Campos Sales (responsável em parte pela legislação republicana), imprimiu ao


presidencialismo uma interpretação própria. Dispensou os partidos, para se apoiar aos
governadores. É como se disséssemos, deixou o ranço parlamentar das facções para se
agarrar à estrutura federativa do regime, trocando a controvérsia ideológica (os partidos)
pela realidade terrena dos... estados. Começou escolhendo fora da política, ou sem
atenção a ela, os seus ministros.371 Não precisava de mais nada para projetar no governo a
sua imagem pessoal, a sua vontade inteiriça, a sua doutrina. Que sem ministros no poder
(e ele, que preconizara ao tempo de Deodoro a pacificação pela participação, sabia disto
melhor do que ninguém) os partidos se limitariam a vozear nas câmaras uma opinião
distante. Distante e inconseqüente... Apagou os últimos vestígios da tradição parlamentar
submetendo (segundo passo dessa evolução presidencialista) a formação do Congresso à
conveniência do Executivo, em solidariedade entrosada o presidente, que sustentava os
governadores — novos árbitros do equilíbrio institucional372 — e estes, que indicavam e...
elegiam o Congresso. Com implacável decisão de cumprir o sistema, que instituía o poder
pessoal armado de todas as forças que fazem o regime autoritário, abandonou as
considerações liberais — da “propaganda” — para ser, na “presidência”, um coordenador
de realidades. Queria, antes de tudo, câmaras que lhe aprovassem os atos; ordem nos
estados; um clima pacífico e econômico de austeridade. Obteve tudo isto, com o
clamoroso reconhecimento dos eleitos em 1899.

Competindo ao Congresso o reconhecimento de seus membros, o que melhor fez foi


emendar o regimento, a fim de que viesse a presidir a nova câmara o presidente da sessão
anterior (que houvesse sido reeleito). Teria a atribuição de nomear a comissão
verificadora, e ela — pela vontade de quem já era o indicado para esta missão “de
governo” — confirmava ou inutilizava os diplomas, ao sabor “dos estados”, isto é, dos
governadores dantemão responsáveis pela fidelidade das respectivas “bancadas”.373 A
comissão limitou-se a “reconhecer” os diplomados pela maioria das juntas locais: e como
eram exatamente os candidatos “oficiais” — compôs-se, desembaraçadamente, a
assembléia sem oposição...374 “A presunção (dizia Campos Sales) salvo prova em
contrário, é a favor daquele que se diz eleito pela política dominante do respectivo
estado”.375 Era simples. Automático; e conclusivo. Oligarquia e regime passavam a
equiparar-se — na ambiguidade desta sentença.

OPOSIÇÃO

Aí, o presidencialismo...

Pois silenciava o Congresso, falasse a imprensa! Não calou; entregou-se. Reduzira-se a


tribuna (havia de vituperar Rui Barbosa) “a um simulacro de locutório, insulado no
vazio”. E comparou: “Com o governo parlamentar as câmaras legislativas constituem uma
escola. Com o presidencialismo uma praça de negócios”.376 A uniformidade da política,
dependente da unanimidade do Congresso, neutralizou a representação, inautêntica e
dócil. Tomou-lhe o lugar, na luta, o jornal. Assim fora no império, desde Evaristo da
Veiga. Assim na república. Com o apoio intelectual de Manuel Vitorino e Leão Veloso,
surgiu, em 15 de junho de 1901, o Correio da Manhã, de Edmundo Bittencourt.377
Acusou-se Campos Sales de subsidiar a imprensa. Apareceu aquele matutino para
combatê-lo, mas com um novo sentido de oposição: a campanha popular. Pela primeira
vez o ataque se inspirava — sem compromissos de partido — em angústias públicas,
irritadas e efêmeras (a carne ruim dos açougues, a vacinação obrigatória, o excesso de
autoridade, os seus ridículos, Pinheiro Machado...). Dessa forma recomposta a gazeta de
opinião, se formariam ao seu abrigo os movimentos de rebeldia, como forças à margem (e
contra) da submissão do Legislativo e da passividade dos estados,378 em contato, já agora,
com o espírito intolerante das ruas.379 Para elas apelou Manuel Vitorino, em vibrantes
artigos que prolongavam os ecos da resistência de 1897 — com uma ênfase de apostolado
continuada — oito anos depois — por outra espécie de ronda liberal: o civilismo.

XVII: AS QUESTÕES INTERNACIONAIS

RIO BRANCO

Um país enfraquecido pelas dissensões e pela frustração está ameaçado de todos os


dissabores nos seus interesses estrangeiros. Correu o Brasil este perigo com as questões de
limites que o inquietaram durante todo o período de consolidação e de organização civil
da república. A mais saliente figura que então a diplomacia acentua, nos seus traços
severos de estudo, sagacidade, pertinácia e patriotismo, é de um homem que, desde 1876,
cônsul e ministro na Europa, vivia longe da pátria, e, com isto, dos conflitos nacionais,
preferindo o retraimento altivo — em que as convicções monárquicas se tinham
sedimentado — à colaboração insincera e ressentida. Chamava-se José Maria da Silva
Paranhos Júnior, Barão do Rio Branco. Ao cair o império, definiu a sua incompatibilidade
com a nova situação, que já não admitia os antigos títulos, adotando a assinatura, que
usou até o fim: “Rio Branco”.380 Geógrafo, historiador, conhecendo como ninguém os
problemas de fronteiras, em cujo trato seu pai prestara à nação serviços memoráveis, não
havia, para os negociar, embaixador mais hábil. A sua ação estende-se — com felicidade
— do caso das missões aos últimos convênios de limites da república. Por uma
circunstância providencial coube-lhe conduzir o primeiro: bastou para creditar-se como
advogado inexcedível dos direitos do Brasil.

LITÍGIO DAS MISSÕES

A controvérsia sobre o território de Palmas, atalhada pelo tratado de 1890, voltara à


situação anterior, ambas as partes decididas, em 1893, a submetê-la ao arbitramento do
presidente dos Estados Unidos, tal como estabelecera o tratado de setembro de 1889.
Faleceu em Washington o Ministro Aguiar de Andrada, designado para acompanhar a
causa brasileira. Sousa Correia, ministro em Londres, consultou Rio Branco, de quem se
lembrara Floriano:381 e ele, sem hesitar, aceitou a missão. Em dois meses reuniu os
elementos necessários; muniu-se de farta documentação extraída dos arquivos; em Nova
York, assistido por competentes auxiliares (como Dionísio de Cerqueira e o Almirante
Guillobel), escreveu exaustivas razões que esclareciam, sem sombra de dúvida, o direito
do Brasil.

A região contestada tinha extraordinário valor: 30.621 quilômetros quadrados. Entrava


na área portuguesa, segundo o mapa de 1749, chamado “das cortes”, base do Tratado de
Madri, de 1750, consagração definitiva do uti possidetis que ao Brasil atribuíra a sua
configuração geral. Lá, entre os rios Iguaçu e Uruguai, corria esse limite de Sul a Norte,
pelos rios Peperiguaçu e Santo Antônio. Em 1788, com o descobrimento de outro curso
de água acima das quedas do Iguaçu, a comissão espanhola levantara uma objeção
imprevista, dando os dois rios lindeiros como o Chapecó e o Chopim, muito mais a Leste.
Em 1888 insistia a Argentina em identificar o Chopim com o Jangada. Se aceita esta
teoria, o Brasil como que se dividiria em dois, o Rio Grande ligado ao Norte por uma faixa
de apenas 45 quilômetros... Perguntava-se (eis a questão): quais os confinantes do tratado
de 1750: o Peperiguaçu-Santo Antônio (tese brasileira) ou o Chapecó-Chopim ou Jangada
(tese argentina)? Exibiu Rio Branco, entre as provas encartadas na sua “memória”,382 dois
papéis convincentes: cópia autêntica do mapa “das cortes”, a cuja luz se fizera o Tratado
de Madri,383 e as instruções de 1758, aos demarcadores luso-espanhóis, deturpadas nos
textos, mas agora apresentadas no exato teor.

Estes documentos esmagavam o enredo de contradições tecido em torno do


Peperiguaçu. Desmoronou o embargo oposto à afirmativa, de que lá estava, já no seu
lugar, aquele rio, na carta de 1749, e era, na realidade, a linha limítrofe. Em Paris,
estudando-o, e depois com o auxílio do geógrafo Levasseur, fixou Rio Branco as
coordenadas, pelas quais adquiriu a convicção de que o “mapa das cortes” coincidia neste
ponto com a verdade. Dúvida que restasse, as tais instruções de 1758 desvaneciam. E
como Estanislau Zeballos (advogado da Argentina, com a autoridade de perito e o
prestígio de ter sido o ministro que acordara com Quintino, em 1890, o Tratado de
Montevidéu) insistia, ignorando as conclusões a que chegara o contendor, no suposto
erro do mapa, citando, como demonstração, o trecho inverídico das “instruções”, toda
esta argumentação caía por terra. Faltou-lhe o que sobejou a Rio Branco: o auxílio técnico,
dos arquivos, na erudição geográfica e histórica.384 Rio Branco teve a certeza do triunfo;
este foi completo.385

A 6 de fevereiro de 1895, no State Department, presentes o Secretário de Estado


Gresham, o subsecretário Uhl, Rio Branco, Zeballos com o pessoal das respectivas
missões, em nome do Presidente Cleveland o subsecretário apresentou a sentença arbitral.
Foi uma cerimônia singela. Perguntou se queriam que a lesse. Delicadamente, Rio Branco
disse que dispensava o incômodo. Concordou Zeballos: bastava que comunicasse em
favor de quem se declarara o árbitro. O Sr. Uhl informou: “O laudo do presidente é em
favor do Brasil”. O representante argentino adiantou-se para o colega, e apertou-lhe
efusivamente as mãos.386 O Brasil ganhara a velha questão de missões.

A ILHA DA TRINDADE

Em janeiro de 1895 o almirantado inglês, sem qualquer aviso, como se as duas pequenas
ilhas não pertencessem a ninguém, fez ocupar a Trindade e a Martim Vaz: declarou-as
incorporadas no império britânico.

A notícia (publicada no Financial News, despercebida) chegou ao Brasil seis meses


depois: e o Ministro Carlos de Carvalho protestou, exigindo que se restaurasse naqueles
rochedos a soberania brasileira. Para provar a usurpação sobravam documentos: jamais as
ilhotas tinham saído do patrimônio de Portugal e, em sucessão deste, do Brasil. O
premier, Lord Salisbury, sugeriu o arbitramento.387 A idéia agradou a Prudente de Morais;
mas o ministro mostrou que era inaceitável, se dúvida não havia, quanto aos legítimos
títulos do Brasil.388 Desencadeou-se, como era natural, no Congresso, na imprensa, nas
ruas, uma tempestade de protestos. Foi quando os bons ofícios de Portugal resolveram a
crise, antes que extravasasse em piores conseqüências. Deve-se o feliz resultado à situação
prestigiosa que tinha em Londres a legação brasileira. A este respeito, o rápido epílogo da
Questão da Trindade é o mais belo reflexo da influência do Barão de Penedo na corte de
Saint-James, através de dois homens que, de certo modo, a continuaram, o ministro do
Brasil, Sousa Correia, e o seu colega português, o Marquês de Soveral. Bafejado no
começo da carreira pela amizade de Penedo, ligado a Correia, utilizou Soveral a confiança
que lhe dispensava Lord Salisbury, fazendo-se intermediário oficial da conciliação.
Auxiliou-o no Rio de Janeiro o encarregado de negócios de Portugal, Camelo Lampreia.
Em notas aos governos britânico e brasileiro fixou a posição simples do problema, isto é, a
plenitude do domínio que sobre a Trindade tinha o Brasil; e não duvidou Lord Salisbury
em mandar o Baracouta, o mesmo barco que as colocara, retirar da ilha as insígnias da
ocupação.389
Um acontecimento lateral (a que as crônicas não fazem referência) concorreu para
amaciar a crise: a doutrina de Monroe. Em julho de 1895 (pela primeira vez, desde 1823)
o State Department falara seriamente do monroísmo à Inglaterra, a propósito de sua
contenda de limites com a Venezuela.390 Definia-a como uma categórica defesa da
América... Dispor-se-ia o gabinete inglês a agravar as relações com o Novo Mundo,
insistindo em negar a evidência (daquela pacífica propriedade), nesta parte do Atlântico?
O embaixador americano em Londres dissera aguardar que se terminasse o litígio com o
esclarecimento desse direito... Esclareceu-se definitiva e tranqüilamente.

Em janeiro do ano seguinte o cruzador Benjamin Constant (Comandante Rodrigues


Torres) transportou para a Trindade o marco de bronze, que testemunharia, sem mais
contradita, a soberania brasileira.

QUESTÃO DO AMAPÁ

A Questão do Amapá complicou-se, menos pela irritação dos negociadores do que pela
ação direta.

Comprometeu-a o encontro armado na zona disputada.

Tal como no de Palmas, o que se discutia era — preliminar geográfica — a localização de


um rio.

Pois o Tratado de Utrecht dera por fronteira Norte o Iapoc (ou seja, o Oiapoque) ou de
Vicente Pinzon, agora se dissentia sobre qual fosse este curso de água, se o verídico
Oiapoque, cujo delta espraia além do Cabo Orange, como afirmavam os brasileiros, se o
Araguari, dois graus de latitude ao Sul, abaixo portanto do Cabo Norte, onde a Fortaleza
de Macapá era um padrão de soberania — como sustentavam os franceses. A letra do
tratado, no artigo 8, tinha transparente clareza: destinara-se exatamente a isolar a bacia
amazônica das Guianas estrangeiras. Mas os franceses nunca se haviam conformado com
isto.

Em 1836 o governador de Caiena instalara na margem direita daquele rio um fortim.


Cessou com a interferência inglesa a ocupação abusiva, em 1840. Em 1856 o Visconde do
Uruguai foi a Paris liquidar o litígio. Concordou (pois os problemas do Prata exigiam que
estivéssemos em bons termos com a Europa) que o limite descesse até o Cunani, ou o
Calsoene... Nada se decidiu. Cinco anos depois, Joaquim Caetano da Silva demonstrava
exaustivamente a legitimidade da resistência. Tornou-se mais difícil em 1894, quando se
descobriu ouro nas cabeceiras daqueles rios. No ano seguinte, uma coluna francesa
desembarcou no Amapá e foi recebida e rechaçada a bala pelos moradores, chefiados por
Francisco Xavier da Veiga Cabral. Morreu na luta o Comandante Lunier. Exaltaram-se os
ânimos no Rio de Janeiro. Em Paris, a comoção descambou em comédia: estabelecera-se
na zona disputada a “República de Cunani” — espécie de Texas dos “pioneers” — e um
autor, Coudreau, vaticinou-lhe a independência.391 Convieram as duas partes em levar o
litígio ao arbitramento do governo suíço. Rio Branco foi incumbido de advogar em Berna
os direitos do Brasil — na categoria de ministro plenipotenciário em missão especial;
entre julho de 95 e princípios de 99 elaborou as suas razões;392 e graças a este forte estudo
— que se somava às demonstrações de Joaquim Caetano393 pôde o árbitro, o Conselho
Federal da Confederação Helvética, dar a sentença eqüitativa de 1o de dezembro de 1900.

Reconheceu a sentença que o de Pinzon, do Tratado de Utrecht, era o Oiapoque com o


que ficou o Brasil com o litoral contestado, do Cabo Norte ao Orange. E quanto à
limitação interior, fixou-a no divisor de águas de Tumucumaque. Embora menos do que
pedíamos, dava à Guiana a contravertente, fechando-lhe o acesso à bacia amazônica. A
vitória tinha a perfeição do equilíbrio.394 Mas não encerrava o ciclo das questões lindeiras.
Restava a da Guiana Inglesa, tarefa do governo seguinte; sobreveio o problema do Acre.

XVIII: PLENITUDE DO PRESIDENCIALISMO

REGENERAÇÃO FINANCEIRA

O quatriênio de Campos Sales foi feliz na execução do programa financeiro, bem sucedido
na política externa, malsinado nos assuntos interiores e, de resto, autoritário e
oportunista, como um período de recuperação do vigor e da influência do governo,
impopular, mas respeitado.

O motivo inicial dessa impopularidade foi o cumprimento inflexível das leis de 1898,
que instituíam o imposto de consumo, com a selagem das mercadorias, e mandavam
cobrar 10% em ouro dos direitos de importação.395 Mostrou-se o presidente insensível ao
apelo da Associação Comercial e, em verdade, das classes conservadoras, para que adiasse
a cobrança. Sustentou, contra a oposição da imprensa, seu Ministro da Fazenda, Joaquim
Murtinho, e enfrentou altivamente a tempestade de protestos. Respondera a uma
reclamação viva: “Não posso obrigar ninguém a ser patriota; mas hei de fazer cumprir a
lei”.396

Cortou obras públicas, suprimiu os velhos arsenais de Guerra e de Marinha da Bahia, de


Pernambuco, do Pará, executou as obrigações do funding loan, e a 1o de julho de 1901
esta política de austeridade dava seus frutos, com a retomada dos pagamentos em
moeda.397 Recuperara-se o crédito externo, o que permitiu o rescision bonds, de 1901, o
melhor empréstimo jamais conseguido, ao tipo de 125, para uma operação vantajosa: o
resgate das estradas de ferro, com a libertação das garantias de juros em ouro.398 No
quatriênio subiu o câmbio de 7 3/6 a 12, caiu de 50 para 35% a depreciação do papel-
moeda, o resgate de títulos-ouro elevou-se a 4.400.000, os da dívida pública melhoraram
de 35%, e os compromissos no estrangeiro (conseqüentes à cessação do pagamento de
juros) desceram de oito milhões e setecentas para quatro milhões e trezentas mil libras:399
um brilhante resultado financeiro!

CÓDIGO CIVIL

Aquietado o país, devia ter a sua legislação recomposta. Campos Sales, que em 1890
incumbira Coelho Rodrigues de organizar o projeto do Código Civil, voltou ao assunto,
desta vez por intermédio de um jurista autêntico, que era o seu Ministro da Justiça,
Epitácio Pessoa.400 Este (em 25 de janeiro de 1899) convidou para elaborar o trabalho um
digno continuador da obra paciente dos nossos maiores civilistas, seu colega do Recife,
Clóvis Beviláqua.401 Em sete meses cumpriu a ingente tarefa, que, revista por uma junta de
doutos, foi em junho de 1901 submetida à comissão especial da Câmara dos Deputados,
presidida por J. J. Seabra. Nela colaboraram outros especialistas (e assim, com a sua
resistência às inovações, Andrade Figueira, representante inabalável das tradições liberais
da velha jurisprudência): e de modo a estar o projeto pronto em janeiro de 1902. Não lhe
faltaram críticas à linguagem. Rui Barbosa antecipara a advertência, quando, no seu
jornal, em 1899, estranhou a nomeação de Clóvis: carecia de “vernaculidade, a casta
correção de escrever”.402 Ocorreu a Seabra encomendar a um gramático a policiadora
leitura. Confiou-a ao baiano Ernesto Carneiro Ribeiro. Mas, com a audiência ao filólogo,
desviou para o intrincado prélio gramatical o debate que devera cingir-se aos institutos
jurídicos.

Realmente nunca se exerceu, tão persuasiva, a supremacia do governo na câmara como


neste caso, pois em rápidas sessões discutiu, sem alterar, o projeto, logo remetido ao
Senado, tudo indicando que lá teria a mesma sorte.

Em três dias saiu-lhe Rui ao encontro, com o parecer sobre a redação (3 de abril de
1902), em que, maciçamente, alinhou todos os seus reparos, abrindo, com isto, a mais
candente das controvérsias sobre regras da linguagem. Defendeu-se Carneiro,403 e teve a
Réplica, outro monumento dessa miúda erudição.404

Sob o seu peso jazeu o projeto, à espera de que as paixões se desvanecessem, o espírito
das leis predominasse sobre o das letras, e num ambiente calmo os entendidos se
conciliassem, menos a respeito da escrita do que do Código.

UNANIMIDADE

Adquiriu a política, com as eleições de 1899, a estabilidade desejada por Campos Sales —
e era pouco menos do que a unanimidade em torno dele.

O reconhecimento, a seu critério, manobrado pela comissão das execuções405 — isto é,


da verificação dos diplomas — apelidou-se de guilhotina:406 degolou os candidatos
inconvenientes, que eram os adversários dos governadores.

Na reunião com a bancada paulista, em 24 de abril, positivara Rodrigues Alves (com a


autoridade de presidente eleito do Estado) que esta seria a orientação. Dissentiram cinco
deputados, que foram — idealistas — propagar em São Paulo, com o apoio de Prudente
de Morais e a ativa direção de Júlio Mesquita, a Resistência.407 Desvaneceu-se contudo a
Concentração Republicana, que Glicério, Pinheiro, Cassiano do Nascimento, Lauro
Sodré, tinham levado à luta, na esperança de eleger considerável número de deputados e
senadores. Acabou com a derrota, ou antes, a degola dos seus candidatos, a começar por
Glicério, que não voltou ao Parlamento. As exceções que se abriram (com o
reconhecimento de Barbosa Lima, eleito pelo Rio Grande do Sul, de Irineu Machado, pelo
Distrito Federal, de Fausto Cardoso por Sergipe) não foram de ordem a alterar o quadro.
Campos Sales tinha Congresso à disposição: e se com ele não contou até o fim foi porque
um fator diferente lhe provou a disciplina. A sucessão presidencial. A flama oposicionista
passou à imprensa. Calou-se a violência da tribuna substituída pela indignação dos
jornais. Apoiou-se à possibilidade de uma reação militar, muitas vezes prenunciada,
durante esse quatriênio, porém desfeita e retardada, graças à firmeza corajosa do
presidente. Conjurou, com igual energia, o espantalho das conspirações monárquicas
(com o excesso de mandar prender com violência indigitados conspiradores, como o
Conselheiro Andrade Figueira)408 — e as ameaças da desordem armada, em que se
revelavam os outros sebastianistas, os “saudosos” do marechal. Faltou-lhes o Rio Grande
do Sul.409

Ainda desta feita Pinheiro e Castilhos agiram com fria habilidade: em vez de romperem
com o presidente, que respeitava, no reconhecimento de poderes, a “vontade dos estados”,
deram-lhe uma solidariedade tranqüilizadora. Por três vezes (disse-se) Pinheiro obstou a
que explodisse a revolta.410 Devia temê-la. O que mais queria o castilhismo, Campos Sales
concedera — na lógica do seu “sistema”: a política dos governadores. Apontavam-se as
colunas desse regime: os partidos republicanos de São Paulo, de Minas Gerais, do Rio
Grande, fechados, organizados, hierarquizados, máquinas dóceis na mão forte do chefe. O
Mineiro teve o irônico apelido de Tarasca: articulava as “maiorias locais”, obedientes à
direção unitária, do governador todo-poderoso.411 Pinheiro tornou-se no Senado o
advogado dessa situação — que confundia com a própria forma federal. Não esquecessem
que se afastara de Prudente e repelira a “paz de Pelotas” para não permitir que
impusessem ao seu estado a revisão constitucional. Era o noli me tangere, a belicosa
sensibilidade da autonomia, a que consagrara a espada de general honorário... A
dissidência paulista facilitou-lhe a adesão ao presidente.

A DISSIDÊNCIA

Quebrou-se a coesão, propiciada pelo reconhecimento de poderes de 1900, com a


repetição, mas em escala reduzida, da incompatibilidade do presidente e do vice-
presidente, que, em 1897, transtornara o panorama nacional. Pretextou-a um caso
pessoal: a demissão do procurador da república no Recife.412 Rosa e Silva, e, com ele,
governo e deputados pernambucanos, declararam-se em oposição. Em setembro de 1901
chefiou Prudente o protesto paulista contra aquele extremado presidencialismo e exigiu a
reforma da Constituição.413 Não era possível manter-se a ordem republicana sem a
liberdade, confiscada pelo sistema vigente!

De muito preparada (afirmou Rodrigues Alves),414 explodiu a dissidência com a revisão


constitucional de São Paulo, para que Bernardino de Campos, candidato à sucessão do
presidente do Estado que acabava de ser indicado para a da república, fosse eleito por
quatro anos, não pelos dois que lhe faltavam.415 A Prudente e seus amigos a combinação
pareceu insuportável (governos instituídos por força de interesses conjugados, sem
consideração pelas “minorias”): e denunciou-a, como primeiro passo para a organização
de um partido contra o Poder. Não vingou o partido, mas prevaleceu a idéia. Nela enraíza,
na resistência às formas personalistas da república, o movimento de regeneração dentro
dos próprios quadros republicanos. Que o presidente fosse eleito, não pelo sufrágio
universal, tão defraudado, porém pelo Congresso; que se regulamentasse o artigo 6 da
Constituição (quanto à intervenção nos estados); que se unificasse no país o processo
judicial...

Meses antes se reagrupara no Rio Grande a oposição, para soltar também o seu grito
revisionista: mas pelo parlamentarismo.416

OUTRO PAULISTA

Não custou a Campos Sales fazer sucessor o probo conterrâneo que presidia São Paulo,
Conselheiro Rodrigues Alves. As bancadas de Pernambuco e do Maranhão (que o
hostilizavam) contentaram-se em adotar, para a vice-presidência, um nome do Norte: o
paraense Justo Chermont. Nilo Peçanha, no estado do Rio, sustentou o de Quintino
Bocaiúva para presidente: porém desesperançadamente, numa homenagem sentimental
ao patriarca da “propaganda”. Com o presidente de Minas Gerais, Silviano Brandão,
como companheiro de chapa, Rodrigues Alves foi eleito quase unanimemente. Faleceu
Silviano antes da posse (26 de setembro de 1902), e, para o substituir na vice-presidência
da república, o situacionismo mineiro indicou outro político da velha guarda: o
Conselheiro Afonso Pena. Da união dos dois grandes estados resultava de pronto o
equilíbrio inabalável do governo, a que a austeridade desses estadistas de moral rígida e
natural gravidade emprestou uma nova importância.

XIX: DIPLOMACIA
SOB O SIGNO DA PAZ

A diplomacia de Campos Sales (no ministério, o jovem mineiro Olinto de Magalhães) foi
feliz e vistosa.

É verdade que não compareceu o Brasil à Conferência da Paz que, a convite do czar da
Rússia, se reuniu em 1899 em Haia. Mas por uma razão simples:417 único país latino-
americano a receber a convocação, que versava o tema do desarmamento, lutaria, se
comparecesse, com o duplo equívoco de assumir compromissos que não alcançavam os
vizinhos, portanto intempestivos, e de reduzir forças... que procurava recuperar. O
descalabro da Marinha, subseqüente à revolta, a ineficiência do exército, provada no ano
anterior, a necessidade de reaparelhar-se, para pôr em pé de defesa os seus humildes
recursos, aconselhavam o contrário, isto é, a ausência de congressos internacionais que
lhe dessem deveres sem garantias, platonicamente.

Em compensação, acercou-se amistosamente da Argentina, com o encontro cordial dos


presidentes, em visitas que inauguraram um período de cooperação leal.

Pouco antes o Presidente Júlio Roca (veterano do Paraguai, com suficiente autoridade,
no seu país, para dar um rumo inesperado à sua política externa) se entrevistara no
Estreito de Magalhães com Arrázuriz, presidente do Chile: e esse aperto de mãos dissipara
a ameaça de um conflito entre as repúblicas limítrofes, desavindas na sua fronteira andina.
Com o mesmo propósito de paz veio Roca, com uma flotilha de três navios, ao Rio de
Janeiro (agosto de 1899), onde foi acolhido com entusiasmo e franqueza, exatamente
como em Buenos Aires seria recebido, dois meses depois, o Presidente Campos Sales, ao
lhe retribuir, com equivalente cerimonial, a visita.418 A vantagem foi desacreditar a balela,
de que uma prevenção incorrigível dividia os dois povos, desencorajando a hipótese de
uma guerra nesta parte do mundo,419 os contendores se agrupavam em “blocos”. Deu a
ambas as nações a idéia amável de suas afinidades — elas que, desde o fim da campanha
do Paraguai, pareciam apostadas exatamente em mostrar as suas diferenças.

A QUESTÃO DA GUIANA

A vitória na querela do Amapá, com o laudo arbitral do governo suíço, coroou a ação
calma da chancelaria brasileira. Este êxito aconselhou a liquidação, por processo análogo,
das dúvidas — mais difíceis de esclarecer — existentes com a Guiana Inglesa.

Resultavam da expedição do geógrafo Schomburgk420 e da missão do Pe. Youd a oeste do


Rupununi — até aí reconhecido como limite — a que se seguira, em 1840, a posse em
nome da rainha da Inglaterra, e em 1842, a ocupação à mão armada. Para obviar a
violência convencionou-se a neutralização do território até a solução conveniente da
pendência. O seu ponto de partida era a área jurisdicional do Forte de São Joaquim,
construído, em 1775, na junção dos rios Uraricuera e Tacutu, e de onde os portugueses
dominavam as campinas adjacentes, o divisor de águas do Essequibo e do Rio Branco, a
margem esquerda do Rupununi, por isto considerado tradicionalmente a fronteira da
Amazônia e da Guiana. Assim era até 1814, quando os holandeses cederam aos ingleses
aquela zona; e continuava assim em 1838, quando o próprio Schomburgk reconhecia ser o
Rupununi esse pacífico limite.421 A questão tornou-se subitamente grave com o erro das
autoridades brasileiras de não se estenderem para leste do Forte de São Joaquim, nele se
conservando, porque era a baliza, solidamente estratégica, a velar pela comunicação
natural, do Rio Branco com o Amazonas — erro que permitiu a incursão do estrangeiro,
de bandeira arvorada. Essa ocupação de fato, a despeito da documentação, foi fatal ao
direito do Brasil. Não se assemelhasse às questões — mais simples — de Palmas e Amapá,
o litígio da Guiana britânica. Nestes, o ocupante obstinado éramos nós. Rio Branco
confessou certa vez, “o nosso direito não era tão fácil provar nesse caso quanto nos casos
das missões e do Amapá”.422 Escrevera, em 1897, uma sucinta “memória” que resumia a
contenda, para uso do ministro em Londres, Sousa Correia.423 Murmurou-se que
habilmente recusara advogar a causa, com o pretexto de que não acabara a do Amapá,
porque previa o fracasso. Tornou-se inevitável com a escolha do árbitro, não o grão-
duque de Baden, como primeiro se pensou, porém o Rei da Itália, mais inclinado ao
poderio inglês do que à simpatia americana.424

A contenda teve de ser decidida sem mais protelações, quando no tribunal arbitral, que,
por exigência dos Estados Unidos,425 julgara a questão de limites entre a Venezuela e a
Inglaterra, o jurisconsulto Martens, exorbitando no alcance do pleito, se referiu à
fronteira com o Brasil pelo... Tacutu (3 de outubro de 1899). Com o seu espírito de
previdência, antecipara-se a diplomacia brasileira ao desfecho dessa contenda dizendo-se
nela interessado: e prontamente protestou contra a conclusão abusiva, em pleito a que não
concorrera, exigindo, por conseguinte, o arbitramento adequado. Negociou-o o Ministro
do Exterior, General Dionísio Cerqueira (com a sua sensibilidade de explorador exaustivo
dos confins amazônicos), e este acerto se concretizou no Tratado de Londres, de 6 de
novembro de 1901.

O árbitro foi o jovem Rei Vítor Emanuel III.

SENTENÇA ARBITRAL

Para produzir a defesa e acompanhar, na Europa, o desenvolvimento do litígio, Campos


Sales escolheu Joaquim Nabuco.426 Distanciado do partido monárquico por sua nascente
confiança na república, agora que se fortalecera, com a dissipação da anarquia jacobina, o
grande orador se sentiu livre para aceitar a distinção. Malsinado embora pelos antigos
correligionários, aquiesceu ao convite para ministro em Londres, na vaga aberta com o
falecimento de Sousa Correia; e organizou os dezoito tomos do seu arrazoado, excessivos
para a demonstração do direito, insuficientes para demover a justiça... de Salomão.

Conhecida em 6 de junho de 1904, a decisão do Rei da Itália decepcionou a opinião


brasileira. Firmou-se no elementar direito de ocupação.427 Quis ser eqüitativa. Atribuiu à
Inglaterra o território entre os rios Maú-Tucutu e o Rupununi — consagrando a
usurpação de 1840. Desprezou o divisor de águas — a Serra de Pacaraima — e a
convenção imemorial das contravertentes, defendida, na colônia e no império, pela
diplomacia luso-brasileira, segundo a qual a bacia amazônica, separada do Orinoco, do
Essequibo, pela linha de montanhas que lhes aparta os afluentes, não podia ser
escoadouro das Guianas. Trouxe o domínio britânico às ribanceiras do Tacutu, o que era
abrir-lhe o Rio Branco e, por ele, o Amazonas. Quebrou aquele histórico privilégio. E isto
repercutiu na sensibilidade da nação. Em contrapartida, negou o árbitro o limite pelo
Cotingo, pretendido pelos ingleses, e o recuou ao Maú (e à Serra de Roroíma) — com o
que equilibrou aparentemente o resultado, 19 mil quilômetros para a Guiana britânica, 13
mil para o Brasil... Disfarçou Nabuco o insucesso, consolando-se com este pensamento
salomônico: “Em tais circunstâncias folgo de ter recuperado para nós o trecho que mais
nos convinha”.428 Em verdade, nunca se refez deste desgosto, que o surpreendeu, depois
de ter empenhado admiráveis esforços na defesa da sua causa.

A chancelaria brasileira tinha ganho, pouco antes, o seu mais ruidoso triunfo: o Acre.

XX: A INCORPORAÇÃO DO ACRE

A BORRACHA

A “questão do Acre” é a das regiões desconhecidas, que os pioneiros de Leste integraram à


viva força no território nacional: e a este respeito — complemento da formação do
império, ainda inconclusa em 1889 — tem evidente analogia com o ciclo histórico da
ocupação do continente. O que, no século XVI, os portugueses fizeram, alastrando o
domínio sobre o litoral salteado pelos “flibusteiros” (conquista da costa setentrional); o
que fizeram no século XVII os paulistas, entrando a região das “missões”; e no século XVIII
as “bandeiras”, que descortinaram a zona do ouro, da Mantiqueira aos lindes de Mato
Grosso — empreenderam, depois de 1860, os exploradores da bacia amazônica, atraídos
pela árvore da borracha. Há, na história territorial do Brasil, o período da borracha, como
o do diamante, o do ouro, o da cana-de-açúcar, o do pau de tinturaria. Deve-lhe o
Amazonas a prosperidade desentranhada da selva pela bravura silenciosa de levas de
imigrantes nordestinos (sobretudo cearenses, tangidos em multidão, pela seca de 1877,
para aquele novo campo de trabalho): e o conhecimento de todos os rios navegáveis,
tributários do grande caudal, até há pouco mal apontados nos mapas. A resina preciosa
justifica esse deslocamento de populações ávidas de riqueza, a sua expansão rápida pelos
vales insalubres em que frondejavam os seringais. O preço crescente — com o
aproveitamento industrial da goma429 — aguçou o interesse dessa invasão, que ia esbarrar,
Juruá e Purus acima, na fronteira boliviana. Resultou do povoamento tumultuoso, no
sentido das nascentes dos rios que despejam no Solimões, o problema dos limites com a
nação vizinha, teórico ou geográfico em 1860 (quando Duarte da Ponte Ribeiro delineou
na carta a confrontação conveniente), mas difícil e sentimental em 1895, quando,
dramática, surgiu a “questão”.

A “LINHA VERDE”

Resolveu-a no papel o tratado subscrito em La Paz em 27 de março de 1867, pelo qual a


linha limítrofe seria “uma paralela” tirada da margem esquerda do Madeira em latitude
Sul 10° 20’ “até encontrar o Javari”,430 explicando que, “se este tivesse suas nascentes ao
norte, aquela linha seguiria por uma reta tirada da mesma latitude a buscar a nascente
principal do mesmo rio”. Parecendo uma solução, era uma problemática, com a agravante
da ambigüidade. Em verdade, o mapa de Ponte Ribeiro, a cuja luz se acordara a
composição, já previa a oblíqua, da foz do Beni às cabeceiras do Javari, entrando no
triângulo assim definido a parte principal do curso do Purus e do Juruá, com o Vale do
Aquiri (ou Acre), em 1867 praticamente desconhecido, e em seguida investido e tomado
— sem oposição de ninguém — pelos caboclos cearenses. A questão tomou-se concreta e
humana: desistiriam esses ocupantes de seu direito de posse em favor do direito
convencional dos outros — quando, na realidade, as pendências sul-americanas de que o
Brasil participou se decidiam segundo o princípio material do uti possidetis? O governo
do Brasil, com a sua diplomacia cordata, não quis negar o tratado de 1867, e mandou
demarcar, com o desejo de respeitar o prometido, a área litigiosa. Os seringueiros
disseram que não; por nada deste mundo reconheceriam a propriedade estrangeira. A
glória de resolver o conflito, com o êxito da causa de seus patrícios (e a anexação da zona
contestada) coube a Rio Branco, Ministro das Relações Exteriores a partir de 3 de
dezembro de 1902.

Mas a ação hábil da chancelaria teve a sua base na insurreição acreana, movimento
espontâneo dos sertanistas, num surto indomável de resistência em que sobrelevam
algumas figuras de caudilhos. O maior chamou-se Plácido de Castro.

A revolução, dando veemência ao uti possidetis, impeliu o governo para a sua vitória
diplomática.

PROTESTO E DEMARCAÇÃO

Tratou-se de demarcar a fronteira de acordo com o convencionado.

O Coronel Taumaturgo de Azevedo, chefe da comissão, interrompeu-lhe os trabalhos,


avisando que, se confirmado o traço do Beni ao Javari, o triângulo abrangeria a zona
povoada pelos brasileiros. Seria inadmissível; e exonerou-se da comissão de limites.431
Surpreendido, mandou o governo que o Capitão-tenente Cunha Gomes determinasse a
linha paralela do 10° 20’, abaixo da qual o território era desenganadamente boliviano.
Aproveitou-se disto o ministro da Bolívia no Rio, Paravicini, para pedir ao Ministro do
Exterior, General Dionísio Cerqueira, lhe facilitasse a criação, às margens do Acre, de um
posto aduaneiro. O general consentiu: e Paravicini em pessoa fundou Puerto Alonso —
em 3 de janeiro de 1899. Tal iniciativa, quando se discutia com azedume o domínio de
uma ou de outra nação, precipitou a luta. Reunidos rio acima, em Caquetá, os
seringueiros chefiados pelo advogado José de Carvalho decidiram tomar o posto e
expulsar a autoridade estrangeira. Esta não resistiu. E sobre Puerto Alonso, em 30 de abril
de 99, flutuou a bandeira do Brasil. Agredira-se, porém, a soberania boliviana, e de pronto
se organizou em La Paz uma forte expedição, sob o comando do próprio vice-presidente
da república, Perez Velasco, e do Ministro da Guerra, Ismael Montes. Enquanto essa
coluna se deslocava penosamente para a região contestada, o entusiasmo causado pelo
atrevimento dos sertanejos, com a ocupação da localidade boliviana, inspirou para uma
grande aventura o espanhol Luís Gálvez.432 Tivera meios de apoderar-se de um segredo
formidável. E dele fez a sua fortuna. O episódio insere uma centelha romanesca na disputa
acreana. Raramente um caso de espionagem espontânea teve conseqüências tão
inesperadas.

AVENTURA

Antigo diplomata, que trocara a elegância da carreira por uma vida boêmia em Buenos
Aires e no Rio de Janeiro, onde se arruinara, explorando uma casa de jogo, surgiu Gálvez
em Belém com boas apresentações e sem dinheiro. Queria empregar-se na redação de um
jornal. O governador do Amazonas nomeou-o amanuense da Assembléia. Conseguiu
melhor, um lugar no consulado boliviano em Belém, para traduzir papéis. Não admira
que o cônsul lhe aproveitasse os conhecimentos. Espantoso foi que lhe desse a traduzir a
minuta de uma negociação, em que a comissão demarcadora, chefiada por Paravicini,
propunha, por intermédio do cônsul norte-americano, nada mais, nada menos do que a
entrega do Acre... aos Estados Unidos. O documento, assinado por Paravicini e pelo
Cônsul Luís Trucco, constituía uma proposta de tratado, em que a Bolívia daria aos
Estados Unidos, por sua intervenção, o abatimento de 50% sobre a borracha exportada, e,
na hipótese de guerra, o território...433 Evidentemente careciam os proponentes de
autoridade para tais aberturas, nem a tinha o funcionário yankee ali estabelecido. Mas
tudo conspirava para dar excepcional importância à idéia. Estava-se em 1899. Em plena
dollar policy, triunfante nas Antilhas com a guerra de Cuba, a expandir-se pelo Pacífico
com a ocupação das Filipinas, proclamando-se que Teodoro Roosevelt seguia as lições
imperialistas do Capitão Mahan. A América do Norte, mais interessada do que nenhum
outro na borracha brasileira, poderia interessar-se por aqueles disputados domínios...
Havia o exemplo sul-africano. Não sofrerá Portugal o vexame do “protocolo” britânico,
com a Chartered, a British South Africa Company que se meteu entre Angola e
Moçambique, para lhe tomar aquele sertão imenso? Talvez em Washington não se tivesse
ainda pensado nisso. Porém em La Paz — como prova a cessão de 1901, ao
Anglo‑Bolivian Syndicate, se considerou essa possibilidade. Não sabemos se Paravicini
agia por conta própria. Gálvez é que não teve dúvidas. Apoderou-se do segredo e correu a
Manaus. O Governador Ramalho Júnior também acreditou. Foi a fortuna do aventureiro.
Convenceu o governador a antecipar-se, com um golpe teatral. Precisava de recursos.
Recebeu 600 contos de réis. Queria armamento. Teve tudo. À fantasia de Paravicini
respondeu com outra espécie de sonho: um Estado independente, na selva, de que fosse
fundador e herói, como Houston, no Texas, como Kruger, no Transvaal, como o
personagem de opereta que pretendera criar, no Amapá, a sua monarquia... E meteu-se a
fundo na floresta.434

Gálvez fizera o seu plano.

Alcançou Porto Acre (novo nome de Puerto Alonso) e, a 14 de julho, proclamou o


Estado Independente do Acre. Impôs-lhe uma bandeira, verde e amarela, com estrela
vermelha ao centro. E telegrafou, comunicando a fundação daquela república — de que
passava a ser o chefe. Um sonho equívoco, que a princípio seduziu aqueles guerrilheiros
rústicos, porém acabou logo, achando eles melhor reembarcar o estranho sujeito no seu
navio, de volta para a capital. A resposta, por outro lado, do governo federal à
originalidade dessa revolução fora a ordem, para que a flotilha do Amazonas afugentasse
os amotinados. Era tarde para os desarmar. Com a chegada da força boliviana os ânimos
em Manaus se exaltaram: e o Governador Silvério Néri cedeu a Orlando Correia Lopes e a
alguns rapazes destemidos copioso material e o vapor Solimões. Apossaram-se de uma
lancha boliviana, a que deram o nome de Rui Barbosa, e foram imprudentemente
enfrentar a tropa de Perez Velasco. Chamou-se com razão “expedição dos poetas”, essa
leva de intelectuais moços e voluntários inexperientes, que, a 15 de novembro de 99, saiu
de Manaus com heróicos propósitos e, no Natal, chocando-se com a guarnição boliviana,
que se instalara solidamente em Porto Acre, debandou, desbaratada, para Caquetá — num
insucesso triste.435

Depois desse fracasso, dir-se-ia perdido o território abaixo da linha Cunha Gomes, e o
governo brasileiro conformado com a situação, quando a denúncia de Gálvez, sobre a
possível participação de terceira potência, tomou outra forma. Não se tratava, em verdade,
de cessão aos Estados Unidos, mas de um negócio em que entravam grossos capitais
anglo-americanos, apoiado nas futuras compras da U.

S. Rubber Co., inspirado pelo ministro boliviano Félix Avelino Aramayo: o pacto
firmado em Londres, a 11 de junho de 1901, com o magnata Whitridge, em nome do The
Bolivian Syndicate of New York. A empresa ficaria com o monopólio da zona acreana,
exercendo aí os direitos fiscais e de polícia, que têm na África e na Ásia as chartered
companies. A marcar o prestígio da organização, para a sua presidência entrou um primo
do Presidente Teodoro Roosevelt... Divulgou-se a notícia que a Bolívia transferira ao
capital internacional436 a responsabilidade do Acre. A imprensa vozeou o seu protesto.
Coincidiu com outro motivo de enfurecida irritação dos seringueiros: a ordem dada pelo
novo comissário boliviano de Puerto Acre, Lino Romero, para que, sob pena de perda das
propriedades, as levassem a registo na sua repartição pelo prazo de seis meses, a partir de
1o de maio de 1902.437 O Governador Silvério Héri autorizou Rodrigo de Carvalho a
instalar em Caquetá um posto fiscal, que justificaria nova concentração armada, sobre o
rio, teatro das batalhas previstas. E Rodrigo, que era rio-grandense-do-sul, lembrou-se de
um antigo oficial federalista, seu conterrâneo, talhado para chefiar a insurreição.
Comunicou-lhe as suas intenções; e ofereceu o comando.438 Chamava-se José Plácido de
Castro.

PLÁCIDO DE CASTRO

Apesar de um passado de provações, combates e viagens, que lhe tinham enrijado a fibra
militar, não passava Plácido de um moço de 28 anos, metido nos seringais do Purus a
executar modestamente os seus trabalhos de agrimensor. Interrompera os estudos na
escola de cadetes de Porto Alegre, por incompatibilidade com a situação local; engajado
contra a vontade no exército legalista se bandeara para a revolução; subira a major;
exilara-se, e tentara a vida de pequeno funcionário, no Rio de Janeiro. Atraía-o a ação;
mudou-se para aquela fronteira, desconhecido, laborioso, pacífico. Na realidade, vibrava
com a causa de seus patrícios, inteirara-se das suas possibilidades de luta e acariciava o
sonho de os dirigir, numa guerra disciplinada. Aceitou o comando. Autoritário e astuto,
possuía as qualidades indispensáveis para a conjuntura: a primeira, a confiança em si
mesmo. Como o problema básico da campanha era a obediência, formulou condições.
Queria ser atendido como chefe; e passaria pelas armas quem faltasse ao compromisso.
Precisava reconhecer o rio até as origens, ponderando os recursos bolivianos. Subiu-o
dissimuladamente, sem que desconfiassem dos seus planos. Em seguida, propagou a
revolta, até reunir dois mil homens, com os seus “rifles” e a sua formidável vontade de
brigar.439 E a 6 de agosto investiu o Arraial de Xapuri, que não resistiu. No dia imediato,
proclamou enfaticamente o Estado Independente do Acre.

Pensava nisto, ou era um ardil, para desviar das autoridades brasileiras a


responsabilidade do conflito? Diria Rio Branco, na exposição de motivos com que
apresentou ao Congresso o Tratado de Petrópolis,440 que proclamara “a sua independência
[...] com o intuito de pedir depois a anexação ao Brasil do território ao norte do Rio
Orton”. Aliás invoca a ata, que no momento se lavrou, “acrisolado patriotismo”, “coração
do brasileiro”, “espírito ordeiro e correto do brasileiro”; e Plácido, no seu primeiro
decreto, assentou que leis, moeda, língua, no novo Estado, seriam do Brasil. Era um
separatismo de ocasião: estalava como uma rebelião sagrada, o desespero dos caucheros.

A luta começou mal, batido Plácido, com pouco mais de sessenta companheiros, em
Volta da Represa (18 de setembro). Retorna, cerca o povoado, força-o a capitular em 5 de
outubro de 1901. A rendição é honrosa,441 contagia de desânimo os bolivianos
concentrados em Puerto Alonso. Este teria de cair: caiu após demorado sítio, em 24 de
janeiro de 1903.442

A AÇÃO BRASILEIRA
O infortúnio de suas armas encheu a Bolívia de indignação, e o Presidente Pando
anunciou que marcharia em pessoa para o teatro dos acontecimentos, com fortes recursos
de gente e material. Rio Branco assumira a 3 de dezembro de 1902 a pasta das Relações
Exteriores. Tivera tempo para se inteirar do perigo que constituía a concessão feita ao
Bolivian Syndicate, do estado de irritação dos brasileiros, com a luta desigual que se feria
no Acre, a necessidade de opor-lhe, com a firmeza que lembrasse a forte diplomacia do
império, os seus embargos. A 24 de janeiro de 1903, no mesmo dia em que os bolivianos,
cercados, se rendiam a Plácido de Castro, expediu uma circular telegráfica, em que
profligou o negócio feito pela Bolívia com o Sindicato de Nova York, “monstruosidade
legal”, “semelhante às concessões da África e indigna do nosso continente”. Terminava,
gravemente: “O Sr. Pando, presidente da Bolívia, propõe-se marchar contra os súditos
brasileiros do Acre. O presidente do Brasil decidiu concentrar tropas nos estados
limítrofes do Amazonas e Mato Grosso”.443

Em 3 de fevereiro o ministro do Brasil dizia em La Paz da má impressão causada pela


partida do Presidente Pando, com a sua expedição. Em Londres, os Rothschild prestaram
ao nosso governo um serviço confidencial: convidados para evitar que os capitais ingleses
encorajassem um atrito entre o Brasil e os Estados Unidos em razão da U. S. Rubber Co. e
do sindicato do Sr. Whitridge, obtiveram (28 de fevereiro) a desistência deste, com o
cancelamento do negócio, mediante a indenização, à vista, de 110 mil libras. Vitoriosa a
mediação dos banqueiros, ultimou em Nova York a renúncia do sindicato a ação conjunta
do ministro brasileiro, Assis Brasil, e do advogado da legação, John Bassett Moore, amigo
de Rio Branco, que emprestou ao caso a sua proficiência: em 11 de junho de 1903 firmou-
se o ato conclusivo. Esta diligência isolou as partes contendoras, para a solução direta.
Precipitou-a Rio Branco, com a ordem à flotilha do Amazonas para entrar os rios
acreanos, ao tempo em que se deslocava de Manaus a coluna de infantaria e artilharia, sob
o comando do General Olímpio da Silveira.

O território passaria a ser ocupado, até o definitivo tratado de fronteiras.

O modus vivendi foi assinado em La Paz, a 21 de março de 1903, um dia depois do


aparecimento, em Empresa, do Major Gomes de Castro, que, em nome do general,
assumiu o comando do Acre Setentrional. Plácido, a quem a intervenção burlava os
propósitos de lutar até o fim, não resistiu: limitou-se a mudar (3 de abril) a sua capital
para Xapuri. O General Pando (após a marcha de 2.000 quilômetros) não passou de
Puerto Rico (sobre o Orton) a pouca distância da foz do Tauamano.444 Seria
inevitavelmente atacado pelo ardoroso caudilho. Mas o acordo de trégua lhe suspendeu o
ímpeto, retendo-o no momento em que a guerra assumiria proporções consideráveis.
Tornara-se escusada: a chancelaria ganhara a partida.

Abriu-se em julho a negociação direta, já não mais do tratado de 1867, porém — como
era óbvio — em atenção ao “manifesto direito” da posse.

Para começar, declarou Rio Branco não conhecer o mapa da “linha verde”, de 1860,
sobre o qual se tratara em 1867, com a sua oblíqua do Madeira às nascentes do Javari: o
mais antigo que encontrou foi de 1873, e pouco valia, porque esboçado como
interpretação, não como norma ou diretiva do pacto... Sem a carta, que atestava a
intenção dos dois governos quanto ao traçado geodésico, podia criticar os antecessores
(“em suma, e é o que importa saber, o governo brasileiro desde fins de 1867 apontou a
opinião que mais favorecia à Bolívia”) e concluir, como concluía Rui falando ao Senado,
em setembro de 1900 — que a linha, em vez de ser a oblíqua ao Equador (estuário Beni-
Mamoré às origens do Javari, seja, de 10º, 20’ a 7º), era simplesmente o paralelo (10º, 20’),
ou “linha Cunha Gomes”, de que resultava ficarem no Brasil as cabeceiras do Juruá, os
mais ricos trechos do Purus e do Acre...

Errou, quando desprezava, por inexistente, o mapa em que os antecessores se tinham


apoiado, na sua mal julgada benevolência. O fato é que, dias depois, confessando o
equívoco, se apressou a confidenciar a Gastão da Cunha (relator da comissão de
diplomacia da câmara) que neste passo corrigisse a “Exposição de motivos”.445 Era injusta.

O fundamento real da causa brasileira lá estava, não nas peças históricas, que os
acontecimentos deixavam longe, mas na ocupação do território discutido, donde os
pioneiros jamais sairiam. Tinham a prioridade da chegada, o direito da propriedade, o
valor da posse; e o sentimento nacional, em que a escudavam. A lei não devia ser dos
títulos, mas dos fatos. Isto proclamara Rui em 1900: bastava o uti possidetis.446 Quem
tomasse a terra contestada era — como na Guiana — o dono. Ou continuaria a luta.

Negociaram o tratado — que se concluiu em Petrópolis a 17 de novembro de 1903 —


Fernando Guachalla e Cláudio Pinilla, pela Bolívia, e Rio Branco, Rui Barbosa (que três
meses depois se retirou da comissão)447 e Assis Brasil.

TRATADO DE PETRÓPOLIS

Resume-se o acordo na cessão ao Brasil da “parte meridional do Acre” reconhecidamente


boliviana, povoada exclusivamente de brasileiros, e que se estimava em 191 mil
quilômetros quadrados, contra uma pequena área de 3.200, na confluência de Abuno e do
Madeira, a construção de uma estrada de ferro entre o Madeira e o Mamoré,448 a liberdade
de trânsito por esse caminho e pelos rios até ao mar, e dois milhões de libras a serem
pagos em duas parcelas. Exultando de júbilo, declarou o chanceler na sua Exposição de
Motivos ao Congresso: “Efetuamos a nossa primeira aquisição territorial desde que somos
nação independente”.449 Fora realmente assim.

E os acreanos? Teria mais relevo a anexação, se, em vez de enriquecer um estado, o


Amazonas, o governo federal lhe desse a categoria, inédita no país, de território (à
maneira norte-americana e argentina). Foi o que fez (decreto 1.181, de 25 de fevereiro de
1904). Plácido de Castro e os seus adeptos não queriam que o Acre passasse para o
Amazonas. Mas não ficaram satisfeitos com a administração, mais distante, do poder
central. É certo que logo despontaram vilas e cidades, onde antes acampavam os
seringueiros na sua desordem heróica. Faltava-lhes porém a justiça, com autoridade, à
sombra da lei: e Plácido foi vítima dessa conjuntura. Forçado pelo General Olímpio a
dissolver o seu exército, maltratado pela ocupação militar, que ingratamente o considerou
um homem perigoso, quando em verdade acabava, com a sua intrepidez, de dar ao Brasil
toda a região, foi Rio Branco que o desagravou, fazendo que o Ministro da Guerra
admoestasse e substituísse o comandante da força. Com o governo do Acre meridional,
foi em 24 de junho de 1906 confirmado na prefeitura do Alto Acre, da qual o destituiu a
sua incompatibilidade com a União. O novo prefeito, Coronel Gabino Besouro, temeu
que, despeitado, se revoltasse, reunindo ainda uma vez os sertanejos. Realmente,
indignado com as violências policiais que o vexavam e ofendiam, Plácido começou a
mobilizar os antigos companheiros. Gabino Besouro, para atalhar o levante, convocou-o a
uma conferência, em que a paz foi combinada.450 De volta para as suas terras, em 9 de
agosto de 1908, alguns facínoras, a mando do subdelegado Alexandrino José da Silva, que
fora um dos seus capitães e era agora o seu maior desafeto, o tocaiaram no caminho,
abatendo-o com dois tiros.

O assassinato do pioneiro encerrou a fase de bravia aquisição e posse dramática do


território, em cujas florestas se travara o mais grave dos conflitos de fronteiras que tivera a
república e em cujos roteiros, abertos à penetração civilizadora, corria agora o comércio
pacífico.451

XXI: O GOVERNO DE RODRIGUES ALVES

GENTE ANTIGA

Oriundo embora da velha política, Rodrigues Alves era um espírito arejado pelas
aspirações do progresso, que levara ao governo paulista. Diferençava-se dos conterrâneos
que o antecederam, o financista e o pacificador, pelo senso, ou antes, pela bravura
(tipicamente paulista) das realizações. Tinham eles desbravado o caminho, com o
apaziguamento e a reabilitação do crédito. Cansara-se a nação da anarquia política
(dissipada com as místicas revolucionárias) e da voraz administração fiscal, que
arrecadava sem construir, para pagar. Exigia melhoramentos civilizados, obras nobres e
inadiáveis, desenvolvimento. “O advento desta era não está longe”.452 O ministério
refletiu-lhe a intenção — de sacudir o país com um forte sopro de prosperidade — a que
acrescia, oportuna, a indiferença pelas questiúnculas e quizílias do passado, jacobinos e
monárquicos, florianistas e sebastianistas, república de colete encarnado e azedos
reacionários deplorando-lhe as misérias... Compunham-no um engenheiro, Lauro Müller,
um político, J. J. Seabra, um financeiro clássico, Leopoldo de Bulhões, um veterano (e
dissidente) da “consolidação”, o General Argolo, o Almirante Júlio de Noronha, que
projetava reorganizar a Marinha,453 e, o maior de todos, o Barão do Rio Branco.
Impregnado de tradição imperial, dizia Rio Branco (carta de Berlim, 8 de agosto de
1902): “Eu não poderia desempenhar as funções do cargo como entendo que devem ser
desempenhadas, e como o foram por Uruguai, meu pai, Maranguape, Sinimbu, Abrantes,
Abaeté, Cotegipe e outros ministros”.454 Estabelecia a continuidade moral, comparando a
diplomacia burocrática (Visconde de Cabo Frio) com a dos “estadistas”. Invocava-os. O
barão deu ao governo do conselheiro o toque histórico (os positivistas diriam que era
monárquico) que, em verdade, se reduziu ao repúdio das paixões e excentricidades de dez
anos antes. Começou pela substituição, na correspondência do ministério, de Capital
Federal por Rio de Janeiro, tirando-lhe o tratamento de vós e o galicismo, saúde e
fraternidade...455 Protestou Miguel Lemos, sem eco, contra a eliminação dessa fórmula,
que tinha a seus olhos importância fulgurante. Voltara aos conselhos do governo senão o
antigo regime, pelo menos o seu estilo, com o sistema — o claro sistema brasileiro de que
o barão fora o geógrafo e o funcionário. Circunstância conclusiva: o povo respeitou-o,
chegou a amá-lo, admirando a distância o homem superior, que servia imperialmente a
república, desprezando-lhe a vulgaridade. Habituou-se a isolar o Itamaraty, com o seu
velho espírito, da Rua do Ouvidor, com a sua oposição boêmia. Era razoável que se
inaugurasse, no Largo da Glória (produto de antiga subscrição popular), o monumento
do Visconde do Rio Branco. Dava razão às gerações extintas. O caso do Acre justificou a
escolha e os métodos do segundo Rio Branco.

VIDA NOVA

O governo foi de rijo trabalho. Depois da calamidade, o reerguimento.

Proclamou, na mensagem de 3 de maio de 1903, que reinava calma na zona política e


chegara o momento da ação, a começar pela capital, cujos defeitos “afetam e perturbam
todo o desenvolvimento nacional. A sua restauração, no conceito do mundo, será o início
de uma vida nova”.456

A idéia de vida nova, com a restauração, ou seja, a remodelação urbana, resumiam-lhe o


programa. No caso, vida nova seria arrancar à Rua do Ouvidor, rebelde e estreita, o
prestígio de permanente meeting, substituindo-a pela avenida larga em que circulasse,
desanuviada, a opinião serena... Devia começar pelo Rio de Janeiro a incorporação do
Brasil no século XX, para que, atualizado, correspondesse à nação rica, sua sala de visitas e
não seu porto sujo. Requeria-se a picareta do progresso, que rasgasse os traçados, a
engenharia, que os planejasse, sobretudo higiene, sem a qual nada disto valeria a pena. Os
inimigos eram simultaneamente a tradição e a febre amarela. Mobilizou o presidente,
engenheiros e médicos: e, com Pereira Passos, Paulo de Frontin, Oswaldo Cruz, conseguiu
rapidamente o prodígio — que foi a transformação da capital.

O PREFEITO PASSOS
O Engenheiro Passos, afamado ferroviário, aceitou a prefeitura com a condição de a
exercer com plenos poderes, numa espécie de ditadura justificada pela eficiência. O
decreto de 29 de dezembro de 1902, que reorganizou o Distrito Federal, adiando as
eleições, deu-lhe essas faculdades. Nomeado no dia seguinte, imediatamente instituiu a
comissão da Carta Cadastral, para projetar o alargamento das antigas e a abertura das
novas artérias, racionalizando a circulação, de modo a ligar confortavelmente o norte, o
centro e o sul da cidade. Lauro Müller, atirando-se às obras do porto, lançou a fórmula:
“Fazer engenharia”.457 A Praça Mauá (chamada assim pelo monumento que,
significativamente, aí levantou o Clube de Engenharia, do pioneiro da indústria) serviria
de núcleo à irradiação das avenidas, de um lado a das docas, que ia ter à Praia Formosa,
do outro, de mar a mar, até a tangente do Passeio Público, a Avenida Central. Dali
seguiria a Beira‑Mar, acompanhando as curvas suaves da baía. Traçadas as linhas
periféricas, importava desafogar o centro,458 retificando e alargando as ruas, de jeito a aliar
a utilidade, do trânsito, ao decoro dos aspectos. Foi o que o prefeito promoveu com uma
pressa afoita, de quem não se detinha diante de nenhum obstáculo para despejar os
recalcitrantes, derrubar as construções condenadas (e 550 foram demolidas para a
abertura da avenida), alinhar os logradouros espaçosos, vesti-los de arquitetura adequada.
Tornou-se-lhe anedótica a atividade, autoritária, fulminante, irresistível. Apelidaram-no
de “bota-abaixo”. Para acabar com os quiosques que enfeavam as praças, antes do
desfecho do litígio com o concessionário mandou derrubá-los. Venceu, antecipando-se à
justiça, o pleito com os proprietários. Destelhava-lhes as casas, ordenava a destruição dos
pardieiros, assistindo, impávido, à remoção dos entulhos... Curioso é que revelou a
paisagem à cidade, voltando-a para a sua natureza rutilante: desvendou-lhe a Guanabara,
distorceu-a, da posição oposta ao mar para a sua contemplação, valorizou-lhe o
“ambiente”, velado no dédalo das velhas ruas que lhe davam as costas. O Rio diferente, a
“cidade maravilhosa”,459 data desta formidável iniciativa — encorajada pelo honrado
apoio de Rodrigues Alves.

OSWALDO CRUZ

Era pouco, remodelar. Faltava sanear. Convidado o Dr. Sales Guerra para dirigir a Saúde
Pública, indicou um jovem bacteriologista, mal conhecido, que estagiara três anos no
Instituto Pasteur, de Paris, e geria, em Manguinhos, o incipiente Instituto Soroterápico:
Oswaldo Gonçalves Cruz. Foi a revelação de um homem de luta, acrescido da fé dos
apóstolos. Aceitou, porque podia vencer: venceu, porque cumpriu o seu programa. O
governo surpreendeu o Rio com aqueles dois realizadores: Passos — rompendo avenidas
— e Cruz — exterminando mosquitos. Custasse o que custasse!

Na realidade o higienista não propunha método próprio, que devesse ensaiar numa
população farta de experiências. Convencera-se de que a febre amarela desapareceria, se
acabasse o transmissor.460 Inspirara-se no sistema norte-americano de profilaxia, graças ao
qual o exército de desembarque tivera tão escassas perdas nas zonas insalubres de Cuba —
o de Finlay e Gorgas —; e queria aplicá-lo com o mesmo rigor. Afrontando o ceticismo
acadêmico (dos que ainda criam na etiologia da peste ligada às alterações do solo, às
emanações miasmáticas, contágio e clima),461 definiu Cruz em quatro pontos a campanha:
eliminar o inseto, remover os focos, isolar os doentes, imunizar pela vacina específica a
cidade.462

Para o vulgo, sem excluir grandes personagens, a primeira condição era irônica (e Bilac
dedicou-lhe uma sátira engraçada),463 a segunda curiosa; a última — a vacina — um
atentado. Os positivistas manifestaram a sua repulsa. Com razões científicas, morais,
religiosas — se opunham à “monstruosidade”: a violência justificava a resistência...
Resistiu ele ao ataque nos numerosos tons, de ridículo, censura, oposição e revolta, mas
exasperada revolta que lhe pôs em perigo a vida. Libertou o Rio da epidemia — contra o
Rio.

Nomeado a 23 de março de 1903, em sucessão a Nuno de Andrade (empenhado aliás em


utilizar o processo adotado em Cuba),464 logo a 28, organizou Oswaldo Cruz o combate à
febre amarela — com o Dr. Carlos Carneiro de Mendonça. Juntou a 15 de maio, em
comando único, os serviços federal e municipal; e, por aviso de 15 de abril, criou a
repartição (Profilaxia da Febre Amarela), com a polícia dos focos, a interdição das
habitações malsãs, a destruição da stegomya nos esterquilínios urbanos, afinal a
vacinação, nos moldes da lei alemã de 1874! Este prussianismo pegou a capital num
estado de comoção profunda.

Turmas de vacinadores, com policiais de escolta, de casa em casa, de bairro em bairro,


forçavam os moradores a se submeterem à incisão: e, sem tempo nem prudência para
advertir da vantagem daquilo, aterrorizavam, como se espalhassem a peste, que
evitavam... Os incidentes foram múltiplos e sérios. Havia quem ameaçasse de morte os
sujeitos da higiene; os que se vangloriavam de os terem expulsado, de arma em punho; os
que, sucumbidos, aguardavam que germinassem da vacina as atrozes conseqüências... A
cidade não fora informada!465 A imprensa e a tribuna somavam-se à política irritada para
convencê-la de que tudo isso violava a liberdade na forma menos suportável de tirania,
que era a sectária. Não acreditava o positivismo na teoria da vacinação; os liberais
contrapunham ao dever do Estado — que assistia — o direito do homem — de não ser
assistido; o povo, supersticioso, achava que redobraria a calamidade, propagada
insidiosamente; e a demagogia, inspirando-se na reação, rebelou, nas ruas, a populaça, e,
nos quartéis, a juventude militar. Abaixo a opressão — e viva Floriano!

CONTRA A VACINA

Tornou-se mais tensa a crise em novembro de 1904.

Havia comícios — como em 1897 — no Largo de São Francisco. Na tarde de 10 de


novembro a polícia deteve um orador popular e interveio a cavalaria, para que a multidão
não o livrasse. No dia 12 repetiram-se as cenas de agressão, o povo contra os policiais e a
ovacionar o exército. Rebentou a insurreição — aos gritos de abaixo a vacina — nessa
noite, e no dia seguinte, após agitada reunião no Centro das Classes Operárias, à Rua do
Espírito Santo, presidida pelo Senador Lauro Sodré, acolitado pelo Deputado Barbosa
Lima e pelo Dr. Vicente de Sousa, orientador ostensivo do movimento. Em massa,
abalaram os manifestantes para o Catete. Foram contidos por pelotões do exército e da
polícia. Refluíram para as ruas centrais, apupando, de passagem, o comandante da Força
Pública, General Silva Piragibe. Engajaram-se em tiroteio com as patrulhas, apedrejaram
os bondes da “Jardim Botânico” e os lampiões das Laranjeiras...466

A tibieza da repressão os encorajou, na Praça Tiradentes e adjacências. Enquanto o chefe


de polícia, Cardoso de Castro, e o General Piragibe tratavam de proteger o Catete,
espalhava-se o levante pela Rua do Sacramento. Como os desmontes do Prefeito Passos
forneciam, a mancheias, as pedras com que podia fazer frente aos soldados, atirando-lhas
das barricadas rapidamente erguidas por aquelas ruas estreitas, a insurreição tomara o
aspecto vago de um combate: e a autoridade, sem ânimo para uma ação valorosa, hesitava,
assustada. Já agora magotes de desordeiros queimavam os bondes, cortavam os fios
telefônicos, assaltavam, no Mangue, a Companhia de Gás... Segunda-feira, 14 de
novembro, amanheceu a situação dramática, concentrada a resistência no bairro da
Saúde, que a imaginação dos exaltados chamou de Porto Artur (evocando a guerra russo-
japonesa), e a conspiração militar ultimando-se, numa reunião política sob a chefia do
Senador Lauro Sodré.

A REVOLTA DE TRAVASSOS

A revolta que nesse dia explodiu tinha como dirigentes Lauro, Barbosa Lima, Alfredo
Varela, General Silvestre Travassos, Major Gomes de Castro... Interpretou-a Rui (dois
dias depois, no Senado): “É um movimento deliberado a se apoderar imediatamente do
governo, substituindo-o por uma junta governativa de três membros, dois dos quais serão
o General Olímpio da Silveira, com a chefia, e o General Travassos”.467

Não se pode confundir o movimento de 14 de novembro com as arruaças que


dominaram a cidade. Tinha sido concertado entre vários oficiais positivistas (como o
General Marciano Magalhães, irmão de Benjamin), marcando-se para a parada do dia 15,
comemorativa da república, a explosão468 — favorecida pelo descontentamento popular.
Tomara o governo porém tais medidas preventivas que se anteviu frustrado o golpe, com
a abstenção de Marciano e, sobretudo, do General Olímpio, incompatível com a situação
desde que fora destituído do comando no Acre. Desligou-se este depois de uma entrevista
infeliz com o presidente — em nome da classe. Ia expor queixas do exército. Rodrigues
Alves recebeu-o friamente; e se limitou a dizer que falasse ao ministro...469 Decepcionado e
prudente, o general retraiu-se: não figurou na demonstração armada de 14, que deu a
Travassos um destaque lastimável. Às cinco da tarde apresentou-se na Escola Militar da
Praia Vermelha, onde, pouco depois, foi ter Lauro Sodré. Gritava que decidira salvar a
república, e os alunos ainda uma vez cometeriam esse sacrifício, pela pátria. O
comandante, General Bibiano Costallat, a quem aliás o ministro avisara da iminência do
levante, tentou dissuadi-lo. Travassos declarou-o preso; e numa festa de brados e ovações,
os cadetes, à volta, prometeram derrubar o governo. Talvez não o tivessem derrubado,
mas o abalariam, se no ímpeto dessa belicosa fúria se lançassem ao Catete. Perdeu-os a
cautela, depois da leviandade. Como fossem poucas as armas, o general mandou buscar as
da Fortaleza de São João, ali perto. Mas essa praça não aderiu... Perturbou-se. Faltavam os
apoios com que contava, ou presumia, na arrebatada credulidade. Ponderou; retardou-se;
quando saiu com os rapazes e um canhão Krupp, em silêncio, numa marcha que estava
longe de ser entusiástica, porque se toldara de pessimismo470 — ia ao encontro do
desconhecido. Curioso foi que a coluna legalista que o defrontou na Rua da Passagem
também ignorava o número e as disposições do inimigo. Nessa rua escura se chocaram
duas forças surpreendidas e estonteadas...

Libertado, correra Costallat ao Ministério da Guerra, a dar parte ao ministro, General


Argolo, que convocou sem demora os contingentes disponíveis, e os expediu para as
cercanias do Catete. Assumiu Piragibe o comando. Eram sete da noite. Não convinha
esperar. Decidiu detê-los com a brigada policial e o 1º de infantaria. Ao chegarem à Rua
da Passagem, o ruído de um cavalo os fez estacar: logo espocaram tiros; e Piragibe
ordenou três descargas. Após a fuzilaria, sem perceber o que ocorrera, achou melhor
retroceder. Mas a tropa, espantada, debandou...471 Pior seria se fosse ele próprio vítima de
algum ardil dos adversários: e recolheu a palácio, com a notícia de que houvera aquele
choque, e já não tinha com que atalhar a marcha dos cadetes...

O Ministro da Marinha, Almirante Noronha, sugeriu a Rodrigues Alves — que ouvia,


tranqüilo, os boatos contraditórios472 — embarcasse num navio de guerra, de onde, a
salvo, organizaria a resistência. Recusou: o seu lugar era ali; e dali não arredava.473 Vários
dos presentes, consternadamente, confessavam o desânimo, quando, pelo telefone do
Hospital Nacional de Alienados, cuja linha não fora cortada, Afrânio Peixoto, diretor do
estabelecimento, enviou a primeira notícia: os cadetes, abandonando as armas, se
refugiavam, com aparência de destroço, na Escola; e, pelo visto, acabara a sedição! O
telefonema esclareceu tudo. Soube-se mais tarde que Travassos caíra, gravemente ferido, à
segunda descarga da infantaria de Piragibe, e fora socorrido numa casa da Rua General
Severiano; que Lauro Sodré, ferido seriamente, também se acolhera a uma família das
proximidades; havia um aluno morto; os outros, em confusão, iam esperar nos
alojamentos as conseqüências do desatino... A esta voz, um frêmito de energia eletrizou o
governo: e às seis da manhã o Ministro da Guerra, de carro, com Lauro Müller,
uniformizado de major-de-engenheiros, a cavalo, e várias unidades do exército, se dirigiu
para a Praia Vermelha. Os navios da Armada se tinham acercado a distância de tiro.
Alinhou-se a força nas imediações; e um espetáculo melancólico lá se ofereceu à
sensibilidade dos vencedores. Havia uma serenidade resignada; exaustos, aguardavam
calados os cadetes as admoestações de praxe; e as espingardas ensarilhadas indicavam que
o seu propósito era, quanto antes, a volta ao estudo... Foram mandados presos ao quartel-
general. Transportado para o Hospital Central, morreu Travassos dias depois. E a
repressão, desta feita implacável, extinguiu as agitações arruaceiras, cujo núcleo forte era o
bairro marítimo da Saúde.

Acontecera na Escola Militar do Realengo algo de grave, que pôs em evidência um


nome: o do seu comandante, General Hermes da Fonseca. Ao deixar o estabelecimento
encontrou o Major Gomes de Castro, que para lá se dirigia. Pressentiu que o fim era
sublevar os alunos. Foi-lhe ao encalço, e antes que a sua palavra pudesse rebelar o corpo
de cadetes, prendeu-o no pátio, diante deles. Este gesto inesperado os dissuadiu. Realengo
não se revoltou. E o disciplinado comandante, que assim se acreditou no conceito público,
estava indicado para exercer, no exército e no Estado, as comissões mais ilustres: em meio
a tantos temperamentos tímidos, mostrara um caráter inteiriço, de sentinela da legalidade.

VENCEU O PROGRESSO

Atendeu o Congresso, ainda a 15 de novembro, à solicitação do presidente, do estado de


sítio por um mês. A limpeza das ruas prolongou-se pelos dias 16 e 17. Investidos por
marinheiros, infantaria e alguns disparos da artilharia média da esquadra, debandaram os
defensores da Saúde, Porto Artur carioca. A polícia, intransigente no castigo, deteve os
que pôde apanhar, entre estes, sem dúvida, muitos inocentes, e, enchendo com eles um
vapor do Lloyd, os desterrou para o Acre.474

Nos estados, só na Bahia se alterou a ordem, com o levante do 9º, ao comando de um


tresloucado alferes, Teodomiro de Queirós. Matou o comandante, Fabrício de Matos,
desceu com o batalhão para o bairro comercial, quis resistir ao Coronel Sotero de
Meneses, que, à frente do 16º, saíra a reduzi-lo, e caiu morto, por uma descarga
intempestiva. Os soldados, que não sabiam por que se tinham revoltado, fugiram; e
restabeleceu-se, de pronto, a boa paz.475 Jorge Tibiriçá, presidente de São Paulo, que
preparara a Força Pública para auxiliar, em caso de perigo, o presidente, despachou-lhe o
1º e o 2º batalhões de polícia.476 Chegaram quando já se restabelecera a ordem. Ou antes: o
seu destino dependera da rapidez dos sucessos naquela noite lamentável; que, lembrou
Rui — “se a Escola Militar abala às sete horas da noite, precipitando-se em frecha ao
Catete, encontrá-lo-ia sem defesa capaz de lhe resistir, e deixaria provavelmente o Sr.
Lauro Sodré no posto cobiçado”...477 Deixá-lo-ia, por pouco tempo.

A revolução carecia de ligações fora da capital, e contra ela se apinhoavam forças


políticas, interessadas em se manterem, e às instituições, por todos os meios.

Falecera em Porto Alegre — a 21 de outubro de 1903 — Júlio de Castilhos, chefe


incontestável da situação rio-grandense.478 No governo do estado desde 1898, Borges de
Medeiros tinha como seu representante na política federal Pinheiro Machado, que a partir
de 4 de maio desse ano era vice-presidente do Senado. Tibiriçá, em São Paulo, contava
que o sucessor de Rodrigues Alves fosse Bernardino de Campos.479 Não lhes servia a
subversão da autoridade em proveito de um militarismo sem oportunidade, com volta à
sistemática positivista, à paixão do florianismo retinto, num clima de reivindicações
rancorosas. Queriam o funcionamento da “máquina”, a conservação do poder, essa
legalidade de compromisso que superara o período das dissensões sangüinárias.
Encarnavam o presidencialismo ambicioso de duração. Era a “política”, que se
sobrepusera à “ideologia” — e o mais que exigiu, no ano seguinte, foi o direito de fazer o
novo presidente sem a intervenção do sucessor. Pela “política”...

Amainada a tempestade, viu-se que o progresso por pouco não pusera abaixo o governo,
mas, com este preço, pagava os sacrifícios, que tinha anunciado. A cidade transformara-
se. A revolta popular valera-se da pedraria das demolições para agredir a autoridade: foi
antes de surgir, do entulho dos bairros destruídos, a beleza larga das avenidas alagadas de
luz.

XXII: CIVILIZAÇÃO MODERNA

NOVAS CIDADES

A idéia da “cidade moderna” foi das poucas que vieram da periferia para o centro.

O Rio deixou-se conquistar pelo espírito revolucionário produzido pelas audácias da


riqueza — como no caso de Manaus480 e Belém — e pelo arrojo da política — que criara
em Minas Gerais, novidade magnífica, Belo Horizonte.481

Explica-se o prodígio amazônico pela alta da borracha, a cujo consumo atendia o Brasil
com 98%: permitira a governos engenhosos (Eduardo Ribeiro) substituir a cidade
humilde (de A jangada de Júlio Verne) por uma capital de belas ruas e arquitetura faceira,
servida de transportes elétricos. O exemplo mineiro particulariza-se na reação municipal
(com sede em Barbacena) à centralização em Ouro Preto, fora das grandes linhas de
circulação da província: foi possível, porque, com a ruptura da tradição, o deslocamento
da influência (de Ouro Preto para Barbacena), a coragem de homens empreendedores
(Presidentes Afonso Pena, Bias Fortes), os desesperados protestos da cidade prejudicada
não puderam alterar a decisão tomada. Deram-lhe um traço dramático, de heroísmo
administrativo. O fato é que a comissão incumbida da mudança (chefia de Aarão Reis) se
fixou no Arraial do Curral del‑

‑Rei (que um decreto de 1890 denominou, republicanamente, de Belo Horizonte), e


entre 1894 e 97 construiu, em axadrezado racional, cortado de diagonais, a vasta
metrópole futura. Ao instalar-se ali o governo mineiro, o país o admirou, tanto pela
tenacidade, como pelo descortino: a um tempo rompera com a rotina e dera ao país, a ela
agarrado, o antecipado modelo de uma civilização de ângulos retos, de pistas de tráfego,
de engenharia planificada, de disciplina urbana aliada de um romantismo sadio — com
parques verdes entre massas de alvenaria sóbria — num ar higiênico, de sertão. O que o
governo federal, apesar da Constituição, que lhe previra a transferência para o planalto
central, não ousou (ou só ousaria em 1956) — fizera depressa, cientificamente, aquela
administração discreta...

São Paulo apresentava-se como um fenômeno de desenvolvimento impulsivo, graças a


dois fatores conjugados: o café e o imigrante.482 Em 1900 juntou-se-lhes outro elemento
decisivo: a eletricidade. Em três anos (1890–93) subira-lhe a população de 64.394 a
130.755.483 Quase um milhão de estrangeiros recebeu o estado de 1889 a 1900: a maioria
(618.721) italianos. A alta do café permitia consideráveis obras públicas, a técnica
européia auxiliou a remodelação urbana, e graças à energia elétrica (da The São Paulo
Light and Power, com a primeira usina hidroelétrica do Parnaíba) se conciliou ela com o
surto industrial que lhe completou a metamorfose. Não tardaria a esboçar-se, na cidade
acanhada e fria de outrora, cujo centro virtual fora a Academia de Direito, o lineamento
vigoroso que a transfigurou — com a canalização dos rios, as grandes praças, avenidas
como a Paulista,484 imitando os bairros de Paris e Milão, num luxo de formas novas (no
folhudo estilo de 1890) a exaltar o sentido criador, de uma sociedade impaciente, seduzida
por todas as fantasias de progresso.

O NOVO RIO

Fazendo correr em 1892 o seu primeiro tramway, a Companhia do Jardim Botânico


inaugurou o processo infalível de expansão da cidade: o transporte que iria ligar aos
subúrbios amenos o centro velho e insalubre do Rio de Janeiro: projetou-a para as praias.
A usina termoelétrica de 62 kw da Rua Dois de Dezembro foi o núcleo de uma revolução
técnica: a substituição dos combustores de gás pela féerie da iluminação total, dos lentos
bondes de burro por aqueles carros velozes, da modéstia de uma capital às escuras pelo
esplendor noturno, da concentração pela dispersão do povoamento urbano com a
conquista dos arrabaldes.485 Rasgou aquela empresa os túneis velho (1892) e novo (1904)
de Copacabana, onde a prefeitura ensaiou em 1898 os primeiros melhoramentos
sistemáticos; e com a unificação dos serviços de transportes pela Light and Power
(poderosa organização canadense) começou para a cidade a era moderna. A usina de
Ribeirão das Lajes (1905–1908) deu-lhe força necessária486 para a luz das avenidas (a
vésperas da Conferência Pan-Americana) e possibilitou a Exposição de 1908.

Propalou-se que era a mais iluminada capital do mundo... De fato sofreu uma completa
mudança, de fisionomia, circulação, costumes e mentalidade, cujo símbolo achamos no
deslocamento da elegância carioca da Rua do Ouvidor para a Avenida Central. Oh, como
sonharam outrora a repleta, estreita, medíocre Ouvidor487 os provincianos que a
consideravam a artéria vital da política, do pensamento, da pátria, com o luxo, o comício,
a redação dos grandes jornais, a futilidade, a civilização... “O Brasil era o Rio; o Rio, a Rua
do Ouvidor”.488 E isto passa. Passou como as arruaças contra Oswaldo Cruz e as sedições
militares: a Idade Nova transferiu-se para a desafogada Avenida, apropriada a outra
espécie de tráfego: o automóvel. É de 1906 esta maravilha (doze automóveis de aluguel).489
Concorreu vitoriosamente com o tílburi — até aí o carro barato à mão da freguesia — em
1911; eliminou-o em 1917.490 A sua buzina desperta a modorra burguesa: Fon‑Fon é o
título da revista mundana, de 1907. Veste-se a Avenida com todos os estilos
arquitetônicos: parece um mostruário acadêmico, a deslumbrar um povo estonteado,491
contente de ver no mesmo quarteirão o helênico, o renascente, o farfalhante “1900”, a
placidez clássica da Escola de Belas-Artes (Morales de los Ríos), o teatral, das Exposições
(Palácio Monroe)... Pereira Passos fez o Teatro Municipal como a Ópera parisiense, de
Garnier, em ponto menor: e esse belo decalque encheu de orgulho a platéia fina, em 1909,
quando, entre os bronzes e os mármores do monumento, o governo ouviu da cultura (foi
orador Olavo Bilac) o elogio do seu arrojo.492 Chalets, vilas normandas, palacetes
torreados de um duvidoso gosto de balneário concluem em 1918, quando Frontin abriu a
Avenida Atlântica — a moldura praieira de Copacabana, dotada, quatro anos depois, do
seu hotel palace, modelo do gênero. O corso de automóveis preconizado pelo cronista
Figueiredo Pimentel (1909), Flamengo afora, a refeição galante no fim de Botafogo
(Pavilhão Mourisco), depois no Assírio (debaixo do Municipal), a volta das praias alvas, o
obrigatório desfile da avenida, desatam em ostentação e graça a antiga timidez social,
agarrada aos cafés e às esquinas do Rio histórico: e o desfiguram. Pois acabara a febre
amarela, romperam-se as avenidas, alongava-se à luz a cidade renovada, viessem visitá-la
os estrangeiros ilustres! Vieram (como hóspedes do Barão do Rio Branco, que dava às
obras do Prefeito Passos o competente rendimento cívico) Ferrero, Clemenceau, Tagore,
Ferri, Anatole France, Doumer... Cantou Rubén Darío (1906): “En Rio de Janeiro iba yo a
proseguir... / Ya no existe allá fiebre amarilla. Me alegro!”.493

Havia o pitoresco da natureza a que o progresso opunha a sua réplica: e uma febril
imitação da Europa (até 1919) a que se seguiu (com a máquina e o sport, sobretudo o
cinema) a da América... O Rio civilizara‑se!

XXIII: ÉPOCA DE PROGRESSO

O BLOCO

A sucessão de Rodrigues Alves foi disputada por três correntes formadas na lógica desse
regime de pessoas e não de partidos: de Pinheiro Machado, chefe das combinações; do
presidente, inclinado para Bernardino de Campos; de Rui Barbosa. Vendo que não seria
aceito pelo governo, resolveu Pinheiro ganhar a batalha política dividindo São Paulo:
lançou com estrondo Campos Sales. Os estudantes, a oposição paulista, acolheram com
entusiasmo a indicação, que estava longe de reunir as forças necessárias. Julgava-se em
Minas que devia ser mineiro o candidato; na Bahia o Governador José Marcelino,
rompendo hostilidades, se precipitara, apresentando Rui. Houve, na confusão, um
consenso: o repúdio da candidatura patrocinada pelo presidente. Negava-se-lhe o direito
de intervir. Rodrigues Alves sentiu formar-se à sua volta o vazio. São Paulo, cindido pela
manobra de Pinheiro, que atirara contra Bernardino de Campos o antigo chefe do estado;
Minas, com a autoridade de sua numerosa bancada, e já aí com disposições de
reivindicação, obedecia à palavra de ordem do seu presidente, Francisco Sales;494 a Rui,
como resultante do entrechoque dos grupos desavindos, só lhe restava o silêncio.

É interessante observar como os vários competidores da candidatura mineira (que


Francisco Sales indicou — não querendo ser ele próprio o candidato — Afonso Pena)
saíram, uns após outros, da cena. Rui, sem o apoio que lhe prometiam, desde que a
bancada baiana seguia o Governador José Marcelino, de aliança feita com Minas Gerais;495
Campos Sales, desiludido — em carta a Pinheiro —, e Bernardino, renunciando à luta
impertinente, ele que tinha a altivez do desinteresse e da indulgência, deixaram livre o
campo à sagração de Pena, pela voz de João Pinheiro.496 Para vice-presidente, foi
escolhido o fluminense Nilo Peçanha.

Procurava-se, de um lado, a linha média, que apaziguasse a situação federal, do outro


lado, o equilíbrio, que atendesse aos grupos estaduais.

A fórmula foi feliz: com a vantagem de eleger, fora do círculo “histórico”, quebrando-o,
um sério homem público que juntava à condição de neo-republicano a simplicidade,
digamos, a proverbial prudência, dos velhos mineiros. Não vinha da ideologia de
bandeirola vermelha na lança gaúcha, da ortodoxia da “propaganda”, ou da “oligarquia”
econômica de determinada região. Procedia da “escola” dos chefes municipais, da
experiência “liberal” de Dantas e Ouro Preto, da resistência de Minas às intromissões do
poder central, da oposição a Campos Sales e Murtinho, cuja política financeira paralisara
a marcha do país. Era naturalmente contra a superstição dos partidos, candidato do bloco
(título traduzido do francês, bloc des gauches...), em contraste com o antecessor, produto
da convenção, na linha sucessória dos presidentes paulistas, além disto crismado como
renovador dos processos, nesse regime lerdo e carunchado.

Em muitas coisas, porém (colegas de faculdade e amigos pessoais), Rodrigues Alves e


Pena se pareciam. Embora recomendado por um manifesto de antagonismo ao Catete,497
assemelhavam-se pela mentalidade, pelo sentido da ação, pelo gosto do empreendimento,
da reforma, da colaboração dos jovens, que dessem à sisudez da velhice o seu clarão de
audácia.

A “política” funcionava...

Mas os acontecimentos de Mato Grosso e de Sergipe mostraram, nesse final de governo,


que o país não progredira tão depressa como se imaginava.

SUCESSOS DE MATO GROSSO


Vimos que, em 1892, Generoso Ponce, com as forças irregulares que levantara contra a
insurreição dos quartéis, conseguiria restaurar com a vitória armada o domínio da
legalidade. Em 1899, porém, cindira-se a política estadual; e, desta vez, sem o apoio do
presidente da república (de quem era poderoso ministro Joaquim Murtinho), fora
vencido, e se exilara. Subiu ao poder o Coronel Antônio Pais de Barros, cujos processos de
coação e violência levaram ao desespero os antagonistas, dividindo o estado em partidos
cheios de ódio. Generoso Ponce revoltou-se a 6 de maio de 1906, em Corumbá, com 500
homens, desembarcou aquém das defesas de Cuiabá, onde o governador se fortalecera
com a guarnição federal, e, unindo-se a contingentes de toda parte, que acorreram ao seu
encontro, num total de 4 mil combatentes, estreitou um cerco irresistível.498

Manobrou Ponce a fim de isolar a força federal, cujo comandante, o Coronel Carneiro
da Fontoura, decidiu, nessa emergência, manter-se neutro; e, à notícia de que a brigada
contra ele enviada pelo governo da república, sob a chefia do General Dantas Barreto —
incumbido de garantir o governo do estado —, já estava em Corumbá, apressou o ataque.
Lançou-o com tal vigor, que Pais de Barros — a 1o de julho — fugiu de Cuiabá. No dia
imediato o chefe revolucionário fez a sua entrada triunfal. Cinco dias depois uma escolta,
que seguia o trilho do governador deposto, o surpreendeu na mata de Coxipó: e matou-
o.499 Duplo desbarato sofrerá com isto a política de Rodrigues Alves: fracassara no socorro
à autoridade; e foi impotente para vingá-la. De fato, Dantas Barreto, que, se tivesse
chegado a tempo, atuaria como agente da União para pacificar o estado, nele intervindo,
se contentou em observar o sucedido, de que deu ampla notícia num livro denso.500 O
Congresso, a quem o presidente “sugerira” decretasse a intervenção, desandou em
considerações protelatórias, a que juntou Rui, no Senado, a opinião convincente. A
batalha política foi ganha pelo Senador Azeredo, ali o principal amigo de Ponce.
Intervenção justificar-se-ia, mas para restabelecer a ordem: e esta fora restaurada.
Assumira o governo acéfalo com a eliminação do titular, o 1º vice-presidente. Quanto aos
crimes, conhecesse-os a justiça... Em conseqüência, foi arquivado o pedido de intervenção
— com muitas palavras de elogio ao direito de revolta, razão velha dos povos cansados de
sofrer!501

O braço do poder federal chegou mais depressa a Sergipe... Em oposição ao presidente


do estado, Guilherme Campos, e ao Pe. Olímpio Campos, o coruscante tribuno Fausto
Cardoso decidiu pô-los abaixo: e a 10 de agosto de 1906, com a multidão, que o seguia, os
obrigou a abandonar o palácio. Homiziaram-se na torpedeira Gustavo Sampaio. Do Rio,
foi ordem para que o General Firmino Rego, com 9º e o 16º de infantaria, repusesse a
autoridade. Indignado, Fausto protestou: morreria, defendendo a honra de sua terra.
Afrontou, nas escadas do palácio, a tropa; e caiu varado por certeiro tiro.502

Neste episódio vibra tardiamente a nota romântica das insurreições populares do ciclo
que se encerrara com os motins de 1904.

CONVÊNIO DE TAUBATÉ
No campo econômico outra revolução rebentara: manipulada, porém, pelo governo. O
Convênio de Taubaté, firmado em 26 de fevereiro de 1906 pelos presidentes de São Paulo,
Minas Gerais e Rio de Janeiro (Tibiriçá, Francisco Sales, Nilo Peçanha). Valorizava o café.
Atribuindo a crise à oferta livre, resolveram sustentar-lhe o preço pela retenção dos
stocks, de modo a ir a exportação respondendo ao consumo: e onerada da sobretaxa de
três francos por saca, bastante para pagar juros e amortização do capital indispensável ao
custeio dessa manobra.503 Uma novidade que abalou a economia liberal: intervinha o
Estado na lavoura e no comércio, limitando-os estatisticamente; de forma empírica, é
certo, mas já em nome do princípio inédito da extensão do poder público à fazenda, ao
armazém, ao negócio... Aquilo era espantoso: e simples. Só mais tarde se chamaria
dirigismo.504 Tinha um precedente: a ação do governo russo contra a especulação alemã
do trigo...505 O estado de São Paulo (com garantia federal) levantou na Europa o
empréstimo de 15 milhões esterlinos: e “estabilizou” a cotação do café. Teria sido um
desastre, se as safras subseqüentes não fossem pequenas, reduzidas pelas geadas...506 Mas o
estado assumira uma posição ousada de defesa do “principal produto”: e dela não
desistiria.

A FORTE DIPLOMACIA

O êxito da valorização do café nos meios financeiros da Europa507 (Sielcken, de


Hamburgo, Schroder, de Londres) não corre por conta apenas do interesse mundial da
mercadoria. Exprime a confiança que conquistara o Brasil nos mercados, menos pelas
exportações, cujo ritmo lhe atestava o enriquecimento, do que pela diplomacia, forte e
sábia. Insistimos: estava-se no tempo do prestígio externo pelo peso estatístico das armas,
pelo fulgor protocolar das embaixadas, pela arrogância dos impérios em expansão, isto é,
em concorrência (de que os episódios de Fachoda e Tânger eram explosões
sentimentais);508 e valia, no conceito internacional, a potência que falava alto, repelia a
cobiça estrangeira, deitava ao mar uma bela esquadra, manobrava com vistosas legiões, e
seduzia o capital sem pátria. Homem desse clima, Rio Branco a ele se adaptou com
esplêndida naturalidade: até porque a sua idéia de defesa nacional (obsessão patriótica da
sua política) coincidia com o espírito da época. Tinha a nitidez do “sistema”. O do Brasil
na monarquia (e ninguém melhor o justificou, continuador devoto da obra do visconde
seu pai) se concentrara no apoio dado às Repúblicas vizinhas, para manterem a sua
independência, enquanto definíamos no mapa e no terreno, bem ou mal, a vaga linha
fronteiriça. A amizade das cortes européias e a distância dos Estados Unidos nos
ajudaram, ou pelo menos não nos perturbaram a tarefa. Na república o “sistema” se
apegou a outra doutrina: a de Monroe. Não foi um simples cumprimento o nome que Rio
Branco pôs no palácio da avenida, cópia do pavilhão brasileiro da Exposição de São Luís
(1904) — Palácio Monroe. Colocou-se espertamente ao lado dos Estados Unidos na fase
decisiva do novo “manifest destiny” — quando precisavam, malquistos em tese com os
povos hispânicos pela guerra de Cuba, pela anexação das Filipinas e de Porto Rico, de um
amigo na América Latina.509 Vimos de que serviu essa aliança no caso do Acre.
Funcionara tacitamente em 1893, em 1895, em 1899; e o próprio Rio Branco dela
conservava — com o laudo de Cleveland na questão de missões — uma impressão pessoal.
Explorou-a. Tornava o Brasil invulnerável quanto aos demais continentes; e destemeroso
nas relações externas. Esta tranqüilidade transparece na contenda com o Peru (a respeito
do Alto Purus e do Alto Juruá), a mais grave depois da querela boliviana: e se lhe estende à
política exterior até 1914.

QUESTÕES TERMINAIS

Originou-se a pendência com o Peru da invasão daqueles rios pelos caucheros — em 1902
— lá estabelecidos como em terra conquistada. Protestando, recusou-lhe o Itamaraty a
participação nas negociações com a Bolívia — em que não cabia terceiro; e assinado o
Tratado de Petrópolis, exigiu a retirada dos invasores. Só conheceria as suas razões depois
disto. Condescendia na arbitragem: contanto que precedida da exibição dos títulos de
domínio...510 Vários batalhões foram então remetidos para a remota região;511 e como as
armas estrangeiras eram importadas através do Amazonas, Rio Branco decidiu interceptá-
las, embora esta violência pudesse precipitar a luta. Mandou que fosse desembarcado o
material bélico do vapor que o levava para Iquitos — alegando tratar-se, não de represália,
mas de segurança; e assim — indo ao encontro da guerra para a evitar — forçou a
conversação amigável. Realmente secionara a artéria vital da resistência em tais confins.
Concordou-se no Rio (o Ministro Hernán Velarde e Rio Branco) em eliminar o dissídio
pelo retorno puro e simples à convenção de 1851 (a fronteira declinando do Javari para o
paralelo 11) com a provisória neutralização da zona disputada. Mas só se firmou em 1909
o tratado final. A demora deve-se ao Itamaraty, interessado em esperar o desfecho da
questão do Peru com a Bolívia, arbitrada pela Argentina.512 Acertou entretanto com o
Equador (6 de maio de 1901) reavivar a linha ajustada em 1851 em Lima (na dependência,
é certo, do resultado do seu litígio com o Peru);513 definiu a da Guiana Holandesa (5 de
maio de 1906), cerrando-lhe, pelo espigão do Tumucumaque, a bacia amazônica;
esclareceu com a Colômbia (21 de abril de 1907) a divisória pelo Apoporis–Capuru–Serro
Caparro e Rio Regro, até a pedra do Cucuí, famosa pelo desterro de 1892; e culminou
emocionalmente a política afetuosa com o Uruguai, instalando-o no condomínio da
Lagoa dos Patos e do Jaguarão.514 Com o Chile apertou laços cordiais (mais vivos com a
recíproca visita de navios de guerra, acolhidos entusiasticamente lá e aqui). Contou na
Argentina com a compreensão generosa de Saenz Peña (na coerência de sentimentos de
Mitre e Roca): e, se esbarrou em 1908 com a hostilidade amarga de Estanislau Zeballos, no
incidente do “telegrama nº nove” — a que aludiremos — não foi dele a culpa. Era
desavença antiga desdobrando-se em tardios alarmes...

Três sucessos brilhantes marcaram o período: o cardinalato obtido para o arcebispo do


Rio de Janeiro (1905), a elevação da legação em Washington à categoria de embaixada,
para Joaquim Nabuco;515 a 3ª Conferência Pan-americana, que em 1906 se realizou com
raro esplendor na capital saneada, limpa e refeita.
PAN‑AMERICANISMO

Nos últimos anos do império desejara o governo brasileiro ter o primeiro cardeal da
América do Sul. Suspensa a negociação com o advento da república — filosoficamente
distante da Igreja — retomou-a Rio Branco. Conseguiu de Pio X a púrpura para Dom
Joaquim Arcoverde, arcebispo do Rio de Janeiro. Nada faltava ao prelado para esta
dignidade, sequer, com a tradição de família, a imponente presença, a que o prestígio do
seu governo eclesiástico dava grandeza principesca. Rio Branco fez-lhe aparatoso
acolhimento, para marcar a alegria do Estado por essa elevação; e contribuiu para lhe
construírem o palácio — em lugar da antiga residência arquiepiscopal da Conceição — na
Glória, onde fora o Ministério de Estrangeiros. O chapéu cardinalício era um argumento
de superioridade: “Primeira vez que essa alta distinção recai em um prelado da América
Latina” (diz a mensagem presidencial de 1906); e amáveis relações com a Santa Sé. Incluía
o Brasil no Sacro Colégio — em nome de uma parte da Cristandade, até aí ausente das
pompas romanas: recomendava-a à atenção universal.

Tudo contribuiu para a importância da Conferência Pan-Americana em 1906,516 até,


prelúdio inesperado, o caso da Panther (famosa canhoneira do incidente marroquino) em
Itajaí.

Foi em dezembro de 1905.

Para os que criam, como Sílvio Romero, no perigo alemão, a visita aos portos do Sul
daquele navio do Kaiser constituía um sintoma. Houve unanimidade de protestos, porém,
ao se saber que, em Itajaí, por ter desertado um marinheiro, o comandante pusera em
terra um pelotão, para o capturar. Violou a soberania! O desembarque — esclareceu-se —
não fora para prender ninguém, somente para tomar informações... Mas o clamor da
imprensa induziu o Itamaraty a pedir três navios de guerra, que obrigassem a Panther a
entregar o desertor, se realmente o levasse a bordo. Ao ministro alemão, que lhe falou do
risco disto, respondeu Rio Branco (certo da solidariedade americana): “Pois que seja a
guerra, se desgraçadamente for necessário!”.517 Não foi; o governo de Berlim deu plenas
satisfações; não houvera prisão em terra, pelos marujos da canhoneira; e tudo acabou em
cortesias. Mas realçava o apoio dos Estados Unidos; popularizava-os. Por que em 1899
desistira o governo francês de mandar força para o Amapá?518 Por que quatro anos antes
tão facilmente terminou a usurpação inglesa da Trindade? Tinha razão o chanceler: o seu
embaixador em Washington defendia “às maravilhas a política americanista” — em cuja
honra a Conferência se realizou com efusivo otimismo.519 Reluzente e breve.

Com efeito, o auxílio da grande democracia não bastava: tinha o Brasil de aparelhar-se
para os encargos dessa posição cara, que Rio Branco lhe assegurava com a sua diplomacia
sistemática; precisava de Marinha, Exército, indústria de guerra; sobretudo espírito
marcial.

Em 1908, foi este o pensamento dominante.


XXIV: A ADMINISTRAÇÃO DE AFONSO PENA

ACIMA DOS GRUPOS

Eleito presidente, quis Pena, numa longa viagem marítima, conhecer as necessidades dos
estados, visitando-os. Inaugurou o costume da excursão dos candidatos, não para cortejar
o eleitorado, mas para ver com os seus olhos as condições do país: e com isto o
impressionou. Escolheu os auxiliares fora das imposições partidárias, tendo o cuidado de
declarar, no banquete, em Belo Horizonte, que lhe propiciou a definição, que a política
seria feita por ele.520 É como se acrescentássemos: deixara de lado Pinheiro, com a sua
tutela e a sua pureza “republicana”... Separaram-se antes da posse do presidente, naquele 7
de setembro de 1906 — quando em Belo Horizonte, com Pinheiro Machado, se uniram os
principais vultos da situação mineira para festejar a ascensão de João Pinheiro ao governo
do estado. O chefe rio-grandense falou (pensando no programa de João Pinheiro) da
arregimentação dos responsáveis pelo regime num grande partido nacional. Esquecia-se,
nesse apelo aos propagandistas e apóstolos da república, da condição de antigo
monarquista do Conselheiro Afonso Pena: e este, ou porque lhe tomasse o discurso como
um desafio, ou porque na verdade repudiasse a idéia de um partido (acaudilhado pelo
senador gaúcho) acima da sua autoridade, não perdeu o ensejo de explicar, veemente, os
presidentes colocam-se por sobre os grupos, obedientes apenas à sua consciência...
Cruzavam espadas: de uma banda a tese do partido (de Glicério), a limitar o dirigente; da
outra, a sua independência (de Prudente a Rodrigues Alves). Venceu evidentemente a
teoria presidencial. A pasta da Fazenda foi para o mineiro David Campista, um dos
talentos do Congresso,521 a da Justiça para o rio-grandense-do-norte Tavares de Lira, de
invejável cultura, a da Viação — preponderante, pelos projetos de grandes obras — para o
jovem baiano Miguel Calmon.522 Continuou no Itamaraty Rio Branco; coube o Ministério
da Guerra ao Marechal Hermes, disciplinado comandante de 1904; o da Marinha ficou
com um veterano de 93, Alexandrino de Alencar. À roda do conselheiro os colaboradores
moços, estalando de entusiasmos arrogantes, tiveram por alcunha a mais amável das
ironias: “Jardim da infância”. Exultava, com a sua compostura veneranda de antigo
Ministro da Coroa, entre doutores adolescentes... Um deles, o primeiro do grupo, se
avantajava pela palavra fascinante, no prestígio raro de uma carreira triunfal: Carlos
Peixoto.523 Os outros eram Campista, Gastão da Cunha, João Luís Alves, Estêvão Lobo,
João Pandiá Calógeras, Miguel Calmon, os gaúchos Pedro Moacir e James Darcy.524
Reunidos formavam menos um jardim do que um acampamento espartano: temperavam
nas suas tertúlias as armas que derrubariam Pinheiro; o seu alvo era, desenganadamente,
o “caudilho”. A esperança: João Pinheiro.

Veremos como um imprevisto e um erro — a morte prematura do presidente mineiro e


a intenção de Afonso Pena de se fazer suceder por seu Ministro da Fazenda —
subverteram esse quadro jubiloso, que durou o tempo de uma primavera...
ESTRADAS

A administração de Afonso Pena levou avante o plano de obras de Rodrigues Alves, mas
num ritmo em que, pela primeira vez, se encontra a visão global da economia brasileira.
Deixou de considerar os problemas no quadro regional e os encarou em conjunto, a
começar pela viação, destinada a cobrir, com a rede de trilhos, as linhas vivas da unidade
do país. Devia-se ligar à bacia do Prata o São Francisco, pela combinação das estradas do
Rio a São Paulo (Central do Brasil), São Paulo–Rio Grande,525 Passo Fundo ao Uruguai; e
levar a Central a Pirapora, porto fluvial do Nordeste. Completada a comunicação do Rio a
Vitória, cogitava-se de prolongar a da Bahia, tanto para o Espírito Santo como para
Pernambuco (Great Western), aumentada com o trecho de Timbó–Propriá: o circuito
litorâneo. Outras linhas conjugadas serviriam ao Rio Grande do Norte, ao Maranhão (São
Luís–Caxias), ao Ceará (Sobral e Baturité), a Minas Gerais (Sabará–Santana dos Ferros,
Oeste de Minas), a São Paulo (Faxina–Itararé e Paranapanema)... Sem a Noroeste, de
Bauru a Corumbá, a integridade nacional continuaria à mercê da situação do Prata. Urgia
prender o Mato Grosso à civilização costeira pela ferrovia que alcançasse, o mais cedo
possível, a Bolívia: a Grande Leste–Oeste.526 Preconizada nos planos de Honório Bicalho
(1881), Bulhões (1882), André Rebouças (1890), indicada como obra inadiável pelo Clube
de Engenharia em 1904, iniciada no ano seguinte, deu-lhe o Ministro Calmon o ímpeto
decisivo. Rasgava o itinerário de penetração destinado a retificar os rumos do
povoamento histórico, atirando para a fronteira esse vínculo de aço.

Desdobrou-se a ação do governo na conquista do Oeste, até o Amazonas, pela rede


telegráfica, sob a direção do Coronel Cândido Rondon, que, em 1891, com Gomes
Carneiro, a tinha levado para leste de Mato Grosso.527 Voltando àqueles sertões para os
reconhecer, conciliando com a civilização o gentio hostil, o grande explorador se
transformaria em protetor intransigente dos índios — na vastidão da Rondônia.528 Urgia
dotar o país de portos acessíveis e equipados, dando ao Recife, à Bahia, a Belém, a Vitória,
ao Rio Grande, instalações análogas às de Santos,529 do Rio de Janeiro. Fizeram-se
rapidamente essas obras vitais. Foi particularmente útil o entusiasmo da administração no
“povoamento do solo”, cujo serviço (dirigido por Gonçalves Júnior) registrou médias de
entrada de estrangeiros jamais superadas, antes e depois, e fundou cerca de vinte núcleos
florescentes... Outros serviços do período foram o de Estatística (sob a direção de
Bulhões), e Geológico (Orville Derby), a propaganda econômica no exterior (Paula Ramos
e Vieira Souto). Tratou-se de melhorar o abastecimento de água ao Rio de Janeiro (a cargo
de Sampaio Correia) — sem o que ficaria inconclusa a tarefa de Oswaldo Cruz — e de
acabar com a malária na Baixada Fluminense (Carlos Chagas e Artur Neiva).

Completava o programa financeiro de David Campista esse acervo de empreendimentos


— com a sua fidelidade à moeda sã. Manter-se-ia estável, com as emissões lastreadas, se,
para lhes assegurar o mecanismo, funcionasse, autônoma, a Caixa de Conversão. O
eloqüente ministro bateu-se esplendidamente por esta idéia: e, com a Caixa, se imobilizou
a taxa cambial (6 d.), normalizou-se o serviço de amortização e juros da dívida externa;
cresceu o crédito público.530 Mas (protestou Leopoldo de Bulhões) “importava no
abandono da política financeira [...] que tinha contribuído para a situação belíssima que
atravessávamos então”: e redundaria num desastre, quando, com a reforma de 1910, fosse
autorizado o aumento da capacidade emissora da Caixa, coincidente com o déficit
orçamentário constante (a partir de 1908), a transformação dos saldos-ouro em papel, a
superabundância deste...531

“Rapidamente vingou a doutrina das grandes promessas aos grandes serviços”.

Comemorava-se, a 28 de janeiro de 1908, o centenário da abertura dos portos. Idealizou


o Ministro da Viação (conterrâneo de Cairu) uma exposição nacional, à semelhança das
de 1861 e de 1874: mas de proporções impressionantes. Localizou-a, com floridos
pavilhões, na Praia Vermelha: e para esse bairro fulgurante atraiu a deslumbrada atenção
do país. O Rio civilizara‑se: e a economia brasileira — ali exibida — não lhe ficava atrás...

A PAZ DE HAIA

Efetuara-se por esse tempo na Haia a conferência internacional promovida pelo czar, em
que os plenipotenciários conversaram, com exuberância de teses, sobre a paz permanente.
Conseguira Rio Branco que Rui Barbosa, na chefia da delegação brasileira, levasse a tão
alto congresso (o primeiro desta natureza a que o Brasil comparecia) a lealdade das nossas
intenções. O realce que ali teve o Brasil deve-se à eloqüência do embaixador, que se impôs
como figura excepcional; e a sua firmeza — opondo-se a tudo que fosse hegemonia e
prepotência, descobre, na penumbra, a decisão formidável de Rio Branco. Não é lícito
separá-los, senão no que há de pessoal no desempenho: cumpriu Rui as instruções
quotidianas do Itamaraty, vigilante na reivindicação de um lugar digno para o Brasil,
irritado com a humilhação que se lhe pretendia infligir, qualificado como potência de
quinta categoria na organização do Tribunal de Presas, ainda mais indignado com a
atribuição à América Latina de um único posto na corte em que as grandes nações de
primeira classe tinham cada qual a sua cadeira...532 Rui ficou só, na recusa da composição
do Tribunal de Presas; mas dirigiu a revolta das nações pequenas, encabeçando as sul-
americanas, contra a segunda iniqüidade. Rio Branco telegrafou-lhe: “O Brasil não pode
ser desse número [...]. Agora que não mais podemos ocultar a nossa divergência, cumpre-
nos tomar aí francamente a defesa do nosso direito e do das demais nações americanas”.533
Fez isto soberbamente, abalando a assembléia com a sua dialética,534 deixando-a prevenida
do seu “veto” — que seria o veto irredutível à desigualdade jurídica dos estados. Com esta
atitude impediu (e foi o Brasil que impediu) se formasse a corte com privilegiados e
satélites, ao sabor dos impérios... A Conferência limitou-se a sugerir o tribunal, deixando
de lado a questão da nomeação dos juízes e respectivo rodízio. Reconheceria Gabriel
Hanotaux: “A la conférence de la Haye, ce sont les représentants des républiques
sudaméricaines et notamment du Brésil qui [...] ont positivement pris la tête de la pensée
humaine”.535 E Léon Bourgois: que podendo aliar-se aos grandes, preferiu ficar... “o igual
de Nicarágua, o igual de Honduras, o igual de Sião”.536 Não importava: o essencial era essa
confiança nos princípios, esse público repúdio dos “consórcios” de força, em prejuízo da
ordem universal!537

Dito isto no Riderzaal, na verdade quem menos acreditava na sua sinceridade, por parte
dos Estados poderosos, era o Brasil, despido de estrutura militar que lhe merecesse o
nome, a tentar refazer a esquadra, sem dinheiro para maiores iniciativas.

FORTALECER PARA SUBSISTIR

Em meio dos confusos problemas internos, do choque entre a mentalidade progressista e


a rotina, convalescendo as finanças da última crise e instável o governo, com o apoio
inseguro das oligarquias estaduais, o vulto que supera o pessimismo e a indiferença das
ruas é, maciço, tranqüilizador, o de Rio Branco. Concentra a política de revigoramento e
defesa da pátria; resolve-lhe as questões de limites (“deus Terminus”, chamou-lhe Rui);
aconselha o rearmamento de terra e mar, dando-lhe ênfase grave; eleva o “prestígio” da
república a níveis somente atingidos pela monarquia em 1852, em 1864, em 1871.

Por ocasião do incidente com o Peru (1904) expusera o General Argolo a penúria em
que, desorganizadamente, se desmanchava o exército. Mal se reerguera da decadência em
que a guerra de Canudos o surpreendeu (quando o Marechal Bittencourt lhe dera um
esboço de serviço de intendência) e já a inquietação política, a escassez de material, a falta
de tudo como que lhe apagava o entusiasmo recalcitrante. Reação análoga — contra esse
estado de coisas — enervou a Marinha na administração do Almirante Alexandrino.
Exagerou Rio Branco — quanto à Marinha. Aconselhou a encomenda, não de cruzadores
médios, do plano de Júlio de Noronha, mas de dreadnoughts, os maiores do mundo... O
excesso era bem dele, na propensão pelo brilho das armas (que historiara no passado),
pelo fulgor das aparências, em quadros decalcados da vanglória das nações européias...
Tinha um fundo de sabedoria: a ordem armada, ou, na fraqueza do pacifismo prematuro,
a humilhação e a decomposição — dos países indefesos. Podia lembrar o caso da Panther
— com os nacionalistas medrosos de outra irrupção imperialista.538

Mas os argumentos pairavam no ar, com a nevrose de uma guerra geral, suspensa,
iminente, incalculável.

VOZES GUERREIRAS

A administração do Ministro da Guerra, Marechal Hermes, foi intensa e movimentada.


Comandante do 4º distrito militar, marcara o início de uma era de adestramento e
entusiasmo do exército, promovendo as primeiras grandes manobras em 1905, nos
campos de Santa Cruz. Mostraram que a tropa carecia de tudo...539 Pediu ao Congresso a
lei de alistamento e sorteio militar (nº 1.860, de 4 de janeiro de 1908); organizou as
grandes unidades e os seus quadros, incluindo o de intendentes; criou outras
(metralhadoras, artilharia de posição, a cavalo e mista, esquadrões de trem, caçadores e
cavalaria); dividiu o país em regiões de inspeção; reforçou as guarnições do Sul e de Mato
Grosso; delineou a rede estratégica. A animação militar propagou-se ao meio civil: e
surgiram os tiros de guerra (regulamentados em abril de 1907), que abasteceriam com
reservistas de 2ª categoria o exército permanente. A viagem do ministro à Alemanha, para
assistir, a convite do imperador, às suas célebres manobras (agosto a outubro de 1908),
deu ressonância internacional a essa política. Zeballos — na chefia dos negócios
estrangeiros da Argentina — prestou especial atenção às encomendas navais. Pelo
programa do Almirante Noronha, se reduziam a três encouraçados médios, outros tantos
cruzadores, seis caça-torpedeiros, três submarinos, um carvoeiro, um navio-escola.
Alexandrino (1907) (e Rio Branco) emendou as cifras: em vez de navios de 13 mil,
comprou dreadnoughts de 20 (Minas Gerais e São Paulo). Foi como se um petardo lhe
estourasse sob as janelas. Ferveu a intriga dos “representantes dos estaleiros navais e
fábricas de armas”,540 com a insídia de uma propaganda, em que o “perigo brasileiro”
desabrochava, odioso. Propôs-se que o Brasil dividisse com a Argentina a frota
adquirida... Mas Zeballos deixou em 21 de junho (1908) o ministério: e para justificar a
sua conduta antibrasileira afirmou, num artigo, que as legações do Brasil em Buenos
Aires, Santiago, Montevidéu, Assunção, La Paz, Lima e Washington andavam difundindo
a notícia de que a Argentina ameaçava os vizinhos, para completar, que o Brasil os
defenderia. E transcrevia, entre aspas, dois períodos de suposto telegrama de Rio Branco a
uma delas. Desmentiu o Itamaraty: jamais telegrafara coisa semelhante. Zeballos voltou à
carga, já agora com uma intimativa: “Revise el barón de Rio Branco su archivo secreto del
Pacífico y lea el documento original... 17 de Junio de 1908 [...] número 9”. O famigerado
telegrama nº 9! Rio Branco confirmou. Sim, fora transmitido, em cifra, à legação no Chile,
via Buenos Aires: apenas... a tradução não era aquela. Publicou-a, in extenso, no seu texto,
deplorando a captação do despacho e a versão errônea, fruto por certo de embuste, em
que caíra Zeballos. É imaginar o constrangimento causado pelo incidente. Cessava, aliás,
com a singeleza da réplica. Todo o propalado cerco anti-argentino se esvanecia, como
uma espiral de fumaça.541 No ano seguinte, cogitava Rio Branco do A. B. C. Seria, num
entendimento cooperativo, a cordial inteligência entre a Argentina, o Brasil e o Chile.
Consumado o acordo (que em 21 de janeiro de 1909 propôs primeiramente ao ministro
chileno, em Petrópolis), cimentaria, definitiva, a paz nesta parte do continente.

Paz e justiça. Tem este sentido, embelezado pela espontaneidade, o tratado de maio de
1909, em que o Brasil deu ao Uruguai o condomínio da Lagoa Mirim e do Jaguarão
(reformando, neste pormenor, os tratados de 1851), com a livre navegação do Rio de São
Gonçalo, da Lagoa dos Patos, da Barra do Rio Grande.542 Rodó fixou, num traço
apologético, a alta figura do barão: “La originalidad, acaso única, de una obra de
engrandecimiento nacional realizada, no ya fuera de las torpes violencias de la guerra,
sino aparte también de las bajas astucias de la política ladina y artera”: “Un honor insigne
para la civilización americana”.543 Conta, nas suas Memórias, Ramón J. Cárcano como
facilmente (em 1911) conveio ele em desistir do terceiro dreadnought encomendado à
Inglaterra, suspendendo uma pequena corrida armamentista: com superior filosofia.
Estava na sua compreensão do “sistema” continental, que era, no Itamaraty de 1912, a
política exterior do Brasil. Faltou-lhe a base da ordem interna; o bombardeio da Bahia fez
baquear o seu coração cansado; patrioticamente humilhado, sem poder conciliar-se com a
estupidez do atentado, começou por exigir, sob pena de demitir-se, a reposição da
autoridade deposta. “Se o senhor sair, eu também renuncio”, disse-lhe, emocionado, o
marechal. Seria segunda catástrofe, a retirada do chanceler.544 Pareceu aquietar-se;
adoeceu; e num breve declínio do organismo pujante, no próprio ministério, que se
tornara o seu lar, no seu gabinete do Itamaraty, entre mapas, papéis e livros, junto à vasta
mesa de trabalho, morreu a 10 de fevereiro de 1912.

XXV: A CAMPANHA CIVILISTA

HISTÓRIA REPETIDA

“Quem fazia política, era ele”... Com esta frase marcou Pena a linha pessoal do sistema,
extremada — como acontecera com Rodrigues Alves — na escolha do sucessor. Não seria
problema, se vivesse João Pinheiro. O presidente mineiro sobrepujara o panorama dos
partidos com a individualidade imantada de ação e doutrina: poucos homens se
impuseram tão depressa ao país. A sua fisionomia lembrava a de Castilhos; o positivismo
progressista e a energia de comando dele faziam um chefe; mas vestia a firmeza dessas
qualidades com as maneiras suaves de sua gente, de quem tinha a obstinação e a modéstia.
Ele próprio, numa imagem rústica, traçou o paralelo de gaúchos e mineiros, comparando
a impaciência do cavalo à perseverança do burro...545 Sem afoiteza, sem ênfase, sem
provocação, seguia pachorrentamente o seu caminho. Do Palácio da Liberdade ao do
Catete546 parecia curto, na crista calva das “alterosas” montanhas natais... Vítima de
moléstia que não perdoa, morreu a 25 de outubro de 1908. Deixou desorientada a política
— contra Pinheiro Machado. Carlos Peixoto e o seu grupo, ao desabrigo, socorreram-se
de David Campista. O presidente por ele se declarou em dezembro. O Ministro da
Fazenda seria o candidato. Cometia a imprudência do antecessor, com Bernardino de
Campos. De mais não precisava o adversário para o abater, dissolvendo, no fragor dessa
liquidação, o “jardim da infância”.

Romperia Rui Barbosa o combate por conta própria: negava ao presidente o direito de
apresentar sucessor. Lembrou Rio Branco. Pinheiro parecia concordar com Campista. De
fato, tudo faria para arrebatar a Carlos Peixoto a chefia da política. Venceu-o, com a
candidatura do Ministro da Guerra.

O FULGOR DA ESPADA

No ambiente pairava, significativamente, a mística militarista. Bastara um ano, entre 1907


e 1908, para se modificar na opinião geral a crença da doce paz.547 As palavras de Rui na
Haia pertenciam a um período findo. O Brasil devia armar-se, como as demais potências,
em franco desafio estatístico; e o marechal, operoso e educativo, personificava o exército.
Abraçava-se a Rio Branco e Alexandrino nesse pensamento de ressurreição do poderio
militar. Depois do episódio da Panther, o governo alemão queria reconquistar a simpatia
brasileira: convidou-o para assistir, ao lado do Kaiser, às grandes manobras. Rio Branco
deu à viagem a ressonância esperada; e a sua volta — o reformador do exército do Brasil
homenageado pelo primeiro exército do mundo! — foi festejada com estrondo. Ali estava,
de plumas e bordados, o candidato... Curiosa repercussão do “hermismo” nascente foi, em
15 de novembro, a comemoração da república no Clube Militar. A habitual apoteose a
Benjamin, santo da casa, se converteu num ato votivo a Deodoro, retirado afinal do olvido
ingrato. No intervalo da sessão Lauro Müller — com a sua esplêndida perspicácia548 —
falou a Antônio Azeredo: para acabar com a candidatura Campista, a do marechal...
Pinheiro, presente, aprovou a idéia... Levada por Azeredo a Rui, este a fulminou:
militarismo nunca!549 A do glorioso tribuno, com efeito, parecia a candidatura
espontânea, afagada pela convergência dos mais favoráveis fatores, deles o maior a sua
autoridade cívica. Disse-lhe Pinheiro que a lançaria, se trouxesse o beneplácito
presidencial.550 Isto não, protestou Rui, com a sua teoria da abstenção do chefe do Estado;
e escreveu com vivacidade a Afonso Pena, dissuadindo-o de apresentar o conterrâneo.551
Mas o presidente se iludia com o apoio dos governadores; insistiu. Começou a
desenganar-se com a rebeldia de Bias Fortes, em Barbacena: a situação mineira cindia-se...
Uniam-se os baianos em torno de Rui, separando-se do “bloco do Catete”.552 Albuquerque
Lins, em São Paulo, e o governo rio-grandense ganhavam tempo, aparentando
acompanhar o presidente. Estourou a crise com as homenagens prestadas ao Marechal
Hermes a 12 de maio, seu dia natalício. Tiveram o vigor de um pronunciamento.
Desabava com isto a política oficial. A 14, o presidente pediu a palavra de Minas (a
Venceslau Brás) e o marechal, que nunca lhe falara, venceu a nobre timidez lendo ao
Ministro da Justiça, Tavares de Lira, a carta em que afirmava que os militares não se
achavam necessariamente afastados das funções políticas.553 Nesta frase estala a histórica
divergência... Empossando-se na presidência da câmara a 5 de maio, Carlos Peixoto usara
a palavra certa: “Somos capazes de praticar a liberdade civil, impedindo”... o “cesarismo”.
A 15, escreveu o marechal, pedindo demissão do ministério. Convidou-o o presidente
para conversarem, e mostrou que, favorável a Campista, não fora ele quem lhe levantara a
candidatura. Quanto aos militares, nada obstava a que fossem candidatos, sem todavia
lhes reconhecer o direito de apoiarem-se na força...554 Mas o marechal deixou o governo; e
a 17 respondeu Venceslau (selando a sorte da candidatura Campista) que embora
mantivesse os seus compromissos, não poderia evitar, se persistisse, a cisão no estado.
Imediatamente desistiu Campista, e Peixoto, sem explicações prévias, num discurso
inesperado, abandonou a presidência da câmara. Nela só poderia continuar como
expressão da unidade da bancada mineira...555 Livre ficava o caminho à candidatura do
marechal, consolidada em reunião que se realizou na casa de Pinheiro Machado (em que
o nome de Rui foi posto de lado)556 — e sufragada em assembléia que Francisco Sales
presidiu no Senado, a 22 de maio — com Venceslau Brás como seu companheiro de
chapa. “Fomos pedir e impor a S. Ex.ª a aceitar a candidatura presidencial”... com “todo o
cunho civil”,557 preveniu Pinheiro ao Senado. Contava com a impugnação de Rui; e a
tempestade “civilista”.

O presidente é que não tinha mais saúde para os grandes abalos. Profundo desgosto
minava-lhe as energias desde que, em novembro último, perdera o filho Álvaro, seu oficial
de gabinete. Faleceu subitamente a 14 de junho, vítima — bradou a oposição — de
“traumatismo moral”.558

NILO PEÇANHA

Subiu ao governo (pelo restante do período) o Vice-presidente Nilo Peçanha. Efusivo, de


gestos largos, tirando do convívio do povo as inspirações da política sublinhada de
intenções liberais, repetiu em relação a Afonso Pena o contraste de Manuel Vitorino com
Prudente de Morais. Trouxera da sua formação republicana em Campos a frase
altissonante e a galhardia da atitude. Com isto marcou a mudança que se operara no país.
Começou-a pelo ambiente carioca. Inaugurou, um mês depois, com um espetáculo
rutilante (de Paris romântico) o Teatro Municipal — para que na mais francesa das datas,
14 de julho, começasse a funcionar a primeira Ópera da república. Recebeu memorável
aclamação ao descer do landau559 — como um presidente da “troisième” à porta do
grande e imperial teatro —, para chefiar, do seu camarote dourado, a exposição de
opulência e arte que, naquele salão suntuoso, unia a elegância ao Estado. Falou Bilac. A
peça era de Coelho Neto.

Restabelecia-se o equilíbrio; o governo convidava à euforia, à confiança... Mas não à paz.

RUI BARBOSA

Rui alvitrara o nome de Rio Branco. Foi em vão. Concentrou em torno de sua rebeldia os
baianos, os paulistas, a juventude das academias, as multidões, ávidas de protesto,
predispostas à reação. Chamou-se civilista, esta resistência, contra o militarismo.
Candidato proclamado pela convenção de 22 de agosto, tornou-se Rui o arauto da
regeneração civil da república, que em 1889 ajudara a fundar, com as espadas. Eram
exagerados os termos. O exército ficara à margem da contenda; e com o marechal se
alistavam civilíssimos expoentes da política diuturna. Mas os movimentos eleitorais se
fazem menos com programas do que com insígnias, e a antítese serviu. Sacudiu,
emocionou, dividiu a nação, que, entre agosto e março,560 viveu a experiência (somente
renovada em 1921) de uma campanha sem exemplo. Envolvendo, pela primeira vez, a tese
da consulta ao povo, estabelecia o dilema do presidencialismo autoritário, arrimado às
armas, e do liberalismo republicano, com as promessas constitucionais. A agitação
“civilista” tem a expressão difusa de uma revolta de consciências, contra a estrutura e o
automatismo de um regime que se elaborava no mistério dos conchavos e não na luz dos
debates. Nela se desdobrara a tentativa de dar autenticidade à opinião, vigor e sinceridade
ao voto, verdade e direção à política, fora do personalismo solitário. Rui era o único que
podia sublevar o país com o verbo doutrinário. Porque à incomparável virtuosidade
oratória unia a tradição dos combates incessantes em defesa da Lei, da Justiça, das
Liberdades. Não o acusassem de demagogo, pois à demagogia se opusera em 1893 e em
1897; não o dissessem republicano insincero, pois fora um dos organizadores do sistema;
nem era lícito classificá-lo entre reacionários ou oportunistas, porque em cada episódio
vivido estava uma batalha contra as paixões azedadas pelo ressentimento. A mocidade
consagrou-o patrono do seu idealismo. As populações saíram à praça para saudá-lo. O
país — sem acreditar na sua vitória — comoveu-se com a sua palavra.

SIGNIFICADO DA LUTA

Lançada por Pinheiro, Glicério, Azeredo, a candidatura do marechal, Rui, antes de mais
nada, tirou-lhe a conseqüência: “Quero o exército grande, forte, exemplar, não o queria
pesando sobre o governo do país. A nação governa; o exército, como os demais órgãos do
país, obedece”.561 Desta premissa deduziu a objurgatória, que foi crescendo à medida que
progredia a campanha. “Que me importa a mim, senhores, o espantalho? Não nasci
cortesão. Não o fui do trono; não quis ser da ditadura; da própria nação não o sou; não o
serei das baionetas”.562 O civilismo era a antítese, a revolução branca do voto, a
regeneração, pelo povo. Evidentemente estava de antemão vencido pela “máquina”.

Começou a viagem eleitoral por São Paulo (16 de dezembro), cujas multidões
galvanizou com a eloqüência; foi à Bahia (14 de janeiro), onde leu a Plataforma, com o seu
programa revisionista;563 e a Minas Gerais (17 de fevereiro), calorosamente recebido em
Juiz de Fora, Ouro Preto, Belo Horizonte. Estavam com ele as elites letradas, a juventude
escolar, as minorias locais a braços com as “oligarquias”. Tirados os votos inverificáveis
do interior, onde a eleição se fazia ao sabor do governo, a de 1º de março pode ser
considerada vitoriosa para o civilismo. Mas o Congresso “reconheceu” os candidatos da
maioria; e empossou-se o marechal a 15 de novembro de 1910. Rui, que lhe contestou a
legitimidade, dizendo-se esbulhado, continuou em oposição. Seguiu, inabalável, a linha de
sua doutrina. Se preferisse ser hábil, teria vibrado nos adversários o golpe decisivo.
Bastava dar mão forte à política anti-pinheirista que cresceu junto à presidência, no meio
militar em que ela se situou, e ajudá-la, na guerra a Pinheiro — tão fraco em 1910 como
em 1908, confinado agora (por Mário Hermes) na defensiva a que Carlos Peixoto o
reduzira.

Não querendo distinguir entre o presidente e Pinheiro, nem se prestando a dividi-los,


para os combater, fez por quatro anos a crítica do governo, sem poder moderá-lo.

Assistiu, flamante de cólera cívica, à ronda das “salvações”.


XXVI: O PERÍODO INQUIETO

RECOMEÇA A DESORDEM

Um período calamitoso de intervenções armadas se inaugurou, antes mesmo da posse do


marechal — com o bombardeio de Manaus pela flotilha do Amazonas (8 de outubro de
1910). Apoiadas por Pinheiro,564 os adversários do governador — que ficara com os
civilistas — assim o depuseram, substituindo-o pelo vice-governador. Um fato diferente: a
ilegalidade oficial!

À primeira violência impune e vitoriosa — turvando o ambiente, outras se seguiram: de


um e outro lado. Se os graduados se excediam ao Norte, os subalternos podiam insurgir-
se ao Sul... Mal se iniciara o quatriênio presidencial assombrado de tantas ansiedades, foi
o Rio de Janeiro abalado pela mais estúpida das ameaças: os canhões dos couraçados que
eram o orgulho da rejuvenescida Marinha. Na noite de 23 de novembro se amotinaram os
marinheiros no Minas Gerais.

O pretexto era o inumano regime de castigos de bordo, vergonhoso, mas subsistente,


nessa Armada que se renovava. Dias antes tentara um marinheiro matar à traição um
camarada: e o Comandante Batista das Neves mandara aplicar-lhe cinqüenta chibatadas.
Os motivos transcendentes se perdiam entretanto noutro terreno. De portos ingleses e
chilenos, alguns tripulantes tinham trazido complicados planos anarquistas. Dizia-se que
a senha circulava por outras marinhas da Europa e da América. O Cabo João Cândido,
que aparece como chefe, por ser um timoneiro hábil, foi oficialmente a primeira figura do
levante. Dirigiram-no uns poucos, escondidos na penumbra em que tudo se desenvolveu.
Tal era o segredo (e também o inopinado da explosão) que a oficialidade foi apanhada de
surpresa, sem tempo para se defender, e aqueles esplêndidos barcos entregues à fúria do
motim.

Naquela noite, ao voltar Batista das Neves do jantar a bordo do navio francês Duguay
Trouin, a maruja, como enlouquecida, a ele se atirou. O oficial de serviço, 2º Tenente
Álvaro Alberto, deteve-a de espada em punho, esgrimiu com as baionetas que o
acometeram, abateu um dos atacantes e recebeu no peito três golpes. Munido da baioneta
que arrebatara a um grumete, e com um marinheiro fiel ao lado, o comandante exortou a
chusma alucinada a retroceder. Ordenou ainda ao tenente ferido que tomasse a lancha,
que o levaria ao hospital. Adotou Álvaro Alberto outro alvitre. Com as forças a se
extinguirem, ordenou que a lancha aproasse para o São Paulo: daria o alarme à esquadra.
Evitou com isto que se repetisse nos outros navios a selvageria ocorrida no Minas
Gerais.565 Os revoltosos a este tempo se tinham apoderado do paiol de munições; e a tiros
e coronhadas mataram Batista das Neves. Outros oficiais, despertados pelo tumulto, e à
medida que saíam dos camarotes, foram também assassinados. Abandonados aos
marinheiros o São Paulo, o Barroso, o Bahia, passaram eles — intercomunicando-se por
meio de radiogramas e sinais — a exigir do governo — que, na realidade, não sabia o que
fazer — o perdão prévio, a abolição dos castigos, a satisfação de suas queixas... E puseram-
se a atirar, com as peças menores, para Villegaignon e cercanias.566 Ao amanhecer 24 de
novembro esse espetáculo imprevisto estarrecia a população.

AMOTINAM‑SE OS MARINHEIROS

Titãs metálicos na enseada tranqüila, as mais poderosas máquinas bélicas do país eram
como joguetes nas mãos irresponsáveis de tripulações ébrias de vingança, conscientes da
sua força... Lançar os torpedeiros contra as grandes belonaves seria acabar com o poder
naval do país. Pinheiro Machado aconselhou os meios suasórios. Não empregou a palavra;
poderia dizê-la: psiquiatricamente. O marechal anuiu. E o deputado Comandante José
Carlos de Carvalho foi encarregado de parlamentar. Bem recebido nos dois couraçados,
trouxe-lhes a intimação: anistia antecipada, ou fogo. Reunidos os leaders da situação e da
oposição, concordaram: e, com discurso de Rui, no Senado, em defesa do projeto e cheio
de clemência para os sublevados — o Congresso votou a anistia — com a enormidade de
ser condicional. Parecia menos uma lei do que um acordo. “Art. 1º. É concedida anistia
aos insurretos de posse dos navios da Armada nacional se os mesmos, dentro do prazo
que lhes foi concedido pelo governo, se submeterem às autoridades constituídas”. Antes
de se lhes conhecer o crime; sem notícias ainda da sua extensão; endosso do Congresso à
negociação entabulada pelo Executivo... O Ministro Almirante Batista Leão chegou a
assinar esta ordem terrível (25 de novembro): “Hostilize com a máxima energia, metendo-
os a pique sem medir sacrifícios”. Não foi necessário.567 Apesar de tudo, o preço da
acomodação era vantajoso: rendiam-se os amotinados, deixando intactos os navios, e a
cidade... Oposição e situação despejaram as iras sobre os castigos, ainda habituais na
esquadra: justificavam a seu modo o levante, com as “conseqüências irresistíveis”, “almas”
a revelarem “virtudes que honram a nossa gente e a nossa raça”...568

A revolta — em 9 de dezembro — dos fuzileiros na Ilha das Cobras, e o princípio de


levante no scout Rio Grande do Sul mostraram que a timidez da autoridade não
preservara a disciplina. Reforçou-a o Ministro da Marinha. O governo passou de um
extremo a outro: “A fúria da desforra”.569 Já agora os canhões navais podiam pulverizar a
bateria revoltosa, na ilha. A repressão foi implacável. Muitos dos insubordinados
morreram nas enxovias subterrâneas, asfixiados; outros, a bordo do Satélite, desterrados
para o Acre. Durante a viagem tentaram insurgir-se. Foram fuzilados doze... Outras levas
de deportados, para a fronteira do Norte, valiam pelo expurgo geral: e, cheios de
indignação, os jornalistas lembravam a promessa da anistia plena, acusavam de felonia a
represália... Na realidade, o país intranqüilizara-se.

“SALVAÇÕES”

Voltou-se o governo contra as oligarquias.


Que eram elas? O poder transmitido, através de sucessivos períodos, dentro do mesmo
grupo, que, pelas contingências locais, dele se apossara nos começos do regime.
Iniciaram-se com a arbitrária nomeação dos governadores; legalizaram-se com as eleições
feitas a seu talante, sem oposição capaz de as desbancar, nem condições propícias à
resistência; e se deixaram ficar, com o domínio, violento ou suave, da máquina, de que
tinham o monopólio. Em assembléias unânimes, a autoridade beneficiava-se da
irresponsabilidade; e porque os descontentes nada podiam contra a situação, a sua
esperança flutuava com os acidentes da vida republicana, que pudessem cortar o fio a tais
despotismos. Esperavam que se cindisse o grupo dirigente; que o sucessor, revoltado
contra o antecessor, formasse partido próprio; que as miúdas contendas, fracionando as
oligarquias, as abatessem. A verdadeira esperança, porém, corria para o poder central,
árbitro do sistema, graças à faculdade de intervenção nos estados, dissimulada ou
ostensiva, a que os abusos do primeiro decênio deram singular desenvoltura. Deodoro e
Floriano tinham designado para os estados os governadores de sua confiança, impostos
ou derrubados conforme as suas conveniências. Prudente e Campos Sales preferiram
apoiar-se neles (a “política dos governadores”) para terem no Congresso a maioria inerte.
Rodrigues Alves e Afonso Pena mantiveram este regime, que consolidara as situações
locais, dando em troca ao presidente a quase unanimidade parlamentar.

Interrompeu-se a corrente com a rebelião de que resultou a candidatura militar,


divorciada, pela própria índole, da tradição partidária e dos seus processos. O novo
presidente pertencia à família do fundador da república, vítima do golpe de Estado;
respirara na mocidade o pesado ar das resistências e dos desafios, ao lado do tio, que
dissolvera a Assembléia intolerante para cair ao estrondo da violência; ganhara fama e
promoções opondo-se à desordem, em nome de uma disciplina rígida, cujo modelo
prussiano fascinava o idealismo dos quartéis; governaria com a classe. Pinheiro,
aparentemente chefe desta reorganização, representava o cesarismo civil de Castilhos no
vigor do comando, na fidelidade aos amigos, no domínio absorvente, suavizado por fina
sagacidade. Disse-se que foi o supremo diretor da política neste período.570 Não é verdade.
Certo, ninguém exerceu maior influência: porém os acontecimentos escaparam à sua
orientação ou à sua previsão, encaminhados por outras forças, que se fartaram de
contrariá-lo. Foram as forças mal definidas que se agruparam em torno do presidente
com adeptos e assessores, tanto da jovem geração militar, como remanescentes da quadra
deodorista (assim, para a política de Pernambuco, o velho Barão de Lucena), classificadas
historicamente como antiflorianistas, que podiam servir ao governo exatamente por isto,
retiradas do ostracismo sonolento pela rajada reacionária, que varria as oligarquias... Para
estas, o inimigo continuava a ser o faciosismo jacobino. Que viessem — em substituição
— inexperientes oficiais; pelo menos, as respeitariam... Apresentaram-se; e a sua
distribuição pelos estados marcou a série de “salvações”, com a sua principal
característica: a ingerência das armas.

NO ESTADO DO RIO

Começou a seqüência das “salvações” no estado do Rio, onde governo e oposição tinham
criado, meses antes, dualidade de câmaras e atas eleitorais. O candidato do Governador
Backer (que ficara com Rui Barbosa na campanha civilista e, por isto, devia ser
desmontado) era Edwiges de Queirós. O do grupo apoiado pelo poder central, Oliveira
Botelho. O Supremo Tribunal concedeu habeas‑corpus à Assembléia que pretendia
reconhecer o primeiro, para que pudesse funcionar: reconhecia-a. Iniciava-se, aberrante, a
doutrina da intervenção do Judiciário, sobrepondo-se ao Congresso, nos conflitos
políticos, mediante habeas‑corpus que, apesar de sua formal imparcialidade, se
transformavam num recurso de força, condicionado às paixões que aparentemente
rechaçavam.571 A corrupção do regime atingia, por intermédio das inextricáveis questões
de dualidade dos poderes locais, a alta corte: e do seu voto variável iria depender a solução
de outros, e irritantes problemas partidários. Desprestigiou-a: pois o presidente da
república, sem atenção à sentença, agiu mais eficazmente. Aproveitou-se do estado de
sítio, conseqüente à revolta dos fuzileiros, mandou que o Ministro da Justiça comunicasse
ao Governador Backer que a guarnição de Niterói passaria a policiar as repartições
federais, e a este título ocupou ela, a 30 de dezembro, os palácios do governo e da
Assembléia. Só entrariam Oliveira Botelho e os amigos... Legitimou-se a violência, com o
decreto, igualmente espantoso, de 3 de janeiro de 1911, que os reconhecia (e por
conseguinte, o governador) pela razão de que o Senado já assim o entendera e a resolução
andava com parecer favorável, pela respectiva comissão da câmara...572

ALI E ACOLÁ

Duplicara-se também o Conselho do Distrito Federal. A maioria civilista socorreu-se do


habeas‑ ‑corpus. Duvidou o presidente, em mensagem ao Congresso (20 de fevereiro), da
competência no caso do Tribunal573 e, como já autorizara novas eleições, mandou
interditar a sede da Assembléia Municipal. Fechava as portas; e a questão.

A desordem como que deslizou do Norte para o Sul com a navegação costeira,
viajando... As salvas da flotilha em Manaus deram o sinal à exasperação das ruas, à
política de braços armas e sedições dramáticas. Farto dos monopólios concedidos pelo
intendente Antônio José de Lemos (o homem invencível do Pará), o povo de Belém,
numa assuada memorável, quebrou os quiosques...574 O governador bandeou-se com a
revolta, contra o intendente. Encerrou-se o ciclo de dominação do “velho Lemos”.

Em Pernambuco e na Bahia, acontecimentos mais extensos ensangüentaram a


intervenção. Foram candidatos ao governo dois ministros, o General Dantas Barreto (da
Guerra) e J. J. Seabra (da Viação). O primeiro era um dos expoentes militares da
república, e representou, para a oposição a Rosa e Silva, encabeçada por Lucena e seus
amigos, a espada providencial.575 O outro, aliado às oposições que se recompunham em
torno de Luís Viana, empreendia a conquista por outros métodos. Contava com a família
do marechal contra a antipatia de Pinheiro, que, em 1906, lhe rasgara o diploma de
senador por Alagoas; começara a ganhar a batalha quando o governo estadual,
conciliador, lhe dera certo número de deputados; e apoiado a este grupo, vetou a
candidatura de paz de Domingos Guimarães. Por si, tinha o Catete.

No Recife as coisas correram brutalmente, desde que, lançado pelo partido federal
conservador Dantas Barreto, este deixou a pasta da Guerra. Soldados do exército e da
polícia engajaram-se em continuados motins; debalde Rosa e Silva — que correu a
candidatar-se contra o general — apelou para a neutralidade do presidente da república;
Estácio Coimbra, que, como presidente da câmara, assumira o governo, solicitou em vão
garantias federais; e numa atmosfera de violência, exacerbada pela eliminação da
autoridade em dias sucessivos de tiroteios e arruaças, se realizou, em 9 de novembro, a
eleição. Completou-a a interferência direta da força armada, que assegurou à parte da
Assembléia hostil ao rosismo tranqüilidade para reconhecer o seu candidato, sem ser
perturbada pelos antagonistas... A intervenção pedida por Estácio para poder governar foi
desfechada contra ele. Dantas Barreto — varridos os adversários, os mais em evidência
obrigados à fuga, para salvar a pele — empossou-se a 19 de dezembro de 1911.

BOMBARDEIO...

Os elementos militares, que empolgaram Pernambuco, não deviam agir menos


desembaraçadamente na Bahia, onde o conflito se processou com piores excessos.576 Ali
brigavam, não o adventício, coruscante de prestígio guerreiro, mas as alas de uma política
em que militavam chefes autênticos. Esta circunstância acentua a ferocidade inútil do
bombardeio, que pôs no litígio uma nota monstruosa. Na realidade, a oposição,
desguarnecida de toda segurança, com as ameaças feitas ao governo do estado pela
coligação seabrista, colaborou com a crise, transferindo para o sudoeste do estado a
Assembléia Legislativa. A sua retirada teatral para Jequié, depois de ter o Governador
Araújo Pinho renunciado o mandato, facilitou aos contendores a ocupação da capital. Os
deputados seabristas obtiveram do juiz federal, Paulo Fontes, um mandado proibitório,
para que funcionassem na sede da Assembléia, a partir de 10 de janeiro. A Mesa da
Câmara conseguiu por sua vez do juiz da vara cível, Cândido Leão, o mandado de
manutenção de posse... O agravo seria suspensivo: debalde o interpôs o Senador Arlindo
Leoni. O juiz não foi encontrado... Recorreu então ao magistrado federal, impetrando
habeas‑corpus para os congressistas, convocados pelo presidente do Senado, e impedidos
de ocupar o prédio tomado pela força policial. Deferido o pedido, respondeu o
governador em exercício que não o cumpriria, dado o conflito de jurisdição... Telegrafou
Paulo Fontes ao presidente da república e ao Ministro da Justiça. Em resposta, recebeu o
General Sotero de Meneses, inspetor da Região Militar, ordem expressa do Ministro da
Guerra, General Mena Barreto, para apoiar a decisão da Justiça... Transportado assim o
conflito do pretório para o quartel, o general mandou intimar ao governador a entrega do
prédio da Assembléia. Aurélio Viana pediu duas horas, para conferenciar com os amigos.
Declarou em seguida que os congressistas podiam reunir-se, mas sem que o governo do
estado retirasse a polícia que lá pusera. O general — enérgico soldado da campanha de
Canudos, que se destacara, como disciplinador severo, na repressão instantânea da revolta
do 9º, em 1904 — não era homem para paliativos. Disse “que, se até a uma e meia da tarde
não se retirassem as forças da câmara municipal, em cujo edifício funcionava a Câmara
dos Deputados, agiria militarmente”. E fez distribuir um boletim patético à população:
Tendo o governador do estado se recusado terminantemente a obedecer ao habeas‑corpus concedido pelo Ex.mo Sr.
Dr. Juiz Federal, para que possam funcionar livremente, no edifício da Câmara dos Deputados, os congressistas
convocados pelo Sr. Barão de São Francisco, presidente em exercício do Senado — cumpre-lhe, em obediência à
requisição do mesmo juiz federal aos poderes competentes da república, fazer respeitar e executar essa ordem, pela
intervenção da força sob seu comando, intervenção a que dará início dentro de uma hora.577

Dito e feito. À uma e meia da tarde de dez de janeiro, o General Sotero mandou que a
artilharia do Forte de São Marcelo acertasse algumas granadas na Praça do Palácio...
Constava que haviam sido concatenados preparativos cautelosos para esse ataque, numa
série de providências ostensivas, a mais significativa, a renovação da bateria da velha
fortaleza, bocas voltadas para o alto casario que, em presépio antigo e profuso, se desata
pelas colinas da Bahia. Por outro lado, concentrara o governador numerosos contingentes
policiais, apetrechados fartamente, nas repartições do estado. Respirava-se a luta. Não se
contava com o canhoneio.

AS CONSEQÜÊNCIAS

Os shrapnels incendiaram o palácio do governo, a opulenta biblioteca pública, vários


edifícios próximos. Aquela histórica livraria foi em parte reduzida a cinzas, em parte
pilhada, no frustrado trabalho de lhe atalharem as chamas. Jamais se imaginara que o
Forte do Mar, adormecido no ancoradouro como atalaia inabalável da cidade, que
defendera, três séculos, um dia a flagelasse... Desmoralizada a resistência pelo canhoneio,
num ou noutro lugar a polícia, às tontas, tiroteou com a tropa, que a desalojou facilmente;
e destarte o General Sotero tomou conta — não de uma casa, para os congressistas
temerosos, mas da Bahia — em nome do poder central.

É de calcular a indignação que circulou pelo país. Em carta timbrada de cólera, o


Almirante Marques Leão abandonou a pasta da Marinha. Não a associava à insensatez...
Profundamente triste pelo desmoronamento — naquela espantosa tropelia — dos seus
sonhos de uma nação culta e tranqüila, modelo de equilíbrio neste vulcânico Novo
Mundo, Rio Branco exasperou-se, desceu de Petrópolis para reclamar, quis demitir-se, e
neste desconforto sucumbiu, um mês depois. Em delírio, perguntava: “Sotero... que
general é este?”.578 De São Paulo (baluarte do civilismo, ameaçado de tratamento
semelhante) partiu admoestação mais grave.

Os líderes paulistas encontraram-se com Pinheiro, este levou ao presidente o seu


protesto, e pelo Ministro da Justiça, Rivadávia Correia, foi solicitado ao Ministro da
Guerra que repusesse o governador interino, Aurélio Viana.579 Já batera Rui Barbosa às
portas do Supremo Tribunal, com a sua petição de habeas‑corpus. Seria concedido, se o
governo federal não recuasse. O pedido foi considerado prejudicado, por sete contra seis
votos.580 Com a Alta Corte o Catete não podia contar.581 Mas a fração da Assembléia
baiana, favorável a Seabra, elegendo outro presidente (a quem caberia a interinidade do
governo) arredara Aurélio Viana. Competia a sucessão ao presidente do Senado, Cônego
Galrão, que se conservava no interior. O General Vespasiano de Albuquerque (enviado à
Bahia com vozes de apaziguamento) mandou chamá-lo. Parecia uma farsa, porque, ao
mesmo tempo, se propalava que os desordeiros o matariam, se aparecesse em palácio. O
cônego respondeu astutamente, que só iria com suficientes garantias federais. O general,
tomando-lhe a condicional pela recusa, meteu no governo o Conselheiro Bráulio Xavier,
presidente do Tribunal.

Estava instalada a nova situação.

Seabra era governador em 29 de março de 1912.

RIO GRANDE E SÃO PAULO

A irritação causada pelos sucessos do Recife e da Bahia conteve e assustou o governo


federal.

Pinheiro Machado teve de defender-se — no Rio Grande — contra o Ministro da


Guerra, General Antônio Adolfo da Fontoura Mena Barreto, candidato intempestivo ao
governo do estado. Fracassou na mesma oportunidade a sua tentativa de intervir em São
Paulo.582 Tinha ali o seu partido um belo diretório (Pedro de Toledo, Rodolfo Miranda,
Manuel Pedro Vilaboim...). Mas o situacionismo (PRP) se preparara para repelir qualquer
espécie de agressão. Não se repetiria no planalto a violência que aniquilara, na vetusta
cidade do Salvador, a autonomia recalcitrante. O Presidente Jorge Tibiriçá (era secretário
da Justiça o Dr. Washington Luís) contratara com o governo francês a vinda de uma
missão militar, para o adestramento da Força Pública. Compôs-se do comandante
Balagny e dos capitães La Brousse, Statt-Müller e Négrel.583 Rio Branco estimaria que a
missão fosse alemã. Os franceses mostraram-se à altura do compromisso. Em breve
tempo tinha São Paulo uma polícia militar que era, primoroso, um pequeno exército. O
presidente Albuquerque Lins e Washington Luís não deixariam que sofresse o Estado a
intervenção propalada... Não lhe entrara nos planos, escusou-se Pinheiro, no Senado, a
desmentir os que disto o acusavam. Mena Barreto, já então no ostracismo, declarou (carta
que Rui Barbosa leu da tribuna, datada de 24 de dezembro de 14):
A intervenção no estado de São Paulo foi projetada, tanto que, na qualidade de Ministro da Guerra, tive ordem do
presidente da república para nomear uma expedição de forças militares, a fim de seguirem para ali [...]. Posso [...]
afirmar que a aludida intervenção era incessantemente reclamada perante o marechal-presidente e perante mim
mesmo pelo então Ministro da Agricultura, Dr. Pedro de Toledo, como representante da oposição ao governo de São
Paulo. Antes, porém, da marcha de forças, o marechal desistiu da aventura, e, em seguida, fez partir para São Paulo o
Dr. Fonseca Hermes, em missão especial, cujo resultado é público e notório.584

Nada aconteceu, porque o Partido Republicano apresentou à sucessão de Albuquerque


Lins o nome pacificador de Rodrigues Alves. Não esquecessem que o marechal começara
com ele a sua ascensão, em 1904... Foi como uma solução milagrosa: e Pinheiro propalou,
encolhendo-se, que jamais pensara em ultrajar a autonomia do estado.585 Não podia
queixar-se: pusera fora do ministério o general que pretendeu vencê-lo no Rio Grande.
Estimulado por Pedro Moacir, pelo velho Marechal Salgado, pelo General Sebastião
Bandeira, Mena Barreto se apresentaria contra a reeleição de Borges de Medeiros, se o
presidente, a instâncias de Pinheiro, não o advertisse dos perigos desta precipitação.
Insistiu; e foi demitido.

Salvou-se o Rio Grande, por artes de Pinheiro, como se salvara São Paulo, por sua
própria energia, da calamidade a que o Ceará não pôde eximir-se: o candidato, produzido
pela agitação, nela mergulhado; contra a desordem na capital, a sertaneja; a revolta
respondendo à ilegalidade. Ali se sublevou, às ordens de um apóstolo rústico, a população
fanática. Houvera, em 1897, um Conselheiro. A este, em 1912, chamavam Padrinho.

Em cada um dos estados — era o caso — prevalecia uma candidatura militar,


desmontando as oligarquias, salvadoramente... Em Maceió, o Coronel Clodoaldo da
Fonseca aniquilara a dos Malta;586 em Sergipe, o General Siqueira de Meneses — o
engenheiro de Canudos — apaziguara os partidos; no Espírito Santo, o médico militar
Getúlio dos Santos conquistara o poder à facção de Jerônimo Monteiro; no Pará, subira
Lauro Sodré — desaparecendo a ditadura municipal do velho Lemos;587 no Ceará, aos
Accioli se antepôs o Coronel Franco Rabelo.

Mudou a política em 1912. Predomina o “homem forte”: é o apogeu de Pinheiro.


Ninguém duvida da sua aspiração à presidência, sucedendo ao marechal, que lhe cedia as
rédeas da autoridade. O segundo casamento do presidente,588 no sentir geral, o afastara da
vigilância exigida pela anomalia daquela política personalista e imprudente.589 A opor-se a
Pinheiro (mais poderoso depois que assumira, pelo falecimento de Quintino, o comando
do Partido Republicano Conservador) havia, é certo, o núcleo militar formado em torno
do Tenente Mário Hermes, filho do presidente, a quem Seabra elegera deputado e leader
de bancada. Mas lhe faltavam experiência, coesão, continuidade: tinha audácia. O destino
do velho caudilho era enfrentar com hábil serenidade o inconformismo da juventude e
superá-lo. Desaparecera Carlos Peixoto, com Afonso Pena. Acabariam os “tenentes”
quando remansassem as águas agitadas pelas “salvações”. A linha dos adversários
estendia-se de São Paulo ao Ceará, passando pela Bahia, onde Seabra pensava ficar com o
governo, contra Pinheiro, e pelo Recife, onde Dantas Barreto pretendia sobrepor-se a um
e outro. A dissidência de Dantas e Franco Rabelo agravou-se, com o apoio que no Rio lhe
deu o Clube Militar. Parecia que o feitiço se voltaria sobre o feiticeiro, e a última
“salvação” destruiria Pinheiro Machado. Enganaram-se: o seu trunfo eram as oposições
locais. Pacificado São Paulo, com Rodrigues Alves, não lhe custou derrubar o governador
do Ceará, armando a revolta de Floro Bartolomeu — preâmbulo da intervenção federal.

Explodiu em Juazeiro o movimento a 9 de janeiro de 1913.

CEARÁ E O PE. CÍCERO

Deposto por um motim popular o venerando Governador Nogueira Accioli (22 de janeiro
de 1912),590 dois candidatos militares lhe disputaram a sucessão, Bezerril Fontenelle,
bafejado pelo pinheirismo, e Franco Rabelo, pelo Catete. Tentou apaziguar as correntes o
Coronel Tomás Cavalcanti. Feriu-o uma bomba lançada na sala da conferência. Os
ânimos ferviam. Franco Rabelo foi eleito e reconhecido pela minoria da Assembléia (doze
deputados)591 — já de acordo com os acciolistas. Os demais deputados não compareceram
por falta de garantias... Durou pouco a aliança insincera da situação nova com a antiga.
Sob o olhar complacente da polícia ainda uma vez magotes de desordeiros aterrorizavam
Fortaleza, pondo fogo às casas da família Accioli e de seus amigos. No saque das
residências depredadas até pianos de cauda desapareceram... À violência respondeu a
barbárie, na revolução de Juazeiro do Pe. Cícero. Agüentar-se-ia Rabelo apesar de tudo, se
contasse com o centro. Mas cometeu a temeridade de acompanhar Dantas Barreto na sua
definição contra Pinheiro; e este, do alto do seu poderio, o fulminou. Emissários da
oposição refugiada no Cariri combinaram com os políticos do estado, que no Rio se
apoiavam a Pinheiro, a conflagração sertaneja, vasta e incontível. Para derrocar o
governador, tinham o cangaceiro.

É uma figura diferente, que em 1914 sobe rudemente à cena política, eclipsando a
memória triste do jagunço, seu antecessor, no sebastianismo torvo das caatingas.592
Lembra-o na analogia do comando místico, substituído o “monge” infeliz de Canudos,
cearense como ele, pelo vigário destituído de ordens que era ali o chefe político, o “beato”
humaníssimo, o “santo”.593 O seu título é outro: o “Padrinho”. Padrinho dos peregrinos
que acorriam à vila fascinados por sua fama, pelos “milagres” que ele atestava; e dos
bandoleiros que lá se albergavam, da pobre gente sem outra proteção, de quantos lhe
obedeciam na capital do “cangaço”, Juazeiro.

O fato é que o Deputado Floro Bartolomeu, que representava na Assembléia a zona e o


pensamento do Pe. Cícero, reuniu ali cinco deputados e, a 12 de janeiro de 1913,
proclamou que assumiria o governo na qualidade de presidente do Congresso...
Convocados pelo Padrinho, concentraram-se, vindos de todos os recantos do Cariri, os
mais temíveis sujeitos do Nordeste; e, como providência preliminar, rodearam Juazeiro de
forte trincheira, que a tornava inexpugnável.

Tinham os cangaceiros594 mentores hábeis.595 Aquilo faria honra à engenharia militar...


Quando os atacou a polícia, sob o comando do Coronel Alípio Barros, dela zombaram,
repelindo-a, com pesadas baixas, para o Crato. Tentaram os governistas o cerco. Mas os
cangaceiros não se limitavam à defensiva. Tinham a agressividade dos fanáticos; mas
sabendo bem o que fazer. Lançaram-se sobre o Crato, Barbalha e, por fim, numa fila
enorme de combatentes andrajosos — Fortaleza. Desvaneceu-se na estação de Miguel
Calmon a última esperança de Franco Rabelo. Enfrentou-os ali o Capitão José da Penha,
comissionado no comando da polícia. Era bravo e leal. Tombou morto aos primeiros
tiros. Dir-se-ia que os revoltosos retrocediam, desbaratados. Mas no dia seguinte,
reagrupados, continuavam a progredir, sobre Quixeramobim, Quixadá, a linha de
Baturité, a capital... No Rio de Janeiro, o Clube Militar sustentava a causa do governador;
e se falara abertamente de um movimento de quartéis, contra a intervenção federal no
Ceará. Antecipou-se o governo, decretando inopinadamente (4 de março de 1914) o
estado de sítio: e prendeu numerosos jornalistas...596 Senhor da situação, efetivamente
interveio, nomeando interventor o Coronel Setembrino de Carvalho597 — e com esta
medida tardia obstou a que Fortaleza fosse tomada e possivelmente saqueada pela gente
do Pe. Cícero.

Pinheiro ganhara a partida. Foi eleito governador do estado o Coronel Benjamim


Barroso (por Setembrino598 lembrado a Pinheiro): e a política “conservadora” do Ceará
lhe reconquistou a confiança.

Mas era o fim do período.

CONSEQÜÊNCIAS

Na administração se projetou a desordem política: foi especialmente grave nos campos da


cultura e das finanças. O positivismo do ministro gaúcho Rivadávia Correia aparece na
reforma do ensino de 1911 (que lhe leva o nome), firmada no princípio da liberdade
profissional — em voga no Rio Grande —, com a transferência da sua responsabilidade às
congregações das escolas. Como houve, em 1890, o encilhamento — pela autonomia das
assembléias nas empresas, insubsistentes —, houve a partir de 1911 (até a reação drástica
da reforma Maximiliano, de 1915) a inflação dos diplomas doutorais, com a multiplicação
de faculdades inidôneas e a fraude cínica da lei. Liberdade entendeu-se por licença:
calamitosamente.599 Completava-se a crise espiritual com este triste aspecto de
decadência: a ruína do sistema oficial do ensino. No domínio financeiro a confusão tem
índices deploráveis: a progressão do déficit orçamentário, a queda cambial conseqüente às
emissões sem lastro metálico,600 a desvalorização de 25% das apólices federais, o segundo
funding loan...

Desprestigiava-se no conceito internacional o Brasil. Infeliz coincidência: no dia em que


se revoltaram no porto os marinheiros, visitava o Rio um observador que se cansara de
realçar a perfeição da democracia de língua inglesa: James Bryce. As páginas pessimistas
do livro que dedicou à América do Sul exprimem não só a sua impressão, como a sua
doutrina: com tal inferioridade, como teríamos instituições semelhantes às suas? Padecia
o autor da “American Commonwealth” do engano peculiar aos viajantes que, sem tempo
de maiores análises, indicam sumariamente a sua surpresa, ao encontro de brutalidades
retardadas, de restos superficiais de uma desordem absurda. Mas o que escreveu, com o
azedume e a dogmática de um Gobineau, retratava a presente verdade das coisas.601
Retrocedera-se!

XXVII: CAUDILHO E OLIGARQUIA


RESISTÊNCIA TRIUNFANTE

A liquidação do Partido Republicano Conservador — e de Pinheiro — recorda a do


Partido Republicano Federal — e de Glicério. Em 1913, como em 1897, incompatíveis
com a direção do centro, se coligaram os governadores contra o homem poderoso; e o
abateram. Variaram os métodos. Glicério não contara com Prudente; e caiu. Pinheiro
tinha o marechal; não bastou. Num caso, foi o presidente que alijou o “protetor” da
república; no outro, os estados que se impacientaram com a submissão do presidente, e
quiseram libertá-lo. Tem este sentido o início da rebeldia, com Dantas Barreto. O
governador de Pernambuco era o único que podia investir sem temor o chefe nacional.
Militar insuspeito ao regime, guindado ao governo pelo militarismo anti-oligárquico (que
não excluía a improvisação da oligarquia substitutiva), contando com a simpatia da classe
e, no Catete, com a dos adversários de Pinheiro, não soaria a sua palavra como uma
traição às instituições; seria, de qualquer modo, o anátema... dos salvadores.

Começou Pinheiro a perder a batalha quando a precipitou, telegrafando-lhe, que o PRC


iria reunir-se para tratar da sucessão. O PRC era Pinheiro; e o seu candidato, ninguém
duvidasse, Pinheiro.

Indignado, respondeu Dantas, que a convenção para tal fim devera ser nacional, não de
um partido; porém se do PRC, pelo menos os delegados tinham de ser indicados pelos
governadores...602 Nesta réplica cruzam os ferros caudilho e oligarquia, o poder que
centraliza e o poder regional que o repele, o personalismo presidencial e a província
resistente. A reação dinamita o pinheirismo, que se reforça com o apoio dócil do marechal
(“abrigado à sombra do PRC ”, diz ele, num discurso indiscreto)603 mas se desmantela com
a impossibilidade da candidatura do seu mentor. A atitude de Dantas é secundada pela
política fluminense (e Nilo Peçanha). Consultado sobre o nome de Pinheiro, Oliveira
Botelho, governador do estado do Rio, recusa-se a aceitá-lo. Cientes deste passo,
Francisco Sales (com os mineiros) e Cincinato Braga (com os paulistas) trataram de
aproximar os dois estados, dirigidos por Bueno Brandão e Rodrigues Alves. Em Ouro
Fino, Cincinato e Bueno combinaram (chamou-se de Pacto de Ouro Fino o acordo, de 21
de abril de 1913) que se consultariam antes de tomar uma decisão.604 Fracassa a manobra
de Pinheiro de dividir São Paulo, apresentando Campos Sales (que faleceu em 28 de
janeiro); a idéia de Nilo, de reunir os municípios em convenção, em vez dos delegados
partidários, produz a reunião formidável de 27 de julho, que sufraga o nome de Rui
Barbosa, e, ao mesmo tempo, o Partido Republicano Liberal, por ele criado605 — com a
mesma plataforma revisionista de 1910; e à vista do impasse Sabino Barroso lembra ao
governador de Minas o seu conterrâneo Venceslau Brás, vice-presidente, de reputação
intacta, porque sabiamente se isolara, na sua paz rural, de Itajubá. Não havia melhor
solução. O humorista gracejou: este (o de Venceslau) foi o caso único de promoção por
abandono de emprego...606 Pinheiro ainda quis acomodar, insinuando a candidatura de
Borges de Medeiros.607 O diretório situacionista de São Paulo dispunha-se a aceitar a
fórmula Rui-Glicério. Então Rodrigues Alves vibrou o golpe.
À revelia dos correligionários, cortando-lhes as combinações, telegrafou, decisivo, ao seu
colega de Minas: concordava com Venceslau. “Eis como se faz no Brasil um presidente da
república pelo arbítrio de um só homem”.608 A frase de Rui é injusta. Na realidade foi feito
pela coligação espontânea dos dirigentes estaduais contra dois adversários diferentes, o
temível homem forte e o gênio perigoso. Ambos os ameaçavam, um pela prática, o outro
pela teoria. O primeiro, humilhava-os; o segundo, com a rebelião do povo, o ódio às
oligarquias — os aniquilaria. Venceslau simbolizava a continuação legal, segura e hábil,
dentro do clássico bom senso mineiro...

PRUDÊNCIA E FIRMEZA

Homologados os nomes de Venceslau e Urbano Santos (este, maranhense, representando


o Norte) na convenção que a seguir se reuniu, o pinheirismo, que aderira, fingindo
orientar os acontecimentos mas já agora por eles conduzido, julgou que não se lhe alterara
a fortuna. Pois os candidatos eram do partido, governariam com ele... Puro engano. Ou
antes: com a finura do seu sentido das realidades, o caudilho não se iludiu nas suas
apreensões. O marechal fora-lhe fiel. Sem base nem trégua política, numa situação de
desordem e comoção, fora resistindo, mas fora sempre ao encontro do leader supremo,
que passara a jogar por conta própria. Venceslau jamais se lhe submeteria. Era um cauto
espírito respirando — na liberdade vigorosa da sua força que se chamava a política
mineira, ligada agora à paulista — todas as sugestões da reação — contra o mal-estar
reinante. Compreendera, no seu ermo de Itajubá, que arredaria Pinheiro, ou tropeçariam
juntos. Um ou outro. A incompatibilidade denunciou-se desde a sua plataforma, em que
(reproduzindo a doutrina de Afonso Pena) sustentou de passagem a tese de que o
presidente governa fora e acima dos partidos. Era como se sussurrasse: sem Pinheiro...
Sem ele organizou o ministério.609 Os atos essenciais do governo — depois que o assumiu
com esperançoso aplauso em 15 de novembro de 14 — corroboraram o compromisso.

Dois casos de ressonância nacional definiram o divórcio, riscando as paralelas: porque


nos dois o ressentimento de Pinheiro reavivou a flama dos protestos gerais. O primeiro foi
do estado do Rio, em que o homem a destruir era Nilo; o segundo, o de senador por
Pernambuco, em que, para ferir Dantas Barreto, a vítima foi José Bezerra.

O caso fluminense era o da clássica dualidade de assembléias em torno dos candidatos a


governador que se diziam eleitos, o pinheirista Feliciano Sodré (da corrente de Oliveira
Botelho) e Nilo, responsabilizado pelo fracasso do pinheirismo. A maioria da Assembléia
apoiava Sodré, mas a minoria tinha a mesa, que impetrou ao Supremo Tribunal
habeas‑corpus, para funcionar e reconhecer o governador. O Supremo, dando a mesa por
legítima, favoreceu-a com a ordem requerida. O fundamento da decisão podia ser
respeitável, mas se reduzia afinal à intromissão da justiça no conflito político, com o
resultado enorme da proclamação do governador pela minoria dos deputados, sem sequer
se darem ao esforço de computar os votos...610 A maioria reconheceu, por sua vez, o seu
candidato: e requereu a intervenção federal. Tudo dependia do Catete: se prestigiasse o
tribunal, confirmaria Nilo; se atendesse à Assembléia, o substituiria pelo antagonista.
Pinheiro tentou forçá-lo a não respeitar o habeas‑corpus, relegando a questão ao exame
do Congresso, para isto convocado ainda em janeiro. Foi mais forte a pressão dos doutos
(Rui, Amaro Cavalcanti, Epitácio Pessoa, Clóvis, Carvalho de Mendonça), da imprensa,
da opinião, que viu nesse dilema estampar-se o próprio julgamento do presidente,
semelhante ou diferente do marechal, tanto fosse contra ou a favor da Justiça... Venceslau
resistiu a Pinheiro, mandou cumprir o habeas‑corpus; e não se negou sequer a fornecer
tropa de linha, para que Nilo se empossasse, quando ainda na câmara se protelava — com
descrédito do pinheirismo derrotado — o debate da intervenção...611 O Congresso, como
no tempo de Glicério, libertava-se do partido, para ficar com o Catete. Mas o partido
dispunha do Senado. Dantas elegera em Pernambuco José Bezerra contra Rosa e Silva.
Pinheiro, contrariando o Catete, fez reconhecer Rosa e Silva. Irritado, e já em resposta ao
desafio, o presidente nomeou Bezerra Ministro da Agricultura. Cada um dos poderes
constitucionais exercia as suas atribuições — disse Pinheiro, fingindo-se indiferente. De
fato, deslizava para a oposição, com os seus riscos e as suas decepções. Mas o país ignorou
os planos que o “homem forte” elaborava para retomar a iniciativa. A morte atalhou-lhe o
declínio.

O FIM DE UM CHEFE

Àquele tempo pregava-se aos quatro ventos a eliminação de Pinheiro, contra quem,
pesadamente, caíam as acusações mais cruéis. Parlamentares, na sua tribuna, a imprensa
em linguagem desabrida, nos comícios oradores rancorosos, o indigitavam ao castigo. E
ele, sobranceiro, falando a estudantes que iam festejá-lo, citava César; que não esconderia
a face na toga, porém a descobriria, a olhar de frente os que o investissem... Um presságio
flutuava nesta retórica: era como se previsse o atentado nos degraus do palácio legislativo,
o seu vulto esguio de vencedor da guerra mais alto e imperioso no encontro com os
conspiradores assustados, e para lhe assistirem a serena coragem os “padres conscritos”, e
a república... Não acertou com o retrato de Brutus. Foi um pobre sujeito, fanático e
irresponsável, que o atacou silenciosamente, pelas costas, movido por um instinto
sombrio de vingança cívica, de exasperação indefinível... Chamava-se Manço de Paiva. Na
tarde de 8 de setembro de 1915 entrava Pinheiro no Hotel dos Estrangeiros para visitar
Rubião Meira, indigitado candidato ao governo de São Paulo. Ao subir as escadas
acompanhado de Bueno de Andrade e Cardoso de Almeida, aquele desconhecido, que lhe
seguira os passos, cravou-lhe duas vezes nas costas o punhal barato. “Canalha!...
Apunhalaram-me”, foram as suas últimas palavras; e tombou morto, sem tempo sequer
para divisar nas feições do assassino a imagem do ódio ou da loucura.

Manço de Paiva, preso quando fugia, não se exculpou, transferindo a responsabilidade


do crime aos políticos que dele se beneficiavam. É claro que a opinião pública não se
conformou com isto, e, durante muito tempo acusou, identificou, proclamou supostos
mandantes — rebuçados nesse mistério impenetrável.612 Manço de Paiva condenado à
pena máxima, de trinta anos de cárcere, acabaria por declinar esses nomes, se em verdade
(é o que se pensa) tivesse sido um instrumento da conspiração, executando-lhe as
ordens.613 Cumpriu a pena, esquecido e dócil. E tão inofensivo que um dia o libertaram,
velho, decrépito, desmemoriado, sem interessar a ninguém, farrapo humano perdido na
insensibilidade da capital, mais ignorado do que absolvido pela inconstância dos tempos...

Em 1897 e em 1915 produziram-se acontecimentos análogos — tanto pelo golpe que


falhou como pelo que acertou. A tentativa de assassinato do presidente (em 1897)
dissolveu o partido que o combatia; a imolação de Pinheiro acabou com o partido que ia
lançar-se contra o presidente. Extintos, nesse acampamento de guerrilha, os fogos
sustentados pelo caudilho, com os seus funerais podia dizer-se que concluíra o capítulo da
ortodoxia republicana, de que fora o personagem central, representando o autoritarismo
organizador de Castilhos, a vitória armada da Divisão do Norte, o pensamento da
“propaganda” caldeado na experiência do poder, através da sua conquista, quer aos
inimigos confessos, quer ao presidencialismo absorvente, na dupla qualidade de
“condestável” e leader. Renovava-se, com o quadro dirigente, a face do governo: e aquele
mineiro de hábitos simples, que viera de Itajubá a apaziguar paixões, em verdade as
amorteceu com a autoridade tranqüila. Ajudou-o a circunstância de estar o mundo em
guerra.

Não teve profundidade a chamada conspiração dos sargentos, em que se envolveram


alguns oposicionistas impacientes, pensando em proclamar, com uma quartelada em
regra, a República Parlamentar...614 Estouraria a 18 de dezembro de 1915. Descobriu-a a
polícia; fez-se o inquérito; e, sem serem incomodados os políticos, saíram do exército os
inferiores culpados...

A conflagração européia aconselhava administração severa, que se não compadecia com


os excessos partidários.615 Devia preparar-se a defesa nacional. O seu Ministro da Justiça
era um jurista, e como tal se comportou: Carlos Maximiliano. Exigia cuidados especiais a
situação financeira. E um sopro de idealismo militar percorreu, de Norte a Sul, o país
alarmado...

XXVIII: O EPISÓDIO DO CONTESTADO

OUTRO CASO DE FRONTEIRAS

No final desse período difícil uma desordem grave encheu de apreensões o Sul do país.
Foi o banditismo (com a política de permeio) que tomara conta da região contestada entre
o Paraná e Santa Catarina, e, desafiando as expedições punitivas, enfrentava, mortífero, o
exército... Sem poderem acabar com aquilo, e declinando de qualquer responsabilidade na
rebelião obscura, ambos os governos, de Santa Catarina e do Paraná, pediram a
intervenção federal.
Correra o problema de limites pelo foro próprio, o Supremo Tribunal, mediante a ação
proposta pelo governo catarinense, em 1901. O acórdão de 6 de julho de 1904, 5 votos
contra 4, deu-lhe razão, mandando que passasse para a sua jurisdição o território abaixo
dos rios Saí (litoral), Negro e Iguaçu.616 A decepção dos paranaenses foi profunda, pois
consideravam suas as terras do Oeste, senhoreadas outrora pelas colônias militares de
Chopim e Chapecó, com os campos de Palmas, Santana, Irani. Rejeitou-lhes o Supremo
ambos os embargos, fundados em que a executória carecia de lei, que a fizesse cumprir;
mas o juiz federal em Curitiba (João Batista da Costa Carvalho) aceitou esta preliminar,
para suspender a aplicação da sentença.

O tribunal responsabilizou o magistrado. Inflamou-se o espírito popular, nos dois


estados. E um sucesso novo mudou a fisionomia do litígio: a irrupção do crime nos
contestados confins. Sem autoridades nem polícia que os disciplinassem, por esses
lugares, abandonados à sanha dos aventureiros, prosperaram duas espécies de rebelião:
bandoleiros, que se diziam levantados contra as invasões; e fanáticos, à volta de monges
milagreiros, que lembravam — de corda à cinta, e cruz arvorada — o Conselheiro, dos
sertões da Bahia. Aliás essas duas formas de sublevação se entrosavam na mesma revolta
espontânea, dos ocupantes da terra, contra a força pública, que “monges” e chefes de
malta diziam que os ia castigar e remover, com infames crueldades... A guerra do
Contestado entranhou-se — como a de Canudos e, de algum modo, a do Juazeiro — nessa
desconfiança primária, explorada pelos interesses locais, na questão irritante de limites.617

MONGES E BANDIDOS

Concorrera para o povoamento do Vale do Rio do Peixe, cortando em vertical aquele


bravio Oeste, a construção apressada da estrada de ferro São Paulo–Rio Grande, entre
União da Vitória, onde terminava em 1906, e o Rio Uruguai. Milhares de trabalhadores
espalharam-se pelas matas, onde, em 1912, surgiu o “monge” José Maria, sucedendo a
outro, João Maria, que, desde 1896, se tornara famoso no Vale do Rio Negro. Antigo
soldado da polícia do Paraná, místico imaginoso, que de doze companheiros fizera —
Carlos Magno das histórias de cordel — “doze pares de França”,618 o andarilho juntou
muita gente e, com ela armada, repeliu a primeira expedição mandada de Curitiba para
dissolvê-la. À notícia deste revés o comandante do regimento de segurança, Capitão João
Gualberto, quis, ele próprio, reprimir os rebeldes.

O seu sacrifício (como o de Moreira César, em 1897) alarmou a nação. Assaltado, com
58 praças, nos campos de Irani, João Gualberto tentou defender-se manejando a sua
metralhadora Maxim, que falhou; foi prostrado a golpes de facão; e ali ficou, morto, com
vários companheiros. E outros tantos fanáticos: entre estes, o “monge”. Desmoralizada
pelo inopinado da derrota, debandou a tropa...619 Para vingá-la requeria-se grande força.
O governo federal, intervindo, nomeou para o comando o General Setembrino de
Carvalho (que a 12 de setembro de 1914 assumiu em Curitiba a inspetoria da Região
Militar que abrangia os dois estados). Organizou — conforme os preceitos da guerra —
uma expedição das três armas, que somou sete mil homens, tendo por eixo de manobras a
cidade do Rio Negro: e dividiu-a em destacamentos, remetidos para todos os sítios onde
se acastelavam, nos seus “redutos”, os bandoleiros.620 À viva força, ou persuasivamente, o
exército chamou à obediência ou limpou de fanáticos aquele sertão e, em marcha
convergente — cortadas as possibilidades de fuga — alcançou o núcleo principal, ao norte
de Perdizes, “reduto de Santa Maria”.621 Este, o Canudos do Contestado. Tratava-se de
uma posição quase inexpugnável, a cavaleiro do vale, entre espessas florestas e taquarais
impenetráveis formando, sob a umbela do arvoredo, complicado sistema defensivo...
Debalde — em 8 de fevereiro — uma coluna tentou tomá-la, a rajadas de metralhadora e
ponta de baioneta. Voltou, com numerosas perdas. Era aconselhável dividir a tropa, para
que o ataque fosse pelo Sul e pelo Norte. Da coluna do Norte se encarregou o Capitão
Tertuliano Potiguara: e com tal ímpeto, que invadiu o “reduto”, e aí se manteve, até que,
prevenida por mensageiros, que se escoaram na mata, também entrou em ação a coluna
do Sul, esmagando as últimas resistências. A tomada de “Santa Maria” — a 5 de abril de
1915 — pôs termo à campanha, que custou ao exército doze oficiais e para cima de 300
soldados.622

O ACORDO

Dirimiu a pendência de limites o acordo a que o Presidente Venceslau Brás ligou o nome,
chamando à conversação os governadores. Foi celebrado no Rio de Janeiro, a 20 de
outubro de 1916. Santa Catarina ficava com 25.510 quilômetros quadrados, e o Paraná
com 20.310. O traço fronteiriço, eqüidistante do Iguaçu e do Uruguai, passando por Rio
Negro, e União da Vitória, deixava em território paranaense Palmas e Clevelândia.

XXIX: A GRANDE GUERRA

REALIDADE UNIVERSAL

Paralelamente à política de paz continental, consagrada pelas Conferências de


Washington (1889), do México (1902), do Rio de Janeiro (1906), de Buenos Aires (1910),
desenvolvera-se na Europa — depois da grande reunião da Haia, em 1907 — a política de
guerra, suspicaz e lógica. Abandonou a confiança na justiça, para substituir o princípio do
equilíbrio (que vinha de Richelieu e Mazarino) pela fórmula dos blocos ou alianças
preventivas. Dividiu aquele assustado mundo em dois campos, de um lado os impérios
centrais (Alemanha, Áustria e a Itália), do outro a França e a Inglaterra, com a Rússia; e
levou-o ao conflito, como conseqüência natural dos seus próprios planos de ação. O medo
recíproco, a idéia de que, passada a oportunidade, nenhum deles poderia suportar a
superioridade do inimigo, os acontecimentos balcânicos, foco histórico da crise européia,
explicam o resto, ou seja, o seu desfecho, em julho de 1914. Dela estava o Brasil
geograficamente distante, mas moralmente vizinho, muito mais do que acreditavam os
desatentos políticos que, absorvidos pelos fatos nacionais, não acompanhavam a evolução
do mundo. A guerra, passando do estreito âmbito das potências para o terreno vasto de
uma competição universal, utilizaria igualmente os seus meios agressivos ao longo das
rotas mercantis, na amplitude das zonas econômicas, para lá das regiões conflagradas,
onde quer que chegassem os interesses dos beligerantes — repudiados pois os conceitos
da neutralidade, do isolamento, da indiferença dos países pacíficos e longínquos em face
da calamidade estrangeira. Teríamos de rever a nossa atitude, se — como parecia
inevitável — os Estados Unidos mudassem a sua. Nesta hipótese, a eles ligados pelos
compromissos férreos do americanismo, que se forjavam desde 1893, estaríamos no fogo,
fossem quais fossem as perspectivas dessa solidariedade. Iludissem-se os incautos, os
partidários de uma abstenção utópica, os germanófilos...

NEUTRALIDADE E INDIGNAÇÃO

Logo a 4 de agosto, notificado pelo embaixador alemão do estado de guerra do seu país
com a França e a Rússia, decretou o governo o cumprimento rigoroso das regras de
neutralidade.623 Estendeu-as, por atos sucessivos, às relações com os que se foram
metendo na luta.624 Mas as condicionava às circunstâncias do comércio marítimo,
subordinado ao bloqueio das esquadras aliadas, que dele excluía a Alemanha; e à
inclinação das populações, atraídas para a causa “democrática”. Começou essa
manifestação — crescente e inestimável — das preferências populares quando, a despeito
de seu status de nação neutral, desde 1839, os exércitos do Kaiser invadiram a Bélgica e,
de roldão, se lançaram sobre Paris. Além da inversão do direito internacional (diria Rui,
dois anos depois), o que perigava era o próprio núcleo de cultura e tradição onde pulsava
o coração do humanismo, nesta civilização ferida de morte... A batalha do Marne,
rebatendo a ofensiva, mudou-lhe o curso. A França resistia; e a Inglaterra, senhoreando os
oceanos, deles varrera os corsários. Lutava-se por uma forma de existência, entre as
democracias e a Kulturkampf, o direito da força, as conclusões radicais a que o
germanismo chegara através dos marechais e dos professores.625 Não era difícil a opção
para um povo educado nas fórmulas liberais, e, como o nosso, sobretudo sensível ao apelo
das vítimas, à causa dos fracos, às atrocidades desencadeadas pela conquista...
Improvisaram-se, no Rio e nas capitais dos estados, “ligas pró-aliados”. Recém-chegado
da Europa, onde pudera medir a extensão daquelas ameaças, Miguel Calmon fizera na
Bahia um discurso previdente, que chamou As lições da guerra (1915). Os militares que
redigiam A Defesa Nacional telegrafaram-lhe, que viera cooperar na propaganda do
serviço obrigatório, “a fim de poupar o Brasil das tribulações futuras”.626 Outro não foi o
sentido da Liga de Defesa Nacional, que, com Pedro Lessa, fundou em 7 de setembro de
1916, tendo por intérprete peregrino quem, desde outubro de 1915, falando aos
estudantes de São Paulo, se fizera o arauto da mobilização: Olavo Bilac.627 Instituído em
1908 o sistema do sorteio ficara até aí letra morta, à espera de que o aceitassem.
Obrigatório... para quê? Para rejuvenescer, infundir vida nova à pátria, clamou o poeta —
levando, profético, à mocidade das escolas, o grito de alerta.628 Festejando-o, o exército lhe
oferecera (15 de novembro de 1915) um banquete: associava-se à inteligência, para
persuadir e arregimentar. Não parou mais: falou à Marinha, celebrou liricamente, no dia
da bandeira, o símbolo nacional; foi a Minas, onde Afonso Arinos dera, em 1915, “o
primeiro grito de alarma”, ao Rio Grande, ao Paraná; fez, em transportes de eloqüência, a
propaganda das armas: e a 10 de dezembro de 1916 a inauguração do sorteio — em todas
as regiões militares — foi uma cerimônia comovente. A Liga cumpria o objetivo: e
floresceram os “tiros de guerra”, com a inscrição em massa do voluntariado entusiasta...
Rui Barbosa teve parte grande nessa excitação: por ele, desmascararia o Brasil desde o
primeiro instante o apoio aos aliados, vociferando, do alto de sua torre espiritual, o
protesto contra a agressão e a estupidez dos tiranos! A “Nação armada”.629

MARCHA PARA A INTERVENÇÃO

“Neutralidade não quer dizer impassibilidade: quer dizer imparcialidade; e não há


imparcialidade entre o direito e a injustiça”.630 Esta sentença, proferiu-a em Buenos Aires,
a 14 de julho de 1916, num discurso coruscante de anátemas, que surpreendeu o governo.
Embaixador às solenidades que a 9 de julho comemoraram o centenário da Convenção de
Tucumã, falou Rui ao auditório universitário, despindo-se da qualidade diplomática,
orador político na plenitude da cólera cívica. Tal oração, em que censurava a neutralidade
americana, querendo que se transformasse na defesa do direito contra a força —
repercutiu no estrangeiro como a definição do Brasil. O Sr. Bouilloux-Lafont, que lhe
tinha o texto, telegrafou-o para os jornais de Paris, que anunciaram... “L’entrée de
l’Amérique dans la guerre!”. Não era; o Ministério do Exterior procurou reduzir as
dimensões à “imprudência”; irritou-se Rui; e o povo o aplaudiu.

Estava condenada a política moderada de Venceslau e do seu hábil Ministro do Exterior


Lauro Müller, centro de convergência das desconfianças nacionalistas.631 Filho de alemães,
era ele, apesar dos galões que lhe reluziam na história da república — suspeitado de
germanófilo, culpado da abstenção sistemática, responsável pelo pacifismo inerte.
Enquanto estivesse no Itamaraty, continuaríamos em expectativa... Lauro poderia escusar-
se com a opinião dos círculos militares, de que era porta-voz A Defesa Nacional,632
sobretudo com os Estados Unidos, que também se tinham encolhido numa passividade
misteriosa — da qual rebentaram, numa explosão de fúria, quando a Alemanha os
afrontou com a guerra submarina.633 Isto em 31 de janeiro de 1917.

Corretamente, a nossa chancelaria reagiu contra esta “postergação dos princípios


reconhecidos do direito internacional”: as relações com o império passaram a depender
do respeito aos nossos barcos, que, em nenhuma hipótese, podiam ser atacados. Pela
mesma razão, romperam os Estados Unidos (4 de fevereiro). Aguardamos, fatalistas, os
torpedeamentos. O do Paraná, na costa francesa, a 3 de abril, mostrou que seria inútil
protelar o inevitável: os submersíveis não nos respeitariam os navios. Rompendo, o
governo entregou os passaportes ao pessoal da legação, e tomou conta dos vapores
alemães imobilizados nos nossos portos (11 e 13 de abril).634 No dia 14 de abril enchia o
povo a Avenida Central, para glorificar Rui Barbosa — que invectivou, como uma
vergonha pública, “a continuação do estado de paz”.

Estava em guerra a América do Norte a 23. Respondeu o Itamaraty à comunicação


yankee: permanecíamos neutros... Explicaria Venceslau, na mensagem de 22 de maio, que
nesse novo decreto de neutralidade deixara de usar “termos empregados em atos
anteriores”; fora sibilino. Não bastava! Somava-se à emoção das ruas a conveniência
evidente do gesto, que confirmasse a decisão nacional de manter o continente unido, de
desagravar lá fora a bandeira metralhada pelo corso marítimo... Íamos devagar. Foi o
afundamento do Tijuca que avivou a linguagem da imprensa, atiçou as iras populares e
forçou Lauro Müller a demitir-se — em 3 de maio. Assumiu a pasta Nilo Peçanha. E a 22
o presidente pediu ao Congresso que revogasse a neutralidade, em favor dos Estados
Unidos.635 Terceiro naufrágio consumou a evolução para a guerra: em outubro, o do
Macau. Atendendo a mensagem do presidente, de 25 de outubro, em 24 horas o
Congresso aprovou a declaração do estado de guerra que nos era imposto.

EM GUERRA

Pela primeira vez o Brasil, abandonando a política displicente do alheamento, brandia


através dos mares a sua intervenção nos assuntos mundiais. Metia-se, sem medir
conseqüências, na sua área incendiada. Mudáramos de mentalidade, aceitando os
encargos da nova ordem internacional: participaríamos desta, e das guerras que se
seguissem, porque, na realidade, como dissera Rui em 1916, não poupara, nem
poupariam, os melindres da neutralidade, os direitos comuns das nações, ensimesmadas
na fantasia da imunidade... Ou desistíssemos do comércio exterior, cortássemos as
amarras às alianças econômicas, ancorássemos nos fundeadouros os navios em lastro,
esperássemos de braços cruzados que os vencedores dessem a lei!

Foi com essa fria lógica que o brasileiro encarou a entrada na guerra do seu país,
desprevenido para uma colaboração ativa, sem elementos agressivos para isto,
contentando-se em preparar, no interior, as forças “de observação”, em aviar, para o
patrulhamento do Atlântico, uma divisão naval, e em expedir, para o serviço dos
hospitais, uma juvenil missão médica.636

A campanha espiritual de mobilização atingiu o auge em 7 de setembro de 1917.

Batalhões de voluntários dos estados desfilaram numa parada reluzente pelas avenidas
cariocas. As outras nações viriam conosco, vaticinou Rui, saudando no Teatro Lírico (18
de setembro) os atiradores baianos:637 e virando a página, chamou-lhes a atenção para “o
exemplo moscovita”.

“O exemplo da desorganização moscovita é a peste do Oriente”.638


Punha o dedo na ferida.

O movimento cívico da Liga era dúplice: militava, para os riscos da guerra, mas educava,
para os deveres da paz. “O Brasil ainda não está feito, como pátria completa... Como fazê-
lo?” (discursava Bilac em Niterói, a 15 de novembro do mesmo ano).639 “São quatrocentos
anos de vida”, lembrara aos paulistas (2 de abril de 1917).640

POLÍTICA PATRIÓTICA

A república vencera as dificuldades materiais da instalação, da experiência; mas se


“burocratizara”, nas oligarquias estaduais, perdendo, na arena política, o lustre do
idealismo. Pacifista, no positivismo esquemático de 89, quebrara o prestígio alegórico do
exército. A Revolução da Armada, três anos mais tarde, eclipsara, nos seus símbolos, a
Marinha de Riachuelo. As restrições financeiras do período de Campos Sales tinham
desarmado o país, que perdera em Canudos tantos oficiais valorosos e sofrera, em 1904,
com a revolta de Travassos, novo golpe fundo nas suas esperanças de renovação militar.
Rio Branco resolvera as questões de fronteiras. Se em 1908 soprara, rijo, o vento
germanista das novidades bélicas, e em 1910 prevalecia, com a eleição do sobrinho do
fundador, esse espírito marcial, logo a anarquia política tudo confundira e desacreditara.
Caíra no campo contrário, da impopularidade das armas, desgovernadas por inépcia ou
ambição. O civilismo de 1909 reanimara aquela política exausta. Revestia-se agora de
feição diferente: o patriotismo externo, clamoroso, reivindicatório. Os tiros de guerra
atraíram homens de todas as idades. No tiro 7, do Rio, se alistaram personalidades
ilustres, que o povo, admirado, via desfilar, fuzil ao ombro, na canícula, energicamente.
Pelo modelo da Liga de Defesa Nacional, instalou-se em São Paulo (26 de julho de 1917) a
Liga Nacionalista — presidida por Frederico Vergueiro Steidel — com os seus quatro
princípios: o culto do patriotismo, a difusão da instrução, o serviço militar e a verdade
eleitoral.641

ÚLTIMA EPIDEMIA

Mostrara a guerra que carecíamos de defesa armada. Provou a “gripe” que não tínhamos
defesa sanitária. Foi a de 1918 a última epidemia a lembrar, com o caráter calamitoso, as
pestes que tão funda lembrança deixaram no espírito popular: com a novidade de apanhar
de surpresa o Rio de Janeiro convencido de que, com a extinção da febre amarela, não lhe
conheceria mais os horrores. Reconheceu-os — ao desembarcar no porto, vindo de
África, o primeiro grupo doente da influenza, que se declarara em vários sítios da Europa
e ferira, em Dacar, a expedição brasileira. Era em setembro.642 Logo a Diretoria da Saúde
explicou que a natureza universal da moléstia zombava das medidas profiláticas, não
havendo o que fazer, se chegasse. Chegou.

Calculou Miguel Couto em 80% da população da capital os atacados, numa quinzena.


Morreram aqui quinze mil pessoas.643 Nem escaparam à onda pestilencial o Sul e o Centro
do país.

AS AGITAÇÕES SINDICAIS

O “após-guerra” (no Brasil e no resto do mundo) caracterizou-se pela eclosão das grandes
greves, que selaram, em 1919, a sorte de uma política: a de indiferença pela questão social.

É um novo horizonte entreaberto, o da arregimentação proletarista, provocada,


inspirada, orientada (força é reconhecer) menos pelo exemplo externo do que pela
maturação dos problemas, no país, do conflito e da convivência das classes. O princípio
sindicalista não era recente nem revolucionário. Enxertara-se, em 1903, por iniciativa do
Deputado Inácio Tosta, na mansa legislação protetora do trabalho, como uma forma de
coordenação, cujo sentido liberal (associacionismo espontâneo) o decreto de 5 de janeiro
de 1907 fixara. Aparecem em ambos os diplomas (1903 e 1907, no governo Pena) os
sindicatos, para “estudo, defesa, desenvolvimento”... Em Pernambuco fundara-se (em
1914) uma Federação Regional do Trabalho. É de 1918 o Departamento Nacional do
Trabalho. Mas o profundo dissídio ocorreu em junho e julho de 1919, com amplas
demonstrações grevistas no Recife, na Bahia, em São Paulo, na capital federal.644 Delas
resultou, entre outras (curioso tipo de antecipação estadual) a lei baiana de 10 de junho
que estabeleceu a jornada de trabalho de oito horas nas oficinas do estado, ou por ele
subvencionadas.

Implanta-se com isto na consciência pública a inquietação operária; a querela do século


substitui, na controvérsia política, o velho fraseado romântico; ouve-se a insistência
convincente dos precursores (Alberto Torres, Evaristo de Morais, Maurício de Lacerda,
Joaquim Pimenta), a cuja prédica juntou Rui Barbosa o seu formidável depoimento.

Foi na sucessão de Venceslau Brás.

XXX: UM PRESIDENTE DO NORTE

DE MINAS A SÃO PAULO

A prudência de Venceslau Brás — pejorativamente qualificada de vacilação — deu ao país


outra lição de sensatez.

Em viagem a Campos, sugeriu-lhe Nilo Peçanha o nome de Rodrigues Alves.645


Ninguém mais próprio para dirigir a república no proceloso quatriênio em perspectiva.
Recebera de São Paulo o governo; era justo que lho devolvesse, dando a Rodrigues Alves o
que este lhe dera... Minas e São Paulo; café com leite (motejou-se); entretanto equilíbrio;
ordem e paz... Depois de sua segunda administração paulista, quisera o antigo presidente
descansar na sua quieta cidade natal, Guaratinguetá. Mas com a morte de Glicério viera
para o Senado; e assim, sem esforço, naturalmente, reocupara na cena política um posto
de comando. Deixou-se candidatar. Delfim Moreira, de Minas (consolidando a aliança
dos dois grandes estados), foi o seu companheiro de chapa, para a vice-presidência.
Estava-se no último período da guerra. A polícia tinha mão às agitações proletárias; nem
havia clima para uma campanha nacional em torno de princípios inconciliáveis. Por
bandeira, o conselheiro tinha o passado. O seu admirável passado de governo laborioso,
de autoridade sem medo, de rígido civilismo... Traiu-o a combalida saúde. Na verdade o
surpreendeu a eleição sem condições físicas para exercer novamente a chefia do Estado.

A 15 de novembro (à espera do momento de passar-lhe o cargo) empossou-se


provisoriamente na presidência Delfim Moreira. Governou até 27 de junho de 1919,
porque a 16 de janeiro faleceu Rodrigues Alves.

Interrompeu-se com este imprevisto a lógica dos acontecimentos. Rui


incompatibilizara-se com o governo, melindrado pela insídia em que se lhe envolvera o
convite — assim inaceitável — para chefiar a missão à Conferência da Paz.646 Substituíra-o
nela o Senador Epitácio Pessoa. Se tivesse ido à Europa, perderia parte de sua
popularidade; preterido, aumentou-a. Era candidato à presidência, a menos que Minas e
São Paulo se opusessem. Opôs-se a Bahia. Em nenhuma hipótese concordaria Seabra com
o glorioso conterrâneo, chefe da coligação local de seus adversários. Isto lhe ouviu Raul
Soares, vindo de Minas, com o encargo (do Presidente Artur Bernardes) de “coordenar” a
sucessão. Conviera-se que não caberia ainda a Minas ou a São Paulo. A ambos os
presidentes, Bernardes e Altino Arantes, faltava a credencial da experiência, indispensável
ao cargo. Parecia o Rio Grande conformado com a candidatura de Rui que, por sua vez,
abrandava o revisionismo, pondo em destaque o que omitira outrora, “a questão social”.647
Foi quando alvitrou Borges de Medeiros o nome do embaixador à Conferência da Paz,
evidenciado em publicidade lisonjeira pelos fulgores da representação diplomática:648
Epitácio Pessoa.

CAMPANHA PRESIDENCIAL DE 1919

Proclamado pela convenção de 25 de fevereiro de 1919, quem mais se surpreendeu com a


escolha foi Epitácio Pessoa.649

Candidato ausente da intriga e estranho ao seu desenvolvimento, as urnas o sagrariam a


13 de abril, fosse qual fosse a resistência da minoria. Rui Barbosa não receou em 1919 o
retorno difícil aos climas emocionais de dez anos antes. Mais velho, considerado sem
discrepâncias pela opinião nacional como o brasileiro mais ilustre, pois na verdade a
ninguém fizera ainda o povo as homenagens que lhe pontilhavam o roteiro político,
festejado como um símbolo por ocasião do seu jubileu intelectual (em 1918), a sua
reaparição naquela campanha desesperançada tinha o aspecto respeitável de um protesto
— sem a profundidade de um movimento. Deu-lhe porém o melhor de suas forças.
Discursou no Rio, em Juiz de Fora, em São Paulo, na terra natal — que o acolheu com a
mais estrondosa recepção de que há memória. Fustigou com os raios da eloqüência (no
seu esplendor verbal) o caucus, tanto o corrilho, como a política e os atores, de quem
traçou a caricatura e a condenação.650 A 20 de março, no Teatro Lírico, enveredou por
outro caminho: proclamou-se integrado no cataclismo universal, atualizando (numa
expressiva tomada de contato com as modernas “realidades”) a sua teoria do Poder. É
preciso insistir na data, para positivar — a propósito das novas idéias do “apóstolo” — que
a partir de então as lutas partidárias teriam de beber nas fontes populistas a inspiração e o
vigor. A oração de Rui inclui-se na evolução brasileira da “questão social” (cujo clímax as
greves de junho e julho desse ano nitidamente marcaram), como uma solene adesão do
liberalismo histórico à conjuntura. “Na história do Brasil não há cenas maiores”,
confessou ele, na Bahia (12 de abril), sensibilizado pelo frenesi popular. Faltava-lhe
(repararam os corifeus da “questão social”) o timbre socialista. Ficassem os outros com a
reação, o anti-reformismo, o poder de polícia. Para chegar às massas, precisava o
candidato das elites e das ruas armar-se com a linguagem nova...

QUANDO APARECE A DEMOCRACIA SOCIAL

Assessoraram Rui naquela oração, a mais fraca da campanha, diz Evaristo de Morais, este
(com José Agostinho dos Reis e Caio Monteiro de Barros) e o industrial Jorge Street, por
sinal o único citado, pois na verdade foi o seu pensamento conciliatório que prevaleceu na
tímida conversão do chefe do liberalismo brasileiro. Ouçamos o depoimento de Evaristo
de Morais:
Freqüentemente acode-me ao espírito a lembrança da longa conversa em que eu, o saudoso José Agostinho dos Reis e
Caio Monteiro de Barros ministramos a ele os dados concretos, os comprovantes, que deveriam servir para a feitura
da conferência, vinte e quatro horas depois. Ele pasmava, diante dos quadros, que lhe apresentávamos, de misérias,
sofrimentos, vexames e explorações, a que estão sujeitas algumas classes trabalhistas, parecendo-lhe incomportável a
situação por nós descrita. E Deus sabe quanto e quanto lhe custou, abandonando os princípios do seu velho
liberalismo econômico, sugerir, de público, providências legislativas de cunho intervencionista! Por aí se vê até que
ponto ia a quase geral despreocupação dos nossos homens públicos, perante os vários problemas que o socialismo
procurava resolver.651

Muniu-se Rui daquelas informações, aferrou-se na solução intermédia, e abrindo o seu


caminho entre as alas antagônicas, mas deixando distante o liberalismo em que se
educara, e com que educara as gerações, proclamou — definindo-se:
Estou, senhores, com a democracia social. Mas a minha democracia social é a que preconizava o Cardeal Mercier,
falando aos operários de Malines, essa democracia ampla, serena, leal, e, numa palavra, cristã; a democracia que quer
assentar a felicidade da classe obreira, não nas ruínas das outras classes, mas na reparação dos agravos, que ela, até
agora, tem curtido.652

E em maré de realismo literário (citando de início Os urupês, de Monteiro Lobato)


revelou, à vista desatenta da Cidade, os seus “mistérios” abomináveis: os bairros sujos
dependurados dos morros, montureira de abandonada pobreza sobreposta, como um
opróbrio, à paisagem “maravilhosa”, o casario de tábua e lata, os imundos quarteirões de
casebres escorrendo, como a lama e o lixo das sarjetas, pelas encostas verdejantes das
colinas, a que só faltava o apelido, que vinha aliás da guerra de Canudos: as favelas. Pela
primeira vez a política desenluvava a eloqüência, para estender a mão cordial àquele resto
de humanidade esquecida...653 Mas foi um episódio; ou antes, uma inspiração.

Falando em seguida aos “operários baianos” (15 de abril), não insistiu Rui em iniciativas
assistenciais, ou nas promessas da intervenção protetora: limitou-se a honrar o trabalho,
operário que também era, com meio século de dura fadiga.654 Desafiou, isto sim, o
conservantismo inabalável (anti-revisionista, antes de tudo) cujo quartel-general era a seu
ver a situação rio-grandense.

Do Rio Grande (quem o imaginaria em 1919?) havia de sair dez anos depois o ímpeto
revolucionário que retomou o pensamento ali ousadamente exposto. Espaços iguais
separam a evolução social-democrática de Rui Barbosa (1909–19) e a evolução política da
república (1919–29). Apenas a “revisão”, inviável àquela época, teria de fazer-se em 1930
por força das armas e não pelo prestígio da palavra.

EPITÁCIO PESSOA

Foi inútil a pregação do “apóstolo”. De tal forma que ele próprio reconhecia, a 17 de
julho, o resultado da eleição, e pedia para o novo governo uma expectativa pacífica.

Desistiu de brigar no campo federal, porque necessitava da imparcialidade do chefe do


Estado na política da Bahia. O seu propósito não era renovar uma oposição sistemática,
mas reunir, para a luta que prosseguia, os elementos capazes de empolgarem o poder na
sua terra natal. Quanto a Epitácio Pessoa, desempenhara-se com galhardia da missão em
Versalhes. Defendera — que era esta, desde 1907, a doutrina brasileira — a igualdade das
soberanias,655 induzindo os “grandes” a aceitarem que quatro menores se representassem
no Conselho de Segurança da Sociedade das Nações.656 A Sociedade das Nações fora o
instrumento com que Wilson (primeiro utopista da paz geral a concretizar politicamente
o velho sonho) pensara eliminar as guerras. O presidente eleito ligou o seu nome à
instituição que nascia; e a convite de vários governos os visitou (como fizera Campos
Sales), com proveito para a simpatia que o Brasil merecera à Europa e à América. Essa
viagem diplomática antecipou, com as suas amáveis ressonâncias, as homenagens com
que o esperou no Rio de Janeiro a política, prenunciando uma administração calma e
próspera.

Seria assim, se a sementeira dos problemas partidários (e a frustração ideológica) não lhe
atulhassem de obstáculos o caminho. A começar pelo ruísmo baiano.

NA VELHA BAHIA
Como o caso da Bahia sombreou os primeiros tempos do novo governo, é preciso explicá-
lo. Seabra foi o primeiro, o mais forte antagonista de Rui, na campanha presidencial que
acabava de encerrar-se. A prova desta malquerença deu-a Rui no violento discurso
proferido no Politeama Baiano, em que castigou com o seu mais contundente vocabulário
o conterrâneo e desafeto. O Governador Antônio Moniz manteve-se fiel a Seabra. Eleito
sob os seus auspícios, não teve dúvida em apoiá-lo para a sua sucessão. Forte e agressiva,
mais agressiva e forte depois da volta de Rui à Bahia em abril de 1919, a oposição regional,
aglutinada desde 1916, dispôs-se a enfrentá-lo nos comícios abertos. O primeiro, a 25 de
março, terminou estupidamente, dispersado a tiro, pelos correligionários de Seabra.657 O
sangue aí derramado dividiu irreparavelmente as forças.658 Foram às urnas, levando a
coligação oposicionista o nome do juiz federal Paulo Fontes. Acorreu Rui ao seu apelo,
para prestigiar-lhe a causa na capital, no Recôncavo, nos sertões. Aos que lhe tinham
destruído a candidatura antepôs o espírito popular; fulminava, nessa ronda inesperada, os
adversários; chegou-se a pensar que os bateria no pleito. Seria ignorar o poder da
máquina; e a fatalidade de uma eleição apenas fiscalizada, ou real, nos grandes centros,
mas à mercê dos chefes locais nos seus redutos intocáveis... Ganhou Seabra. Sublevaram-
se os sertões, tendo na capital o seu megafone: o jornal de Simões Filho, A Tarde.

Qual a verdade daquela guerra simulada, que, segundo o noticiário estridente, mobilizou
cinco a seis mil clavinoteiros, a cuja frente voaram, a “redimir o Estado”, os coronéis —
com os seus cabras? Quem os armara, como se planejou o movimento, que possibilidade
tinha de sucesso, descendo, maciço, sobre a capital, assombrada e indecisa? Exagerava-se,
é certo, a dimensão do levante sertanejo, cuja direção assumiu, nas Lavras Diamantinas, o
Coronel Horácio de Matos, chefe de Mucujê, com o seu batalhão de garimpeiros. O fato é
que a força policial não pôde com ele; e impotente para restabelecer a ordem, ou temendo
que a alterasse às portas do palácio a amotinação das ruas, o governador requisitou (17 de
fevereiro de 1920) a intervenção federal.659 No dia imediato quem a pediu foi a oposição,
pela voz de um amigo, o presidente do Tribunal, Bráulio Xavier. Epitácio — prudente —
tentou conciliar. Quis habilmente conciliar em sacrifício de Seabra, mas atraindo Rui. Se
renunciasse o primeiro, eleger-se-ia, em compensação, pessoa dele (lembrou Torquato
Moreira), que pacificaria, só com isto, o Estado. Seabra recusou; insistiu; aceitava o
presidente do Senado estadual, Frederico Costa; discordou a oposição... À vista da
divergência, fez o presidente da república o que lhe cumpria. Interveio por intermédio do
comandante da região (General Cardoso de Aguiar). Protestou Rui, com a fertilidade do
seu saber jurídico; justificou-se Epitácio, com exuberância de razões.660 Interveio forçado,
para restaurar a legalidade; restaurou-a. Permitiu que Seabra se empossasse pela segunda
vez no governo da Bahia.

AO CLARÃO DAS FESTAS

Foi operoso e difícil o governo de Epitácio.

Autoritário, sabendo o que queria, tinha a fibra dos duros homens de sua raça, com a
sua valentia e a sua perseverança. Como não subira acomodando interesses, mas, ao
contrário, sobrepujando-os, não se prendia a ninguém. Espantara a timidez política
pondo nas pastas militares ministros civis, Calógeras e Raul Soares. Como no pacífico
reinado de Dom Pedro II... Parecia uma provocação: pela primeira vez na república se
ousava isto. Logo reconheceu o exército o austero Calógeras como um dos melhores
ministros que o serviram. Renovou as instalações, mandando construir uma rede de
quartéis, adquiriu copioso material, incrementou as indústrias de guerra, organizou a
aviação, com a competente Escola...661 A administração, notável nos assuntos militares, foi
empreendedora na viação (1.200 quilômetros de vias férreas) e pioneira no combate às
secas, ponto essencial do seu programa. Vindo do Nordeste, identificado com as suas
angústias, quis Epitácio ser o salvador da sua desafortunada gente: e — entregando o
comando das obras ao engenheiro Arrojado Lisboa — mandou atacar a construção de
açudes. Com rapidez, técnica estrangeira, enorme quantidade de material importado, se
abriram naquela região perto de 500 quilômetros de estradas de ferro, 205 açudes, 220
poços... Só não previu a suspensão dos trabalhos, com perda de parte do equipamento,
por quem lhe sucedesse.662 Nem desatendeu ao café paulista. Usou com largueza o crédito
externo, 50 milhões de dólares, mais 9 para a liquidação da valorização do café, ainda 25
para a eletrificação da Central, que não chegou a começar... Agradeceu-lhe São Paulo o
socorro ao café. Politicamente, respaldou-o.

Não se atemorizava com a imprensa, exacerbada e impiedosa. Respondeu-lhe com a “lei


de repressão do anarquismo” (17 de janeiro de 1921) em que havia sanções insólitas para
o incitamento à desordem, a oposição sediciosa. Desdenhou-lhe os reparos ao pedir
crédito “ilimitado”, para receber a visita do Rei Alberto, da Bélgica. Foi majestoso
(setembro de 1920) na sua hospitalidade. Por que transigir com as resistências jacobinas, a
ato de tão cívica justiça qual o repatriamento dos restos mortais dos imperadores?
Revogou o Congresso o banimento da família imperial; e a bordo do couraçado São Paulo
vieram de Lisboa os despojos — que o Rio de Janeiro (9 de janeiro de 1921) acolheu com
extremos de emoção. Encerrara-se o capítulo da controvérsia republicana; poucos
sobreviviam aos choques da consolidação do regime; e a “volta das cinzas” tinha o sentido
delicado, de uma reparação — sem paixões partidárias, misticamente patriótica.663
Favorecia a ênfase presidencial a sugestão das datas: pois devia celebrar-se o centenário da
Independência, era preciso reunir em fortes índices as provas do progresso — numa
atmosfera festiva, de vanglória. A Exposição Internacional de 7 de setembro de 1922 foi de
ordem a deslumbrar o povo, atraindo a atenção respeitosa do mundo. Juntou-se a
prefeitura municipal (Carlos Sampaio) a estas intenções: e com o apressado desmonte do
Morro do Castelo, ampliou a área, sobre o mar, onde em breves meses a Exposição
universal pompeou o contraste das arquiteturas, e o seu ofuscante pitoresco. Perdia-se a
tradição jesuítica do Castelo, dos primeiros governadores: mas se dava à cidade um bairro
fantasmagórico — pouco depois de completadas as obras de Frontin, na Avenida
Atlântica, e estendida esta às alvas praias de Ipanema...
XXXI: “HAJA O QUE HOUVER...”

REAÇÃO REPUBLICANA

Complicou o problema da sucessão a neutralidade do presidente — libertando a política.

Limitou-se a discordar do nome de Seabra, para a vice-presidência. Não lhe perdoava se


ter oposto à pacificação do seu estado. Raul Soares, com São Paulo, fez o resto. O Partido
Republicano Mineiro lançou Artur Bernardes; e pediu (telegrama assinado por Bueno
Brandão e Raul Soares) a adesão de Borges de Medeiros. A convenção nacional ratificaria
a escolha... Irritou-se Borges com a fórmula inábil, “deliberou adotar candidatura”,
correspondente ao fato consumado; e respondeu que a ética do regime impõe que antes se
conheçam as idéias dos candidatos...664 Foi fogo no palheiro. Cresceu, com a comunicação
de que para a vice-presidência iria o maranhense Urbano dos Santos. Pernambuco e Bahia
bandearam-se com a oposição. Ofereceu esta a presidência — contra Bernardes — a Nilo
Peçanha, que representava o estado do Rio... Recém-chegado da Europa, sem
conhecimento exato da situação, comprometera-se Nilo com a fórmula mineira.
Retrocedeu, envolvido pela onda de popularidade dessa resistência maciça (quatro
estados!); aceitou a direção da campanha, batizada, com sucesso, de “reação republicana”.

A convenção da maioria homologou a chapa Bernardes–Urbano; a dos dissidentes,


Nilo–Seabra.665 “Custe o que custar”, prometeram os nilistas; “haja o que houver”,
contestaram os bernardistas.

O FATOR MILITAR

Desbordou o desgosto explosivo das classes armadas. Em junho (de 1921) assumira-lhes o
comando simbólico, que tanto valia a sua elevação à presidência do Clube Militar, o
venerando Marechal Hermes. Podia ser candidato à sucessão de Epitácio. Pondo de lado
os velhos ressentimentos, Rui Barbosa fez da evocação de Deodoro o traço comum, das
aspirações regeneradoras, e falou à oficialidade do Clube, numa reconciliação comovente.
Chegou a acariciar a hipótese da revolução que fosse outro Quinze de Novembro!
Escreveu a Nilo Peçanha: “Considero o concurso delas (forças armadas) imprescindível
neste momento, pois tenho a situação atual do país como mais grave do que em 1889, e
vejo nesse elemento a força única de estabilidade e reorganização que resta ao povo”.666
Desiludiu-se, ao surgir a candidatura de Nilo (estranho àquela... “reorganização”);
retrocedeu às bandeiras da estrita legalidade — que já não flutuavam sobre a exaltação das
patentes jovens. Explorou-lhes a intransigência o conluio de que resultou — inesperada
provocação — a “carta falsa” de Bernardes.667 É um episódio singular, o do mistificador,
que tendo imitado a letra do candidato numa carta cheia de insultos ao exército
(inverossímil na sua grosseria), conseguiu transformá-la no estopim da insurreição.
Absurda e contestada — produziu o seu efeito ao ser ardentemente debatida na
assembléia do Clube Militar (a 21 de dezembro).668 Decidiu esta que — com desmentido e
tudo era... verdadeira. E entregou-a ao “juízo do país”.

Repetia-se (desta vez, peremptória) a cisão que a vésperas da república distanciara do


poder a espada. Sem a profundidade do antigo dissídio (em que, como em 1909, se
esboçara o contraste de classes), mas com a mesma veemência, pois envolvia nos seus
entusiasmos a mocidade dos quartéis. Nem o alvo era apenas o caluniado político de
Minas. Todos os protestos que se acumulavam na consciência popular com a frustração
do regime (da ditadura rival dos marechais às derrotas de Rui) vinham asperamente à
tona, na indignação subversiva da imprensa... O povo parecia compreendê-la. Tremenda
vaia, seguida das arruaças em que trovejou a rebelião, foi o desafio carioca a Artur
Bernardes, que viera ao Rio ler a sua plataforma.669 Rolou a catilinária pelas gazetas, cuja
cólera não deixava dúvidas sobre as desordens em marcha. Até as canções carnavalescas
apostavam; no palácio das águias, não poria o pé... Nilo e Seabra (viajando um para o
Norte, o outro para o Sul),670 reproduziram como lhes foi possível a valente tentativa do
civilismo, de transferir para a deliberação do eleitorado a decisão autoritária das
convenções: mas sem a sua ressonância. Deslizaram as expectativas da reforma do quadro
partidário — que não se alteraria com a eleição... garantida — para o da violência. Eleito
Bernardes, a oposição não se conformou. Ao descer Epitácio de Petrópolis, em abril, os
rumores de um possível atentado induziram o Arcebispo-Auxiliar Dom Sebastião Leme a
recebê-lo à estação, para juntos atravessarem, de carro, as avenidas...671 Poderia a maioria
do Congresso (que proclamava os eleitos) renunciar ao seu faciosismo? Propôs Nilo
aconselhado por Borges de Medeiros — que o reconhecimento fosse feito por uma
comissão arbitral.672 Na Constituição não havia tal coisa; rompia o lineamento do sistema;
era inadmissível, embora... convencesse. Epitácio recusou encaminhar a fórmula, que
demitiria o Legislativo do seu poder verificador. Não impediu, ou antes, aguardou com a
habitual firmeza a seqüência dos fatos — a que os distúrbios do Recife deram o estrondo
revolucionário.

A CAUSA REGIONAL

Falecera José Bezerra. Governava Pernambuco Manuel Borba. À sucessão concorriam,


amigo deste, José Henrique Carneiro da Cunha e, sustentado por Estácio Coimbra e pelos
amigos do presidente, Eduardo de Lima Castro. Logo se disse que o Catete entrava na
luta, com ordens à guarnição, para intimidar o governador; e desciam da Paraíba
elementos policiais, violando a autonomia pernambucana... Assumiu Borba atitude
indômita, de resistência. Graves tumultos, por três dias, espalharam no Recife a angústia
que precede as imolações... Epitácio mandou que a tropa federal se conservasse nos
quartéis; e eis que a diretoria do Clube Militar, a 29 de junho, desfecha um telegrama,
assinado pelo marechal, em que concitava o comandante da região a não “desviar a força
armada do seu alto destino”. O telegrama foi a luva atirada ao presidente, que a tomou no
ar. O Ministro da Guerra indagou do marechal se era de sua autoria; que sim, respondeu;
e ato contínuo o presidente mandou repreendê-lo “severamente” no boletim do exército.
Replicou que o telegrama fora concertado pela diretoria do Clube; nem podia aceitar “a
injusta e ilegal pena”. Chamou Epitácio o velho Marechal Gabriel Botafogo, e ordenou
que recolhesse preso, por vinte e quatro horas, o seu eminente colega, no 3º de infantaria,
à Praia Vermelha. Castigado o presidente do Clube, devia este reunir-se para deliberar.
Epitácio, preventivamente, mandou que o chefe de polícia o fechasse. Era em 4 de julho; à
meia-noite, um tiro do Forte de Copacabana avisou que estourara a revolta.

5 DE JULHO

Os políticos não iam tão longe, que preparassem na caserna o movimento. Alguns
conheciam-lhe a trama; a maioria a receava. O mais interessado em contorná-lo era, no
Sul, o governante que iniciara a resistência. Nilo não se envolvera na conspiração: temia
que afetasse a política fluminense:673 Seabra preservava a da Bahia. Rui apoiou, no Senado,
a decretação do sítio. O golpe de 5 de julho foi apenas militar. Parecia inevitável, desde
que o Clube, surdo aos desmentidos, insistira em considerar autêntica a injuriosa carta
atribuída a Bernardes; naquela coerência ia da desconfiança ao desafio. Preso o presidente
e fechada a sede, abrira-se-lhe o dilema, do silêncio disciplinado — vitória do governo —
ou da violência, que o derrubasse. As altas patentes pediam calma; mas não podiam
demover tenentes e cadetes, diferentemente informados sobre a crise, e nela mergulhados
com a veemência flamante do idealismo.

O levante teve o caráter de uma improvisação, embora o estado de espírito da


oficialidade desse a impressão de ser geral. Com o Coronel Xavier de Brito e o Tenente-
ajudante Roberto Carneiro de Mendonça se sublevou a Escola de Guerra, e saiu a unir-se,
na Vila Militar, às unidades que a seguiriam, sob o comando supremo do marechal. Este,
porém, fora novamente detido, antes de poder alcançar a tropa; e a dois quilômetros da
Vila o 1º de engenharia, logo o 1º e o 2º de infantaria, receberam a bala os rapazes.674
Travou-se, desesperada, uma luta desigual: e a Escola foi vencida. Contava o Forte de
Copacabana (sob o comando do Capitão Euclides da Fonseca, filho do marechal) com o
do Leme, e, ao que constava, com os corpos da Praia Vermelha e de Niterói. Falava-se de
compromissos assumidos pelos chefes operários,675 perseguidos, dispostos a tudo...
Baldadas esperanças: resistiu só. Debelada a sedição na Vila Militar, lançou Epitácio sobre
Copacabana vários batalhões do exército e da brigada policial (sob o comando do Coronel
Nepomuceno Costa); expediu os navios da esquadra, ao bombardeio da praça; intimou-
lhe a rendição. Chamado a parlamentar pelo Ministro da Guerra, o Capitão Euclides não
pôde voltar. O seu companheiro, Capitão Antônio de Siqueira Campos, comandou a fase
final do episódio. Abertas as portas aos civis que, às dezenas, ali se tinham reunido,
ficaram dezoito, decididos a morrer; mas estupendamente, num duelo absurdo com as
fileiras que se acercavam. Além de Siqueira Campos, o Tenente Newton Prado, o Capitão
Mário Carpenter, o Tenente-aviador Eduardo Gomes, o paisano Otávio Correia, alguns
soldados...676 Saíram, em grupo, fuzis em punho, bolsos atufados de munição, às quatro da
tarde, naquela praia inundada de luz; entrincheiram-se na linha do calçamento; e atiraram
até o fim.677 Rajadas de metralhadoras, fuzilaria, por último, uma carga de baioneta,
deram a esse sacrifício a grandeza de que carecia, para sensibilizar a nação.

Sensibilizou-se, mas não se moveu.

Pelo seu jornal, Borges de Medeiros condenou logo a revolução. Era “pela ordem”.678
Esta declaração formal esfriou no extremo Sul a agitação prometida. Repercussão isolada
do levante de 5 de julho foi o da guarnição de Campo Grande, no Mato Grosso, às ordens
do General Clodoaldo da Fonseca. Esbarrou nas barrancas do Paraná com a expedição
mista, da polícia paulista e da força federal do Coronel Tertuliano Potiguara;679 soube que
havia paz no resto do país; e capitulou.

O CENTENÁRIO

Foi um bonito dia, 7 de setembro de 1922, ao se acenderem as luzes da exposição diante


do secretário de Estado norte-americano, Charles Hughes, de numerosas embaixadas
especiais, da população que ali esquecia as amarguras da dissensão interna para ver,
admirar, aplaudir, descrente da atualidade, mas contente do Brasil. As festas
prolongaram-se. Visitou o Brasil o presidente de Portugal, Antônio José de Almeida. Em
São Paulo, o monumento do Ipiranga devia ser um dos maiores do mundo. Cunharam-se
no Rio moedas em que apareciam, conjugados, chefes de Estado em 1822 e de 1922, Dom
Pedro I e Epitácio; simbolizando a continuidade, o palácio novo da câmara municipal
ostentava nas torres os símbolos do império e da república, em trajos mitológicos,
conciliados; a euforia nacionalista estampava-se no estilo arquitetônico, luso-colonial, nos
congressos comemorativos desse século vencido, nas cifras do progresso, nas suas
promessas oficiais... Em 15 de novembro transmitiu Epitácio o poder a Bernardes num
ambiente de trégua680 — breve e angustiosa.

XXXII: INTRANSIGÊNCIA E REPRESSÃO

GOVERNO INABALÁVEL

Presidente, após tão áspera luta, representou Bernardes a autoridade resoluta, exercendo-
a com o pleno poder de polícia. Não criara a situação: herdara-a, com o problema político,
da inconformidade, agravado pela questão militar, da repressão. Poderia experimentar o
velho remédio da anistia, segredo da “paz imperial” e feliz manobra de Prudente de
Morais para a restauração da ordem civil.681 Não o achou oportuno, quando corria,
apaixonando a opinião, o processo dos revoltosos; julgou que a suavidade lhe seria
tomada como terror ou recuo; foi inabalável. Não o ajudou, por outro lado, o ambiente,
em que à agressividade da imprensa se unia a desconfiança das classes armadas. O seu
ministério tinha valores evidentes, João Luís Alves na Justiça (jurista que declarara
legítima a Constituição positivista do Rio Grande, incapaz de atirar contra a magistratura
o governo), Miguel Calmon na Agricultura, Félix Pacheco no Exterior, Oliveira Botelho
na Fazenda, Alexandrino na Marinha, Setembrino na Guerra.

Começara-lhe, porém, o desconcerto, a propósito desta última pasta. Setembrino,


comandante da região de Juiz de Fora, condenara a exaltação do Clube, e conservaria
tranqüilo o exército; mas o General Carneiro da Fontoura se destacara no comando da
região do Rio de Janeiro, era enérgico, prometia exterminar as conspirações, e não podia
ficar abaixo. Teve, em má hora, a chefia de polícia. O cargo não se lhe ajustava:
desempenhado sistematicamente por bacharéis, só um severo legista ofereceria então à
efervescência popular uma expectativa de tolerância e compreensão. Fontoura tornou-se,
em vez disto, a imagem do arbítrio policial. Outro erro consistiu em prolongar o sítio, que
se não interrompeu até o início da legislatura seguinte, quando obteve o governo a lei
coibitiva dos abusos de imprensa — motivo acessório do recrudescimento da oposição,
com os derivativos da conjura revolucionária, intensa e subterrânea. No plano político,
longe de acomodar-se com as definições do período anterior, prestigiou as forças que o
tinham sustentado, dando-lhes a mão no estado do Rio, no Rio Grande, na Bahia, contra
Nilo, Borges, Seabra.

DESMONTE

No estado do Rio abriu-se o conflito, entre os nilistas, que elegeram presidente Raul
Fernandes, e os bernardistas, que diziam ter elegido Feliciano Sodré. Competindo o
reconhecimento à assembléia, surgiu a dualidade desta, com a reunião dos candidatos
oposicionistas em outro local, para decidirem que eleito fora Sodré, e não Fernandes.
Tumultuada a política fluminense, socorreu-se o presidente proclamado pela assembléia
legítima do habeas‑corpus, que por seis contra cinco votos, lhe deu o Supremo Tribunal
(31 de dezembro de 22). Empossou-se perante o Tribunal do Estado, e, em palácio,
recebeu o governo das mãos do antecessor, Raul Veiga. Faltou-lhe a aprovação do Catete.
Não trataram com ele os funcionários; lavrou pelo interior a desordem; a polícia começou
a ausentar-se. Para pôr cobro à situação, desfechou o presidente da república a
intervenção, nomeando interventor Aurelino Leal,682 que restabeleceu a normalidade
administrativa no estado.

Esses sucessos reforçaram a posição de Nilo Peçanha como chefe ostensivo da oposição
a Bernardes.

Em 1º de março de 1923 faleceu Rui Barbosa em Petrópolis; e as suas exéquias


justificaram uma demonstração grandiloqüente de luto oficial, a que faltou o calor do
sentimento popular. O patriarca do civilismo dele se distanciara para ser coerente, em
1922, com o repúdio à desordem — entranhada (não se iludissem!) nos libelos com que,
em 1919, fulminara o caucus, denunciando a falência do sistema e dos seus leaders;
morreu distante das massas, que lhe foram, tantas vezes, a moldura do gesto apostólico. A
sina da impopularidade tisnou quantos colaboraram na ação corretiva do governo,
reclamada entretanto no Rio Grande e na Bahia pelos liberais, fatigados do ostracismo
interminável. O governo federal continuava o seu destino de abater os rebeldes e socorrer
os aliados, como última esperança das oposições locais... Os ruístas estavam com
Bernardes, e este os apoiou. No Rio Grande agüentaria os federalistas, contra Borges, que
depois de 5 de julho de 22 se conciliara com o Catete — tirando-lhe o pretexto da
intervenção — sem o desarmar. Cometeu o erro de propor-se à quinta reeleição.

A REBELIÃO NO SUL

Talvez não se registrassem os fatos que, por oito meses, abalaram o Rio Grande, se Borges
de Medeiros, atento às condições do país, aproveitasse o ensejo para sair da cena,
apresentando à sucessão um nome de concórdia. Os correligionários mais lúcidos por isto
esperavam; deixaram correr o tempo, enquanto o seu silêncio parecia indicar que
meditava sobre a renúncia. Puro engano: três meses antes da eleição, e porque urgisse
lançar o candidato governista, não houve jeito senão proclamar o nome do velho Borges,
em torno do qual se uniu o partido — a defrontar, com a pujança que lhe dava a simpatia
federal, o de Assis Brasil, escolhido pela Aliança Libertadora. Este título significava tudo:
movimento, convocação, liga para o que desse e viesse, menos para eleger do que para
libertar...

Os rótulos correspondiam à evolução da crise: campanha civilista, uma jornada; reação


republicana, um revide; aliança libertadora, uma coalizão.

A eleição visivelmente não favoreceu Borges, que, para se reeleger precisava de três
quartas partes do eleitorado; mas não seria a assembléia, unânime, quem isto dissesse.
Esboçou-se um acordo, sob a forma de um tribunal para a apuração (como em 1922
sugerira ele a Nilo Peçanha). Fracassou porque Assis Brasil queria que se lhe conferissem
outros poderes. E estourou a rebelião.

Narra Flores da Cunha (principal defensor, na faixa fronteiriça, da legalidade borgista)


que o governo do estado, descrendo do movimento, não se preparara para contê-lo. Foi
quase surpreendido pelo surto revolucionário, encabeçado por Honório Lemos, Zeca
Neto e Estácio Azambuja, que irrompeu do velho roteiro das invasões, as pontas do
Quaraí, e, de 3 a 5 de abril de 1923, pôs em risco Uruguaiana.683 Rolou a luta pela planície
e pela serra, com episódios que repetiam os de 1893 (por vezes nos mesmos sítios), fortes
os rebeldes com a expectativa do apoio federal, e os do governo, com a fidelidade da
polícia, a que se juntaram, numa mobilização fácil e intensa, os batalhões provisórios. Sem
o auxílio federal, não derrubariam a situação rio-grandense! Mas o Presidente Bernardes
não se dispusera a ir tão longe. A sua intenção era, no fundo, pacificar o Rio Grande em
prejuízo do borgismo. Interviria, na hora oportuna. Porém sem recorrer ao exército.
Mediante a ação política, que confiou ao Ministro da Guerra, o General Setembrino de
Carvalho. Deu-lhe a missão dúplice, de forçar Borges de Medeiros a um acordo, e
prestigiar com isto os seus adversários.

Setembrino era, implicitamente, a intervenção! Não começou bem.

Ao chegar a Porto Alegre o emissário do presidente, travou-se, entre populares, na Rua


da Praia, sob as janelas do seu hotel, cerrado tiroteio. Visitava-o nessa ocasião Borges de
Medeiros. Como a polícia respondesse ao fogo, o ministro fez-lhe ver que estava matando
o povo... “A polícia está cumprindo o seu dever” — respondeu Borges — “e defenderá a
ordem, seja contra quem for!”.684

Não era arrogante, mas sincero. Foi essa vigorosa resistência à intimidação que levou os
revolucionários (persuadidos por Setembrino) a aceitar o pacto, que se chamou de Pedras
Altas, porque foi assinado na estância desse nome, de Assis Brasil. Constituiu, à primeira
vista, a vitória de Borges, que ficaria no governo, reeleito (com os duvidosos dois terços da
votação); mas importava, retardada, a vitória da oposição, pois devia ele, ao mesmo
tempo, empreender a reforma constitucional, que proibiria a reeleição do presidente do
estado, e, bem assim, faria eletivos o vice-presidente e os prefeitos, para que o Rio Grande
— abandonada a Constituição castilhista — uniformizasse pelas demais do país a sua
organização política. Terminava, com o pacto de Pedras Altas, a rebelião de serra acima;
mas igualmente a ditadura positivista, que Gaspar e Joca Tavares não tinham conseguido
abalar. Cumpria-se a previsão de Pinheiro (com quem começara a cair o regime, a que
dera a energia do seu raro espírito de chefe). Desajudado do governo central, investido
pela oposição, que tanto sabia discutir como brigar nos “entreveros” gauchescos, sacudido
pelo infortúnio político, desde que moralmente se comprometera em 1922 com a
sublevação, contra a candidatura oficial — não podia sobreviver às condições que até aí o
tinham justificado. Devia desaparecer com a transformação da república. Em verdade na
de 1923 se entronca a revolução de 1930 — com a contradição de ser ganha a primeira
pelos homens que amparavam a estrutura conservadora, e por eles desfechada a segunda,
contra o continuísmo e a rotina oligárquica — na esfera federal.

O tenente-coronel dos provisórios de São Borja seria, sete anos depois, o candidato da
aliança contra o Catete.

REVIRAVOLTA

Na Bahia, a coligação sobrepujava o situacionismo, confinado no governo (em oposição)


de J. J. Seabra. A nomeação para o ministério de um de seus antagonistas (Miguel
Calmon) indicava a intenção presidencial de fazer com eles a política, nos termos em que
a deixara a intervenção de 1920. Manobrou o governador para neutralizá-la, esboçando
uma conciliação semelhante à de Sérgio de Loreto no Recife: apresentou à sucessão (com
surpresa de todos) o Dr. Francisco Marques de Góis Calmon, que à circunstância de ser
irmão do ministro juntava os títulos pessoais de apolítico e respeitável advogado. Se
perseverasse com esta candidatura, poderia sossegar o estado (ou, o que era mais provável,
desunir a coligação, pois se não o apoiasse, cairia o ministro);685 repudiando-a em seguida,
quando já com ela se tinham comprometido muitos de seus correligionários, precipitou a
própria queda. Realmente, contrariado pelo consenso formado em torno daquele nome,
ou porque visse nele a dissolução do seu partido, recuou Seabra do primitivo propósito, e
— contra Góis Calmon — indicou Arlindo Leoni. Decidiu-se tarde.686 Perdeu a maioria da
assembléia. Foi eleito e proclamado Góis Calmon; na iminência de graves acontecimentos,
interveio o governo federal, para assegurar-lhe a posse; tomou-a em 29 de março de 1924.

NOVAMENTE A SEDIÇÃO

A legislatura de 1923 começou conturbada pelas “depurações” que — eliminando como


de hábito os candidatos indesejáveis — ainda mais desacreditaram a maioria no
julgamento das ruas. Irineu Machado, favorito do eleitorado carioca, não voltou ao
Senado, porque este, segundo o parecer do Senador Pereira Lobo (e ficou-lhe anedótica a
“matemática”, na contagem das urnas), reconheceu Mendes Tavares. Os sucessos do
estado do Rio e do Rio Grande aprofundaram o fosso entre o Catete e os adversários civis;
o pronunciamento (26 de dezembro de 23) dos oficiais presos687 agravou as disposições
dos militares inconformados. Em janeiro, chegou ao presidente a primeira denúncia de
uma trama extensa, que culminaria com o ataque, quando voltasse de trem pelo Paraná,
ao Ministro Setembrino.688 Fizeram-se no Rio novas prisões. Seria em São Paulo a
revolução: ao comando do antigo federalista general reformado Isidoro Dias Lopes.689
Deflagrou — surpreendendo as autoridades locais — na madrugada de 5 de julho.

Era presidente do estado Carlos de Campos. Sucedera a Washington Luís, provocando


na política situacionista uma cisão grave. As preferências do PRP iam para Álvaro de
Carvalho. Mais uma vez, prevaleceu a vontade do governo, neste caso irresistível, porque
Bernardes apoiava Washington, que o apoiara nas horas decisivas. Mas enfraquecera o
grupo dominante, cobrando energia a oposição concentrada no jornal de Júlio Mesquita,
esse persistente partido democrático, certo de que a sua oportunidade não tardaria. A
inquietação partidária favoreceu o plano audaz dos jovens oficiais reunidos em torno de
Isidoro: julgavam ter auxílio civil, a ressonância de elites descontentes, ansiando pela
reforma... Não lhes foi difícil espalhar a conjura pelos quartéis de infantaria e artilharia; e,
graças ao Major Miguel Costa, pela Força Pública. Era a sua intenção lançar um ataque
súbito à cidade, que não resistiria à surpresa; e, formando dois destacamentos, atirá-los
para Santos e Barra do Piraí, sobre o Rio de Janeiro. Ao ímpeto da arrancada as
populações confraternizariam; e, o governo, perplexo e impotente, havia de capitular...690
Falhou o projeto por uma série de pequenos incidentes que retardaram as conexões entre
os grupos, e por fim, quando, naquela antemanhã, os conspiradores se apossaram, sem
um tiro, dos quartéis do bairro da Luz, lhes desvaneceram as possibilidades de êxito. O
principal desses imprevistos foi a ação pronta do comandante da região, General Abílio de
Noronha, que se apresentou, momentos depois, aos quartéis da polícia, onde os
revolucionários tinham deixado uma guarda, e neles restaurou a obediência ao governo.691
O Capitão Joaquim Távora com um pelotão de cavalaria (do regimento de Miguel Costa)
aprisionou o general: porém, avisado já do que ocorria, Carlos de Campos chamou a
palácio os elementos fiéis da polícia e dos bombeiros e comunicou-se telegraficamente
com o Catete.

SUBLEVAÇÃO EM SÃO PAULO

Entre 5 e 8 de julho travaram-se combates de rua, troou a artilharia, rastilhou a luta pelos
quarteirões centrais,692 fracassou o assalto ao palácio, não conseguiram os rebeldes
manter-se na repartição dos correios e telégrafos, aos arredores chegaram os primeiros
escalões legalistas. E a notícia das providências esmagadoras do governo federal!
Malograram as articulações com o Sul, o Norte, o Oeste, ou as reduziram, em Mato
Grosso, em Sergipe, na Amazônia, a revoltas locais, prontamente circunscritas.693 No
Congresso Nacional as bancadas — sob a chefia ágil de Antônio Carlos, leader mineiro —
hipotecaram solidariedade a Bernardes, dando-lhe de imediato o sítio para a capital, os
estados do Rio e São Paulo. Fato expressivo: o dividido Rio Grande uniu-se nesse apoio
sem reservas ao presidente que ajudara os libertadores sem destruir o castilhismo; e
quando, solitária, a voz de Bergamini se alçou num “viva a revolução”, a réplica de
Antônio Carlos recordou a de Ouro Preto ao Pe. João Manuel, no último episódio
parlamentar do império... Os contingentes mais agressivos mandados à linha de fogo
foram os batalhões policiais do Rio Grande, da Bahia, de Minas, do Espírito Santo:
cerraram o círculo da aliança situacionista... Exército e Armada corresponderam às
esperanças do governo. Acorreu a Santos (sob o comando do Almirante José Maria
Penido) uma divisão naval, que incluía o Minas Gerais. Dela destacou um contingente de
fuzileiros com duas peças (comandante, Helvécio Coelho Rodrigues) que, subindo a serra
pela estrada de ferro, intacta, varou a cidade, até o palácio presidencial; e fez ali pé
firme.694 Ficou até que os rebeldes, alvejando o edifício, com granadas de 105, forçaram
Carlos de Campos a retirar-se — no dia 8.695 A 9, assumiu a chefia das forças legais o
General Eduardo Sócrates. A sua estratégia não parecia complicada: limitava-se ao cerco.
Tomadas as saídas, com superioridade numérica (15 contra 3 mil) entraria pelo sulco do
canhoneio... Permaneceu na cidade o Prefeito Firmiano Pinto, devotado, com bravura, ao
socorro da população. Ajudaram-no o presidente da Associação Comercial, José Carlos de
Macedo Soares,696 a caridade do Arcebispo Dom Duarte Leopoldo, a Liga Nacionalista.
Não fosse isto, e São Paulo sofreria danos incalculáveis. O General Isidoro (ditador por 18
dias) teve a habilidade de prestigiar o esforço civil, que, afinal, lhe aquietava a retaguarda;
mas se convenceu de que perdera a partida. A revolução não passara das forças armadas
ao povo, sem papel nesse duelo militar. Pudera atrair o operariado (que para tanto
recebera, no Rio, promessas e conselhos).697 Temeu — ou temeram — o caráter
subitamente social, senão extremista, da revolução que não tinha tal programa. Evitou-o.
O próprio Bergamini, a invocar, na câmara, os abusos policiais, dizia que era um motim...
Desacreditava-se, antes da imolação, o movimento, que, podendo abalar o país, ia acabar
(ao que se cria) numa capitulação inglória. Não acabou. Porque era mais do que uma
quartelada; era a revolução, em que alguns oficiais intransigentes entravam de corpo e
alma.
Brigariam, como os de Copacabana, até o fim! Compunham-se as forças rebeldes do 4º e
5º de caçadores, 4, 5 e 6 de infantaria, dois batalhões da polícia, o seu regimento de
cavalaria e o corpo-escola, o 2º de artilharia de montanha com uma bateria, o 4º montada,
com duas. Como todas as unidades se apresentavam desfalcadas, somava tudo três mil
homens. Os legais (desembarcados em Santos, transportados pela Central, despachados
do Sul, pela São Paulo–Rio Grande) distribuíram-se em leque, fazendo eixo no Tietê: a
brigada do General Carlos Arlindo (com a porção legalista da polícia de São Paulo, os
navais, polícias do estado do Rio e do Espírito Santo, quatro batalhões de caçadores, duas
baterias) vinda de Santos, em São Caetano, sobre Vila Mariana e o Ipiranga; a brigada do
General Tertuliano Potiguara, a mais agressiva, em ordem de avanço sobre o bairro da
Mooca (dois regimentos de infantaria, a polícia gaúcha, o apoio da artilharia divisionária);
a do General Florindo Ramos (10º de caçadores, 12° regimento de infantaria, a polícia de
Minas, protegida da mesma artilharia) sobre Brás e Belenzinho; a do General Pantaleão
Teles (o 5º de infantaria, dois batalhões de caçadores e cobertura da artilharia
divisionária) sobre os trilhos da Central; a do General João Gomes (15º de cavalaria, dois
regimentos de infantaria, uma bateria do 9º) sobre Vila Maria e Santana.698 Do Sul se
deslocou — sob o comando do General Azevedo Costa — forte coluna formada de
elementos do Paraná e batalhões patrióticos organizados por Fernando Prestes,
Washington Luís, Ataliba Leonel, que, ocupando Sorocaba e Itu, poderia, se apressasse o
passo, cortar a retirada aos rebeldes, tanto pela Sorocabana como pela Paulista.699

Não quis Miguel Costa, com a polícia, abandonar a cidade, para se atirar à duvidosa
arrancada, ao Vale do Paraíba. Sobreveio a ofensiva. A 15 caiu mortalmente ferido, à
frente dos seus homens, o Capitão Joaquim Távora, depois de Isidoro o grande nome do
movimento: a sua perda foi para ele uma catástrofe. Esboçou-se a 17 uma tentativa de
armistício, de que seria intermediário o General Abílio: falhou porque Isidoro exigia a
renúncia de Bernardes...700 A 26, sob a ameaça de cem canhões, estarrecida a cidade com a
intimação lançada em boletins por aviões do exército, do bombardeio sem misericórdia —
desejou Isidoro saber as intenções do General Sócrates. Peremptório, respondeu: rendição
ou arrasamento... Já aí tinha de defender-se em duas frentes: contra o adversário — que
lhe disputava as trincheiras, entrando, com crescente resolução, os bairros da periferia, e o
terror do povo, a quem se prometia a inclemência de um canhoneio cego... Começou sem
alvo razoável, para quebrar a resistência, ignorando-se que proporções atingiria...701
Isidoro não esperou mais. A 28, nos trens da Paulista, com armas e bagagens, embarcou
silenciosamente a tropa, e partiu, para Bauru, a Noroeste, a etapa imprevista da revolução
de julho, os sertões brasileiros.

XXXIII: INTRANQÜILIDADE

REVOLUÇÃO VOLANTE
Com cerca de 800 homens, a coluna que abandonou São Paulo em direção a Botucatu,
Bauru, Três Lagoas, tanto podia meter-se por Mato Grosso, para se juntar a outros
núcleos rebeldes, como, descendo o Paraná, procurar as prometidas articulações com o
Rio Grande. O Coronel João Francisco defendia este último plano, o General Isidoro o
primeiro. Prevaleceu a necessidade da descida do rio com o desastre de Três Lagoas —
onde a expedição perdeu, atacando forças muito superiores, metade do seu efetivo.702
Frustrada a invasão de Mato Grosso, em dois pequenos vapores caiu sobre o porto de
Guaíra — que a guarnição (Capitão Dilermando de Assis) teve de abandonar703 — e foi
estabelecer-se em Foz do Iguaçu, a retaguarda protegida pela fronteira internacional.
Contavam os revolucionários com um generalizado movimento no Rio Grande, que lhes
abriria os rumos da vitória. Explodiu realmente, no vasto círculo que ia de Santo Ângelo a
Alegrete, seguindo a linha do Rio Uruguai (29 de outubro de 24).704 Vencida em Alegrete
a primeira investida, a força insurreta foi unir-se em Uruguaiana ao contingente civil do
General Honório de Lemos — veterano das lutas federalistas705 — e sofreu, nas alturas de
Guaçu-Boi, tremendo revés. Comandava as forças adversárias Flores da Cunha. O
insucesso da rebelião condenou-lhe os chefes (Honório e Zeca Neto) a uma campanha
inconseqüente, entre as Serras de Caverá e Camaquã, a saída pelo Jaguarão e, por fim, a
emigração salvadora, para o Uruguai, em Iceguá.706 Parte da Coluna, cortada do grosso da
tropa, asilara-se na Argentina. Deslocou-se o eixo da luta para a zona das missões, onde
avultou, pela autoridade que soube impor, com a patente de capitão e o renome de
matemático, Luís Carlos Prestes. Revoltando o batalhão de ferroviários de Santo Ângelo,
ligara-se ao 3º de cavalaria de São Luís e ao 2º regimento de São Borja, contava com a
queda de Itaqui (ao ímpeto do destacamento do Capitão Benévolo e do Tenente Siqueira
Campos) e esperava o auxílio das forças da fronteira. Sucederam-se, porém, os reveses,
destroçado o grupo de Benévolo e morto o seu comandante em Itaqui, forçada a
concentração defensiva em São Luís, desbaratada a investida a Tuperecetã (Tenente João
Alberto), sem esperança de melhores resultados ao Sul, a insistir o General Isidoro — por
mensageiro que lhe enviou de Foz do Iguaçu — para que fosse ao seu encontro, a fim de
reunirem as forças para operações consideráveis.

Formou-se assim a “Coluna Prestes” — e, com mil homens do exército e outros tantos
civis, rumou para o Norte. Abriu a viva força o seu caminho através do Ijuí, infletiu-o
para as margens do Uruguai depois do sangrento combate de Ramada, perto de
Palmeira,707 perdeu na travessia do Rio Pardo um de seus oficiais, Portela Fagundes
(substituído pelo Capitão Osvaldo Cordeiro de Farias), varou a floresta catarinense, para
Foz de Iguaçu.

Foi já na passagem do Iguaçu que teve notícia da capitulação, em Catanduvas, depois de


longo assédio (comandado pelo General Azeredo Coutinho), das tropas retirantes de São
Paulo.

Falharam os planos do seu Estado-maior (a cem quilômetros de distância), a cuja


imprevidência corria o erro de não ter preparado a picada que levaria até lá a coluna rio-
grandense. Separadas as forças, fácil foi ao exército legalista (do General Rondon) reduzir
a primeira — com poderosa artilharia — e atirar-se à outra, seguindo-lhe o rasto.
Alcançou esta a Foz de Iguaçu quando o adversário dominava Guaíra, fechando-lhe o
Paraná. A 11 de abril conferenciaram os comandantes. Decidiram prosseguir de qualquer
modo a luta. Exilar-se-ia Isidoro, para poder, do estrangeiro, influenciar novos surtos
revolucionários, e assumiria Miguel Costa a chefia da coluna (em que se somavam os
elementos do Rio Grande e os remanescentes de Catanduvas). À frente do Estado-maior,
Prestes — que lhe deu o nome — dirigiria as operações. O problema, por sinal decisivo,
consistia em optar entre a subida do rio, para um choque temerário com os defensores de
Guaíra e a passagem pelo território paraguaio, a fim de sair nos campos de Amambaí, em
Mato Grosso.708 Com a inesperada incursão pelo país vizinho a Coluna Prestes iniciou a
sua extraordinária aventura. Ia lançar-se por imprevistos roteiros pelo interior do Brasil,
sem rumo certo nem objetivo determinado, como para inquietar, desafiar, fatigar, numa
viagem sem fim — mais de bandeira sertanista do que de exército de verdade, numa tenaz
ação de guerra.709

COLUNA‑FANTASMA

Entranhou-se nos desertos, desaparecendo da rede de comunicação onde a força federal


pudesse alcançá-la, fosse pelas vias férreas, fosse pelas estradas carroçáveis. Tornou-se a
coluna-fantasma, que, de tempos em tempos, dava que falar de si, repontando, fugaz, ao
longo de um itinerário formidável: Rio Claro, Zeca Lopes em Goiás (onde após árduo
combate a tropa legalista permitiu, corretamente, que os padioleiros recolhessem os
feridos), Anápolis (tomada ao arranco da cavalaria), o desconhecido Brasil Central, pelo
Vale do Urucuia as grossas águas do São Francisco, da foz do Carinhanha para o Oeste,
Goiás adentro, até Porto Nacional, sobre o Tocantins. Em novembro de 1925 rompeu
pelo sul do Maranhão, passou por Floriano, no Piauí, tentou apoderar-se de Teresina (em
cujas cercanias foi capturado, num reconhecimento, Juarez Távora), declinou para o
Ceará, varou o Rio Grande do Norte, a Paraíba, Pernambuco (vencendo a resistência do
Pe. Aristides em Piancó), mergulhou nas “caatingas” da Bahia... Aí foi mais áspera a luta,
com a colaboração dos chefes sertanejos a serviço do governo, Horácio de Matos, na
região de Lençóis, Franklin de Albuquerque, no alto São Francisco. O jeito foi entrar a
coluna em Minas Gerais, donde, prudentemente, retrocedeu para o Nordeste, já a “abrir
caminho para a emigração”.710 Não lhe acudiam os simpatizantes civis.

ESTADO DE SÍTIO

A conspiração, que podia sublevar, contra o governo, os sindicatos operários, lavrou,


inquietante, desde os primeiros meses de 1923 (no reagrupamento dos revolucionários de
julho) até outubro de 24, quando a polícia incansável prendeu — momentos antes de
partir para bordo do Minas Gerais o Almirante Protógenes Guimarães. Como se perdeu
no segredo das confabulações o fio dessa extensa trama — que envolvia elementos
militares das guarnições do Sul, sobretudo do Rio de Janeiro, e boa porção de patentes
jovens da Armada — não é hoje possível restabelecer todo o quadro das esperanças e dos
planos, destruído com a detenção ou a dispersão dos conjurados. Mas se sabe que Uniões
e Alianças Operárias de orientação anárquico-sindicalista, a Confederação Sindicalista
Cooperativista, líderes proletários,711 não tardariam em colaborar com a insurreição, que
Protógenes sucessor de Isidoro nesse segundo capítulo da revolução antibernardista —
levaria aos navios de guerra. Os delatores andaram mais depressa do que os fanáticos da
violência. Surpreendido e encarcerado o Estado-maior da revolta, parecia ela abafada,
quando, em 4 de novembro, alguns oficiais tomaram o comando do couraçado São
Paulo,712 e esboçaram, na Guanabara, uma aventura semelhante à de João Cândido, mas
sem mortes nem desordens de marujos, a belonave a chamar, em vão, aliados surdos... O
velho Ministro Alexandrino meteu-se impetuosamente na sua lancha e foi normalizar, a
bordo do Minas, a disciplina da oficialidade. Toda ela se manteve firme. O São Paulo
singrou para o alto-mar; e terminou sem incidentes, no porto amigo de Montevidéu, o
episódio revolucionário que, sem perturbar o governo, reforçava o férreo estado de sítio
que o defendia. Os da Coluna Prestes não tinham para quem apelar. Em vez de os
ajudarem, as guarnições obedeciam, sem entusiasmo, mas sem defecções, ao Catete; e o
mais que se insinuava, contra a eficiência da tropa legal, era a morosidade. Não se dissesse
que lhe faltara, nas horas decisivas, a combatividade, embora sem arrojo nem paixão: o
que não podia ter, era o interesse de dizimar aquele punhado de homens infatigáveis,
protegido pelo segredo dos seus movimentos. Os “provisórios” foram os seus piores
inimigos. O Coronel Franklin seguiu-os de perto, com os caboclos são-franciscanos, até a
fronteira da Bolívia... Realmente, não lhe convindo forçar a passagem em Santo Sé, a
coluna se desviou para Leste, atravessou na altura de Cabrobó, entrou o Piauí até Oeiras,
atingiu novamente o território goiano, sofreu no Rio das Garças um ataque súbito, de
Franklin,713 e, dividindo-se, na colônia salesiana de Tachos, em três destacamentos
(Djalma Dutra, em busca do Paraguai pelo Sul, Siqueira Campos, a retardar a perseguição,
Prestes, com o grosso, na selva entre o Cuiabá e o Jauru) — abalou para o exílio. Durara-
lhe a peregrinação dois anos e meio. Palmilhara vinte e cinco mil quilômetros.714
Encerrara o seu ciclo aparentemente sem conseguir nada mais do que a admiração de uns,
o ódio e o espanto de outros, sem que sacudisse, na sua solidez, o regime que condenara,
nem tirasse do poder o duro homem que detestava. Na verdade, aqueles oficiais de boa
fibra iam retemperar no desterro as energias esgotadas: voltariam, para continuar.
Voltaram em 1930.

REFORMA CONSTITUCIONAL

O “acordo” de Pedras Altas proclamara a inelegibilidade do presidente. Esta, e outras


afirmações de sua doutrina, Bernardes quis transplantar para a Constituição, dando-lhes
forma irrevogável: encaminhou à câmara (3 de junho de 1925) a prometida proposta de
revisão.

Consistia na discriminação dos “princípios” a que os estados deviam obediência, sob


pena de intervenção (artigo 6º); a regulamentação dos fatos econômicos (“podendo
autorizar as limitações exigidas pelo bem público”) e a primeira referência à legislação do
trabalho, a proibição das “caudas orçamentárias”;715 o veto parcial; o reforço do poder de
polícia (permitida a expulsão de estrangeiros indesejáveis, excluídos da apreciação judicial
os atos relativos à intervenção nos estados, o estado de sítio, os casos políticos, quais
eleição, reconhecimento, posse dos congressistas e governadores)...716 Com isto pretendia
impedir que as oligarquias se perpetuassem; armava o Executivo com atribuições
reguladoras do comércio e da produção — tendendo ao nacionalismo na reserva aos
brasileiros das explorações minerais de interesse público —; acabava com a intromissão
do Judiciário nos conflitos partidários; dilatava a ação repressiva, robustecendo o
presidencialismo.

A reforma era justa, no “controle” dos mercados, na enumeração dos princípios, na


limitação da competência judiciária, para que se não imiscuísse nas paixões partidárias.
Quebrava a rigidez da Constituição de 1891, imprimindo-lhe um cunho moderno,717
social-democrático, de fortalecimento do Estado, na sua articulação com os problemas
nacionais, que deixavam de ser de estrutura, para serem de ordem.

O mal era a oportunidade, naquela atmosfera de conspirações e policialismo,


inadequada às discussões largas. Fez-se a remodelação constitucional (de que foi leader,
na câmara, o professor paulista Herculano de Freitas), em ambiente fechado, sem a
animação dos debates e das idéias com que se apresentara nos primeiros tempos do
regime.718 Entretinha-o, sem o vitalizar.

XXXIV: EPÍLOGO DA “REPÚBLICA VELHA”

WASHINGTON LUÍS

Como acontecera com a de Venceslau, a sucessão de Bernardes foi fácil. Decidira-se este
por Washington Luís, que o sustentara nas incertezas de 1922, e somente transigiu quanto
ao vice-presidente, que viria do Norte (possivelmente o Ministro da Agricultura, Miguel
Calmon),719 mas acabou vindo de Minas — Melo Viana. É que o presidente do estado
esboçara a sua oposição ao nome paulista; chegara a crer que fosse, em segredo, o
candidato de Bernardes (bastante poderoso, em 1925, para fazer o sucessor);720 e
apaziguou-se, contentando-se com a vice-presidência. Volvia-se à fórmula de 1902,
Rodrigues Alves e Afonso Pena; de 1918, Rodrigues Alves e Delfim Moreira. Até aí, tudo
corria normalmente. Apresentado candidato pelo PRP, num banquete em Santos, em
seguida pelo situacionismo de Minas, Washington Luís foi proclamado — sem
competidor — na habitual convenção, presidida pelo Senador Azeredo; e viajou pelos
estados, curioso de suas necessidades. Assumiu o governo em 15 de novembro de 1926,
num ambiente de expectativas benévolas, justificadas por seus créditos de administrador,
sua firmeza de probo estadista, sua notória lealdade servida por uma energia exemplar. Os
psicólogos reparavam que a um homem forte — inflexível nas suas diretivas — substituía
outro homem forte...

ESTRADAS E MOEDA

A administração de Washington Luís teve por pontos altos o programa rodoviário


(estradas para o Brasil!) e a estabilidade financeira.

Trouxe de São Paulo a mentalidade rodoviária como um slogan: “administrar é


construir estradas”. Correspondia à idade do automóvel — como a ferroviária
correspondera à do comboio: e materializou-a, com as estradas Rio–São Paulo e Rio–
Petrópolis. Também não era complexo o seu plano de saneamento da moeda, pois se
limitou a reconhecer, para estabilizar, o câmbio real (quebrando o velho padrão de 27 d.,
da lei de 1846), ou seja, a pouco mais de cinco;721 e a fim de mantê-lo atribuiu à Caixa de
Estabilização (semelhante à de Conversão, de 1905), ligada à carteira de câmbio do Banco
do Brasil, a troca do papel por ouro, à medida que fosse apresentado. Completou essa
política de base metálica mandando incinerar o saldo orçamentário do exercício anterior,
o que juntava à poupança a deflação, e para que continuasse o costume do equilíbrio,
vetou parcialmente a lei de meios, cortando-lhe o déficit.

Queria câmbio imutável e saldo de caixa: conseguiu estas maravilhas em 1927 e em


1928.

E conspirava-se...

A VOLTA DOS PARTIDOS

Teimara o governo (solidário o sucessor com o antecessor) em nada conceder ao espírito


revolucionário.

Discordara da anistia, como desfecho clássico das revoluções frustradas. Abroquelado


na tranqüila maioria parlamentar, deixou que a oposição, imobilizada no Rio, indomável
no Rio Grande, vigorosa em São Paulo, convertesse em partidos as forças reorganizadas
— sob a chefia de dois homens do passado. Surpreende estarem, em 1926, essas forças
jovens comandadas por um conselheiro da monarquia e por um propagandista da
república, Antônio Prado e Assis Brasil. Velhos e novos se encontraram na mesma
barricada simbólica, pela “verdade democrática”, representando a união conservadora dos
inimigos do autoritarismo presidencial. O seu aliado externo era o grupo de oficiais
exilados que, conspirando, protestando, confabulando, esperava a sua vez. Dirigia-os o
Capitão Luís Carlos Prestes. Três anos depois, deles se desprendeu, para arregimentar a
ala própria: a comunista.722
São acontecimentos transcendentes a criação do partido democrático em São Paulo,723
com o venerando Antônio Prado, e a resistência histórica ao PRP, engrossada, em 1924,
com os adversários da repressão federal; e a transformação no Rio Grande724 do veterano
partido de Gaspar Martins (congresso de Bagé) e de Assis Brasil (congresso democrático
de Santa Maria, 20 de setembro de 1908)725 em libertador, sob a presidência do antigo
prócer, reverdecido no pensamento e no entusiasmo.

Congregam os elementos civis de combate, retomam o programa das campanhas


frustradas (no Rio Grande em 1893, em São Paulo em 1901), restituem à luta pelo poder a
compostura pacífica, da luta eleitoral. Fato expressivo, aquele congresso de Bagé poderia
ter desencadeado a rebelião, como em 93, se pelos pampas não soprassem outros ventos.
Mas saíra Borges de Medeiros; e entrara Getúlio Vargas — com hábeis propósitos de
desarmamento. Vargas tinha o magnetismo do sorriso; a tolerância envolvente, em lugar
da intransigência patriarcal; a visão de conjunto (que se alargava até a sucessão de
Washington Luís), e não a mentalidade regional refugiada na pureza castilhista do
antecessor: homem de conciliações inesperadas; portanto do futuro... A situação paulista,
ao contrário, ocupava o Catete, com a sua ordem sólida e antiga: não, cedia, não mudava,
não negociava. A sua firmeza era inabalável. O governo... faria o sucessor.

Voto secreto, democracia de verdade, exigiam os novos partidos: e, pela primeira vez,
cartazes de propaganda e caravanas passearam por São Paulo um movimento,
aparentemente de mera agitação intelectual, mas que não iludia ninguém sobre as
tempestades que anunciava.

Resultado disto foram os primeiros deputados de oposição, paulistas e rio-grandenses,


com quem se defrontou em 1927 aquela maioria confiante.726

ENTRE MINAS E O SUL

Em política, prognosticava-se mau tempo.

A Melo Viana sucedera, em Minas Gerais, Antônio Carlos, para cujo lugar de líder da
maioria foi o paulista Júlio Prestes.

A substituição do velho Borges pelo Ministro da Fazenda de Washington Luís, Getúlio


Vargas, pusera ao Sul o outro homem — capaz de subverter o presidencialismo existente.

Vinham das fontes municipais, da tradição ortodoxa desse regime, que, como veremos,
demoliram sem piedade, solidários com a sua interpretação habitual e comprometidos
com os seus episódios recentes. Ambos tinham apoiado a legalidade contra os levantes
militares, tinham sustentado a intransigência dos três últimos presidentes, estavam com
serena coerência na história da reação. Apenas (e foi a sua revelação no governo estadual)
essa sistemática não lhes moldara o caráter, que em Antônio Carlos propendia para uma
conciliação vistosa, com as massas (voto secreto, em Minas!) e em Getúlio Vargas para
uma útil conciliação, com os antagonistas. Quis este dar descanso ao Rio Grande, fatigado
das cavalgatas guerreiras; aquele, sacudir o país, farto da melancolia de uma política
desligada do povo... Confraternizariam na hora em que o Catete os convidasse a unir os
gaúchos e comover as multidões... contra o Catete.

Começou Vargas a sua carreira de pacificador constituindo, sem ouvir o velho Borges, o
secretariado, cujo vulto principal, Osvaldo Aranha, era da geração nova. Sustentara em
1923, armas na mão, o governo. Ferido em combate, o tributo pago ao borgismo lhe dera
autoridade para pregar a concórdia, em nome de projetos amplos. Reivindicava para o
Estado o seu quinhão de influência na direção nacional. Aranha e Vargas, quando
estudantes, não haviam escapado ao ambiente emocional da política, que sempre os
fascinara. Quando Afonso Pena, em 1906, visitou Porto Alegre, o intérprete dos
acadêmicos de direito o saudou profligando (para elogiar Pinheiro) a tese condenável da
imposição do sucessor pelo antecessor. Negava ao presidente o direito de sagrar o
herdeiro... Este orador incisivo foi Getúlio Vargas. Aranha, ruísta exaltado durante o
curso jurídico do Rio de Janeiro, opusera-se com fúria a Pinheiro. Enquadrado depois no
oficialismo da terra natal por força das circunstâncias (seguindo a sorte da família e a
imposição do meio, no seu município de Itaqui), jamais seria um devoto dos dogmas de
Castilho. Junto a Vargas, completavam-se. Só um clima de eqüidade diluiria os rancores
que duravam cem anos.727 Esse governo enveredou espertamente pela experiência do
apaziguamento; deu aos adversários a esperança de que tomariam o poder, não a repelões
de violência, mas a golpes eleitorais; concitou-os à colaboração. Disto resultou logo que
Assis Brasil se afastasse do grupo revolucionário, dos exilados. Nos acampamentos
maragatos a antiga flâmula vermelha foi substituída pela nova bandeira, eleitoral:728
candidaturas, em vez de espadas e lanças... Se era possível aquietar o Rio Grande, fácil
seria unificá-lo, para a conquista federal. Pensavam com lógica: fracassara até aí uma
candidatura rio-grandense, porque a divisão interna, cortando em zonas o estado, não a
tornaria nunca expressão de todo ele — com a sua força. Só se um fato mágico (e o nome
gaúcho à presidência teria este valor) empolgasse, convencesse, arrastasse aquela gente
ressentida e brava...

CANDIDATO GAÚCHO

Aconteceu tudo segundo as previsões.

Antônio Carlos não podia ser posto de lado. Competia-lhe, tacitamente, a sucessão.

No apogeu da carreira, esmaltada de galas de espírito e administração ágil, sem falar do


brilho heráldico do apelido, Andrada, o presidente mineiro aspirava, com razão, ao
governo. Ninguém lhe disputava, dadas as condições tradicionais dessa política, de
bastidores e convenções, esse direito, que tivera Francisco Sales para eliminar a
candidatura de Bernardino de Campos em favor de Pena, e Bernardes, para indicar
Washington... É certo (raciocinavam os cautelosos) que nos casos anteriores o presidente
de Minas fora voto decisivo, mas nunca em proveito próprio, senão de terceiro, pondo na
balança, com o peso da bancada mineira no Congresso, a sua situação arbitral no dissídio
constante de Sul e Norte. Agora, variavam as circunstâncias, se o pretendente era ele, com
a dupla qualidade de chefe do estado montanhês e oráculo, já então, da resistência
doutrinária ao personalismo dominante. Leia-se a imprensa de 1927 e de 1928. Em Belo
Horizonte, por uma combinação de coincidências, em que se percebe, coordenando-as, a
sua finura engenhosa, se concentrara o antagonismo teórico à reação, mais enérgica à
medida que em São Paulo e no Rio de Janeiro incorporavam os contingentes da oposição
democrática. Lançou Antônio Carlos, para fixar-se nas preliminares do prélio, a fórmula:
“Façamos a revolução, antes que o povo a faça”.729 Parodiava o velho rei, a aconselhar o
filho... Aludia às idéias, que tinham de ser atendidas, para que não rebentassem noutras
explosões, como em 1922 e 1924. Mas a dissidência devia pulverizar-se com a solução do
problema — sobre todos crítico — da sucessão. Bastaria que Washington Luís devolvesse
a Minas o mandato, que de Minas recebera...

Ficou com Júlio Prestes — insistindo na tentativa malograda de Rodrigues Alves com
Bernardino, de Pena com Campista: a continuidade, no mesmo estado.

Em verdade Prestes não era o nome por quem Washington se batesse, arriscando, na
partida, o regime. Foi o candidato imprevisto, desde que o falecimento de Carlos de
Campos apresentara ao presidente o dilema de elaborar a nova situação paulista ou a ela
se submeter. Assumindo o Vice-presidente Fernando Prestes o governo, seria certa a
candidatura de Álvaro de Carvalho,730 que Washington não desejava. Para evitá-la, propôs
o líder, filho do vice-presidente, o que importava resolver momentaneamente a crise
estadual, mas sem desmanchar a que se lhe seguiria: a crise federal. A política de São
Paulo não abriu mão de Prestes. Empossado em 14 de julho de 1927, já era candidato em
junho de 28, quando principiou Antônio Carlos a articular-se... “contra a imposição do
Catete”. O Catete não se pronunciara. Estaria de vez com São Paulo, contra Minas, mas
quando Minas aliciasse na federação (Pernambuco, Paraíba, Rio Grande, principalmente
no próprio São Paulo, com os democráticos) a coorte oposicionista. Antônio Carlos
tornou-se o chefe dessa resistência: mas cauteloso e sutil.

Transferiu-lhe os encargos — convocando a terceira força — ao Rio Grande.

Mandou que o seu secretário do Interior, Francisco Campos, lhe oferecesse a


candidatura por intermédio do líder da bancada, João Neves.731

Foi esta conversa preliminar no Hotel Glória que fez a Aliança Liberal.

Consultado por Vargas, autorizou-o Borges a aceitar, mediante condições prudentes.732


Rebelava-se a política nacional! Washington recebeu com este tom, de rebeldia ingrata, a
comunicação, e deu-lhe indireta resposta pela voz de dezessete estados, que se
manifestaram por Júlio Prestes.733 Transmitindo aos presidentes do Rio Grande e de
Minas a decisão, foi duro na linguagem: “Na sua quase totalidade, sem desconhecer ou
negar os méritos de v. ex.ª, em inteira solidariedade com o presidente da república
indicam e aceitam outro nome, igualmente digno, igualmente colaborador do governo
atual, o Dr. Júlio Prestes”. Cabia ao estadista mineiro (treplicou Getúlio) manter ou não o
seu nome; e, de imediato, Antônio Carlos (1o de agosto), pondo reparos à atitude
intransigente do chefe da nação, declarou definitiva a liga de Minas, Rio Grande e a
Paraíba, com Getúlio Vargas–João Pessoa.734 Contrapunha-se a Júlio Prestes–Vital
Soares.735

Quatro dias depois explodia na câmara a revolta política, pressagiando (e prometendo) a


das armas.

ALIANÇA LIBERAL

Diferente das outras dissensões, a que se apresentava, o povo enchendo as galerias e


cônscios os partidos de que jogavam a grande cartada, tinha a qualidade de ser a síntese de
um decênio de violências verbais, com a responsabilidade, inesperada, de um estado das
tradições guerreiras do Rio Grande. A oração inaugural de João Neves — que facilmente
se assenhoreou do espírito popular com a frase reluzente e bravia — é o documento dessa
exaltação. Depois de historiar as circunstâncias em que se formara a luta, exprobrando ao
presidente não ter consultado os dezessete estados sobre o nome gaúcho, lançado por
Minas, para deles obter autoritariamente a concordância com o nome paulista, ousou
falar na hipótese... do “prélio terrível das armas”.736

Ameaçava com a revolução, bradaram os antagonistas; e durante muito tempo se lhe


comentou a hipérbole, de pontas de lanças e patas de cavalos,737 atirada provocantemente
à maioria...

Não era de admirar.

A oposição assumira o caráter impetuoso de uma revolta; unira acolá federalistas e


republicanos; temia as habituais represálias do poder; convocava os inconformados; e o
primeiro ponto do seu programa devia ser a anistia, tornando-se com isto a esperança dos
revolucionários de 22 e de 24. Não podia acabar com a derrota das urnas segundo a
contagem maliciosa do Congresso; nem se dissolveria antes, a menos que a timidez do
governo procurasse depressa uma composição.

CRISE GENERALIZADA

Mas o governo, longe de ser tímido, era vigoroso. Imbuíra-se da idéia de que transigir
seria desmoralizar-se; e, com a firmeza da sua decisão de 1922, quando se declarara ao
lado de Bernardes, afirmou Washington o seu apoio a Júlio Prestes.

Em outubro, tendia a arrefecer a luta.


À perspectiva do insucesso se somava a da conflagração: e em lúcida carta a Epitácio
Pessoa (recém-chegado da Europa), Afrânio de Melo Franco sugeriu a mediação, que a
encerrasse, com um tertius. A carta fora-lhe pedida por Vargas;738 e Epitácio se encontrou
com o presidente, para propor-lhe (sem enunciar) o terceiro nome. Qualquer... Que já
não era possível — disse-lhe Washington; e, a este tempo, de posse de cópia da carta, o
governo a divulgou pela imprensa, como se significasse o aniquilamento da Aliança.
Errou. O malogro da pacificação reanimou-a — embora a cisão da política mineira (Melo
Viana contra Antônio Carlos, que em setembro de 30 seria substituído pelo presidente
eleito Olegário Maciel), pressagiasse uma perplexidade indefinível. Nem o velho Borges
parecia, ao Sul, disposto a consentir que o Rio Grande se sublevasse! Foi, intempestivo,
um fato externo de dimensão universal que lhe alterou o rumo, agrupando os materiais
explosivos de que carecia: o colapso da Bolsa de Nova York.

Chegaram rapidamente ao Brasil as vibrações longínquas do terremoto, abalando a


estrutura econômica e financeira do governo: arruinaram-lhe os risonhos projetos de
câmbio estável e café alto. Não se imaginara possível semelhante calamidade, que nos
Estados Unidos liquidou a pequena economia e mergulhou a mais próspera nação da
terra numa crise sem precedentes.739 Desconjuntou-se a rede mundial de crédito. Pior
seria nos países fornecedores de matéria-prima. Como Washington Luís apoiara a
administração às duas colunas, da conversibilidade da moeda e da defesa do café, o
infortúnio não podia ser mais cruel. Atingia em cheio São Paulo, onde o Instituto do Café,
desde 1927, trabalhava com o Banco do Estado no financiamento da lavoura, socorrida
mediante adiantamentos garantidos pela produção, alteando os preços — em vez de os
estabilizar.740 A fonte dos recursos para a operação era a praça de Londres, que aceitara
três séries hipotecárias, e ia tomar a quarta — quando sobreveio o desastre. O Instituto,
que fixara em 200$000 o preço da saca de café, foi surpreendido com a queda para
100$000; o Banco suspendeu o financiamento; cessaram as remessas, com a coincidência
de se somar ao stock existente, de quase 7 milhões de sacas, de 1928, a safra maior dos
últimos tempos, de 1929, estimada em 22 milhões;741 falhou o otimismo dos que
calculavam que a progressão da procura acalmasse o mercado; o jeito foi pedirem os
paulistas ao governo federal duas medidas urgentes, emissão e moratória. Pediam-lhe,
numa palavra, que cancelasse o compromisso de sanear a moeda. O presidente recusou.
Não interviria com medidas dessa natureza; e porque o Instituto era do governo estadual,
que este providenciasse... Os banqueiros ingleses podiam salvá-lo. Retraíram-se,
envolvidos na débâcle.

Faiscou uma frase irônica — ao perguntarem a João Neves quem chefiaria, afinal, a
revolução. O general café. Assis Chateaubriand chegara a esta conclusão: o primeiro
inimigo da ordem instituída era o general café; ou fosse a ruína agrícola abraçada à
decepção nacional...742 Em 25 de novembro levou o líder da Aliança à câmara — em forma
de análise e denúncia — o problema: e a catilinária a consolidou.743 Em 2 de dezembro leu
Vargas na Esplanada do Castelo — em meio de denso povo — a sua “plataforma”.744
Começava pela anistia, pedia o voto secreto e a direção das mesas eleitorais pela justiça
togada, estendia a mão ao operariado (rompendo o limite da campanha liberal) e concluía
satisfatoriamente, apelando para o esquecimento benigno de ódios e prevenções...

Comparada a linguagem do candidato com a veemência dos discursos parlamentares,


podemos definir as paralelas desse momento. Ao lado do homem tranqüilo que lhe servia
de bandeira, trabalhava, irredutível, a ala revolucionária, disposta a não ceder ao fato
consumado — de uma eleição de resultados conhecidos — nem ao preconizado epílogo
de acomodações e renúncias. Iria até o fim. Os acontecimentos de dezembro documentam
essa decisão.

Assoberbada pela intervenção das galerias e pela violência dos debates, resolveu a
maioria — na semana do Natal — não dar número à câmara. Os oposicionistas
replicaram-lhe, indo para as escadarias externas, onde, dia após dia, entretiveram o
entusiasmo dos circunstantes. Foi ao cabo de um desses comícios que uma cena terrível
enlutou o Congresso. Em breve conflito entre deputados tombou morto o ardoroso
“prestista” Sousa Filho, da bancada pernambucana.745 Encerrou-se assim o ano político de
1929. Velado no Rio por indizível angústia e assinalado nos estados por uma exasperação
sintomática. Alcançou o clímax em Minas (onde Melo Viana e Carvalho Brito, chefes da
dissidência em favor de Júlio Prestes, escaparam de morrer num tiroteio em Montes
Claros), no Rio Grande do Norte, no Espírito Santo, no Recife, na Paraíba... Sobretudo na
Paraíba, onde a luta se afeiçoou às condições locais, com a insurreição de José Pereira na
cidade de Princesa.

PARAÍBA EM FOGO

Correligionário do presidente do estado até às vésperas do pleito (22 de fevereiro), com


ele rompeu José Pereira declarando-se pela candidatura Prestes, com a alegação de que
não fora ouvida a comissão do partido sobre a chapa de deputados. Desligava-se da
situação estadual para encabeçar a oposição (dirigida pelo Desembargador Heráclito
Cavalcanti) com a esperança de que o governo federal interviesse, pondo abaixo João
Pessoa.746 Sublevaria o sertão. Foi o que fez (como Floro Bartolomeu, em Juazeiro, contra
Franco Rabelo): armou os seus cangaceiros... Hesitou — cauteloso — o governo paraibano
em atacá-lo; limitou-se a retirar de Princesa as autoridades. Evitaria que ali houvesse
eleições... Era o que menos importava. Entrincheirou-se José Pereira na sua cidade; e a
força policial fracamente municiada — esboçou em torno dela um cerco difícil. Tornou-se
para João Pessoa desesperadora a crise, porque, enquanto o inimigo se abastecia nos
estados vizinhos, o governo central tudo lhe negou, a começar pela aquisição de armas e
balas. Apelou para os aliados políticos, que lhe forneceram algum material, dissimulado
engenhosamente, em meio de mercadorias exportadas, fugindo à fiscalização federal.747
Momentos houve em que os soldados tinham apenas de cinco a dez cartuchos.748 Remeter
pacotes de balas de rifle para a Paraíba se tornou o modo comovente de ajudar o homem
que prometia morrer no posto, lutando; e essa nervosa coleta — emocionando a opinião
nacional — preparou-a para assistir a um drama lancinante. Ninguém duvidou que se
aproximava quando, a 28 de abril, depurou a câmara toda a bancada governista da
Paraíba, reconhecendo os “deputados de Princesa” (como eram chamados os
oposicionistas, diplomados pela junta local).749 Essa violência (“esbulhada
criminosamente sua legítima representação”, telegrafou Epitácio Pessoa, indignado)
cortou as últimas ilusões aos que ainda confiavam numa solução de compromisso.

Correra, entretanto, o pleito de 1º de março; e apareceu normalmente eleito — com a


maioria prevista — Júlio Prestes. Logo após o reconhecimento pelo Congresso foi, a bordo
de um navio do Lloyd, visitar os Estados Unidos. Sem o caso paraibano agravado pelos
choques sangrentos entre a gente de José Pereira e a polícia de João Pessoa — talvez se
apaziguasse o país, como pensava, no seu otimismo imperturbável, o presidente da
república. Não lhe faltavam argumentos para esta convicção: a tranqüilidade que lhe dera
em dezembro o candidato liberal, dizendo que seria respeitado o veredicto das urnas,750 as
entrevistas conciliatórias do velho Borges, que eram ordens de desarmamento e paz,751
sobretudo a mudança que em Minas ia operar-se, com a subida ao poder de um homem
sem paixões, na idade provecta dos conselhos mansos, Olegário Maciel... Na própria
ênfase de João Neves se lia a desistência à revolução, com o substitutivo das idéias, para
depois... “Ficamos onde estávamos, fiéis às idéias consubstanciadas no programa”.752 Dois
fatos desastrosos dissiparam esse torpor: a degola dos representantes aliancistas de Minas
(eram 14) e da Paraíba (toda a bancada); e a atitude bravia de João Pessoa. Para atear o
incêndio, servia essa fagulha...

PARA O PRÉLIO DAS ARMAS

Recrudesceu a conspiração. Foi buscar ao exílio os oficiais revolucionários, de quem


acabava de separar-se Luís Carlos Prestes, trabalhado, desde novembro, por outra crença,
contrário aos golpes políticos, disposto doutrinariamente a fazer a revolução própria, a
comunista.753 Outra perda grave que sofreram foi de Siqueira Campos, vítima de um
desastre de aviação nas águas do Prata.754 Salvou-se nessa ocasião seu companheiro de
viagem João Alberto, coordenador do movimento armado, cuja direção em Porto Alegre
passou às mãos enérgicas de Osvaldo Aranha. Em 1º de março evadiu-se Juarez Távora da
Fortaleza de Santa Cruz e foi instalar na Paraíba — sede natural do movimento ao norte
— o seu quartel-general.755 Fatores inestimáveis foram para ele o rádio, o telégrafo (para
os cifrados), o avião. Nunca os antagonistas do governo viajaram tanto, entre Porto
Alegre, Belo Horizonte, o Recife, em confabulações sigilosas, cujo sentido era
transparente. Mas Washington Luís não participava das apreensões gerais. Bastou-lhe,
como índice do desânimo que lavrara naquelas hostes, Antônio Carlos: governo não
perde; o golpe inseguro o revigoraria...756 Furioso com o recuo mineiro, vendo tudo por
terra, num repelão, Aranha abandonara a secretaria do Interior. O situacionismo gaúcho
— orientado pela prudência borgista — inclinava-se para a composição, a paz... É digno
de nota o paradoxo, de se pronunciarem pelo desfecho das armas os expoentes da ordem
— contra quem as tinham brandido cadetes e tenentes de 1922 e de 1924 — Epitácio e
Bernardes. Este (não faltou quem lembrasse Feijó, legalista de 37, revoltoso de 42) não via
“saída digna” “senão pela porta da revolução”.757 Aquele, com azedume e destemor,
atirava à face do governo o protesto paraibano: e como presente de aniversário, mandava
ao presidente do estado, seu sobrinho, um embrulho de balas...758 Ninguém imaginara que
fosse tão longe a contradição do destino, e os homens, cujo poderio quebrara em 22 e em
24 as acometidas dos quartéis, se transformassem, por força das circunstâncias, em seus
conselheiros — ombro a ombro com os veteranos de Copacabana, com os comandados de
Isidoro e Prestes. Ressalvava Bernardes a unidade de Minas; Epitácio, a da Paraíba. Os
outros, estavam na coerência da vida. A revolução, entretanto, como que se pulverizava
em esperanças frustras, quando um imprevisto a desencadeou: o assassinato de João
Pessoa, no Recife, em 26 de julho.759

O TERRÍVEL IMPREVISTO

O crime originou-se na campanha da imprensa ligada ao presidente paraibano contra


João Dantas, aliado de José Pereira. Exacerbou-se-lhe o ódio com a publicação de papéis
particulares, arrecadados durante uma diligência policial, para descobrir armas e
munições que porventura escondesse; e jurando eliminar João Pessoa — que aliás nunca o
vira — surpreendeu-o numa confeitaria do Recife, entre amigos. Não lhe deu tempo para
um gesto de defesa; bradando “sou João Dantas”, descarregou-lhe no peito o revólver. Por
mais que se quisesse atribuir o atentado ao caráter mesquinho de uma vingança primária,
ninguém, nessa altura dos acontecimentos, poderia tirar-lhe a natureza política, de
martírio do homem valente, sacrificado à brutalidade dos algozes. Caíra com ele o seu
povo; ou antes, com ele se alçava o seu povo... E tanto foi assim, que não houve mais detê-
lo na expansão clamorosa da sua dor, no ímpeto feroz das suas represálias: na mesma
noite encheu as ruas da capital do estado gritando vivas à revolução, queimou as casas dos
correligionários de Dantas e Pereira, pôs-se em pé de guerra. A trasladação do corpo para
o Rio de Janeiro, num vapor costeiro, converteu-se numa cerimônia de expiação nacional.
Por pouco não se ensangüentou a avenida central, quando, em delírio, a multidão exigia
que por ela passasse o féretro, e a autoridade, desajeitadamente, tentava mudar-lhe o
itinerário...760 No Rio Grande, foi o sinal do levante.

Promoviam para a noite de 26 de julho os amigos de Osvaldo Aranha um banquete:


festejavam-lhe a conduta resistente. Em meio ao jantar — sublinhado de melancólicos
desenganos — rastilhou, como fio de pólvora, a notícia. Mataram João Pessoa! A
homenagem partidária transformou-se num comício incandescente, às janelas do Clube
do Comércio, o povo na rua, colérico, a pedir a revolução... Na câmara, Lindolfo Collor
(substituto, na liderança, de Neves) clamou, patético: “Presidente da república, que fizeste
do presidente da Paraíba?”.761

Em agosto a revolução era inevitável como uma precipitação meteorológica.


Despenhava-se. No dia 7, os acadêmicos de São Paulo rechaçaram, a pau e tiro, a
polícia,762 esboçando, no Largo de São Francisco (seu “território livre”!), a primeira
barricada. Era sintomático. Borges consentia, demovendo, com a aprovação reticente, a
brigada policial do Rio Grande; concordava Getúlio; em Minas estavam de acordo o
presidente que saía e o que entrava, este, o velho Olegário, persuadido por auxiliares
animosos, como Cristiano Machado; e da Paraíba Juarez recebia e emitia instruções. Sob a
chefia do Tenente-coronel Pedro Aurélio de Góis Monteiro763 — organizou-se em Porto
Alegre um Estado-maior, com João Alberto, Miguel Costa, Aranha, Estillac. Por Minas,
falava Virgílio de Melo Franco. Colaboravam legalistas de ontem e revolucionários
impenitentes. Do outro lado o presidente demonstrava confiança e fleuma. O telegrama
que no dia de sua posse (7 de setembro) lhe enviou Olegário Maciel, tinha uma frase
promissora: aludia à confraternização brasileira. Nesse dia passou ele em revista a tropa
no Rio, percorrendo, de carro aberto, as avenidas em festa. Triunfava. O presidente
interino da Paraíba, Álvaro de Carvalho, restabelecera a ordem e correspondia-se com o
governo federal, que resolveu extinguir o foco revolucionário de Princesa, e, sem intervir
na administração civil, fez convergir para a cidade cercada vários batalhões, sob o
comando do General Lavenère Wanderley. Intimado para entregar o armamento,
dispersando a sua gente, José Pereira cedeu. Fora balde de água no braseiro. Acabou-se,
sem mais nada, a sublevação — o que teria sido providencial dois meses antes, e agora
pouco valia. O erro patenteava-se, pelas conseqüências. Com a rendição ou a reincidência
do cangaço, sem medidas apaziguadoras ou com elas, fossem quais fossem as idéias
conciliatórias que brotassem, a revolução estava combinada, tecida e pronta: a questão era
de dia e hora. Adiada duas vezes, foi fixada para as cinco e meia da tarde de 3 de outubro,
aviso que entretanto Juarez entendeu mal, motivo por que, na Paraíba, a retardou para a
madrugada de 4.764

Apesar do sigilo, transpirou,765 sem que o governo se apercebesse do que ocorria.

Foi tomado de surpresa, do Sul ao Norte do país.

XXXV: A REVOLUÇÃO DE 1930

DE SUL A NORTE

Começou a revolução na hora marcada — cinco e meia de 3 de outubro de 1930 — com o


assalto ao quartel-general de Porto Alegre, dirigido por Osvaldo Aranha e Flores da
Cunha — com cinqüenta homens. Após cerrado tiroteio, os atacantes dominaram a
resistência e prenderam o General Gil de Almeida. Fato singular: confiando na coesão das
suas forças e desatento aos boatos, não adotara o general medidas especiais de prevenção.
Todos cochichavam o segredo... público, do levante que não tardaria, e, para cúmulo das
apreensões, fechara o comércio uma hora antes; entretanto no quartel-general havia
perfeita calma quando lhe entrou as portas, com a violência de um tufão, o magote
revolucionário. Igual estupor se apossou das outras unidades federais, investidas
simultaneamente. Assim, no Morro do Menino Deus, onde aquartelava o núcleo
principal, cercado e rendido pela tropa de João Alberto; o arsenal de guerra, o esquadrão
da região (com a morte do comandante, Capitão Jaime Argolo Ferrão)... Menos o 7º de
caçadores, cujo comandante, Benedito Acauã, impávido diante da artilharia, só cedeu na
madrugada de 4, mas com o argumento de que cessara a luta. Desistiu, assinando solene
convenção. A facilidade da vitória em Porto Alegre espelhou a situação do estado.766 Ante
o fato consumado, as guarnições confraternizaram com a rebelião. A 5, havia
unanimidade no Rio Grande.767 Mas não se detivera na fronteira. Miguel Costa invadira
Santa Catarina pelo eixo ferroviário, rumo de União da Vitória, Filipe Portinho a ele se
incorporou transpondo a Serra da Estrela e Trifino Correia entrou pelo litoral. Sob o
comando do Tenente Alcides Etchegoyen se organizou com 2.800 homens o primeiro
destacamento pesado que saiu do Rio Grande.768 Este ímpeto da revolução — lançando-se
para fora do estado — foi a condição inicial do triunfo. Punha as guarnições vizinhas no
dilema de combater ou aderir. Aderiram, predispostas pelos entendimentos prévios, na
camaradagem dos quartéis. Na antemanhã de 5 explodiu em Curitiba, com o sacrifício de
um único oficial, o Coronel Correia Lima, do 15º. Evadiu-se o Presidente Afonso
Camargo no último trem de Paranaguá. Getúlio Vargas foi ali recebido com estrondo.
Rolando dos pampas, esbateu-se a onda revolucionária nos barrancos do
Paranapanema.769 Mediria forças com a legalidade em dissolução — no passo de Itararé, o
encontro mais sério de quantos se tinham travado no país...

Mas não se deu...

EM MINAS GERAIS

Na Paraíba tudo sucedeu conforme o previsto. Em Minas Gerais foi diferente.

À hora marcada reinava em Belo Horizonte a doce paz das tardes sertanejas. O 12º de
infantaria, cujo quartel, em posição dominante, parecia invulnerável como um castelo-
forte, respirava a mesma suave quietação: tanto que o comandante, Coronel José Joaquim
de Andrade (interinamente na chefia da região) se recolhia àquela hora à casa. Com igual
despreocupação os oficiais, encerrados os trabalhos do dia, andavam, dispersos, pela
cidade. O plano primitivo (Odilon Braga) consistia em aproveitar a calma vespertina para
de súbito, em caminhões, que se precipitariam pelos portões abertos, arrojar na praça a
polícia mineira: tomaria de assalto, sem dar tempo à reação, o único núcleo federal de
Belo Horizonte. Como em Porto Alegre... Cristiano Machado receou o insucesso,
morticínio, o preço da temeridade: e preferiu atrair o comandante, convencê-lo, deter os
oficiais, e, por seu intermédio, conquistar sem sangue o objetivo. Não foi assim que o
Coronel Andrade repeliu a proposta, e porque o quisessem prender à entrada da
residência, mandou que o soldado que lhe dirigia o automóvel desse o alarma. Espocaram
tiros. Chegou o aviso ao 12º; a sua primeira viatura, com oficiais e praças, que voltavam
atropeladamente ao quartel, foi interceptada pelo fogo da polícia; e o Major Pedro
Leonardo de Campos assumiu ali o comando geral, o Capitão Josué Freire o do
regimento. Tinham 385 homens (seu reduzido efetivo) para sustentar o cerco, durante
cinco dias de fuzilaria impiedosa.770 Só se rendeu o regimento — admirável na resistência
rija — por falta de água e víveres, isolado na colina, varejado de metralha, sem saber o que
lá fora ocorria (pois ficara privado da radiotelegrafia, com o corte dos fios elétricos),
ilhado na cidade em pé de guerra...

Caído o baluarte de Belo Horizonte, vencia no estado a revolução. O centro de


operações tinha de ser Juiz de Fora. Sendo a sede da 4ª região, podendo o combate no
centro urbano causar danos abomináveis, decidiu o governo mineiro retirar para Ubá a
força policial, concentrar em Barbacena os elementos de ataque, e desfechá-lo — visando
uma das alas à estrada de Ubá a Entre Rios, sobre Petrópolis. No Sul, o regimento de
cavalaria de Três Corações enfrentou como pôde o assédio: acabou capitulando. As forças
paulistas entraram perigosamente por Ouro Fino, Guaxupé, Passa Quatro; outra coluna
saiu de Ribeirão Preto para Uberaba... Poderiam esses destacamentos (de algumas
centenas de praças cada um) alcançar os caminhos da capital,771 e ameaçá-la, antes das
batalhas que se anunciavam na Mantiqueira — e, sobretudo, do choque de armas de
Itararé? Ou se destinavam a aliviar a “frente” de Leste, a cargo da guarnição do Rio de
Janeiro? Os fatos, sobrepondo-se aos cálculos, não deixaram dúvidas. A legalidade
demorava-se; a revolução expandia-se.

NO NORDESTE

Ao Norte as coisas se passaram rapidamente. Juarez Távora iniciou o levante no Recife,


enquanto na Paraíba o dirigiam, no próprio quartel do 22º (que, como o 12º de Belo
Horizonte, era o núcleo solitário da legalidade no meio de uma população revoltada), os
Tenentes Agildo Barata e Juraci Magalhães. Foi-lhes fácil (comandava este a companhia
de guarda e se dispusera aquele à ação fulminante) ocupar o quartel, inutilizando, com o
inopinado do golpe, a resistência do General Lavenère Wanderley e de alguns auxiliares.
Não puderam defender-se. O general ainda quis persuadir, impondo a Agildo a sua
autoridade: tombou ferido mortalmente, com uma bala no ventre. O Tenente Paulo Lobo
foi morto no leito, ao levantar-se. Os Tenentes Sílvio Silveira e Raul Reis tiveram o mesmo
fim.772 Estes, e em Sousa o Coronel Pedro Ângelo e o Major César Castro — que caíram
combatendo — foram as vítimas da revolução na Paraíba — que crepitou como fogo em
palheiro, naquela terra mais do que todas preparada para esses excessos. Estavam todos
com ela. No Recife, onde coordenava a conspiração Carlos de Lima Cavalcanti, o clima
era distinto. A ordem agüentava-se pela inércia — frouxamente. De começo, o
movimento — encabeçado pelo tiro de guerra 333 — redundou em malogro, que a
inatividade da polícia e a cumplicidade de outros corpos não quiseram explorar. Usar-se-
ia a artilharia, contra os amotinados. E o Governador Estácio Coimbra foi avisado de que
devia deixar o palácio. Ficava na área de fogo. Após resistência tenaz, decidiu-se o
governador a embarcar, com os secretários, num rebocador; e foi para Barreiros.773 Partiu
Juarez — ao verificarem-se os primeiros embates — para a Paraíba, a reunir a tropa
disponível. Mandou-a para o Recife, sob o comando do Tenente Juraci Magalhães. Entrou
pacificamente. Pulverizara-se o poder legal. O povo estava nas ruas, ovacionando. Com a
mesma brevidade — que foi apresentar-se e ocupar — outra coluna paraibana tomou
Natal; e assim aderiram o Ceará (à notícia de que a invasão se dera, irresistível, pelos
sertões), o Piauí, o Maranhão... Somente em Belém o Governador Eurico Vale, com a
polícia, energicamente, lograra dominar o 26 de caçadores. Abriram-se os caminhos do
Sul ao “exército revolucionário” que, sob o comando de Juarez, general agora, desceu para
Alagoas, Sergipe, Bahia. Aí estabelecera o General Antenor Santa Cruz a chefia das
operações (instalando-a num vapor do Lloyd atracado ao cais), apoiando ao governo
estadual, e com a esperança de deter nas ribanceiras do São Francisco os rebeldes —
graças aos sertanejos de Franklin de Albuquerque e Horácio de Matos. O 19 de caçadores
os esperaria na linha do Itapicuru... Batalhões da polícia cobririam Alagoinhas...

PROPORÇÕES DA LUTA

A revolução empolgara o estado do Espírito Santo; e apoderara-se de Vitória, secionando


as comunicações, pela costa, de Norte a Sul. É verdade que não afetava a solidez das
posições do General Santa Cruz, abastecidas por mar; e o couraçado São Paulo já se
preparava para intimar o Recife... A despeito de tudo, não era estrategicamente má a
situação da legalidade nas linhas vitais do Paranapanema, da Mantiqueira, do Nordeste.
Ameaçava ruir por outro motivo: a convicção do exército, de que luta em tão vastas
dimensões não devia decidir-se sangrentamente, em campo aberto, mas por um meio
conciliatório qualquer... O que ocorria no setor paranaense era tremendamente
significativo. Os revolucionários rio-grandenses com os camaradas do Paraná se tinham
distendido numa longa “frente” de Cambará a Jaguariaíva (Alcides Etchegoyen), a Itararé
(Miguel Costa e Flores da Cunha), à Capela da Ribeira (João Alberto), tendo diante de si
forças federais e paulistas sob o comando dos Coronéis Pais de Andrade e Palimércio.774
Das guarnições do Sul, apenas a cavalaria, de Castro, se passara a São Paulo. Ligeiros
encontros (o maior, o combate de Catiguá)775 tinham revelado o ímpeto de uns, a
obstinação de outros. Pais de Andrade queria contra-atacar, entrando pelo Paraná.776
Preparavam-se os revolucionários para envolvê-lo, isolando as posições de Ribeira e
Itararé... Suspendeu-se a luta em 25 de outubro, sem que se soubesse qual dos exércitos
venceria no projetado choque. Positivamente, seria formidável. O Presidente Washington
acreditava-o decisivo.

A QUEDA DA LEGALIDADE

Em redor dele, depois de 8 de outubro, quando caíra o 12º de Belo Horizonte, era geral o
desânimo, a contrastar com a sua tranqüilidade fatalista. Nem um instante mostrou
receio, desalentou-se em atitudes dúbias ou concordou com o derrotismo que o cercava: a
sua autoridade parecia crescer com os imaginários batalhões, a deserção dos
governadores, os progressos visíveis da revolução. Dispunha dos efetivos militares seguro
de que era realmente, como se lê na Constituição, o chefe das forças armadas. Ao
deputado (Cordeiro de Miranda) que lhe objetou que um batalhão saía para aderir,
respondeu: “Cumpro o meu dever, o batalhão cumpra o seu”. Confiava na 2ª e na 4ª
região; fazia ouvidos moucos às vacilações da 1ª, no Rio de Janeiro, onde lavrava,
evidente, a conspiração. Era compreensível que alguns generais, desgostosos com a
política oficial, e pessimistas em face do seu insucesso, desejassem evitar que o país se
dividisse em dois exércitos que se destroem, como os Estados Unidos ao tempo de
Lincoln. Um deles, porventura o de maior renome, Tasso Fragoso, acreditava na derrota
do governo.777 Consultado antes por Lindolfo Collor, dissera repugnar-lhe tomar armas
contra a legalidade; mas lhe faltava entusiasmo para ajudá-la. Destacaram-se, à frente do
movimento na capital, os Generais João de Deus Mena Barreto e Leite de Castro,
comandante da artilharia de costa. Juntou-se-lhes o Coronel Bertoldo Klinger. Nada
parecia mais fácil do que, em dado instante, se recusarem os quartéis a obedecer ao
governo, e, por intermédio de uma junta, destituí-lo, para as confabulações da paz. Base
popular para tanto não faltava, com o espírito das ruas empolgado pela causa
revolucionária, as famílias alarmadas com a convocação dos reservistas, dominada a
cidade pelos boatos mais desfavoráveis ao presidente — inabalável, na firmeza da sua
autoridade. O Ministro da Guerra desconfiou do General Leite de Castro e mandou-o, à
inspeção de tropas, para o interior fluminense. Mena Barreto, a 23, deu o sinal do levante,
combinado, já então, entre as unidades próximas. Nesse dia o Cardeal Dom Sebastião
Leme falou ao presidente. Chegara o tempo de conciliar... Polida, mas severamente,
contestou que o governo tinha suficientes elementos para debelar a revolução.

Na mesma noite se recolhia Mena Barreto ao Forte de Copacabana (onde pouco depois
chegava Tasso Fragoso) e Leite de Castro — voltando de Campos — à Fortaleza de Santa
Cruz. Subscrita pelos dois primeiros, e pelo Coronel Klinger, a ordem de operações,778 e
transmitida aos demais corpos da região militar, só então o Ministro da Guerra conheceu
a realidade das coisas. Era tarde para a reação. Achava-se praticamente destituído o
governo quando — a horas mortas de 23 para 24 de outubro, reuniu Washington Luís, no
Guanabara, o ministério.

O seu pensamento era invariável: resistir. Ao amanhecer verificou-se que não seria mais
possível. Revoltara-se todo o exército. Às oito e meia apresentou-se ao Forte de
Copacabana o General Malan d’Angrogne: foi encarregado de assumir o comando do 3º
de infantaria (à Praia Vermelha) e da Fortaleza de São João. No quartel do 3º, entregou
Malan ao Coronel José Pessoa o comando do regimento, em marcha sobre o palácio
presidencial. Às nove horas troou a artilharia dos fortes: era o sinal da revolução. Em vôo
baixo, um avião do Campo dos Afonsos deixou cair sobre o de Copacabana a mensagem
de adesão da Vila Militar. Aderiu a polícia... Tomada a praia de Botafogo pelo 3º,
engrossado com numerosos civis munidos de armas de guerra, avançou a coluna até a
esquina da Rua Farani. Conduz esta ao Guanabara. Tasso Fragoso e Mena Barreto
puseram-se à dianteira, e, de cambulhada, soldadesca e povo rumaram para os portões do
palácio — a intimar o presidente. A guarda, fuzis ensarilhados, repousava nos pátios.
Parecia adormecida a grande casa, fechados os batentes, as janelas cerradas... Ficaram de
fora, ao longo dos gradis, os populares brandindo as suas armas e o 3º de infantaria,
enquanto os generais — forçando a entrada — iam entender-se com o General Teixeira de
Freitas, chefe da casa militar do presidente. Pediam para falar-lhe. Esperaram algum
tempo, impacientes: e porque o presidente não os chamasse, atravessaram várias salas, até
o encontrarem, com os ministros, no seu gabinete de trabalho.779 A cena foi aí ríspida e
breve. Ao dizer Tasso Fragoso que o que mais o preocupava era a sua vida, respondeu:
“Pois é a única coisa que não me preocupa”. “Se V. Ex.ª não quer submeter-se”, insistiu,
“ficará responsável pelo que lhe suceder”. E os generais se retiraram. “Podem bombardear
à vontade!”, exclamara Washington, momentos antes, quando constou que esta era a
ameaça.780 Não sairia... Ocorreu aos generais chamar o cardeal. O seu palácio prestava-se
para asilo. Chegou solicitamente Dom Sebastião, com Monsenhor Costa Rêgo. Mudaram
de idéia. O Coronel José Pessoa opinava por uma fortaleza. Dispunha-se a levá-lo
preso...781 Da rua subiam os gritos da multidão: qualquer imprudência poderia desvairá-la.
Persuadido — às cinco da tarde desceu Washington Luís, ao lado do cardeal, dignamente,
sem ter jamais desmanchado a calma imponência dos seus gestos austeros, a escadaria do
palácio. Num automóvel, com o prelado, Tasso Fragoso, e alguns militares à volta, como
para o protegerem, foi transportado para o Forte de Copacabana.

Na cidade, grupos exaltados depredavam e incendiavam jornais; enchiam-se as avenidas


de automóveis cheios de soldados e civis, alguns com bandeiras encarnadas, num regozijo
ruidoso; e, já sem medo, saía o povo às ruas, a ver a festa. Além de tiroteios esparsos, do
fogo ateado àquelas redações, de alguns episódios pitorescos incluídos no espetáculo
imprevisto — nada mais houve que o impressionasse. Voltou a paz sob a direção vacilante
da junta de governo composta dos pacificadores, Tasso Fragoso, Mena Barreto, Almirante
Isaías de Noronha, que a custo consentiu em participar, em nome da Marinha.

Dirigiria o país até a reorganização? Por que não “com elementos que inspirem
confiança ao Presidente Getúlio?”.782

O chefe do Estado-maior da revolução fulminou a hipótese: o governo cabia a Vargas,


na qualidade de... “presidente dos Estados Unidos do Brasil, não reconhecido e esbulhado
por ato de prepotência”.783 Ou retomariam a marcha! A esta altura, ninguém mais lhe
resistiria. Acedeu a junta, com desprendimento.

“Até que chegasse o presidente”..., manteve a ordem. Ou esta se manteve, automática.784


Chegou o presidente, na tarde de 3 de novembro — para começar o extenso governo que
abre na história da república o seu capítulo contemporâneo.

XXXVI: A NOVA REPÚBLICA


DITADURA... E PROGRAMA

A 3 de novembro de 1930 investiu-se Getúlio Vargas na presidência da república.

“Assumo provisoriamente o governo da república” — declarou — “como delegado da


revolução, em nome do exército, da Marinha e do povo”.

Subentendia-se que a função — no seu direito, de candidato esbulhado, segundo a


réplica de Góis Monteiro — tinha por fim organizar... a revolução. E pelo prazo que
aquelas forças lhe dessem.

Mas à organização devera preceder o programa.

Carecia a revolução (na mistura de oposições políticas e revolucionários “históricos”) de


um denominador comum de princípios ou de objetivos. Mais sensível era, no momento, e
no caso, a ausência de plano,785 que imprimisse ao governo (como em 1889), direção e
justificativa.

Ao fazer-se a república, havia, preparada para servi-la, uma elite de bacharéis e militares
positivistas. Abrira-se, entre estes e aqueles, o leal conflito de idéias, em cujo calor se
distorceu a estrutura do regime, com o presidencialismo autoritário e a federação
indecisa. Mas o inesperado sucesso da inconformidade encontrou, em 1930, dividido o
pensamento brasileiro em tendências divergentes, sem que as coordenasse, disciplinando-
as, a teoria da crise. Foi o que reconheceu três anos depois, na sua mensagem à
Constituinte, o chefe do Estado: “Movimento geral de opinião, não possuía, para guiar-lhe
a ação reconstrutora, princípios orientadores, nem postulados ideológicos definidos e
propagados”.

Realizada a tarefa preparatória — que consistiria em estabelecer as condições da nova


“legalidade [...] hão de convocar a Constituinte” — exortou, em São Paulo, um mestre do
direito — “como nos acaba de ser solenemente prometido. Não é razoável prolongar-se,
além do estritamente indispensável, o regime tremendo dos poderes discricionários”.786

Dela cogitou o governo provisório, porém em 1932...

Quando (na frase de um testemunho) se “principiou a engraxar um bacamarte


desprezado desde a última entrada sertanista: o regionalismo”.787

PLENOS PODERES

Teve caráter desconexo (de acomodação instável) o primeiro ministério da revolução, em


que ficaram três titulares nomeados pela Junta (Afrânio de Melo Franco, na pasta do
Exterior, e nas militares, General Leite de Castro e Almirante Isaías de Noronha) e
surgiram, ao lado do “homem do novo governo”, Osvaldo Aranha, Ministro da Justiça, o
banqueiro José Maria Whitaker (um dos dirigentes de São Paulo no secretariado de 24 de
outubro), Assis Brasil e Juarez Távora. Este responsabilizava-se pelo Norte.

O presidente do Partido Democrático (na pasta da Agricultura) tinha a sua ideologia, de


reeducador da nação pelo sufrágio. Whitaker, Ministro da Fazenda, encarregou-se de
enfrentar a crise do café — com os meios que Washington Luís lhe recusara: a compra dos
stocks, mediante a taxa especial de dez shillings, elevada depois a quinze, e — como
alhures se praticava — a incineração, que mantivesse o equilíbrio estatístico. Parte dessas
sobras foi trocada por trigo norte-americano.788

Nenhum outro presidente enfeixara ainda, nas mãos civis, maior soma de poderes do
que Getúlio Vargas.

A Lei de Organização de 11 de novembro (redigida, a pedido de Aranha, pelo


jurisconsulto Levi Carneiro) assegurou a estabilidade judiciária, ressalvando o
funcionamento dos órgãos indispensáveis à ordem administrativa.

Não lhe cerceou o arbítrio legislativo.

Duas sugestões de Levi Carneiro foram recusadas pelo presidente: o recurso dos atos dos
interventores dos estados789 para um conselho de antigos presidentes (Venceslau,
Epitácio, Bernardes) e a competência, que teriam os ministros, de lavrar nomeações
interinas.790 Suprimiu Vargas estas restrições: os recursos, subiriam a ele. “Pairava acima
dos partidos políticos até então circunscritos aos âmbitos estaduais [...]. A visão estreita
dos regionalismos estéreis, que tanto sacrificou estados e regiões do Brasil em benefício de
outros, havia de estar fora dos anseios”.791

Afastada por enquanto a fórmula dileta da propaganda, que era justiça e representação,
tinha de reformar o país.

Mas em que termos, e com que gente?

GRUPOS E CORRENTES

Inclinou-se o ditador para a questão social, que invocara (com rara presciência) em Porto
Alegre, a 4 de outubro.792 Criou em 26 de novembro (entregando-o a um de seus mais
ilustres colaboradores, Lindolfo Collor) o Ministério do Trabalho. O da Educação (com
Francisco Campos) daria impulso à cultura, entorpecida e desalentada. A revolução
respondia, com isto, e desde logo, à República Velha, que uma feita rotulara de questão de
polícia a inquietação operária. Sobrepondo-se entretanto aos partidos dispersados e às
correntes novas, que se preparavam para substituí-los, surgira um grupo jovem de
triunfadores que limitava o seu poderio — e a sua prudência: o outubrista. Passou à
história com o apelido impróprio de tenentismo:793 porque nele se amalgamavam os
intransigentes do movimento, tanto a oficialidade moça, que o preconizara em 1922 e o
desfechara em 1930, como os correligionários civis, credores da fidelidade que lhes devia
o governo.

Menos Minas Gerais, os estados tinham perdido os seus governadores.

Como Floriano Peixoto — nos dias tormentosos da “derrubada” despachara os seus


agentes, nomeou o ditador os seus interventores. Se os tirasse das fileiras, preferindo para
a missão ambígua, de polícia e administração, os militares outubristas, repetiria a
experiência do marechal. Mas não usou processos lógicos; nem executou, a respeito dessa
apressada divisão de postos, um maduro plano de governo. Atendeu sumariamente às
exigências do momento (e do lugar), aceitando, para o Norte, os nomes recomendados
por Juarez Távora, fixando no Rio Grande o General Flores da Cunha, e (erro
considerável) entregando São Paulo ao tenentismo.

Para esse estado enviou o Capitão João Alberto Lins de Barros.

O CASO PAULISTA

Merece maior análise o caso paulista, exatamente porque aí se chocaram as forças civis,
arregimentadas pelo Partido Democrático, e a política de 1930. Com sagacidade poupara
Vargas a autonomia de Minas Gerais, respeitando o seu velho presidente, Olegário
Maciel. Representava, aos olhos da revolução, seu quociente decisivo. Se do mesmo modo
fosse tratado São Paulo, isto é, se o confiasse Vargas à gente que lá se apossou do poder a
24 de outubro, formando o secretariado logo reconhecido pelo comandante da região,
General Hastínfilo de Moura — disporia de forte núcleo liberal a que se apoiasse, para a
recomposição da ordem. Cedeu, porém, à reivindicação das jovens patentes, unidas aos
ortodoxos da revolução de base, que pretendiam reformar o país arredando os homens do
passado e as suas idéias. Para eles, democráticos e republicanos se confundiam...
Estrondosamente acolhido em São Paulo a 29 de outubro, estabeleceu Vargas uma
fórmula de transição: João Alberto seria o seu delegado, mas em harmonia com o
secretariado democrático. Acabou nomeando-o interventor. Para a secretaria de
Segurança, então criada, foi o Coronel Miguel Costa. Saíram, em conseqüência, os
democráticos. Romperam a 24 de março de 1931.794 A 28 de abril, impediu o Coronel
Costa que uma revolta armada depusesse o interventor. E o General Isidoro Dias Lopes,
que comandava a Região Militar, deixou o cargo, para que nele se investisse o General
Góis Monteiro. Dissentiram por fim João Alberto e Miguel Costa. Resignatário, indicou o
primeiro (com os outubristas do Rio de Janeiro) o jurista Plínio Barreto. Opôs-se o outro.
Recaiu a nomeação no presidente do Tribunal de Justiça, o íntegro magistrado Laudo de
Camargo. Teve de largar a interventoria por intimativa da Legião Revolucionária,
reagrupada, em setembro, e foi nomeado o Coronel Manuel Rabelo. A volta do
“tenentismo” sacudiu o governo provisório, do qual se retirou Whitaker (substituído por
Osvaldo Aranha), entrando Maurício Cardoso — do Rio Grande — para a pasta da
Justiça. O assalto sofrido pelo Diário Carioca, no Rio de Janeiro, pôs por terra o equilíbrio
tentado: demitiram-se os ministros gaúchos da Justiça e do Trabalho, o chefe de polícia
(Luzardo), João Neves, advogado do Banco do Brasil. A 2 de março — para limitar a área
do conflito irreparável, que aliava São Paulo e o Rio Grande — designou o ditador para
governar São Paulo um velho diplomata, o embaixador Pedro de Toledo.

O POVO NAS RUAS

Realmente o retorno do que aos paulistas se afigurava a “ocupação”, produziu,


espontânea, a fusão dos partidos, que pareciam destinados a se hostilizarem
interminavelmente, o republicano e o democrático (16 de fevereiro de 1932). Ressurgiram
na Praça da Sé, para o imenso comício de 25 de janeiro. A data dessa manifestação
popular — o dia da Cidade — coloriu, com o velho regionalismo, a agitação das ruas.
Hastearam-se as bandeiras de listas brancas e negras, do estado; os oradores invocaram os
brios tradicionais, São Paulo resistente, inconformado, autônomo, autêntico; de
“quatrocentos anos”.795 A consciência histórica colou as suas imagens (tão divulgadas na
propaganda da “guerra constitucionalista”) à irritação generalizada. Pareceu desarmar-se,
com a investidura festiva daquele venerando paulista, a quem só se desejava que
governasse livre de imposições, desembaraçadamente. A 22 e 23 de maio — imaginando
que a ditadura queria obrigá-lo a tomar secretários impopulares sublevou-se a multidão;
aclamou — espraiando-se pela cidade — o secretariado que lhe exprimia a revolta;796 e
consumou a vitória queimando a redação das gazetas ditatoriais e investindo a sede da
Legião Revolucionária. No tiroteio ali travado morreram os jovens Miragaia, Martins,
Dráusio e Camargo, cujas letras iniciais (MMDC) passaram a dar o nome à conspiração
constitucionalista.797

SEPARAÇÃO DE FORÇAS

O interventor rio-grandense, Flores da Cunha, interpretou, a 27 de maio, o pensamento,


praticamente unânime, da política de sua terra, comunicando a Vargas que devia ser
“mantida a todo transe” a solução dada pelo povo à crise paulista. Com esta ressalva, “os
partidos políticos do Estado, representados pelos seus chefes, Borges de Medeiros e Raul
Pilla”, lhe hipotecavam “inteiro apoio”. Respondeu com altivez o presidente, “não sofrer”
nenhuma pressão capaz de tolher a sua liberdade de agir no caso referido. A modificação do secretariado da
interventoria de São Paulo era coisa assentada [...]. Houve apenas surpresa na forma tumultuária do ambiente
subversivo em que tal modificação se deu. Nestas condições a manutenção do secretariado depende menos de outras
circunstâncias que da própria atitude posterior aos acontecimentos, pela prática de atos reveladores de firme
propósito de colaboração com o governo provisório, dentro do pensamento e normas da revolução.798

As frases cintilavam, numa e noutra mensagem, como espadas...

Nada mais simples, argüia a “frente única” (como em São Paulo, os partidos
conciliados): testemunhasse o chefe do governo a sua intenção apaziguadora,
principalmente a sinceridade, de restaurar no país a Lei, organizando um ministério que a
afiançasse!
CÓDIGO ELEITORAL

O governo provisório não cedeu à pressão, que se desenvolvera em torno de sua


autoridade, mas quis aquietá-la com a legislação prévia, que assegurasse afinal eleições
sadias.

Neste ponto satisfez os compromissos de 1929.

Decretado a 23 de fevereiro de 1932, o Código Eleitoral devia firmar pelo voto secreto,
pela justiça, pela proporcionalidade — base da organização partidária — sem esquecer o
sufrágio feminino, a verdade da representação... quando a houvesse.

Nesse sistema, pregado (e agora realizado) por Assis Brasil, presidente da comissão
elaboradora, o teórico da Democracia Representativa alcançou a meta que há quarenta
anos perseguia — contra a intransigência do velho regime. Reconheceu, ao traçar-lhe as
linhas mestras, que só o voto secreto evitaria “a arregimentação de rebanhos eleitorais,
desfilando publicamente diante do chefe, ou dos seus caixeiros de eleições, de quem
recebem a ração de opinião que têm de deitar na urna”.799 Na vigência daquela honrada lei
teriam os pleitos a cota de veracidade que sempre lhes faltara. Pela obrigatoriedade, pelo
sigilo, pela apuração, sobretudo pela tutela judicial desse processo, a fim de que não
continuasse a proclamação dos eleitos a depender de maiorias facciosas, pesaria a vontade
do povo; encarregar-se-ia de dar sentido e forma à revolução... frustrada. Os sucessos de
São Paulo forçaram o governo a criar, em 14 de maio, a comissão incumbida de redigir a
Constituição. E anunciou as eleições para 3 de maio de 1933.

XXXVII: O MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA

9 DE JULHO

As negociações para a recomposição de um ministério pacificador estenderam-se, sem


êxito, até fins de junho de 1932.

Ao começar o mês de julho, acentuara-se a expectativa do movimento armado, que


surpreendeu a 9 de julho — mas suficientemente preparado para dominá-lo o poder
central.

A “nevrose constitucional” (como se dizia) empolgou a nação. Irradiou, como outrora as


bandeiras, de São Paulo. Adquiriu a palavra o valor místico dos dias iniciais do império.
Constituição... ou morte! Estourou, intempestiva, essa contra-revolução, a 9 de julho de
1932. Antecipou-se porque no dia 1º o comandante da Região Militar de Mato Grosso,
General Bertoldo Klinger, desde 22 de maio solidário (em resposta ao apelo do General
Isidoro) com os sentimentos antiditatoriais de São Paulo800 — enviou ao novo ministro,
General Espírito Santo Cardoso, um ofício de censura à sua nomeação. Respondeu-lhe o
governo com a reforma administrativa (8 de julho). Entendia-se — e o próprio Klinger
fixara este acerto — que o movimento só se faria com o apoio mineiro e rio-grandense,
dando-lhe o Mato Grosso um contingente, que nunca poderia ser numeroso. Mas naquele
dia — tomada a demissão do general como a oportunidade para a revolta, de que seria o
comandante — se decidiu no Rio de Janeiro que o Coronel Euclides de Figueiredo iria
sem mais delongas sublevar São Paulo. Na noite de 9 assumiu o coronel o comando e
incruentamente conquistou a adesão de todas as unidades de combate. Pedro de Toledo
telegrafou então a Vargas: “Esgotados todos os meios que ao meu alcance estiveram para
evitar o movimento que acaba de se verificar na guarnição desta região ao qual aderiu o
povo paulista, não me foi possível caminhar ao revés dos sentimentos do meu estado”.
Renunciava, para que os chefes militares mantivessem a ordem... No dia seguinte o povo
(com o secretário da Justiça, Valdemar Ferreira, à frente) o aclamou governador de São
Paulo.

Explodira a revolução sem condições de vitória: prematura e descoordenadamente.


Faltaram-lhe os sustentáculos com que contara o seu Estado-maior. Chefe de polícia do
Rio de Janeiro, João Alberto teve mão nos entusiasmos constitucionalistas da capital.
Flores da Cunha (que aliás não disporia da colaboração do exército, obediente, no Rio
Grande, ao comando do General Andrade Neves) — declarou-se ao lado de Vargas. Em
Minas, o ex-presidente Bernardes não logrou interessar na revolução a milícia estadual.
Ao contrário, dos quartéis de Minas partiram para a investida da Mantiqueira os escalões
que mais eficazmente acossaram os paulistas. Só poderiam estes ganhar a guerra atirando-
se, de surpresa, para o Rio, pelos trilhos da Central (como em 1924 se projetara). Não lhes
foi possível a proeza. A despeito de tudo, na sua primeira semana o movimento se
condenou à defensiva, que conduzia às ações inconclusas, ao desgaste, à desilusão e à
derrocada.801

HISTÓRIA REPETIDA

O governo prontamente deslocou para o Vale do Paraíba (valendo-se de todos os veículos


coletivos disponíveis) as forças que sob o comando do General Góis ali barraram o avanço
constitucionalista. A situação estratégica tornou-se logo irretorquível — e singela.
Dificilmente ganharia um dos lados vantagens decisivas naquela frente, disputada palmo a
palmo. Resolver-se-ia a sorte da campanha na fronteira de Minas (alturas da Mantiqueira)
e na do Paraná (Itararé e Ribeira). Ao Sul, comandados pelo General Valdomiro Castilho
de Lima, os batalhões do Rio Grande, de Santa Catarina, do Paraná, transpuseram a zona
limítrofe (o velho caminho tropeiro de Sorocaba) e progrediram sobre Buri, Capão
Bonito, Itapetininga. Retardou-se a força de Minas (com a perplexidade causada pela
atitude do comandante da região, General Borba, simpático à revolução) em apresentar-se
no Túnel, ocupado vigorosamente pelos paulistas. Estabilizou-se acolá, como no Vale do
Paraíba, a linha de combate, mas a coluna do Coronel Eurico Gaspar Dutra (comandante
do regimento de Três Corações) manobrou em direção ao Rio Eleutério, Itapira e
Campinas, enquanto a do Coronel Cristóvão Barcelos entrava pelo Mojimirim. A
esquadra bloqueou os portos do litoral e outra coluna legalista tentou atingir o planalto
pela Serra do Cunha. A esse amplo movimento de assédio e invasão antepôs o comando
rebelde a resistência tenaz, alimentada moralmente pelas promessas de apoio dos estados,
onde se julgava iminente a revolta, e pelo admirável entusiasmo paulista. “Para dar tempo
a esse acontecimento externo” — são palavras do General Klinger — “para não dar por
perdida a partida antes do tempo, a senha do alto comando foi ‘durar’!”.802 Evidentemente
terminaria um dia a “duração” estóica e brava: ao se desvanecerem as esperanças.

Dissiparam-se, com a prisão de Artur Bernardes e Borges de Medeiros, que debalde


quiseram sublevar as brigadas mineira e gaúcha. Quem se pusesse a filosofar sobre as
repetições da história, comparar-lhes-ia o gesto valente ao desespero de Feijó, nos
amargos tempos de Sorocaba. Na Bahia, insurgiram-se os estudantes (22 de agosto).
Vozes esparsas e desencontradas ressoaram, como um protesto eloqüente. Não dava para
aliviar a pressão que sofria São Paulo, a Leste, ao Norte, ao Sul, e acabou, a 1º de outubro.

A DURA RESISTÊNCIA

Para suportar três meses de campanha, trabalharam intensamente as fábricas paulistas;


houve prodígios de técnica e eficiência, reinou no estado uma extraordinária animação.
Dentre outras realizações citam-se: a produção de munição de infantaria, pouco a pouco, atingiu ao nível necessário;
foram fabricados morteiros leves e pesados e suas bombas; granadas de mão e de fuzil e de avião; lança-chamas;
máscaras antigases; foram encouraçados trens ferroviários e automóveis; foram montados canhões pesados sobre via
férrea, substituídos no Forte de Itaipu por simulacros; foram restaurados tubos de canhões de campanha; procedeu-se
à defesa minada do porto de Santos.803

Mobilizaram-se as classes, a começar pela industrial (presidida pela Federação das


Indústrias): engenheiros, químicos, médicos, estudantes, operários, empresas, associações,
escolas, sem faltar a tamanha concentração de esforços a solidariedade pública do clero.
Acorreram em massa os voluntários... Aos dias tristes, como o da morte do comandante
da Força Pública, Coronel Júlio Marcondes Salgado (ao rebentar um novo morteiro que se
experimentava), e do suicídio de Santos Dumont804 — sucederam momentos ruidosos de
júbilo, como ao chegar João Neves — para resgatar com a sua presença as decepções da
revolução — e ao se anunciarem os êxitos de armas nas “frentes” de Cunha e do Túnel. Na
verdade, era esmagador o cerco posto ao estado. Debalde rolaram propostas confidenciais
de armistício e acomodação. Falou-se em vão de governo coletivo, com Constituição
provisória, de rota feita para a normalização do país... A esquadra bloqueou os portos
paulistas. Nada puderam contra ela os “gaviões-de-penacho”, quatro aviões Waco, do
comando do Coronel Lísias Rodrigues. A aviação governamental operou sem obstáculos.
O exército do Sul (do General Valdomiro) levara de roldão a defesa, sobre a estrada real
de Sorocaba. Já agora o avanço ao Norte (Coronel Dutra) ameaçava Campinas... Resolveu
então a Força Pública, orientada por seu comandante, Coronel Herculano e Silva, tratar a
paz em separado (29 de setembro). Sentiu Klinger que chegara a hora da deposição das
armas. Consumou-se a capitulação em 1º de outubro, com a surpresa e a desaprovação da
“frente” de Leste. Como em 1842...

CONSEQÜÊNCIAS

Dominada a insurreição, as suas conseqüências foram reparadoras — e imediatas.


Reconstitucionalizou-se o Brasil, apesar do insucesso das armas alçadas com este lema; ou
por isto mesmo. Nem seria possível repetir o que passara: bastava a lição... Convieram
alguns autores do movimento: foi melhor assim. Ainda em relação à mais renhida das
lutas regionais no país, pode dizer-se o que anda nas histórias a propósito das da regência,
do império, da república. O malogro da rebelião ajudara o país a prosseguir... Contra-
revolução, suscitaria a resposta, a volta, a continuação das dissensões entrosadas nos
problemas sociais, apenas enunciados. Outras se emendariam àquela, até (como há cem
anos, na fase efervescente das quarteladas) que ressurgissem os Evaristos, os Feijós, os
Caxias de pulso e visão larga. Em suma: até que a autoridade restaurasse a paz nacional.
Vencedor, cauto e realista, Vargas se desincumbiu a seu modo dessa evolução.
Perguntaram-lhe um dia, como acabara com os “tenentes”. Explicou, bem humorado:
promovendo-os a capitães. Deixou-os (e ao clube 3 de outubro) urdir à margem do
governo um programa de esquerda, que transitou do “partido socialista” (1933) para a
“Aliança Nacional Libertadora” (1935). Cuidou de conciliar o desarmamento com o seu
predomínio irremovível, retomando o poder em São Paulo e serenando o resto do país
com as eleições corretas e a convocatória, no prazo marcado, da Assembléia Nacional
Constituinte. Substituiu no governo em São Paulo o Coronel Herculano (que precipitara a
capitulação) pelo General Valdomiro Lima, a 6 de outubro. Foram detidas as principais
figuras constitucionalistas, e, a bordo de um navio mercante, remetidas para o exílio, na
Europa. Não se lhes deu o direito de concorrer às eleições de 1933. Restituída porém ao
ritmo democrático, a política continuou mecanicamente a sua marcha. Os candidatos
paulistas saíram da “frente única”, que representou sentimentalmente as razões do grande
estado. Não as interpretaria evidentemente o delegado militar da ditadura. O preço da
evolução ordeira era então — como em 1931 — a nomeação de um “paulista civil”... O
comandante da região, General Daltro Filho, sucedeu na interventoria ao General
Valdomiro: foi quem deu posse ao engenheiro Armando de Sales Oliveira, recomendável,
por suas nobres qualidades pessoais, e até pelo alheamento partidário, para a função — e a
conjuntura. Exerceu-a com circunspecção e dinamismo, sem impedir que dele se
desligasse o Partido Republicano (o que o integrou no grupo democrático, com quem
tinha vivas afinidades) — mas disposto a reerguer São Paulo ao nível das altas soluções da
república.

Tornou-se natural pretendente à chefia da nação — em 1936.

Assim, pela porta legítima da terceira Constituinte, voltou o Brasil à moderação e à


lógica do seu desenvolvimento pacífico.
A VOLTA À LEI

A normalização da vida nacional com essa garantia de ordem (simbolizada na devolução


de São Paulo, vencido na refrega, à própria direção, como se a tivesse ganho) foi um
convite oportuno à política, para que enrolasse os estandartes de combate,
desmilitarizasse as prevenções agressivas e proclamasse as idéias reformistas.

Pela mão de Vargas, estendida aos constitucionais, os conservadores repeliam os


legionários, os intransigentes da República Nova, os extremados (como lhes chamou o
presidente na mensagem inaugural à Constituinte). Estava-se em 1933 mais perto de 1891
(o pensamento voltado para a “segurança jurídica”), do que de 1930. Retornava-se à
legalidade organizada. Alguns tinham pressa de apagar os vestígios da era ditatorial, como
um “equívoco”, de que restava o homem que podia conciliá-lo com as novas forças:
Getúlio Vargas. Outros — inconformados com o “desvio” — nele depositavam a sua
confiança com o objetivo oposto: de destroçar a acometida anti-revolucionária, já com o
pé no governo... Paciente e discreto, serviu Vargas a ambas as tendências: ou antes, delas
habilmente se serviu.

A CONSTITUINTE DE 1933

Presidida pelo Ministro do Exterior, Melo Franco, a comissão especial elaborara em


tempo o anteprojeto da Constituição.

Não seria por falta desse trabalho prévio que se extraviasse (como em 1823) o
Parlamento em debates estéreis. Começou a funcionar a 15 de novembro de 1933. Lembra
o de 1891 no afã (poderíamos dizer, na ansiedade) de reestruturar o regime; mas
assustado, como a primeira Constituinte — pela ameaça enervante do desbarate. O papel
que em 1891 exercera Prudente — com a austeridade lacônica — desempenhou em 1933
o seu presidente Antônio Carlos — com a plasticidade e a prudência do temperamento
frio. Prudente tinha a severidade majestosa, entretanto melancólica, dos apóstolos
civilistas. Encarnara as virtudes republicanas, ao serviço de uma legislação dogmática.
Irônico, cético, amável, o Andrada (com equivalente sucesso) era a sua antítese. Não
oferecia ao adversário a rigidez daquela ortodoxia; dominava-o pela malícia, pela
serenidade, pela tolerância. O primeiro foi o presidente ideal da câmara disciplinada. O
outro, o presidente providencial da câmara insegura e dividida que, a qualquer instante,
podia ser dissolvida pelas forças que desafiava e ofendia...

Fora os deputados políticos, havia os classistas, numa experiência de acordo da


representação liberal com o sindicalismo trabalhista, que dava ao governo a sua maioria
maciça.

A Constituinte não se opôs à administração; nem perturbou o governo de Vargas. A


condição de tudo terminar bem era, no final, a sua recondução: ou reproduzir-se-ia
(agravado pelas dissensões ideológicas) o ambiente explosivo que cercou, em novembro
de 1891, a confirmação do Marechal Deodoro na presidência da república que fundara.

XXXVIII: A TERCEIRA CONSTITUIÇÃO

O NOVO DIPLOMA

Apoiou-se o governo à sólida maioria de que dispunha na Constituinte. Mas não se pode
dizer que fosse dele a Constituição — promulgada em 16 de julho de 1934. Traduz a
mentalidade conservadora que, rotulando-se de progressista, de fato agarrada aos
princípios liberais da república, se opôs às linhas revolucionárias do anteprojeto.
Recomendara este o unicameralismo (em vez de Senado e câmara, a Assembléia Nacional
); a eleição, por ela, do presidente; a instituição de um conselho de 35 membros; a unidade
do processo judiciário e, em parte, da magistratura; amplas garantias sociais. Enumerara
os casos de “socialização” de empresas, a adjudicação aos posseiros da terra produtiva (em
cinco anos de ocupação incontestada), a ressalva da propriedade domiciliar
impenhorável, a restrição da herança à “linha direta ou entre cônjuges”, liberdade
sindical, expropriação do latifúndio, assistência aos pobres, salário mínimo...805 Novidade
que prevaleceu: a par do habeas‑corpus, para proteger direito líquido e certo, o mandado
de segurança (no México, juicio de amparo)...

Explicou Levi Carneiro:


Por outro lado, não é menos certo que a nossa Assembléia Constituinte de 1934 enfrentou correntes políticas
extremamente exageradas. Todos nos recordamos de que, ao publicar-se o projeto elaborado pela Comissão dos 26,
composta de representantes de todos os estados, o clamor levantado, notadamente no manifesto de um clube político
desta capital, fez temer pelos destinos da própria Assembléia. O projeto, organizado pela Comissão de nomeação do
governo, que fora sujeito ao exame da Assembléia, caracterizava-se por um unitarismo exagerado, pelo
desconhecimento da garantia do direito adquirido, pela subversão da propriedade privada, pela eleição direta do
presidente da república, pela regulamentação rígida do trabalho e por um Conselho Superior, de que, infelizmente, na
Constituição restaram, a meu ver, demasiados vestígios na organização do Senado Federal, e que seria a peça
dominante de todo o sistema político, ameaçadora, cheia de conseqüências imprevisíveis, levando-nos talvez ao
governo colegiado. A Assembléia realizou, contra tudo isso, uma reação bem caracterizada, ainda que moderada. A
Assembléia, vibrátil, talvez algo desorientada, revelou sempre, até na profusão das emendas que as críticas fáceis
comentavam com malícia, até pelo número e abundância de seus oradores, um empenho e um esforço altamente
meritórios. Talvez por isso, tudo está na Constituição, quase todas as nossas questões, quase todos os nossos anseios.806

Ressaltam do novo diploma o capítulo da Ordem Econômica e a desconfiança do


Executivo.

Ao silêncio das leis antigas — no campo das relações do trabalho — corresponde o


intervencionismo de 1934, com um recuo e uma superfetação.

A superfetação é a representação classista, metida na moldura da democracia eleitoral;807


o recuo, a pluralidade sindical, contra a tese unitarista dos técnicos oficiais.808
De início (relembre-se) chamara Collor, primeiro-ministro do Trabalho, para assessorá-
lo na elaboração dos princípios do novo direito, novum jus, os veteranos da questão
social, Evaristo de Morais e Joaquim Pimenta. Pioneiro da conversão do capital à política
de equilíbrio humano, Jorge Street ajudou-o a defini-la. É através destes nomes que o
laborismo tímido de 1931 (recebido com alarmada desconfiança pela imprensa
conservadora) se prende ao socialismo possibilista do começo do século e ao esboço de
programa de Rui Barbosa, na oração “dissidente” (dissidente do seu clássico liberalismo)
de 1919. Estruturara-se em 4 de fevereiro de 1931 o Departamento Nacional do Trabalho,
que datava de 1918. Foi de 19 de março a primeira lei social do período. Encetou a
sindicalização obreira e patronal. Esbarrou no pluralismo da Constituição germanizada.809

SOCIAL‑DEMOCRACIA

Estranharia Eduardo Prado, o dialeta da Ilusão Americana, as tintas alemãs (da


Constituição de Weimar) que recebera, na sua armação eclética, o nosso presidencialismo.
Quisera-se, antes de tudo, eliminar o Senado (quebrando-lhe, como na tentativa de 1832,
o poder de travar a legislação da Câmara Baixa). Isto de Senado estratificado e
reacionário, contravinha o recorte socialista das assembléias, em que “a diminuição do
papel e da competência da Câmara Alta” — para repetir um autor corrente — “se acha
estreitamente ligada ao processo da racionalização do poder”.810 Mas parecia antifederal,
lesando o dogma da representação paritária dos estados; logrou-se restabelecê-lo,
mutilado: para “promover a coordenação dos poderes” (artigo 88). Com isto fez a
Constituinte “obra nova. Nem determinou a bicameralidade do tipo norte-americano,
nem separou tão completamente do poder legislativo o Senado Federal, a ponto de o
reputarmos como peça isolada na realização da sua tarefa, nitidamente pertinente, não à
forma de governo, mas à de Estado”.811

Torcera-se outrossim — e foi mais grave — a força repressiva do Executivo (artigo 175),
dando ao Legislativo (como na Constituição de 1891) o poder intransferível de decretar o
estado de sítio “na emergência de insurreição armada”, a menos que ocorresse em período
de recesso parlamentar. Dependeria, nesta hipótese, de “aquiescência prévia da Seção
Permanente do Estado” (artigo 175, §7). Noutras palavras: mal consolidada a legalidade,
atava o governo com o fio problemático de um constitucionalismo desconfiado, rígido e
complexo. Imobilizava-o, com uma disposição inoperante, ao mesmo tempo em que a
Assembléia — satisfeita com a vitória acadêmica — confirmava no posto o homem forte
que tanto receio lhe causara.

Realmente o artigo 1º das Disposições transitórias previra: “Promulgada esta


Constituição a Assembléia Nacional Constituinte elegerá, no dia imediato, o presidente da
república para o primeiro quatriênio constitucional”.

Havia o exemplo de 1891...


PRESIDENTE CONSTITUCIONAL

A oposição (Maurício Cardoso à frente) levantou a candidatura de Borges de Medeiros.


Como em 1891 o de Prudente de Morais, esse nome respeitável, se triunfasse, daria com o
regime no chão. Vargas tinha o apoio desenganado das Forças Armadas; além disto, e
sobretudo, a disposição de não sair. Elegeu-o a maioria, como em 1891 a maioria elegera
Deodoro — para preservar a ordem nacional. E convencida de que os liames
constitucionais eram suficientes para ligar o chefe do governo ao sistema que (um tanto à
sua revelia, nalguns pontos contra ele) acabava de inaugurar-se — proclamou sem
reservas a sua adesão ao primeiro presidente da Segunda República. Foi uma transição
sem sobressaltos; mais macia nos estados, ao serem legitimados de modo semelhante, os
interventores. Com outra vestimenta, as mesmas figuras; e o que havia de substancial
nessa cautelosa arrumação, o apoio à legalidade personificada no presidente
constitucionalmente proclamado.

Arrimou-se ele aos democráticos. Ministro do Exterior, José Carlos de Macedo Soares
disse em Campinas (referindo-se ao governo de Armando Sales):
Conquistamos dia a dia os ideais de São Paulo. Em primeiro lugar, o governo paulista da nossa casa. Depois
impusemos confiança na nossa lealdade, no nosso patriotismo brasileiro e resolvemos o problema militar. Enquanto
isto restabelecia-se com o concurso poderoso, ativo, calculado, e eficiente da bancada paulista na Assembléia Nacional
Constituinte a ordem jurídica e legal da pátria, as reivindicações católicas, as conquistas femininas e as proletárias.
Quisemos o voto livre. Quisemos o aperfeiçoamento das instituições, o progresso social, o equilíbrio dos poderes do
Estado, a segurança da liberdade e das franquias dos cidadãos. Temos hoje tudo alcançado.812

Mas por breve tempo. Menos pelo esforço demolidor das minorias do que pela
impaciência e pelo ressentimento dos fatores ideológicos postos à margem, nesse triunfo
plácido da juridicidade conservadora.

O primeiro obstáculo em que tropeçou o regime reconstituído foi o levante de


novembro de 1935.

ENTRE AS EXTREMAS

Até aí jogara o governo com os elementos partidários. Mas havia, subjacente, o dissídio
dos princípios. Não esqueçamos que em 1939 se aliaram, recentes ou sistemáticos, os
inimigos do situacionismo, abrangendo a Aliança todos os descontentes. Apartara-se a ala
extremada de Luís Carlos Prestes, para formar, no exílio, contra eles, e ela, o Partido
Comunista. Com os políticos, compelido ao retrocesso (queixavam-se os socialistas) pela
reação liberal, organizara Vargas um regime incolor, que deixava de fora as soluções
proletaristas esboçadas em 1931. A Constituição democrática era um viático de união;
empedernia-se na sua legalidade rígida, concebida segundo a prudência clássica de uma
sociedade cansada de aventuras ditatoriais, temerosa de abalos econômicos. Enfeixara a
harmonia... monótona, da ordem inatual — gritavam os da esquerda ou da direita,
invocando as competentes filosofias, os respectivos símbolos, a linguagem específica.
Às esquerdas combatiam agora os integralistas813 — sob a chefia do escritor Plínio
Salgado — com o seu nacionalismo corporativista e militarizado, a que não faltava a
sugestão fascista e nazista das insígnias, dos desfiles, do ritual, da mística. Seguindo-se à
liquidação, em outubro de 1932, do movimento paulista, e um pouco a sua síntese,814
representou, em abril de 1933, o segundo desafio ao retorno liberal democrático.815

O governo, acrescente-se, assistiu sem aparente interesse ao conflito intelectual, das


forças que se congregavam para demoli-lo; e a seu tempo, ou dando tempo ao tempo, foi
ele que as aniquilou.

Abateu em 1935 (inclinando-se para a direita) a extrema-esquerda; aliado aos


integralistas, vibrou o golpe de Estado de 1937; em 1938 reduziu-os ao silêncio.

Podia escusar-se, alegando que tanto em 1935 como em 1938 foram eles que se
aventuraram; sublevando-se, lavraram a sua sentença...

1935

Conta um autor que, ao findar 1934, se decidiu “nas conferências secretas da Grande Ásia
e da América Latina”, desferir a revolução, em vez de protelá-la com a tática das “frentes
populares” — no Nordeste brasileiro.816 Propugnaram a solução imediatista Manuilisky e
os delegados brasileiros: golpe, em lugar de infiltração... Informa o mesmo autor que “a
preparação do movimento” ficou a cargo do alemão Artur Ewert, aliás Berger.817 Fundara-
se entretanto (estranha àquele programa) a Aliança Nacional Libertadora, com figuras
ligadas ao governo — como o prefeito do Distrito Federal, Pedro Ernesto — e jovens
socialistas.818 Outro movimento, sob o rótulo de Aliança Popular por Pão, Terra e
Liberdade, surgiu, ou esboçou-se, a 22 de agosto. Mas a revolta de novembro não foi feita
pelos civis, arrolados posteriormente como co-responsáveis, nem tiveram eles qualquer
papel no seu brutal desenvolvimento. Limitou-se, em Natal, no Recife, no Rio de Janeiro,
aos quartéis. Marcada para 27, um erro de comunicação a antecipou para 23, no Rio
Grande do Norte. “Às sete e meia da noite de 23 de novembro de 1935 soldados do 21º
Batalhão de Caçadores, membros da Guarda-Civil demitidos, populares filiados
secretamente ao Partido Comunista, deflagraram um movimento insurrecional”.819
O Corpo Policial Militar resistiu dezenove horas. Sem direção sistemática, ocultas as autoridades, espavorido o povo,
Natal foi presa fácil. O tiroteio durou toda a noite de 23 para 24. A 25 instalou-se o “Comitê Popular Revolucionário”,
que — à notícia da aproximação de tropas da Paraíba e de Pernambuco, desapareceu na manhã de 27.820

Fracassou o levante no mesmo dia, no Recife (graças ao 20 de Caçadores). Explodiu na


noite de 26 para 27 na capital da república. Começou no 3º Regimento de Infantaria à
Praia Vermelha, onde os Capitães Agildo Barata e Álvaro Francisco de Sousa
conseguiram, de surpresa, dominar a oficialidade e assumir o comando da unidade. O
tiroteio porém deu às autoridades militares — no Quartel-General — a medida do perigo,
que o comandante da região, General Eurico Dutra, enfrentou sem perda de tempo. Um
acontecimento fortuito, qual a prisão, no próprio Quartel-General, do 1º tenente do 2º
Regimento de Infantaria (da Vila Militar), Álvaro Pais Barreto, quando procurava aliciar o
Batalhão de Guardas, o advertiu que a conspiração era extensa. Já, por ordem do
comandante da região, o Coronel José Joaquim de Andrade se deslocava com a sua
brigada da Vila Militar para Campinho, a fim de combater os insurretos da Praia
Vermelha, quando soube o General Dutra que rebentara a sedição na Escola da Aviação
Militar, e determinou que para lá se dirigisse a força. Realmente se tinham rebelado
elementos da Aeronáutica, mas não lograram apoderar-se das instalações, dada a reação
imediata do Coronel Eduardo Gomes — que foi ferido — e em seguida o ataque dos
contingentes da Vila, cujo fogo de barragem os impediu de retirar dos hangares os aviões.
Abafado o motim no Campo dos Afonsos (com 294 prisioneiros), convergiram as tropas
para o 3º de Infantaria. A redução deste último foco da sublevação dilatou-se das três e
meia da manhã — quando se apresentou a defrontá-lo o Batalhão de Guardas — até uma
e meia da tarde. Os dois comandantes rebeldes escreveram um apelo enfático, invocando
o nome de Prestes.821 Repetiram-no, em mensagem enviada ao General Dutra, que dirigiu
as operações na Praia Vermelha. “Regimento sob nosso comando não se renderá antes
vermos governo esfomeador Getúlio derrubado”. “Movimento não é comunista! Mas
nacional, popular, revolucionário com o mais digno dos nossos companheiros à frente,
Luís Carlos Prestes”.822 O grupo de obuses (do Coronel Newton Estillac Leal) teve ordem
de bombardear o portão e o pavilhão central do quartel. Ia a infantaria, pelo flanco
esquerdo, tomá-lo de assalto, quando se renderam os rebeldes. Foram removidos para a
Casa de Correção.823

MAIS FORTE O GOVERNO

Viu-se que não seria possível resistir à desordem (e às agressões previstas), na vigência da
Lei que enfraquecia deliberadamente o poder. Estado de sítio, só se o aprovasse o
Legislativo... Pois que viesse (pediu o exército) o seu sucedâneo, o estado de... guerra.

Concedeu-o o Congresso: foi a emenda número um à Constituição. Equiparou ao estado


de guerra, para o efeito da repressão manu militari, a “comoção grave perturbadora da
ordem social e política”. É que no texto constitucional (configurado no capítulo da
Segurança Nacional e não, como o estado de sítio, nas Disposições Gerais), implicava a...
“suspensão das garantias constitucionais que possam prejudicar direta ou indiretamente a
segurança nacional”. Autorizada a equiparação (18 de dezembro), ficaria com isto, e na
verdade ficou suspensa a Constituição, no seu capítulo fundamental, o das públicas
liberdades. Estabelecer-se-ia (estabeleceu-se) — à mercê do órgão executor — a ditadura
condicional. Lutou em vão a minoria contra a emenda, exigida à consciência política
como uma fórmula de salvação. Quis debalde mitigá-la.824 Afinal o levante de novembro
não fora endereçado ao poder civil, mas à integridade das classes armadas; e eram elas que
requeriam mão de ferro! Atrás dos acontecimentos, servido por eles, mudou de
fisionomia o governo. Retomou desimpedidamente a marcha para a segunda ditadura.
A ATMOSFERA INTERNACIONAL

O golpe de 1937 estava implícito no eclipse da Lei, que a sua defesa justificara.

Dissolvida a Aliança Libertadora, dispersados ou detidos os líderes do movimento


malogrado, perseguido o comunismo,825 entorpecida, no Congresso, a oposição, pelo
clima policial que envolvia a apuração de responsabilidades (autênticas, fictícias,
presumidas) — só se contrapôs à rotina democrática a Ação Integralista. No estrangeiro
triunfava, com o seu poderio bélico, o totalitarismo. Firmara-se no Mediterrâneo, com o
fascismo; com o nazismo alastrara pelo centro da Europa. Na Espanha, destroçava-se a
república liberal. Delineara-se, nessa tremenda guerra civil, o conflito das frentes
populares e dos ditadores; estava no ar a conflagração mundial. Mussolini e Hitler
atiravam-se às suas etapas de prestígio, conquista, predomínio, sem que os intimidassem
as frouxas resistências (oscilantes entre a acomodação e o medo do pior). Não eram para
os países americanos uma ameaça; eram uma sugestão; ou um projeto de nova ordem.
Como outrora, e sempre, as elites, distantes da cena européia, se entretinham a filosofar
sobre os seus rumos; divisavam no choque de culturas o dilema do século. Era uma
irritante passividade; mas inevitável, agora como antes. Destacava (como no
bonapartismo) o chefe,826 o condutor, Duce ou Führer, “intermediário entre a nação e a
história concebida como uma espécie de hipóstase do destino”... O tempo era do homem,
no sentido carismático da ação esperada, na angústia profética da “salvação” pela espada...
Ou simplesmente pelo verbo! A liberdade e a autoridade têm as suas estações próprias.
Em 1919 florira, restaurado, o liberalismo.

Em 1937... eram os ditadores que davam a lei.

XXXIX: O ESTADO NOVO

TRANSIÇÃO PARA O GOLPE...

Revelou Flores da Cunha que em setembro de 1935 (festejava-se no Rio Grande o


centenário farroupilha) o sondou Vargas sobre a continuação na presidência.827 Opôs-se,
incisivo, à idéia... De fato afastaram-se, o chefe da nação e o governador de seu estado
natal. Em dezembro de 1936, inadiável o problema sucessório, tornou-se ele uma das
colunas da política... anticontinuísta. A outra (refazendo-se o esquema de maio de 1932)
foi São Paulo.

Tinha o caráter espontâneo de reivindicação atenuada pelos acontecimentos, além disto


recomendada pelas virtudes individuais, a candidatura do Governador Armando Sales.
Em 1930 perdera Minas a sua vez, em benefício do Rio Grande. Voltava a oportunidade
de São Paulo. Com Armando Sales estava a maioria dos estados; estaria naturalmente a
coligação oposicionista. A sua eleição elevaria ao poder a geração política de 1932...
Tratou Vargas de combatê-lo, ora com outro nome paulista (José Carlos de Macedo
Soares), ora com a articulação — por intermédio do governador mineiro, Benedito
Valadares — de um revolucionário autêntico (José Américo de Almeida). Fixou-se neste.
Contra a reação, o espírito outubrista... Chamou-se união democrática brasileira, a aliança
em torno de Armando Sales. Polarizou o seu ilustre antagonista as forças fiéis à revolução
de 1930. Pareceu ao povo natural — e benéfica — essa campanha de comícios calmos,
honesto programa, candidatos impolutos... Dependia do presidente! Só ele poderia sustá-
la; a menos que o coagisse o binômio de forças, São Paulo–Rio Grande, a que não
resistiria.

Mas começou Armando Sales a perder a direção da política paulista com a escolha do
seu substituto no governo (quando, para concorrer ao pleito, teve de desincompatibilizar-
se em dezembro de 1936). Eleito foi Cardoso de Melo Neto.

Outras circunstâncias inutilizaram, em outubro de 1937, o seu grande aliado, Flores da


Cunha.

1937

Já aí decidira Vargas — apoiado ao Ministro da Guerra, General Eurico Dutra — cortar de


vez, e em conjunto, a luta eleitoral, com as perspectivas de revolução que dela se
desentranhavam.

Confiara a Francisco Campos a missão confidencial de escrever nova Constituição, de


acordo com as suas teorias de Estado Novo.

Ideologicamente, era a tomada de posição intermédia, em que sucederia ao dissídio


comuno-fascista (arredado o sistema democrático propriamente dito) um misto de
presidencialismo onipotente (à polonesa) e trabalhismo italiano.

Na verdade, fora e aquém da problemática, equacionara-se com singeleza o caso


brasileiro. O exército preocupara-se com as dimensões da campanha eleitoral, entrelaçada
às forças armadas (de que os provisórios do Rio Grande constituíam o potencial visível) e
com projeção incalculável nos acontecimentos esperados. Para o Ministro da Guerra, a
questão principal era a extinção, em face da tropa de linha, daqueles batalhões irregulares.
Podemos ligar o seu pensamento, em 1937, ao de Prudente de Morais quarenta anos
antes. Os provisórios, limitando a jurisdição militar, representavam a sobrevivência da
autonomia intocável, com Castilhos, Pinheiro, Borges, o próprio Vargas na sua fase
provinciana... O cerco ao Rio Grande, isto é, a solução drástica da questão dos provisórios,
foi demorado e técnico. Dele dá o General Góis (inspetor de regiões e depois chefe do
Estado-maior) circunstanciada notícia.828 Julgava-se que o bravo governador de um
momento para outro montasse a cavalo, e à frente da Brigada Militar sublevasse o país.
Comandante da região, o General Daltro Filho executou com hábeis minúcias o plano
traçado para o imobilizar. Tem-se a impressão de que jogaram por algumas semanas o seu
xadrez silencioso, movendo com arte as pedras mestras. Quem juntasse mais força à volta
do palácio ganharia a partida. Sob o pretexto da parada de Sete de Setembro, chamou
Daltro a Porto Alegre novos batalhões. A 2 de outubro, o xeque‑mate foi o decreto que
estendeu ao Rio Grande o estado de guerra, o que o autorizou a requisitar... a milícia
estadual. No dilema tardio de desarmar ou atacar, mas previamente vencido, optou Flores
pela retirada. Secretamente, em avião, partiu para o Uruguai.

Empossou-se o general na interventoria. Desapareceu assim o Rio Grande da liça


política; e, com ele, a eleição presidencial! Para a decretação do estado de guerra (em
plena paz...) contribuíra um curioso e lastimável episódio, que passou à história com o
título de “plano Cohen”. Refere-se-lhe, como a uma falsificação irrisória, o General Góis.
Nem há dúvida que foi uma burla novelesca, em que, num enredo complicado de
equívocos, o papel hipotético, concebido como um possível plano de agressão comunista
assinado por... Bela Kuhn,829 transitou sigilosamente nos gabinetes civis e militares, até ser
dado à imprensa e considerado, com seriedade, uma prova da ameaça grave que pesava
sobre o regime. Para atender ao plano... só o preventivo policial do estado de guerra, este,
bem entendido, a aplicar-se apenas contra aquele oculto inimigo... O estado de guerra
docilmente votado pelo Congresso permitiu que a 10 de novembro, sem bulha, de
repente, instituísse Vargas o Estado Novo.

Episódio importante no desenvolvimento dessa política foi a mudança da presidência da


câmara, em que o Deputado Pedro Aleixo sucedeu a Antônio Carlos. Na realidade a
dissolução do Congresso parecia um requinte revolucionário do governo, uma vez que
dele tinha (como tivera até aí) as resoluções que lhe pedisse. Seria admirável, voltar-se o
Executivo contra o Legislativo que fazia questão de apoiá-lo, e — receando o pior — lhe
dera cordatamente o imenso poder da lei marcial! Mas estava no programa; e aconteceu
com cinco dias de antecedência, pois o golpe devia coincidir com a data aniversária da
república.

Emissário de Vargas, o Deputado Francisco Negrão de Lima percorrera as capitais dos


estados, a obter dos governadores (menos os de Pernambuco e da Bahia, Lima Cavalcanti
e Juraci Magalhães) a aquiescência à transformação do sistema político, posta em termos
de salvação nacional. A 9 de novembro encartou-se no Ministério da Justiça, em
substituição de José Carlos de Macedo Soares, Francisco Campos, autor da Constituição
escrita em segredo e que merecera a aprovação sumária de Vargas. Este não lhe tirara ou
pusera uma vírgula. Naquele dia, porém, o porta-voz da oposição leu na câmara o
manifesto de Armando Sales às Forças Armadas, que constituía um apelo patético para
que garantissem as instituições e o respectivo processo democrático; e à noite o Ministro
da Guerra foi avisado de que tal documento seria fartamente distribuído nos quartéis.
Sem perda de um minuto se entendeu com o presidente; e tomadas as medidas militares
que consistiam em fechar as casas do Parlamento e obstar a que a elas fossem os que
podiam abri-las — amanheceu o dia 10 com a revolução branca triunfante e incontestada.
Às dez da manhã reuniu Vargas o ministério, e submeteu-lhe os atos que — extinguindo a
Constituição de 1934, o Legislativo e a atividade política, fundavam a ordem nova: a
Constituição autoritária, do novo titular da Justiça, e a competente proclamação ao país.
Dos ministros, só o da Agricultura, Odilon Braga, se recusou a subscrevê-la. Em
telegrama-circular informou o General Dutra às circunscrições militares que a
transformação do regime se operara sem alteração da tranqüilidade geral. A cidade aliás
podia testemunhar: nem o comércio cerrou as portas... Resultado inevitável de dois anos
de governo pessoal, de submissão do Parlamento, de descrédito e confusão partidária, de
avanços e recuos da ditadura em potencial, o desfecho não surpreendeu: era esperado e
chegou discretamente... O General Góis depõe que nunca viu o presidente tão eufórico;
nem deixou de comparecer na noite de 10 — como se nada de extraordinário tivesse
havido — ao banquete do embaixador argentino, Ramón Cárcano, prazenteiramente...
Protestos, prisões, demissões, reações sumiram-se na penumbra do quadro, como fatos
dispersos. Distante, como alheio ao que se passava, o povo não participou das ocorrências.
Leu-as nos jornais.

Enregelava-o a descrença. A história (menos a nossa do que a estrangeira) guardou a


data. Estava-se em 1937.

ESTADO NOVO

Mas, que era Estado Novo?

Quem acompanhar desde os primeiros dias a ação de Vargas, verificará que desprezara o
concurso dos partidos (como os PP.RR. tradicionais) para equilibrar — manipulando-os —
estados e grupos, sem perder de vista, fora destes, a massa operária.

O surto industrial, as concentrações urbanas, a politização (diferença fundamental das


situações de 1930 e de 1937) justificavam-lhe o populismo circunstancial, a que a
propaganda (a cargo do respectivo Departamento, o DIP) deu vibração e constância.
Nunca a mística do chefe foi tão arduamente cultivada. Enganaram-se os que a julgavam
como superfluidade publicitária: era outra revolução que sobrenadava; ou melhor, a sua
retificação engenhosa. 1937 une-se a 1930. “Em 1930” — diria Campos, a doutrinar sobre
o “10 de novembro” —
toda a nação tinha consciência de que estava sendo conduzida num caminho errado. Toda a nação se incorporou ao
movimento revolucionário, porque era um novo caminho que se abria. Mas o movimento foi detido pela
reconstitucionalização que se operou segundo os velhos moldes. Voltaram os erros, os vícios e os males do falido
regime liberal que a política, restaurada da sua breve derrota e para satisfação dos seus obscuros propósitos insistia em
restabelecer, valendo-se de fórmulas para encobrir a realidade. Assim novembro de 37 efetiva outubro de 30,
aplicando na ordem as forças deflagradas na subversão.830

Aos “ideais da arrancada de 30” como “diretrizes” do programa trabalhista, aludiu


Vargas (fazendo-lhe, em 1950, o retrospecto).831 Originário do cisma político (1930),
hostilizado pelos liberais (1932), sem esquerda (1935) e sem direita (1938), desamparado
da política, quase por ela derrubado em 1937, a sua inclinação só poderia ser para aquele
nascente proletarismo — na forma fascinante de... realidade social.
E a Constituição outorgada?

A CARTA OUTORGADA

Perderam tempo, os que analisaram a Carta de 10 de novembro como corpo de doutrina,


anteposto às ideologias de 1934 e de 1891. Adolfo Bergamini denunciou-lhe a fonte...
polaca; maldisseram-na, os que não perdoavam a heresia de presidente... “autoridade
suprema do Estado”,832 dirigindo a “política interna e externa” (artigo 73). O seu caráter
não é — em estilo corporativista — o fascismo, nem o presidencialismo, concebido
conforme a definição do seu intérprete mais habilitado, como democracia autoritária.833
Reduz-se à experiência ditatorial em que o chefe da nação distribui por todas as funções
— enchendo-as com a sua faina legislativa — o paternalismo centralizador e forte.

O que há de significativo no período é, exatamente, o movimento trabalhista.

LINHAS DOUTRINÁRIAS

No realismo de 1937 “a doutrina não tinha para o chefe do movimento e os seus íntimos
colaboradores a menor importância”,834 isto é, a dos livros, exposta na Carta de 10 de
novembro. Serviu ela (corrigindo o erro de 1930, da supressão, pura e simples, da
legalidade constituída) de suporte à ditadura, informada por um complexo de
pensamentos históricos e exóticos, que, estes sim, configuram o estado‑novismo.

Da parte do autor da Constituição, não é difícil descobrir-lhe as inspirações, hauridas


daquela fase “de transição”,835 a um tempo, angústia e desafio das inteligências moças. “A
legião revolucionária”, as opiniões que defendera em 1935, os seus critérios lá estavam,
dele, não propriamente de Vargas ou das forças sob o seu comando. Para estas, para
Vargas, nunca se tratou de instalar um sistema de sociólogos, vazado em termos de escola,
cujas sentenças podiam ser lidas nos recentes livros de Mihaíl Manoílesco836 — que está
para as idéias de 1937 como Kelsen para as de 1934.

Não faziam questão do corporativismo italiano, estampado, ipsis litteris, no artigo 138
da Carta de 10 de novembro (tradução da Declaração 3ª da Carta del Lavoro).837 Nem da
solução dada por Pilsudski à crise polonesa. Queriam o poder enérgico, com a faculdade
de refundir a estrutura administrativa, temivelmente armado de decretos‑leis. Sem
Congresso, e com o Judiciário submisso. Explicou um exegeta (Azevedo Amaral):
escapava-se em todo caso à... “ação arbitrária do poder”.838 Não seria arbitrário, senão
supervisor. Também o dissera Manoílesco: no seu equilíbrio, “organização contra
liberdade”.839 Os adeptos só viram a primeira parte da fórmula; os demais, a segunda.
Organização; contra a liberdade. Os eruditos aplicar-lhe-iam o conceito fascista, “Estado
ético”; para Vargas (acima desse desencontro acadêmico) era o “Estado de fato”, que
continuava — unindo a revolução de 1930 (com a frustração de 1932) ao clima de 1937.
Parecia um caso de antecipação. O Brasil tivera muito cedo o “homem providencial”. O
seu tempo não fora a quadra conturbada de 1932; mas a de 1937. Dependeria dessa
atmosfera internacional; duraria enquanto ela durasse.

CONTRA OS EXTREMOS

Mas Vargas não mudara. Ou antes, fixando-se na “terceira posição”, que escolhera em
1930 (com Lindolfo Collor), o seu trabalhismo era ainda conservador. Se o fascismo o
tivesse seduzido, cumpriria as disposições da Carta subscrita sem prévio debate a 10 de
novembro, e entraria, de olhos fechados, pelo corporativismo do tipo italiano. Mas não
gostava da imitação estrangeira. A sua forma era pessoal, intrínseca, nacionalista. Quem
se desse à arte de interpretar-lhe, à luz da biografia, a conduta reservada e hábil, acharia o
seu segredo no castilhismo rio-grandense, sem a sistemática positivista. O seu senso do
governo consistia, saltando sobre os embaraços categóricos, em firmar a autoridade, como
um poder criador e orgânico, na sua função de disciplinar a sociedade... O Estado Novo
acrescentou-lhe a força publicitária (em vez da abstração democrática, o culto do chefe) e
a tônica, do “espírito do tempo”, invocado naquele trecho da proclamação de 10 de
novembro: “A Constituição estava evidentemente antedatada em relação ao espírito do
tempo”. Era contra os “moldes clássicos do liberalismo e do sistema representativo”,
contra o Congresso como “aparelho inadequado e dispendioso” (“conservá-lo seria
evidentemente obra do espírito acomodatício e displicente”), contra “os velhos partidos,
como os novos em que os velhos se transformaram sob novos rótulos”. Aí ainda não
entrava o integralismo... Dir-se-ia sobrevivente; e salvo. Pura ilusão! O decreto-lei de 2 de
dezembro dissolveu “todos os partidos”, e diretamente o abrangeu no parágrafo 2º: “As
milícias cívicas e organizações auxiliares”. Nada “de uniformes, estandartes, distintivos e
outros símbolos”. Até a promulgação da lei eleitoral, não se reorganizariam os partidos;
ou antes, abolia-se a política.

Fracassou sangrentamente a 11 de maio de 1938 o assalto ao palácio presidencial de um


grupo afoito de “integralistas”. Eclipsou-se então, duramente perseguida, a organização
que estivera a ponto de participar do governo. Bastava o pormenor (a extinção do partido
que a 10 de novembro parecia triunfante) para que definíssemos o estado-novismo como
solução brasileira de uma crise interna, em que somente as exterioridades e as
coincidências lembram (e comprometem) a sugestão internacional.

Fascismo no papel, sem bandeiras nem tropa; pseudototalitarismo sem estrondos


festivos, reduzido à propaganda uníssona do chefe do Estado... novo, que, do regime
anterior, trazia costumes, pessoal e instituições, é claro que não devia classificar-se entre
as formas nacionalistas da época. Estas fundavam-se numa filosofia de reversão, como o
germanismo e o romanismo, ou subversão, como o socialismo revolucionário. Utilizável
para o tempo, passaria com o tempo, afogueado de dogmáticas beligerantes. Caso curioso,
tendendo para a solução ditatorial de ressaibo fascista, na verdade se entrincheirava o
“homem forte” na solução intermédia e empírica. Ficava de mãos livres para tomar o
rumo que conviesse.840 Como que ressoava acima deles o brado do demagogo da Comuna,
ébrio da euforia, da vitória: “L’Humanité est en état de guerre: Vive la Force!”.841

Quando se retraísse a força, desapareceria tudo isto. Oito anos depois...

LEGISLAÇÃO SOCIAL

A Carta del Lavoro (de 21 de abril de 1927) projeta-se na Constituição outorgada.


Começava pelo artigo referente à “associação profissional ou sindical”, livre, mas... “solo il
sindicato legalmente riconosciuto e attoposto al controllo dello Stato, ha il diritto di
rappresentare legalmente tutta la categoria di datori di lavoro o di lavoratori”. Na
Constituição: “Porém o sindicato regularmente reconhecido pelo Estado tem o direito de
representação legal dos que participarem da categoria de produção para que foi
constituído”. A sindicalização prendia-se ao Ministério do Trabalho, e afluía (sob pena de
ilegalidade) ao governo, árbitro do “reconhecimento”, para que o grupo, operário ou
empregador, pudesse “estipular contratos coletivos de trabalho obrigatórios para todos os
seus associados” (“stipulare contratti collettivi di lavori obbligattori per tutti gli
appartenenti alia categoria”).842

Estava longe daquele parágrafo, de 1934: “A lei assegurará a pluralidade sindical e a


completa autonomia dos sindicatos”. E próximo da “estatização”. O artigo 137 da Carta
de Novembro é, sem tirar nem pôr, a Declaração 28 da del Lavoro. “A índole
intervencionista, fixada no artigo 135, se completa com o princípio fixado no artigo 140
da mesma Constituição, quando prescreve a organização da economia da produção”, de
“base corporativista”.843 A sua raiz é igualmente italiana.844 “Os sindicatos” — ensinava um
autor de lá — “não tinham verdadeiro e próprio direito ao reconhecimento”.845
Dependiam da integração no Estado, do seu patronato, do seu ajustamento aos fins
públicos, marcados por essa dependência. E na mesma linguagem.

É preciso dizer (pois não havia pressa nas prometidas transformações) que só foi
regulada a sindicalização em 5 de julho de 1939. “In gran parte le linee della nostra
organizzazione” (diz outro autor), no seu corporativismo avançado... “Italia primero,
Alemania y Portugal marcharon hacia el fortalecimiento del poder ejecutivo y del Estado;
y el mismo fenómeno se presentó en el Brasil”.846 “Y se coloca en los sistemas
autocráticos”.847

XL: NA SEGUNDA GRANDE GUERRA

POSIÇÃO INTERNACIONAL
No interior manteve-se o Estado Novo, com a disciplinada garantia do exército.
Beneficiou-se externamente da conjuntura mundial.

Como não é possível dissociá-lo dos fatos internacionais, devemos dizer — definindo
aquela “atmosfera”: refletiu a moda das ditaduras ideológicas; mas sem se desprender
(com a defensiva prudência do seu instinto de duração) da solidariedade americana.

Na verdade a política histórica do Brasil seguiu (indecisa cá fora, tradicional e tranqüila


no Itamaraty) o seu roteiro retilíneo. Enquanto os itinerários da guerra não cruzaram o
litoral do continente puderam germinar, aqui e alhures, as opiniões mais desencontradas.
Emudeceriam, quando estremecesse a estrutura desigual do hemisfério... Nem tínhamos
razões profundas para colaborar nos problemas do outro lado do Atlântico.

Por que, em 1926 — data que serve de ponto de partida à história desse retraimento
desconfiado e otimista — se retirara o Brasil da Sociedade das Nações? O motivo
conhecido, digamos, acidental, foi o desejo que levavam os “grandes” governos de
reinstalar a Alemanha (em conseqüência dos acordos de Locarno) na organização
universal de paz, retirando do seu lugar não-permanente o país latino-americano, que
passaria a segundo plano. Não se tratava (é certo) de uma forma específica de desatenção
à América, cuja ausência (dos Estados Unidos) era em Genebra mais sensível do que a
presença (dos Estados de sua múltipla latinidade). Cogitava-se, isto sim, de estabelecer
com urgência o sistema de cooperação européia, de que era peça obrigatória a Alemanha
social-democrática... O Presidente Bernardes, num assomo de sua autoridade inflexível,
concordou com o Embaixador Afrânio de Melo Franco: não cederia aos apelos ingleses e
franceses; recusaria o sacrifício; vetava a candidatura alemã! É imaginar a importância que
teve esse arrojo, o veto... à política equilibrista das nações que ditavam a ordem no
mundo! Contente com o apoio nacional à retumbante recusa ao desprestígio e à
diminuição, o presidente se valeu da oportunidade, e, já então contrariando o
embaixador, mandou que declarasse desligado o Brasil da assembléia que, em 1919,
ajudara a fundar.848 Pareceu exagerado; mas foi lógico esse gesto do governo forte,
endereçado à crise internacional. A Liga tinha os dias contados. Ludibriara “a nobre causa
da paz”, disse em 1933 F. D. Roosevelt.849 Não logrou resolver nenhum dos decisivos
problemas antes da convulsão do Extremo Oriente, das ditaduras agressivas e dos passos
iniciais da segunda conflagração: “forum” de admiráveis esperanças, não resistiu às
imposições brutais da guerra, que a dissolveu.

A de 1939 derivou dos antecedentes que, de novo, dividiram em dois campos a Europa.
Esperava-se... desde que terminara a outra. À medida que libertaram as mãos poderosas,
os ditadores arregimentaram ruidosamente as suas coortes, para a marcha que ninguém
sabia onde acabava. Desavindos, podia acreditar-se num apaziguamento receoso. Juntos,
os seus estandartes passeariam pela Europa... Depois de muito ceder, resolveram a
Inglaterra e a França impedir (consumada a aliança teuto-soviética) a eliminação do
“corredor polonês” pelas tropas hitleristas.850 A 1º de setembro de 1939 os exércitos
alemães transpuseram a fronteira da Polônia. A 3, obedientes ao compromisso de lhe
defenderem a integridade, a França e a Grã-Bretanha se alistaram ao lado da nação
invadida; declararam guerra ao Reich. Os soviéticos entraram na Polônia — com o
consentimento de Hitler — a 17... Era a segunda grande guerra, mais ampla, demorada e
devastadora do que a primeira.

NEUTRALIDADE E ESCUSA

Firmou Vargas a neutralidade brasileira em ato de 20 de outubro. Nem se limitou a


recolher-se à paz invulnerável dos países distantes, que têm entre o seu sossegado modo
de viver e o incêndio estrangeiro o espaço providencial... do oceano. Entrou na razão
transcendente da calamidade. “Eqüidistantes de ambos os grupos pelo pensamento
político, não temos para intervir na luta sequer a justificativa dos interesses
econômicos”.851 Ressalvava (dir-se-ia) o precedente moral da guerra passada. Então — nos
áureos dias de Bilac e Rui — prevaleciam as afinidades, os sustos do liberalismo agredido,
a reação intelectual... Em seguida, ao esboçar-se (com o colapso da França) o triunfo
nazista: “Sentimos que os velhos sistemas e fórmulas antiquadas entram em declínio”.
“Uma era nova”852 induzia a “remover o entulho das idéias mortas e dos ideais estéreis”.

Essa simplicidade traiu o realismo cauteloso de 1937.

Subjacente e positivo em tal problemática havia a impossibilidade (agora como antes) de


intervir o Brasil no conflito externo.

Nele porém se meteria — sem embargo das idéias — se fosse atacada a América.

COMPROMISSOS CONTINENTAIS

Desde 1933 se orientara a diplomacia norte-americana para a substituição da antiga


doutrina de Monroe pela cooperação, nos mesmos propósitos de defesa e auxílio
recíproco das Repúblicas do continente. Neste sentido redigira Sumner Welles, um dos
assessores do Presidente Franklin Delano Roosevelt, lúcido memorandum,853 em cujas
linhas previdentes há um resumo perfeito do que devia ser o interamericanismo.
Podemos dividi-lo em três pontos: coletivização da segurança (“the continental
responsibility for the maintenance of peace in this Hemisphere”); abstenção do emprego
da força nesse esquema de ordem; preservação da aliança pelos laços econômicos (“We
cannot expect to preserve the sincere friendship of our neighbors on this Continent if we
close our markets to them”). Em 1936, em Buenos Aires, sob a presidência de Roosevelt,
solidificara-se o compromisso. Sintetizou-o Cordell Hull: a ameaça feita a uma república
americana o seria a todas juntas.854 Eis por que, ainda em 1941, uma comissão mista
brasileiro-americana estudou no Rio de Janeiro os problemas militares, detendo-se com
especial atenção na vulnerabilidade do saliente nordestino.855 A este tempo, promoviam os
Estados Unidos (outono de 1940) a mobilização industrial, preparatória do Lend‑Lease
Act (11 de março de 1941). Não deixariam que por falta de material de combate perecesse
— na sua formidável resistência — a Grã-Bretanha, cruelmente alvejada pela aviação
alemã. De fato, estavam indireta e progressivamente na luta...

Como em 1917!

CONDIÇÕES MILITARES

O Exército do Brasil não estava aparelhado para a emergência; nem a esquadra, para
proteger as vastas águas territoriais da pátria. Em 1938, encomendara o governo às usinas
Krupp oito milhões esterlinos de boa artilharia. O bloqueio aliado impediu a viagem
(embora em barcos brasileiros) dessa maquinaria, de que chegou ao Brasil uma parcela
mínima.856 Para rearmar-se, devia o exército apelar (como os demais do continente!) para
os Estados Unidos. Giraram os entendimentos em torno do que reputavam eles essencial
à polícia aéreo-marítima do Atlântico: as bases nordestinas. O governo de Vargas foi
simultaneamente solícito e prudente. Não teve dúvida em permitir o uso e a construção
dos campos de pouso; mas sem que a concessão se assemelhasse a uma retirada de
soberania.857 Em março de 1941 (bem antes portanto da Declaração do Atlântico, de
Roosevelt e Churchill, que é de 14 de agosto),858 podiam os Estados Unidos cuidar da
instalação das bases de Natal, Belém e Recife.859

EM FAVOR DA AMÉRICA

Em 7 de setembro, em 10 de dezembro, solenizou Vargas o seu americanismo... Artífice


ostensivo desta política, passara Osvaldo Aranha da embaixada em Washington para o
Ministério do Exterior. Desencorajou, na sua visita ao Chile, em novembro de 1941, as
últimas esperanças germanófilas (espalhadas um pouco por toda parte),860 com o elogio
das tendências democráticas que impeliam o continente à união e à interajuda... Repetiu-
se (com o seu cunho oposicionista) o ambiente sentimental, em que as elites pensantes
identificavam com os direitos liberais a sorte dos aliados. Acolhera o Brasil levas
sucessivas de refugiados europeus, entre estes, figuras ilustres, Bernanos, Zweig (que nos
agradeceu com a apologia, “o país do futuro”), Jouvet... A imprensa era maciçamente
partidária das democracias, em luta com o nazi-fascismo... A 7 de dezembro —
desapareceram as hesitações — com o golpe de Pearl Harbor. A arma aérea e pequenos
submersíveis japoneses destruíram subitamente a força de que dispunham, em operações,
no Pacífico, os Estados Unidos! Revidaram estes com a guerra.

Para a emergência, algumas medidas haviam sido tomadas no Atlântico Sul.


Encarregado do patrulhamento naval, o Almirante James H. Ingram (que saíra de
Newport a 24 de abril de 1941) achara o Recife... “well located for operation off Cape San
Roque, which is the most strategic point in the South American area”.861 Ensaiaram as
marinhas americana e brasileira — em outubro — os primeiros serviços combinados de
comboio. Quatro dias depois do ataque a Pearl Harbor chegou ao aeroporto comercial do
Rio Grande do Norte o primeiro esquadrão de seis Catalinas. Data daí a utilização de
Natal — destinada a ser uma das bases aeronavais de maior valia nos três anos cruciais da
guerra — como escala para a travessia oceânica e a invasão da África.

DEPOIS DE PEARL HARBOR

Telegrafou Vargas a F. D. Roosevelt — apenas soube da acometida nipônica a Pearl


Harbor, “solidário com os Estados Unidos coerente com as suas tradições e compromissos
na política continental”. A agressão (clamou Roosevelt) atingira em cheio o hemisfério;
em nome dos mesmos sentimentos concitava-o a juntar-se em tão grave transe à América
em armas.862 Juntou-se, diplomaticamente, na Conferência do Rio de Janeiro (15 a 28 de
dezembro de 1941), de consulta aos chanceleres dos países do continente, a que assistiu o
secretário de Estado Sumner Welles. O Brasil foi adiante do Chile (que tomara a iniciativa
da convocatória) e da Argentina: rompeu relações com a Alemanha, a Itália e o Japão. Em
conselho ministerial, a 27, o titular da pasta da Guerra, General Eurico Dutra, leu extenso
voto contrário ao que considerava uma precipitação, por não disporem as Forças
Armadas de recursos necessários para responder aos prováveis efeitos daquele gesto.
Temia sobretudo, e com razão, pela navegação mercante, à mercê dos corsários alemães.
Predominou, porém, a opinião triunfante na Conferência — e favorecida pela emoção
popular: arredando os subterfúgios da neutralidade passiva,863 aceitou o Brasil como
imperativo de honra os perigos da solidariedade — que se materializara sutilmente em
colaboração marítima e aeronáutica no Nordeste. Era como em 1917. Com a agravante de
outras, e piores circunstâncias. Os submarinos germânicos ousavam torpedear, à entrada
do porto de Nova York, os comboios aliados!...

A GUERRA INCLEMENTE

O rompimento foi — nem podia deixar de ser — a segunda etapa, na marcha para a
guerra. A primeira, consubstanciara-se no acordo sobre as bases... Improvável seria um
ataque frontal. Pretendendo intimidar ou punir o Brasil, teriam os nazistas de lançar mão
do seu cardume de submersíveis, que tanto dano causavam às frotas inglesas. Foi o que se
deu. De 15 a 17 de agosto de 1942 cinco barcos brasileiros foram postos no fundo perto da
costa de Sergipe (Baependi, Itagiba, Araraquara, Aníbal Benévolo, Arará). Desapareceu
com um deles o 8º Grupo de Artilharia, destinado a Natal... Elevou-se a 607 o número das
vítimas. Sem aviso prévio, desferido traiçoeiramente, não contra navios do tráfego
transoceânico, mas da linha de cabotagem que fraca ou nenhuma influência poderia ter
nos sucessos militares e econômicos da Europa — o golpe sacudiu, nas suas fibras mais
sonoras, a sensibilidade do povo. Ofendeu-o, como uma provocação humilhante. Atirou-
o, automaticamente, à guerra que lhe era imposta.

O ATAQUE INOPINADO
Sobre as razões da agressão há o relato do historiador da Armada americana que
consultou os papéis da Chancelaria do III Reich: “Decidiu Hitler”, conta Morison,
em conferência com o Almirante Raeder, em 15 de junho de 1942, lançar verdadeira blitz de U‑boats contra o Brasil.
Um grupo de oito submarinos de 500 e dois de 700 toneladas foi em princípios de julho despachado dos portos
franceses. Num ponto pré-determinado, ao largo da costa nordeste do Brasil, encontraram eles a vaca leiteira, U -460, e
se reabasteceram; tomaram então posições perto da costa brasileira.864 A primeira semana de agosto era um momento
favorável para operarem no Atlântico Sul, porque o Comboio As-4, escoltado por navios da Task Force 3 e carregando
tanques General Sherman, que mais tarde figuraram na vitória de El Alamein, estava então passando ao longo daquela
costa. O comboio fez escala de 40 horas no Recife. Sabiam os alemães desses movimentos; uma de suas irradiações
para o Brasil o confirmou e ameaçou destruí-lo. Mas aparentemente nenhum submarino procurou tomar posição de
ataque. Os dez U‑boats executaram então a sua missão contra a navegação brasileira, e fizeram outro poderoso
inimigo para o seu país. Entre 14 e 17 de agosto cinco navios da Marinha mercante brasileira, com uma tonelagem
total, bruta, de 14.822, foram torpedeados e afundados não longe do litoral. Um deles transportava cerca de 300
homens do exército brasileiro, muitos dos quais se afogaram. Um avião do Esquadrão VP -83 localizou e atacou um
dos U‑boats, que escapou.865

É a primeira revelação que temos das ordens a que obedeceu o estúpido assalto. A
indignação das multidões não permitiu que o governo protelasse ou atenuasse a réplica.
Às rumorosas manifestações, encabeçadas pelos estudantes, de 18 de agosto,866 se seguiu,
em 22 de agosto, o reconhecimento do estado de guerra que a Alemanha e a Itália
impuseram ao Brasil.

A destruição dos barcos, quase à vista de terra, equivalia a um desafio atirado à


capacidade de sobrevivência do país surpreendido, embravecido, disposto a revidar, por
todos os meios, à violência sem precedentes.867 O povo exigiu a guerra, na realidade
quando a guerra já fustigava, nas águas territoriais, a frota nacional. Pediu-a em
caudalosas manifestações; obteve-a, sem mais dificuldades. Não era, como em 1914, uma
luta européia com o seu capítulo oceânico. Ganhara com o desbordamento africano (na
ofensiva ítalo-germânica sobre o Egito) e a campanha do Pacífico o caráter universal, de
um choque de forças que não respeitava zonas imunes ou regiões indevassáveis. A queda
da França, a princípio, depois o conflito teuto-russo deram na primeira fase ao triunfo
hitlerista o domínio da Europa, com exclusão das Ilhas Britânicas e (na sua neutralidade
benevolente), a Península Ibérica. Reproduzia-se a situação que vivera a Europa sob o
“bloqueio continental”, de Bonaparte: faltava-lhe o mar, para a conquista do mundo.
Restava saber por onde os anglo-americanos lhe brechariam a “muralha atlântica”,
desembarcando nalguma parte da Europa o exército que a “libertaria”. Se as futuras
batalhas se circunscrevessem ao Mar do Norte, e dali as linhas de aço apontassem, diretas,
ao coração do Reich, seria dispensável, ou tênue, o auxílio solicitado à América Latina.
Desta feita, a guerra descera aos trópicos. A América não tinha somente de ajudar, na
defensiva, os aliados: devia retomar com eles os portos de invasão. Para isto precisava das
bases, que facilitassem a comunicação intercontinental: o trampolim do Nordeste! Teve
um preço: o sacrifício da frota mercante... Em 1942 e 1943 foram afundados 37 navios
brasileiros, num total — perdido — de 126.535 toneladas.

O TRAMPOLIM DE NATAL
Cessaram as atividades as empresas aeronáuticas que se serviam das instalações de Natal:
a Air France, a Lati, a Condor. Apresentou-se, substituindo-as, a Pan American Airways,
com o seu Airport Development Project: contratou com o governo brasileiro a construção
de campos de pouso (supervisionados pelo United States Army Engineer Corps)868 — que,
finda a conflagração, passariam à propriedade do Brasil. Por esse tempo o Almirante Ari
Parreiras construía para a Marinha a Base Naval, em Refoles. Em agosto de 1942 estava
em condições de receber os dois primeiros caça-submarinos.869 Fizeram os norte-
americanos os vastos aeroportos de Belém, Fortaleza, Recife, Bahia e Natal. Lembra
Morison:
A 1o de abril de 1942 o Tenente Comandante Sperry Clark chegou a Natal com os Catalinas de base terrestre (PBY -5
As) para substituir o Esquadrão VP -52. Depois da chegada da segunda secção desse Esquadrão, VP -83, a 13 de junho,
podia patrulhar toda a costa do Brasil simultaneamente; mas muitos dos 475 oficiais e soldados do esquadrão se
empregaram na construção da base durante o verão e o fim de 1942.870

Surgiu assim o campo de Parnamirim (ao lado do aeroporto militar brasileiro), com
casas, estaleiros, cais de atracação e subida para os aviões anfíbios, armazéns, hospitais, cassinos, com higiene,
claridade, fartura de alegria e de entusiasmo. Era a Rampa da Limpa onde ficavam as patrulhas dos hidroaviões da
Marinha, os Catalinas tão populares como os imensos B -29, bombardeadores de Tóquio, guardados nos ninhos altos
de Parnamirim Field. Da Rampa, além dos 24 PBY de patrulha, corriam erguendo vôo para o salto atlântico os clippers
de 75 passageiros.

“Mistério” — continua Câmara Cascudo, na sua História da cidade de Natal871 —


“quanto ao número das armas sacudidas para todos os quadrantes. Quando Von Paulus
cercava Stalingrado, trezentos aviões desciam, vindos do Norte, e subiam cada noite,
durante a treva, voando alto, rumando África, em rotas desconhecidas, levando auxílios
que valiam vitórias”. Diria o General Dwight Eisenhower (em 1946): “Natal teve, como
todos sabem, grande influência na guerra, possibilitando às Nações Unidas as maiores
facilidades”. Chamaram-lhe o “trampolim”.

SILENCIOU A POLÍTICA

A política silenciou.

Calado doze anos, um homem do passado, Júlio Prestes, escreveu (a Altino Arantes)
estas lúcidas frases:
Louvei a atitude do governo que sinceramente esteve à altura do momento, e pus à disposição da nossa pátria tudo o
que represento. E o que eu represento (o que nós representamos) é não só o velho PRP, mas o Brasil, todo o Brasil,
liberal e democrático, desde a Independência, da Abolição e da República, com toda obra construtiva da
nacionalidade, com o seu progresso, grandeza e felicidade por mais de um século, com mais de 40 anos de vida
republicana.

Fortaleci com o meu gesto o chefe do governo, bem o sei, e nem foi outro o fim que tive em vista. Fortaleci-o para
fortalecer o Brasil; seja o Brasil o que for, mas seja brasileiro. Para defendê-lo não cogitaremos de quem seja o seu
governo e nem da sua forma de governo. Não seria digno de nós explorar o estado de guerra de nossa pátria em
proveito da política partidária. Depois da luta e da vitória cada um (se porventura houver algum ainda com as idéias
de hoje) que tome o caminho que quiser.872
MOBILIZAÇÃO E COMPROMISSOS

A mobilização gradual das Forças Armadas foi pelo presidente da república autorizada em
29 de agosto, na véspera da oficial declaração de guerra (30 de agosto de 1942). Tropeçava
num obstáculo material: o armamento. Cessadas as entregas das fábricas Krupp, dependia
agora dos americanos o equipamento pesado. O mais que obteve o exército foi o
necessário à instrução de meia divisão mista. A própria força expedicionária recebeu na
Itália as modernas armas de que carecia. Deriva desse problema (e da convicção de que a
integridade do país não estava em risco) o moroso processo do aumento dos efetivos —
que chegaram a 180 mil homens. A colaboração com os aliados nos campos de batalha foi
idéia que correu paralela a esse esforço preventivo: na realidade não a tinham solicitado —
pois o que menos lhes faltava era gente, nos fronts do Ocidente ou do Oriente — nem dela
fizeram depender os acordos de defesa mútua. Anunciou-a Vargas no almoço que as
Forças Armadas lhe ofereceram em 24 de dezembro de 1942. Havia necessidade de
preparar os quadros para o seu eficiente desempenho na luta, onde e como as condições o
indicassem. Mas na sua entrevista com o Presidente Franklin Roosevelt em Natal (28 de
janeiro de 1943) — tal como a narrou Vargas em reunião de ministros — o que se decidiu
foi que não convinha, no momento, o embarque do corpo expedicionário, justificável
apenas se o exigissem circunstâncias supervenientes. Em agosto o Ministro General Dutra
visitou os Estados Unidos. Dos entendimentos aí estabelecidos resultou a organização —
com as cautelas pedidas pelo caráter secreto dos preparativos militares — da Divisão que
em junho do ano seguinte levou à Europa a bandeira do Brasil.

BRASILEIROS NA EUROPA

A Força Expedicionária Brasileira (F. E. B.), totalizou cinco escalões, com 25.334 homens,
sob o comando-em-chefe do General João Batista Mascarenhas de Morais.

Desembarcou o primeiro (do comando do General Zenóbio da Costa) em Nápoles, a 16


de julho de 1944. Incorporada no 5º Exército Americano, do General Mark Clark, a F. E. B.
teve por função, como um dos aríetes da ofensiva entre os vales do Arno e do Pó, transpor
as fortes posições alemãs a que se pusera o nome provocante de linha gótica.

Aí desempenhou um papel considerável, na fase mais dramática e rude da escalada,


misturando-se aos contingentes de várias nações que por históricos e escabrosos
itinerários “libertaram” a Itália. Pela primeira vez homens da América Latina — esses
brasileiros integrados no grande exército aliado — trilhavam os caminhos remotos das
legiões, nas paisagens de uma civilização venerável e brilhante; pela primeira vez brigavam
sob os céus europeus!

O CONTINGENTE EXPEDICIONÁRIO

Verificou-se, em 1944, que não eram suficientes os efetivos aliados em luta na Itália. Parte
destes, em operações nos Apeninos, tivera de ser distraída para o Sul da França; e apesar
da queda, em Roma, do regime fascista, o recrudescimento da resistência na zona
industrial, entre o Tirreno e o Adriático, exigiu uma adequada concentração de forças.
Receava-se até a contra-ofensiva, a descer o inimigo das montanhas em que se acastelara,
mal afrouxasse a pressão que o continha. O problema consistia em cortar obliquamente o
maciço central, transpondo-o de cota em cota, donde a artilharia fechava as vias de acesso,
para atingir os férteis campos e as cidades do Norte. Por esse relevo labiríntico o 5º
exército devia lançar-se em progressão vagarosa, escoando-se pelas rampas graníticas sob
o fogo em lançante do adversário tremendamente armado, que se dissimulava nas
alturas.873 Percebe-se disto o que representou para a Força Expedicionária Brasileira a
marcha de Camaiore (18 de novembro) e Monte Prano (26 de novembro de 1944) às
cercanias — na estrada de Bolonha, a velha — do triângulo de Monte Castelo,
Castelnuovo e Montese — etapa do avanço de primavera.

Na luta, que durou sete meses, tiveram os brasileiros duas mil baixas.874 Para os seus 451
mortos, ficou em Pistoia o cemitério, com as insígnias que comemoram a passagem de
suas armas pelas cristas dos Apeninos: o campo santo. E nada mais.875

A MARCHA DA F. E. B.

Divide-se a marcha da F. E. B. sobre a “linha gótica” em dois períodos separados pela pausa
do inverno. No primeiro, castigada pelos frios de novembro, movimentou-se o
Destacamento do General Zenóbio para Fornaci, Galicano-Barga (18 de outubro),
Porretta Terme (2 de novembro), vizinhanças de Monte Castelo, a que quis atirar-se em
dezembro.876 Solicitara porém o General Clark ao Marechal Alexander (25 de outubro) a
ordem de suspender a ofensiva, dada a impossibilidade de continuá-la, sobretudo no setor
de Bolonha, guardado pelas três melhores divisões da Wehrmacht.877 Devia esperar nos
acampamentos de inverno pelo adequado apoio aéreo e pela 10ª Divisão de Montanha,
arduamente treinada para essa espécie de combate. Foi nessa oportunidade que Churchill
passou em revista os batalhões brasileiros, a cujo desfile se refere como a “imponente
espetáculo”.878

Marcou o segundo tempo a acometida de fevereiro, que culminou a 21 (articulada com a


ofensiva americana da 10ª de Montanha e a cobertura aérea, de que participou o grupo
brasileiro de caça) — com a conquista de Monte Castelo. Integrava-se a primeira divisão
brasileira (com aquela unidade de Montanha) no flanco esquerdo do 4º Corpo, dos
Estados Unidos, que teve a tarefa principal do ataque de 18 de fevereiro a 3 de março, qual
o “de desalojar as 232 DI e 114 Jägüer-Div.” dos maciços em que essas unidades inimigas
se tinham escondido (zona S. O. de Vergato, Monte Belvedere, Monte Castelo, etc.).
Atingida aquela meta, coube à F. E. B. ganhar Castelnuovo (3 de março) e Montese (14 de
abril). Desmantelada ali a defesa, ao tempo em que nas várias frentes cedia — por toda
parte — a resistência do Reich, precipitou-se o desfecho da campanha com as belas
operações entre Collechio e Fornovo, em que o esquadrão brasileiro de reconhecimento
obstou à retirada alemã para o Norte. Detida e envolvida nessa última cidade, a 29 de abril
depôs as armas a 148ª Divisão — com 20 mil homens.879 Com admirável decisão (diz o
livro do 4º Corpo Americano sobre a “Final Campaign across Northwest Italy”)880 os
brasileiros, sob o comando do Marechal Mascarenhas, enfrentaram e fizeram calar a
“recalcitrante” Divisão germânica... “This once formidable German Division had first the
Brazilians in the Serchio valley and had, in the end, been compelled to lay down its arms
to them in one of the most bitter battles waged in the final phases of the campaign in
Italy”.881

Foi um dos pormenores simbólicos do fim da guerra, essa rendição em massa, regida
com austeridade pelas corretas normas da cortesia militar.

A F. E. B. honrara as tradições militares do Brasil.

De regresso à pátria, recebeu, nas avenidas cariocas, a consagração do povo. Não custou
pouco ao Brasil a sua decidida cooperação com as armas aliadas.

Cálculos gerais estimam os gastos de guerra em doze bilhões de cruzeiros, dois milhões
esterlinos e dois milhões de marcos alemães, das encomendas não entregues. Fora as
perdas humanas, lamentava-se o desaparecimento de 37 barcos, indispensáveis ao tráfico
de longo curso.882 Mas, como na guerra passada, não houve indenizações ou
compensações que cobrissem esses sacrifícios. A nação entrara por lealdade no conflito,
de que saiu com desinteresse. Evidentemente não é esta a linguagem atual da política
externa: mas, em verdade, uma constante da diplomacia brasileira. Consolava-a o
prestígio irrecusável que lhe coube nas conferências de paz. E a sua influência, para que
cedo voltassem os antigos beligerantes a um clima discreto de compreensão e paz, sem
quinhão de partilha, sem lucros materiais, sem ganância particular, sem tesouros alheios.

XLI: RECONSTITUCIONALIZAÇÃO

OUTRA ERA

O presidente foi muito ovacionado, ao atravessar as ruas em festa, para receber os


expedicionários da Itália. Mas não teve dúvidas de que, com a guerra, acabava a ditadura.
O ambiente era outro. Se em 1937 destilara autoritarismo, alagava-se em 1945 de
democracia. Voltara o clima de idéias, partidos, comícios eleitorais, debate e política —
tanto tempo licenciada, em nome do problema externo...

Começou a cair o Estado Novo (é o que se sabe) ao regressar o General Góis Monteiro
— em outubro de 1944 — de uma missão ao Uruguai. Dissera ambiguamente que viera
acabar com ele...883 O Ministro da Guerra, voltando a 23 do mesmo mês da sua viagem ao
teatro de operações, usara uma linguagem franca: estava-se no tempo (confidenciou ao
presidente) de reconstitucionalizar o país.884 Não tardaria a vitória dos aliados; e o exército
achava que, entre os imperativos da paz, figuravam os da Lei.

Não se agüentaria o regime ditatorial quando os soldados que lá fora o combatiam


(segundo a propaganda corrente) se recolhessem à pátria. A dependência do interno ao
universal, que Vargas assinalara nas contradições de 1939 (democracias em dissolução) e
1940 (união continental) estampava-se, em 1945, na consciência de todos. É expressivo o
confronto de datas. Enquanto nos colóquios do governo se processava a reviravolta
(encarregado o Ministro Marcondes Filho de acertar com os generais o ato adicional à
Constituição...), fervia nos arraiais oposicionistas a rebelião incontável. Estourou no dia
seguinte à tomada de Monte Castelo pela F. E. B. (22 de fevereiro) — como um eco desse
famoso feito de armas. Em impetuosa entrevista ao Correio da Manhã (cuja publicação,
por sinal, derrubou a censura à imprensa) proclamou José Américo a incompatibilidade
do ditador com a política. Avisava: só não podiam concorrer às exigidas eleições três
pessoas, ele, o seu contendor de 1937 Armando Sales e... Vargas. Faltou a este o apoio do
Ministro da Guerra, para deter — ou desviar — o movimento de opinião que arrastou e
destroçou o Estado Novo. O próprio Francisco Campos alistara-se entre os demolidores.
Falavam, destratando o pensamento, num coro enorme de protestos — instituições,
grupos, individualidades... Paciente e conformado, Vargas teve uma frase para o General
Dutra: os homens sacudiam os fracks...885 Mas dessa pressa também ele participou,
chamando para o Ministério da Justiça (em que interinamente se achava Marcondes
Filho) Agamenon Magalhães — para isto dispensado da interventoria em Pernambuco. O
plano fora traçado: pela emenda constitucional nº 9 (de 29 de fevereiro) se fariam eleições
para a presidência e a Constituinte, que somente esta, eliminando a Carta de 1937,
aquietaria a nação. Soara a hora dos partidos, dos comícios, do regresso dos últimos
exilados. O Supremo Tribunal concedeu-lhes o habeas‑corpus, requerido por centenas de
advogados, na euforia das liberdades reconquistadas... Arregimentaram-se os adversários
do governo; e os seus adeptos.

OS PARTIDOS

Formaram-se, em março e abril, os partidos que solicitariam o favor popular: o


Trabalhista Brasileiro, a União Democrática Nacional, com o seu candidato, o Brigadeiro
Eduardo Gomes, o Social Democrático, constituído pelas “situações” estaduais...

Vieram em seguida o Partido Social Progressista (2 de junho), o Republicano (com a sua


tradição, a 2 de agosto), o Libertador (no congresso de Bagé, de 10 do mesmo mês), a
Esquerda Democrática (25 de agosto). Circunstância notável, nenhum deles reagia no seu
programa às modernas idéias. Afinavam, por uma previdente concessão às reivindicações
sociais, prometendo esposá-las no poder — que era o objetivo comum. Em relação ao
trabalho, a União Democrática se batia pela autonomia sindical e pelo direito de greve;
mas restringia a intervenção do Estado às deficiências da economia.886 Já o Partido Social
Democrático prometia consolidar a legislação laborista e esboçava o nacionalismo
cauteloso, enquanto o Partido Trabalhista887 se preocupava principalmente com os
problemas proletários.

Mas a fertilidade de doutrinas não escondia as personalidades repostas no cenário


político. Representava Eduardo Gomes os ideais de 1922, repassados da eletricidade
revolucionária de tantos anos de desengano e silêncio. Para combatê-lo (aconselhou
Agamenon Magalhães), só outro candidato militar. Por exemplo: o Ministro da Guerra...
Arredava o presidente da competição das urnas, para que dele se desviasse a ameaça do
pronunciamento armado: e chamando em seu socorro o General Dutra, impunha à crise
uma fórmula pacífica. Vargas aprovou; e incumbiu o governador de Minas de apresentá-
lo, juntamente com o interventor paulista, Fernando Costa. O Partido Social Democrático
cerrou fileiras em torno do candidato... situacionista. Mas, como em 1937, Vargas se
encolheu, daí por diante, recaindo na apatia em que muitos vislumbraram descrença e
hostilidade.

OUTUBRO DE 1945

Abandonado à própria sorte o candidato “oficial”, correu o slogan... de Constituinte com


Getúlio. Aderiu a extrema-esquerda à agitação, que podia ser uma sondagem, mas
encorpou, com o Partido Trabalhista, enfaticamente o de Vargas; tornou-se em pouco
tempo uma probabilidade; e uma solução.

Visse-se o que ocorria na Argentina!888

Há uma coincidência iterativa entre as revoluções de lá e de cá. Desta feita, a queda e o


retorno de Perón (9 a 17 de outubro de 1945) tiveram a nitidez de um exemplo. Não é
gratuita a alusão ao golpe que o abatera e às manifestações de rua que o repuseram. Entre
a sua experiência obreira e as leis trabalhistas de Vargas se estabelecera um nexo de
afinidade. O Ministério do Trabalho do Brasil dera-lhe (em 1943) informação de tudo o
que aqui se fizera, nesse domínio da mobilização sindical. Além disto o homem poderoso
do Prata se rodeara de formidável apoio popular. Com espanto inteirou-se o mundo dos
acontecimentos que o reconduziram ao governo. Poderia delinear-se no Rio de Janeiro o
fenômeno das multidões a quererem o homem insubstituível? E por que não, a
Constituinte, com ele? O fato é que, dias antes de 29 de outubro, admitiu Vargas a
hipótese de um tertius — que contornasse a competição do brigadeiro e do general.889
Parecia resolvido a ir mais longe: poderia renunciar, para que assumisse a presidência o
Ministro da Guerra (General Góis Monteiro) ou... uma junta de altas patentes. Criaria isto
tal confusão na cena política, que a idéia não passou do estreito círculo das confidências.
Formou-se (era o principal) a convicção de que Vargas se oporia às eleições marcadas.
Inesperadamente, a 29 de outubro — tirou João Alberto da chefia de polícia, dando-lhe a
prefeitura do Distrito Federal; e para o lugar nomeou o irmão, Coronel Benjamim Vargas.

Surpreendido por essa mudança nas primeiras horas daquele dia, o Ministro da Guerra
quis demitir-se. Os generais porém (e entre eles, Dutra) o convenceram de que, em vez de
deixar sumariamente a pasta, devia resistir, pois ao seu aceno o exército se levantaria.
Telegrafou então aos comandos: “Em vista nomeação novo chefe de polícia demito-me e
vou tomar atitude”.890 Concordaram, por seus chefes, a Marinha e a Aeronáutica. Às 16
horas (informada a cidade pelos vespertinos da nomeação do novo chefe de polícia) partiu
o General Álcio Souto para o quartel do Derby, a fazer sair os carros de combate, e os
Generais Dutra e Canrobert Pereira da Costa foram advertir as unidades de São
Cristóvão. Ao cair da tarde desfilaram lentamente, em direção ao palácio presidencial, as
colunas blindadas. Às 19 horas Dutra e Vargas tiveram ainda um breve encontro. Explica-
se. Da véspera marcara-lhe o presidente uma audiência para aquela hora; outra, uma hora
mais tarde, para o General Góis. Compareceu o primeiro a palácio, já o governo
materialmente extinto; e Vargas, como se ignorasse a descida dos tanques do General
Álcio, ponderou que não era caso para tanto; daria a chefia de polícia a quem ele
indicasse; também o Ministério da Guerra. Era tarde. Do Quartel-General considerou-se
consumada a deposição. Foram incumbidos de notificá-la o Ministro Agamenon e o
General Cordeiro de Farias. Ato contínuo, presentes os dois candidatos, se conveio em
entregar a chefia da nação ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro José
Linhares.

Tudo se passou emotivamente, sem tempo para distorções perigosas do movimento


implantado no escrúpulo da legalidade. Terminou discretamente, com a partida de Vargas
para a sua estância de São Borja. Ressalvava-se-lhe o direito de voltar à política nas
eleições imediatas — graças ao seu prestígio pessoal, o mais caudaloso do país. Empossou-
se o Ministro Linhares. A UDN pedira toda a força para o Judiciário. Ali estava, em pessoa,
na toga veneranda do seu chefe. Embainharam-se as espadas, para que ficasse o exemplo,
de um golpe improvisado que se transformara num compromisso de ordem, sobretudo de
imparcialidade — na delicada conjuntura, em que dois militares disputavam as
preferências do eleitorado.

Obteve João Neves que os líderes rio-grandenses reanimassem a campanha do General


Dutra; e (já em novembro) a declaração de Vargas, aconselhando os trabalhistas a nele
votarem.891 Em 2 de dezembro foi eleito (juntamente com a Constituinte); com a
diferença de um milhão e duzentos mil votos.

GOVERNO DUTRA

O qüinqüênio do Governo Dutra foi calmo e fecundo.

Voltara a ordem, com o funcionamento da política, à república recomposta nas suas


linhas mestras. A Constituinte (com forte contingente de oposição) limitou-se a reajustar
ao novo clima a frustrada Constituição de 34. Atualizou-a, sem a desfigurar. Nela manteve
a legislação do trabalho, as garantias do Judiciário, a independência do Legislativo, o
presidencialismo enfim, de atribuições limitadas, liberalmente, isto é, restringindo quanto
possível o Executivo. As realidades desafiavam, porém, o idealismo. Sem maioria
esmagadora nas câmaras, com vários estados governados por adversários da véspera, e
entretanto inabalável, segundo a rigidez do sistema, que não permite a destituição do
governo pelo voto parlamentar, achou-se este no dilema de apaziguar ou reprimir os
ressentimentos herdados. Preferiu (a propósito invocou o exemplo de 1853...) conciliar,
coligando: entrou na experiência discreta do ministério de coalizão, como fórmula fácil de
moderação de debate. Superou-a pela conversa dos líderes, na preliminar do
desarmamento; o governo interpartidário foi a sua segunda fase. Vimos que Deodoro, em
1891, recusara (intransigência de Lucena) este modo simplista de acomodação, que
confina com o “colegiado”. Dutra, sem compromissos, imposto pelos acontecimentos, que
não puderam apagar no seu temperamento de soldado a intuição da ordem, adotou
vantajosamente a tese nova. São palavras suas na Mensagem ânua de 1948: “Logrando
obtê-la (“colaboração dos partidos democráticos”), graças à compreensão e ao espírito
patriótico dos líderes dos maiores partidos, desejo exprimir a convicção de que ao povo
brasileiro caberá a colheita dos seus frutos”.892 Doutrinou: “fato político novo”, tinha “de
ser conquistado com infinita prudência”; assegurava a “coexistência”, na “democracia
federal”.893 Falando no Paraná (25 de fevereiro de 1945): “O governo de conciliação foi, na
realidade, o clima de realização do progresso do país. Temos de repetir esse passo fecundo
da nossa história”.894 Era o que Hamilton chamara “política de colméia”, contra a de
grupos...

1950

A pluralidade partidária e a campanha da sucessão, em 1950, nos municípios, nos estados,


no país, puseram termo à bonança. Cessou ao renovar-se a competição dos grandes
partidos, convidados inutilmente pelo governador do Rio Grande do Sul para se
harmonizarem em torno de um nome. Foi o inevitável do prélio — fixada a União
Democrática Nacional no seu candidato, Brigadeiro Eduardo Gomes, o Partido Social
Democrático unido ao mineiro Cristiano Machado (outro vulto de 1930, eqüidistante da
Nova e da Velha República) — que induziu o populismo — representado pelo diretório
do Partido Trabalhista e pelo Social Progressista, de Ademar de Barros — a oferecer a
Getúlio Vargas o desempate. E... a vitória. Transformara-se a sua estância às margens do
Uruguai na Meca dos trabalhistas. Procurado nos seus pagos pelos fiéis antigos e recentes,
tido como árbitro, ou, pelo menos, fator decisivo da peleja, a que dera, em 1945, a palavra
decisiva, não se mostrou ele afoito ou imprudente. Insistiu pela escolha do nome
conciliatório (sugeriu três, João Neves, Nereu Ramos, Ernesto Dornelles) — e somente em
16 de junho aceitou a candidatura, aclamada pela convenção do PTB no Rio de Janeiro.

Boatejava-se a hipótese do veto militar — vibrado pelos generais de 1945 — à sua volta.
O presidente do Partido Social Progressista — cuja iniciativa está na raiz desses
acontecimentos — foi buscá-lo a São Borja, para a campanha que desimpedidamente
circulou pelos estados, sem sombra de coação. Ao contrário, os três candidatos fizeram
livremente a sua propaganda, complicada (e aliada) nos estados com a sucessão local.
Companheiro de chapa de Vargas, surgiu — homem do Norte — João Café Filho. Seu
adversário de 1935, ainda mal conciliado com ele,895 veterano dos movimentos populares
dos últimos vinte anos, era agora figura de proa do partido de Ademar de Barros. A
honesta imparcialidade do governo garantiu, em todas as fases, a jornada eleitoral. As
forças oposicionistas estavam certas de que ganharia o brigadeiro. As do governo não
tinham dúvida de que venceria Cristiano Machado. Vargas foi nessa consulta ao povo o
elemento fascinante e adventício, que invocava as reivindicações sociais. Subverteu as
previsões o fato perturbador das alianças regionais, em que o populismo se inclinou para
os candidatos que, em troca, podiam favorecê-lo nos votos para a presidência e a vice-
presidência. Juntou a sua sorte à dos partidos litigantes, mais interessados no dissídio
estreito da província do que nos negócios altos da federação. “Se for eleito a 3 de outubro,
no ato da posse, o povo subirá comigo as escadas do Catete. E comigo ficará no
governo”.896

1954

Desvaneceu-se a hipótese de um movimento armado que obstasse à posse de Vargas e


Café Filho, eleitos a 3 de outubro de 1950. O pensamento nas esferas políticas e militares
(responsáveis pelo “29 de outubro”) foi cauteloso e lógico. Tolhido pelo regime
constitucional, isto é, sem possibilidade de reimplantar o poder arbitrário, estava
previamente traçado o comportamento de Vargas, em face das forças hostis. Devia atraí-
las, pela conciliação, ou entorpecê-las, pela legalidade. Seriam fiscais dessa tranqüila
execução dos deveres do governo os generais que, cinco anos antes, o tinham destituído.
Assim fez aquele homem hábil. As festivas cerimônias da investidura — a 31 de janeiro —
cálidas de regozijo popular — emendaram-se à quietação de um período experimental
(“de experiência”, chamou com sutileza o seu primeiro ministério), cheio de promessas
reparadoras. Para durar, apaziguaria: o problema era revitalizar o trabalhismo sem perder
o apoio das correntes que, fora dele, pudessem ajudá-lo. A saída do Ministério do
Trabalho do jovem líder João Goulart (depois do presidente, e indigitado seu herdeiro
político, a mais forte figura do partido) foi o sacrifício que lhe impôs a coexistência.
Temia-se que voltasse o clima sindicalista de 1945. Voltaram, isto sim, os sinais de uma
ampla agitação, com o recrudescimento, em 1954, da campanha de imprensa contra o
governo. Observava-se outrossim que Vargas mudara de hábitos, retraindo-se, como
indiferente àquela efervescência crescente e desassustada. Não se pode separar dos
sucessos de agosto a sua misantropia sem confidentes, no palácio fechado ao torvelinho
urbano, onde, dia e noite, o presidente silencioso despachava o interminável expediente
burocrático. Dir-se-ia ausente da ebulição, gerada numa crise que os jornais e o rádio
vozearam com estridência, e sem interesse em atalhá-la.

Um incidente, e despenharia a tempestade. Aconteceu, na calada da noite (de 4 de


agosto de 1954) o crime da Rua de Toneleros. Um facínora atacou a tiros o jornalista
Carlos Lacerda — o mais ativo dos jornalistas da oposição — e o major da Aeronáutica,
Rubens Vaz, que o acompanhava. Feriu o primeiro, matou o segundo. “O pior que podia
suceder”, disse Vargas. E com razão, pois a responsabilidade pesou sobre a sua “guarda
pessoal”. Reunidos, no quartel do Galeão, os companheiros de armas do Major Vaz
tomaram a si investigar, sem limites de jurisdição e hierarquia, fossem quais fossem as
conseqüências, o crime abominável... Começou a desmoronar o governo ao saírem eles à
caça do malfeitor. Localizado, preso, provadas as suas ligações com a “guarda” palaciana,
procedeu Vargas com sobranceria, dissolvendo-a; e mandou abrir o Catete às buscas que
se fizessem mister. Nada ocultava; nem protegia a ninguém. Agravou o mal-estar reinante
a divulgação dos papéis lá encontrados. Decepcionado, surpreendido, repudiando os que
lhe traíram a confiança, poderia o presidente apelar para a serenidade do juízo público, se
a esse tempo a subversão do ambiente político não se tivesse convertido na liquidação
material da autoridade. A atitude dos aviadores refletiu-se na Marinha, impressionou as
altas patentes do exército, ecoou nas classes conservadoras; generalizou-se a opinião de
que a crise terminaria com a deposição ou a renúncia de Vargas. Em 21 de agosto, o vice-
presidente levou-lhe a proposta, que se lhe afigurou adequada ao momento, de
renunciarem ambos, para que o Congresso elegesse, em, trinta dias, quem o substituísse
para o resto do período. Na tarde de 23 (ciente de que o presidente recusara esta solução),
proferiu Café Filho impressionante oração no Senado. Contou o teor da conversa com o
chefe do Estado, para acrescentar:
Transmiti-lhe o que tinha ouvido de chefes militares, especialmente dos Ministros da Guerra e da Marinha. De
nenhum desses líderes, tanto das forças políticas como das forças armadas recolhi qualquer palavra de garantia ou
segurança, já não digo sobre a possibilidade de manter a atual situação, mas sobre a viabilidade de uma fórmula capaz
de abrir caminho a uma recuperação da autoridade do governo tão duramente comprometida. A verdade é que de
nenhum setor pode vir tal garantia ou segurança. Todos se mantêm dominados pela incerteza e conscientes dos
perigos que rondam a nação. Daí a decisão que assumi na tarde de sábado, dia 21, indo à presença do Excelentíssimo
Senhor Doutor Getúlio Vargas, para oferecer a contribuição única que de mim dependia, com base na minha própria
renúncia. Assim agi na convicção de estar cumprindo o meu dever para com a nação. Sua Excelência depois de ouvir-
me disse que precisava pensar e prometeu-me uma decisão, que ontem me foi transmitida de modo negativo.

O exército (dizia-se) manteria a ordem. À sua frente estava o Ministro, General Zenóbio
da Costa. Pronunciaram-se, porém, os brigadeiros da Aeronáutica; e anunciou-se que
muitos generais tinham subscrito um manifesto que varria a idéia de sua solidariedade
com o governo. Deliberou o ministério noite adentro, de 23 para 24 de agosto. O
afastamento voluntário (e transitório) do presidente teria a vantagem de tranqüilizar o
país, sem os extremos do choque previsto. Salvaria Vargas, resolvido a não sair dali vivo,
em meio de familiares e amigos que prometiam acompanhá-lo nesse lance de desespero...
Os preparativos de defesa do palácio — com trincheiras pelo parque — indicavam que
seria assim. Resignou-se, por fim, o presidente, à ponderada opinião dos ministros. Eram
quatro e meia da manhã. Pelo rádio, conheceram as populações (enervadas por toda uma
noite de noticiário falado) a sua calma anuência à necessidade de licenciar-se. Às oito e
meia — ouviram emocionadamente que, revogando com um gesto sem testemunhas a
renúncia forçada, se suicidara com uma bala no coração.

O GOVERNO DE CAFÉ FILHO

Transformou-se, como num passe de mágica, o quadro político. Nenhuma comoção desta
natureza tivera no Brasil tal desfecho. Longe de ser, como há nove anos, o epílogo de um
processo de deterioração de instituições frágeis, era o sintoma de grave convulsão social,
em que o homem abatido — alvo, na véspera, do mais vivo combate — se nimbou da
auréola do martírio. Projetou-se dolorosamente na sensibilidade popular, através da carta
testamentária que deixara. Saíram do Catete, aberto dramaticamente à visita pública, os
seus funerais, com a retumbância e a espontaneidade das grandes manifestações coletivas.
Eletrizou o povo, o supremo protesto da morte de Vargas! Como força política, à sua
presença, de 1937 e de 1950, sucedeu a sua ausência... Os que em agosto, contra ele,
moviam vitoriosamente a opinião, sentiram nas eleições de outubro (realizadas nesse
clima triste) o efeito daquele luto. Arvorou-se nos estandartes da propaganda, correu os
comícios das capitais e do interior, tarjou fartamente o populismo.

Assumira Café Filho a presidência na manhã de 24 de agosto. Não esperou que o


chamassem. Cessou, de imediato, a agitação dos quartéis; e reorganizou-se o governo, nas
pastas militares o Brigadeiro Eduardo Gomes (que pacificava a Aeronáutica), o General
Henrique Dufles Teixeira Lott (nome apolítico do exército) e o Almirante Amorim do
Vale (com a confiança da Armada). Para mais se desprender do fermento partidário, o
novo presidente não quis ter líder no Congresso. Proclamou a sua neutralidade em face
das próximas eleições (Ministro da Justiça, o jurista Seabra Fagundes), o empenho em
continuar a política exterior (Chanceler Raul Fernandes), a prudência nas finanças
(Ministro da Fazenda Eugênio Gudin), a vontade de firmar na ordem a autoridade
modesta. Mas essa quietação não podia ser indefinida; nem era razoável. À ação dos
homens de agosto contrapunha-se, reagrupado, o populismo: o eleitorado favorecia-o. O
exato momento para a comparação de forças seria (como das outras vezes) ao apresentar-
se a questão presidencial. Só um nome que acomodasse os partidos, ou uma aliança entre
eles, evitaria a luta, de incalculáveis conseqüências... A idéia da solução de compromisso,
combinada pelos ministros militares, não achou eco nos meios políticos. Não porque
fosse utópica a fórmula, mas porque carecia do complemento, o nome. Podia ser o do
governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek de Oliveira. Se funcionasse a rotina
anterior a 1930, a oportunidade seria de Minas, justificada, menos pela alternativa, do que
pela divisão dos paulistas. Contava também com o trabalhismo. Kubitschek não esperou
que se pronunciassem as direções partidárias. Lançou-se à conquista da população
eleitoral, visitando-a, em todos os rincões da república. Consolidou-se na posição de
candidato graças ao apoio do Partido Republicano (Artur Bernardes), pois o vice-
governador, que lhe sucederia ao deixar o governo do Estado, seis meses antes do pleito, o
Professor Clóvis Salgado, pertencia a esse partido. Selou a aliança dos trabalhistas a
inclusão do nome de João Goulart (elevado, com o desaparecimento de Vargas, à chefia
do seu partido) como candidato à vice-presidência. O Partido Social Democrático
homologou-lhe a candidatura. Três outras se apresentaram. Polarizando o movimento de
agosto, com base na União Democrática e no situacionismo paulista (Governador Jânio
Quadros) — o General Juarez Távora. Continuava a tradição política do Brigadeiro
Eduardo Gomes — enraizada na ortodoxia revolucionária de 1930. Em seguida, com o
populismo próprio (e probabilidade de vitória nas grandes cidades), o chefe do Partido
Social Progressista, Ademar de Barros. Entrava como quarto pretendente Plínio Salgado,
com os seus antigos contingentes integralistas. Pela primeira vez concorreram quatro
candidatos, em livre colóquio com as massas, numa campanha desimpedida e veemente.
Ganharia (com reduzida margem) quem lhes satisfizesse as exigências nacionalistas, de
reforma e assistência social. Não seriam elas que se modificassem, ao sabor dos políticos,
mas estes que as entendessem, descendo pressurosamente ao seu encontro... Prevaleceu,
como era de prever, a liga do PSD, do PTB, do PR. Elegeram-se, a 3 de outubro de 1955,
Kubitschek e Goulart. Como cinco anos antes Vargas e Café, sem maioria absoluta; mas
com a base parlamentar indispensável à administração.

TRANSIÇÃO

Foi o sustentáculo parlamentar que transformou, em 11 de novembro, a crise armada em


solução política: deu-lhe a vestimenta constitucional.

Os sucessos de novembro giraram à volta de hipóteses. A imprensa cansou-se de


formulá-las. De um lado, havia quem se batesse pela “maioria absoluta”: sem ela,
careceriam os eleitos de legitimidade... Do outro, legalistas, apoiando-se ao Ministério da
Guerra, se arregimentaram os que temiam que a contestação, baseada naquele argumento
tardio, redundasse no sacrifício puro e simples dos candidatos vitoriosos. Generalizou-se
em conseqüência a convicção de que a permanência do General Teixeira Lott na pasta da
Guerra lhes garantiria a posse. Foi quando adoeceu o presidente (cujos males cardíacos se
tinham agravado) e assumiu o governo o presidente da câmara, Deputado Carlos Luz.
Pendia de despacho (concentrando o problema do momento, ou seja, a sorte do
ministério) o caso da punição a ser imposta ao Coronel Jurandir Mamede, em virtude de
discurso que proferira nos funerais do General Canrobert Pereira da Costa. Subira o
recurso ao chefe do Estado, que o decidiu contra o ministro. Foi ao entardecer de 10 de
novembro. Anunciou o rádio a demora da audiência, em que o Ministro da Guerra se
entenderia pela última vez com o presidente em exercício; e, por fim, o seu pedido de
exoneração. Não sucedeu assim, porque altas patentes, naquela mesma noite, instaram
para que continuasse ele no cargo, e voltando ao ministério, assumisse o comando e a
responsabilidade da ocupação da capital. Isto feito, ao raiar o dia 11 de novembro, o
exército dominou-a sem luta. O Presidente Luz, ministros e colaboradores deixaram o
Catete momentos antes da chegada das companhias motorizadas, e embarcaram no
cruzador Tamandaré, que rumou para Santos. Acudiu a câmara (convocada pelos líderes,
à uma hora da manhã) com a sua intervenção urgente. Tomou a mensagem que lhe
enviara o presidente em exercício (“me mantenho em exercício daquele cargo, a bordo de
uma unidade da nossa Marinha de Guerra em águas territoriais”) como o seu
“impedimento” — artigo 79, §1º da Constituição — e, 257 votos a 72, chamou à sucessão
o presidente do Senado, Nereu Ramos. Empossado este, ordenou Carlos Luz que voltasse
o Tamandaré. Dissipou-se, com isto, perspectiva da guerra civil. Decretado o estado de
sítio (a 22, pedido que fora a 14 pelos ministros militares), possibilitou, a 23, o
“impedimento” do Presidente Café Filho, que, restabelecido, pretendia retornar às
funções. Foi-lhe vedado o acesso do Catete. Finalmente, a 31 de janeiro de 1956, com as
festas habituais, se investiu na chefia da nação o Presidente Kubitschek.

Viajara pelos Estados Unidos e pela Europa. Quinto presidente mineiro (depois de Pena,
Venceslau, Delfim e Bernardes), entrou a dirigir a república com propósitos conciliatórios
(o primeiro, a dispensa do estado de sítio) e um largo programa de desenvolvimento —
que pressupunha a normalidade funcional do regime numa de suas conjunturas mais
tormentosas.

O DESENVOLVIMENTO

O governo que começou em 1956 tinha externamente em seu benefício o sólido legado
americanista (com a contrapartida dos compromissos de defesa)897 que o protegia das
inquietações extracontinentais. Serenados os ânimos restava-lhe — inadiável encargo —
atender às finanças subvertidas pelo desequilíbrio orçamentário, estampado no déficit da
ordem de 50 bilhões de cruzeiros, e, mais além, na esfera da produção e do consumo, às
queixas do povo, atormentado pela carestia da vida, resultante normal da inflação. Contê-
la — com a dureza dos últimos ministros da Fazenda — segundo o pensamento clássico,
de que o emissionismo, submergindo o crédito, deteriora as instituições — foi a sua
preocupação inicial. Ao cabo do primeiro exercício reduziu-se o déficit. Mas uma nação
com o ímpeto vital do Brasil não limita as aspirações (voltando à severa quadra de
Murtinho) à balança de contas. Tem de responder ao tempo, na corrida às fontes de
riqueza; a sua força orgânica desprende-se do domínio do espaço; o seu roteiro é o das
áreas novas. Nunca foi tão gritante o contraste entre os embaraços do Tesouro (agravados
imoderadamente pelo custo crescente do funcionalismo) e as perspectivas econômicas. À
medida que no estrangeiro se avolumam as desconfianças do futuro, aumenta a atração
brasileira dos capitais migratórios. Nação essencialmente agrícola do fim do século
passado, passou à categoria das que podem, querem armar com o próprio ferro, com o
próprio combustível — a máquina da independência. O mercado interior absorve-lhe a
produção industrial. Ganha o sentido do Oeste, a movimentação do progresso. As regiões
vazias (reparara o General Gamelin) são, na América, outras tantas colônias, à mão do
mais racional dos... imperialismos, que é a ocupação pela pátria. O deslocamento
desordenado das bandeiras dera-lhe os limites. Urgia alcançá-los pelo povoamento,
impelido pelas circunstâncias cumulativas do pioneirismo, do lucro, do desenvolvimento
escalonado em etapas administrativas. A luta do homem com a imensidade (signo da
formação brasileira) subordina-se a projetos técnicos: toma a consciência dos itinerários.
As “oposições de velocidade e lentidão” (de que fala Roger Bastide)898 convertem-se em
marcha. Como há cem anos — a estrada arrasta o colono: mas não é o pesado comboio; é
a rodovia, com o caminhão. Onde não chega a estrada, vai o aeroplano.

Elaboradas como de improviso — à beira da floresta virgem, as cidades se tornam os


monumentos enormes do rush do café, da criação do gado, da invasão maciça das terras
férteis. Simboliza o período a idéia mudancista — de que Goiânia é o índice e Brasília a
surpresa.

MUDANÇA
O caso de Goiânia lembra o de Belo Horizonte, mais recuadamente, Teresina e Aracaju.

Já o presidente da província, Couto de Magalhães, preconizara, em 1863, a mudança da


capital — encravada, como a velha Ouro Preto, nos seus sítios auríferos — para o
descampado, que lhe favorecesse o desenvolvimento. O Interventor Pedro Ludovico
anunciou, em 1932, aquela resolução. Escolhido o lugar, o arquiteto Attilio Corrêa Lima
urbanizou-o, construindo os primeiros edifícios públicos. Em 1942, inaugurou-se a nova
capital de Goiás: quinze anos depois, tinha mais de 100 mil habitantes...899

Quanto à transferência da capital da república, a idéia (coincidente com as primeiras


inquietações da independência, pois a esposaram Hipólito da Costa e José Bonifácio em
1821, Varnhagen, em 1839,900 e já de Brasília se tratava, em 1822...) — se ajusta a
considerações complexas.

Começara pelo sentimento nacional, de remover para uma posição eqüidistante e


propícia o coração do império, mal situado no porto populoso, onde os problemas locais
esfumaçam a visão de conjunto dos poderes federais... Mas ficou letra morta o
mandamento de 1891, que determinara a mudança para o planalto central,
proficientemente estudado, por Luís Cruls.901 Repetiram-se as Constituições deste ano e
de 1946. O Presidente Dutra dispôs-se a cumpri-lo. Daí a nomeação da comissão de
estudos (19 de novembro de 1946), primeiro passo para os trabalhos preliminares, quais a
localização da nova capital (1953), fixada em 1955 (5.850 km2 entre os Rios Preto e
Descoberto), a construção do aeroporto, finalmente a mensagem do Presidente
Kubitschek (18 de abril de 1956) criando a Companhia Urbanizadora. Deu origem à lei de
19 de setembro (Novacap). Em 3 de maio de 1957 o Cardeal-Arcebispo de São Paulo Dom
Carlos Carmelo Mota rezou em Brasília a primeira missa. Coube ao arquiteto Lúcio Costa
(vencedor no concurso) elaborar o plano urbanístico. É de Oscar Niemeyer a concepção
arquitetônica da futura metrópole.902 Para ela confluem as rodovias que a ligarão a São
Paulo e Belo Horizonte. Através da hiléia amazônica começa a rasgar-se a comunicação
do Pará com esse ponto de junção dos transportes nacionais (consoante o plano
complementar de Brasília). E com tais promessas de desbravamento entusiástico se
atualiza a questão da transferência da sede do governo — o que importa dizer, uma fase
nova e singular da evolução brasileira. A da descentralização industriosa e atrevida. A fase
da interiorização do progresso, com a seqüência da integração material das zonas vazias
no vasto sistema do crescimento brasileiro.

XLII: A VIDA ECONÔMICA

CORRENTES HUMANAS
O surto econômico (tomado o ano de 1888 por divisória, entre rotina e desenvolvimento),
não segue um plano suscetível de reduzir-se a fórmulas simples. Tem, como tivera antes, o
caráter explosivo dos ciclos, em que espontam as novas riquezas; acompanha o sinuoso
rumo das lavouras itinerantes — em busca de novos solos.

São ciclos — responsáveis pela exploração de territórios promissores — o do café, na


ponta dos trilhos paulistas, do cacau, pelo Vale do Rio Pardo, da borracha (“ouro negro”,
na sua analogia com a corrida setecentista, do ouro de Minas)... O mais extenso, de 1890
em diante, esse, da borracha, rendeu o Acre. Estabelece-se o equilíbrio na prosperidade do
Sul — que se enche de colonos e do Norte — para onde se deslocam os retirantes
cearenses. Em dez anos aumentou São Paulo de um milhão de habitantes:903 e este
crescimento, que lhe assegurou, a partir de 1893, o primeiro lugar nas exportações
brasileiras,904 se tornou pasmoso no seu ritmo acelerado. Há o “fenômeno” de São Paulo
— na civilização do Novo Mundo — como houve o da Califórnia, de Nova York, o de
Buenos Aires. A severa cidade acadêmica, embuçada no casulo romântico de 1870, graças
ao café e ao imigrante, ao transporte ferroviário, à energia elétrica, ao porto de Santos, em
pouco tempo se transmudou na capital moderna — destinada a ser o mais poderoso
parque de indústrias da América Latina.

É considerável a contribuição alienígena para os índices do desenvolvimento, mas sem


relegar a plano secundário o fator nacional.

As correntes imigratórias só encorparam depois de 1870; e concentraram-se em zonas


favoráveis, onde o trabalho do colono produziu modelos invejáveis de fixação e
convivência (em climas semelhantes aos dos países de origem, mais frios e salubres) —
isolados dos núcleos agrestes ou caboclos, que continuaram a vegetar pela vastidão do
país. Respondem pelo florescimento dessas regiões; mas nelas se confinaram, como
arquipélagos de costumes exóticos na barbárie tropical. Esta, fez o resto.

Com 14.332.915 habitantes em 1890, tinha a república 30.635.605 em 1920.

São hoje 62 milhões.

Absorvera, em cem anos, 3.500.000 estrangeiros.905 A sua percentagem é mínima nas


terras quentes. O caboclo corta as canas e movimenta os engenhos, alastra os cacauais do
litoral baiano, expande os algodoais do Nordeste; domina a Amazônia.

Na verdade a “civilização de fachada”, que lastimaram Sílvio Romero e Alberto Torres,


abria-se em janelas amplas para a largueza do país: por ela se desdobram, conjugadas, as
forças da policultura e da intercomunicação. A primeira desmembra o latifúndio,
pulverizando-o nas áreas em que preponderam as lavouras de subsistência, a pequena
empresa, o seu individualismo tradicional. O transporte difunde maquinismos, idéias,
estilos, moderniza os processos econômicos, distribui, ou dirige o nomadismo das
populações que se desprendem do habitat ingrato, atrás de fartura e saúde.906 Há nesses
deslocamentos certa inconformidade utópica (contrária ao conformismo rural, de que
falou Oliveira Viana), que sociologicamente se explica pela herança cruzada do português
perseverante, do índio andejo, do preto rebelde. Mas a razão visível é a seca, em forma de
flagelo periódico dos sertões, no polígono traçado desde o litoral cearense até Minas, e a
cujas agruras devíamos o rush dos seringais (seca de 77), a expansão de Ilhéus, o café do
Oeste paulista.

Com o aumento anual de um milhão e quinhentos mil indivíduos, em 1958, tem o país
cerca de 62 milhões de almas.

TRANSPORTES

Planos gerais de viação não faltaram, desde o de 1874, do engenheiro João Ramos de
Queirós, até os recentes (de 1932 e 34), tentando cobrir o país com uma rede nacional de
caminhos de ferro. Cederia o lineamento teórico à conjuntura, desarticulando-se em
soluções parciais, que obedecem à tríplice consideração das ligações dos troncos, da
produtividade das zonas novas, do desenvolvimento. Grande época desse
desenvolvimento foi a de 1906 a 10, quando se fizeram a Madeira–Mamoré e a São Luís a
Caxias; alcançou a Noroeste o Mato Grosso; concluiu-se a São Paulo–Rio Grande (unindo
o Rio de Janeiro aos pampas), iniciada em 1895, vendida em 1907 à Brasil Railway; os
trens da Leopoldina foram de Niterói a Vitória. Construíram-se naquele período 2.225
quilômetros; no quatriênio seguinte, 5.180.

Os governos posteriores, lutando com as dificuldades da guerra mundial, não lograram


retomar o ritmo desses trabalhos. Em compensação, deram-se (a partir de 1928) à política
rodoviária, de que foi precursor o Presidente Washington Luís. Realizou-se inicialmente a
Comissão de Estradas de Rodagem Federais, transformada, em 1937, em Departamento
Nacional de Estradas de Rodagem, com o Plano Rodoviário Nacional (aprovado
oficialmente em 1944) e a previsão de 35.374 km, sobretudo o Fundo Rodoviário, de 1945
(lei Maurício Joppert).

A Rio–Petrópolis (1928) marca o início do programa de auto-estradas, de que foram


pioneiras a Via Presidente Dutra (501 quilômetros, Rio–São Paulo) em São Paulo, as vias
Anchieta (58 quilômetros, a mais freqüentada do país) e Anhangüera (145, de São Paulo a
Campinas). Articula-se a primeira com o tronco meridional (São Paulo–Rio Grande) e o
novo traçado de Caxias–Rio Negro. Completou-se em 1949 a junção rodoviária e
ferroviária Rio–Bahia... Coincide com essa obra vital (o circuito transnordestino) o surto
do “movimento migratório para o estado de São Paulo”,907 outra face (agudamente social)
do problema das comunicações internas.908

A aviação tem um papel à parte na metamorfose do país.

AVIAÇÃO
Como que um desígnio oculto fadara o Brasil a ser um país de aeronautas. Bartolomeu de
Gusmão inventou o aeróstato, Santos Dumont o aeroplano... Evidenciou-se, na década
seguinte à Primeira Guerra Mundial, a necessidade de empregá-lo na intercomunicação
brasileira. Apareceram as empresas: no Rio Grande, a Varig, em seguida a Condor,
nacionalizada em Cruzeiro do Sul, em 1930 a Nirba, a Vasp em 1934, a Panair, a
Aerovias... E o heróico Correio Aéreo Militar (maio de 1931). Sem a rapidez desse
transporte, que, em 1928, pôs a fronteira a poucas horas do centro, não teriam ocorrido os
fatos de 1930 — tecidos no colóquio itinerante dos líderes — com a precisão e a
pontualidade previstas. Pela primeira vez um movimento político utilizou a facilidade,
quase a ubiqüidade, de conversas em que se encontraram os responsáveis por três estados
distantes. O avião — para destacar o seu aspecto nacional, ou seja, a interiorização dos
processos culturais pela multiplicação de aeródromos e a chegada aos mais remotos
rincões do passageiro, da máquina, do costume, da moda, do livro, da notícia, portanto da
civilização, com o bem e o mal que a civilização carrega — acelerou, pitoresca e
inesperadamente, a vida nacional. Começou a suprimir-lhe a noção do espaço, presente
em todos os momentos da nossa evolução; valorizou-lhe o tempo. Habituamo-nos a
considerar o povoamento a conquista do espaço, num tempo que corre preguiçoso,
aliando duas idéias básicas da formação americana, a grandeza (que pressupõe
impaciência) e a juventude (que pode esperar). A velocidade criou outra consciência: a
antecipação, que devora as metas, como o avião as distâncias. Sem ele, não se escreveria o
capítulo mais recente da história do país: o desenvolvimento, com a criação
surpreendente de núcleos sociais longe das vias terrestres de acesso, como pontos de
convergência a elas propostos. É o caso — entre muitos — do Brasil Central.

Nada menos de 2.611.000 pessoas viajaram de avião em 1953. Em 1957, foram


3.874.100.

Estes números bastam — como prova de que é um sistema instalado em cheio nos
hábitos brasileiros.

PRODUÇÃO

Pela tabela das exportações podemos seguir a evolução dos produtos com a sua
diversificada influência no desenvolvimento do país.

Tome-se por ponto de partida a república, de 1890 (trabalho livre e imigração).909 O


café, que representava, ao desabar o império, 61,5 do seu comércio exterior, passou na
década seguinte a 64,5; atingiu, na de 1921–30, o mais alto nível, 69,6, ao contrário do
açúcar, rebaixado de 6,0 a 0,5. Beneficiaram-se o algodão e o cacau de um progresso firme
(de 1,5 e 2,7, para 4,2 e 14,2), enquanto sofreram o fumo e a borracha as condições
depressivas da bolsa internacional. Subiu a exportação da borracha, de 8,0 em 1891–1900
a 28,2, no decênio de 1901–10, mas para cair, sacrificada pela concorrência asiática, em
quotas decrescentes de 12,1 (década seguinte), 1,1 (1931–10)... (Nessa percentagem lê-se a
flutuação de fatores sociais, povoação e conquista da terra; o deslocamento dos núcleos
econômicos, com a preponderância — na eclosão industrial — das províncias
meridionais; as constantes daquela riqueza instável. Em todo caso, até a Primeira Guerra
Mundial continuava o Brasil “essencialmente agrícola”, com presunções de árbitro de
preços (café, borracha, cacau) ou por estes bafejado (algodão, cacau, tabaco) nas
incertezas da lavoura colonial.

O CAFÉ

O convênio de Taubaté (1906) valorizou sem limitar. Este, o erro da política de retenção
dos stocks e preço alto, boa para o país produtor, enquanto “controlasse” o mercado,
absurda quando (estimulada pelas cotações crescentes) se apresentasse a concorrência,
derrubando no excesso da oferta todos os cálculos. Assim aconteceu em 1929. Guardar
para as safras magras, segundo o critério bíblico, era simples. Outros fatores,910 porém,
incidem nas lavouras tropicais; o mais grave, a inconstância meteorológica. Julgava-se que
a um ano farto se seguiria um de escassez. Se invariável o ritmo, o sistema de Taubaté não
sofreria objeções. Na hipótese da superprodução, com o “enjôo” das praças compradoras,
cairia por terra, com os seus complementos de financiamento e crédito. No princípio,
tudo correu às maravilhas. 1890 foi o boom paulista. A saca de café valia 100 mil-réis!911
Seguira-se a depressão... Exportávamos dez milhões de sacas em 1899 (quase o dobro de
89), onze em 1905,912 em 1920 quatorze, em 1928 um pouco menos,913 o que vale dizer que
as remessas mantiveram uniformidade, sem embargo do aumento do consumo. Em
quatro anos foi resgatado o empréstimo de quinze milhões esterlinos garantido pela
União (base do convênio) e podia São Paulo levantar mais sete e meio milhões
(liquidáveis até 1923) para continuar a manobra. Em 1917 o governo federal entrou, com
lucro, no mercado, para armazenar três milhões de sacas; e em 1920 (tomando 25 mil
contos no país e quatro milhões de libras em Londres) repetia a intervenção defensiva,
confiada, em 1922, a um instituto permanente. Reverteu dois anos depois à administração
paulista.914 Proteger o café era socorrer a nação, a quem dava dois terços do ouro de sua
balança comercial. Estremeceram, a nação e o seu principal negócio, com o crack da bolsa
de Nova York. Acumularam-se duas grandes colheitas. Isto (23.324.000 sacas!) quando
havia stocks sem colocação915 e se propunha, para remediar a pletora, a eliminação dos
saldos... Desandou o preço; e o governo...916 Triunfante a revolução em que a crise tivera a
sua parte (o “general café”...), o Ministro José Maria Whitaker, representando o
pensamento conservador de São Paulo, empreendeu a defesa pelo equilíbrio estatístico.917
Adquiriu a União 17.500.000 sacas. A taxa de dez, depois de quinze shillings, financiou a
redução e — em monstruosas fogueiras — a queima do excedente. Só não era selvagem,
essa operação simplista, porque era universal,918 num estranho tempo em que se
destruíam, com o mesmo propósito de equilíbrio, videiras na França, rebanhos na
Austrália, máquinas na Inglaterra... Proibiu-se o plantio. O que tinha de artificial a
política limitativa estourou, em forma de corrida às terras roxas, mal o restabelecimento
econômico dos Estados Unidos — a que se seguiu a alta, peculiar à expectativa de guerra
— repercutiu no mercado brasileiro.919 Seria utópico impedir a multiplicação das fazendas
ao espraiar a “onda verde” pelos solos propícios, como, em 1870, à roda de Ribeirão
Preto.920 Nem se restringiu ao norte do Paraná. Atirou-se a Goiás e Mato Grosso.921 Com o
séquito de civilização itinerante, o fenômeno de cidades improvisadas, em que correm as
avenidas pelos roçados da véspera, numa rápida montagem de instalações precárias, a
lembrar a Califórnia dos “pioneers” — com o trabalho barato dos trabalhadores
deslocados das zonas pobres do Nordeste pelas modernas rodovias... Pelo roteiro do café
— como no século passado — continuaram a brotar núcleos prósperos, que amiúdam as
malhas da rede de circulação, para lá dos caminhos tradicionais do Sul e do Oeste: numa
conquista metódica de vales e planaltos, em direção à despovoada e imensa fronteira.
Permanecia com a qualidade original, de bandeirante. Nova crise feriu o café em 1957 e
comprometeu-lhe a posição mundial em 1958. Até então, tivera o Brasil a liderança da
exportação (em 1957, 42% da importação norte-americana e 32% da européia).922 Dela
tirou (naquele ano) 61% do volume global de divisas provenientes das vendas externas. É
como se disséssemos (confirmando) que sobre essa coluna repousa o suprimento nacional
de moeda estrangeira, ou seja, o câmbio. Enquanto os máximos produtores fossem os
países latino-americanos (a Colômbia, já com 20% da importação norte-americana), não
se modificariam os dados do problema. A partir porém de 1950, os territórios africanos
começaram a produzir café em ampla escala. Em 1946 os Estados Unidos lá adquiriam
420 mil sacas; em 1957, 3.200.000, ou seja, de 2% a 15% do seu consumo. Por sua vez o
Mercado Comum Europeu comprou na África 34% da sua importação (em 1957). Esses
nove milhões e 100 mil sacas derramadas nas linhas de distribuição contribuíram — como
um fator explosivo — para o caráter depressivo da economia cafeeira na América Latina.
Não constituem, porém, a razão fundamental da angústia que a assoberbou. Origina-se da
complexidade das relações internacionais nesta época de choque das mentalidades agrária
e industrial, do nacionalismo econômico, baseado na auto-suficiência, da interrupção dos
processos clássicos de intercâmbio no dirigismo, na valorização, na planificação daquela
economia perturbada.

AÇÚCAR E FUMO

Subvertem-se os antigos valores em face das novas condições do mundo. O capital


internacional dá às colônias tropicais uma expansão admirável — que abarrota os
mercados; e a maquinaria, cada vez mais cara, contribui para que essa concorrência nos
seja desfavorável. O caso do açúcar é típico. Da primazia passamos à posição inferior, de
só abastecer o mercado interno, em virtude do desenvolvimento da indústria — com os
engenhos centrais — que eliminou as pequenas fábricas, reuniu à volta das usinas, seus
dependentes, os lavradores, encerrou o ciclo aristocrático dos engenhos, substituiu o
senhor pela companhia (algumas organizadas na Inglaterra, com nomes ingleses) e
instalou o monopólio de zona, em lugar da iniciativa resistente dos velhos proprietários.923
Golpe definitivo no comércio exterior do açúcar foi a tarifa preferencial, com que os
Estados Unidos protegeram o de Cuba — relegando o brasileiro à exportação, também em
declínio, para a Grã-Bretanha.924 O fato é que, de terça parte da exportação nacional na
década da Independência, na de 1931–40 foi de... 0,5. A produção, que em 1932 alcançou
1.027 toneladas, desceu em 1936 a 900, equilibrou-se em 1938 na ordem de mil toneladas,
correspondendo a 4% da produção universal — de que já fora a maior porção. Subiu a
exportação de 255.571 em 1935 para 423.904 em 1957.

Limitação análoga sofreu o fumo, cabedal tão estimável outrora, e que ultimamente
conserva nas estatísticas uma constância melancólica. Em 1821, 2,5, continua a manter
esta percentagem sobre a exportação do Brasil cem anos depois.925

ALGODÃO

É o algodão sobretudo sensível às variações do consumo. Depende da “conjuntura” norte-


americana. Tendo metade da produção mundial, os Estados Unidos dão o preço. Quando
se retraem (e a guerra de secessão serve de exemplo), a valorização instantânea incita o
plantio, onde praticamente desaparecera: e, por força desta compensação, o mercado, que
cedo se satura, volta aos níveis razoáveis. Ao fracassar a política do café, em 1930,
atravessava a cultura algodoeira crise correlata. Valia, em 1932, em nossa exportação (de
que fora boa parcela) 0,1%.926 Contribuiu para a conquista do mercado mundial a tabela
dos padrões oficiais, estabelecida em 1933 pela Bolsa de Mercadorias. Produzindo 99 mil
toneladas em 1932, passávamos a 399 mil em 1936, estávamos em 373 mil em 1938
(noutra fase depressiva). Já em 1940, o valor da exportação do algodão era superior ao do
café (1.475 milhões para 1.378...).927 De 139.800.000 toneladas em 1950, oscilou em
66.200.000 em 1957 (seja, de 10 a 3,2% da exportação total do Brasil).

BORRACHA

A borracha amazônica foi fulminada, em 1911, por uma catástrofe, prevista com o
desdobramento das plantações asiáticas: a depreciação.928 O produto nativo seria
esmagado pelo cultivado, proveniente das primeiras mudas levadas do Amazonas em
1876. Dia viria em que, saturado o mercado, se contentasse com a goma da Malaia e das
Índias Holandesas; mas por preços que não pagavam o custo da borracha paraense.
Aquilo foi inopinado; e terrível.929 Caindo verticalmente a procura, logo se imobilizou a
rede econômica que envolvia, desde o seringueiro, no seu barranco, até o exportador de
Manaus e do Pará, abrangendo o “aviador”, o comércio volante, o latifundiário, os
pioneiros que voltavam do seu trabalho com verdadeiras fortunas, dissipadas com
estrondo nos desperdícios da capital. A lendária opulência de Manaus de dez anos antes,
com o teatro semelhante aos melhores do continente, o luxo e os hábitos de cidade rica,
como por milagre se dissolveu numa tristeza de terra devastada: acabou, no país, o delírio
da borracha. Deixara um vestígio memorável no mapa do grande vale, com as povoações
semeadas até às divisas da Bolívia e do Peru, a ocupação dos remotos afluentes, o
devassamento do Acre. Criara civilização; integrara no conjunto nacional o extremo
Norte; dera algum tempo o contrapeso à desmarcada evolução econômica do Sul, quando
(como em 1910) o café e a borracha se equivaliam na balança comercial.
Julgou Henry Ford que podia, plantando seringais às margens do Tapajós, abastecer a
indústria norte-americana com um produto barato, e superior ao dos ingleses da Ásia.
Fracassou-lhe o empreendimento (e deu de graça culturas e benfeitorias ao governo
brasileiro) pela impropriedade do solo, manifesta na baixa produção...930 Dir-se-ia que só
a floresta remuneraria o rude trabalho dos caucheros. Com a Segunda Guerra Mundial
(fechados os mercados orientais) a valorização entusiasmou de novo os caçadores da
goma: mas, cessada a febre da procura, ainda uma vez a queda das cotações os desanimou
e dispersou.

CACAU

Passou o Brasil a grande exportador de cacau graças à expansão desta cultura no sul da
Bahia, tendo por centro Ilhéus, velha capitania que em alguns anos (1893 a 1900) se
transformou numa das zonas florentes do país. Em 1891, da Bahia saíam 3.028
toneladas.931 Seis anos depois, 7.632; em 1906, 23.537; ao começar a primeira grande
guerra, 41.545; em 1923, 62.492.932 Atingindo o dobro dez anos mais tarde, em 1939 a
exportação alcançou 141.838 toneladas, em 1957, 109.700.

CRIAÇÃO DA INDÚSTRIA

Até 1914 não se pode falar, no Brasil, de mentalidade industrial.

O que até aí se debatera (a partir de 1843) foi a proteção tarifária, que deixasse viver a
manufatura sem desafiar a represália do competidor estrangeiro, que, em troca do
artefato, nos comprava a matéria-prima. Livre-cambista era o império. A república
principiou industrial na febre do “encilhamento”, e segundo o claro pensamento de Rui
Barbosa: que, pelo menos, se impedisse a importação dos “similares”... Prosperaram as
tecelagens; e as usinas de açúcar. Mas seria temerário insistir no isolamento industrial do
país (sem capital para mecanizar-se, nem mercado interno para o produto, que lhe ficaria
muito caro) no “clima” liberal de 1900. Bastava o tratado norte-americano de 1890, com a
cláusula benévola da livre entrada do café (desprezado o açúcar, que, sem o favor da
“exclusividade”, não concorreria com o de Cuba)933 — para que não ousassem desfechar o
sonhado protecionismo os cautos políticos, hesitantes entre a lavoura, dona do poder, e as
belas teorias de reabilitação econômica. Joaquim Murtinho não tergiversou: pôs-se
decididamente contra a indústria; para salvar o câmbio. Mataria a iniciativa, contanto que
resgatasse as dívidas. A república não precisava desenvolver-se; precisava pagar. O
problema não era biológico, de crescimento, mas contábil, de caixa. Satisfazendo aos
compromissos na City consolidaria o crédito, embora travasse o progresso (palavra
equívoca) e continuasse o Brasil a receber, pelo vapor da carreira, o seu equipamento de
subsistência. Dos sapatos ingleses à manteiga dinamarquesa, dos fósforos suecos às telhas
francesas, do pinho-de-riga às ferragens alemãs, do linho de Manchester aos queijos
flamengos, dos livros portugueses aos móveis de Paris. Reluziam, como reações
esporádicas, as campanhas de associações instrutivas, como outrora a Auxiliadora da
Indústria Nacional (1825),934 com o seu periódico (1833–60), e, no começo do século, o
Centro Industrial do Brasil, capaz de resumir, em 1907, num livro oportuno, a economia
do país.935

Careciam de decisão política.

Irrompeu esta de Minas (dissidência tácita do liberalismo econômico armado em torno


do café e do tratado americano) — contra o sistema de Murtinho.936 Começou pelo
Congresso Agrícola e Industrial de Belo Horizonte, de 1903. A Francisco Sales sucedeu
João Pinheiro; a Rodrigues Alves (com o programa das grandes obras), Afonso Pena, com
outras maiores (imigração, portos, ferrovias).

Na câmara vozes atrevidas, como a de João Luís Alves, em 1905, propuseram a proteção
industrial.

Esbarrou nos receios do mercado cafeeiro; na prudência política; no tratado...

Também na ordem natural das coisas.

Saía mais barato no Brasil o tabuado da Finlândia do que o do Paraná; nem era
admissível que se espezinhasse a pobreza do consumidor, com o preço protegido do
fabricante, porque nacional... Sobreveio a guerra.937 Na mensagem de 1915, o Presidente
Venceslau Brás adotou, como plano de governo, o reajustamento a este imperativo:
industrializar é sobreviver.

Lição de audácia, foi a fábrica que Delmiro Gouveia suspendeu aos rochedos de Paulo
Afonso — a de Pedras — para captar-lhe a energia hidrelétrica. O pioneiro nordestino
impunha o exemplo simples, de sua previsão, ao pé das forças inexploradas da natureza.
Indicou a corrida às fontes vitais do futuro — nos mais inóspitos recantos do país.
Simultaneamente se aparelham as indústrias de base ou de transformação nas cidades
mais populosas; delineia-se em São Paulo, centro da grande metamorfose, o parque
industrial denso e vigoroso.

Em 1910 não passava de 3.400 o número de estabelecimentos fabris de pequeno porte;


dez anos depois, somavam 13.636. Em 1910 produziam 769 mil contos; em 1920, três
milhões. Entretinham, em 1910, 150 mil operários; em 1920, 275 mil. Cerca de seis mil
modestas empresas surgiram de 1914 a 1918. Havia em 1905 a ninharia de dezessete
usinas elétricas. Em 1919 já eram cento e dez.938 Em 1956... 2.308. A produção de energia,
de 8.021 milhões de kWh em 1949, é (em 1957) de 15.046 milhões. O seu consumo
industrial dobrou (de 2.897 milhões para 4.294) nos dez últimos anos.939

As cifras exprimem sem nitidez o surto, melhor fixado no cotejo dos valores entre a
indústria e a lavoura. Em 1926 (transposto o período internacional crítico) ficava a
agricultura com 8.500 mil contos, e a indústria dava dezessete milhões, saídos de 49.418
estabelecimentos, com 781 mil operários. Vencido o decênio, o recenseamento de 1950 a
apresenta com 92.350 estabelecimentos, 1.279.184 trabalhadores, produção de 118.605
milhões. A produção industrial subiu de 76% no setênio (1949–50 a 1957).

Nesta linha de prosperidade — em que a indústria, tomando a primazia à ordem


econômica, modifica as condições gerais da nação — há a confluência dos elementos que
modernamente estruturam o mundo.

Com os seus distúrbios, a questão social, a irrupção pela terra vazia, os deslocamentos de
população, más finanças, em contraste com o desenvolvimento, a curva evolutiva do
capitalismo.

São índices deste capitalismo aguado na inflação, os números relativos à renda nacional
(soma de rendas individuais) que de 34, em 1939, subiu a 225, em 1951,940 enquanto a
população, de 27.404.000 no censo de 1920, ia além de 52 milhões no de 1950.941 Crescera
de 25% a produção agrícola. Duplicou a industrial. A distribuição geográfica mostra o
desequilíbrio acentuado, desde que, na balança comercial, o café suplantou o açúcar, e a
imigração intensiva ocupou, ao Sul, as zonas temperadas. Quanto à renda, para 125, do
Sul (incluindo São Paulo e Rio de Janeiro), o resto do país apresenta somente 45.942 Ali,
pois, a produção per capita é doze vezes maior...

SIDERURGIA

A segunda guerra foi para a economia latino-americana mais benéfica do que a primeira.
Já agora podia o Brasil pedir aos Estados Unidos que o ajudassem a montar a siderurgia
(em vez de vender-lhes apenas o minério).943 Não se tratava de encorajar a manufatura,
porém de distribuir a força hidroelétrica, necessária ao mecanismo industrial (de 1,2
milhões de cavalos-vapor em 1939 a 2,7 em 1949). No caso da metalurgia o
beneficiamento não interfere na exportação (Companhia do Vale do Rio Doce) do ferro
de Minas Gerais. O melhor que se fez — na conduta nacionalista preconizada pelo
Presidente Bernardes (oposto ao privilégio da Itabira Iron) — foi transferir para a
autarquia federal o transporte e a exportação pelo porto de Vitória. A Companhia Mista
Siderúrgica Nacional foi instituída em 9 de abril de 1941 (o Import and Export Bank
emprestou, para tanto, 45 milhões de dólares em maquinismos). A sua grande usina de
Volta Redonda começou a funcionar cinco anos depois.944 Outras usinas gigantescas —
com a ajuda do capital estrangeiro — se instalaram na região ferrífera. Em 1956, a
produção total de gusa foi de 861 mil toneladas, em 1957, de 958 mil, a de aço, de 1.253
mil em 1957, a de laminados, de 977 mil.

É também expressiva a correlata ampliação da indústria nacional do cimento, que


aparece em 1937 produzindo 571 mil toneladas, em 1947 dava ao consumo 914 mil, e dez
anos mais tarde o supria com 3.357.000 toneladas. O Brasil já quase não importa cimento
(depois de ter essa importação subido a 982 mil toneladas em 1953).
Com a Fábrica Nacional de Motores se iniciou (1949) a construção de pesadas viaturas,
mas a indústria automobilística — como uma das metas governamentais — é de 1956.
Inexistente então, já em 1957 as várias fábricas estabelecidas em São Paulo (com 40 e 60%
de peças nacionais) lançavam ao tráfego 21.600 unidades. Foram 61 mil em 1958. Em
breve deixará o Brasil de importar automóveis.

Petróleo, aí está!

ENERGIA E COMBUSTÍVEL

É preciso situar no quadro econômico a firme política do governo em relação ao


combustível líquido. Foram fases complementares, Volta Redonda, com o seu milhão de
toneladas de ferro industrial, a hidroelétrica de Paulo Afonso, o centro petrolífero de
Mataripe no histórico Recôncavo.

O nacionalismo suspicaz (“o petróleo é nosso”) dele se apoderou, com uma justificativa
ressentida: a insistente indiferença dos trusts pelas possibilidades do subsolo brasileiro.
Entra pelos olhos que se não descontinua, na Amazônia, o aspecto geofísico que
uniformiza as Guianas (e a Venezuela). Nem era crível que surgindo acolá, e no Peru, na
Bolívia, no Chaco paraguaio, respeitasse a fronteira, espécie de fosso mágico entre a
abundância e a esterilidade. Gracejou-se: como se o petróleo só falasse espanhol...
Monteiro Lobato (desde 1931 metido a incorporador de empreendimentos petrolíferos)
protestou contra o ceticismo passivo e os relatórios negativos. Vociferou, anatematizou,
bateu-se.945 Na Bahia, Oscar Cordeiro foi mais feliz: molhou as mãos na lagoa do Lobato,
que cheira a nafta, e desafiou a incredulidade do poder público.946 Lá estava, em veios
superficiais, manchando a água, como naqueles sítios da Ásia Menor, onde os peregrinos
da Idade Média o colhiam, passando, para a luz das candeias... “Umas certas minas que
há, naquelas partes, em que nasce um óleo, que se chama narafe, de que se lá aproveitam
para muitas mezinhas”.947

Não sacudiu a opinião de naturalistas, fortes nas suas razões mineralógicas. Deixando de
lado as descobertas carboníferas feitas no Recôncavo em 1815,948 não admitiam a hipótese
de fraturar-se junto do mar a camada arqueana, para dar espaço ao lençol de petróleo...
Acertara o autor de Urupês: o problema consistia em experimentar; furando, achar-se-ia.

Sob o signo nacionalista de 1937, mudou a posição do governo.

Primeiro, modificando a lei de minas, apropriou-se, por antecipação, das jazidas


(decretos de 11 e 29 de abril de 1938); criou o Conselho Federal de Petróleo, determinou a
pesquisa, averiguou a verdade, anunciou-a (janeiro de 1939): jorrava petróleo nas velhas
terras de cana de Mataripe!949 Nacionalizou, em conseqüência, a área estudada (60
quilômetros à roda do Lobato). O resto veio com o tempo: a refinaria (que de 7 mil barris
diários passou a 60 mil...);950 a fundação (maio de 1954) da Petrobrás, empresa de Estado,
encarregada de descobrir, refinar e vender esse produto nacional; a ampliação dos
serviços de sondagem pelo Nordeste e bacia amazônica. Não se discute a existência de
incalculáveis reservas de óleo, mas a urgência de baldeá-las. Clientes das companhias
internacionais, estamos em condições de as abastecer (como a Venezuela e o México). De
915.717 barris em 1953, a produção brasileira no ano seguinte foi de 992.409, em 1955 de
2.021.900, o dobro em 1956, dez milhões em 1957.

A administração e a engenharia brasileira aceitaram a responsabilidade (e cumprem o


programa) de dar petróleo à nação.

XLIII: PANORAMA DA CULTURA BRASILEIRA

O PROBLEMA INTELECTUAL

Ao fazer, em 1904, o retrospecto das letras, observou Sílvio Romero que as gerações
precedentes não tinham sido ultrapassadas: só o número de poetas crescera...951

Seria absurdo pretender que a confusão que se generalizara, com a crise das instituições,
no seu tríplice aspecto, político, econômico, social, poupasse o terreno pacífico dos estilos:
e os artistas continuassem a fantasiar a vida como os antecessores, do romantismo.
Tinham de ser polêmicos, naturalistas, céticos: exatamente nessa dispersão de tendências
está a fecundidade do período. Não há forças concêntricas, senão linhas divergentes; uma
luta simbólica de utopias, cujo denominador comum é, finalmente, a adivinhação
dialética de um Brasil primordial, digno de ser interpretado pelos egressos do Parnaso,
parisienses de convicção, que faziam da Livraria Garnier (escreveu Ferrero) o estuário da
cultura universal.952

Disse Olavo Bilac, em 1907, que a sua geração acabou com o isolamento desdenhoso dos
homens de letras, para que sentissem o “problema social”, ou simplesmente a vida.953

Referia-se à boêmia, que jovialmente os unira em patrulha, contra tudo, o Estado, a


sociedade, a tradição; aos seus dias de mocidade, quando os poetas formavam república à
parte, na república policial da ditadura; e à perdição de tantos deles, crestados no seu
incêndio interior, inúteis e luminosos...

POESIA

Rompendo com a misantropia e a decadência, os filósofos pediam-lhe que se aliasse à


ciência, e pusesse em poema a evolução, o monismo materialista, o palavreado em que era
isso decomposto. Saíra Tobias Barreto, primeiro responsável por essa moda, da poesia
para o ensaio filosófico. Queria-se o contrário: que este se sublimasse, em estrofes. Daí,
Sílvio Romero, Cantos do fim do século; Martins Júnior, Teixeira de Sousa, Augusto de
Lima...954 Nos Cantos modernos (1889) um estreante duvidava: a poesia ainda tem razão
de ser? Mas era uma crise. Os poetas-científicos desenganaram-se. Voltaram aos trenos da
lira os que sabiam tangê-la; os outros, à rudeza combativa da prosa. Alguns se acastelaram
na crítica, julgando na obra alheia o que lhes travava a própria. Com eles, ou sem eles, a
inspiração lírica não deixaria de soprar, como as auras das tardes sertanejas sobre o leque
musical dos buritizeiros: estalava no ar, cantava na folhagem, pulsava à luz destes trópicos.
Passam do romantismo ao parnasianismo, Luís Guimarães, Machado, Murat, Luís
Delfino, José Albano... Observa-se, gradual, o domínio estético da sonoridade, com a
perfeição do verso. Parnasianos são os que pesquisam a rima, medem a estrofe límpida,
esculpem o alabastro dos sonetos como se os lavrassem a cinzel. Sobretudo “forma”. E aí
está o apogeu da poesia brasileira.

É claro que brigavam no helenismo o pudor literário (cioso de lustre verbal) e a


desordem romântica. O êxito não podia ser duradouro. Lembra, na velha arquitetura, o
do neoclássico, sobre as distorções tardias do barroco. Esgotada a reação acadêmica,
voltaria, tumultuoso, o natural, nacional... Todos admiraram Teófilo Dias, as paisagens de
Raimundo Correia, a emoção grave de Alberto de Oliveira, Vicente de Carvalho, o
esplendor, na força criadora de Bilac. A sua arte é diáfana; ajusta-se a uma atitude de
suficiência, fora do delírio romântico (que o simbolismo reivindicou) e do caráter
panfletário de que se revestiu no declínio: “modelar” e universal. Aqueles poetas maiores
— apostados em filigranar o verso com um senso dúbio de som e relevo — suspendiam a
harpa às ameias da torre, acima dos rasos campos: incorporavam-se num ambiente
hipotético longe do seu meio e do seu tempo. Longe deles mesmos. “Inda ao cair,
vibrando a lança — Em prol do Estilo!”.955

Os simbolistas detestaram os deuses pagãos, acamaradados na “tarde” de Bilac, e o


soneto ebúrneo: proclamaram a soberania sensual das impressões — no absurdo dos
sentidos. “Pelo subjetivismo (resumiu um deles), a intimidade, a expressão indireta,
simbólica, sugestiva da idéia e do sonho”.956

Chefia a escola Cruz e Sousa, nessa fascinante “experiência mística” que lhe serve de
roteiro,957 a paisagem interna clareada de sonho, escurecida de terror, abismada na alma...
Os grandes nomes são Bernardino Lopes (Brasões, 1895), o surpreendente Alphonsus de
Guimaraens,958 semi-oculto na sombra eclesiástica de Mariana (Setenário das Dores de
Nossa Senhora, Dona Mística, 1899; Kiriale, 1902), Francisco Mangabeira (Hostiário,
1898), em êxtase heróico (Tragédia épica, 1900), perto de Castro Alves;959 Egas Moniz, que
misturou cores e música em primores poéticos;960 Mário Pederneiras (Agonia, 1900;
Rondas noturnas, 1901), Félix Pacheco (Via crucis, 1900), Silveira Neto (Luar de inverno,
1895), Emílio de Meneses (Poemas da morte, 1901), Nestor Vítor, Emiliano Perneta,
Zeferino Freire, ainda Augusto de Lima, Pereira da Silva, Artur de Sales, Olegário
Mariano, o poeta das Cigarras... Fora das escolas, Augusto dos Anjos.961 A rajada do
modernismo encontrou de pé as suas rendilhadas construções.

ESCRITORES

Há nessa inquietação, fértil de versos, uma tendência à sinceridade, ao sereno desânimo.


Reage a prosa desgarrando-se do preceito para reproduzir, “naturalista”, as coisas da vida,
especializando-se nas suas decepções. Aluísio Azevedo, que começou com O mulato o
naturalismo, Inglês de Sousa, Júlio Ribeiro, Pompéia, molharam a pena em lágrimas e
sangue, da sociedade que se não apercebera das suas misérias, ou, com surpresas
hipócritas, as descobria. Acaba O ateneu, de Pompéia, com uma frase lúgubre...962 Outra
ordem de realidades seduzia os estilistas: com a vantagem de alargar o horizonte até os
limites da redenção social e da beleza. Os sertões!

Sílvio Dinarte (Visconde de Taunay), Bernardo Guimarães, Alencar, com as suas


paisagens pictóricas,963 Franklin Távora antecediam a Afonso Arinos, que exige “a
verdade violenta da natureza”, com a racionalização da arte...964 Citava (abril de 94) Sílvio,
Pompéia, Capistrano de Abreu, poucos mais. Era de Minas; trazia na retina o relevo dos
seus panoramas, a firmeza de sua “crença”.965

A revolução de 93, com as perseguições no Rio, abrira-a à curiosidade enternecida de


Laet (impregnado do ar religioso de São João del-Rei),966 Bilac (criador, ali, de O caçador
de esmeraldas, enfim o poema!), Valentim Magalhães, Emílio Rouède, Magalhães de
Azeredo, Coelho Neto.967

Este, nos grandes livros urbanos, A capital federal, 1895; A conquista, 1897; Fogo‑fátuo,
1929, biografou a geração disputando o lugar ao sol — na cidade que mudava —; também
lhe ensina a elegância vibrátil da ironia. Depois abusaria do exótico, caiando com alvuras
de Partenon a prosa ática. Pagou o tributo ao ressaibo parnasiano do helenismo, flutuante
na retórica de Bilac (que, em Santos, comparava ao Pireu968 o porto atulhado de café), de
Gilberto Amado, que, na Chave de Salomão, comparou à Acrópole os morros do Rio,969
até de Monteiro Lobato...970 “Quando Demódoco, sentado de encontro a uma das colunas
do Palácio de Alcino”.971 A respeito do nosso agreste Sílvio Romero: “Autóctone, como os
que, na Grécia, eram chamados eupátridas”.972 Isto, de Neto, retinia; e cantava. Aliás, se o
amor do vocábulo era insígnia parnasiana, Euclides da Cunha, que o exagerou, e por sinal
no mais brasileiro dos livros, estava dentro da escola...

SERTÕES

Com Arinos, o sertão começa a reabilitar-se.973 Canudos popularizou-o... Publicando


Graça Aranha, em 1902, Canaã, deu-lhe versão ideológica; Euclides, com a obra que
marca início de jornada, Os sertões, o interpretou em tons de epopéia. No romance de
Graça (o diplomata a ver o choque de raças, no problema da adaptação do imigrante) se
discute, com artifício de tese, o futuro. Lentz e Mikau defendem doutrinas livrescas
naquele vale agrícola, ressumante de seiva e trabalho;974 as suas digressões deslizam para o
teatro, em diálogos acadêmicos. Termina em pessimismo teórico, forte na tinta,
compensado pelo lirismo dos quadros cintilantes, como o da queimada...975

Euclides não foi de todo original, dir-se-á, recordando Sarmiento, até Teodoro Sampaio,
que descrevera o Vale do São Francisco com luxo de termos científicos. Mas é insuperável
no tríptico de Canudos: a geografia humana, a imagem social do jagunço, e a apologia da
sua imolação. Pela primeira vez o “espírito científico” metia-se num monumento
literário.976 Com a vivacidade do libelo, falou a sua queixa da desorganização republicana,
do exército de que egressara... Não se exija a serena justiça histórica, ao escritor
empenhado em aproximações formidáveis (ou temáticas): a “Ilíada sertaneja”, espécie de
Vendéia com os pobres heróis desconcertantes... O livro tem rutilante propósito de
acusação (cívica) e protesto (humano), cuja pompa verbal, com as sugestivas pinceladas
de ciência, na sua prosa de engenheiro, sensibilizou as elites espantadas. “O sucesso só foi
comparável ao de O cortiço, de Aluísio Azevedo, e ao de Canaã de Graça Aranha”.977
Emendamos, em face das edições (a 12ª com errata do autor): foi superior. Objete-se a
extravagância do vocabulário, com o preciosismo (crítica de Veríssimo),978 agreste como
se escrito a cipó (reparou Nabuco). Tratava-se do retrato rústico do Brasil, conclui
Afrânio Peixoto. Daí os discípulos: e a nova dimensão que deu ao país: os sertões. Inferno
verde, de Alberto Rangel (1906), Terra do Sol, de Gustavo Barroso, Rondônia, de
Roquette-Pinto, Maria Bonita e Fruta do mato, de Afrânio, a humilde verdade do Norte
(Luzia‑

‑Homem, de Domingos Olímpio, 1903), das coxilhas (Ruínas vivas, de Alcides Maya,
1910, Contos gauchescos, de Simões Lopes Neto), a candura praieira ( Jana e Joel, de
Xavier Marques), impõem o caboclismo. A insistência, ainda era romântica.

Reagiu, negando-o, Monteiro Lobato.979

Oriundo do Vale do Paraíba, emergindo das depauperadas glebas do café, onde “cidades
mortas” testemunhavam a volubilidade do progresso, o intérprete revolucionário da
realidade rural antepôs ao gigante, de Gonçalves Dias, ao herói caboclo de Alencar, ao
jagunço de Euclides, o... Jeca. “Nada o desperta”. Era o caturra opilado e sorna, dobrado
sobre si mesmo, na desesperança irremediável do seu cansaço e da sua paciência,
esquecido dos governos, isolado na melancolia do panorama, marginal calado da
civilização que silvava, com o trem de ferro, no seu horizonte interior... Rui Barbosa (em
hora de redescoberta da “questão operária”) emprestou à imagem uma importância
nacional.980 Lobato tornou-se um renovador, a vésperas da eclosão modernista de 1922...,
que não o conquistou.

A ACADEMIA
“O vosso desejo é conservar, no meio da federação política, a unidade literária”, definiu
Machado de Assis, no discurso inaugural da Academia Brasileira, em 20 de julho de 1897.
Saiu da iniciativa de Lúcio de Mendonça na redação da Revista Brasileira...981 A
circunstância de se juntarem novos e antigos para a fundação de uma sociedade com o
número e o estilo da Academia Francesa, testemunhava a evolução rápida de que o
espírito se beneficiara, entre o desalinho de 1891, a dispersão de 93, a “anistia” de 97. O
governo perdoara a rebelião; no seu clima indulgente também se apagavam as
incompatibilidades intelectuais, três anos antes extremadas e rancorosas. O secretário-
geral era Nabuco, pretendendo criar um salão, de expoentes; pioneiros da idéia Medeiros
e Albuquerque, Lúcio de Mendonça; uniam-se, sob a presidência neutra de Machado, os
irreverentes Artur Azevedo, Guimarães Passos, os jovens Rodrigo Otávio, Graça Aranha
(ainda sem livro), Magalhães de Azeredo; monarquistas como Taunay, Afonso Celso,
Laet, Eduardo Prado, Loreto; a crítica de Sílvio Romero, Veríssimo, Araripe Júnior; a
imprensa com Patrocínio, Alcindo Guanabara; a diplomacia de Oliveira Lima, Salvador
de Mendonça, Domício da Gama; a poesia com Bilac, Raimundo Correia, Alberto de
Oliveira, Luís Guimarães, Murat; a prosa de Aluísio Azevedo, Garcia Redondo, Valentim
Magalhães; acima das espécies literárias, encarnando o verbo tribunício, Nabuco, Rui...982
O velho Pereira da Silva era ali um nome desbotado, da história imperial.
Confraternizavam as escolas, na defesa da língua, dos direitos da inteligência...
Coincidiam-lhes as aspirações com o programa de todas as academias: escolha dos
“melhores” (replicou Nabuco: “grands seigneurs de todos os partidos”),983 expurgo do
idioma em dicionário e gramática, nessa luta solene dos doutos contra a fala corrupta e a
ruína da tradição... Não o cumpriria de repente. Precisava de tempo. Persistiu; e
continuou.

Pela pureza vernácula, bastava então a polêmica em torno do Código Civil (a golpes de
réplica e tréplica). Em 1904, tinham a palavra os filólogos.

MACHADO E SEU TEMPO

Machado de Assis é caso único. Temperamento doentio, e filosófico, esquivo às efusões e


indiferente às vaidades do meio literário, afinam os críticos numa sentença: não parecia
brasileiro...984 Aquela sobriedade trajada de puro vernáculo, a ironia discreta, a frase cheia
de intenção, equilibrado e aristocrático na crônica, translúcido no conto, psicólogo sutil
da comédia burguesa, no romance sem paisagem, nesse mestre de medida e pensamento
se mesclam as influências de Flaubert e Eça, Swift e Sterne,985 Pascal986 e Renan: com a sua
carga de pessimismo, a doce indulgência do novelista de costumes. Os seus livros vertidos
a francês (como Dom Casmurro) agradam aos devotos de Stendhal e France, Tínhamos
enfim um escritor castiço, de janelas fechadas sobre a exuberância tropical e comunicação
aberta com as angústias do espírito, a versatilidade social, o século.

“Somente poderia surgir no meio de uma elite mental e política. Essa elite existia”.987
No folhetim, França Júnior, Constâncio Alves, Eduardo Ramos, Laet, Bilac, Nuno de
Andrade, Medeiros e Albuquerque, Afonso Celso; na crítica, Veríssimo,988 Araripe, João
Ribeiro, Osório Duque-Estrada, Gonzaga Duque (mestre de estética), Ronald de
Carvalho, cuja História da literatura, em 1917, inicia outro período... Romanceiam a vida
carioca Adolfo Caminha,989 Afrânio Peixoto,990 João do Rio (que divide com Melo Morais
Filho a interpretação dos seus “mistérios”), Lima Barreto, subversivo — com revérberos
anárquicos no desgosto irônico...991 A propósito de Eduardo Prado, definiu Eça o panfleto
— de que foi “um incomparável mestre”.992 Brilham na imprensa — depois de Quintino,
Ferreira de Araújo, Rodolfo Dantas, Manuel Vitorino — Leão Veloso, Patrocínio (que
morreu a escrever o seu artigo de fundo), Alcindo Guanabara, João do Rio, Alves de
Sousa, Castro Meneses, Gilberto Amado, Humberto de Campos, Costa Rego, Assis
Chateaubriand, J. E. de Macedo Soares... Com o sistema presidencial perdera a tribuna
política o velho prestígio, de palco das grandes cenas da vida pública, quando a
dominavam os expoentes dos partidos, com a autoridade, a destreza, a paixão, até o
virtuosismo da eloqüência intimativa ou sentimental. Alguns foram oradores medíocres.
Mas a eficácia da palavra — que não o seu fulgor — os sagrou, na primeira linha do
debate parlamentar. Sem esta vantagem (que tiveram Zacarias, Cotegipe, Gaspar Martins,
Ferreira Viana, na sucessão de Vasconcelos, Antônio Carlos, Nunes Machado, Honório)
— conquistaram no Congresso republicano copiosos aplausos homens do porte de
Manuel Vitorino e Lopes Trovão, David Campista e Junqueira Aires, Pedro Moacir e
Germano Hasslocher, Barbosa Lima e Irineu Machado, Gastão da Cunha e Francisco Sá,
Epitácio Pessoa, Otávio e João Mangabeira, para citar apenas alguns. Rui Barbosa ocupa
na política, no Senado, nas letras e na atenção dos contemporâneos e dos pósteros um
lugar indisputável. Modelo de frase grandiosa, em cujas orações flui na sua pureza clássica
a língua vernácula, estilizada com a elegância e a dignidade que lhe dera Vieira, são
antológicos todos os discursos em que o mais combativo dos liberais do seu tempo atacou
as deformações e pregou as esperanças do regime de opinião, justiça e verdade. Vesse
imenso espólio verbal os estudiosos da língua portuguesa (como os latinos nas obras de
Cícero) vão garimpar as riquezas do vocabulário numeroso e da boa gramática. São, aliás,
os documentos que ficam: como aquelas estátuas lavradas na eterna pedra, em contraste
com o barro dos esboços que saem provisórios e quebradiços das mãos apressadas do
artista...

A GRANDE INSATISFAÇÃO

Não escaparam as letras à insatisfação geral.

Preconizado pela resistência ao estrangeiro e ao postiço, o modernismo foi uma forma


de associação do cívico ao estético,993 contra o convencional. As decepções da paz (de
1919) angustiaram menos os vencedores e os vencidos do que a mocidade desse
conturbado tempo,994 a sonhar com o “mundo melhor”. “Projetar e construir, em vez de
comemorar”.995 Vocábulo carismático, explodiu a revolta dos ensaístas na semana de arte
moderna de São Paulo (1922). Tinha algo da rebelião coimbrã de Antero de Quental,
agravada pelo contraste dos conceitos existenciais, vaiando a inércia burguesa (o inimigo,
o burguês capitalista e indiferente). Atualizou o que já não era novo lá fora, no convulsivo
pós-guerra — futurismo, super-realismo, de Apollinaire, André Breton, Aragon, Éluard,
Supervielle, Marinetti... Mário de Andrade (“o papa do novo Credo”, chama-lhe em
outubro de 1921 Menotti del Picchia) — Oswald de Andrade, Menotti del Picchia,
Guilherme de Almeida, Plínio Salgado, Cassiano Ricardo, Ribeiro Couto, Cândido Mota
Filho, e mais além Manuel Bandeira, Jorge de Lima, Carlos Drummond de Andrade,
insurgem-se, irritam ou apaixonam, inovam, mas fazem escola, a que em 1924, com o
Espírito Moderno (l’esprit nouveau, chamara Guillaume Apollinaire, em 1918) trouxe
Graça Aranha — condottiere do movimento — para o Rio de Janeiro. Ligou-a (adversário
do governo Bernardes) à inquietação política. Aos moços de 1922 faltara um lastro de
idéias, para reconstituir, em bases sólidas, a deteriorada república, cujos erros todos
conheciam. O estilista de Canaã deu-lhes pelo menos o programa estético, que, no fundo,
remexia toda a ordem estabelecida. Bode expiatório, a Academia Brasileira (não são as
academias o espelho da civilização amável e sólida?) sofreu o primeiro choque: gritou-lhe
Graça Aranha, que mudasse ou desaparecesse...996 Na intimação ia a ambigüidade da
subversão — modernista — e do reajustamento social: com ela irrompiam no tranqüilo
mundo de Machado de Assis as negações e as exasperações do século! Era patético; e
óbvio.

As Academias não desaparecem nem mudam.

Renovam-se com os acadêmicos, a sucessão, a gente nova, ou antes, os rebeldes de


ontem, que cristalizam na fina arte a inconformidade brilhante: e deixam de demolir (que
há tempo para cada coisa) e passam a edificar. Ao protesto de Graça replicou, magistral na
sua opulência vocabular, um “conservador” de 1924, que fora por sua vez um
revolucionário de 1890: Coelho Neto; e o erudito criticismo de João Ribeiro. Correram os
anos, e vários daqueles prosélitos da revolta coruscante substituíram nas poltronas azuis
da serena casa de Machado e Nabuco os velhos escritores.

GERAÇÃO DE 1922

A irreverente geração da semana, de São Paulo, admitiu tudo o que assustava a pacatez
nacional: Paulicéia desvairada, 1922; A escrava que não é Isaura, 1925; Losango cáqui,
1926; Macunaíma, 1928, de Mário de Andrade; o Manifesto do Pau‑Brasil, de Oswald de
Andrade; o Verde‑amarelo, de Menotti del Picchia; Movimento antropofágico (1928);
Martim Cererê, Borrões de verde e amarelo, Vamos caçar papagaios, de Cassiano Ricardo;
a música de Villa-Lobos, a pintura de Di Cavalcanti, a poesia de Manuel Bandeira
(Libertinagem, 1930), de Drummond de Andrade; contos de Alcântara Machado (Pathé
Baby, 1926), romances de Plínio Salgado (1926 e 1931)... Pertencem a esse período fértil
— em que eclodiu a revolução de 1930 — o Canto do brasileiro, de Augusto Frederico
Schmidt, 1928,997 os paisagistas do Brasil de verdade, dramaticamente desenhado na sua
humildade longínqua, esquecido nas terras do açúcar (José Américo de Almeida, com o
“primeiro grande romance do Nordeste”,998 A bagaceira, 1928), terras secas (Rachel de
Queirós, O Quinze), ásperas e ricas de tormento humano (Graciliano Ramos, Caetés;
1933, São Bernardo, 1934), vistas de dentro (Amando Fontes, Os corumbas, 1933), entre o
rio e a mata (Jorge Amado, Cacau, 1983) ou espraiadas na Amazônia (Peregrino Júnior,
Pussanga, 1929; os volumes de Raimundo de Morais, Gastão Cruls...), terras de heroísmo
e canavial, do ciclo do bangüê, criado por José Lins do Rego (de Menino de engenho,
1932, a Cangaceiros, 1953), folclore (Gustavo Barroso, mestre do gênero, Ao som da viola,
1921; Luís da Câmara Cascudo, que o opulentou com a sua série de livros informativos,
Renato Almeida), desatados horizontes, desde o Rio Grande (Apolinário Porto Alegre,
Roque Callage, Darci Azambuja, Viana Moog, Érico Veríssimo, a par de José Lins, o mais
popular dos novelistas contemporâneos)...

Mão entra no âmbito desta história o panorama atual da literatura, com a variedade da
produção artística, o fermento de idéias e, à margem da ficção, as memórias, em cuja
melancolia evocativa os homens de letras involuntariamente se encontram com os
historiadores. Alguma coisa, porém, deve dizer-se do desânimo da velha poética,999 da
reanimação do romance realista e social, da contribuição da indústria do livro para essa
bibliografia crescente e... nacional.

FILÓLOGOS

Falamos do vernáculo. Transposta a época dos gramáticos, chegou a dos filólogos. À fase
polêmica da redação do Código Civil, em que o purismo arcaizante e copioso se apegou
aos clássicos (tantas vezes confundindo-os com os “antigos”), devia seguir-se a da
gramática histórica, de Manuel Said Ali, dos Dicionários (Laudelino Freire), entre estes,
primeiro da espécie, o Etimológico (Rio, 1933) de Antenor Nascentes, das edições críticas,
em que o expurgo e a análise textual valorizam (como no caso da edição das poesias de
Casimiro de Abreu, por Sousa da Silveira) os primores literários do passado. Estes últimos
estudos, que careciam da sistemática dos cursos próprios (essenciais às Faculdades de
Filosofia), com eles progrediram, e têm hoje cultores abalizados, cujos livros sobre a
história da língua, as suas galas e diferenciações na área do império, os brasileirismos, os
problemas dialetais, a expressão regional, a complexidade e o esplendor do português
velho e novo, passam as fronteiras do Brasil.

TEATRO

Perdeu o teatro a ênfase romântica (Magalhães, Macedo, Alencar) e adaptou-se às


realidades triviais (Machado de Assis, Joaquim Serra, o copioso França Júnior), com a
comédia, a revista, o cotidiano, os fatos jocosos da política e da sociedade. O grande nome
do começo da república é Artur Azevedo, que importou o estilo parisiense da revista
alegre, satírica, caricatural, boa para o riso franco e não para a velha hipocondria do
drama brasileiro, isto é, talhada para uma época tumultuosa (1884–1892). De parceria
com Moreira Sampaio lançou Artur Azevedo O mandarim (em que havia a figura
simbólica do Barão de Caiapó), criou O bilontra, O carioca, tipos do dia; e com seu irmão
Aluísio Azevedo, A República (com alguns versos humorísticos). Pertencem ao período
conturbado do “encilhamento” e da animação noturna do Rio de Janeiro, ao tempo de
Deodoro e Floriano, antes que a queda daquela prosperidade fictícia, precedendo à revolta
de 1893, convidasse a cidade à discrição e ao silêncio — O tribofe e Capital Federal, esta a
mais duradoura de suas peças. Ninguém superou o escritor e poeta maranhense na rima
fácil, no conto gracioso, nessa comédia jovial, que era a flor exótica de uma época, e com
ela passou. A espécie não seria nunca freqüente e próspera na literatura nacional. E a
prova é a sua longa hibernação, até o advento de Cláudio de Sousa, com a finura
psicológica da sua comédia Flores de sombra, de Viriato Correia (Sertaneja, Juriti...), de
Gastão Tojeiro (O simpático Jeremias), Abadie Faria Rosa, Armando Gonzaga, e os mais
novos, Joraci Camargo, Guilherme de Figueiredo, Magalhães Júnior, Henrique Pongetti,
Pedro Bloch, Antônio Calado, Silveira Sampaio...1000

HISTÓRIA

A cultura alemã transformou os estudos jurídicos, com Tobias, os estudos médicos, com
Francisco de Castro, os históricos, com Capistrano de Abreu e João Ribeiro... Trocando o
positivismo pelo realismo histórico, primeiro a traduzir Ratzel, seguindo as diretivas de
Ranke, abandonou Capistrano o gosto literário da narração, para mergulhar
beneditinamente nas fontes, joeirar a documentação, reeditar os textos, sem cuja crítica já
se não escreveria a formação brasileira. Com o seu companheiro na biblioteca, Vale
Cabral (a quem se deve a exposição de documentos de 1882),1001 contentou-se com a
revelação dos grandes testemunhos, cartas jesuíticas, Antonil, Cardim, Frei Vicente, os
códices da Inquisição; e achou melhor rever do que substituir a História de Varnhagen.1002
Rodolfo Garcia, à altura do mestre, continuou-lhe esta última tarefa.1003 Imbuído da
pedagogia germânica, repudiou João Ribeiro o processo arcaico1004 e saiu, em 1900, com o
primeiro manual em que a sistematizarão supera a cronologia, a nominata, a ênfase... Em
1907 alinhou Capistrano — navegando essas águas Capítulos da história colonial, em que
acentuava, com o traço satírico, a sábia originalidade.1005 Despreza o consagrado, desenha
sumariamente a geografia, define as linhas do fenômeno brasileiro desdenhando
símbolos, reivindicando valores esquecidos, sem medo às conclusões céticas, aos
preconceitos irônicos (contra Tiradentes, o bandeirante...). As questões de limites deram
pressa à indagação dessas origens no inventário de manuscritos e mapas em que se afanou
— e afamou — a equipe de Rio Branco. Mobilizou o centenário de Anchieta, em São
Paulo, por inspiração de Eduardo Prado (patriota inabalável, travestido de sibarita nas
suas aparentes contradições),1006 talvez, diz José Veríssimo, na nossa literatura o único
escritor reacionário1007 — o grupo acadêmico de advogados do Brasil velho, com o
missionário e o bandeirante; a patrulha dos “400 anos”...1008 E em 1898 o livro filial de
Joaquim Nabuco — em honra do “estadista do império” — reaproximou as gerações
separadas pela ebulição republicana. Punha-se perspectiva na crítica; retornavam os
calmos julgamentos. E os conselheiros e barões (Rodrigues Alves, Pena, Rio Branco; Rui,
aliás, nunca deixou de ser conselheiro...). Nesta atmosfera de recomposição (e
historicismo) foram inaugurados os monumentos de Osório, Caxias, Maná, Dom Pedro II,
em Petrópolis... Desagravou Oliveira Lima (1908) a espessa figura de Dom João VI, reviveu
Alberto Rangel a de Dom Pedro I (1914), celebrou o Instituto Histórico o seu primeiro
congresso (1914). Fez época, em 1900, o otimismo de Afonso Celso, Por que me ufano do
meu país. Contribuição às festas do 4º centenário, era, na sua capa de apologia, retificação;
e protesto. A estrangeirice da moda, que lavrara parasitariamente na inteligência das
elites, não tinha por que se envergonhar do passado. Ao contrário, sobravam-lhe razões
para dele se desvanecer, no passado, nas realidades, no porvir (e a visão poética do escritor
se espalha pelos potenciais econômicos). Essa consolada satisfação vinha a tempo, que, do
outro lado, os desenganos (e pode estabelecer-se o paralelo, das decepções públicas e da
reação intelectual, nos vários climas contemporâneos, a começar pela Espanha de 1898)
— inspiraram a literatura amarga, que vai do pessimismo de Manuel Bonfim ao
antiufanismo1009 de V. Licínio Cardoso, ao “retrato”, de Paulo Prado,1010 atravessando o
científico realismo de Afrânio Peixoto (Minha terra e minha gente, 1916). Que o
brasileiro é um subnutrido... De um a outro extremo (exaltação e depressão) não faltou
espaço à síntese político-social, ao revisionismo, à atividade torrencial de Calógeras
(formação, minas, diplomacia), de Basílio de Magalhães (expansão geográfica, 1915),
sobretudo de Afonso d’Escragnolle Taunay, que Capistrano saudava, em 1931, como
batonier dos historiadores. Deve-se-lhe a minuciosa restauração dos movimentos
sertanistas (11 volumes da História das bandeiras paulistas), mal conhecidos, ou nublados
na indecisão das tradições recolhidas por Pedro Taques e Frei Gaspar, a maciça História
do café (15 tomos), a da Cidade de São Paulo, a reivindicação da prioridade aerostática de
Bartolomeu Lourenço, a geografia das bandeiras. Coligiu Rocha Pombo, em dez volumes,
a História do Brasil, tarefa que o situa entre os admiráveis trabalhadores do seu tempo. A
nova História (haurida dos arquivos) abebera-se nas monografias de Studart, Alfredo de
Carvalho, Aurélio Porto, Alberto Lamego. Tobias Monteiro (que em Pesquisas e
depoimentos estreara a reportagem histórica), começou a História do império, rica de
inéditos, que parou na Confederação do Equador; Alberto de Faria renovou, com a de
Mauá, o método das biografias reparadoras (1926); Alcântara Machado exaltou “vida e
glória do bandeirante”;1011 com as Figuras do império preparou Batista Pereira o terreno à
história sem preconceitos (panegírico ou ressentimento) do passado regime. Vieram os
livros em que ressaltam qualidades e defeitos de ambos os imperadores,1012 a resposta da
biografia à indiferença,1013 memórias em que se dilui,1014 miniaturada, a crônica da política
e do espírito...

Distinguem-se, historiadores militares, Fernando Osório, Jaceguai, Tasso Fragoso (com


a monografia sobre a Batalha do Passo do Rosário, os cinco tomos da História da Guerra
do Paraguai), Lucas Boiteux, Sousa Doca, Gustavo Barroso, Dídio Costa; no Ministério do
Exterior refaz-se a história diplomática, com Hélio Lobo, Araújo Jorge, Lira, Accioli;
especializa-se a econômica, com Simonsen; a administrativa, com Max Fleiuss, Tavares de
Lira, Rodolfo Garcia; a da cultura — ultrapassada a fase polêmica de Sílvio — com a
crítica de Ronald de Carvalho (1917), o panorama de Afrânio Peixoto, o balanço de
Fernando de Azevedo (gigantesco esforço de síntese), as construções monográficas.

Povo despreocupado da tradição, mas inclinado às explosões, dos cultos temporários,


costumamos exagerar, comemorando; em regra comemoramos por motivo urgente, nos
jubileus e nos centenários. O que se publica tem o patético dos desagraves, na forma
insistente das reparações. Assim em 1900, quarto centenário do Descobrimento, em que
ganhou o Rio a estátua de Cabral (protesto implícito contra o antilusismo); em 1903 com
o do Ceará, em 1908 com o da abertura dos portos (que aí, não no Ipiranga, começara a
independência), em 1922, em 1931; até os centenários da fundação da Bahia, da
autonomia do Paraná, da criação de São Paulo, da restauração de Pernambuco (1949 a
1954)...1015 Lâmpadas votivas, lá estão, acesas ao longo do país, as instituições interessadas
no honesto retrospecto. Hem só as academias com a tribuna, a revista, a festa; também
museus, bibliotecas, arquivos,1016 cuja reorganização os integra no vasto movimento
educativo.1017

Deu-lhe ajuda o Estado, que se não desinteressou dos monumentos históricos, aliás
preservados por disposição constitucional.1018

Nenhum dos núcleos da civilização brasileira deixou de ter, com o cronista, a auréola,
poética do livro.1019 Com o material dispersivo desse amor à terra pequena, base da
fidelidade à terra, maior, poderíamos compor outra história, que escapa à resumida e
geral, entretanto por ela assimilada, nas interferências cíclicas da vida municipal nos
acontecimentos do país.

No Recife esse movimento regionalista tomou, de 1923 a 30, um “sentido brasileiro”1020


paralelo, mas independente da luta modernista do Sul, trabalhando com os novos
métodos as camadas aluvionais de influências, abusões, costumes e crenças do povo
litorâneo. Encabeçou-o Gilberto Freyre: e basta a sua obra para o incluirmos como
período autônomo, na classificação das épocas intelectuais do Brasil. Desdobrou-se
literariamente no romance, na poesia, no ensaio, na sociologia, na investigação, forma
transcendente de descentralização cultural em resposta às anteriores tendências de
desprezo dos valores marginais, condenados ao silêncio e ao desaparecimento... É o que
consideramos a segunda fase do modernismo.

DIREITO

Floresce o direito com as codificações (civil, criminal, comercial, processual), uma


azáfama exemplar de método, de disciplina forense, de atualidade. Não há tradição nesse
campo que sobreviva — praxistas, ordenações, jurisprudência — ao arremesso do
progresso. Não se reeditam os antigos, Teixeira de Freitas, Pimenta Bueno ou Cândido de
Almeida; e porque à cultura escolar falta uma cadeira de História do direito, em que se
revisse o que escreveram Cairu, Uruguai, Zacarias, desaparecem os clássicos na poeira das
estantes. Vêm os comentadores, alguns tratadistas, raros filósofos, ligados à ebulição das
teorias nas faculdades, duas, até 1891, São Paulo,1021 e o Recife.1022 Com a reforma de
Benjamin Constant, de 8 de janeiro de 91, o Rio de Janeiro e as capitais dos estados
puderam ter as suas academias: e, no desdobramento da instrução profissional se lhes
multiplicaram os quadros.1023 Cada uma (duas na capital federal, e na Bahia, em Belo
Horizonte, depois em Porto Alegre, em Belém, no Ceará) concentra um movimento local
de estudos sistemáticos; impõe as suas figuras representativas.

Autores, os civilistas Lafaiete Rodrigues Pereira (mestre do Direito das Cousas, do


Direito de Família, a sabedoria vazada em língua primorosa), Clóvis, que doutrinou como
ninguém sobre o Código que lhe saíra das mãos,1024 Carlos de Carvalho, João Luís Alves,
Dionísio Gama, Eduardo Espínola, o douto Lacerda de Almeida...1025 Com onze tomos do
seu Tratado, J. X. Carvalho de Mendonça é comercialista ímpar.1026 Divulga Moniz Sodré
as “três escolas penais”. Lastimou João Monteiro a “anarquia jurídica”, da
descentralização do processo.1027 Pedia-se a volta à unidade, conquista constitucional de
1934.

O direito romano tem os seus didatas, Filinto Bastos, Abelardo Lobo, Bulhões Carvalho.
Analisam a Constituição João Barbalho, Aristides Milton, Amaro Cavalcanti, Alfredo
Varela, Felisbelo Freire, Aurelino Leal, Pedro Lessa, Carlos Maximiliano; tão
freqüentemente lhe esmiuçou Rui Barbosa letra e espírito, que a coletânea destes
comentários rendeu cinco volumes.1028 O direito público, ensinado por Viveiros de
Castro, a economia por Almeida Nogueira, a teoria do Estado por Queirós Lima,1029 o
direito internacional privado por Rodrigo Otávio,1030 o das gentes por Sá Viana, Clóvis,
Hildebrando Accioli,1031 o comparado por Cândido de Oliveira,1032 o penal militar por
Esmeraldino Bandeira, a filosofia, no positivismo sociológico de Pedro Lessa,1033
solidificam a base das recentes construções. A partir de 1930, fertiliza em outras espécies,
com o direito do trabalho (Oliveira Viana, Evaristo de Morais, Cesarino Júnior), o novo
estatismo (Francisco Campos), formas e reformas constitucionais (Levi Carneiro, João
Mangabeira, Araújo Castro, Pontes de Miranda), a floração contemporânea de textos e
manuais.

MEDICINA

Divide-se a história da medicina em duas fases, antes e depois de Oswaldo Cruz. É como
se disséssemos, antes e depois do ensino prático, em substituição do retórico, de que se
queixavam — criticando-lhe a facúndia — as gerações anteriores à revolução científica.

Mas páginas irônicas sobre a antiga faculdade (em que Pacífico Pereira, idealizador das
policlínicas,1034 Silva Lima, Manuel Vitorino, Alfredo Brito, foram figuras excepcionais)
descreve Afrânio Peixoto os desvios daquela cultura, teórica e francesa.1035 Francisco de
Castro trouxe-lhe os alemães. Está para a medicina como Tobias para o direito. Discípulo
de Torres Homem, e mestre de Nina Rodrigues, Miguel Couto, Austregésilo, Miguel
Pereira, Aloísio de Castro, o seu Tratado de clínica propedêutica (1896) é também um
padrão de linguagem.1036 Nessas lições ciência e eloqüência se associam amavelmente.
Tem-se a impressão de que Rui (cliente e amigo de Castro) se versasse os mesmos temas o
faria naquele estilo clássico. Morreu prematuramente (em 1901), este a quem a admiração
dos estudantes — aludindo também à “barba à Cristo” — sagrara como “divino mestre”.
Nove anos depois, o ideal da reforma empolgava a Academia.1037 O Instituto de
Manguinhos — impondo-a — lá estava, na sua estrutura fabulosa de mesquita
marroquina. Deu-se prédio à velha Faculdade, na Praia Vermelha, em 1917 (diretor,
Aloísio de Castro). A mudança das precárias dependências da Santa Casa para o bonito
edifício equivalia a um arejamento redentor. Formara-se em torno de Oswaldo Cruz a
mentalidade da pesquisa, a serviço das necessidades públicas. Carlos Chagas (sucessor de
Cruz em Manguinhos, glorificado em 1909 com a descoberta do que modestamente
chamou Tripanosoma Cruzi) comandou depois dele o movimento. Merece o nome.
Reuniu Alcides de Godói, o tisiólogo Cardoso Fontes, Henrique Aragão, Artur Neiva,
Ezequiel Dias, Rocha Lima, Adolfo Lutz. Inaugurou este, no Instituto Bacteriológico, a
Zoologia Médica,1038 Gaspar Viana cuidou da Patologia Tropical, Pirajá da Silva (1908) do
“schistosomum Mansoni”. Do seu instituto saiu Vital Brasil (1899) para fundar o de
Butantã. O Biológico, de São Paulo, criado por Henrique da Rocha Lima,1039 o
Agronômico, de Campinas, coroam a série das iniciativas responsáveis pela proteção
sanitária, oficial e eficaz. Distanciavam-se do tempo em que Rodolfo Teófilo (no Ceará) se
batia sozinho contra a varíola; em que a pesquisa fisiológica se fazia, no Rio, em casa dos
irmãos Osório de Almeida (1915); em que Miguel Couto, príncipe da clínica, começava a
associá-la ao laboratório1040 e Álvaro Alvim era pregoeiro e vítima dos raios x. Então
Juliano Moreira reformava com as teorias de Kraepelin a Psiquiatria, e, com Henrique
Roxo, Afrânio Peixoto rejuvenescia o velho Hospício;1041 Austregésilo (seguido de
Deolindo Couto) sistematizava a Neurologia; Roquette-Pinto (desde a tese de formatura
em 1906) especializava a Antropologia;1042 atualizava-se a medicina Legal com Nina
Rodrigues e seus discípulos, Oscar Freire, Diógenes Sampaio, Afrânio Peixoto, em São
Paulo Alcântara Machado, Flamínio Favero; a moderna cirurgia, com Eduardo Chapot-
Prévost, Augusto Brandão Filho, em São Paulo Vieira de Carvalho... Nas campanhas de
saúde pública adquiriu a ciência brasileira fama internacional. Caracteriza-a — diria
Mignel Couto — a amplitude do combate aos flagelos, neste país em que se
desmoralizaram as epidemias.1043 Assim a febre amarela, jugulada por Oswaldo Cruz, cujo
último arranco, em 1928, foi dominado por Clementino Fraga, a bubônica, a tuberculose
(com a abreugrafia, de Manuel de Abreu, e a difusão do preventivo, por Arlindo de Assis),
a malária, graças aos processos americanos, extirpável nas zonas rurais (campanha
dirigida por Mário Pinotti), o gambia (ameaça africana trazida pela aviação, que entraria a
Amazônia, não fora o trabalho valoroso de Manuel Ferreira), a doença de Chagas, a
leishmaniose...

Lançavam-se os médicos à ação social.


Gritara em 1891 Moncorvo Filho, que a raça se aniquilava, no Subsídio ao estudo da
mortalidade das crianças. Bendito exagero, popularizou o socorro à infância, de que
seriam apóstolos Fernandes Figueira, criador da puericultura científica, Olinto de
Oliveira, Martagão Gesteira.

Recebendo, em 1916, Aloísio de Castro, na homenagem que lhe fez a Faculdade, bradou
Miguel Pereira, o Brasil era um vasto hospital.1044 Careciam o impaludado sertanejo, o
trabalhador subnutrido das cidades pobres, de medicina, higiene, educação.1045 Era isto
entre a pregação eufórica de Bilac (às armas!) e o retrato de Jeca (o caipira) cruamente
debuxado por Lobato. Entretanto esse brasileiro existia, como um complicado caso de
raças entrecruzadas refutando os preconceitos da antropologia clássica: plasmado pelo
meio físico na sua esconsa rijeza, resistente, apesar de tudo (sentenciara Euclides) um
forte... Preocupara-se o século XIX com o selvagem, de Gonçalves Dias, Magalhães,
Alencar, as suas línguas, o seu fabulário. Presidira o imperador a esses estudos: pois o
caboclo da poesia continuava a ser a imagem lírica da nação, a despeito da distância, ou
por isto mesmo. Nina Rodrigues “descobrira” o negro.1046 Coligam-,se, para examiná-lo, a
Etnografia e a Criminologia. Estabelece-se a tese da solidez do tipo, moldado na mistura
das etnias conciliadas. Explica-se o homem na sua moldura, pelas contingências
ambientes, pela herança, pelas deformações revistas em fácil diagnose. Percebe-se por que,
em 1897, concluiu Afrânio Peixoto a tese de formatura com uma página vingativa, sobre
Canudos.1047 Da compreensão otimista do “melting pot”1048 ressalta, enérgica, a idéia
brasileira, de que, ao contrário das cediças teorias, não era a qualidade humana o déficit
da civilização: mas o atraso do Estado em assisti-la. O povo serve. Fizera até demais, nas
condições pretéritas da sua formação, da formação heróica do país. Pedia que o
ajudassem, que o esclarecessem, que o orientassem!

CIÊNCIAS NATURAIS

Não descontinuou — à sombra de instituições providenciais — o progresso das ciências


da natureza cuja especificação brasileira o império legou à república: com a zoologia de
Goeldi (fundador do museu paraense), Adolfo Lutz, Hermann von Ihering (no Museu
Paulista), Antônio Correia de Lacerda, Alípio de Miranda Ribeiro, Roquette-Pinto (na
reorganização do velho Museu Nacional), Rodolfo von Ihering (autor do primeiro
Dicionário da Fauna), Vital Brasil e Afrânio do Amaral no Butantã, Cândido de Melo
Leitão, Olivério Pinto, para não citar senão alguns; a botânica de Barbosa Rodrigues,
Saldanha da Gama, Álvaro da Silveira, Loefgren, Höhne (fundador do Instituto de
Botânica de São Paulo), Pacheco Leão, Alberto José de Sampaio; a geologia, em que a
Hartt sucederam Derby e Branner, enquanto a Escola de Minas (1876) dava à
especialidade Gonzaga de Campos, Eusébio Paulo de Oliveira, Pandiá Calógeras, Pires do
Rio...

MARCHA DAS IDÉIAS


A “Escola do Recife” informara o pensamento político com o naturalismo científico
(Clóvis Beviláqua,1049 Artur Orlando,1050 Sílvio Romero, Martins Júnior, Aníbal Falcão,
Laurindo Leão, Fausto Cardoso, Leovigildo Filgueiras, Estelita Tapajós, Almáquio
Dinis,1051 Virgílio de Lemos)1052 em divergência com o idealismo tachado de bacharelesco
e trivial. Encorpado com o Boletim (1896) a religião e a pureza republicana,1053 continuava
o positivismo a preconizar a organização inteiriça — de que deu o Rio Grande o modelo
incompleto.

“A Constituição do Brasil deve ser, antes de tudo, brasileira, que não há tipo algum
concretizado ou ideal, para as instituições que nos convêm”, objetou Assis Brasil,
definindo o “Governo Presidencial” (1896). Na “Democracia Representativa” (1893)
apostolizara a regeneração pelo voto.1054 Da mesma província, onde a defesa do
parlamentarismo armara os seus paladinos (Silveira Martins), saíra a palavra ortodoxa,
sobre a verdade presidencialista. Justificou Euclides da Cunha com o clima e o solo
(ecologicamente) os sertões em revolta; e a essa visão de miséria, engastada em barbárie,
acudiu — noutra esfera de análise — Alberto Torres,1055 que “os vícios da nossa retórica
não nos deixaram ver as realidades”.1056

Eduardo Prado (com a primazia da crítica aos bacharéis) comparou o povo com o grupo
sertanejo alheio à cena, que, sem malícia, Pedro Américo pôs na sua tela do Ipiranga, à
margem do... grito.1057 Volveu Sílvio Romero a atacar “politicões e literatos”,1058 o biombo
de estrangeirice que escondia das capitais frívolas a verdade nacional... Teuto‑sergipana,
essa filosofia, ironizou Laet; contra a galo‑fluminense, replicou Sílvio... Tudo exótico!
Entre uns e outros, o desacordo consistiria em planos de análise: partindo das ciências
biossociais queria Sílvio provar, na incultura, a coexistência de estados inferiores; Alberto
Torres definiu: “O grande problema nosso era unicamente a organização”. O Príncipe
Dom Luís de Orléans e Bragança — que deve ser citado entre os pensadores do período —
notou argutamente: “O principal erro da monarquia foi preferir, para firmar nisto a
autoridade, as idéias abstratas aos fundamentos naturais que os ensinamentos do passado
lhe pudessem indicar”.1059 O realismo (contra o idealismo e a problemática) fez escola com
Oliveira Viana,1060 cujo ensaio de 1920 — Introdução ao Livro do Recenseamento —
reinaugura os estudos sociológicos. Esboçando a evolução do povo, exagerou por certo,
dissentindo do mestre, a influência racial;1061 investiu (1924) contra o idealismo, estribilho
reformista, de base, não de forma;1062 equacionou os problemas da política objetiva.1063
Rompeu caminho a dialética proletarista com “a solução, mais em voga naquele tempo,
do, então chamado socialismo possibilista, gênero Benoit Malon”,1064 diz Evaristo de
Morais. Podia juntar aos nomes conhecidos o de Euclides da Cunha, no seu período de
São José do Rio Pardo, a saudar o século com graves meditações socialistas. À margem,
embora no rumo da “questão social”, Graça Aranha, Ronald de Carvalho, Gilberto
Amado, Jackson de Figueiredo, Azevedo Amaral, Licínio Cardoso, Batista Pereira,
Monteiro Lobato, abalaram o velho muro da república positivista e americana, “muro de
lamentações” da filosofia inconciliável com a rotina e a conformidade. Aí coragem de
pensar é projeto de ação; ou — literariamente — movimento.

No da semana de arte moderna entronca — como na sua origem estética — o que


derrocou a “República Velha”.

A arregimentação das oposições arrebatou em 1921, em 1926, em 1928, a bandeira aos


intelectuais.

Partidos de idéias, em vez de partidos de situação ou do personalismo oligárquico,


clamaram, reclamaram os políticos predispostos à revolução “esperada”.

Implantou-se no país o revolucionismo (cuja fase frenética fora a transição da


autoridade firme, de Epitácio, para a dura repressão, de Bernardes) como um ideal de
ordem, aberto às propostas de reabilitação política, no frondoso desencontro das opiniões
descontentes, a agressão liberal ao Estado de fato.

Há nisso o fundo messiânico de todos os períodos em que, no Brasil, ressurgiu o


revolucionismo imanente: no Primeiro Reinado, a república filosófica; na Regência, a
federação democrática; no Segundo Reinado, a liberdade, em conflito com a tradição; na
república dos marechais, esse liberalismo agravado, contra a centralização, as armas e a ira
jacobina; por fim, na república dos conselheiros, a ortodoxia do regime contra a sua
corrupção burocrática, e isto no ardor dos comícios, pela Rua do Ouvidor, ou naquele
estuário fremente da retórica republicana, que era o Largo de São Francisco, ao pé da
estátua romântica de José Bonifácio...

Sistema de doutrinas, arrumação de idéias, princípios comumente aceitos, eram


soluções estranhas à versatilidade desse debate. Requeriam ambiente e época. Viriam
depois; se viessem...

FARIAS BRITO

A reação espiritual veio do Ceará — terra de misticismo e austeridade — com Farias Brito.
Cansava-se a inteligência moça da insipidez do monismo, do evolucionismo, do
haeckelismo sociológico, caros a Tobias, e dos autores correntes, Buchner, Nordau,
Spencer,1065 Le Dantec... Que acontecia alhures? Unamuno descobrira Kierkegaard;
nacionalistas e socialistas batiam-se em Paris; “la faillite de la science”, dissera Brunetière
(1896), quase em resposta a Renan; aparecem Barrès, Daudet... O pensador cearense teve a
originalidade de filosofar entre polemistas. Destacou-se pelo imprevisto da linguagem.
Interrogava “segredos da consciência”;1066 opunha a ordem moral à “incerteza e
fragilidade” da vida; trabalhava numa filosofia da esperança...1067 A finalidade do mundo
(1894) era manifesto, virtuoso e erudito, reacionário; na Base física do espírito (1912),
com o Mundo interior (1914), se rebelava, mais perto de Bergson e William James, contra
a “anarquia a que se acha reduzido o mundo moderno”.
Essa transcendência andava na cruzada do Pe. Júlio Maria, a missionar pelas províncias
e pelas academias (1902); prendia-se à reivindicação paulista da origem apostólica1068
(1896); regozijava-se da oração católica de Rui Barbosa no Colégio Anchieta (1903); ia
armar o ativismo de Jackson de Figueiredo (já na época de Bloy e Péguy, Psichari e
Maurras). “Catolicizar o Brasil”.1069 Jackson voltava a Pascal; e retirando Farias Brito (com
Rocha Pombo e Nestor Vítor) da misantropia ressentida, jogou-o na arena.1070 Chamou-
lhe (1918), à doutrina modesta, “profissão de fé espiritualista”.1071 Prevenira Pedro Lessa,
contra o “regresso a uma vã supremacia do espiritualismo”.1072 Para o Pe. Leonel Franca
(cuja História da filosofia é também de 1918) era “ideal de restauração católica”;1073 e na
Crise do mundo moderno a expôs panoramicamente.

Seria inútil “diante do estado social do Brasil”,1074 meditava em 1916 Gilberto Amado,
que, em 1922, falou da transição da fase caótica à organizada,1075 do empirismo ao sistema.
Estava-se na época ruísta do liberalismo jurídico, em que reluzia a promessa de
representação e justiça de Assis Brasil,1076 programa estereotipado e sumário, das revoltas
cívico-militares (essencialmente políticas) de 1922–24.1077

O PROBLEMA SOCIAL

O historicismo de Euclides da Cunha, de Calógeras,1078 A política geral do Brasil, de José


Maria dos Santos,1079 tiveram o propósito de ilustrar a realidade com o passado,
distorcendo-a numa lição em quadros periódicos, às vezes pungente... Tropeçara Rui em
1919 (marco miliar nessa progressão de inconformidades) com a questão social, que, sem
demagogia, incluiu na sua pregação revisionista.1080 Incluiu-se ele próprio na corrente do
socialismo cristão do Cardeal Mercier. Contou-nos Evaristo de Morais que lhe forneceu
os autores recentes, para versar com atualidade a mudança de rumo, e não o
desenvolvimento de seus estudos liberais. A questão (aflorada na eloqüência de outrora
por Tavares Bastos, Nabuco) fora com diferentes argumentos refutada e posta de lado
neste país mal povoado e imenso. “Não há no Brasil questão social, no sentido que a esta
expressão se dá na Europa”, escreveu Assis Brasil.1081 Atribuiu-se mais tarde (a vésperas da
revolução de 1930) uma frase temerária ao governo que a não considerava... “Era uma
questão de polícia”.1082 Mas o após‑guerra, de 1919, a apresentou a todos os povos, como o
problema do dia. Os sociais-democratas substituíram-se aos liberais;1083 alastrou
(conseqüente à vitoriosa revolução russa, de 1917), a euforia marxista; a reação tomou
formas conciliatórias, para não cair no extremo contrário, ao elaborar-se a solução fascista
(1920)... Sobrevieram, explosivos, os ismos desse atribulado tempo: comunismo, fascismo,
liberalismo; voltaram os mitos, entre estes, o das ditaduras salvadoras, do revolucionismo
técnico e necessário; surgiram os novos. Por aqui, neopositivistas,1084 neotomistas,1085
neodemocratas, neo-republicanos, como Nilo Peçanha (republicanizar a república, seu
lema de 1921), cuja rebelião, enraizada nos sucessos de julho de 1922, produziu, oito anos
depois, a República Nova.

PESQUISA

Antes das Faculdades de Filosofia (1935) e do Conselho Nacional de Pesquisas (1952) não
se pode falar no país de um movimento coordenado e universitário de investigação
científica. Temos de anotar as conquistas nesse terreno obtidas por sábios e instituições
isoladas (é o caso de Manguinhos para as ciências biológicas, da Escola Politécnica para as
ciências físicas,1086 do Museu Nacional para as naturais, do Departamento da Produção
Mineral, do Ministério da Agricultura), sem que tivesse o descoordenado progresso da
pesquisa um centro de propulsão. A disciplina nesta matéria devia ser sobretudo a dos
programas desenvolvidos — graças à sistemática dos cursos de formação e alta
especialidade — naquelas faculdades recentes, abertas ao ensino com a oportuna ajuda de
professores de renome internacional, assim em São Paulo como no Rio de Janeiro. O
Conselho Nacional de Pesquisas revitalizou, com a sua orientação, os planos de trabalho
que reclamam o amparo do poder público (sobre todos, os referentes à física nuclear); e
graças a tal impulso os institutos tecnológicos e as universidades cuidam de acompanhar o
surto mundial das ciências aplicadas à transformação industrial e às novas necessidades
da vida. Este é o capítulo mais novo da cultura brasileira: responde, corresponde ao
desafio do tempo.

ENGENHEIROS

A engenharia brasileira formou-se na Escola Politécnica (1874) com Frontin, o homem da


“água em seis dias” (1888), Vieira Souto. Francisco e Honório Bicalho (que indicara a
solução para o problema da Barra do Rio Grande), Sampaio Correia, José Luís Batista...
Emancipando-se dos mestres estrangeiros com os irmãos Rebouças, o insigne ferroviário
Teixeira Soares, Passos, pai e filho, custou entretanto a orientar-se — no enciclopedismo
peculiar a um país de poucos profissionais — para as especialidades árduas. “Ao tempo
em que Francisco Bicalho se formou, não era possível, por assim dizer, aos engenheiros
brasileiros a escolha de uma especialidade: tinham de aceitar o emprego que se lhes
apresentasse”.1087 Foi o tempo de Teodoro Sampaio, que, com Alfredo Lisboa, se iniciou
na comissão do São Francisco, de Roberts, o tempo de Aarão Reis (consagrado pelo
planejamento de Belo Horizonte), de Sabóia e Silva, Sousa Bandeira, Ernesto Otero, de
Euclides da Cunha, protótipo de funcionário incontentável... Destaca-se o pioneirismo de
Alfredo Lisboa na construção de portos (Recife), de Saturnino de Brito no saneamento
das cidades (Santos, a primeira do mundo a conhecer a elevação elétrica automática),1088
Gonzaga de Campos na sistematização geológica, Arrojado Lisboa (auxiliado pelos
americanos Gradall, Waring, Ryves) nas obras contra as secas, Emílio Baumgart nas
audácias do cimento armado — que só mais tarde chegaram aos Estados Unidos,1089 Ari
Torres e Fonseca Costa nas pesquisas tecnológicas, Monlevade nas ferrovias eletrificadas...
Depressivo para a engenharia o período de drástica redução de despesas que se seguiu à
consolidação da república, atravessou ela uma fase desencorajadora, cujo término foi
anunciado por Lauro Müller — em 1904. À era dos bacharéis devia seguir-se a dos
politécnicos. E dos construtores da civilização atual.

ARQUITETOS

De clássica (missão francesa) à romântica (Segundo Reinado) a arquitetura se desprendeu


da tradição, tornou-se eclética, frondosa, artística, sem a antiga fidelidade ao caráter
patriarcal e à fria solidez da casa portuguesa de outrora. A indiferença pelo estilo (na
cópia arbitrária do velho e do novo) produz as “fantasias” grandíloquas de 1880, de 1900,
de 1909, desde o gótico inglês da Ilha Fiscal (Adolfo del Vecchio) ao alegórico do Palácio
Monroe (General Sousa Aguiar), ao muçulmano do Instituto de Manguinhos, ao Teatro
Municipal (redução da Ópera de Paris, de Garnier), à Escola de Belas-Artes (Adolfo
Morales de los Rios), com a sua colunata do Louvre... As fachadas da Avenida (1904) e a
Exposição de 1908 praticamente esgotaram a capacidade de imitação, desse período de
imponência e ornato, em que se distinguiram Morales de los Rios (Supremo Tribunal
palácio cardinalício), os irmãos Rebecchi, Januzzi, Pereira Passos Júnior (Exposição e
Teatro) em São Paulo, Ramos de Azevedo (Teatro Municipal, Tribunal de Justiça,
Secretarias do Estado). De 1910 a 1920 prevalece o erudito bom gosto de Heitor de Melo,
mestre do ofício, com o Jockey e o Derby, o Conselho Municipal, o Clube de Engenharia e
de Gire (Copacabana Palace, modelo do gênero), Viret e Marmorat (primeiro prédio de
apartamentos do Rio de Janeiro, o edifício Lafont), paralelo à reação colonialista, isto é, ao
protesto luso-brasileiro de Ricardo Severo e de José Mariano. Por que não o avarandado e
tranqüilo solar setecentista, de azulejos à mostra, largos beirais, pórtico barroco,
igualmente hospitaleiro e nobre? Como a Exposição de 1908 atraiu as formas parisienses
do “pavilhão” e do palácio de festas, de ferro e estuque, a de 1922 fixou o “colonial”
enriquecido o estético, que tinha a vantagem de ser comemorativo. O seu monumento no
Rio é a Escola Normal (dirigia a instrução Fernando de Azevedo). Arquimedes Memória
interpretou-o com dignidade e amplitude nos vastos prédios da Exposição do Centenário,
quando a moda do “velho português” passou a alternar-se, nos bairros novos, com os
convizinhos estilos mexicano e californiano, em oposição ao normando, que invadira as
ruas recentes de Copacabana (1915), ao gracioso Luís XVI (Câmara dos Deputados,
arquitetos Memória e Cuchet), à renascença italiana... O espírito revolucionário de 1930
não tardou em subverter esses critérios de beleza externa.1090 De 1920 é a Révue de l’esprit
nouveau, de 1922 Vers une architecture, de Le Corbusier. Entra no Brasil pela mão de
Lúcio Costa.1091 Desmoronada a ordem pacata, com ela soçobrou o estilo em voga.1092 Na
direção da Escola de Belas-Artes, contratou Lúcio Costa professores atuais, preconizou o
contemporâneo, aconselhou o convite a Le Corbusier, para vir projetar o edifício do
Ministério da Educação (pilotis, terraços-jardins, estrutura independente, fachada livre...).
É a época de Attilio Corrêa Lima (projeto de Goiânia, aeroporto do Rio), de Antônio
Severo, de Nestor Figueiredo, de Oscar Niemeyer, surpreendente de arrojo no bairro da
Pampulha, em Belo Horizonte, o arquiteto de Brasília... Evidentemente (como no
princípio das eras) o material sugere a forma. Plasma-se com as possibilidades do
arcabouço metálico e, a partir de 1928 (edifício de A noite, Gusmão & Dourado) do
cimento armado, uma arquitetura de gigantescas proporções e adaptação dócil aos temas
urbanísticos e sociais, de que o Brasil é hoje um dos núcleos vanguardeiros. Forte impulso
no sentido dessa autonomia de concepção constituiu, em 1945, a fundação (separando-se
da Escola de Belas-Artes) da Faculdade Nacional de Arquitetura, ajudada, no seu
desenvolvimento técnico, pelo surto estonteante de edificações do último decênio. Opera-
se, por toda parte, a metamorfose das cidades, ou surgem novas, planejadas segundo os
padrões revolucionários (e funcionais) da atualidade. Importador de engenheiros e
artistas, está o Brasil em condições de exportá-los (e alguns têm levantado os prêmios em
concursos internacionais da especialidade). No que concerne ao pós-impressionismo, ao
futurismo — tomado vagamente como uma tendência ao belo absurdo — à ruptura com
as convenções “acadêmicas”, subsistentes no próprio modernismo, aplica-se à arquitetura
a psicologia da arte contemporânea, que a desvincula das reminiscências limitativas para
acomodá-la — dir-se-á — à adivinhada sociedade do século XXI...1093

ARTES: PINTORES

Depois dos grandes nomes da Imperial Academia a geração que lhes sucedeu
(impregnada, em Paris, dos estilos coetâneos) oscilou entre a exatidão clássica e a crua luz
tropical, desenho e cor, o artifício da composição e a verdade da paisagem. Continuam
Pedro Américo e Vítor Meireles (e através deles os mestres românticos) na pintura
histórica de Firmino Monteiro1094 — o mais primoroso —, Aurélio de Figueiredo (irmão
do primeiro), Benedito Calisto, documental e culto, como Oscar Pereira da Silva. Os
retratos de Décio Vilares e Petit, os murais de Zeferino da Costa (tetos da Candelária),
Pedro Peres, Parreiras, Visconti — que na decoração do Teatro Municipal lembra Puvis
de Chavannes,1095 a finura acadêmica de Henrique Bernardelli, medalha de bronze da
Exposição Universal de 1889, Belmiro de Almeida, discípulo de Lefebvre, Manuel
Madruga e Lucílio de Albuquerque, marcam o período em que a arte se liberta do
exotismo,1096 banha-se no sol dos pátrios panoramas com João Batista da Costa e Antônio
Parreiras, emancipa-se, à procura da terra (Almeida Júnior) e dos seus modestos aspectos.
É magistral essa pintura no academismo de Rodolfo Amoedo (outro talento polido nos
ateliers franceses) que assinala a maturidade de expressão em harmonia com os cânones
escolares. Devemos citar ainda José Maria de Medeiros, Rafael Frederico, Pedro
Alexandrino (mestre de “natureza morta”), Antônio Vale, Luís Christophe, Pinto
Bandeira, Rodolfo Chambelland, impressionista, Malagutti, simbolista, no limiar da “arte
moderna”, Carlos Osvald... Ilustrador, desenhista de história, paciente intérprete da
tradição revivida nas casas, nos móveis, nos trajos, Wasth Rodrigues.1097

Podemos falar de regiões artísticas (voltando à idéia do “arquipélago cultural”) menos


como escolas (baiana, mineira, pernambucana, paulista, rio-grandense, paranaense) do
que, mais precisamente — centros autônomos, em que motivos locais e vocações
circunscritas personalizam a pintura descritiva. É o caso da escola baiana (vinda em 1877
com a de belas-artes, fundada por Canizares, o velho Lopes Rodrigues), com Lopes
Rodrigues Júnior, Presciliano Silva, mestre das sacristias penumbrosas na grande paz dos
claustros, Alberto Valença... Os mineiros (depois de Belmiro, Alberto Delpino, Honório
Esteves, Sousa Viana) têm o gosto da simplicidade rústica, da “roça”; Alfredo Andersen
cria no Paraná (De Bona, Lange de Morretes, Falce) o paisagismo dos pinhais típicos;
anima Weingartner os panoramas gaúchos; palpita o velho Recife nos desenhos de M.
Bandeira, de Luís Jardim... Multiplicam-se, com os cursos regulares, aquelas colméias de
arte. Fora delas viceja a “arte nova”.

Ligam-se as formas independentes num movimento comum, a que preside o “espírito


moderno” (Graça Aranha). Ao clássico em prosa corresponde o da tela e o do mármore:
contra a frieza acadêmica investem os abstratos, já na Semana de São Paulo, de 1922,
Tarsila do Amaral, o admirável Di Cavalcanti e, com o seu poder inovador, Cândido
Portinari. A sua fama internacionaliza-se, com os painéis figurativos e simbólicos, desde
os da Pampulha aos do Ministério da Educação e do Palácio das Nações Unidas, de Nova
York (Guerra e paz). Rompe-se o conflito dos estilos e bifurcam-se as exposições e os
museus, em que a iniciativa particular supre com vantagem o mecenato oficial. Estão
neste caso o de Arte (fundado em 1947 em São Paulo por Assis Chateaubriand e, em 1953,
acolhido no Louvre), a Bienal de São Paulo (a primeira, de 1943, a segunda, de 1952), o
Museu de Arte Moderna criado no Rio de Janeiro por Niomar Moniz Sodré, com edifício
próprio (1958), topograficamente próximo, ideologicamente distante das preciosas
galerias do Nacional de Belas-Artes, abertas aos antigos, aos consagrados, aos triunfantes
e aos que vão surgindo, ano após ano, nos “salões” controvertidos e indispensáveis.

ESCULTORES

A Chaves Pinheiro — aluno de Ferrez — sucederam Rodolfo Bernardelli e Almeida Reis,


autores de alguns dos melhores monumentos da capital federal. Estudou aquele na
Imperial Academia e, nove anos, em Roma, donde voltou estatuário inexcedível no meio
brasileiro (monumentos de Cabral, Osório, Caxias, Mauá, Ottoni, Alencar, Teixeira de
Freitas...). A obra de Almeida Reis é excelente (bustos de Camões, Gonçalves Dias,
Danton, o Progresso, que encimava a frontaria da Central do Brasil, o grupo A inveja e o
gênio), tempestuosa e jovem. Reproduz-se a correção de Bernardelli na escultura severa
do seu discípulo dileto Correia Lima (monumento do Almirante Barroso, de Teixeira
Soares, no Rio, Coronel Fernando Machado, em Florianópolis, o grupo “mater
dolorosa”). Autodidata, fez Eduardo de Sá o do Marechal Floriano. Seguiram-se
Modestino Kanto, mais feliz no de Deodoro (a que não falta ímpeto romântico),
Benevenuto Cozzo, Pinto de Matos, Antônio de Matos (Heróis da laguna), Moreira
Júnior, Leão Veloso (Tamandaré, Pinheiro Machado, altos-relevos do Ministério da
Guerra), João Turim (Semeador, em Curitiba), Zaco Paraná, Brecheret, com o seu
formidável monumento das bandeiras, em São Paulo...

Torêuticos e imaginários, numerosos na era barroca, são ultimamente representantes


tardios de uma escola extinta. Encerrou-se-lhes o período com o da talha dourada, das
mobílias de florido jacarandá, dos altares miudamente esculpidos; e se houve mestres
dessa lavra no século XIX (no Rio, Pádua e Castro, em Campinas, o baiano Vitoriano dos
Anjos, na Bahia, no Recife, em Minas) foi porque as igrejas de antigo traço ainda
requeriam a decoração obsoleta (São Francisco de Paula, Sacramento, São José, na
corte).1098 Concluíram-nas; e desapareceram.

EDUCAÇÃO

Só há um problema, educar, sustentava em 1927 Miguel Couto. A Associação Brasileira de


Educação é de 1912; de 1929 o inquérito sobre o “problema universitário”. Confluiu na
reforma de 19 de abril de 1931 (do Ministro Francisco Campos, que a antecedeu de
impressionante arrazoado), responsável pela criação do moderno sentimento escolar no
país. Universidade seria (na doutrina dos que a pediam, em 1929) ensino e pesquisa, força
motriz e democracia orgânica, dinamização otimista da cultura hesitante e estrangeirada...
Disto se falara, sem conseqüências práticas, desde a... Inconfidência.1099 Fora um dos
pensamentos iterativos do regime imperial. E quando, na república, se fundou a de
Curitiba, por um grupo de professores, em 1912 — teve de fechar, por não haver
(esdrúxula razão!) padrão oficial a que se equiparasse... Previu-o a lei de 1915 (Carlos
Maximiliano). Epitácio Pessoa celebrou o 7 de setembro de 1920 com a criação da
Universidade do Rio de Janeiro, mediante a fusão das três escolas superiores, medicina,
politécnica, direito, na verdade sem vigor autônomo nem coesão até 1937. Lei desta data
(Ministro Gustavo Capanema) denominou-a “do Brasil”, continuando estaduais as de
Minas (fundada, em 1927, pelo Presidente Antônio Carlos) e de São Paulo (em 1934, por
Armando de Sales Oliveira).1100 Curta, mas fecunda vida teve a do Distrito Federal
(secretário da Educação, Anísio Teixeira), com as novas disciplinas, impostas pela
complexidade moderna dos estudos. Refratária ao clima, durante o largo tempo em que
debalde as elites a solicitaram, a planta medieval da solene universidade, com os seus
múltiplos institutos e a união de suas academias, passou a florescer em 1945 (lei de 17 de
dezembro) — com a autonomia que lhe concedeu, na presidência de José Linhares, o
Ministro Leitão da Cunha. Outro idealista da solução universitária, Ernesto de Sousa
Campos, Ministro da Educação do Governo Dutra, ampliou aquela área, propondo no seu
discurso inaugural a fundação das Universidades da Bahia e do Recife. Lançou em seguida
as bases da Universidade do Paraná... Não terminou o qüinqüênio sem a federalização das
universidades oficiais existentes (exceção da de São Paulo). Surgiram as do Rio Grande do
Sul, do Distrito Federal, do Ceará, do Pará. O Pe. Leonel Franca (1941) deu corpo à
Pontifícia Universidade Católica, do Rio de Janeiro. Aí temos a exemplo desta as de São
Paulo, de Porto Alegre, da Bahia, de Campinas.

A novidade da instituição — quanto à cultura desinteressada e concêntrica — estava


principalmente no alento dado aos estudos filosóficos com as respectivas faculdades (a
primeira, de São Bento, em São Paulo, de 1908) e à alta indagação, para além dos
programas letivos, nela compreendidos a conjuntura, com a sua problemática, a
antropologia social, a filologia, a biologia, a moderna física, a química, a história, as
questões econômicas e políticas, o recente equipamento do espírito investigador e atuante.
Não é exagerado datar dessa linha limítrofe, em que para trás ficava o douto estudo da
língua pelos egressos do ensino de grau médio, e nada havia entre a fase ginasial e a
profissional da formação acadêmica,1101 o encontro da cultura brasileira com a inquietação
universal, nos campos tanto das ciências da natureza como das do espírito.

CORRENTES MODERNAS

Não é fácil sistematizar (e história é sistematização) o movimento moderno que, lançado


em São Paulo, ao tempo da mais grave agitação que sacudira o regime, correspondia,
instável e intelectual, às angústias de uma juventude sem paciência nem moderação. É,
por sinal, o conteúdo político do modernismo que lhe dá o caráter agressivamente
nacionalista, liricamente demolidor, simbolicamente indígena, como fórmulas transitórias
(e verbais) de combate às convenções literárias, cujas subcamadas eram os costumes
cívicos, ou anticívicos, do país em crise de mudança. Com tal força convulsiva se estende
de 1922 a 1928, que é o curto período em que a revolta dos poetas se transforma em
desafio dos prosadores. Abre-se-lhe segunda fase em 1930, na transição da velha para a
nova república, em que passou de moda o ataque ao tradicional, ultrapassado pela
responsabilidade da substituição (agora que a revolução conquistara o poder) e pelo
regionalismo forte, ressentido, gárrulo ou clamoroso. Renovaram-se os estudos brasileiros
com a necessidade de reconstitucionalizar a nação (a Escola Livre de Sociologia e Política
de São Paulo é de 27 de maio de 1933); embebem-se na universal controvérsia de
esquerda e direita (explosiva em 1935), entroncam-se na Antropologia Social (“Escola do
Recife”, de Gilberto Freyre), projetam-se no ensino e na pesquisa (Artur Ramos),
distorcem-se em crítica sábia.1102 A evolução teria de dar-se do restrito para o geral, com a
universalidade (e a universidade) em que preponderam as reivindicações do espírito, com
os seus valores insubmissos e permanentes. À fase de reversão ao clássico podemos
chamar, tendo em vista a sua natureza erudita, de revisionista. Revisão histórica (com o
social), geográfica (com o ecológico), sociológica (com o antropológico); revisão
lingüística (filológica), científica (experimental), crítica (nacionalista); revisão enfim, na
forma de recuperação do tempo malbaratado em análises desordenadas, à busca do
escolar, do disciplinado, do concreto, do interpretativo e universal. Não deixa de ser
curiosa a gradação dos modos oratórios de propaganda intelectual nos três períodos, do
modernismo (até 1928), do regionalismo e deste que, por falta de melhor nome, se
denomina de neomodernismo. Ho primeiro fazem-se conferências; no segundo,
congressos; no último, cursos e seminários.1103 Peculiar ao desenvolvimento das
instituições de ensino ou, em especial, da difusão da cultura, o didatismo (viva expressão
de democracia ativa na politização pelo jornal, pela escola, pelo livro, pelo rádio, pela
televisão, pelo cinema, pelo colégio, pelo clube, pela academia, pelos poderes públicos, por
quantos processos educativos campeiam nesse fluido domínio da persuasão e da
ilustração das massas) — vinca com o seu traço utilitário a atualidade.

Nunca se estudou o passado com tão lúcida curiosidade. Caracteriza-a o sentido da


síntese em que o “new criticism”, o método, o “levantamento” cultural, como propósito
temático e programático, exercem a função instrutiva comprometida com a estruturação
moral da coletividade. Unem-se as heranças do naturalismo, do simbolismo, do
modernismo nas revisões (história e crítica literária) de Sílvio Romero, Araripe Júnior,
José Veríssimo, João Ribeiro, Medeiros e Albuquerque, Afrânio Peixoto, Ronald de
Carvalho, a que se segue a nova e numerosa geração dos críticos e historiadores da
literatura preocupados com o social e o autêntico, o representativo, o pedagógico, o
brasileiro... Contribuíram para a fixação de tipos e padrões (ou das preferências correntes)
em que se reflete a insopitável inquietação da época. O querelante nacionalismo do
período verde-amarelo emenda-se em bandeirologia, economismo, sociologia da região e
do país. Com o restabelecimento dos padrões institucionais a teoria política se despojou
dos dilemas sectários para balancear as idéias (esquemas ultrapassados). Emudeceu o
debate religioso; e numa acalmia oportuna perderam a vivacidade polêmica as doutrinas
especulativas e estéticas; ou tendem fatigadamente à convivência e ao ecletismo da
tolerância democrática.

Aí estão, para atestar a conciliação insensível do delirante e do conservador, as audácias


da arquitetura e o abstracionismo da pintura suavemente acomodados e aceitos na
sociedade segura à tradição, e no Estado que a mantém.

Pelo caminho da liberdade espiritual (dogmática nessa ordem constituída) apressa-se o


tempo novo. Enganar-se-á quem pretender — num fecho enfático de história —
confundir com as linhas firmes do retrato as flutuantes e incertas do mapa cultural.
Caíram no equívoco finalista quantos imaginaram que o seu tempo era hipoteticamente o
da chegada e do julgamento, o esperado tempo que tinha, como o bacharel de Heidelberg,
da sátira de Goethe, a sua alegre “luz interior”... Referimo-nos a Vico, Hegel, Comte (três
idades). O momento percebido nesse relancear de olhos que é o resumo histórico, lembra
as paisagens que incertamente divisamos das altitudes, com a falsa imobilidade de tudo o
que no mundo é tumulto, força, correnteza e luta. É uma ilusão de ótica essa fixidez de
cores, essa quietação cenográfica, essa arrumação sólida e lógica da vida fluente: mas não
deixa de ser o momento, compreensível e fecundo, do qual já se deduzem, e escoam, as
horas que continuam a bater, os dias e as noites da nacionalidade. É uma marcha que
parece de ontem, e dura quatro séculos e meio; e acelera-se, e prossegue, e sobe, como a
jornada obscura e consciente de um povo que, por isto mesmo, gosta de evocá-la — nas
páginas verídicas da história.

A recordação une, reforça e ensina.

Este é o caminho longo e áspero percorrido até aqui pela Pátria Brasileira.
NOTA
Ao final de sua obra, Pedro Calmon propunha em apêndice a Constituição dos Estados
Unidos do Brasil (a Constituição de 1946). Nesta edição, seria oportuno acrescentar
também a Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988. Entretanto, pareceu-
nos desnecessário deixar esta versão impressa mais volumosa e mais custosa com dois
textos a que o leitor pode hoje ter acesso facilmente, no site do Planalto, pelos seguintes
links:

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao46.htm

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
BIBLIOGRAFIA
AUTORES, OBRAS E DOCUMENTOS CITADOS

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Archivo General de la Nación, Buenos Aires, Carta de San Martin, de 21-6-


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Arquivo da Casa de Palmela, Lisboa, Batalhas e Sucessos de Cristóvão Pais...,


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Certidão do “Livro da Câmara de Aquirás”, ms. BB -5-173.

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Arquivo do Marquês da Fronteira, Códice, comentado por Luciano Ribeiro.

Arquivo do Marquês do Lavradio, Ofício de Bohm, 1777.

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Juramento, ms.

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“Papéis avulsos”.

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Casa Pia e Colégio dos órfãos do Irmão Joaquim, ms.

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Códices n° 35, 38, 91 e 1192.

Documentos sobre Lavardière.

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José Natividade Saldanha, doc. “Papéis Avulsos”, inédito.

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Lista de Pessoas Pertencentes à Corporação da Universidade, “Papéis


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Livro de Consultas.

Livro de Mercês Gerais, n0 1 e 2.

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77, 78, 79, 80, 83, 86, 143 e 257).

Revista do Instituto do Ceará, Fortaleza, 1887 – [...] (nº XVII, XXII, XXIV, XXV,
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NOTAS DE RODAPÉ
1 É a forma como Afrânio Peixoto chamava os filhos da Bahia que cedo se transferiram para o Rio de Janeiro.

2 A história foi a sua vocação, e o direito, sua realização profissional. Se a maioria dos seus livros é constituída de
obras de história, ou de literatura histórica, também, entre a extensa bibliografia, encontram-se numerosos e alentados
trabalhos sobre Direito, tais como Direito de propriedade, Reforma Constitucional da Bahia, A Federação e o Brasil,
Intervenção Federal, O desquite, Estado e o direito n’Os Lusíadas, Curso de Direito Constitucional Brasileiro, Curso de
Direito Público, Curso de Teoria Geral do Estado, História das idéias políticas.

3 Fez sua formação escolar no Colégio Antônio Vieira e depois no Ginásio Baiano, ambos em Salvador-ba.

4 No Conselho Federal de Cultura, quando Gilberto Freyre afirmava não ser católico, cortou Calmon: “Mas tem todas
as virtudes para sê-lo”.

5 Descendente de Francisco Calmon du Pin e Almeida, seu tetravô, ascendente de Miguel Calmon du Pin e Almeida,
Marquês de Abrantes, as raízes paternas de Pedro Calmon Moniz de Bittencourt remontam à província de Cahors, na
França, donde partiu para Portugal Bertrand Calmon, o primeiro deste sobrenome, cujo filho, já lusitano, João Calmon,
chegou à Bahia em 1655. O seu ramo materno, pelo casamento de seu pai, Pedro Calmon Freire de Bittencourt com
Maria Romana Moniz de Aragão Calmon de Bittencourt, sua prima, se prende a Egas Moniz.

6 Considero importante dar o destaque ao fato de que seus dois outros livros de ficção, O Thezouro de Belchior e
Malês: a insurreição das senzalas também se enraízam em sua terra natal. Em sua predominante produção de historiador,
do primeiro livro até a publicação póstuma Introdução e notas ao catálogo genealógico das principais famílias, de Frei
Antônio de Santa Maria Jaboatão, vários de seus outros livros também estão ligados à história de sua província: A
conquista: História das bandeiras baianas, O crime de Antônio Vieira, O Marquês de Abrantes, História da Casa da
Torre, A bala de ouro, História da Literatura Baiana, Castro Alves: O homem e a obra.

7 Sobrinho homônimo do Marquês de Abrantes, foi engenheiro e político brasileiro, correligionário de Rui Barbosa,
Ministro da Viação e Obras Públicas (1906–1909) e, posteriormente, Ministro da Agricultura, Indústria e Comércio
(1922–1926).

8 Ao mesmo tempo, para completar seu salário e colaborar com a família em Salvador, trabalhava à noite, na redação
da Gazeta de Notícias.

9 Essa Bahia onde, no espaço de 35 anos, fundaram-se duas academias, a dos Esquecidos (1725) e a dos Renascidos
(1759), nas quais figuram, na primeira, poetas menores e maiores, como Gonçalo Soares da França, satírico e repentista,
na linha de Gregório de Matos, João de Brito e Lima, sisudo e seco, com seus Poema Festivo e Poema Panegírico,
memorialistas como Inácio Barbosa Machado, autor dos Fatos Políticos e Militares, e historiadores como Sebastião da
Rocha Pita, autor da História da América Portuguesa; na segunda, figuram o poeta Ferrão Castello Branco, Pedro
Facques, com sua Nobiliarquia Paulistana, Frei Antônio de Santa Maria Jaboatão, com o Novo Orbe Seráfico, D. José de
Milares, com a História Militar do Brasil, José Antônio Caldas, com a Notícia Geral da Capitania da Bahia.

10 Estão entre eles: A bala de ouro, Brasil e América, Brasília, Catedral do Brasil, Castro Alves: O homem e a obra,
Compêndio de História da Literatura Brasileira, A conquista, O crime de Antônio Vieira, Espírito da Sociedade Colonial,
O Estado e o Direito n’Os Lusíadas, Estados Unidos de Leste a Oeste, Figuras de Azulejo, Franklin Dória, Barão de
Loreto, Gomes Carneiro, o General da República, História da Bahia, História da Casa da Torre, História da Civilização,
História da Civilização Brasileira, História da Faculdade Nacional de Direito, História da Fundação da Bahia, História da
Independência do Brasil, História da Literatura Baiana, História das idéias políticas, História de Pedro ii (5 volumes),
História Diplomática do Brasil, História do Brasil (7 volumes), História do Brasil na Poesia do Povo, História do
Ministério da Justiça, História Social do Brasil (3 volumes), José de Anchieta, o santo do Brasil, Malês, a insurreição das
senzalas, Espírito da Sociedade Imperial.

11 De acordo com Pedro Calmon Filho, também professor da Faculdade de Direito da ufrj, seu pai sempre quis ser
enterrado como professor, que foi o título que ele mais prezou em vida.
12 Segundo consta no livro Pedro Calmon: Vida e glória, organizado por Edivaldo Boaventura, não há conta do
número de estudantes baianos que Pedro Calmon acolheu no Rio de Janeiro e aos quais forneceu fosse uma palavra de
orientação, fosse uma providência junto a órgãos públicos, fosse, ainda, apoio material.

13 Entre dezenas de condecorações, tinha a Grã-Cruz das Ordens da Santa Sé, de Santiago, de Cristo, Educação
Pública e Infante D. Henrique, de Portugal; de San Martin, da Argentina; de Boyacá da Colômbia; de Rubén Dario, da
Nicarágua; da Espanha, da China Nacionalista, do México e do Paraguai; Grande Oficial do Chile, do Peru, da Alemanha,
da Suécia, da Grécia, da Itália e do Irã; Ordem do Mérito e ordens do Exército, Marinha e Aeronáutica do Brasil; e
comendador da Legião de Honra, da França.

14 Pedro Calmon dizia que era monarquista por teimosia.

15 O sepultamento ocorreu no Cemitério de São João Batista.

16 Thomas Giulliano é pós-graduado em Literatura Brasileira pela pucrs, pós-graduado em História e Cultura Afro-
brasileira e Indígena pela uninter, graduado em História (licenciatura) pela pucrs, coordenador do livro Desconstruindo
Paulo Freire, autor dos livros Desconstruindo (ainda mais) Paulo Freire, O sofisma do Império e Machado de Assis:
escravidão e política, editor e consultor historiográfico do Clube Rebouças. Historiador agraciado com a Medalha da
Ordem do Mérito do Livro, fornecida pela Biblioteca Nacional — ne.

17 Sílvio Romero e Artur Guimarães, Estudos sociais: O Brasil na primeira década do século xx. Lisboa: 1911, p. 16.

18 Eduardo Prado, com o pseudônimo de Frederico de S., Fastos da Ditadura Militar no Brasil, começou a criticar
essa concentração. Lisboa: 1890, p. 12.

19 M. A. Azevedo Machado, Histórico da proclamação dos Estados Unidos do Brasil: Apontamentos e notícias. Rio:
1889, p. 40, 2ª ed.

20 Oliveira Lima, Memórias. Rio: 1937, p. 81.

21 V. Gonzaga Duque, Revoluções brasileiras. Rio: 1905, p. 268.

22 Evaristo de Morais, Da monarquia para a república. Rio: 1936, p. 166. Documento em Arquivo do Distrito Federal.
Rio: 1954, v, p. 349. Completo noticiário em M. E. de Campos Porto, Apontamentos para a história da república dos
Estados Unidos do Brasil. Rio: 1890, pp. 39 e ss.

23 Rocha Pombo, História do Brasil, ed. B. de Águila. Rio, x, p. 264.

24 Lauro Sodré, A proclamação da república. Rio: 1939, p. 72. Disse Rui que, chamado por Benjamin Constant, no dia
15, para ver Deodoro, já encontrou adotada a forma republicana; e o ministério foi no dia seguinte apresentado por
Quintino, discurso no Clube Militar, 1921, Discursos e conferências. Rio: 1933, p. 454. Francisco Glicério (dizia em 1944
Altino Arantes, no discurso que lhe consagrou) fora dos primeiros a convencer o marechal da necessidade de declarar
logo a república. Quintino o precedera: aliás não tinha outra expressão a sua presença, a cavalo, ao lado dele, no desfile
das forças que acabavam de derrubar o governo. O Diário de Notícias (de Rui) esclareceu: “A fria ditadura da espada,
após a vitória, transformava-se em modéstia, sumia-se, nada queria fazer, nada proclamar de definitivo, nada reservar
para si [...]. Foi então preciso que os civis, os jornalistas e os pensadores apontassem às espadas os pontos que era forçoso
continuar a defender; que pegassem nos braços dos generais para obrigá-los a ter fora da bainha o aço vitorioso”, in M. E.
de Campos Porto, Apontamentos para a história da república, p. 127.

25 Diário de Rebouças: “15 de novembro, 12h. Com Taunay no Senado tentando organizar a contra-revolução. 2,5.
Com Taunay, Dr. Araújo Góis e Rodolfo Dantas, em tentativas de organizar a contra-revolução”, André Rebouças, Diário
e notas autobiográficas, texto anotado por Ana Flora e Inácio José Veríssimo. Rio: 1938, pp. 349–350.

26 Rui Barbosa reivindicou a autoria do nome, evocando a fórmula que lançara em discurso na Bahia, em 1888, Visita
à Terra Natal, 1893, Obras, xx, t. i. Rio: 1948, p. 12. De sua lavra, o decreto nº 1, de 15 de novembro. Repetiu, em 1897:
“Fui eu quem primeiro pronunciou o dilema: República ou anarquia”, Obras. Rio: 1952, xxiv, t. i, p. 61.

27 Carta de Gabriel Piza a Rio Branco, 1911, em Cruz Costa, O positivismo na república, São Paulo: 1956, p. 174.

28 Amador Florence, in Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, xxxiii, p. 61; Miranda de Azevedo,
Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, vi, p. 672.

29 Publicado no Correio paulistano, 18 de novembro de 1889, em 1º Centenário do Conselheiro Antônio Prado,


Coletânea. São Paulo: 1946, pp. 17–19. No mesmo sentido aconselharam Sousa Dantas, Paulino de Sousa, Meira de
Vasconcelos, Saraiva... Sobre os demais acontecimentos do período, Felisbelo Freire, História constitucional da república.
Rio: 1894, i, pp. 362 e ss.

30 Acontecimentos de 17 de novembro, relatados por Antônio Olinto, em Revista do Arquivo Público Mineiro. Belo
Horizonte, 1927, ano xxi, fasc. i, p. 161.

31 Brás do Amaral, História da Bahia do império à república. Bahia: 1923, pp. 331–2. Na Folhinha do Arcebispado da
Bahia para o ano de 1890, Bahia: 1889 (Tip. de J. G. Tourinho), se tem curiosa reportagem dos acontecimentos (resumiu-
os Antônio Osmar Gomes, O mensageiro da fé, Bahia: dezembro de 1949), em que se diz que Almeida Couto recebeu
telegrama de Deodoro pedindo que continuasse na presidência; que ao meio-dia de 16 houve a reunião em palácio que
terminou com o repúdio da revolução; que se mandou a Deodoro telegrama reafirmando aguardar o povo baiano “com
firmeza e tranqüilidade as deliberações dos poderes legalmente constituídos”; que se telegrafou para o Jornal do Comércio
do Rio “contra a ditadura militar”, e neste sentido ainda a 16, se pronunciou unanimemente a câmara municipal... À uma
da tarde de 17 o Coronel Buys e Virgílio Damásio proclamaram a adesão à república em frente ao 16º de infantaria (Forte
de São Pedro). Leia-se Antônio Moniz, A Bahia e os seus governadores na república. Bahia: 1923, pp. 8 e ss.

32 Brás do Amaral, op. cit., p. 334. “O povo assistiu a tudo isto mudo e indiferente...”. “A república não tinha
popularidade”. Do mesmo autor, “Memória histórica da proclamação da república na Bahia”, in Revista do Instituto
Geográfico e Histórico da Bahia. Bahia: 1905, nº 30, pp. 36–60; Otaviano Muniz Barreto, Conferência. Bahia: 1940, p. 17;
Afonso Rui, História política e administrativa da Cidade do Salvador. Bahia: 1949, p. 614. Manuel Vitorino, em carta a
Rui Barbosa, 28 de novembro de 89, conta que o Coronel Buys “firmou a república na Bahia e [...] de acordo comigo, foi
ele quem salvou a ordem pública ameaçada pelas declarações do Comando das Armas”, transcrita por Odival Cassiano
Gomes, Manuel Vitorino Pereira, o cirurgião e o médico. Rio: 1953, p. 12. Foi este indicado por Quintino e Aristides
Lobo, v. Manifesto político: O Dr. Manuel Vitorino, vice‑presidente da república, à nação. São Paulo: 1898.

33 Sebastião de Vasconcelos Galvão, Dicionário corográfico, histórico e estatístico de Pernambuco. Rio: 1922, ii, p.
68; Sousa Bandeira, Evocações e outros escritos. Rio: 1920, p. 170. Quanto ao Maranhão, Jerônimo de Viveiros, Benedito
Leite. 1957, p. 20. O 1º governador nomeado, Dr. Tavares Júnior, foi recebido ao som da Marselhesa, em 17 de dezembro.

34 Romário Martins, História do Paraná. Curitiba: 1937, p. 492.

35 V. Enéas Marques, Generoso Marques. Curitiba: 1941, p. 21.

36 Osvaldo R. Cabral, Santa Catarina. São Paulo: 1937, p. 295.

37 Generoso Ponce Filho, Generoso Ponce, um chefe. Rio: 1952, pp. 61–82.

38 V. manifesto de Castilhos, de 12 de fevereiro de 1890, in Otelo Rosa, Júlio de Castilhos. Porto Alegre: 1928, p. 285.

39 Em Niterói o conselheiro Carlos Afonso, baldados os esforços para mandar à luta o corpo policial, entregou o
governo ao oficial que em nome de Deodoro se apresentou para comandar a força, Tenente-coronel Fonseca e Silva.
Antônio Figueira de Almeida, História fluminense. Rio: 1930, p. 209. Quintino substituiu-o pelo Dr. Francisco Portela.
No Paraná o comandante das armas Coronel Cardoso Júnior foi substituir o Contra-almirante José Marques Guimarães.
Romário Martins, História do Paraná. Curitiba: 1937, p. 493. O comandante das armas assumiu o governo das Alagoas
para o transferir ao comendador Tibúrcio Valeriano de Araújo. Sendo porém a província do generalíssimo, a um irmão
deste, Pedro Paulino da Fonseca, coube o alto posto. Craveiro Costa, História das Alagoas. São Paulo: p. 161.

40 Diário oficial, 24 de novembro de 89. V. resposta de Teixeira Mendes a Eduardo Prado, in Ivan Lins, Benjamin
Constant. Rio: 1936, p. 140. Prado, A bandeira nacional, Paris: 1903, impugnara as asserções do chefe positivista, para
estranhar o mau gosto, o lema sectário e os erros astronômicos. Teixeira Mendes defendeu sisudamente o seu desenho.
Mas de fato era poética a idéia de representar os estados segundo o aspecto do céu na manhã histórica, sem ter em
consideração, como na bandeira norte-americana, a igualdade deles; e o dístico a filiava indiscretamente a determinada
corrente militante. Pierre Laffitte, tomara-o como epígrafe para o Cours Philosophique. Paris: 1859. Em setembro de 92
cogitou o Congresso de suprimi-lo, porém a reação levantada o desencorajou, Custódio de Melo, O governo provisório,
etc. i, pp. 12–4. Permaneceu. Conta M. Paulo Filho, Correio da manhã, Rio, 8 de março de 1953: foi Manuel Miranda que
em 1908 criou a “festa da bandeira”. Em 18 de novembro desse ano grande comissão, em que figuravam Lauro Sodré,
Alípio Bandeira, Bilac, apelou para que se comemorasse condignamente o pavilhão pátrio. Assim se fez, e se faz.

41 O positivismo pôs-se fora da realidade (e do momento) combatendo o ensino militar regulamentado na respectiva
escola (12 de abril de 1890), a própria existência do exército... Sobre a continuidade dessa atitude (mas de 1897 por
diante), leia-se Cruz Costa, O positivismo na república. São Paulo: 1956. O primeiro período republicano marca, com
expressiva rapidez, o predomínio teórico, a desilusão e a oposição da seita, em face do regime que tanto lhe devia.

42 V. Rocha Pombo, História do Brasil, vol. x, p. 328.

43 Salvador de Mendonça, Situação internacional do Brasil. Rio: 1913, p. 119.

44 Rui Barbosa, relatório do Ministro da Fazenda, 1890: “Mas em um grupo de homens de educação política e
tendências diferentes, sem plano de administração preestabelecido [...] nenhum laço de solidariedade real podia existir”.
Obras completas. Rio: 1949, vol. xviii, t. ii, p. 31.

45 Refere-se Rui ao apelo, que Deodoro atendeu, para não ser enviada ordem telegráfica de fuzilamento, a propósito
de praças amotinados no Desterro, Finanças e política da república. Rio: 1892, pp. 376–7. Medeiros e Albuquerque,
Minha vida, Rio: 1933, p. 152, alude porém ao boato de que seriam fuzilados alguns soldados do 2º de artilharia; gostaria
de assistir; e Aristides Lobo, de quem era secretário, lhe recriminou a curiosidade... São fatos conexos. Sobre a quartelada
monarquista do Desterro — pois os soldados desfilaram com a “bandeira antiga”, Gustavo Barroso, citando carta do
Major Santos Dias, O Cruzeiro. Rio: 19 de janeiro de 1957.

46 O episódio vem explicado nas memórias de Medeiros e Albuquerque, ibid., p. 175. Rui refutou energicamente em
1919 a balela de que pedira o fuzilamento de Gaspar Martins, Campanha presidencial. Rio: 1919, p. 20.

47 Rocha Pombo, História do Brasil. Rio–Porto, x, p. 272 (documentos para a história do primeiro período da
república). Publicou as Atas do governo provisório, Dunshee de Abranches, Rio: 1907.

48 Adquirido por 630 contos em 23 de dezembro de 89, o Itamaraty foi sede do governo até 1897, v. Gustavo Barroso,
História do Palácio Itamaraty. Rio: 1956, p. 28.

49 Generalíssimo foi o título que Carlos iv de Espanha deu a seu ministro Godoy (valido e todo-poderoso) na guerra a
Portugal de 1801.

50 V. Max Leclerc, Cartas do Brasil, trad. Sérgio Milliet. São Paulo: 1942, pp. 98–9; Francisco de S., ou Eduardo
Prado, Fastos da ditadura militar no Brasil, pp. 68 e 356.

51 Carta de Capistrano de Abreu a Rio Branco, Correspondência, ed. do Instituto Nacional do Livro. Rio: 1954, i, p.
127.

52 O conselheiro Manuel Francisco Correia, escrevendo para o Correio paulistano, a 21 de novembro de 89, pedia a
Constituinte que desse ordem ao país. Revista do Instituto Histórico, 1911, vol. lxxiii, ii, p. 27.

53 Esta verdade, vide João Camilo de Oliveira Torres, O positivismo no Brasil, Rio: 1943, pp. 210–2 (mostrando que o
positivismo não influenciou a Constituinte), proclamou-a Rui Barbosa na conferência de 1893, feita na Bahia em
benefício do Asilo de Nossa Senhora de Lourdes de Feira de Santana, Obras, Rio: 1948, xx, t. i, p. 63: “O decreto de 7 de
janeiro, a Constituição de 24 de fevereiro não são conquistas do positivismo. Não!”. Certo é que, a 15 de novembro, como
recorda Medeiros e Albuquerque, Minha vida, p. 147, Teixeira Mendes pedia aos vencedores da jornada: “Proclamem a
ditadura! Proclamem a ditadura!”. Seria a “ditadura positivista, como fórmula permanente de governo”; e não vingou.
Sobre o antipositivismo de Rui, v. Miguel Reale, in Anais do 1º Congresso Brasileiro de Filosofia. São Paulo: 1950, i, pp.
68–9; e a influência positivista, na síntese de Ivan Lins, nos mesmos Anais, i, pp. 197–8. Elucida o pensamento de
Demétrio a réplica de Aníbal Falcão a Alberto Torres, agosto de 89, in Fórmula da civilização brasileira. Rio: 1934, p. 188.

54 Conferência em benefício das órfãs de Nossa Senhora de Lourdes, Obras, 1893, xx, t. i, p. 65.

55 V. O ideal republicano de Benjamin Constant, publicação comemorativa do 1º centenário do nascimento do


fundador da república. Rio: 1936.

56 Miguel Lemos, prefaciando a tradução de A ditadura republicana, de Jorge Lagarrigue, 1897: “Seja-nos lícito
apontar-lhes, como um antecedente profícuo e animador, a Constituição política que vigora no Rio Grande do Sul”, O
ideal republicano de Benjamin Constant, citado, p. 11. No Manifesto à nação de 1923, entretanto, o situacionismo gaúcho
replicou: “A sociologia não é propriedade de seita, e dizer sectária a Constituição de 14 de julho equivale a negar a
universalidade de leis sociais por todo o mundo aceitas”. Rui estigmatizou (1919): “Nesse parto radical do comtismo [...]
esta Constituição está de todo em todo fora da Constituição Federal”, Campanha residencial, Rio: 1919, p. 156. A
Comissão de Justiça da Câmara, pelo voto de João Luís Alves, em 1907, reconhecera que não a ofendia... Veja-se nota
TAL, à p. TAL.
57 R. Magalhães Júnior, Deodoro. São Paulo: 1957, ii, p. 195.

58 Dunshee de Abranches, Atas e atos do governo provisório. Rio: 1907, p. 15. Seriam três os bancos emissores, um
na Bahia atendendo ao Norte, um no Rio para a zona central e o terceiro no Rio Grande do Sul, com o capital total de 450
mil contos realizado em prestações não inferiores a 10% convertidas em apólices do Estado inalienáveis. Os juros delas
(devidos pela União) seriam de menos 2,5 a fim de serem pagos apenas durante sete anos... Emprestariam os bancos à
lavoura a juros não superiores a 6% e comissão de 0,5%, concorrendo o governo com as importâncias deles recebidas a
título da redução dos juros das apólices (2,5%).

59 Relatório do Ministro da Fazenda, in Rui Barbosa, Obras completas, xviii, t. ii, p. 132. O primo de Rui, Ferreira
Jacobina, em carta íntima, de 29 de janeiro de 1890, mostrava a temeridade “do seu passo sobre os bancos”, que ia
produzir crise grave no governo, Rui Barbosa, mocidade e exílio, cartas (coligidas por Américo Lacombe), São Paulo, p.
156. Seria... “uma transformação do Brasil em sociedade anônima”, criticou Max Leclerc, Cartas do Brasil, trad. S. Milliet,
p. 111. Foi atacando o decreto de 17 de janeiro que a imprensa, a Gazeta de Notícias à frente, iniciou o combate político,
abafado nos primeiros dias da ditadura. Deodoro teria dito: “Não entendo nada dessas questões de política e finanças e
preciso instruir-me com a leitura dos jornais. Deixai-os que falem”, Max Leclerc, ibid., p. 127. Leia-se em justificativa de
Rui a síntese de Humberto Bastos, A economia brasileira e o mundo moderno. São Paulo: 1948, p. 168.

60 V. Atas e atos do governo provisório, pp. 93 e 94, em que Rui defendeu o decreto de 17 de janeiro. Deodoro havia
de aplaudir trechos como este: “Pois quê?! Ele, orador, Ministro da República, poderia ver coroar a obra do Visconde de
Ouro Preto, concedendo o curso forçado que sempre combateu?”.

61 Rui incompatibilizou-se de vez com o Ministro da Agricultura, Demétrio, na reunião de 30 de janeiro, cf. Atas e
atos, p. 99.

62 Moreno Brandão, Aristides Lobo. Rio: 1938, p. 88.

63 Os antecedentes da Questão de missões estão esclarecidos pelas Memórias, de Vicente G. Quesada, que, em 1884,
fez as aberturas com o governo imperial de que resultou o plano de divisão por mútuo acordo do território em litígio e
arbitramento posterior quanto às indenizações subseqüentes à partilha, Mis memorias diplomáticas, Buenos Aires: 1907,
p. 312. Não se tratava de dividir ao meio, porém segundo “una línea divisoria conveniente sometida a la aprobación de
ambos gobiernos”. A diplomacia imperial negociou em Buenos Aires o tratado de 7 de setembro de 1889, ali assinado (a
idéia do governo argentino era a divisão sem arbitragem, como o General Roca recomendara ao plenipotenciário
Quesada, op. cit., p. 307) e confirmado no Rio de Janeiro por ato de 4 de novembro, ou seja, onze dias antes da queda da
monarquia. O gabinete de Ouro Preto se ufanou deste desfecho, Afonso Celso, O Visconde de Ouro Preto, Porto Alegre,
p. 56. O conflito transformava-se num processo arbitral a ser dirimido pelo presidente dos Estados Unidos. O imperador,
revela Quesada, mostrou-se contente com isto. A solução entrava na ordem americanista da diplomacia brasileira
(simbolizada pela adesão do império à Primeira Conferência Pan-Americana, em Washington, para a qual foram
credenciados o Conselheiro Lafayette e Salvador de Mendonça). É imaginar a surpresa que representou a nova orientação
do governo da república desfazendo o pactuado, para propor que se convertesse no corte amigável da região contestada
em partes iguais... Ao erro político (que era rever o acordo consumado) se somava o jurídico (de antepor ao arbitramento
definitivo o entendimento direto já superado, de fato problemático). O que em 1884 fora possível, em 1890 era
inaceitável. Eduardo Prado (Frederico de S.), Fastos da ditadura militar no Brasil, pp. 124–5, citou trechos da imprensa
argentina, ressaltando o extraordinário, o inesperado daquilo... Rio Branco acentua que a instâncias do ministro
argentino no Rio acedeu o governo provisório, donde o tratado de Montevidéu, que causou no Brasil “o mais profundo
sentimento de dor...”, Exposição de Motivos submetida ao Presidente Cleveland, 1894, Obras do Barão do Rio Branco.
Rio: ed. do Ministério das Relações Exteriores, 1945, i, p. 237. O tratado ficou secreto até a devida apreciação pelo
Parlamento, Quintino Bocaiúva, Relatório apresentado ao Generalíssimo. Rio: 1891, p. 35.

64 “Nem mesmo contra o clero me animavam prevenções inimigas”, Rui Barbosa, discurso de 1895, “Visita à Terra
Natal”, Obras. Rio: 1944, xx, t. i, pp. 49 e ss.

65 Carta manuscrita de Dom Antônio, arq. da Casa de Rui Barbosa. Separação sem hostilidade. Indignar-se-ia porém
o episcopado contra a “laicidade” da Constituição Federal, motivo de queixa permanente, como em 1900 afirmou em
pastoral comemorativa do Centenário do Descobrimento.

66 Discurso de Rui, Senado Federal, 20 de novembro de 1912, comentado por Teixeira Mendes, Ainda a verdade
histórica acerca da instituição da liberdade espiritual no Brasil. V. também Cruz Costa, O positivismo na república. São
Paulo: 1956, p. 130. Rui, na oração que fez no Senado a 6 de novembro de 97 — necrológio do Marechal Bittencourt —,
invocou este sentimento: “Outro não foi o daqueles que, como eu, fizeram essa reforma...”. O bispo do Pará pedira-lhe:
“Não seja a França de Gambetta o modelo do Brasil, mas a União Americana”, Luís Viana Filho, A vida de Rui Barbosa.
Rio: 1949, p. 212.

67 Decretos de 19 de novembro de 89 (sufrágio universal), 14 de dezembro (naturalização dos estrangeiros), 24 de


janeiro de 90 (casamento civil), 26 de junho (proibindo a anterioridade do casamento religioso), 7 de janeiro (impedindo
a intervenção da autoridade em matéria religiosa). Caiu na Constituinte a disposição que dava precedência ao casamento
civil, e ainda em 97 um radical, Álvaro Reis, apelava neste sentido para o Congresso, O casamento religioso. Rio: 1897, p.
10.

68 Decretos de 21 de dezembro de 89, convocatório da Constituinte republicana, de 8 de fevereiro de 90 (regulamento


eleitoral), de 20 de novembro de 89 (fixando as atribuições dos governadores dos estados, aliás de livre nomeação do
governo provisório), v. Constituição da república dos ee.uu. do Brasil, acompanhada das leis orgânicas. Rio: Imprensa
Nacional, 1891. Quanto às leis civis, deviam ser dos estados, decidira Campos Sales, dissolvendo a comissão elaboradora
do Código Civil, M. E. de Campos Porto, op. cit., p. 156.

69 Dec. 996-a, de 7 de novembro de 1890, referendado por Rui Barbosa. Retomava o fio a várias iniciativas neste
sentido, como a de Manuel Alves Branco, 1845, Ruben Rosa, As contas do Brasil. Rio: 1943, p. 33. Mas o Tribunal de
Contas não figurou no projeto de Constituição do governo provisório. Surgiu na Constituição de 1891 como “emenda
aditiva” da comissão dos 21. Foi instalado em 16 de janeiro de 93, sob a presidência do antigo Senador Manuel Francisco
Correia, sendo Ministro da Fazenda Inocêncio Serzedelo Correia, R. Rosa, ibid., pp. 105 e ss.

70 Visconde de Taunay, O encilhamento. Rio: 1893, 1ª ed.; São Paulo: 1923, 2ª ed. O vocábulo deriva das apostas de
hipódromo, que se faziam no lugar do... encilhamento dos cavalos. Era o jogo elegante e febril da moda.

71 Almirante Custódio José de Melo, O governo provisório e a Revolução de 1893. São Paulo: 1938, i, p. 31. “A
importância das primeiras entradas que faziam os possuidores de ações dessas fantásticas empresas era imediatamente
distribuída entre os incorporadores, a título de direito de incorporação, aos advogados administrativos e aos
concessionários”.

72 V. Visconde de Taunay, Império e república. São Paulo: 1933, p. 106.

73 V. Visconde de Ouro Preto, O advento da ditadura militar no Brasil. Paris: 1891, pp. 4–5.

74 Visconde de Taunay, Dom Pedro ii. São Paulo: 1933, pp. 103–4, publicação na Gazeta de Notícias, 8 de agosto de
1890. Que os republicanos faziam bem em repelir “qualquer conchavo” com “os políticos do passado regime”.

75 Parlamentarismo e presidencialismo no Brasil. Rio: 1913.

76 Carlos de Laet, O frade estrangeiro e outros escritos. Rio: 1954, p. 158 (artigo de 9 de julho de 1926).

77 V. João Dornas Filho, Silva Jardim. São Paulo: 1936, p. 163.

78 A comissão dos 5 compôs-se de Saldanha Marinho, Américo Brasiliense, Santos Werneck, Rangel Pestana e
Magalhães Castro. Os três projetos que produziu foram unificados no texto que Rui Barbosa, relator do governo, em
reuniões diárias na sua casa (entrevista ao Comércio de São Paulo, 1903, também in Revista do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro, lxxiii, p. 11) refundiu, em harmonia com os colegas, lendo depois para Deodoro o trabalho refeito.
Felisbelo Freire, História constitucional da república dos Estados Unidos do Brasil, Rio: 1904, divulga em colunas
paralelas esses projetos (negando a Rui a “autoria”). Tavares de Lira, Organização política e administrativa do Brasil, São
Paulo: 1941, pp. 140–240, estabelece o cotejo dos três documentos (comissão dos cinco, governo e Constituição de 1891).
Melhor impressão da parte que cabe a Rui nessa ilustre tarefa nos dá o volume xvii de suas Obras completas (edição da
Casa de Rui Barbosa, Rio: 1946, com prefácio em que lhe analisamos a contribuição indiscutível).

79 Palavras de Rui Barbosa: “Autor da Constituição republicana”, O habeas‑corpus. Bahia: 1892, p. 25. “Profissional
que o concebeu”, O artigo 6º da Constituição e a intervenção de 1920 na Bahia. Rio: 1920, p. 15. “Quando em 1890 [...]
organizava a Constituição atual”, Discurso do Jubileu, 1918.

80 Visconde de Taunay, artigo de 6 de outubro de 1893, O grande imperador. São Paulo: 1932, p. 80.

81 João Barbalho, Constituição Federal Brasileira: Comentários. Rio: 1924, p. 6, 2ª ed.

82 Artigo 17 do Regimento da Constituinte. Consagrava o artigo do projeto do governo provisório cristalizado no 90,
§4º da Const. de 91.

83 V. Aurelino Leal, História constitucional do Brasil. Rio: 1915, p. 223.


84 Machado de Assis, A Semana (crônica de 27 de janeiro de 1894). São Paulo: Ed. Jackson, 1938, ii, p. 301.

85 Carlos Maximiliano, Comentários à Constituição brasileira. Rio: 1929, p. 90, 3ª ed., cataloga as modificações
introduzidas no projeto. Sobre a ação castilhista, Vítor Russomano, História constitucional do Rio Grande do Sul. Pelotas:
1932, p. 215.

86 V. Verdades históricas. Niterói: 1902, p. 22 (o episcopado ao clero e aos fiéis, de janeiro de 1900).

87 A. Koulicher, in Archives de Philosophie du Droit. Paris: 1932, pp. 480–529, nº 3–4.

88 Rui Barbosa, Oswaldo Cruz. Rio: 1917, p. 5.

89 Amaro Cavalcanti, cf. Anais da Constituinte, i, p. 160: era o “texto da Constituição norte-americana completado
com algumas disposições das Constituições suíça e argentina”.

90 Rui Barbosa pediu nove vezes exoneração..., Fernando Néri, Rui Barbosa. Rio: 1932, pp. 62–3. Vice-chefe do
Estado, chegou a sua oportunidade de pedir a Deodoro que não se demitisse, em 6 de maio de 1890, Rui, Finanças e
política, p. 388.

91 Altino Arantes, Francisco Glicério (discurso, 1942, p. 10), cita um trecho de carta íntima que proclama a grande
probidade de Glicério, ferido então pelas calúnias da imprensa antagonista... Narrou-lhe um amigo de Rui que ao falecer
Glicério, em 1917, foi ele ao Senado disposto a fazer-lhe o elogio, dizendo: “Mostrarei à nação quem foi Glicério”; e aludia
à sua resistência a tudo o que parecesse menos honrado. Rui não falou, por ter Azeredo designado previamente outro
orador.

92 Neto Campelo, Barão de Lucena — Escorço biográfico. Recife: 1914, p. 105.

93 Visconde de Taunay, Império e república. São Paulo: 1933, p. 20. Um dos leaders antideodoristas era Aníbal
Falcão que (escreveu a Patrocínio), estava certo de vencer... V. Luís Aníbal Falcão, pref. à Fórmula de civilização
brasileira, de Aníbal Falcão. Rio: 1934, p. 58.

94 Campos Sales, Da propaganda à presidência. São Paulo: 1908, p. 74.

95 V. a queixa do Barão de Lucena a Cesário Alvim, Tobias Monteiro, Pesquisas e depoimentos. Rio: 1913, p. 334.
Disse Lucena que enquanto a mesa da Assembléia ia em comissão receber o vice-presidente, ficara Deodoro sozinho... É
curioso que, consultado este pelo irmão Pedro Paulino sobre o nome do candidato à vice-presidência (em 6 de fevereiro),
respondeu significativamente: “Não tenho nem devo ter candidato a coisa alguma no Congresso: eleja ele à sua livre
vontade, o presidente e o vice-presidente da república” (fac-símile publicado por Leôncio Correia, A verdade histórica
sobre o 15 de novembro. Rio: 1939).

96 Machado de Assis, A Semana, iii, pp. 42–3, crônica de 17 de novembro de 95.

97 Carta de Petrópolis, 23 de abril de 1891, Martim Francisco, “Revivendo”, in Revista do Instituto Histórico de São
Paulo. São Paulo: 1936, xxxi, pp. 409–410.

98 João Sampaio, in Prudente de Morais: O primeiro centenário. São Paulo: 1942, p. 204.

99 Anais da Assembléia Constituinte do Estado Federado da Bahia, 27 de junho de 1891. Bahia: 1895, iii, p. 107.

100 Gastão Pereira da Silva, Xavier da Silveira e a república de 89. Rio: 1941, p. 169.

101 Pontos originais da Constituição rio-grandense de 1891: artigo 9, permitia a eleição indefinida do presidente do
Estado (por três quartas partes do eleitorado); artigo 10, escolhia ele livremente o vice-presidente, seu substituto no caso
de impedimento, renúncia ou morte; ficava habilitado a recrutar para a força pública, mediante sorteio ou engajamento
(nº 10 do artigo 20); os projetos legislativos seriam submetidos ao parecer das municipalidades (artigo 32) dependendo do
presidente a sua modificação de acordo com essas emendas e observações; escapavam à atribuição da Assembléia as
medidas de natureza administrativa, que seriam de competência do Executivo; o mandato Legislativo poderia ser cassado
por maioria de eleitores..., v. Vítor Russomano, História constitucional do Rio Grande do Sul, pp. 262 e ss.; Fay de
Azevedo, Democracia e Parlamentarismo. Porto Alegre: 1934, p. 162. Em 1906, o Deputado Antenor Maciel propôs à
câmara uma indicação, que declarasse inexistente a Constituição castilhista. A comissão respectiva, pelo parecer de João
Luís Alves, achou-a concordante com a forma republicana; e arquivou a Indicação, João Luís Alves, Trabalhos
parlamentares. Rio: 1923, pp. 7–12.
102 Capistrano de Abreu, Ensaios e estudos. Rio: 1938, 3ª série, pp. 143–4, (artigo in A Notícia, de 1o de janeiro de
1900).

103 Campos Sales, op. cit., p. 85. A informação é de Quintino Bocaiúva em entrevista de 1906, colhida pelo jornalista
Raul Fernandes, cujo nome Campos Sales não cita, cf. Antônio Gontijo de Carvalho, Raul Fernandes, um servidor do
Brasil. Rio: 1956, p. 62. Leia-se também Antônio Joaquim Ribas, Perfil biográfico do Dr. Manuel Ferraz de Campos Sales.
Rio: 1896.

104 Que a intenção do Congresso era afastar Deodoro mediante o impeachment, diz Lucena em carta a Cesário
Alvim (“com o fim de denunciar o presidente”) e indicam Soriano de Sousa, Princípios gerais de direito político e
constitucional, p. 330, e Moreira da Silva, discurso de 1898 citado por João Barbalho, op. cit., p. 291.

105 Tobias Monteiro, ibid., p. 340. Para a compreensão do episódio esta missiva tem especial valor, pois em face dela
é imensa a responsabilidade de Floriano nos antecedentes do golpe de Estado. Contra a vontade de Deodoro, que
desconfiava do colega, sabendo-o do outro lado, Lucena o procurou, para pedir fosse no dia seguinte presidir o Senado (a
fim de obstar à insistência de Prudente em pôr na ordem do dia o veto ao projeto sobre crimes de responsabilidade do
presidente) e sondá-lo acerca da crise. Floriano tranqüilizou-o com a apatia (em vez de dissuadi-lo com a autoridade) e
lhe deixou a impressão de que veria de braços cruzados o desfecho da contenda, quando, em verdade, nele se apoiava a
maioria para resistir a Deodoro, e estavam nas suas mãos os fios do movimento que o derrubaria, vinte e três dias depois.
O vice-presidente não mexeu uma palha para impedir que o presidente arrebentasse com o governo, no desatino da
ilegalidade que, para ambos, tinha caráter “salvacionista”. Deodoro... salvava a autoridade, Floriano... a república.

106 V. telegramas in Custódio José de Melo, O governo provisório e a revolução, i, pp. 131–142. Lauro Sodré foi o
único a protestar, e ia ser deposto por um destacamento enviado do Rio. O contragolpe de 23 de novembro manteve-o
(entrevista do General Lauro Sodré a A noite, Rio, 1o de novembro de 1939). Ao manifesto paulista se referiu Floriano, na
sua mensagem de 18 de dezembro de 91.

107 A conspiração iniciou-se em casa do senador general José Simeão de Oliveira, por deliberação inicial de Amaro
Cavalcanti (cf. relato deste, José Augusto, Seridó, 1954, i, p. 229).

108 Euclides da Cunha, Contrastes e confrontos. Porto: 1923, p. 17, 6ª ed. — Sobre os sucessos entre o golpe de
Estado e a revolta naval, v. o diário de José Carlos de Carvalho, O livro de minha vida. Rio: 1912, pp. 100–138.

109 No manifesto que publicou no dia seguinte à deposição, explicou Castilhos que se limitara a responder a Deodoro
(que lhe comunicara o golpe de Estado de 3 de novembro) “que proveria por todos os modos à conservação da ordem
pública”. O seu telegrama foi lacônico: “Porto Alegre, 4. Ordem pública será plenamente mantida aqui. Júlio de
Castilhos”. Lucena acusou o Ministro da Guerra, General Frota, de ter auxiliado o levante, Neto Campelo, op. cit., p. 190.

110 Otelo Rosa, Júlio de Castilhos. Porto Alegre: 1928, p. 144. Pormenores do episódio, v. Gustavo Moritz,
Acontecimentos políticos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: 1939, pp. 202 e ss.

111 Pela primeira vez um movimento operário se articulava com a revolução política, pois a “greve” foi promovida
pelo deputado Tenente José Augusto Vinhais, cujo prestígio era grande entre os trabalhadores da Central, Custódio José
de Melo, op. cit., i, p. 95.

112 V. Gastão Penalva, Rajada de glórias, pp. 365 e ss. (“Saldanha Sedutor”), Rio; a projeção de sua influência, no
Breviário de educação moral, cívica, social e militar da jovem Marinha, edição do centenário do almirante, Rio: 1946;
publicação do Ministério da Marinha, Centenário do Almirante Saldanha, 1846–1946, Rio: 1947; Dídio Costa, Saldanha,
Rio: 1942; José Eduardo de Macedo Soares, O Contra‑almirante Luís Filipe Saldanha da Gama, Rio: 1906; Almirante A.
Thompson, Guerra civil do Brasil, Rio: 1934; Godofredo Tinoco, A vida amorosa do Almirante Saldanha, Campos: 1956.

113 Lembra Salvador de Mendonça, Situação internacional do Brasil, p. 112, que a retirada de Lafayette e Saldanha,
em 1889, do Rio, para participarem da Conferência Pan-Americana de Washington, foi por alguns considerada um golpe,
que facilitaria a república... Saldanha teria resistido, com a Marinha.

114 Tobias Barreto, Dias e noites, poesia de 1877. Edição do Estado de Sergipe: 1925, p. 161.

115 Tobias Monteiro, Pesquisas e depoimentos, p. 363.

116 “A fim de manter a ordem [...] restabelecer o regime verdadeiramente federativo, conspurcado pelo ato de 3 de
novembro, e consolidar a república”, moção de 23 senadores, sendo o primeiro Campos Sales, na sessão de 21 de janeiro
de 1891, em que Rui renunciou coerente com o princípio da nova lei eleitoral, que proibia aos ministros se candidatarem
aos postos de representação, uma vez que fora eleito quando membro do governo provisório, Obras completas de Rui
Barbosa. Rio: 1947, vol. xix, t. i, p. 183.

117 Quintino Bocaiúva, discurso no Senado, 1895, in Artur Vieira Peixoto, Floriano, ed. do Ministério da Educação e
Saúde. Rio: 1939, i, p. 280.

118 Euclides da Cunha, Contrastes e confrontos, p. 15.

119 Discurso de 1919, Campanha presidencial, xlvi, t. i, p. 8.

120 O governo provisório, etc., i, p. 143.

121 Rui declarou: “Procedeu, com sistema, à derribada geral dos governadores. A revolução [...] estreava dilacerando
a Constituição de alto a baixo com a espada do salvador do regime”, Campanha presidencial, xlvi, t. i, pp. 8–9.

122 Epitácio Pessoa, Obras completas. Rio: 1955, i, pp. 108–110.

123 Descreveu os acontecimentos Farias Brito, em artigo uma semana depois, cf. Jônatas Serrano, Farias Brito, o
homem e a obra. São Paulo: 1939, p. 80.

124 Júlio Belo, Memórias de um senhor de engenho. Rio: 1938, p. 107; Félix Cavalcanti, Memórias de um Cavalcanti.
São Paulo: 1940, p. 147.

125 Manuel Vitorino deixara o governo em abril de 1890, desprestigiado pelo apoio que o comandante das armas,
general Hermes, dava à oposição (v. carta a Rui comunicando a renúncia, in Ordival Cassiano Gomes, Manuel Vitorino
Pereira, p. 25). Assumiu o irmão de Deodoro, que, gravemente doente, passou o cargo, em outubro, ao Vice-governador
Virgílio Damásio; e como este fosse para a Constituinte federal, o substituiu o Dr. José Gonçalves, confirmado por eleição
da Constituinte do Estado, a 2 de julho de 91, Brás do Amaral, História da Bahia do império à república, p. 357. V.
também João Gonçalves Tourinho, História da sedição na Bahia. Bahia: 1893.

126 Brás do Amaral, Recordações históricas. Porto: 1921, p. 140.

127 Afonso Arinos, Um estadista da república. Rio: 1955, x, p. 229. Sobre as deposições, v. Custódio José de Melo,
ibid., pp. 165–6; Hélio Lobo, Um varão da república — Fernando Lobo. São Paulo: 1937, pp. 92–120.

128 Enéas Marques, Generoso Marques, pp. 29–41; Romário Martins, História do Paraná, pp. 499–500.

129 Generoso Ponce Filho, op. cit., pp. 88–126.

130 O Brasil, Rio: 12 de dezembro de 1891. Nas coleções deste jornal, a notícia da reunião monárquica de 10. Leia-se,
Biblioteca do Jornal do Brasil, Dom Pedro ii. Rio: 1892 (coleção de artigos).

131 Rui saíra-se com a palavra no telegrama a Latino Coelho, de 18 de dezembro da 89, quando atacava as
recriminações de Ouro Preto. V. deste o Advento da ditadura militar no Brasil. Paris: 1890, pp. 4–5. Laet dela se ufanou
no editorial de O Brasil, de 10 de dezembro de 91. “Fora o sebastianismo”, bradou o Diário de Notícias, de 18 do mesmo
mês... O Visconde de Taunay, em artigo de 6 de julho de 91, sob este título, defendeu-o, O Grande Imperador, São Paulo:
1932, p. 53.

132 Sobre a Laje e o Alferes Florimundo, v. a deliciosa crônica de Martim Francisco, “Ele falou”, in Revivendo,
Revista do Instituto Histórico de São Paulo, xxxi, p. 345.

133 Silvino comandou na revolta da esquadra (1893) a canhoneira Guanabara, e, preso no Recife em janeiro de 1894,
foi ali fuzilado por ordem do comandante do distrito, e expressa recomendação de Floriano.

134 Rui Barbosa, Correspondência. São Paulo: 1932, pp. 46–53. No Inventário da Legalidade”, Jornal do Brasil, 17 de
julho de 1893, voltou Rui a opinar, porém acremente: o Congresso presenteara o vice-presidente com os 3 anos e 3 meses
da sucessão de Deodoro, Comentários à Constituição Federal Brasileira, coligidos por Homero Pires, São Paulo: 1933, iii,
p. 149. V. também discurso de 1919, Campanha presidencial. Rio: 1956, ii, p. 145. A tese florianista está in Campos Sales,
Discursos. Rio: 1902, i, p. 151.

135 Carta de Ferreira Viana Filho a Antônio José de Melo in Custódio, op. cit., i, p. 245.

136 A comissão que legitimou no Congresso o mandato de Floriano, insistiu na denúncia do equívoco: “O emprego
da conjuntiva ou em vez da copulativa e foi sem dúvida um erro de impressão, facílimo de escapar aos mais escrupulosos
revisores” (Parecer nº 15 — 1892). Não foi erro (opinamos) porém inadvertência. Em verdade, o grande argumento
florianista seria o do artigo 41, §1º, que dá ao vice-presidente a sucessão em caso de falta do presidente, esclarecendo:
“Eleito simultaneamente com ele”, declarando o artigo 43, §4, que “o primeiro período presidencial terminará a 15 de
novembro de 1894”. Se o pensamento foi que um e outro assumissem na mesma ocasião as funções “simultaneamente”,
que a sucessão estivesse desta forma regulada (caso de falta), que “o primeiro período” acabasse em determinado dia, a
fortiori não especulava a Constituinte com a eleição de presidente enquanto pudesse suceder-lhe o companheiro de
investidura. Na hipótese contrária seria inevitável o desequilíbrio: continuaria vice-presidente Floriano com outro
presidente eleito em vez de Deodoro; o período deste seria de quatro anos, e o dele terminaria improrrogavelmente em
1894; e jamais se verificaria a simultaneidade de eleições de presidente e vice-presidente, conforme o §1º do artigo 41 da
Constituição! Em síntese: o problema jurídico não oferecia maior complexidade se não o envenenasse a paixão política,
que arvorou em símbolo a “usurpação”, tachando de ilegal o governo que não extremou o seu escrúpulo a ponto de
convocar imediatamente novas eleições.

137 Custódio José de Melo, op. cit., i, p. 263.

138 Max Fleiuss, História administrativa do Brasil. São Paulo, p. 484. “Uma combinação policial arranjou nesta
cidade a farsa de uma sedição”, diria Rui em 1897; a propósito do 10 de abril, Obras, xxiv, t. i, p. 191. Capistrano de
Abreu: “A semibernarda de 10 de abril de 92 que coube toda num bonde, mas serviu para inaugurar a era do estado de
sítio”, Ensaios e estudos, 3ª série, p. 145.

139 O decreto do desterro para o Amazonas (São Joaquim, Cucuí, Tabatinga) atingiu os marechais José Clarindo e
Almeida Barreto, o Coronel Jaques Ourique, Tenentes-Coronéis Taumaturgo, Antônio Adolfo da Fontoura Mena
Barreto, Capitão-tenente José Gonçalves Leite, Capitão Gentil Elói de Figueiredo, José Joaquim Seabra, José do
Patrocínio, Plácido de Abreu, Manuel Lavrador, Artur Fernandes Campos da Paz, Conde de Leopoldina, Antônio
Joaquim Bandeira Júnior, José Elísio dos Reis, José Joaquim Ferreira Júnior, Barão de Moniz de Aragão, Inácio Alves
Correia Carneiro, Almirante Wandenkolk, Alferes Alfredo Martins Pereira, Capitão Felisberto Piá de Andrade, José
Carlos de Carvalho, Coronel Antônio Carlos da Silva Piragibe, Pardal Mallet, Alferes Carlos Jansen Júnior, Sabino Inácio
Nogueira da Gama. Outros seriam presos nas fortalezas de Laje, Villegaignon, Santa Cruz. Os lentes demitidos foram J. J.
Seabra, do Recife, e Campos da Paz, substituto da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. V. documentação in Sílvio
Peixoto, Floriano — Memórias e documentos. Rio: 1939, iv, pp. 128 e ss.

140 Rui lembrou a “maior gravidade cívica, a de mais vasto alcance moral que jamais pendeu da justiça brasileira”,
Habeas‑corpus, Bahia: 1892, p. 3. O pedido, de 18 de abril, foi denegado, a 27, contra o voto do Ministro Pisa e Almeida
(Acórdão nº 306). Esta jurisprudência inconstitucional foi revogada pelo Supremo quando, em 16 de abril de 1898,
libertou por habeas‑corpus os parlamentares presos pelo governo de Prudente de Morais, Felisbelo Freire, A Constituição
da república interpretada pelo Supremo Tribunal, Rio: 1913, p. 225. — A novidade da doutrina fez que Rui desse edição
inglesa do memorial, Martial laws: Its Constitution, limits and effects, Rio: 1892; e escrevesse os artigos, ora enfeixados
em volume, Obras, Rio: 1956, vol. xix, t. iii, que lhe constituíram a doutrina, v. g., discursos de 1902, Obras, 1957, xxix, t.
v, pp. 31 e ss.

141 Leôncio Correia, A verdade sobre o 15 de novembro, conf. de A. Tavares de Lira, Rio: 1939, p. 306. Eclipsou-se
momentaneamente a fama do Fundador, em benefício de Benjamin e Floriano. Ambos tiveram monumento antes dele. O
de Deodoro, na Praça Paris, foi inaugurado a 15 de novembro de 1937.

142 O Congresso de Bagé conviera, em 31 de março de 1892, que preliminarmente devia ser substituída a
Constituição do Estado, “comtista”, por outra, calcada nos princípios do governo parlamentar.

143 V. telegrama de Floriano a Castilhos, Custódio, op. cit., i, p. 355. “Este governo não pode prestar seu apoio moral
senão ao Partido Republicano”.

144 Ciro Silva, Pinheiro Machado. Rio: 1952, p. 78.

145 Tiveram o apelido de maragatos (e os republicanos, de pica-paus). Pica-paus, porque, com as divisas brancas,
lembravam o pássaro deste nome, Manoelito de Ornellas, “A gênese do gaúcho brasileiro”, Os cadernos de cultura, Rio:
1957, p. 8. E maragatos, de uma colônia leonesa (San José), pois o nome é daquela origem, como aliás notara Romaguera
Corrêa, Vocabulário Sul‑Rio‑Grandense, Porto Alegre: 1897, p. 123. Explica Manoelito de Ornellas (monografia citada)
que seriam de San José, no Uruguai, muitos voluntários de Gumercindo, ou os lembrava o costume de escrever nas fitas
encarnadas dísticos patéticos, como “Viva a liberdade”... Daí o pejorativo maragato, aceito com arrogância pelos
revolucionários. — Sobre o Congresso de Bagé, v. Eurico J. Salis, História de Bagé. Porto Alegre: 1955, p. 238.
146 Foi a força de Joca Tavares que deu o entrevero final na Guerra do Paraguai, sendo dele o depoimento sobre a
ação do seu cabo de cavalaria, José Francisco de Lacerda, em Aquidabanigui, como ficou dito.

147 V. documentos in Custódio, op. cit., i, capítulos 3 e 4. Restaurado o castilhismo, Floriano assegurou-lhe “prestígio
e apoio de que posso dispor” (telegrama ao comandante do distrito militar). O Marechal Falcão da Frota empunhou uma
carabina ao lado dos castilhistas, para depor o “governicho”, Laurênio Lago, Marechal Júlio Anacleto Falcão da Frota, Rio:
1936, p. 11.

148 José Júlio Silveira Martins, Silveira Martins. Rio: 1929, p. 378.

149 “Cristão-novo, republicano mal convertido”, Rui, 1892, in Obras, xix, t. iii, p. 264, Rio: 1956.

150 “Chefe da democracia rio-grandense”, como Quintino Bocaiúva lhe chamara em 1878, Gaspar fora adversário
dos movimentos armados, como a Pelotas respondera em 1886: “Subirmos apoiados nas baionetas do exército? Nunca!”.
Não cedia quanto ao parlamentarismo, v. José Mariano Porto, Apontamentos biográficos de Gaspar da Silveira Martins.
Rio: 1891. Definiu-se em carta escrita à esposa, de Buenos Aires, que lhe resume o credo: “A forma parlamentar,
monárquica ou republicana, me garante a liberdade, contento-me com qualquer delas”, J. J. Silveira Martins, op. cit., p.
380. Mas a revolução não era restauradora, Epaminondas Vilalba, A Revolução Federalista no Rio Grande do Sul, Rio:
1897, p. 12. Neste livro os seus principais documentos.

151 Rui diferia de Gaspar no culto à Constituição de 91, obra sua: enquanto aquele sobrepunha o parlamentarismo à
república, queria este a república realizada. “Quem arruína a Constituição, alui a república”, artigo do Jornal do Brasil, de
30 de julho de 93, Obras completas, Rio: 1949, vol. xx, t. iv, p. 11. Negou nas Cartas de Inglaterra a “superstição
republicana”, que sentira (p. 301 das Obras completas, Rio: 1946, vol. xxiii, t. i). Estava com Benjamin Constant, o francês,
para quem o essencial é menos a forma do governo de que os seus limites, Mélanges de Littérature et de Politique,
prefácio, interpretação de C. Bouglé, e cit. A. E. Sampay, La Crisis del Estado de Derecho liberal‑burgués, Buenos Aires:
1942, p. 180.

152 Obras completas, de Rui Barbosa. Rio: 1949, vol. xx, t. ii, p. 321.

153 V. sobre a volta de Seabra à tribuna, a carta de Alcindo Guanabara a Aníbal Falcão, 21 de setembro de 92, in Luís
Aníbal Falcão, prefácio à Fórmula da civilização brasileira, pp. 62–4: “A decepção não podia ser maior”.

154 Rui Barbosa, Correspondência, coligida por Homero Pires. São Paulo: 1932, p. 57. De Rui, no artigo com que
abriu, pelo Jornal do Brasil, o combate ao florianismo: “Temos o império, mutato nomine, com quase todos os seus
defeitos e sem a sua unidade”. No artigo de 5 de julho de 93 comparava: “Não se confunda, entretanto, por esse lado,
Itamaraty com São Cristóvão. Nos usos imperiais não se tratavam os servidores da Coroa com a sobranceria majestática
usada hoje”, Obras completas. Rio: 1949, xx, t. iii, p. 100. O seu repúdio à idolatria das formas de governo continua na
conferência da Bahia, 24 de maio de 1897, Obras, xxiv, t. i, p. 57. Na Imprensa, 5 de outubro de 98: “Não é menos
inviolável, menos republicano o direito de ser monarquista na república”, Obras, xxv, t. i, 16. Na citada carta ao Jornal do
Comércio, 6 de março de 93, desafiara: “Pois bem: no dia em que, sob pressão dos mandões da multidão, se abrisse um
arrolamento para classificar os brasileiros em monarquistas e republicanos, eu acharia pouco para mim a designação de
monarquista”.

155 Publicado em 4 de dezembro de 1893 em São Paulo, o livro foi apreendido pela polícia. Do 1º milheiro só
circularam 80 exemplares, escreveu o autor, em volume hoje na coleção de Adir Guimarães, Rio. Saiu nova edição em
1895, em que Prado noticia a violência. Advogando a civilização liberal (doutrina de seu artigo, “Destinos políticos do
Brasil”, in Revista de Portugal. Porto: 1889, i, p. 470), estendeu-se em documentar as posições norte-americanas opostas à
América Latina (por isto Carlos Pereyra o traduziu), considera contrária à nossa índole a imitação dos Estados Unidos,
Paris: 1895, p. 225, de que “ilusoriamente” se queixava. Das atividades conspiratórias de Prado (atribuindo-lhe os
fornecimentos de armas feitos da Inglaterra aos insurgentes do Rio Grande, no que aliás acreditava) fala Eça de Queirós,
carta a Oliveira Martins, 17 de abril de 1893, Correspondência, Porto: 1928, p. 237. Mas grande fornecedor de armas aos
revoltosos foi o Conde de Leopoldina. — Anedota que equivale a uma denúncia, foi em 8 de setembro de 1892, a blague
de Medeiros e Albuquerque, publicando toda a primeira página de seu jornal O Fígaro com a notícia de... “A restauração
da monarquia”, lastreada de fantasiosos decretos e invenções quejandas. Sacudia o burguês... Edição fac-similar in Dom
Casmurro, Rio: 14 de junho de 1941.

156 Tratamos em separado (cap. 19) da Questão das missões, para dar coerência à ação, que se não interrompeu com
a mudança de presidentes e ministros, da diplomacia, servida no Rio de Janeiro pelo hábil secretário-geral do ministério,
Visconde de Cabo Frio, e, junto aos árbitros, pelo Barão do Rio Branco, responsável pelo êxito daquelas soluções.

157 Depoimento que ouvimos ao General João Nepomuceno da Costa, 2º tenente e deputado estadual que comandou
a defesa do palácio do governo em 31 de julho. Informa que a guarnição federal, comandada pelo Coronel Serra Martins,
se achava predisposta a intervir contra Machado (o que se opõe à tese de sua neutralidade, cf. Bormann, Dias fratricidas, i,
p. 120). Dado o sangrento encontro de 31, Machado mandou entregar as chaves do palácio a S. Martins e Hercílio Luz
ocupou o governo.

158 Contesta Tavares de Lira o que disse Dunshee de Abranches, quanto à saída de Rodrigues Alves por oposição à
inteligência dada ao artigo constitucional a respeito do período de governo de Floriano, Centenário do Conselheiro
Rodrigues Alves. São Paulo: 1951, i, p. 138; mas Cardoso de Melo Neto, op. cit., ii, p. 54, confirma esta versão. Em verdade
o problema já fora decidido: Rodrigues Alves manifestara opinião favorável à nova eleição, e deixou a pasta em 30 de
abril. A saída de Custódio é narrada por Serzedelo Corrêa (também demitido do ministério), Páginas do passado. Rio:
1959, p. 33, 2ª ed.

159 Discurso de Epitácio, in Laurita Raja Garaglia, Epitácio Pessoa. Rio: 1951, i, pp. 102 e ss. Na Campanha
presidencial, de 1919, referiu-se Rui ao discurso de 23 de maio de 1893, em que Epitácio sustentara que “o Rio Grande do
Sul não tem Constituição”, Obras completas de Rui Barbosa, 1956, xlvi, t. i, p. 85. Telegrama do general João Teles, in
Eurico J. Salis, História de Bagé, p. 247. O General João B. Teles foi, em outubro de 93, substituído pelo Marechal Isidoro
Fernandes de Oliveira, aprisionado pelos federalistas no combate do Rio Negro, como se dirá.

160 Pedro Carvalho, Campanha do Coronel Santos Filho. Porto Alegre: 1897, p. 59.

161 Ciro Silva, Pinheiro Machado, p. 84.

162 V. ordens do dia in Albino José Ferreira Coutinho, Marcha da Divisão do Norte. Porto Alegre: 1896, pp. 33 e ss.
Em 13 de maio os chefes revolucionários reuniram-se perto da linha limítrofe, e o Coronel Salgado propôs suspender a
luta. A idéia foi refutada pelo Dr. Epaminondas Arruda, pelo Coronel Estácio Azambuja, por Gumercindo: decidiu-se
prosseguir, Artur Ferreira, Cronologia da Revolução Federalista, manuscrito comunicado por Dante de Laytano.

163 “Em nossa opinião o resultado ficou indeciso”, Marechal Setembrino de Carvalho, Memórias. Rio: 1950, p. 55.
Descrição da batalha in José Lavrador, Heróis de noventa e três. Rio: 1933, pp. 65 e ss.

164 Euclides da Cunha, Contrastes e confrontos, pp. 6–7, interpretando, a propósito de Aparício Saraiva, o problema
do caudilhismo.

165 Leia-se Manuel Fonseca, Gumersindo Saravia. Montevidéu: 1957, p. 31.

166 Castilhos Goycochêa, Gumercindo Saraiva na Guerra dos Maragatos. Rio: 1943. Nasceu em 13 de janeiro de 1852,
na paróquia do Arroio Grande, ibid., pp. 85–6. Só falava espanhol. Em 1883 declarou-se oriental, Manuel Fonseca, op.
cit., p. 110.

167 Carta manuscrita do conselheiro Diana ao Tenente-coronel Augusto Álvaro de Carvalho, 4 de agosto de 89,
comunicada por Olinto Sanmartin.

168 Os federais usavam divisas vermelhas, mas os Saraivas, blancos no Uruguai, odiavam o partido colorado e as
usavam brancas, eles e os seus homens, Nepomuceno Saravia Garcia, Memórias de Aparicio Saravia, p. 29. Explica este
autor que a combinação entre os irmãos, Gumercindo e Saraiva, consistia em auxiliarem, no Brasil, a vitória dos
gasparistas, e em seguida, com o peso desse triunfo, derrubarem no Uruguai o governo colorado, que datava de 1865
(com Venâncio Flores e a intervenção de Tamandaré).

169 V. Arturo Gimenez Pastor, La Revolución de 1897. Montevidéu: 1897, p. 60; sobretudo Memórias de Aparicio
Saravia, por seu filho Nepomuceno Saravia Garcia, Montevidéu: 1956, pp. 19 e ss., com documentação do arquivo secreto
do “general”; Luis R. Ponce de León, Aparicio Saravia, Héroe de la libertad electoral. Montevidéu: 1956; Eduardo
Thomas, Compendio de historia nacional. Montevidéu: 1955, p. 412.

170 Murilo Ribeiro Lopes, Rui Barbosa e a Marinha. Rio: 1953, p. 19.

171 V. carta do almirante a Laurentino Lopes Filho, no pontal da Barra e bordo do Júpiter, 12 de julho de 1893, cf.
Murilo Ribeiro Lopes, ibid., p. 26.

172 Custódio, ibid., ii, p. 265.

173 Custódio, ibid., ii, p. 312. Diz um autor, José Lavrador, Heróis de noventa e três, Rio: 1938, p. 85, que o
movimento devia estourar a 7 de setembro, durante a parada, com a prisão do Marechal Floriano. Assumiria o vice-
presidente do Senado, Prudente de Morais; talvez fosse eleito presidente o senador Rui Barbosa. Custódio, op. cit., ii, p.
299, diz que nem o vice-presidente do Senado nem o presidente da câmara seriam chamados, sim o do Supremo Tribunal
Federal; quanto à candidatura de Rui, achava-a inconveniente. É claro que, vitoriosa a revolta, a presidência (não diz, mas
é óbvio) caberia ao seu chefe, o próprio Custódio. — Rui, na carta que em Buenos Aires mandou a La Nación, afirmava
que o voto de Floriano lhe traduzia a vontade de prolongar o governo além do quatriênio.

174 Subsídios para a história marítima do Brasil. Rio: 1942, iv, p. 509.

175 V. Coelho Neto, Fogo‑fátuo. Porto: 1929, p. 357.

176 V. o artigo de Rui, Jornal do Brasil, 24 de maio de 1893, em que define “Jacobinos e republicanos”, Obras
completas, Rio: 1949, xx, t. ii, p. 27.

177 V. Ernesto Sena, Notas de um repórter. Rio: 1895, pp. 206–10.

178 Cartas de Inglaterra, “As minhas conversões”, resposta a Afonso Celso, op. cit. e p. cit.; e discurso na Bahia, 1897.

179 Carta de Boulogne-sur-Mer, 4 de dezembro de 1892, arq. de J. Alfredo, inédita até a publicarmos em A Princesa
Isabel, São Paulo: 1941, p. 297.

180 O comandante Augusto de Castilho revelou que, em conversa com Saldanha, na Ilha das Cobras, a 10 de outubro,
este lhe confiou que na hipótese de ser forçado a entrar na revolta, “arvoraria a bandeira monárquica, com a qual
certamente bandeariam o próprio Custódio de Melo, os revoltosos do Rio Grande do Sul e a grande maioria da população
da cidade e do país do Sul ao Norte”, trecho da defesa de Castilho citado por Capistrano de Abreu, em Gazeta de Notícias,
21 de fevereiro de 1895, Ensaios e estudos, 3ª série, p. 211. É todavia temerário chamar de “monarquista” a Revolta da
Armada, de 1893, com o adminículo (Samuel Flagg Nemis, A Diplomatic History of the United States. Nova York: 1955,
p. 755) da simpatia do Kaiser, dada a hipótese de pretender a Coroa o Príncipe Dom Augusto, filho do Duque de Saxe...
Tal solução “germânica” (Harold E. Davis, The Americas in History. Nova York: 1953, p. 648) era estranha aos planos dos
revolucionários, de que a consulta à nação era a preliminar... saldanhista. Quanto ao grupo “restaurador”, acatava as
instruções da Princesa Isabel, como revela a correspondência de João Alfredo.

181 Grato ao grande funcionário, Floriano recompensou-o com honras de general-de-brigada, Oliveira Lima,
Memórias. Rio: 1937, p. 131.

182 Joaquim Nabuco, A intervenção estrangeira durante a revolta de 1893. São Paulo: 1939, p. 19, 2ª ed.

183 Nabuco, op. cit., p. 22. Sobre a iniciativa do governo de Floriano, ibid., p. 14. “Sumia-se a vitória em lúgubre
derrota”, João Pandiá Calógeras, Formação histórica do Brasil, Rio: 1930, p. 428. Por este tempo chegou às mãos de
Custódio, mandado de terra, grosso livro de direito internacional com a nota de que nele acharia o que ler, a propósito do
seu empenho de ser considerado beligerante pelas nações estrangeiras. Desconfiou-se; foi revistado cautelosamente; e
descobriu-se uma máquina infernal, oculta no bojo do livro, para isto esvaziado... Viu-a Gago Coutinho indo a bordo do
Aquidabã, como emissário do comandante Castilho (e isto nos contou, em conversa, a 25 de maio de 1953). O fato é
referido em Portugal e Brasil: Conflito diplomático, Lisboa: 1894, i, p. 170. — Custódio, respondendo em 2 de outubro ao
ultimatum dos comandantes, condicionou-o à atitude análoga do governo, que devia retirar os canhões assestados, nos
morros. Habilmente, Floriano (que perdia menos do que os rebeldes) se submeteu à exigência.

184 Sérgio Corrêa da Costa, A diplomacia do Marechal, pp. 196–7. Sobre os barcos comprados por intermédio de
Salvador de Mendonça, há curiosa carta de Nova York, 29 de novembro, in Murilo Ribeiro Lopes, op. cit., p. 121. A
respeito da ação ágil do ministro, Oliveira Lima, Memórias. Rio: 1937, pp. 145–6. Um dos navios comprados nos Estados
Unidos foi o Destroyer — que veio sob o comando do famoso navegador Slocum, veterano das aventuras marítimas em
águas brasileiras, e cuja missão, de 1893, descreveu num interessante e amargo fascículo, Voyage of the Destroyer (V. The
Voyages of Joshua Slocum, editado por Walter Magnes Teller. Nova Brunswick: 1958, pp. 172–195).

185 Manuscritos in National Archives, Washington.

186 Manuscrito in National Archives, Washington. Rui Barbosa em carta a Custódio, de Buenos Aires, 5 de
novembro de 93, dizia ter aceito corresponder-se com o New York Herald, para “rebater os boatos e tramas” de Salvador
de Mendonça, “caracterizando como monárquico e restaurador o movimento”, Correspondência, coligida por Homero
Pires, São Paulo: 1933, p. 75. V. de Salvador, A situação internacional do Brasil; e documentos coligidos por Aluísio
Napoleão, Rio Branco e as relações entre o Brasil e os Estados Unidos. Rio: 1947.

187 Essa neutralização do Rio, imposta a Custódio por força da diplomacia britânica em união com os Estados
Unidos, se de um lado obstou ao bombardeio, do outro não impediu ao governo a construção de apressadas obras e
artilhamento de praias e morros, servindo de cortina aos seus aprestos. A ação do Almirante Benham foi decisiva,
Nabuco, op. cit., p. 110; Sérgio Corrêa da Costa, ibid., p. 73. Quanto aos ingleses, em verdade os Rothschild, por
intermédio de amigos norte-americanos, chegaram a insinuar ao State Department que convinha deixar restaurar a
monarquia, pois os negócios muito sofriam com as desordens reinantes..., Sérgio Corrêa da Costa, ibid., p. 196. O
ministro da França em Lisboa tivera a iniciativa de pedir a ação coletiva da esquadra para que os navios mercantes não
fossem inspecionados pelos rebeldes, Portugal: Conflito diplomático, i, p. 93, o que os norte-americanos conseguiram
com a ameaça da força.

188 Iniciou-se por equívoco o duelo de artilharia, porque explodiu em Santa Cruz uma barrica de pólvora, o que a
esquadra tomou como começo de fogo, Hastínfilo de Moura, Da Primeira à Segunda República. Rio: 1936, p. 62.

189 A Semana. São Paulo: 1938, i, p. 427. V. a meditação de Ferreira de Araújo, crônica de 22 de outubro de 1893,
nesta coletânea de artigos da Gazeta de Notícias. Descreve o primeiro bombardeio Virgílio Várzea, in Kosmos, Rio: julho
de 1906, nº 7. A visão geral dos sucessos, in Sir William Laird Clowes, Four modem naval campaigns (cap. 4, The
Attempted Revolution in Brazil, Londres: 1902, a quem seguidamente nos reportaremos); Giorgio Molli, La Marina
Antica e Moderna. Gênova: 1906. Graças ao autor de The History of the Royal Navy a revolução brasileira passou aos
cursos de história geral da Marinha. A ele e a outro oficial britânico que a narrou dia a dia, Reginald Rundell Neeld, Diary
of the Revolution at Rio de Janeiro, Brasil..., Portsmouth: 1895.

190 A. C. de Sousa e Silva, O Almirante Saldanha, comandante‑em‑ ‑chefe da Revolta da Armada. Rio: 1940, p. 10.
“Posição inaudita de neutralidade”, disse Rui, em 1895, Obras completas. Rio: 1952, xxii, t. i, p. 239. V. ainda Felisbelo
Freire, História da revolta de 6 de setembro de 1893. Rio: 1896, 2 vols.; Artur Thompson, Guerra Civil do Brasil de 1893–
95. Rio: 1934; Frederico Vilar, As revoluções que eu vi. Rio: 1951, p. 61; Ministério da Marinha, Centenário do Almirante
Saldanha. Rio: 1947.

191 Luís Viana Filho, A vida de Joaquim Nabuco. São Paulo: 1932, p. 201.

192 Sobre as vicissitudes da imprensa antigovernista ou independente, v. Max Fleiuss, A Semana. Rio: 1915, p. 55. Rui
lembraria: “À imprensa não fora permitido murmurar”..., discurso de 1897, Obras completas, xxiv, t. i, p. 26.

193 Joaquim Nabuco, A intervenção estrangeira, p. 27.

194 General José Cândido da Silva Murici, A Revolução de 93, Memórias. Rio: 1946, p. 22. V. correspondência in
Floriano, Memórias e depoimentos. Rio: 1941, vol. vi. Curioso é que (como nos disse o General João Nepomuceno da
Costa, um dos que falaram a Lorena em nome da cidade), ao República também faltavam elementos para uma ação
demorada. Lorena foi franco: ou lhe entregavam no dia seguinte a cidade ou continuaria para Montevidéu, pois não tinha
carvão nem gente de desembarque...

195 J. J. Silveira Martins, op. cit., p. 382, entrevista ao Jornal do Comércio, 1896.

196 Silva Murici, Memórias, pp. 123–4.

197 Carta de Lorena a Custódio, 26 de novembro de 93, in Murici, op. cit., p. 125. Retirou-se Aníbal Cardoso do
governo provisório com altiva carta a Lorena, em 25 de novembro.

198 Eurico J. Salis, História de Bagé, p. 293. Aí a documentação essencial a esse capítulo decisivo da história da
revolução rio-grandense.

199 Carta in Murilo Ribeiro Lopes, Rui Barbosa e a Marinha, p. 125.

200 V. Alm. Álvaro de Vasconcelos, in Revista do Instituto Histórico Brasileiro. Rio: 1951, vol. 204, p. 245.
Igualmente notável fora a saída do República, e em seguida do Palas e do Marcílio Dias (Comandantes Lorena, Pio
Torelly — cujo barco naufragou em Itajaí, a 23 de outubro de 93, incorporando-se Torelly na coluna que atacou o Paraná
— e Francisco de Matos). — Leia-se Hastínfilo de Moura, Da Primeira à Segunda República, p. 71.

201 V. Dantas Barreto, Impressões militares. Rio: 1910, p. 72.

202 A. J. Ferreira Coutinho, op. cit., p. 93 (ordem do dia do General Lima, narrando os êxitos da perseguição até
dezembro de 93). A coluna entrara em Itajaí a 11 de dezembro, quando os federalistas abandonaram, por mar, este porto.

203 O cerco e a capitulação de Tijucas estão descritos nas Memórias, do General Murici, pp. 178 e ss. Comandava a
praça o Coronel Adriano Pimentel, que sucedera a Ismael do Lago, por ser mais antigo. O que sobrou na Lapa faltou ali: a
decisão de resistir. V. Tomás Garcez Paranhos Montenegro, Discursos proferidos na Câmara dos Deputados na sessão de
1894. Bahia: 1894, p. 46. O Coronel Adriano foi indultado por decreto de 14 de novembro de 94.

204 V. Romário Martins, História do Paraná. Curitiba: 1937, p. 345.

205 Leia-se, em defesa do general, Coronel Cordolino de Azevedo, O Marechal Pego Júnior e a invasão do Paraná.
Rio: 1944, p. 40. Regressando ao Rio em fevereiro, o general foi preso em março, submetido a Conselho de Guerra,
condenado à morte e afinal absolvido pelo Supremo Tribunal Militar, que o considerou isento de culpa.

206 Dantas Barreto, Impressões militares, p. 159 (narrando as vicissitudes da retirada).

207 V. a bibliografia do episódio in Rubens Mário Jobim, Vento Leste nos Campos‑Gerais. Rio: 1953; principalmente
David Carneiro, O Paraná e a Revolução Federalista. São Paulo: 1944; do mesmo autor, O cerco da Lapa e seus heróis.
Rio: 1934; J. B. Magalhães, A consolidação da república. Rio: 1947, Biblioteca do exército; Pedro Calmon, Gomes
Carneiro, o general da república. Rio: 1933; Rubens Mário Jobim, livro citado, e Anais do i Congresso de História da
Revolução de 1894; Romário Martins, História do Paraná, pp. 351 e ss.; Floriano Peixoto, Memórias e depoimentos. Rio:
1941, vol. vi (relatório de Joaquim Lacerda e Líbero Guimarães).

208 Sérgio Correia da Costa, A diplomacia do Marechal, p. 72.

209 William Laird Clowes, Four Modern Naval Campaigns, p. 217 (descrevendo as unidades da frota legal e o seu
armamento).

210 V. a descrição do combate in Sousa e Silva, O Almirante Saldanha, pp. 244–276.

211 Sousa e Silva, op. cit., p. 275.

212 Com mais 500 homens Saldanha teria tomado Niterói, Dunshee de Abranches, ibid., ii, pp. 49–51. Sobre o seu
verdadeiro plano, de vencer a luta com o desembarque dos federalistas no Rio de Janeiro, em vez da sua marcha absurda
através do Paraná e de São Paulo, v. a sua comunicação com Gaspar Martins, Dídio Costa, Saldanha. Rio: 1914, p. 314.

213 V. Subsídios para a história marítima do Brasil, iv, p. 511. Jerônimo Gonçalves, chamado a 21 de setembro para
chefiar as forças navais contra a revolta, foi infeliz, a 25, na tentativa de fazer o Forte de Villegaignon definir-se pela
legalidade, ocasião em que os marinheiros quase o mataram. Seguiu ele para Montevidéu com alguns oficiais a bordo do
vapor inglês Thames, para ali tomar conta do cruzador Tiradentes (21 de outubro de 93). Foi decisiva a ação do ministro
do Brasil no Uruguai, Vitorino Monteiro, para impedir a adesão do Tiradentes, quando ali chegou o República, a 22 de
outubro. No mesmo dia abandonou o navio rebelde as águas uruguaias.

214 Carta de Saldanha a Silveira Martins, de bordo da Mindelo, 14 de abril de 1894, Dunshee de Abranches, A
Revolta da Esquadra e a Revolução Rio‑Grandense. Rio: 1914, i, p. 50.

215 Vicente Ferrer, A execução de Silvino de Macedo. Pernambuco: 1906, p. 19, 2ª ed. Documento publicado por
Mário Melo, Dentro da história. Rio: 1931, p. 93. O fuzilamento foi a 14 de janeiro de 1894. Na revolta de marinheiros de
1910 ainda se recordava a sorte de Silvino. O telegrama de Floriano é o único conhecido, em que autoriza claramente a
execução. Atribui-se à sua cólera, por ter sido Silvino agraciado com a condição de não voltar a sublevar-se.

216 Félix Cavalcanti de A. Melo, Memórias de um Cavalcanti. São Paulo: 1940, p. 156.

217 V. explicação de Alexandrino a Dunshee de Abranches, op. cit., i, nota f. Ao pedir asilo nas corvetas, Saldanha
disse que Custódio o abandonara, Castilho, Conflito diplomático, i, p. 260.

218 Subsídios para a história da Marinha (biografia de Jerônimo Gonçalves), iv, p. 539.

219 A esquadra (“de papelão”, ironizavam os rebeldes) chegou à altura da Praia Vermelha, na barra do Rio de Janeiro,
a 10 de março. Era realmente ineficiente e podia ser destruída pelos navios de Custódio, se outra fosse a sua estratégia. A
pequena armada do Almirante Gonçalves desempenhou o papel moral de testemunhar a divisão que se dera na Marinha,
e, com o afastamento dos navios poderosos (o Aquidabã e o República), selou a sorte da revolta, cortando-lhe a fuga para
o oceano. Gonçalves fizera o seu projeto de ataque, constante da combinação de fogo entre as torpedeiras e as fortalezas.
A rendição poupou este episódio catastrófico.

220 Castilho não ofereceu o asilo, nem poderia fazê-lo, atentas as precárias instalações de bordo. Isto mesmo, em
conversa com o autor, afirmou o Almirante Gago Coutinho (26 de maio de 1953), então tenente, e secretário de Castilho,
que, embora baixado ao hospital, se informou perfeitamente dos acontecimentos finais da revolta. Saldanha declarou
(continua Gago Coutinho) preferir os navios menores, não querendo confiar nas belonaves das outras potências ali
presentes. Castilho positivou que concedera asilo a cerca de 70 pessoas, conforme o apelo de Saldanha. Os demais
entraram de imprevisto.

221 João Franco, Cartas del‑Rei Dom Carlos i. Lisboa: 1924, p. 41. Sobre o rompimento, v. Sérgio Corrêa da Costa, A
diplomacia do Marechal, pp. 101 e ss. Floriano ainda pensou em mandar aprisionar as duas corvetas..., ibid., p. 104.
Todos os pormenores se contêm no arrazoado de Castilho, Portugal e Brasil, Conflito diplomático, O processo no
Conselho de Guerra da Marinha do Capitão‑de‑fragata Augusto de Castilho. Lisboa: 1894, 3 vols. Também Sousa Costa,
Grandes dramas judiciários. Porto: 1944. As relações diplomáticas com Portugal foram reatadas a 16 de março de 1895,
por mediação inglesa, sendo nomeados ministros em Lisboa e no Rio de Janeiro Assis Brasil e o Conde de Paço d’Arcos,
A. G. de Araújo Jorge, Ensaios de história diplomática. Rio: 1912, p. 101. Consolidou-as Tomás Ribeiro, em feliz missão
no Rio de Janeiro, poeta que todos admiravam, como recorda Rodrigo Otávio, nas suas Memórias.

222 William Laird Clowes, op. cit., p. 235 (mostrando a importância do fato para a futura guerra marítima). J. A.
Santos Porto, O combate naval de 16 de abril: Reflexões e documentos. Rio: 1895.

223 V. o eloqüente retrato que dele faz Euclides da Cunha, Os sertões, p. 295, 1ª ed.

224 Osvaldo R. Cabral, Santa Catarina, p. 340.

225 Osvaldo R. Cabral, ibid., p. 341.

226 Diário do Congresso nº 47, de 19 de julho de 96, citado por Osvaldo R. Cabral, ibid., p. 243. Eram o Capitão
Romualdo de Carvalho Barros, o Coronel Luís Gomes Caldeira de Andrade, o Major-Médico Alfredo Paula Freitas. O
autor citado, completando lista organizada por Lucas Boiteux (e publicada por ocasião da trasladação dos despojos, em
1934), dá os nomes conhecidos, das vítimas de Anhatomirim (Santa Cruz). Visitamos a fortaleza em novembro de 1952.
Como não sofreu maiores reparos desde 1894, é visível na parede da sala dos presos, ao nível das baterias, a marca das
descargas, com que muitos foram executados. Vimos o sumidouro em que se presume tenha sido lançado o corpo do
Capitão-de-mar-e-guerra Frederico Guilherme de Lorena. Outras referências: Lucas A. Boiteux, Pequena história
catarinense. Florianópolis: 1920, p. 127; Bormann, Dias fratricidas, iii, p. 244; Jacques Ouriques, O drama do Paraná.
Buenos Aires: 1894; David Carneiro, Os fuzilamentos de 1894 no Paraná, p. 51; Raimundo Meneses, Guimarães Passos e
sua época boêmia. São Paulo: 1952, p. 99 (a propósito do fuzilamento de Carlos de Guimarães Passos, irmão do poeta).

227 Joaquim Freire lançou a culpa no General Everton Quadros (artigo no Diário da tarde, de 22 de julho de 1926),
aliás de acordo com o sentir de J. B. Bormann, Dias fratricidas, iii, p. 158: “Foi (o general) o mandante
inquestionavelmente”. Sobre este miserável episódio, v. Rocha Pombo, História do Brasil, x, p. 398; Bormann, op. cit., iii,
pp. 120 e ss.; Floriano, Memórias e depoimentos, vol. vi (inquérito no Paraná sobre os cúmplices da revolta); David
Carneiro, Os fuzilamentos de 1894 no Paraná. Rio: 1937; Walfrido Pilotto, Assis Cintra e a tragédia do km 65, Refutação.
Curitiba: 1932; Leôncio Correia, O Barão de Serro Azul. Rio: 1942. É de Leôncio a sentença: foi Joaquim Freire quem
ordenou a matança do km 65, Obras de Leôncio Correia, Meu Paraná. Rio: 1954, p. 22.

228 Sílvio Peixoto, No tempo de Floriano. Rio: 1940, p. 268.

229 As vozes pela continuação de Floriano não chegaram a formar um movimento, mas constituem o indício de que
se tramava este golpe, José Maria Bello, História da república. Rio: 1952, p. 171.

230 Rodrigo Otávio, Minhas memórias dos outros. Rio: 1934, p. 121, 1ª série.

231 Artur Vieira Peixoto, Floriano. Rio: 1939, p. 208.

232 Gabriel Piza, carta comentada por Teixeira Mendes e transcrita por Cruz Costa, O positivismo na república, p.
177.

233 Rodrigo Otávio, ibid., p. 169. Entretanto em julho de 94 cumprimentara Prudente: “Saúdo primeiro magistrado
que saberá felicitar a nação. Floriano Peixoto”. Max Fleiuss, in Prudente de Morais, o primeiro centenário, p. 182.

234 Ouvidos por exaltados companheiros, alguns oficiais florianistas se manifestaram contra o golpe..., Hastínfilo de
Moura, Da Primeira à Segunda República, p. 75.

235 Rodrigo Otávio, ibid., p. 172. O novo Ministro da Marinha, Almirante Elisário Barbosa, neste mesmo 15 de
novembro, falando no Itamaraty a um jornalista, dizia não saber se o palácio dentro em pouco não se converteria em
cárcere, Max Fleiuss, A Semana. Rio: 1915, p. 134. Descreve a posse no Senado, Machado de Assis, A Semana, ii, p. 242
(crônica de 18 de novembro), ed. Jackson.

236 Campos Sales, Da propaganda à presidência, p. 128.

237 Campos Sales, op. cit., p. 127. Prudente dizia: “Eu sou o Executivo, vós sois o Legislativo”. Comenta Campos
Sales: não teria seguramente outra linguagem o presidente do Supremo Tribunal Federal quando se referisse aos outros
poderes da nação...

238 Caricaturas instantâneas (na Gazeta de Notícias, 1896). Rio: 1939, p. 33, com prefácio de Carlos Süssekind de
Mendonça.

239 V. carta de Glicério a Bernardino de Campos, 18 de maio de 1895, em que aquele é intransigentemente contra
qualquer espécie de anistia, in Cândido Mota Filho, Uma grande vida. São Paulo: 1931, p. 270.

240 Rui Barbosa, O Partido Republicano Conservador (1897), in Obras completas. Rio: 1952, vol. xxiv, t. i, p. 16.

241 “O destino pôs assim, a curta distância uma da outra, a morte de um dos chefes da rebelião de 6 de setembro e a
do chefe do estado que tenazmente a combateu e debelou”, Machado de Assis, A Semana, ii, pp. 417–8.

242 Fundador da colônia de Chapecó (1881), Bormann fora nomeado comandante da guarnição e fronteira de
Palmas em 8 de abril de 1893, Laurênio Lago, Marechal José Bernardino Bormann. Rio: 1944, p. 14.

243 A. J. Ferreira Coutinho, Marcha da Divisão do Norte, p. 198 (ordem do dia 4 de junho de 94, do Coronel Manuel
do Nascimento Vargas); sobre as operações, General J. B. Bormann, Dias fratricidas. Curitiba: 1906, vol. iii; Castilhos
Goycochêa, Gumercindo Saraiva, pp. 66 e ss. E Manuel Fonseca, Gumersindo Saravia, cap. 36.

244 Pedro Carvalho, Campanha do Coronel Santos Filho, p. 209. V. a descrição do fim do caudilho in Ângelo
Dourado, Voluntários da morte. Pelotas: 1896; Nepomuceno Saravia Garcia, op. cit., pp. 31 e ss. Também Bormann, op.
cit., iii, p. 215, e C. Goycochêa, ibid., p. 75.

245 Nepomuceno Saravia Garcia, ibid., p. 32.

246 Ibid., p. 41.

247 O mesmo autor, filho de Aparício, transcreve cartas do Coronel João Francisco, que confirmam as relações,
mercantis e políticas, do caudilho “blanco” com as autoridades estaduais, com quem, por intermédio dele, se conciliara.

248 João Francisco publicou em 1932, Psicologia dos acontecimentos políticos sul‑rio‑grandenses; e foi o caudilho
que mais longamente viveu. Faleceu em São Paulo, aos 89 anos de idade, em 7 de maio de 1953.

249 Epaminondas Vilalba, A Revolução Federalista, p. 86; Dídio Costa (aí a documentação definitiva), Saldanha, p.
414; Dunshee de Abranches, A Revolta da Armada e a Revolução Rio‑Grandense, ii, p. 189; Ministério da Marinha,
Centenário do Almirante Saldanha, Rio: 1947. — O lanceiro chamava-se Salvador Seixas. Tambeiro, apelido, vem de
tambo, na fronteira rio-grandense, leiteria, ou estábulo.

250 Aliás Saldanha fora avisado por Joca Tavares das negociações de paz, Dunshee de Abranches, A Revolta da
Armada e a Revolução Rio‑ ‑Grandense, ii, p. 181.

251 Machado de Assis, A Semana, ii, p. 412. Inumados em Rivera, os restos mortais do almirante foram transladados
para o vistoso mausoléu do São João Batista, no Rio, em 1908; e por ocasião do centenário (1947) a Marinha lhe
inaugurou o monumento. O seu nome foi posto no navio-escola que tem ultimamente dado a volta ao mundo, com os
nossos guardas-marinhas. Perdeu, para a classe, o sentido revolucionário que poderia dividi-la, para simbolizar o espírito
profissional, a dignidade marinheira, que a unifica.

252 Ensaios e estudos, 3ª série, p. 146.

253 A Semana, ii, p. 417 (crônica de 7 de julho de 1895).

254 Campos Sales, Da propaganda à presidência, p. 134. Sobre o negociador, v. Laurênio Lago, Marechal Graduado
Inocêncio Galvão de Queirós (1841–1903). Rio: 1941, p. 12; Rodrigo Otávio Filho, conferência, in Prudente de Morais: O
primeiro centenário. São Paulo: 1942, p. 83. Rui, comentando a mensagem de despedida de Prudente limitou-lhe a
responsabilidade da pacificação, para dar parte maior ao general. Este, ao regressar do Sul, dissera-lhe “não ouvira (do
presidente) uma palavra sobre a pacificação. Da sua linguagem ressumbrava apenas o desejo dela”, A Imprensa, 18 de
novembro de 1898, Obras, xxv, t. ii, p. 133. Mas o desejo era transparente.

255 Tobias Monteiro, O presidente Campos Sales na Europa, Introdução, p. 65.

256 Sobre Patrocínio e Prudente, v. O. Orico, Patrocínio, p. 223.

257 Medeiros e Albuquerque, Minha vida. Rio: 1934, ii, p. 20.

258 V. Raimundo Meneses, Guimarães Passos e sua época boêmia. São Paulo: 1952, p. 131.

259 Rodrigo Otávio, Minhas memórias dos outros, Rio: 1934, 1ª série, p. 298, transcreve o artigo de jornal em que
Pompéia restaurou os conceitos da sua alocução.

260 Em página memorável, criticou e diagnosticou Francisco de Castro a propósito da doença de Prudente. Davam-
na como “acesso pernicioso”, segundo as teorias de Torres Homem, e eram seus cálculos biliares. Daí a passagem sibilina
da oração de paraninfo, de 1899, em que Castro ironiza e define: “É que no ativo dele (impaludismo) jazem englobados
estados mórbidos de vária casta, desde a septicemia aguda ou crônica até a toxicose urêmica [...] desde o choque
operatório até a pedra na bexiga”. Mestre Aloísio de Castro confirmou, em conversa conosco, esta censura do Pai aos
médicos do presidente. — O presidente foi operado a 29 de outubro; e como a convalescença devesse prolongar-se,
passou o governo a 11 de novembro. V. Ordival Cassiano Gomes, Manuel Vitorino Pereira. Rio: 1957, p. 246; Manuel
Vitorino Pereira: Primeiro centenário de nascimento, câmara municipal, Bahia: 1954.

261 Biriba, apelido dado pelos rio-grandenses aos tropeiros de Sorocaba. Prudente era filho de um destes, e disto se
orgulhava, como aliás Manuel Vitorino, do honrado marceneiro português de quem descendia.

262 Afonso Arinos, Notas do dia. São Paulo: 1900, p. 243.

263 C. Mota Filho, Uma grande vida, pp. 128–9.

264 V. J. Lúcio d’Azevedo, A evolução do sebastianismo. Lisboa: 1918, p. 158. Citando Euclides da Cunha, o
historiador português inclui o caso de Canudos na crônica das histerias sebastianistas da raça. Cantavam os fanáticos:
“Dom Sebastião já chegou / E traz muito regimento / Acabando com o civil / E fazendo o casamento”.

265 Euclides da Cunha, apoiado em João Brígido, sumariou a biografia lacunosa do beato, Os sertões. Rio: 1933, p.
159, 12ª edição corrigida. Natural de Quixeramobim, de uma família, Maciéis, célebre por suas lutas com os Araújos,
emigrara, casado, e por ter perdido a mulher, raptada por um sargento de polícia, desapareceu do Ceará... Surgiu, barba
crescida, cabelos compridos, envolto no seu arremedo de batina, abordoado ao cajado dos romeiros, no Nordeste baiano.
Diziam que respondera por crime de sangue, que lhe perdoaram, por já estar demente. A primeira notícia dos bandos que
corriam com ele os sertões, nos dá a Folhinha Laemmert, do Rio de Janeiro, em 1887. O arcebispo, em 1882, reprovou
esse surto de fanatismo; e em 87 o presidente da província pediu ao Ministro do Império um lugar para Antônio
Conselheiro no hospital de alienados. Não havia vaga... Retratou-o Durval Vieira de Aguiar, em Descrições práticas da
Bahia, 1882, “baixo, moreno acaboclado”.

266 Lê-se em placa de ferro: “Edificadu em 1893 por a v m m, m m g” (ou seja, por Antônio Vicente Mendes Maciel,
sendo o fundidor mestre Manuel Gonçalo). Estivemos em Canudos em 9 de agosto de 1954. Das ruínas da igreja nova
resta um pouco do alicerce. A “matadeira”, peça Armstrong, foi posta num pedestal de alvenaria, alegoricamente... E nada
mais.

267 Euclides da Cunha, op. cit., p. 172.

268 Leia-se como documento impressionista Os jagunços, de Afonso Arinos (com o pseudônimo de Olívio de Barros,
São Paulo: 1898), p. 172.

269 “A suprema autoridade temporal era para ele a do imperador”, Olívio de Barros, ibid., p. 172.

270 Machado de Assis, A Semana, i, p. 155: “Telegrama da Bahia refere que o Conselheiro está em Canudos com dois
mil homens perfeitamente armados” (22 de julho de 1894). Um pequeno jornal de São Félix, 20 de maio de 94 (cf.
Euclides da Cunha, Canudos. Rio: 1939, p. 47): “Pessoa vinda de Canudos, hoje império de Belo Monte, garantia [...] têm
chegado grupos de assassinos [...] a fim de fazerem parte do exército garantidor das instituições imperiais”.

271 Relatório do Frei João Evangelista, v. Anais do 1º Congresso de História da Bahia. Bahia: 1950, iv, p. 576.
272 Euclides da Cunha, artigo de 14 de março de 1897, para O Estado de São Paulo (Canudos. Rio: 1939, p. 161). Os
sertões, monumento literário erguido a essa obscura epopéia, é o livro de expiação: pois ele propagara a idéia absurda de
que em Canudos se tinham refugiado as esperanças vendeianas da restauração... V. também Umberto Peregrino, “Os
sertões” como história militar. Rio: 1956.

273 A Semana, ii, p. 358 (6 de dezembro de 96). E também a crônica de 31 de janeiro de 97, ibid., p. 416.

274 Euclides da Cunha, ibid., p. 235. Que os jagunços deixaram 150 mortos contra dez soldados mortos e 16 feridos...

275 J. C. Pinto Dantas Júnior, O Barão de Geremoabo. Bahia: 1939, p. 20.

276 O Coronel Moreira César, enviado para comandar a terceira expedição a Canudos sem consulta prévia ao
governador, e, ao que se propalava (sem razão, dadas as relações pessoais que mantinham, desde 1891), capaz de depô-lo.

277 Cit. de Luís Viana Filho, in Jornal do Brasil. Rio: 15 de junho de 1958.

278 Luís Viana Filho, in Jornal do Brasil, 8 de junho de 1958. Do mesmo autor: A vida de Rui Barbosa, pp. 296–7
(edição do centenário).

279 Luís Viana Filho (contestando o que diz Dante de Mello in A verdade sobre “Os Sertões”), Jornal do Brasil, 8 de
junho de 1958.

280 Ata de 19 de janeiro de 1897, redigida em meio ao combate, Tenente Henrique Duque-Estrada de Macedo Soares,
A Guerra de Canudos. Rio: 1902, pp. 12–8. No seu relatório o chefe de polícia, Félix Gaspar, diz que a coluna perdeu
quatro soldados na ação de Tabuleirinho dos Canudos e cinco na retirada, Relatório da Secretaria da Polícia e Segurança
Pública. Bahia: 1897, p. 24.

281 Tradição oral, que nos comunicou, tendo-a ouvido a Lauro Müller, Edmundo da Luz Pinto.

282 O primeiro diagnóstico é porventura de Afrânio Peixoto, Epilepsia e crime. Bahia: 1897, p. 195. Euclides da
Cunha talvez tivesse sob os olhos a afirmativa do jovem psiquiatra, na descrição clínica daquela sintomatologia:
“epiléptico provado”, Os sertões, p. 297. Aí se refere ao caso de Apulco de Castro de 1883, v. Melo Barreto Filho e
Hermeto Lima, História da polícia do Rio de Janeiro. Rio: 1941, iii, p. 122.

283 Leia-se Euclides, ibid., p. 302. Comandou o 7º o Major Rafael Augusto da Cunha Matos, a artilharia o Capitão
José Agostinho Salomão da Rocha, o Capitão Pedreira Franco o esquadrão do 9º, o Coronel Sousa Meneses a ala do 16º, o
Coronel Pedro Nunes Tamarindo o 9º de infantaria.

284 Euclides, ibid., p. 304.

285 O nome perpetuou-se no Rio de Janeiro, onde, por isto, se chamam favelas os grupos de casebres espalhados, em
desordem, pelos morros, ao sabor da ocupação... (E. Backeuser, in Renascença, Rio: março de 1905). Favela deixou de ser
um topônimo para significar povoado, improvisadamente feito, de materiais de toda espécie, nas elevações que
circundam a cidade — lembrando, pelo miserável aspecto, o arraial dos jagunços.

286 Tradição oral, ouvida de veteranos da luta, em Geremoabo.

287 Euclides, op. cit., p. 354. Outra é a descrição de Dantas Barreto, Acidentes de guerra, Recife: 1914, p. 169, 2ª ed.,
história, com enxertos novelescos, da expedição de Moreira César. Após a tomada do arraial, soube-se que o corpo de
Moreira César fora queimado no riacho das Umburamas, ali perto, Dantas Barreto, Destruição de Canudos. Recife: 1912,
p. 295.

288 Pois falamos tanto dos jagunços, nome dos cabras do sertão (mais tarde, cangaceiros), é conveniente elucidarmos
o étimo. Trata-se de arcaísmo português (preservado, como outros, no nosso populário), zagunchos... (“com zagunchos e
fréchas”, Coment. de Afonso Dalbuquerque, i, p. 229)... espécie de azagaia, Fernão Mendes Pinto, Peregrinação, xxxvi,
donde zagunchada, e, em Trás-os-Montes, zaguncho, Cândido de Figueiredo, Dicionário da língua portuguesa, 2ª ed., a
significar muito vivo, esperto... O clavinoteiro seria, analogicamente, com a mudança consonantal, jagunço... Aliás na
região de Geremoabo é ainda de uso popular, brinquedo ou sport infantil, a besta, com o respectivo zaguncho ou flecha.
Fazem-no à moda quinhentista. Nas lutas do São Francisco, Militões e Guerreiros, o partido destes era dos jagunços,
contra marotos (1847). Brás da Costa Rubim, Vocabulário brasileiro. Rio: 1853, p. 39: “Jagunço: valentão, guarda-costas
[...] usado na Bahia”. Sertanejo é termo já de século e meio antes: “Miseráveis sertanejos”, doc. da Junta das Missões, 1738,
in Anais do arquivo público da Bahia, xxix, 1946, p. 173.
289 Liquidou-se a pendência pagando o governo quatro mil contos à legação da Itália, Tobias Monteiro, op. cit., p. 67.

290 Afonso Celso, O Visconde de Ouro Preto. Porto Alegre: 1935, p. 101. “À esperança de apressar o advento
monárquico não foi estranha sua aquisição do Comércio de São Paulo”, diz de Eduardo Prado, fazendo-lhe a biografia em
1901, Capistrano de Abreu, Ensaios e estudos. Rio: 1931, 1ª série, p. 342.

291 Sobre as turbulências de Gentil de Castro no sul da Bahia, de 1883 a 89, v. Silva Campos, Crônica da capitania de
São Jorge dos Ilhéus. Bahia: 1947, pp. 314 e ss. Em 2 de julho de 89 fora ferido num atentado, cf. Cidade do Rio, de 5 desse
mês.

292 Carlos de Laet, O frade estrangeiro e outros escritos. Rio: 1954, p. 160.

293 Afonso Celso, op. cit., p. 107 (e o opúsculo dedicado ao crime publicado neste mesmo volume); Elísio de Araújo,
Através de meio século. São Paulo: 1932, p. 117. V. a descrição da “mazorca”, que fez Rui na conferência de 24 de maio de
97, na Bahia, Obras, xxiv, t. i, pp. 24–5. Gastão da Cunha, em 1903, recordando-a, clamava, nada se encontrara que
mostrasse qualquer cumplicidade com a insurreição de Canudos, Rodrigo M. F. de Andrade, Rio Branco e Gastão da
Cunha. Rio: 1953, p. 103. Havia simpatias vagas... Como nestes versos fluminenses: “Já de Canudos na jornada / Não
planta a flâmula sagrada / O Conselheiro, por um tris, / Nos coqueiros deste país. / [...] / Viva Isabel a redentora! /
Proclamaremos com ardor / Viva o defunto Imperador!” (Azevedo Cruz, Benta Pereira. Campos: 1899, p. 11).

294 Leia-se Aníbal Freire, Conferências e alocuções. Rio: 1958, p. 51.

295 V. parecer de Rui sobre a responsabilidade do estado no empastelamento do Comércio de São Paulo, Obras, Rio:
1948, xxv, t. iv, p. 180. “Foi empastelado diante dos olhos do então presidente do estado, o Sr. Campos Sales”, Afonso
Arinos, Notas do dia, p. 248.

296 Elísio de Araújo, op. cit., p. 111 (relatando a sua missão em Minas).

297 Duas cartas inexpressivas foram achadas em Canudos, que nada provam, sobre as ligações dos fanáticos com o
partido monárquico, embora este, segundo se dizia, exultasse com as suas vitórias..., Dantas Barreto, Última expedição a
Canudos. Porto Alegre: 1898, pp. 11–5. Defendeu Rui Barbosa, na conferência da Bahia, 24 de maio de 1897: “Ninguém
logrou até hoje precisar o mais breve indício da mescla restauradora nos sucessos de Canudos”, Obras, xxiv, t. i, p. 68. Em
entrevista dada à Gazeta de Notícias, em 24 de julho, Luís Viana ridicularizou a balela, Interview, Feira de Santana: 1897,
p. 6, e, para refutá-la, a ela se referiu Gastão da Cunha, Discurso de 1903 citado por Rodrigo M. F. de Andrade, op. cit., p.
103. V. o estudo de Pedro Moniz de Aragão, in Revista do Instituto Histórico. Rio: 1958, vol. cclvii, pp. 85 e ss.

298 Construído em belo estilo imperial pelo arquiteto alemão Gustavo Waenhelt, para o Visconde de Nova Friburgo,
o Palácio do Catete data de 1862.

299 Rui, A Imprensa, 21 de novembro de 98. “Apenas nos destoou dos hábitos o Dr. Manuel Vitorino, que não
prescindia da etiqueta e tinha a sua queda pela pompa”, Obras, xxv, t. ii, p. 154. “Projeta-se grande baile no Palácio do
Catete — que fará recordar o baile da Ilha Fiscal”, reprovou Prudente, em carta de 10 de janeiro de 97 ao Senador José
Bernardo, José Augusto, Seridó, Rio: 1954, i, p. 217. Esta carta é precioso documento da irritação do presidente contra o
substituto. V. A Notícia, exprobrando ao presidente a volta sem aviso, Ordival Cassiano Gomes, Manuel Vitorino Pereira,
p. 248.

300 Campos Sales, Da propaganda à presidência, pp. 137–8.

301 Campos Sales, op. cit., p. 144; Tobias Monteiro, O presidente Campos Sales na Europa, p. 82.

302 O ensino militar foi recomposto em novas bases, separado o preparatório (Realengo, no Rio de Janeiro, e Rio
Pardo) do superior (Praia Vermelha), conforme regimento de 18 de abril de 98.

303 Viana, para permitir a eleição, com os seus amigos, de alguns nomes da oposição, como Seabra, a quem gostaria
de eleger, deixou de apresentar a “chapa” pelo partido, limitando-se a recomendar os preferidos. Assim também foi eleito
Joaquim Macedo de Castro Rebelo, de cujo ilustre filho, Prof. Edgardo de Castro Rebelo, ouvimos os pormenores do
episódio.

304 Campos Sales reproduz o telegrama em que Prudente, considerando que o voto da câmara o hostilizava, o
intimou, com a representação paulista, a “escolher entre o governo, com a ordem, e Glicério, com a anarquia militar”,
ibid., p. 151; ainda Tobias Monteiro, op. cit., p. 75. No País, de 3 de junho, dia da eleição, Quintino, em artigo sem
assinatura, insinuou a eventualidade da intervenção militar... O Jornal do Comércio (inspirado pelo presidente) rebateu-
lhe a ameaça. Os quartéis não se envolveram na contenda. Cindiu-se o que Rui chamou (A Imprensa, 5 de outubro de 98)
a “oligarquia partidária”. Com a derrota de Glicério subiu a minoria perseguida pela ditadura, com as exceções e as
acomodações justificadas, a política dos grandes estados, que passavam a gravitar em torno do Catete. A concentração
republicana, de 1899, não foi mais do que uma tentativa frustrada de galvanizar essas forças desfeitas. O presidencialismo
acabou com o partidarismo.

305 Alcindo Guanabara, A presidência Campos Sales: Política e finanças. Rio: 1902, p. 19.

306 Rui Barbosa, artigo d’A Imprensa, 15 de novembro de 1898, Obras, xxv, t. ii, p. 107.

307 1ª brigada, Coronel Joaquim Manuel de Medeiros, com os 7º, 14 e 40 de infantaria; 2ª, Coronel Inácio Henrique
Gouveia, 16, 25 e 27; 3ª, 5º de artilharia de campanha, 5 a 9 de infantaria, do Coronel Olímpio da Silveira — constituíram
a primeira coluna, do General Silva Barbosa, e a cuja frente ia o comandante-em-chefe, Artur Oscar. A 4ª brigada,
Coronel Carlos Maria da Silva Teles, afamado defensor de Bagé, compreendia o 12, 31 e 33 de infantaria e uma divisão de
artilharia; a 5ª, Coronel Julião Augusto da Serra Martins (que capitulara do Desterro e na Lapa) com o 34, 35 e o 40; e a 6ª,
Coronel Donaciano de Araújo Pantoja, o 26, o 32 e uma divisão de artilharia, sob o comando de Savaget.

308 Euclides da Cunha, op. cit., p. 375.

309 Max Fleiuss, História administrativa do Brasil, p. 486; Euclides, ibid., p. 367.

310 Luís Viana Filho, Jornal do Brasil, 15 de junho de 1958.

311 Interview... concedido sobre a questão de Canudos. Feira de Santana: 1897. Também Rui Barbosa, in A Imprensa,
1o de novembro de 1898, Obras, xxv, t. ii, p. 3.

312 Luís Viana Filho, in Jornal do Brasil, 15 de junho de 1958.

313 Sobre a coluna de Savaget, H. Duque-Estrada de Macedo Soares, A Guerra de Canudos. Rio: 1902. Em Cocorobó
o total das baixas foi de 178, deixando os jagunços 60 mortos, ibid., p. 96. Chamaram-lhe estes a “coluna talentosa”.

314 V. a descrição de Francisco Mangabeira, A tragédia épica, “O batismo de sangue”. Bahia: 1900, pp. 20–1, e a
síntese de Euclides da Cunha, Canudos, p. 11.

315 Sobre o 5º da Bahia, que sobremodo se destacou, v. Deolindo Amorim, in Revista do Instituto Geográfico e
Histórico da Bahia, 1945, nº 72, pp. 246–7.

316 H. D.-E. de Macedo Soares, op. cit., p. 126.

317 Ibid., p. 206.

318 Ibid., p. 215.

319 V. de Francisco Mangabeira, op. cit., “O combate”, p. 104. Euclides, Canudos, p. 16: quatorze horas de luta, e sem
comer nem beber, tanto que a suprema aspiração dos soldados “era encontrar uma bilha de água e um punhado de
farinha!”.

320 Alvim Martins Horcades, Descrição de uma viagem a Canudos. Bahia: 1899, p. 8. Faleceu de febres, em Monte
Santo, o acadêmico Joaquim A. Pedreira. Entre esses vinte e quatro voluntários merecem ser lembrados Alvim Horcades
(autor daquele valente livro), o poeta Francisco Mangabeira, Ivo Soares (que foi general-chefe do Serviço de Saúde do
Exército).

321 Canudos, p. 22.

322 Euclides da Cunha, op. cit., p. 574. V. a planta das posições do cerco, pelo Coronel Siqueira de Meneses, in H. D.-
E. de Macedo Soares, ibid., que serviu para os demais “croquis” explicativos da marcha convergente, até o episódio final,
de 5 de outubro de 1897, quando acabou a luta com os últimos jagunços. A partir de 22 de agosto: Relatório do Ministério
da Guerra, apêndice. Rio: Imprensa Nacional, 1898.

323 Pe. Azarias Sobreira, in Revista do Instituto do Ceará. Fortaleza: 1948, lxii, p. 219. Vilanova, que ajudou o Pe.
Cícero, em 1914, a defender-se em Juazeiro, disse ao Pe. Emílio Leite Cabral que pedira licença ao Conselheiro, já
moribundo, para sair de Canudos e ele consentira... Sobre os outros chefetes da jagunçada, v. Euclides, artigo para O
Estado de São Paulo, 19 de agosto de 97, Canudos, pp. 37–9.
324 Euclides, Canudos, p. 91.

325 O primeiro corpo a fincar em Canudos a sua bandeira foi o 5º de polícia da Bahia, Comandante Virgílio Pereira
de Almeida. O oficial que levava o estandarte era o Alferes João Batista Coelho, Anais do arquivo público da Bahia, 1918,
vol. iii, p. 178.

326 Alvim Horcades, op. cit., p. 89, fala dos prisioneiros, além das mulheres, crianças e velhos, cujo número
considerável mostra que Antônio Beato cumpriu a palavra, e não cometeu apenas o logro de aliviar o arraial de gente
inútil, como Euclides supôs.

327 V. a descrição do fim do combate, a dinamite e latas de querosene, do correspondente da Gazeta de Notícias, in
Wolsey (pseudônimo de César Zama). Libelo republicano acompanhado de comentários sobre a campanha de Canudos.
Bahia: 1899, p. 43. A cena terminal dos quatro que continuavam lutando foi primeiro descrita por Dantas Barreto, Última
expedição a Canudos, p. 230, depois por H. D.-E. de Macedo Soares (que repete), e Euclides, ibid., p. 611. Foram contados
647 corpos, e 5.200 casas no arraial, aliás incendiadas e demolidas. Leia-se ainda Major A. Constantino Néri, A quarta
expedição contra Canudos. Pará: 1898; Aristides Milton, “A Campanha de Canudos”, Revista do Instituto Histórico. Rio:
1902.

328 Francisco Mangabeira, ibid. (“O Incêndio”), p. 138.

329 H. D.-E. de Macedo Soares, op. cit., p. 372.

330 Os sertões, p. 10. Compare-se com a sua ilusão de 7 de agosto de 1897, in Canudos, p. 6.

331 Francisco Mangabeira, Tragédia épica. Bahia: 1900, p. 7.

332 João A. Garcez Fróis, in Arquivos da Universidade da Bahia (Faculdade de Direito). Bahia: 1947, ii, p. 79.

333 Euclides foi incisivo na descrição dos horrores de Canudos. César Zama, com o pseudônimo de Wolsey, acusou:
“Nem um só destes apareceu em parte alguma!”, ibid., p. 51. Rui levou ao Senado, de passagem (a propósito da tentativa
de assassinato do presidente) o libelo. Escreveu, mas não chegou a pronunciar, um discurso em que expunha à nação o
crime, falando dos jagunços que mostravam “no colo o sulco da gravata sinistra”, Obras, xxiv, t. i, p. 301. “Não
apareceram prisioneiros”, Brás do Amaral, História da Bahia do império à república, p. 375. Mais vigoroso, Alvim
Horcades, Descrição de uma viagem a Canudos, diz (p. 89) que o número se elevou a 600, no dia 3, e, a 4, outros se
apresentaram, sendo no fim cerca de 800, ibid., p. 90. E acusa: “Eu vi e assisti a sacrificar-se todos aqueles miseráveis [...].
Em Canudos foram degolados quase todos”, ibid., p. 103. E a acusação ficou de pé. Assim em Manuel Benício (repórter
do Jornal do Comércio), O Rei dos Jagunços. Rio: 1899, p. 394. Com o pseudônimo de Olívio Barros escreveu Afonso
Arinos Os jagunços, São Paulo: 1898, como informa Basílio de Magalhães, História do Brasil, Rio: 1948, p. 373, 2ª ed., e a
que atrás nos reportamos. Também insiste no pormenor, p. 419.

334 Discurso no Senado, Obras, vol. xxiv, t. i, p. 161.

335 Manifesto de 3 de novembro de 97, publicado por Rocha Pombo, op. cit., x, pp. 432–3, da autoria de Metódio
Coelho, Celso Spinola, in Revista da Faculdade de Direito da Bahia. Bahia: 1939, vol. xiv, p. 159.

336 V. cap. 17 — As questões internacionais, “Questão do Amapá”, p. 136.

337 Relatório do delegado Vicente Neiva a propósito do atentado de 5 de novembro, in Rocha Pombo, História do
Brasil, x, p. 436.

338 Ciro Silva, Pinheiro Machado, p. 102.

339 Ernesto Sena, Rascunhos e perfis. Rio: 1909, p. 17. Palavras de um contemporâneo, envolvido injustamente na
perseguição que se seguiu ao atentado, Fortunato Campos de Medeiros: “O Sr. Diocleciano Mártir, diretor-proprietário
do semanário O Jacobino, sem ouvir os elementos de maior responsabilidade da oposição deliberou organizar [...] o
assassinato do presidente da república!”, Lutas pela pátria. Rio: 1953, p. 19.

340 V. Nina Rodrigues, O regicida Marcelino Bispo (extraído da Revista Brasileira, janeiro de 1899). Bahia: 1899, p. 6.
Condenado, Diocleciano foi indultado pelo Presidente Rodrigues Alves (v. Jornal do Brasil, de 16 de novembro de 1903).
Assistia o presidente ao desfile militar do dia 15 no Quartel-General, quando a mãe do detento lhe rogou esse perdão
(informa-nos, testemunha, o Sr. Heitor Guimarães).

341 V. Ernesto Sena, op. cit., pp. 9–14; Pereira da Silva, Prudente de Morais: O pacificador. Rio, p. 78.
342 Rui, discurso de 10 de novembro, apoiando o projeto de estado de sítio, Obras, xxiv, t. i, p. 203. Descrição in
Pelino Guedes, O Marechal Carlos Machado Bittencourt. Rio: 1898, p. 172.

343 “Execrável justiça das ruas, depois de executar, aplaudida pelo radicalismo, a imprensa monárquica, executou a
imprensa radical”, Rui, A Imprensa, 5 de outubro de 1897, Obras, 1947, xxv, t. i, p. 15.

344 General Honorato Caldas, O Marechal de Ouro. Rio: 1898, pp. 424 e ss.

345 Atentado de 5 de novembro, relatório do Dr. Vicente Neiva. Rio: 1898, p. 67; Rocha Pombo, ibid., x, p. 443. No
Senado, exprobrara Rui a ausência da polícia, não havendo quem acudisse ao presidente, Obras, xxiv, t. i, p. 200.

346 João Barbalho, Constituição Federal Brasileira: Comentários. Rio: 1924, p. 283, 2ª ed. Manuel Vitorino sustentou
que lhe cabiam as imunidades do presidente e dos senadores.

347 Acórdão in Revista de Jurisprudência, Rio: 1898, iv, p. 203, relator Muniz Barreto. Aplaudiu Rui (que aliás
declinara do convite da família do Marechal Bittencourt para acusar judicialmente Glicério e Manuel Vitorino, mandato
que teve J. J. Seabra) a decisão do júri, A Imprensa, 7 de novembro de 1898. De Seabra, com o pseudônimo de Caneca,
Atentado de 5 de novembro, artigos. Rio: 1898.

348 Ernesto Sena, ibid., p. 26.

349 O relatório policial destacou o caso da garrucha de dois canos que não disparara, tendo apenas um dos canos
carregado, porém com tal carga, que detonaria como um petardo, Relatório, cit., e Rui, discurso de 10 de novembro de
1897, Obras, xxiv, t. i, p. 224 e artigo n’A Imprensa, 7 de novembro de 98, Obras, xxv, t. ii, p. 52. “Nesse crime é manifesto
o caráter de uma verdadeira cultura”. V. sobre a perseguição policial, Campos de Medeiros, Lutas pela pátria, p. 23. Aliás
quanto a Campos de Medeiros, jovem de 17 anos, o Tribunal de Apelação negou o habeas‑ ‑corpus impetrado, pois o
estado de sítio autorizava a detenção. Diz Medeiros que foi arrolado entre os acusados para completar o número de vinte,
necessário à qualificação do crime de conspiração. Assim no Código Penal vigente, artigo 115. O habeas‑corpus
concedido pelo Supremo Tribunal em agosto de 98 pôs fim à prisão arbitrária. E o livro de Sant’Ana Néry, De Paris a
Fernando de Noronha, 1898.

350 Ciro Silva, op. cit., p. 103.

351 V. Rui Barbosa, Obras, xxv, t. iv, pp. 181 e ss., e Novos discursos e conferências, col. por Homero Pires. São Paulo:
1933, pp. 154 e ss.

352 V. Rui Barbosa, A lição de dois acórdãos, Obras, xxv, t. iv, pp. 277 e ss. Leia-se também João Barbalho,
Constituição Federal Brasileira, p. 165, 2ª ed., (sobre o acórdão nº 1073, de 16 de abril de 98); Carlos Maximiliano,
Comentários à Constituição brasileira. Rio: 1928, p. 451, 3ª ed.; Carlos de Carvalho, “O estado de sítio” e “Os tribunais de
exceção”, Revista de Jurisprudência, 1898.

353 V. Carlos Sá e outros, Francisco Sá: Reminiscências biográficas. São Paulo: 1938, p. 190.

354 V. Felisberto Freire, A Constituição da república interpretada pelo Supremo Tribunal, 1913, p. 225. Com isto a
corte suprema dava liberdade de criticar o governo durante o estado de sítio. Defendeu Rui eficientemente a boa
doutrina, A Imprensa, 6, 7, 12 e 16 de outubro de 1898.

355 Saíra Rui em defesa do Supremo Tribunal, A Imprensa, 22 de novembro de 98, Obras, xxv, t. ii, p. 163.
Defendendo Prudente, José do Patrocínio atacou na Cidade do Rio o seu antigo patrono, do tempo em que a ditadura
desterrava também os adversários, o que lhe valeu o famoso libelo, A difamação, obra-prima de Rui, a que contestou com
A hipocrisia, Cidade do Rio, 16 de dezembro de 98, v. Osvaldo Orico, Patrocínio. Rio: 1935, p. 223. É índice da irritação
de Prudente o seu bilhete de 15 de agosto de 98 a Patrocínio, em que o concita a exprobrar o fato, da véspera, de se terem
abraçado juízes e réus no Conselho de Guerra, após a absolvição unânime..., O. Orico, ibid., p. 233.

356 Carlos de Sá e outros, Francisco de Sá: Reminiscências biográficas, p. 191.

357 Carta a José Marcelino, in Maria Mercedes Lopes de Sousa, Rui Barbosa e José Marcelino. Rio: 1950, p. 67.
Positivo é que Prudente pensava noutro nome: o fluminense José Tomás da Porciúncula, Aníbal Freire, Rosa e Silva. Rio:
1957, p. 12. Dizia: a consciência não o acusava de haver concorrido para a apresentação de Campos Sales.

358 Campos Sales, op. cit., p. 162. Rui, carta a Luís Viana, 4 de outubro de 1900, a este atribuiu magna pars na
candidatura oficial. “Se o meu (voto) fosse ouvido, nem V. Ex.ª teria feito o atual presidente da república”,
Correspondência, p. 129. Disse-se que a oposição premeditava duplicatas de atas eleitorais nos estados a fim de caber ao
Congresso, na apuração, a última palavra: esperava ganhar a partida. “Com a morte do Marechal Bittencourt, todos estes
planos, sérios ou não, desapareceram de uma vez”, Capistrano, Ensaios e estudos, 3ª série, p. 147.

359 Sílvio Romero, Parlamentarismo e presidencialismo na república brasileira, Rio: 1893, p. 7, em carta a Rui
defende o governo de opinião, contra esse personalismo, o regime presidencial, que Medeiros e Albuquerque, O regime
presidencial no Brasil, Rio: 1914, p. 175, consideraria um aborto... E alistava-se no reformismo, ibid., p. 149. Ficaram
convencionais, os partidos..., Alcindo Guanabara, A presidência Campos Sales. Rio: 1902, p. 53.

360 Afrânio Peixoto, A esfinge. Rio: 1911, p. 470.

361 Cândido Mota Filho, Uma grande vida, p. 131. O déficit fora de 37.193 contos em 1895, 37.193 em 1896, 55.798
em 1897. V. Alcindo Guanabara, A presidência Campos Sales, p. 27.

362 Campos Sales, op. cit., p. 174. E Tobias Monteiro, O Presidente Campos Sales na Europa. Rio: 1928, 2ª ed.

363 Campos Sales, ibid., p. 206.

364 V. de Murtinho, Relatório da indústria, viação e comércio, 1897, reimpresso na Revista do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro, 1953, vol. ccxix, pp. 239–65.

365 José Maria Bello, História da república, p. 211.

366 O equilíbrio do orçamento, “esta foi a real e estupenda vitória do grande ministro”; “seus atos financeiros sobre
redução de meio circulante só produziram desastres”, Cincinato Braga, in Problemas brasileiros. Rio: 1948, p. 309.

367 “Passaram-se as festas ao Sr. Prudente de Morais”, Afonso Arinos, Notas do dia, p. 255.

368 Rodrigo Otávio, Prudente de Morais: O primeiro centenário. São Paulo: 1942, pp. 94–5.

369 Aníbal Freire da Fonseca, Conferências e alocuções. Rio: 1958, p. 54.

370 Obras, xxv, t. ii, pp. 115–120, artigo de A Imprensa, 16 de novembro de 1898.

371 Campos Sales, op. cit., p. 206. Diz que só abriu exceção ouvindo a “política” no que se referia ao ministro que
representasse a Bahia. O Governador Luís Viana dera três nomes. Escolheu o de Severino Vieira, para a pasta da Viação,
ibid., p. 209. Os outros nomes (completamos o informe) eram Artur Rios e Sátiro Dias. Testemunhando o seu repúdio ao
sistema do “despacho coletivo”, restabelecido por Prudente de Morais, reafirmava, ainda nisto, o radicalismo presidencial,
ibid., p. 218. Não diz, mas se percebe, que para ele reunião de ministros lembrava a unidade do Conselho, do tempo
imperial. Rui Barbosa combateu-lhe logo a supressão das audiências públicas, em que o presidente se mostrou menos
liberal do que o imperador, A Imprensa, 24 de novembro de 1898. “A tribuna parlamentar com este regime perdeu
completamente a sua autoridade”, clamou Rui em 1900, Obras. Rio: 1951, xvii, t. iii, p. 25.

372 Em carta ao Senador José Bernardino, José Augusto, Seridó, i, p. 221, de 19 de março de 1898, definiu Campos
Sales a sua doutrina, reportando-se ao seu ministério (e à sua experiência) do governo provisório: “Nada faria sem a
audiência dos respectivos governadores no que lhes era peculiar”. Leia-se também A. C. de Paula Sales, O idealismo
republicano de Campos Sales. Rio: 1943.

373 Campos Sales, op. cit., p. 237, põe em termos de salvação o método, que enfeixava nas suas mãos o Legislativo.
Escrevendo ao governador de Minas, Silviano Brandão (8 de fevereiro de 1900) achava que se devia sistematicamente
reconhecer quem viesse diplomado pela maioria das juntas apuradoras, ibid., p. 240, isto é, os candidatos dos
governadores, evitada a manobra oposicionista das duplicatas de diplomas e das contestações subversivas. Escrevendo ao
governador da Bahia, considerava esta a única solução — contra o prurido de fraudes e duplicatas — “em obediência à
maioria do voto”..., ibid., p. 242. Rejeitou a proposta do governador da Bahia, para que se fizesse uma reunião, a fim de
assentar as providências relativas à verificação de poderes: era suficiente aquilo, ibid., p. 243.

374 Leia-se, sobre o modo de se fazer no interior uma eleição (a de 1899), Ulisses Lins de Albuquerque, Um sertanejo
e o sertão: Memórias. Rio: 1957, pp. 46–7.

375 Op. cit., p. 248. Formou-se o partido de Concentração. Gracejou Capistrano, artigo n’A Notícia, de 1o de janeiro
de 1900: “A concentração dos dois partidos lembra a fábula do homem grisalho que tinha duas amantes: a velha
arrancava-lhe os cabelos pretos, a moça arrancava-lhe as cãs”. — Com essa política de governadores Campos Sales
inventou Pinheiro Machado, Medeiros e Albuquerque, Minha vida, ii, p. 26.
376 Rui Barbosa, Campanha presidencial, discurso em Juiz de Fora, 2 de março de 1919.

377 Correio da Manhã, nº de 17 de outubro de 1945, falecimento de Edmundo Bittencourt.

378 Leia-se a curiosa página de Afrânio Peixoto, A esfinge, p. 124, de 1911, em que comenta a “política geográfica’’ e a
“pessoal” do presidente. O sistema aí está descrito irônica e... realisticamente.

379 Mário Rodrigues, Meu libelo. Rio: 1925, p. 46: “Ei-lo a profetizar o descalabro da política dos governadores, que
estabeleceu as oligarquias estaduais”.

380 Carta de Rio Branco ao Barão Homem de Melo, 29 de dezembro de 89, manuscrito no arquivo de David
Carneiro, Curitiba.

381 Álvaro Lins, Rio Branco. Rio: 1945, i, p. 264; Aluísio Napoleão, Rio Branco e as relações entre o Brasil e os
Estados Unidos, pp. 83 e ss.

382 Statement submitted by the United States of Brazil to the President of the United States of America as arbitrator.
Nova York: 1894, 5 vols. Que a Argentina pleiteava o limite pelo Rio Jangada, ibid., i, p. 2. Do advogado adverso,
Estanislau Zeballos, foi o Alegato de la República Argentina sobre la cuestión de límites con el Brasil en el territorio de
Misiones. Washington: 1894, 318 páginas. A memória de Rio Branco é o volume x de suas Obras, Rio: 1945.

383 A cópia apresentada por Rio Branco, Statement, etc., v, map. 7, é autêntica. A contraprova consiste no mapa
impresso por Rodolfo Garcia in Anais da Biblioteca Nacional, Rio: 1938, lii, vol. i. Viu Rio Branco o que fora de Portugal
e, roubado, o Duque de Richelieu comprara em 1824, pertencente em seguida ao arquivo do Ministério de Estrangeiros.
O de Espanha, reproduzido por Garcia, era conhecido dos negociadores, dizendo Oliveira Lima que o General Dionísio
Cerqueira o encontrara em Madri.

384 V. Hélio Lobo, Rio Branco e o arbitramento com a Argentina. Rio: 1952, p. 74; e Luis Santiago Sanz, La Cuestión
de Misiones, Ensayo de su historia diplomática. Buenos Aires: 1957, p. 81.

385 Araújo Jorge, Introdução às obras do Barão do Rio Branco. Rio: 1945, p. 33.

386 Araújo Jorge, Ensaios de história diplomática, p. 107.

387 A idéia da mediação portuguesa partiu do próprio Carlos de Carvalho, que o disse a Castro Nunes, Alguns
homens do meu tempo, p. 45.

388 Rodrigo Otávio, Minhas memórias dos outros, i, p. 131.

389 Eduardo Marques Peixoto, Ilha da Trindade, Publicações do Arquivo Nacional. Rio: 1932, vol. xxviii, 667 páginas.

390 T. B. Edgington, The Monroe Doctrine. Boston: 1905, p. 130. Rio Branco e Nabuco a reconheciam “de tão grande
benefício para o Novo Mundo”, F. W. Ganzet, in The Hispanic American Historical Review, agosto de 1944, p. 447.

391 Henri A. Coudreau, Études sur les Guyanes, et l’Amazonie. Paris: 1887, p. 317; e Sant’Ana Néry (seu vigilante
contraditor), De Paris a Fernando de Noronha, p. 4.

392 Mémoire présenté par les États Unis du Brésil au gouvernement de la Confédération Suisse (Berna, 4 de abril de
1899), 5 volumes (vol. iii e iv das Obras do Barão do Rio Branco, Rio: 1945).

393 Joaquim Caetano da Silva, L’Oyapoc et l’Amazone: Question brésilienne et française. Paris: 1861, 2 volumes. De
Homem de Melo, O Oyapoc (aula de história universal, no Colégio Militar). Rio: 1899; e Artur César Ferreira Reis,
Território do Amapá: Perfil histórico. Rio: 1949, p. 104.

394 Conta Rodrigo Otávio, Minhas memórias dos outros, Rio: 1935, nova série, p. 232, que quase não houve, em
Paris, repercussão da sentença, que tanto devia decepcionar o espírito público, porque, providencialmente, todos os
entusiasmos foram concentrados na recepção do Papá Kruger, o presidente boer que se glorificara no Transvaal...

395 Campos Sales, Da propaganda à presidência, p. 267.

396 Campos Sales, op. cit., p. 270. A índole autoritária reflete-se neste livro de recordações, quando cita, a propósito
da resistência aos turbulentos da imprensa e da tribuna, os “Pensamentos”, de Bismarck, ibid., p. 282. Os monarquistas
hostilizaram-no, e aos antecessores, com os oito tomos da Década republicana (1899–1901), de Ouro Preto e Afonso
Celso, Loreto, Andrade Figueira, Cândido de Oliveira, Laet.

397 Campos Sales, op. cit., p. 277.

398 F. S. Sousa Reis, “Dívida do Brasil”, Revista do Instituto Histórico Brasileiro, 1º Congresso de História Nacional.
Rio: 1916, iv, p. 620.

399 Tobias Monteiro, op. cit., pp. 91–2.

400 Campos Sales, op. cit., p. 317. Na mensagem com que convocou a sessão especial do Congresso para este fim, em
1902, historiou os passos dados para a codificação civil. V. também Relatório do Ministério da Justiça, 1901, e Laurita
Pessoa Raja Gabaglia, Epitácio Pessoa, i, pp. 152–4.

401 Clóvis Beviláqua, Código Civil comentado. Rio: 1921, i, p. 20. Este chegou ao Rio a 27 de março de 1899 e em fins
de outubro concluía o vasto trabalho, que o governo submeteu à apreciação isolada de vários jurisconsultos, e afinal à
comissão revisora presidida pelo Ministro da Justiça (29 de março–2 de novembro de 1900).

402 Clóvis, op. cit., i, p. 22.

403 Carneiro Ribeiro, Ligeiras observações sobre as emendas do Dr. Rui Barbosa à redação do projeto. Bahia: 1902.
Leia-se a “consolidação” de Fernando Néri, Rui Barbosa e o Código Civil. Rio: 1931.

404 Réplica, Rio: 1904, 599 páginas, (nova edição da Casa de Rui Barbosa, 2 vols., 1953); a que contestou Carneiro, A
redação do projeto do Código Civil. Bahia: 1905, 891 páginas. Clóvis resume, no Código Civil comentado, a polêmica, em
que se distinguiram, do lado do projeto, filólogos e publicistas. É verdade que o Código não andou, fulminado pelas
objeções de Rui, e foi pena; porém a cultura nacional ganhou uma tal lição de linguagem que desde então a escrita
brasileira se depurou de numerosas imperfeições que a corrompiam. Banhou-se em gramática. Rui começou a estudar o
projeto quanto ao mérito, trabalho que lhe ficou inédito, Fernando Néri, Rui Barbosa, p. 107. O projeto, como diremos,
pôde afinal ser discutido em 1912 no Senado, voltou, emendado, à câmara, ressurgiu a debate em 1915, e foi sancionado a
1o de janeiro de 1916. Atrasara-se.

405 Rui, discurso de 10 de maio de 1900, Obras, xxvii, t. iii, p. 6.

406 Alcindo Guanabara, A presidência Campos Sales, p. 110.

407 Sertório de Castro, A república que a revolução destruiu. Rio: 1932, p. 163.

408 Ferreira Viana invectivou a arbitrariedade no panfleto A conspiração policial, a que Andrade Figueira, detido,
respondeu com uma carta de emocionado agradecimento, 21 de maio de 1900, cf. Paulo José Pires Brandão, Vultos do
meu caminho. São Paulo: 1935, p. 18. Levado a júri, o Conselheiro Andrade Figueira, depois de afirmar que conspirou,
conspirava, conspiraria sempre, e quem não deixaria de conspirar vendo a pátria em tais extremos — foi unanimemente
absolvido. Rui escreveu-lhe brilhante carta de solidariedade, 12 de março de 1900, Correspondência, p. 127, e Lafayette
Rodrigues Pereira, em 29 de junho, engraçada mensagem, Paulo José Pires Brandão, op. cit., p. 216: “Conspirar? Para quê
e contra quem?”. “O animal está morrendo de inanido: lembra a frase do orador antigo: ‘Um burro a devorar a própria
cauda’”. Na mesma mensagem de 3 de maio de 1900 o presidente aludiu à conjura. Leia-se Cândido de Oliveira Filho,
Curiosidades judiciárias. Rio, 1947, ii, p. 368.

409 Em 15 de agosto de 1897 a Castilhos sucedera no governo rio-grandense seu discípulo Borges de Medeiros, v.
João Pio de Almeida, Borges de Medeiros. Porto Alegre: 1928, p. 19; João Neves, Memórias. Porto Alegre: 1958, i, p. 19.

410 Ciro Silva, op. cit., p. 110.

411 Estêvão de Oliveira, Notas e epístolas. Juiz de Fora: 1911, p. 31. Tarasca, apelido dado ao diretório do prm, numa
evocação satírica do monstro lendário de Tarascon e Beaucaire, que Santa Marta dominara... “Régulos estaduais”, disse-se
na Organização do Centro Republicano Conservador. Rio: 1906, p. 189.

412 Campos Sales, op. cit., p. 337.

413 V. Silveira Peixoto, A tormenta que Prudente de Morais venceu, pp. 340 e ss.

414 Cândido Mota Filho, in Centenário do Conselheiro Rodrigues Alves. São Paulo: 1951, ii, p. 397.

415 João Sampaio, in Prudente de Morais: O primeiro centenário, p. 204.


416 Araújo Castro, A reforma constitucional. Rio: 1924, p. 7. V. também Félix Contreiras Rodrigues, Velhos rumos
políticos. Tours: 1921, pp. 181 e ss.

417 Olinto de Magalhães, Centenário do Presidente Campos Sales. Rio: 1941, p. 142. O convite da chancelaria russa
foi feito aos governos que tinham representantes em São Petersburgo: daí ser o Brasil convocado, mas para um objetivo
que lhe seria desfavorável, qual o de não aumentar, durante certo prazo, as forças armadas, sendo que a exigência não
obrigava os países latino-americanos, ausentes da Conferência. Seria um luxo diplomático o comparecimento, para fins
estranhos ao sistema de convivência, em que estávamos empenhados. — Rui criticou acremente aquela atitude de
abstenção, discurso em Paris, 31 de outubro de 1907, Discursos e conferências, pp. 230–1.

418 V. Brasil‑Argentina (em grande tomo, sobre a viagem de Roca ao Rio), Buenos Aires: 1900; e Cipriano de La
Peña, Crónica ilustrada y documentada de las fiestas de confraternidad brasileiro‑argentinas (viagem de Campos Sales).
Buenos Aires: 1901.

419 Oliveira Lima, Pan‑americanismo. Rio: 1907, p. 185.

420 Richard Schomburgk, Reisen in British‑Guiana, in den Jahren 1840–1844. Leipzig: 1847.

421 Joaquim Nabuco, O direito do Brasil. São Paulo, 1941, p. 215 (1º volume, reimpresso, dos dezoito que Nabuco
apresentou ao árbitro, o Rei da Itália, na defesa dos limites com a Guiana Inglesa).

422 Oliveira Lima, Memórias, p. 181.

423 Obras de Rio Branco. Rio: 1945, vol. ii. A 1ª ed. é de Bruxelas, 1897. — O caso da posse, precedendo ao litígio, foi
decisivo. Veja-se o que sucedeu na Argentina com a região do Rio Negro, ou de “deserto”, fronteiriça do Chile. Antes de
formalizar a pendência, Roca tratou de ocupar a terra: daí a “guerra do deserto”, que venceu.

424 Nabuco defendeu o árbitro, dizendo que a sua parcialidade consistiu em querer contentar as duas partes,
dividindo o “contestado”, Luís Viana Filho, A vida de Joaquim Nabuco, p. 288. Mas Guilherme Ferrero confiou a Graça
Aranha, que ouvira de Buzzatti, professor em Pavia e membro da comissão incumbida de estudar a questão, que o rei
recomendara fosse dada razão aos ingleses, pois “não podia fazer uma cousa desagradável à Inglaterra”.

425 Ver T. B. Edgington, The Monroe Doctrine. Boston: 1905, p. 131.

426 Luís Viana Filho descreve as peripécias da nomeação de Nabuco, sugerida de Londres por Sousa Correia,
encaminhada no Rio por José Carlos Rodrigues e Tobias Monteiro, formalizada pelo Ministro Olinto de Magalhães em
casa daquele, a 3 de março de 1899, op. cit., p. 224.

427 Green Waywood Hackworth, Digest of International Law. Washington: 1940, i, p. 401. Carolina Nabuco, A vida
de Joaquim Nabuco. São Paulo, pp. 412–4, cita A. de Lapradelli e N. Politis, L’Arbitrage anglo‑brésitien de 1904, e a crítica
de Paul Fauchille, Le conflit de limites entre le Brésil et la Grande‑Bretagne et la sentence arbitrale du Roi d’Italie. Paris:
1905.

428 Carta de Nabuco ao Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, publicada no nº 30, p. 207 de sua Revista, Bahia:
1905. Mas Paul Fauchille foi incisivo: “Ou lieu de cela la sentence du Roi d’Italie a ouvert à l’Angleterre le système fluvial
de l’Amazone mais a fermé au Brésil celui de l’Essequibo”, op. cit., p. 120.

429 A primeira descrição da borracha, com o uso que dela faziam os indígenas, é de Pedro Mártir de Anghiera na
Historia General y Natural de las Indias, devendo-se porém a La Condamine a sua vulgarização no mundo científico, com
o nome peruano de caúchú (cautchouc). O botânico Aublet, da designação indígena hevé, fez Hevea guayanensis, seu
rótulo científico. Priestley em 1770 inventou (rubber) a aplicação da goma para apagar os traços de lápis, Mac-Intosh
inventou o seu emprego nas roupas impermeáveis, depois que o americano Goodyear lhe deu a notoriedade mundial,
com a “vulcanização” (tratamento pelo enxofre em altas temperaturas), passando a borracha a ser essencial aos meios de
transporte, à condução da eletricidade, às exigências do moderno progresso — matéria-prima de que se tornou faminto o
universo.

430 V. Vicente G. Quesada, Historia diplomática latino‑americana. Buenos Aires: 1920, iii, p. 233. Sobre o mapa da
linha verde e Duarte da Ponte Ribeiro, Castilhos Goycochêa, Fronteira e fronteiros. São Paulo: 1943, pp. 121 e ss. Resume
a controvérsia Cassiano Ricardo, O Tratado de Petrópolis. Rio: 1954, i, pp. 78–9.

431 O General Taumaturgo de Azevedo publicou as suas razões, abrindo a questão, em 1897, Limites entre o Brasil e
a Bolívia, valente opúsculo reeditado em 1953, por motivo do seu centenário de nascimento, pela família.
432 V. Craveiro Costa, A conquista do deserto ocidental. São Paulo: 1940, p. 136.

433 O papel é dado como de 12 de maio de 1899, e o publicou Júlio Rocha, O Acre: Documentos para a história de
sua ocupação pelo Brasil. Lisboa: 1903, p. 25.

434 Leia-se Cláudio de Araújo Lima, Plácido de Castro: Um caudilho contra o imperialismo. São Paulo: 1952, pp. 40 e
ss.; Cassiano Ricardo, op. cit., i, p. 118. Sobre a dollar policy, com o “Roosevelt corollary”, entre a guerra de Cuba e a
abertura do canal do Panamá, v. Pedro Calmon, Brasil e América. Rio: 1943, pp. 92 e ss. (aí a bibliografia essencial). A
Bolívia em épocas passadas (1844, 1858) pretendera desempatar suas divergências com o Brasil na Amazônia
franqueando-lhe a entrada aos norte-americanos, cuja atitude a respeito parecia exposta pelo Tenente Maury, no The
Amazon on the Atlantic Slopes of South America, 1853. Note-se que Eduardo Prado exagerara tais sustos, lembrando a
frase de Grant: os produtos que lhe faltavam, entre estes a borracha, os teriam... “by any means”, Castilhos Goycochêa, O
espírito militar na questão acreana. Rio: 1941, p. 56.

435 V. Castilhos Goycochêa, O espírito militar na questão acreana, p. 51.

436 “Aramayo rechazaba el imperialismo en su sentido de invasión y ocupación armada, pero lo admitía sin cuidado
en sus formas financieras y contractuales”, Augusto Céspedes, El Dictador Suicida: 40 años de Historia de Bolivia.
Santiago: 1956, p. 23.

437 Carlos Carneiro Leão de Vasconcelos, As terras e propriedades do Acre. Rio: 1905, p. 4.

438 Castilhos Goycochêa, Plácido de Castro, o derradeiro bandeirante. Porto Alegre: 1940, p. 26; Araújo Lima, op. cit.
São Paulo: 1942.

439 V. Pimentel Gomes, A conquista do Acre, ed. da Comp. Melhoramentos de São Paulo. São Paulo, pp. 40 e ss.

440 Obras do Barão do Rio Branco, v, p. 17. Transcreve a ata de independência Océlio de Medeiros, Administração
territorial. Rio: 1946, p. 120.

441 Araújo Lima, op. cit., p. 164 (com a respectiva documentação).

442 Artur César Ferreira Reis, A questão do Acre. Manaus: 1936, p. 21; Araújo Lima, ibid., pp. 207 e ss.

443 Araújo Lima, op. cit., p. 210.

444 Que Plácido recebeu mal a intervenção, é a tese do Coronel R. Dias de Freitas, Plácido de Castro e a integração do
território do Acre no Brasil, conferência no Clube Militar, 27 de setembro de 1939 (Fortaleza: 1949). Nega R. Dias de
Freitas que tivesse chegado a sitiar Puerto Rico, ibid., p. 36. Em verdade, colocando-se rio acima, podia cortar a
comunicação com a Bolívia, condenando o adversário a uma luta de morte, para a qual tinha este, todavia, superioridade
de material. A legação em La Paz avisara o governo boliviano da decisão do Presidente Rodrigues Alves de mandar
ocupar o território até a solução do litígio. O modus vivendi de 21 de março de 1903 evitou um choque armado de
imprevisíveis conseqüências, C. Goycochêa, O espírito militar na questão acreana, p. 78. A correspondência publicada por
Araújo Lima, op. cit., p. 241, diz que “com dez horas de tardança não teria evitado o assalto a Porto Rico e, por
conseguinte, sério derramamento de sangue”. Aramayo, na publicação (1903) em que justificou a sua ação em Londres,
diz que Pando levaria a melhor, se não fosse detido pelo modus vivendi, Augusto Céspedes, op. cit., p. 26; Elias Sagárnaga,
Recuerdos de la Campaña del Acre de 1903. La Paz: 1903.

445 Diz Rio Branco na carta a Gastão da Cunha, ao ler a Exposição de motivos o diretor da seção José Antônio de
Espinheiro lhe entregara o mapa de Ponte Ribeiro (1860), ou da “linha verde”, que ele, barão, julgava inexistente. Gastão
da Cunha manteve secreta a retificação, tanto que Rui, no Direito do Amazonas ao Acre setentrional, em 1911, voltou ao
assunto, para aludir ironicamente à “história da linha verde”, como a uma invenção graciosa. Ferido pela reiteração do
erro, Olinto de Magalhães (que nos seus relatórios o invocara, e sabia que Rio Branco achara e conhecia o mapa) escreveu
ao barão em 17 de junho de 1911, e ele respondeu em 22 de julho, justificando-se com a conveniência de não dar maior
publicidade à corrigenda, Olinto de Magalhães, op. cit.

446 Discurso de 6 de setembro de 1900, Obras, xxvii, t. iii, p. 101.

447 Rui, Correspondência, p. 138. Preferia o arbitramento, achando demasiadas as concessões à Bolívia.

448 E um ramal de Vila Murtinho a Vila Bela, abandonado depois, com a queda da exploração da borracha,
substituído (protocolo de 25 de novembro de 1937) pela estrada de ferro de Corumbá a Santa Cruz de la Sierra, Relatório
da Comissão Mista, Rio: 1940, p. 7.

449 Obras do Barão do Rio Branco, v, p. 29. A linguagem é ufana: “Expansão territorial, só agora e com a feliz
circunstância de que, para a efetuar, não espoliamos uma nação vizinha e amiga, antes a libertamos de um ônus”. V.
Cassiano Ricardo, O Tratado de Petrópolis. Rio: 1954, 2 vols.

450 V. Araújo Maia, Plácido de Castro. São Paulo: 1952, pp. 355 e ss. Ao Desembargador João Lago devemos
informações complementares do episódio.

451 Inconformado, o governo do Amazonas recorreu incontinenti ao Judiciário (4 de dezembro de 1904), tanto na
justiça como na imprensa, O Acre setentrional, Reivindicação do estado do Amazonas contra a união ante o Supremo
Tribunal Federal. Rio: 1906; A transação do Acre no Tratado de Petrópolis, polêmica de Rui Barbosa, Rio: 1906,
finalmente em dois tomos, O direito do Amazonas ao Acre setentrional, Rio: 1910. No Congresso, Efigênio Sales
propusera o acordo compensador (1916), então recusado por inoportuno, mas retomado em 1921 (iniciativa do
Deputado Aristides Rocha), agora com a aquiescência do governo estadual, de que resultou, em 1926, a desistência da
ação reivindicatória. A União em troca endossara um empréstimo de 40 mil contos. Voltou o caso à balha na Constituinte
de 1933, foi levado ao estudo de uma comissão arbitral e esta avaliou a indenização em mais de 350 mil contos, Ferreira
Reis, A questão do Acre, pp. 26–7.

452 Leopoldo de Bulhões, discurso no banquete que lhe ofereceram as classes conservadoras, 28 de setembro de 1904,
Augusto de Bulhões, Leopoldo de Bulhões, um financista de princípios. Rio: 1954, p. 268.

453 Convertida em lei, 14 de dezembro de 1904, v. Dídio Costa, Noronha, Rio: 1944, p. 327, a reforma foi pleiteada na
câmara pelo deputado fluminense Laurindo Pita, cujo discurso, transcrito nesse livro, mostrava que quase não tínhamos
esquadra. Foi a voz providencial que despertou a consciência política para o problema do reaparelhamento naval.

454 Carta in Revista do Instituto Histórico, vol. cclvii, p. 224 (só publicada em 1958).

455 Álvaro Lins, Rio Branco, p. 397 (e resposta irônica do barão, com o pseudônimo de Nemo, pelo Jornal do
Comércio).

456 V. Gastão Pereira da Silva, Rodrigues Alves e sua época. Rio, pp. 130 e ss.

457 Revista do Clube de Engenharia, número do centenário. Rio: 1922, p. 80.

458 V. Cidade do Rio de Janeiro, plano de Alfred Agache (com o histórico e os mapas demonstrativos), Paris: 1930;
Recenseamento do Rio de Janeiro, Rio: 1907, p. 42.

459 Cantou-se no carnaval de 1904: “Sem igual no mundo inteiro / Cidade maravilhosa / Salve o Rio de Janeiro”. V.
Raimundo A. de Ataíde, Pereira Passos, o reformador do Rio de Janeiro. Rio, p. 214. Coelho Neto, artigo in A Notícia, 29
de outubro de 1908, e A Cidade Maravilhosa, Rio: 1928.

460 Afrânio Peixoto, Higiene. Rio: 1917, pp. 529–30, 2ª ed.

461 Saudando Oswaldo Cruz na sua recepção acadêmica, disse Afrânio Peixoto: “Este poder absoluto da vontade, em
que acreditais, e que exerceis, é a vossa força, e dela vos veio a glória”, Academia Brasileira: Discursos acadêmicos. Rio:
1935, ii, p. 295. “Esse poder da fé”, louvou Aloísio de Castro, Discursos acadêmicos. Rio: 1936, iv, p. 21. “Não torce nem
quebra”, Rui Barbosa, Oswaldo Cruz. Rio: 1917, p. 25.

462 Ver E. Sales Guerra, Oswaldo Cruz. Rio: 1940, pp. 66 e ss.

463 Olavo Bilac, Crítica e fantasia. Porto: 1904, p. 274.

464 Fócion Serpa, A vida gloriosa de Oswaldo Cruz. Rio: 1937, p. 129.

465 V. discurso de Rui, no Senado, 16 de novembro de 1904, Obras, xxxi, t. i, p. 45. Serve de documento à
incompreensão geral: “O Estado mata, em nome da lei, os grandes criminosos. Mas não pode, em nome da saúde, impor
o suicídio aos inocentes”. Transcreve E. Sales Guerra, Oswaldo Cruz, p. 259, um dos boletins insidiosos: “A verdade
provada pelos fatos é que a vacina propaga a varíola”. O Apostolado positivista adotava a linguagem: “O Código das
torturas foi uma conquista desses médicos [...]. Esse atentado”.

466 Sertório de Castro, op. cit., p. 190 (e aí o resumo, decalcado no noticiário dos jornais, da sublevação das ruas).
467 Obras, xxxi, t. i, p. 58 (referindo-se à denúncia que, às oito da noite, lhe levara o pai de um dos cadetes).

468 Emanuel Sodré, in artigo no Correio da Manhã, Rio: 14 de novembro de 1954.

469 Dantas Barreto, Conspirações. Rio: 1917, pp. 12–3.

470 Ibid., p. 24: “A revoltosa coluna, já desanimada, tinha o aspecto lúgubre”.

471 Ibid., op. cit., p. 27. “Armas atiradas à rua, quase inutilizadas; soldados em marcha violenta, ainda assombrados”.
“Por sua parte os alunos sem chefe, sem direção, sem saberem que fazer [...] retrocederam para a escola”.

472 V. diário de Gastão da Cunha (testemunhando os incidentes ocorridos no Catete), in Rodrigo de M. F. de


Andrade, Rio Branco e Gastão da Cunha, p. 205.

473 Gastão da Cunha, ibid., p. 205. A participação de Afrânio Peixoto, conforme nos comunicou ele, a narramos na
História social do Brasil, iii, p. 241.

474 José Maria dos Santos, A política geral do Brasil. São Paulo: 1930, p. 414.

475 João Varela, Da Bahia do Senhor do Bonfim. Bahia: 1936, p. 81.

476 Pedro Dias de Campos, O espírito militar paulista. São Paulo: 1923, p. 155.

477 Correspondência, coligida por Homero Pires. São Paulo: 1932, p. 144.

478 Otelo Rosa, Júlio de Castilhos, p. 318.

479 Afonso Arinos de Melo Franco, Um estadista da república. Rio: 1955, i, p. 459.

480 A. C. Ferreira Reis, História do Amazonas, p. 260. De Belém dizia Euclides da Cunha, 30 de dezembro de 1904:
“Nunca São Paulo e o Rio terão as suas avenidas monumentais, largas de 40 metros”, Francisco Venâncio Filho, Euclides
da Cunha e seus amigos, p. 141. Sua impressão de Manaus, ibid., p. 144.

481 V. Nelson de Sena, Geografia de Minas Gerais, ed. da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, 1922, p. 283; e O
cinqüentenário de Belo Horizonte, conf., Belo Horizonte: 1948. A Constituição estadual autorizara a mudança da capital
de Ouro Preto para outro sítio, o que foi facilitado pelo funcionamento temporário da Assembléia em Barbacena (onde se
criou, em 1894, a comissão construtora da nova cidade, sob a direção do Engenheiro Aarão Reis). O sucessor deste,
Engenheiro Francisco Bicalho, entregou ao governo, em 12 de dezembro de 1897, as primeiras instalações da Cidade de
Minas (como então se chamou). Teve o nome definitivo de Belo Horizonte por lei de 1o de julho de 1901 — como aliás já
determinara o decreto de 12 de abril de 1890 para o primitivo Arraial de Curral del-Rei. O Presidente Afonso Pena
começou e o Presidente Bias Fortes concluiu o empreendimento enorme, de passar a sede do governo da arcaica Vila Rica
para aqueles arejados lugares — donde, no decurso de meio século, brotou uma das maiores cidades do país.

482 V. 1º Centenário do Conselheiro Antônio da Silva Prado. São Paulo: 1946, p. 101, pass.

483 Afonso d’E. Taunay, História da cidade de São Paulo. São Paulo: 1954, p. 254.

484 Aberta por Joaquim Eugênio de Lima, v. Rocha Azevedo Filho, Um pioneiro em São Paulo. São Paulo: 1954.

485 Ao Dr. Coelho Cintra, diretor do Jardim Botânico, diz C. J. Dunlop, coube a glória de ter sido o realizador do
primeiro sistema elétrico definitivo na América do Sul, para a substituição da tração animal, Apontamentos para a
história dos bondes no Rio de Janeiro, Rio: 1953, p. 195. E Noronha Santos, Meios de transportes no Rio de Janeiro. Rio:
1934, i, p. 409. Em Paris experimentara-se a aplicação da eletricidade a essa espécie de transporte. Os bondes
“americanos” foram pela primeira vez utilizados em Cleveland, em 1884.

486 Leia-se o histórico in Amando e Aquiles de Oliveira Fernandes, A indústria de energia elétrica no Brasil. Rio:
1953, pp. 25–6.

487 Coelho Neto, A capital federal. Rio: 1895, p. 74.

488 Afrânio Peixoto, As razões do coração. Rio: 1925, p. 222.

489 Noronha Santos, op. cit., ii, p. 86.


490 Ibid., i, p. 118. De 473 tílburis em 1866, o movimento caíra a 20 em 1917. E Machado de Assis julgara-os eternos...

491 Joseph Burnichon, Le Brésil d’aujourd’hui. Paris: 1910, p. 116.

492 Luís Edmundo, Recordações do Rio antigo. Rio: 1950, p. 167.

493 Epístola, Poesias completas. Madri: 1952, p. 831.

494 Sobre o papel decisivo de Francisco Sales na “construção” da candidatura mineira, Daniel de Carvalho, Capítulos
de memórias. Rio: 1957, p. 42; Afonso Arinos, Um estadista da república, ii, pp. 462–3.

495 Sobre as peripécias da candidatura de Rui lançada por José Marcelino e pelo “bloco” por este inspirado, Maria
Mercedes Lopes de Sousa, Rui Barbosa e José Marcelino, Rio: 1950, p. 77. Praticamente foi a situação baiana quem deu a
vitória ao nome mineiro.

496 João Pinheiro, Carlos Peixoto, preferiam Sales; Bias Fortes achava que devia ser Sales ou Afonso Pena; Sales
recusou com firmeza, indicando Pena. V. Caio Nelson de Sena, João Pinheiro da Silva. Belo Horizonte: 1941, p. 92.
Desistira Bernardino a 16 de agosto, v. Tavares Pinhão, Bernardino de Campos. Ribeirão Preto: 1941, p. 96.

497 V. documentos citados por Maria Mercedes Lopes de Sousa, op. cit., pp. 97 e ss. V. também Sertório de Castro,
ibid., pp. 217–9; Ciro Silva, Pinheiro Machado, pp. 128–9. Rui, em carta a Azeredo, 19 de abril de 1905, rebelara-se contra
o lançamento do nome de Campos Sales por Pinheiro, Correspondência, p. 151. Joaquim Murtinho, no discurso dito no
banquete oferecido a Afonso Pena, salientou a vitória da tese de que o presidente não tinha o direito de fazer sucessor (e
em 1929 Lindolfo Collor — discurso de 20 de setembro — recordou estas palavras, Aliança liberal, Rio: 1930, p. 59).

498 Generoso Ponce Filho, op. cit., p. 405.

499 Ibid., p. 419. Exclui-se a culpa dos chefes vencedores, porque o crime se deu no imprevisto de uma sortida,
ignorando a escolta de “provisórios” que atirava em Antônio Pais de Barros.

500 Dantas Barreto, Expedição a Mato Grosso.

501 Generoso Ponce, ibid., cap. 16, “A intervenção frustrada”. Explicou Rui, respondendo em 1913 a João Luís Alves,
que se opusera ao pedido (constante da mensagem presidencial) para a apuração de responsabilidades mediante
intervenção federal, com a nomeação de interventor, Comentários à Constituição Federal, ed. de H. Pires. São Paulo:
1932, i, p. 194. Pela primeira vez se falava de interventor. V. Ernesto Leme, A intervenção federal nos estados. São Paulo:
1930, p. 201; e Pedro Calmon, A intervenção federal. Rio: 1936, p. 119. Fausto Cardoso, na câmara — o que não deixa de
ser curioso — defendera a intervenção e o interventor, que deveria cumpri-la, Carlos Maximiliano, Comentários à
Constituição brasileira, pp. 196–7.

502 Mário Cabral, Roteiro de Aracaju. Aracaju: 1948, pp. 254–5. V. João Luís Alves, Trabalhos parlamentares. Rio:
1923, p. 58 (parecer da Comissão de Justiça da câmara favorável à intervenção federal, conforme consulta do governo);
Afonso Arinos, op. cit., ii, p. 517.

503 V. documentação in Miguel Calmon, Fatos econômicos. Rio: 1913, p. 370. O plano fora de Alexandre Siciliano.
Sobre o episódio, Afonso d’E. Taunay, Pequena história do café no Brasil. Rio: 1945, pp. 295 e ss.

504 Leia-se René Gonnard, Histoire des doctrines économiques. Paris: 1947, p. 484. Observa Henry William Spiegel,
“with these measures Brazil assumed the role of pioneer in the field of raw material control”, The Brazilian Economy.
Filadélfia: 1949, p. 172. O congresso cafeeiro de países produtores reunido em 1902 em Nova York tinha estabelecido um
“cartel de preços” análogo ao que se criou em Taubaté, Andreas Sprecher von Bernegg, Plantas tropicais e subtropicais na
economia mundial, Rio: 1938, p. 308.

505 Parecer da comissão de finanças da câmara, Serzedelo Correia, 16 de novembro de 1908, Documentos
parlamentares, Valorização do café, Rio: 1915, ii, p. 5.

506 Miguel Calmon, op. cit., p. 175. Realmente os preços subiram em 1911–2 de 238% sobre os de 1907–8, Von
Bernegg, op. cit., p. 308. “Com isto o primeiro negócio da valorização foi bem sucedido”. Justifica-o H. E. Jacob, Biografia
del caffè. Milão: 1936, p. 324.

507 H. E. Jacob, Biografia del caffè, p. 327.

508 É quando o imperialismo colonial (digamos com Hauser) se integra no nacionalismo. Em 1898 pouco faltou para
ingleses e franceses se baterem no alto Nilo (Fachoda): cederam estes, v. Georges Hardy, La politique coloniale et le
partage de la terre. Paris: 1937, p. 242; L. Genet, L’Europe contemporaine. Paris: 1951, p. 457. O imperador da Alemanha
desembarcou em Tânger (1905) manifestando o seu interesse pelo “controle” marroquino: quase a guerra com a França...
Esta já se aliara à Inglaterra e ia formar com a Rússia a Tríplice Entente, em clara prevenção da luta, antevista e imensa.

509 Leia-se sobre o novo imperialismo americano, Samuel Flagg Bemis, La diplomacia de Estados Unidos en la
América Latina, trad. T. Ortiz. México: 1944, p. 133. Quanto à oposição de teses, em 1904, pan‑ ‑americanismo e
pan‑iberianismo, Dunshee de Abranches, Brazil and the Monroe doctrine. Rio: 1915, p. 62. O Brasil fora o primeiro a
aplaudir a doutrina de Monroe, consagrando-lhe o novo palácio..., John Bassett Moore, Principles of American
Diplomacy. Nova York: 1918, p. 414.

510 Álvaro Lins, Rio Branco, p. 456.

511 Euclides da Cunha, Contrastes e confrontos, p. 415, fala da “feição gravíssima” da “guerra iminente”, achando
errado o envio de tropas para o Purus. As dificuldades militares desse movimento iriam inspirar, como diremos, a
renovação do exército no governo de Afonso Pena. Valia a experiência...

512 Euclides da Cunha escreveu Peru versus Bolívia, Rio: 1939, 2ª ed.

513 Dunshee de Abranches, Rio Branco e a política exterior do Brasil, ii, p. 248.

514 Ver H. D., Ensayo de historia patria. Montevidéu: 1923, p. 796.

515 V. Heitor Lira, História diplomática e política internacional. Rio: 1941, pp. 140 e ss.

516 A apologia dessa política foi feita em termos encomiásticos por Artur Orlando, Pan‑Americanismo, Rio: 1906, p.
41: organizaria a vida econômica como em dado momento o Cristianismo organizou a vida religiosa internacional...

517 Álvaro Lins, ibid., p. 517. O desertor apareceu seis meses depois em Buenos Aires. Leia-se também Raul Rio
Branco, Reminiscências do Barão do Rio Branco, Rio: 1942, p. 195.

518 Otávio Brito, O monroísmo e a sua nova fase, citado por João Cabral, Sociedade Brasileira de Direito
Internacional, anuário de 1934– 35, p. 21. Não se esqueça que a Alemanha desgostara os Estados Unidos com a simpatia
pela Espanha na guerra de Cuba, ao tempo em que deles se acercava a Inglaterra, renunciando às intervenções armadas
no continente.

519 A primeira manifestação americanista de Rio Branco foi em 1903, quando o ministro argentino Drago formulou
a doutrina contra a cobrança pela força de dívidas internacionais (caso da agressão à Venezuela): ficava com o
pensamento dos Estados Unidos (telegrama de 18 de março, citado por Álvaro Lins, ibid., p. 490). Era o começo de sua
vitória sobre o Bolivian Syndicate, que aniquilou a peso de dinheiro — com a benevolência do State Department.

520 Sertório de Castro, op. cit., p. 225. V. a retificação de Daniel de Carvalho, Capítulos de memórias, p. 76; e antes,
Diário de Notícias, Rio: 24 de outubro de 1954.

521 Destacou-se Campista na defesa da Caixa de Amortização, “monumental”, Pedro Rache, Homens de Minas, Rio:
1947, p. 124. Sobre o seu perfil parlamentar, v. Antônio Gontijo de Carvalho. Ensaios biográficos. São Paulo: 1951, p. 153.

522 A nomeação do ministro baiano de 27 anos serve de exemplo à independência com que Pena organizou o
gabinete, resistindo à política dos estados que bafejava os respectivos leaders, cf. Maria Mercedes Lopes de Sousa, op. cit.;
e In memoriam, Miguel Calmon: Sua vida e sua obra. Rio: 1936, p. 30 (livro de nossa autoria).

523 Antônio Gontijo de Carvalho, Ensaios biográficos, p. 179.

524 Jardim da infância, apelido dado por Augusto de Freitas, discurso na câmara, 20 de maio de 1907. Afonso Arinos,
ibid., ii, p. 481.

525 Sobre a ligação de São Paulo ao Paraná, em 1899, v. Ernesto Sena, O Paraná em estrada de ferro. Capital Federal:
1900, p. 90.

526 V. Euclides da Cunha, A margem da história. Porto: 1922, pp. 130–43; In memoriam, Miguel Calmon, p. 40;
Fernando de Azevedo, Um trem corre para o Oeste. São Paulo: 1950, pp. 308 e ss.

527 V. Roquette-Pinto, Rondônia. São Paulo: 1935, pp. 53 e ss., 3ª ed.; Amílcar de Magalhães, Impressões da
Comissão Rondon (com o histórico das expedições), Rio; Missão Rondon, Apontamentos sobre os trabalhos realizados
pela comissão de linhas telegráficas..., Rio: 1916.

528 Nome proposto por Roquette-Pinto, em 1915 (zona entre os rios Juruena e Madeira), op. cit., p. 17.

529 V. Alfredo Lisboa, “Portos do Brasil”, in Dicionário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 1922, i, pp. 560
e ss.

530 Criou a Caixa de Conversão a lei nº 1.565, de 6 de dezembro de 1906. V. a crítica de Leopoldo de Bulhões, in
Augusto de Bulhões, op. cit., p. 354.

531 Combatendo a criação da Caixa, lembrava Bulhões o erro de se aplicar o fundo de garantia do papel-moeda (lei
de 1899) em fundo de resgate, que valorizava indiretamente o meio circulante. Deslastrava as emissões, a que o governo
recorria em face dos seus gastos excessivos que consumiram, além disto, em quatro anos, empréstimos no valor de 60
milhões esterlinos. O custo do progresso!

532 V. Álvaro Lins, Rio Branco, ii, p. 563; Luís Viana Filho, A vida de Rui Barbosa, pp. 337 e ss. Sobre a assembléia da
Haia, E. Lemonon, La Seconde Conférence de la Paix; Bustamante, 2ª Conferencia de la Paz en el Haya. Virgínia Cortes
de Lacerda e Regina Monteiro Leal, Rui Barbosa em Haia. Rio: 1957.

533 Álvaro Lins, ibid., ii, p. 565; Viana Filho, ibid., p. 342; de Rui, A Conferência de Haia, dois autógrafos, ed. da Casa
de Rui Barbosa. Rio: 1952.

534 Sobre o duelo verbal de Rui e Martens, o delegado russo, v. Alberto d’Oliveira, Memórias da vida diplomática.
Paris-Lisboa: 1926, p. 80.

535 La guerre des Balkans et l’Europe. Paris: 1914, p. 385.

536 Citado por Rodrigo Otávio, Minhas memórias dos outros, nova série, p. 313.

537 V. de Rui, Novos discursos e conferências, p. 236.

538 Leia-se, de 1914, Fulleton, Problems of Power, pp. 246–7, sobre a possível partilha das influências entre a
Alemanha, a Inglaterra e os Estados Unidos. No prefácio a A. Chéradame, O plano pangermanista desmascarado, Paris:
1917, p. 20, cita Graça Aranha o Discurso do Kaiser, de 1896, lembrando a dimensão mundial do império; e colige as
referências alemãs à América do Sul, de Tannenberg, Sievers, J. Ludwig, Funke, Lange, Libert, etc. Também Charles
Andler, Le Pangermanisme. Paris: 1915, pp. 34–6.

539 Leia-se, Teodorico Lopes e Gentil Torres, Ministros da Guerra do Brasil. Rio: 1946, p. 155.

540 Despacho de Rio Branco, citado por Álvaro Lins, ibid., p. 594.

541 Leia-se a resposta de Rui Barbosa a Zeballos, discurso no Senado, 21 de outubro de 1908 (Boletim da Soc. de Dir.
Bras. de Dir. Int., janeiro–dezembro de 1949).

542 O regozijo uruguaio pelo tratado consubstanciou-se no nome de Rio Branco, dada à Villa Artigas, departamento
de Cerro Largo, no de Avenida Brasil, a uma das artérias de Montevidéu, e no monumento (escultor, Paulo Mañé) que lhe
perpetua a imagem nessa capital. Em janeiro de 1910 a Argentina subscreveu com o Uruguai o protocolo sobre a
jurisdição das águas do Prata, que era da sua parte a colaboração na política do cordial vizinho. Tem esta o símbolo,
quanto ao Brasil, no caso extraordinário da união de Santana do Livramento (1857) e Rivera, único, talvez, de uma
fronteira sem vestígios materiais, a dividir a mesma cidade, como se a regesse delicado acordo de condomínio urbano,
sem alfândega nem polícia, espontâneo.

543 José Enrique Rodó, El Mirador de Próspero. Montevidéu: 1944, i, p. 199.

544 Alberto de Faria, conferência na Academia Brasileira, 30 de agosto de 1930 (V. cap. 26, “O período inquieto”,
nota 15, p. 197).

545 Pedro Rache, Homens de Minas, pp. 86–7.

546 Paulo Tamm, João Pinheiro. Belo Horizonte: 1947, p. 193.

547 Narra Medeiros e Albuquerque aspectos curiosos da excitação que, em 1908, começava a invadir o exército,
levando alguns grupos a atos de violência, após sessões secretas do Clube Militar..., Minha vida, ii, p. 40.

548 Reminiscências de Lauro Müller, que nos comunicou Edmundo da Luz Pinto.

549 Rui, Correspondência, p. 207.

550 Ibid., p. 189. “Não é mistério para ninguém que Pinheiro Machado resistiu à candidatura do marechal”. Gilberto
Amado, Grão de areia e estudos brasileiros. Rio: 1948, p. 190.

551 Rui, ibid., p. 192.

552 Ibid., p. 202. Respondendo ao presidente, e em estrondosa entrevista ao repórter de O País, Bias Fortes lhe negou
o direito de ter candidato. E este pronunciamento destruiu a candidatura de David Campista.

553 Tavares de Lira, Presidente Afonso Pena; Afonso Arinos, Um estadista da república, p. 597; José Vieira, A cadeia
velha.

554 Afonso Arinos, op. cit., p. 598.

555 Ibid., p. 600. Por 142 votos a câmara negou a renúncia, que Peixoto declarou irrevogável a 18 de maio.

556 Luís Viana Filho, A vida de Rui Barbosa, p. 363.

557 Hermes da Fonseca Filho, Pinheiro Machado. Rio, p. 67.

558 Foi a tese de vários médicos, e David Campista, em resposta a pergunta de Rui, a 18 de junho de 1909: “A
moléstia [...] foi consideravelmente agravada por padecimentos morais”. “Sob a ação de choques morais sucessivos”,
informou na mesma data Miguel Calmon, Rui Barbosa, Correspondência, pp. 210–1. Boa para a campanha eleitoral, a
afirmação foi acolhida com reserva. Espírito temperado nas lutas políticas, não tombaria com a crise que se processava
lentamente. Além disto a proclamação da candidatura do marechal é de 22 de maio e faleceu a 14 de junho. Barbosa Lima
rompera o movimento de desagravo, gritando na câmara (a 15 de junho): “Sucumbiu aos golpes traiçoeiros da perfídia
partidária (apoiados e não apoiados)”, Afonso Arinos, ibid., p. 608.

559 Conta-nos Edmundo da Luz Pinto, que um popular nesta ocasião bradou: “Êta presidente científico!”. Foi o
adjetivo pitoresco que lhe veio à cabeça, na féerie do teatro novo...

560 João Mangabeira, Rui: O estadista da república, p. 125; Luís Viana Filho, op. cit., p. 368.

561 Carta a Glicério e Azeredo, v. Fernando Néri, op. cit., p. 133.

562 Discurso no Teatro Lírico, Rio: 15 de julho de 1909, F. Néri, ibid., p. 133.

563 Rui Barbosa, Plataforma apresentada na sessão pública no politeama baiano, na noite de 15 de janeiro de 1910.
Continuava presidencialista por não parecer ainda oportuna a revisão neste ponto, ibid., p. 25.

564 V. Rui, O Sr. Rui Barbosa, no Senado, responde às insinuações do Sr. Pinheiro Machado. Rio: 1915, p. 41.

565 Seguimos neste passo a informação que nos deu o Almirante Álvaro Alberto (que ultimamente foi benemérito
presidente do Conselho Nacional de Pesquisas), ferido ao lado do seu comandante.

566 José Carlos de Carvalho, O livro de minha vida. Rio: 1912, p. 360; Dantas Barreto, Conspirações, p. 169; H.
Pereira da Cunha, A revolta na esquadra, 1953.

567 Sobre a atitude de Rui, Luís Delgado, Rui Barbosa. Rio: 1945, p. 73. V. descrição do terror pânico que houve na
cidade, Maurício de Lacerda, discurso de 2 de outubro de 1912, Anais da câmara, xi, pp. 164–5 (sessões de 1–15 de
outubro de 1912); Sertório de Castro, A república que a revolução destruiu, pp. 264–5; Dantas Barreto, op. cit., p. 175. A
ordem em branco, de Batista Leão, é documento do arquivo de Adir Guimarães, Rio.

568 Rui, discurso de 24 de novembro de 1910, in J. C. de Carvalho, O livro de minha vida, p. 392.

569 Sílvio Romero e Artur Guimarães, Estudos sociais. Lisboa: 1911, pp. 27–8. V. Dantas Barreto, op. cit., p. 203;
Edmar Morel, A Revolta da Chibata. Rio: 1959.

570 Leia-se o que de Pinheiro, e sua intimidade, e sua influência diz Gilberto Amado, Mocidade no Rio e primeira
viagem à Europa. Rio: 1956, pp. 116 e ss.

571 O Supremo Tribunal, a propósito da dualidade de câmaras em Sergipe, em 1895, declarara que neste caso,
nitidamente político, competente para o considerar era o Congresso, Carlos Maximiliano, Comentários à Constituição
brasileira. Rio: 1929, p. 171.

572 Sertório de Castro, op. cit., p. 269.

573 Carlos Maximiliano, Comentários à Constituição, p. 782. Rui exprobrou a exorbitância chamando-lhe “ditadura
do Executivo”, discurso de recepção no Instituto dos Advogados, 18 de maio de 1911, Discursos e conferências, p. 292.

574 Jorge Hurley, História do Brasil e do Pará. Belém: 1938, p. 570.

575 Aníbal Freire, Rosa e Silva, pp. 30 e ss.; José Maria Bello, Memórias. Rio: 1958, p. 72.

576 V. Antônio Moniz, A Bahia e os seus governadores na república. Bahia: 1923, pp. 398 e ss.

577 Antônio Moniz, A Bahia e os seus governadores na república, p. 421; José de Sá, O bombardeio da Bahia e seus
efeitos. Bahia: 1918, p. 366.

578 Alberto de Faria, Revista da Academia Brasileira, xxxiv, 1930, p. 16; Rodrigo Otávio, Minhas memórias dos
outros, nova série, p. 210. Sobre a apoteose dos funerais, Constâncio Alves, Figuras. Rio: 1921, p. 138.

579 Artur Neiva, Daqui e de longe. São Paulo, p. 18.

580 Pinheiro reprovara a brutalidade. Quem a ordenara? Falou-se de telegrama, do Catete para o General Sotero,
assinado, com proposital ambigüidade, M. Hermes. Mário Hermes? O fato é que o marechal, conta Setembrino de
Carvalho, Memórias, p. 107, concordou: e ao ser interrogado, disse: “O Forte de São Marcelo já está bombardeando o
palácio”. Do Ministério da Guerra (continua Setembrino) é que não partiu a ordem, ibid., p. 108.

581 V. José de Sá, ibid., p. 420. Até no caso da indenização pelos danos do bombardeio, o Supremo Tribunal,
mudando de jurisprudência, foi contra a União. Responsabilizou-a. Julgara improcedente a ação dos particulares lesados
no bombardeio de Manaus. Entendia agora cabível, pois o da Bahia fora ordenado pelo inspetor da Região, por ordem
do... presidente da república, Hermenegildo de Barros, Memórias do juiz mais antigo do Brasil. Rio: 1942, i, p. 132.

582 Sertório de Castro, op. cit., p. 289; Costa Porto, Pinheiro Machado e seu tempo, p. 168; Pedro Dias de Campos, O
espírito militar paulista, p. 165; Rui Barbosa, Discurso no Senado em resposta às insinuações, p. 42.

583 Rodrigo Soares Júnior, Jorge Tibiriçá e sua época. São Paulo: 1958, ix, p. 502.

584 Rui, discurso citado, p. 49.

585 V. Setembrino de Carvalho, Memórias, p. 100; J. Pio de Almeida, Borges de Medeiros, p. 75; Sertório de Castro,
op. cit., p. 291.

586 Craveiro Costa, História de Alagoas. São Paulo, p. 166. Os Maltas governaram desde 1900, com Euclides, que em
1903 se fez substituir pelo irmão Joaquim Paulo, retornando ao poder em 1906 e reelegendo-se para o triênio, de 9 a 12. O
candidato dos Maltas, Natalício Camboim, num acordo que ficou anedótico (“acordo de Camboim”, sinônimo de
capitulação ingênua), retirou-se, facilitando a eleição tranqüila do Coronel Clodoaldo.

587 Teodoro Braga, História do Pará. São Paulo, p. 125.

588 Dantas Barreto, op. cit., p. 208.

589 V., sobre a conduta de Pinheiro, Gilberto Amado, Mocidade no Rio e primeira viagem à Europa. Rio: 1956, pp.
395 e ss.

590 Eusébio de Sousa, História militar do Ceará, p. 306.

591 Anais da Câmara dos Deputados, v, p. 520 (discurso de Agapito dos Santos), sessões de 1–12 de julho de 1912.

592 Sobre a situação da zona de que tratamos, Gustavo Barroso, Almas de lama e de aço. São Paulo: 1930, pp. 25 e ss.;
Irineu Pinheiro, O Cariri. Fortaleza: 1950, p. 190. A sedição foi preparada no Rio, cf. Rodolfo Teófilo, A sedição de
Juazeiro, p. 37, Barroso, ibid., p. 18. Leia-se, de Fran Martins, Mundo perdido, romance. Rio: 1940, pp. 161 e ss.
593 V. Fernandes Távora, O Padre Cícero, in Revista do Instituto do Ceará, 1943, lvii, pp. 268 e ss.

594 Cangaço, grupo, ou ofício de valentões, pode ser derivado de encangar, canga, ou jugo, na acepção de laço entre
eles, para a proeza... Cangaceiro (termo dicionarizado por Cândido de Figueiredo na sua nova edição), este é
brasileirismo. O sentido reponta dos versos de 1914: “Querendo andar no cangaço / Até sou bom cangaceiro” (Leonardo
Mota, Violeiros do Norte. São Paulo: 1925, p. 184). Aparece a palavra em O Cabeleira, de Franklin Távora, p. 198.
Euclides, Os sertões, p. 190 da 22ª ed.: cangaço, complexo de armas.

595 O entrincheiramento de Juazeiro estendeu-se à volta da povoação num raio de três léguas, com o fosso adiante, e
o parapeito à guisa de muro, com as frestas adequadas às espingardas... V., sobre a luta, Irineu Pinheiro, O Juazeiro do
Padre Cícero e a Revolução de 1914. Rio: 1938.

596 V. Campos de Medeiros, Lutas pela pátria, pp. 46–7.

597 Setembrino de Carvalho, Memórias, pp. 122–3; v. Eusébio de Sousa, op. cit., pp. 307–9; Costa Porto, op. cit., p.
175. O sítio foi declarado para o Ceará e preventivamente para a capital federal, onde bom número de oficiais apoiava o
camarada governador.

598 Setembrino, ibid., p. 123. O presidente do Rio Grande do Sul em conceituoso telegrama aplaudiu a intervenção,
Hermes da Fonseca Filho, Pinheiro Machado. Rio, p. 84. Mas o dever do governo federal era manter o governo estadual
que lhe pedisse o auxílio, Carlos Maximiliano, Comentários à Constituição, p. 175.

599 Fernando Magalhães, O centenário da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Rio: 1932, p. 164.

600 Augusto Bulhões, Leopoldo de Bulhões, pp. 404–5: “E tivemos um encilhamento embora em menores proporções
do que o anterior”: palavras do Senador Bulhões, 27 de agosto de 1915. Leia-se também Raul Alves, História política dos
governos da república. Rio: 1927, p. 187.

601 Às afirmações amargas de Bryce no seu livro South America, respondeu Salvador de Mendonça, Situação
internacional do Brasil, p. 57.

602 Dantas Barreto, Conspirações, p. 215.

603 Ibid., p. 220.

604 Respondendo a Pinheiro no ano seguinte, Rui lhe recordou o veto dos dois grandes estados, O Sr. Rui Barbosa,
no Senado, responde às insinuações do Sr. Pinheiro Machado, p. 5; v. também Sertório de Castro, op. cit., pp. 324 e ss.
Habilmente, os mineiros (por sugestão de Bias Fortes) responderam a Pinheiro, que o preferiam na presidência do seu
grande partido...

605 V. Manifesto da Grande Convenção Racional de 26 e 27 de julho de 1913, Rio: 1913; em anexo, Rui Barbosa,
Programa do Partido Republicano Liberal.

606 Raimundo de Meneses, Emílio de Meneses: O último boêmio. São Paulo: 1946, p. 228.

607 “Um homem houve que solveu essa tensa situação: Sabino Barroso”, J. P. Calógeras, Formação histórica do Brasil,
p. 467.

608 Rui (em São Paulo), Campanha presidencial, p. 201.

609 Rui Barbosa, Discurso no Senado, em resposta às insinuações de Pinheiro, p. 29: “Esperanças no novo governo”.

610 Elísio de Araújo, Através de meio século, p. 256.

611 Rui sustentou a legitimidade do habeas‑corpus, discurso de 28 de janeiro de 1915, in Comentários à Constituição
Federal Brasileira, organizados por Homero Pires, v, p. 514, e ainda noutras sessões do Senado, Revista do Supremo
Tribunal Federal, iii, nº 1.

612 Costa Porto, op. cit., p. 211.

613 V. as confissões do criminoso, Xavier de Oliveira, O magnicida Manço de Paiva. Rio: 1928, pp. 162–3. Na prisão,
mais tarde, dizia ele a este médico: “Pena é que não apareça um outro doido que mate o Epitácio, já que eu não posso sair
daqui”, ibid., p. 185. Intoxicava-se de leitura de jornais...
614 V. General Abílio de Noronha, Narrando a verdade. São Paulo: 1924, p. 16. O candidato dos sargentos à
presidência da república era o General Dantas Barreto, Maurício de Lacerda, Entre duas revoluções. Rio: 1927, p. 44
(respondendo ao General Abílio). Confirma essa “tentativa de revolução parlamentarista”, Campos de Medeiros, Lutas
pela pátria, p. 65.

615 Pedro Cavalcanti, A presidência Venceslau Brás, 1914–1918. Rio: 1918, p. 7 (e aí a síntese histórica do
quatriênio). Do mesmo autor, O perfil de um grande estadista da república, Dr. Venceslau Brás. Rio: 1956.

616 V. o resumo da questão in Romário Martins, História do Paraná, pp. 508 e ss.; Enéas Marques, Generoso
Marques, pp. 77 e ss. O litígio fora aberto em 1891, quando Santa Catarina propôs que se fixasse a fronteira na linha Rio
Negro–Iguaçu: o projeto foi arquivado no Congresso Nacional. Ambos os estados aceitariam o laudo arbitral de Manuel
Vitorino. Fracassou o acordo porque o presidente do Supremo Tribunal, Olegário de Aquino e Castro, entendeu que a
esta corte faltaria competência para homologá-lo. Daí a ação intentada, e ganha em 1904 por aquele estado, mas com tal
abalo da opinião, que a sentença não chegou a ser executada. Substituiu-a o acordo final de 1916, como diremos, sob os
auspícios do Presidente Venceslau Brás. Sobre a tentativa de emancipação da zona com o nome de Estado das Missões, v.
Cleto da Silva, Acordo Paraná–Santa Catarina. Curitiba: 1920.

617 Como os dois estados requisitaram a intervenção federal, e em verdade o banditismo do Contestado os desafiava
a ambos, não se pôde dizer que atrás dos rebeldes estivessem agentes do governo. Nas Memórias, o General Setembrino
declara não ter achado vestígio disto, op. cit., p. 137. Os adversários dos chefes locais engrossavam as hordas dos
fanáticos, Osvaldo R. Cabral, Santa Catarina, pp. 388–9. Leia-se Brasil Gerson, Pequena história dos fanáticos do
Contestado. Rio: 1955, p. 9.

618 Osvaldo R. Cabral, op. cit., p. 386; Major Ávila da Luz, Os fanáticos: Crimes e aberrações. Florianópolis: 1952, p.
91; Gastão Goulart, Verdades da Revolução Paulista. São Paulo: 1933, pp. 282–3.

619 V. Campanha do Contestado: Episódios e impressões. Rio: 1916, p. 129.

620 Setembrino de Carvalho, Memórias, pp. 141 e ss. V. do mesmo general, Relatório, Rio: 1916, e A pacificação do
Contestado, Rio: 1916; Herculano Teixeira d’Assunção, A Campanha do Contestado. Belo Horizonte: 1917, 2 vols.

621 Setembrino de Carvalho, op. cit., p. 154.

622 Discurso do Senador Generoso Marques, 26 de julho de 1917.

623 Ministério das Relações Exteriores, Guerra da Europa, Documentos diplomáticos, Atitude do Brasil. Rio: 1917, p.
5.

624 Decretos de 12 e 24 de agosto de 1914 (Grã-Bretanha e Alemanha, Japão e Alemanha), de 10 de março de 1916
(Portugal e Alemanha), de 29 de agosto de 1916 (Itália e Alemanha).

625 V. Pacífico Pereira, Conferências. Bahia: 1915, p. 20. Daquela filosofia truculenta (sic) deu Rui o resumo na
conferência de Buenos Aires, de 1916, A Grande Guerra, ed. de F. Néri. Rio: 1932, p. 34.

626 Miguel Calmon, In memoriam, p. 55; e A Defesa Nacional, Rio: 1o de agosto de 1915. Do outro lado, Dunshee de
Abranches advertia, A ilusão brasileira, Rio: 1917.

627 V. oração in Últimas conferências e discursos, p. 175. Miguel Calmon foi em verdade o criador da Liga. Bilac
dizia ter sido de Afonso Arinos o primeiro grito, pref. a Lendas e tradições brasileiras, de Arinos, Rio: 1917, p. 3.

628 Conferência na Faculdade de Direito de São Paulo, 9 de outubro de 1915, op. cit., p. 121. Para o cotejo de idéias
leia-se Miguel Couto, O ideal da paz e a Defesa Nacional. Rio: 1915.

629 V. A Defesa Nacional, Rio: 10 de novembro de 1916.

630 Rui Barbosa, A Grande Guerra, p. 56, edição de F. Néri.

631 O Embaixador Luís de Sousa Dantas, então subsecretário do Exterior — nos referiu a surpresa que lhe causou a
conferência de Rui, com a qual não contava. É claro que a escrevera no Rio, fora vertida a espanhol pelo Ministro Manuel
Bernardez, e se destinava a assinalar a inconformidade do sentimento jurídico do continente com a neutralidade tímida
dos governos. Rui explicou os fatos no discurso do Teatro Municipal, 17 de setembro de 1916, A Grande Guerra, p. 91, e a
eles voltou nas orações de Petrópolis, em 7 de março de 1917, e de São Paulo, 4 de abril de 1919.
632 V. A Defesa Nacional, de 10 de abril de 1916.

633 Sobre a evolução da atitude dos Estados Unidos, v. nosso Brasil e América, p. 117 (citando Victor Giraud, David
Jayne Hill...). Foi um dos motivos da decisão a política secreta da Alemanha em relação ao México, surpreendida pelo
Intelligence Service: a “Zimmerman Note”. V. também Harley Wolter, The Origins of the Foreign Policy of Woodrow
Wilson. Baltimore: 1932, p. 621; P. S. Martin, Latin America and the War, 1925; L. T. Hill, Diplomatic relations between
the u. s. and Brazil, 1932; Harold E. Davis, The Americas in History, p. 676.

634 V. documentos na citada publicação oficial do ministério, A guerra da Europa, p. 18. A nota de protesto à
Alemanha contra a agressão submarina fora devidamente enérgica, reconheceu-se na Europa (Afonso Celso, recebendo
na Academia Lauro Müller, Discursos acadêmicos, Rio: 1935, iii, p. 234). Rui procurou provar a insegurança da ação do
ministro, na oração de 1919, em São Paulo, Esfola da calúnia, pp. 194–6: aí o histórico destes fatos. Francisco Sá, na
convenção de 25 de fevereiro de 1919, proclamou: “A política da guerra não estava vencedora nem no Congresso, nem no
governo”; foi Rui quem triunfou com ela nas ruas. E Medeiros e Albuquerque na imprensa, Minha vida. Rio: 1934, ii, p.
151.

635 Além do citado livro do Itamaraty, Oto Prazeres, O Brasil na Guerra. Rio: 1918, pp. 61 e ss.

636 Cerca de cem médicos partiram em 18 de agosto de 1918, v. Leonídio Ribeiro, Ensaios e perfis. Rio: 1954, p. 455.

637 Novos discursos e conferências, pp. 381 e ss.

638 Rui Barbosa, ibid., p. 391.

639 Últimas conferências e discursos, p. 48.

640 Bilac, ibid., p. 57.

641 Paulo Nogueira Filho, Ideais e lutas de um burguês progressista. São Paulo: 1958, i, p. 75. O programa da Liga
Nacionalista foi retomado em 1926 pelo Partido Democrático, ibid., i, p. 154.

642 Carlos Seidl, A propósito da pandemia de gripe em 1918. Rio: 1919, p. 16. As grandes cidades (Paris, Londres,
Nova York, Madri) não puderam evitar a visita da influenza maligna, chamada “espanhola”, pela publicidade dada aos
seus estragos na Península.

643 Afrânio Peixoto, Um século de cultura sanitária, pp. 84–5.

644 Evaristo de Morais Filho, O problema do sindicato único no Brasil. Rio: 1952, p. 201. V. as impressionantes
reminiscências de Joaquim Pimenta, Retalhos do passado, e de Alice Pimenta, Encruzilhada de destinos. Rio: 1957.

645 Maurício de Medeiros, Outras revoluções virão... Rio: 1932, p. 62.

646 Domício da Gama, Ministro do Exterior, mostrara a má vontade do Itamaraty, com a vária do Jornal do
Comércio, de 24 de janeiro, em que se propalava que as delegações seriam presididas pelos respectivos chanceleres.
Debalde Rodrigues Alves e Delfim dirigiram a Rui um convite cheio de respeito e — quanto ao primeiro, embebido de
sinceridade. Em resposta que logo teve a sua versão francesa, Rui se negou a aceitar, v. Centenário do Conselheiro
Rodrigues Alves, ii, p. 438, Sertório de Castro, ibid., p.; Rui, Esfola da calúnia. Rio: 1933, pp. 243 e ss.; Campanha
presidencial, Obras, xlvi, t. i, p. 35.

647 Entrevista ao Correio do Povo, Rui, Campanha presidencial, Bahia: 1919, p. 11.

648 Laurita Pessoa Raja Gabaglia, Epitácio Pessoa. Rio: 1951, p. 332.

649 Epitácio Pessoa, Pela verdade. Rio: 1925, p. 43. “Foi idéia que jamais me passou pela mente”. Surpreendeu-o o
telegrama de 25 de fevereiro, em que a mesa da Convenção lhe comunicou a escolha. Deram-lhe na Convenção 139 votos
e a Rui 42, v., deste, Campanha presidencial, Rio: 1919, pp. 23 e ss.

650 V. Campanha presidencial, Obras, xlvi, 1956, 2 tomos. É a fase culminante do orador pela majestade verbal dessas
peças de antologia, por vezes admiravelmente clássicas (exemplo, ibid., pp. 77–8).

651 Evaristo de Morais, prefácio a O trabalho e o salário, de Francisco Frola, Rio: 1937, p. 10. Confirmou-nos
Evaristo, em extensa conversa, a que teve com Rui Barbosa, dando-lhe os livros e as sugestões de 1919.
652 Campanha presidencial, Obras completas, xlvi, t. ii, p. 63.

653 Ibid., xlvi, t. ii, p. 81.

654 Ibid., xlvi, t. ii, p. 84.

655 Gustavo Barroso, O ramo de oliveira. Rio: 1925, p. 57.

656 Os cinco grandes, Estados Unidos (por pouco tempo, pois o Senado os desligou da Sociedade das Nações),
Inglaterra, França, Itália e Japão. Os quatro (artigo 194 do Pacto) ficaram sendo o Brasil, a Bélgica, a Espanha e a Grécia.
Permaneceu o Brasil no Conselho até 1926, v. Hildebrando Accioli, Tratado de Derecho Internacional. Rio: 1945, iii, p.
428.

657 No comício, em que figuraram Miguel Calmon, Pedro Lago, Simões Filho, Medeiros Neto, estes dois foram
feridos, e o primeiro de pé, no automóvel que servia de tribuna, na praça do palácio — cruzou os braços à agressão
inopinada. Partiu de um grupo de civis, destacados pela ruidosa solidariedade a Seabra. — Pedro Lago comunicara a Rui a
união das oposições sob a chefia do conselheiro, em fins de dezembro de 1918, Rui, Correspondência, p. 386. Este
verberou o atentado, Campanha presidencial, Obras, xlvi, t. ii, pp. 263–5.

658 V. F. Néri, op. cit., p. 109.

659 Epitácio Pessoa, op. cit., p. 124. Sobre o levante sertanejo, Olímpio Barbosa, Horácio de Matos. Bahia: 1956, pp.
47 e ss.

660 Epitácio Pessoa, Mensagem ao Congresso, 3 de maio de 1920 (e op. cit., pp. 129 e ss.), respondendo à tese de Rui,
de que não era obrigado a atender à requisição do governo do Estado, nele intervindo (O artigo 6º da Constituição, Rio:
1920). V., a respeito da querela, Ernesto Leme, A intervenção federal nos estados. São Paulo: 1926, p. 46, 2ª ed.; Pedro
Calmon, A intervenção federal (tese de concurso). Rio: 1936, p. 43.

661 Teodorico Lopes — Gentil Torres, Ministros da Guerra do Brasil. Rio: 1947, p. 184.

662 Saturnino de Brito Filho, A engenharia no Brasil. Rio: 1949, p. 48.

663 Já em 1906 clamara Bilac pelo repatriamento dos restos mortais de Dom Pedro ii e da imperatriz, guardados, com
os da casa de Bragança depois de Dom João iv, em São Vicente de Fora, em Lisboa. Aprovara Rui, Novos discursos e
conferências, pp. 427–9 (na Liga de Defesa Nacional, 15 de dezembro de 1920): e só em vista de críticas insidiosas deixou
de ser o orador, na chegada, v. Pedro Calmon, A Princesa Isabel, p. 346. Jazem hoje os antigos imperantes na catedral de
Petrópolis, em panteão onde também ficarão os Condes d’Eu (1953). — O Presidente Epitácio pediu ao Congresso a
revogação do banimento em mensagem de 3 de maio de 1920. Foi concedido pelo decreto de 3 de setembro. Os restos
mortais do imperador e da imperatriz chegaram a 9 de janeiro de 1921, centenário do “Fico”.

664 J. Pio de Almeida, Borges de Medeiros, p. 184.

665 V. Raul Alves de Sousa, História política dos governos da república. Rio: 1927, pp. 161 e ss.; José Tolentino, Nilo
Peçanha: Sua vida pública. Petrópolis, pp. 284 e ss.

666 Luís Viana Filho, A vida de Rui Barbosa, p. 424 (edição do Centenário); J. de Castro Nunes, Alguns homens do
meu tempo. São Paulo: 1958, p. 30.

667 Leia-se Afonso Arinos, op. cit., p. 1024.

668 Xisto Apulcro, A verdade histórica (Da Convenção de Junho de 1921 à Revolução de 1922). Rio: 1923, p. 175. O
falsário confesso chamava-se Oldemar Lacerda. A manobra de que resultou a divulgação foi atribuída a Irineu Machado.
Conta-nos Afonso Pena Júnior que bem antes fora Bernardes avisado de que corria carta de sua letra com injúrias ao
exército, pela qual o possuidor pedia 30 contos... Seria a carta falsa, em que, apesar da habilidade do imitador, a assinatura
não levava o t cortado, distintivo da firma de Bernardes. Afonso Arinos, ibid., p. 1020.

669 José Maria dos Santos, A política geral do Brasil, p. 452; Jackson de Figueiredo, Reação do bom senso. Rio: 1922.

670 De Nilo Peçanha, Política, economia e finanças. Rio: 1922.

671 Maurício de Lacerda, ibid.


672 Telegrama de Borges, in Epitácio Pessoa, Pela verdade, p. 508; e Sertório de Castro, op. cit, p. 416.

673 Maurício de Medeiros, Outras revoluções virão... Rio: 1932, p. 88. Que viera um oficial do Rio Grande tomar
contato com os conspiradores, Maurício de Lacerda, Entre duas revoluções. Rio: 1927, p. 143. Descreve pitorescamente
esse “clima” Cap. Pedro Rocha, Revoluções estéreis. São Paulo: 1952, pp. 39 e ss.; Mário Rodrigues, Meu libelo. Rio: 1925,
p. 290, 3ª ed.

674 Rosalina Coelho Lisboa, A seara de Caim. Rio: 1953, p. 282. Fracassou o levante na Escola de Aviação, v. Cap.
Pedro Rocha, Revoluções estéreis, p. 120.

675 Maurício de Lacerda, op. cit., p. 95. “Assim nem as dinamites, nem os homens, nem as greves, nem a
solidariedade mais remota”, pois o agente de ligação... “fazia de propósito as desligações necessárias para impedir a
colaboração”.

676 Rosalina Coelho Lisboa, op. cit., pp. 322–3 (resumindo o noticiário da imprensa).

677 Feridos gravemente, só não morreram Siqueira Campos e Eduardo Gomes. Furioso, Newton Prado arrancou no
hospital as ataduras e repeliu os cuidados médicos. Sucumbiu.

678 João Pio de Almeida, Borges de Medeiros, p. 203.

679 Pedro Dias de Campos, O espírito militar paulista, pp. 172–3.

680 Maurício de Medeiros, op. cit., p. 74, conta a decepção de Nilo ao ouvir na avenida, em 15 de novembro, palmas e
vivas ao préstito do presidente que acabava de empossar-se.

681 Moniz Sodré, Defendendo a república, Bahia: 1929, pp. 124 e ss., historiou as relações da Reação Republicana
com a revolução.

682 V. Antônio Gontijo de Carvalho, Raul Fernandes, p. 197.

683 Flores da Cunha, A Campanha de 1933. Rio: 1943, pp. 19 e ss. A 2ª Brigada do Oeste foi criada por Borges de
Medeiros em 27 de fevereiro de 23 (comandante, Flores), com 4º e 5º corpos (este do comando de Osvaldo Aranha), e os
de São Borja (comandante, Getúlio Vargas), São Luís, Santa Maria, São Gabriel, Caçapava, Uruguaiana, Dom Pedrito, o 6º
e o 7º...

684 Sertório de Castro, op. cit., p. 456.

685 A candidatura mais plausível era de Aurelino Leal, a mais falada a de Pedro Lago; mas a rejeição do apoio federal
à de Góis Calmon importaria a saída de Miguel Calmon do ministério, e esta razão pesou no ânimo do presidente, para o
decidir a prestigiá-la. Com a posse do novo governador, contra Seabra, subiu ao governo baiano o ruísmo, despertado em
1917, belicoso em 1919, dominado em 1920, ligado em 22 à sorte da situação central, que continuava assim árbitro da dos
estados.

686 “Solus, totus et unus”, disse Seabra, com pungente ironia. O verso é de Marcial, “solus et unus”, l. 5.

687 Juarez Távora, À guisa de depoimento sobre a Revolução Brasileira de 1924. São Paulo: 1927, i, p. 66.

688 Sertório de Castro, ibid., p. 470.

689 V. Juarez Távora, op. cit., pp. 106 e ss. O golpe contra Setembrino seria a 28 de dezembro de 23, em Ponta Grossa.
Era o Tenente Magalhães Barata “alma do movimento” no Paraná, Távora, ibid., p. 110. O governo soube do plano e
mandou detê-lo em São Paulo. A delação — em torno dos movimentos do tenente — fez fracassar, não só o assalto ao
trem do ministro, sinal do levante, como a revolta do General Isidoro, em julho, pois este, que percorria as guarnições do
Sul, teve de interromper o trabalho e se recolheu a São Paulo com uma impressão incompleta das suas possibilidades.

690 Juarez Távora, ibid., p. 176.

691 V. Abílio de Noronha, Narrando a verdade, pp. 55 e ss.

692 V. Aureliano Leite, Dias de pavor. São Paulo: 1924, pp. 44 e ss.; e o diário de José Carlos de Macedo Soares,
Justiça. Paris: 1925, pp. 25 e ss.
693 Revoltou-se o 26 de caçadores em Belém, 26 a 28 de julho, v. Cândido Costa, O livro do Centenário. Belém: 1924,
pp. 174 e ss.; o 28º com a Força Pública, depôs em Aracaju o governador do estado, Graco Cardoso, movimento logo
abafado pelas forças da Bahia enviadas pelo General Nonato Marçal; o vice-governador do Amazonas foi destituído pela
revolta encabeçada pelo Tenente Alfredo Augusto Ribeiro Júnior, que despachou uma expedição a sublevar o Pará,
dispersada pelos destroyers que, subindo o rio, comboiaram os destacamentos do General João de Deus Mena Barreto,
incumbido de restaurar a ordem em Manaus. Consolidou-a a intervenção federal a cargo do Dr. Alfredo Sá.

694 V. Gerson de Macedo Soares, A ação da Marinha na Revolução Paulista de 1924. Rio: 1932, p. 93.

695 Os Generais Carlos Arlindo e Estanislau Pamplona convenceram o Presidente Carlos de Campos, que até aí
resistira impavidamente, a deixar o palácio, alvo do bombardeio, Assis Cintra, O Presidente Carlos de Campos e a
Revolução de 5 de julho de 1924. São Paulo: 1952, p. 12.

696 Justiça, pp. 60 e ss. O autor relata os seus passos em favor da população, esmiuçando as relações com os chefes
revolucionários, interessados neste propósito. Leia-se Paulo Duarte, Agora nós. São Paulo: 1927, pp. 60 e ss.

697 V. Everardo Dias, in Revista Brasiliense, nº 10, março–abril de 1957.

698 Abílio de Noronha, Narrando a verdade. São Paulo: 1924, pp. 122–5.

699 Id., O resto da verdade, p. 76; e Aires de Camargo, Patriotas paulistas na coluna Sul. São Paulo: 1925, pp. 78–9.
Sustenta este que, se se retardasse Isidoro na retirada, a coluna do Sul a impediria, cortando-lha.

700 J. C. de Macedo Soares, op. cit., p. 82.

701 O Ministro Costa Manso (acórdão de 20 de julho de 1934) lembrou a dureza do assédio, “por assim dizer, contra
a cidade e não contra a gente de Isidoro”. O General Abílio de Noronha faz igual censura, op. cit., p. 126. É também de
Góis Monteiro (que pertencia à Brigada Carlos Arlindo), O General Góis depõe..., por Lourival Coutinho, Rio: 1955, p.
10, confirmando o relato de Paulo Duarte, op. cit.

702 Ítalo Landucci, Cenas e episódios da Coluna Prestes e da Revolução de 1924. São Paulo: 1952, p. 16. No 1º volume
do seu livro, Juarez Távora antecipa o índice do 2º, com o roteiro da marcha: infelizmente esse 2º se perdeu, com a
destruição dos originais. Pormenores e documentação, in Lourenço Moreira Lima, A Coluna Prestes. São Paulo: 1945, 2ª
ed.

703 V. Tenente-coronel Dilermando Cândido de Assis, Das barrancas do Alto Paraná. Rio: 1926, p. 33.

704 V., sobre as ligações entre os núcleos rebeldes, João Alberto Lins de Barros, Memórias de um revolucionário. São
Paulo: 1953, pp. 23 e ss.

705 Ibid., p. 38.

706 Ibid., p. 46.

707 De Barracão, à margem do Uruguai, quase mil homens abandonaram a coluna, internando-se na Argentina, João
Alberto, ibid., p. 67.

708 Juarez Távora, À guisa de depoimento sobre a Revolução de 1924. Rio: 1928, iii, p. 27.

709 “Com o único objetivo de não deixar morrer a revolução pela qual tantos dos nossos companheiros haviam dado
a vida”, João Alberto, op. cit., p. 115. A história dessa longa marcha, in Lourenço Moreira Lima, A Coluna Prestes. São
Paulo: 1945, pp. 112 e ss.

710 João Alberto, ibid., p. 152. Leia-se O General Góis depõe..., pp. 36 e ss.

711 Maurício de Lacerda, José Oiticica, Sarandi Raposo, Evaristo de Morais. V. Everardo Dias, in Revista Brasiliense,
março–abril de 1957.

712 Nelson Tabajara de Oliveira, A Revolução de Isidoro. São Paulo: 1956, p. 40.

713 João Alberto, ibid., p. 171. No encontro do Garças morreram os majores revolucionários Lira e Barros. “Foi esse o
último incômodo que nos deu a coluna de jagunços”. “Aqueles baianos haviam desempenhado bem os seus
compromissos”.
714 Lourenço Moreira Lima, A Coluna Prestes, p. 498.

715 O abuso das disposições, estranhas ao orçamento, nele incluídas ao finalizarem os debates (cauda orçamentária),
fora denunciado no programa revisionista de Rui (1910), que igualmente previa o veto parcial, a definição dos princípios
constitucionais da União.

716 Restringia-se o habeas‑corpus aos casos em que a liberdade de locomoção fosse atingida, retirando-se à justiça a
interpretação extensiva que o liberalizara em meio das lutas políticas, como nas controvérsias de poderes.

717 V. o histórico das idéias reformistas, Oscar Stevenson, A reforma da Constituição Federal. São Paulo: 1926, pp. 63
e ss. As suas etapas foram o programa do partido federalista rio-grandense (refundido em 1917 por Pedro Moacir), a
consolidação do espírito revisionista em 1902, a campanha civilista (e o Partido Republicano Liberal), com a
intransigência de Rui, batendo-se pelo aperfeiçoamento da Lei Magna, contra a resistência do castilhismo, que só a
admitiu depois dos sucessos de 1923.

718 V. Levi Carneiro, Federalismo e judicialismo. Rio: 1930, p. 188, sobre “a reforma, dominada de prevenções
lamentáveis contra o Judiciário” — Acabavam de escrever sobre a reforma constitucional, João Arruda (1923), Castro
Nunes, Araújo Castro, Joaquim Luís Osório (1924).

719 Barbosa Lima Sobrinho, A verdade sobre a Revolução de Outubro.

720 Indo a Ouro Preto, a paraninfar a formatura dos engenheiros de 1925, o Ministro da Agricultura tinha a
impressão de que Melo Viana era o candidato elaborado pelos acontecimentos e bem aceito do presidente.

721 A taxa fixada era ligeiramente inferior à média verificada, v. Barbosa Lima Sobrinho, A verdade sobre a
Revolução de Outubro, p. 19. A Caixa de Estabilização evitaria a alta e a carteira cambial do Banco a baixa do câmbio,
Sertório de Castro, op. cit., p. 511.

722 Refere Maurício de Lacerda, Segunda República, Rio: 1931, p. 34, que foi em 1927 o seu primeiro contato com
Prestes, por intermédio de Juarez Távora e Silo Meireles, ocasião em que a conspiração se instalou de novo no Rio.

723 V. Paulo Duarte, Que é que há? São Paulo: 1931, pp. 50 e ss.

724 Maurício de Lacerda, op. cit., p. 45; Afonso Arinos, Um estadista da república, pp. 1284 e ss.

725 Em 1908 o partido, recomposto por Assis Brasil (com a dissidência republicana, de Abbott), continuando liberal
em matéria econômica (anti-intervencionista), propugnava pela eleição proporcional, pela regeneração da república
através do voto... V., de Assis Brasil, Ditadura, parlamentarismo, democracia. Leia-se J. P. Coelho de Sousa, O
pensamento político de Assis Brasil. Rio: 1958, pp. 48–9; Sousa Docca, História do Rio Grande do Sul, p. 371. O programa
libertador (3 de março de 1928), da autoria de Assis Brasil, acrescentou ao do Partido Republicano Democrático (de 1908)
o voto secreto e obrigatório, representação proporcional... Justiça e representação, o seu lema.

726 Constituiu-se em 21 de setembro de 1927 o Partido Democrático Nacional, sob a presidência de honra de
Antônio Prado, e com o diretório: Deputados Assis Brasil, Paulo Morais Barros, Adolfo Bergamini, Francisco Morato,
Marrey Júnior, Plínio Casado e Batista Luzardo. A oposição unificava-se. Sobre a sua ação, v. o citado livro de Paulo
Nogueira Filho, Ideais e lutas de um burguês progressista, i, cap. 4.

727 “Pelo Rio Grande unido e reconciliado, depois de quase um século de divergências profundas”, João Neves,
discurso de 5 de agosto de 1929, Jornada Liberal. Porto Alegre: 1932, i, p. 7.

728 Maurício de Lacerda, Segunda República, p. 98.

729 Discurso na convenção do partido, 20 de setembro de 1929, ao lançar o nome de Vargas, para “conciliar os
cidadãos com o poder”, Aliança Liberal, Documentos da campanha presidencial. Rio: 1930, p. 12.

730 V. Antônio Carlos, pref. à Jornada Liberal, de João Neves, i, p. 14. O que se passava na política paulista (Prestes
em lugar de Álvaro de Carvalho), constitui informação de vários testemunhos.

731 Pouco antes, ignorando as intenções de Antônio Carlos, escrevera Vargas a Washington que permaneceria
fechado a qualquer manifestação sobre o problema presidencial, carta de 10 de maio de 29, Leônidas do Amaral, Os
pródromos da campanha presidencial. São Paulo: 1929, p. 15. — V. Paul Frischauer, Presidente Vargas, p. 231.

732 Carta de Getúlio a Washington, 11 de julho, in op. cit., p. 17. Comunicação de Antônio Carlos, 20 de julho,
falando ainda em possível conciliação, ibid., p. 21.

733 V. telegrama de Estácio Coimbra a Manuel Vilaboim, líder da maioria, citado por João Neves, A Jornada Liberal,
i, p. 49.

734 Afonso Arinos, op. cit., p. 1318.

735 Governador da Bahia. Vital Soares (advogado e humanista, espírito de escol) pode incluir-se entre os homens
modestos, que jamais pensaram em disputar postos dominantes. Saiu candidato a vice-presidente por imposição da
bancada baiana (dirigida por Simões Filho), que pleiteava para o seu estado este mandato, com a alegação de que já o
tivera Pernambuco, com Estácio Coimbra, no penúltimo quatriênio.

736 A Jornada Liberal, i, p. 29.

737 Discurso de João Neves, 13 de novembro de 29, ibid., i, p. 242, atribuindo a Vilaboim ter adaptado aos interesses
da maioria a frase, que aludia às fronteiras que o Rio Grande traçara no passado com a pata de seus cavalos e a lança de
seus heróis...

738 Afonso Arinos, op. cit., p. 1325; Virgílio de Melo Franco, Outubro, 1930. Rio: 1931, pp. 152–3. Conta Laurita
Epitácio Pessoa que Epitácio deu os passos que Afrânio de Melo Franco lhe solicitara, esbarrando porém na
intransigência do presidente, op. cit., ii. Leia-se José Maria Bello, Memórias, pp. 189 e ss.

739 V. Charles A. e Mary R. Beard, The Rise of American Civilization. Nova York: 1940, p. 729. — Contou-nos João
Neves que vinha do Rio Grande com a perspectiva do fracasso (ensombrada a Aliança com a defecção de parte do
situacionismo mineiro, Antônio Carlos pacifista, admitindo Getúlio a hipótese de se retirar da luta, esta em transe de
dissolução) quando, ao passar pelo porto de Santos, Júlio de Mesquita Filho lhe segredou a notícia de que acabava de
estalar o crack da Bolsa norte-americana. A princípio pareceu-lhe sem ligação com o fato interno; mas logo se convenceu
da interdependência, pois a política oficial repousava na solidez econômica de São Paulo, cujo produto máximo sofria o
choque principal do cataclismo. Subvertida a ordem econômica, a política lhe seguiria a sorte. Chegando ao Rio, proferiu
um discurso de efeito, para advertir que a oposição continuava de pé, enquanto lhe mandavam de Minas os dados
necessários à sua grande oração sobre a “degringolada” do plano federal da valorização do café, argumento do novo
período de combate. O “general café...”.

740 V. discurso de João Neves, 25 de novembro de 29, in op. cit., i, p. 325.

741 Em carta de 12 de outubro o presidente do Instituto, demissionário, Rolim Teles, dava a existência de 6.700.000
sacas representadas por conhecimentos caucionados a 60$000. O fato é que a sobra, com o acúmulo de duas safras
copiosas, chegou a 23 e meio milhões, Ministério das Relações Exteriores, Brasil, 1936. Rio: 1936, p. 141.

742 Aparte de Sousa Filho a João Neves, discurso de 25 de novembro, op. cit., i, p. 292: “O café foi elevado, na
campanha política, à categoria de marechal. É chamado “O marechal café”. — A frase foi simultaneamente lançada por
Assis Chateaubriand e Neves. Lembrava o paradigma clássico, alusivo à retirada de Napoleão da Rússia batido pelo
general... Inverno. “On dit encore en Russie: Ce n’est pas Kutusoff qui a tué ou dispersé les Français, c’est le général
Marosow (la gelée)”, Désirée Lacroix, Histoire de Napoléon. Paris: 1902, p. 477.

743 A Aliança Liberal, i, pp. 315 e ss.

744 Getúlio Vargas, A nova política do Brasil. Rio: 1939, i, pp. 19–54. Com a viagem do presidente rio-grandense para
falar às massas, e a leitura da plataforma no Rio, entrou a campanha na sua fase decisiva, para a qual, como dissemos, foi
elemento convincente a derrocada econômico-financeira de outubro de 29, levada à câmara pela oposição em 25 de
novembro.

745 V. Virgílio A. de Melo Franco, op. cit., p. 190. “De todo o cruel e sangrento episódio houve duas vítimas, a saber:
o jovem e ardoroso Deputado Sousa Filho, o qual terminou antes da tarde, segundo o verso melancólico de Petrarca, e o
velho deputado gaúcho, Sr. Simões Lopes”. Depois do seu discurso sobre o café, João Neves só voltou à tribuna em maio
de 30, já aí para criticar o reconhecimento de Júlio Prestes, eleito a 1º de março.

746 Carta de José Pereira, citado por João Neves, A Aliança Liberal, ii, p. 73: “Havemos de provocar a intervenção,
pois estou disposto a ocupar todos os municípios do sul do estado”. Leia-se Ademar Vidal, 1930, História da revolução na
Paraíba. São Paulo: 1933, pp. 98 e ss.; Apolônio Nóbrega, História republicana da Paraíba. João Pessoa: 1950, p. 183.

747 Ademar Vidal, op. cit., p. 189.


748 Barbosa Lima Sobrinho, A verdade sobre a Revolução de Outubro, p. 178.

749 Ausentes os juízes togados, os suplentes, ligados à oposição, diplomaram os candidatos da sua parcialidade...,
Ademar Vidal, ibid., p. 232.

750 João Neves, Por São Paulo e pelo Brasil. São Paulo: 1933, p. 27, 2ª ed.; Barbosa Lima Sobrinho, op. cit., p. 130.
Sobre o modus vivendi negociado por Paim Filho com o presidente, v. Barbosa Lima Sobrinho, ibid., p. 125. Quanto às
idéias indicadas como de pacificação por Getúlio, ibid., p. 124, estão em síntese no discurso de Neves, 21 de maio: anistia,
reforma eleitoral, liberdades espirituais..., A Aliança Liberal, ii, pp. 40–1.

751 É documento dessa impressão o que escreve Rubens do Amaral, A campanha liberal. São Paulo: 1930, p. 143.

752 A Aliança Liberal, ii, p. 40.

753 Leia-se Maurício de Lacerda, Segunda República, p. 127, pass. Prestes imbuiu-se da nova ideologia em contato
com Rodolfo Ghioldi, Jorge Amado, Luís Carlos Prestes. Rio, p. 209.

754 Virgílio A. de Melo Franco, op. cit., p. 238; Rosalina Coelho Lisboa, Seara de Caim, cit.

755 Ademar Vidal, op. cit.; e descrição da fuga in Godofredo Nascentes Tinoco, Tempo bom no setor Leste. Rio:
1931, pp. 24–5.

756 Virgílio A. de Melo Franco, ibid., p. 248. Francisco Campos acertara em Porto Alegre (18 de abril de 30) os
termos em que Minas concordaria com a revolução, se fosse feita simultaneamente no Rio Grande e na Paraíba; Antônio
Carlos deu para isto dois mil contos e a Paraíba mil. Por esta, falou o secretário da Segurança, José Américo de Almeida.
Em 27 de maio, sob a presidência de Antônio Carlos, os chefes mineiros homologaram em Juiz de Fora o compromisso.
Mas, marcada para julho, a revolução foi adiada por achar Antônio Carlos que as articulações não satisfaziam
(radiograma a Aranha, de 21 de junho). Aranha irritadamente respondeu: “Rio Grande submete-se império
circunstâncias [...]. Meu pensamento situação pior que dos negros sofreram escravidão, com menor ridículo”. Nomes e
pormenores no livro de V. de Melo Franco, ibid., pp. 214 e ss.

757 Carta a Olegário Maciel após a visita de Maurício Cardoso, emissário gaúcho.

758 Ademar Vidal, op. cit.

759 Ibid., p. 335; Barbosa Lima Sobrinho, ibid., p. 184.

760 Maurício de Lacerda, op. cit., p. 186.

761 João Neves descreveu o episódio da noite de 26 de julho no Clube do Comércio, acentuando que deste momento
em diante não mais se hesitou, quanto ao “prélio das armas”, sua hipótese de 5 de agosto de 29... V. também Godofredo
N. Tinoco, Tempo bom no setor Leste, p. 88.

762 Aureliano Leite, Memórias de um revolucionário. São Paulo: 1931, p. 10.

763 General Góis Monteiro, A Revolução de 30 e a finalidade política do exército, p. 41. Desde fevereiro, quando se
avistara com Aranha, fora convidado para dirigir a revolução, ibid., p. 41.

764 Virgílio A. de Melo Franco, op. cit., p. 340.

765 Quatro dias antes, de Max Fleiuss, no Instituto Histórico, no Rio, ouvimos o boato, de que estouraria a 3 de
outubro... Segredo de polichinelo, provavelmente o governo o considerou exagerado, como das outras vezes. O fato é que,
ainda naquela noite de 3, reinava na capital federal a maior tranqüilidade. V. também Campos de Medeiros, Lutas pela
pátria, p. 82.

766 Leia-se, quanto ao episódio de Passo Fundo, E. Leitão de Carvalho, Na Revolução de 30. Rio: 1933.

767 Virgílio A. de Melo Franco, op. cit., p. 354.

768 Ibid., p. 356.

769 Comandavam Etchegoyen de Cambará a Jaguariaíva, Miguel Costa e Flores da Cunha em Itararé, na zona litoral,
até a Ribeira, João Alberto, sendo Curitiba o centro de comunicações, J. Alberto, op. cit., p. 244. Sobre os fatos no Paraná,
Coronel A. Miranda, Justitia vanum verbum... São Paulo: 1933, pp. 92 e ss. Leia-se, Revista do Globo — edição especial —
Revolução de Outubro de 1930. Porto Alegre: 1931.

770 Cap. Josué Freire, A odisséia do 12º regimento. Rio: 1933. É este autor quem diz que o quartel seria facilmente
tomado, se investido de surpresa (ibid., p. 69), pois só depois de algum tempo se aprestou para a valorosa defesa.

771 Hastínfilo de Moura, Da Primeira à Segunda República. Rio: 1930, p. 244; Aureliano Leite, Memórias de um
revolucionário, p. 53.

772 Ademar Vidal, op. cit., p. 452.

773 Barbosa Lima Sobrinho, op. cit., p. 217. O secretário do Interior, Carneiro Leão, não chegou a ser avisado da
retirada do governador e tentou ainda articular, sem resultado, a resistência, com o 21 de caçadores.

774 V. Hastínfilo de Moura, Da Primeira à Segunda República, p. 213; e exposição in Renato Jardim, Um libelo a
sustentar. Rio: 1933, pp. 160 e ss.

775 General Góis Monteiro, A Revolução de 30 e a finalidade política do exército, p. 88.

776 Hastínfilo de Moura, ibid., p. 206. Quanto à situação em Minas, diz Hastínfilo que já se achava em Barbacena um
emissário, para propor a cessação da luta, ibid., p. 224.

777 General Tasso Fragoso, “A Revolução de 1930”, in Revista do Instituto Histórico Brasileiro, vol. ccxi, abril–junho
de 1951, p. 31. V. também Afonso de Carvalho, 1ª Bateria, Fogo! Rio: 1931, p. 82.

778 De Bertoldo Klinger, Narrativas autobiográficas. Rio: 1951, vol. v, e vol. vi destas Narrativas, depoimento do
Coronel José Faustino da Silva (que resume os fatos de 2–3 e 24 de outubro). Sobre o que se passava nos arraiais do
governo, Humberto de Campos, Fragmentos de um diário, ed. Jackson. Rio: 1951; Medeiros e Albuquerque, Minha vida.
Rio: 1934, ii, p. 104.

779 General Tasso Fragoso, ibid., p. 13: “Passamos afoitamente a uma sala contígua”.

780 Afonso Celso, discurso na Academia (recepção de Otávio Mangabeira), Discursos acadêmicos, viii, p. 217.
Compara a queda do último presidente da “República Velha” à do último presidente de conselho da monarquia. E Otávio
Mangabeira, depoimento escrito a 16 de novembro de 1930, sob o título As últimas horas da legalidade, o autor, Ministro
do Exterior do governo deposto, então prisioneiro no 1º de cavalaria.

781 Maurício de Lacerda, Segunda República, p. 233.

782 Virgílio A. de Melo Franco, op. cit., p. 307.

783 Telegrama de Góis Monteiro à junta, aos governadores e ao “General” Távora, in Virgílio A. de Melo Franco,
ibid., p. 362.

784 O caso do Ministério da Justiça é típico. Assumiu-o a 24 de outubro, tendo em vista a necessidade de assegurar a
ordem na cidade, o Dr. Gabriel Bernardes. Teve a intuição de confiar (também sem audiência do governo, inexistente) a
chefia de polícia ao Major Bertoldo Klinger, que, por sinal, ao receber o convite, pediu que o fizesse por escrito... A junta
aquiesceu no fato consumado. Por três dias houve pelo menos alguém a resguardar a ordem jurídica, espontaneamente.

785 José Maria Bello, Memórias. Rio: 1958, p. 210.

786 Sampaio Dória, A Revolução de 30, preleção. São Paulo: 1930, p. 68.

787 Paulo Duarte, Que é que há? São Paulo: 1931, p. 306.

788 José Maria Bello, História da República. São Paulo: 1956, p. 391.

789 Sobre a instituição e o aparecimento dos interventores no direito pátrio, v. nosso Curso de direito constitucional
brasileiro, 1954, pp. 76–7, 3ª ed.

790 Informações de Levi Carneiro. A Lei de Organização manteve pelo menos na sua integridade o Judiciário, Oscar
da Cunha, O direito judiciário e a revolução. Rio: 1933, p. 68.

791 Getúlio Vargas, A campanha presidencial. Rio: 1951, p. 171 (discurso em Fortaleza).
792 Getúlio Vargas, A nova política, i, p. 73.

793 V. interessante análise de Robert J. Alexander, in The Hispanic American Historical Review, maio de 1956, pp.
229 e ss. (“Brazilian tenentismo”).

794 Aureliano Leite, História da civilização paulista. São Paulo: 1954, pp. 321 e ss.; Paulo Nogueira Filho, Ideais e
lutas, ii, cap. 10; General Klinger, Parada e desfile duma vida de voluntário do Brasil. Rio: 1958, pp. 424 e ss.

795 Alcântara Machado, discurso na Academia Brasileira, 20 de maio de 1933, Discursos acadêmicos. Rio: 1937, viii,
p. 41: “Paulista sou há quatrocentos anos”.

796 O secretariado constituiu-se de nomes ilustres, Valdemar Ferreira, Paulo de Morais Barros, Fonseca Teles,
Francisco Junqueira, Sampaio Vidal, Gofredo Teles, Rodrigues Alves Sobrinho.

797 Documentação fotográfica, in Álbum de família, 1932. São Paulo: Livraria Martins, 1954.

798 Euclides de Figueiredo, História da Revolução Constitucionalista. São Paulo: 1954, pp. 54 e ss.

799 J. P. Coelho de Sousa, O pensamento político de Assis Brasil. Rio: 1958, p. 33.

800 General Klinger, op. cit., p. 444.

801 V. Euclides de Figueiredo, op. cit., primeira parte; Manuel Osório, A guerra de São Paulo. São Paulo: 1932;
Herculano C. e Silva, A Revolução Constitucionalista. Rio: 1932; João Neves, Acuso. Rio: 1933. Admar Cruz, Verdades e
bastidores. Rio: 1933; Lísias Rodrigues, Gaviões‑de‑penacho: A luta aérea na guerra paulista. São Paulo: 1934; Agostinho
Ramos, Recordações de 32 em Cachoeira. São Paulo: 1937; Paulo Duarte, Palmares pelo avesso. São Paulo: 1937; Lourival
Coutinho, O General Góis depõe..., cap. 5; Menotti del Picchia, Revolução Paulista; Nossa guerra, de Ellis Júnior;
Aureliano Leite, Martírio e glória de São Paulo...

802 General Klinger, op. cit., p. 473.

803 Ibid., p. 471.

804 Neurastênico e inconsolável, amargou Santos Dumont as suas meditações sobre o emprego da aviação — a que
dera asas e glória — na guerra fratricida, Aluísio Napoleão, Santos Dumont e a conquista do ar. São Paulo: 1957, p. 229
(com a competente bibliografia).

805 V. defesa do anteprojeto por João Mangabeira, Em torno da Constituição. São Paulo: 1934 (e, in fine), este
trabalho da Comissão, presidida por Afrânio de Melo Franco.

806 Levi Carneiro, Conferências sobre a Constituição. Rio: 1936, pp. 17–8.

807 Abolida em 10 de novembro de 1937, a Constituição de 1934 foi estudada por poucos. V. os citados trabalhos de
Levi Carneiro e Araújo Castro, A nova Constituição brasileira. Rio: 1936, 2ª ed.

808 Evaristo de Morais Filho, O problema do sindicato único no Brasil, pp. 228–9.

809 Ibid., p. 220.

810 B. Mirkine-Guetzévitch, As novas tendências do direito constitucional, trad. Cândido Mota Filho, prefácio de
Vicente Rao. São Paulo: 1933, p. 62. A Constituição alemã fora traduzida por Amorim Garcia e amplamente debatida, v.
g., Pontes de Miranda, Os fundamentos atuais do direito constitucional. Rio: 1932; Queirós Lima, Teoria do Estado. Rio:
1936, p. 151, 2ª ed.

811 Pedro Calmon, “O Senado no Sistema Brasileiro”, in Revista jurídica, Faculdade de Direito da Universidade do
Rio de Janeiro, vol. iii, p. 251 (1º semestre, 1935).

812 José Carlos de Macedo Soares, discurso de 19 de setembro de 1934, Discursos. São Paulo: 1937, p. 31.

813 Integralismo fora em Portugal o movimento dirigido por Antônio Sardinha, 1914, cujo programa pode ser lido, v.
g., no prefácio de Ao ritmo da ampulheta. Lisboa: 1925, tradicionalista, nacionalista (p. 27).

814 Miguel Reale, O Estado moderno, pref. à 1ª edição, reproduzido na 3ª. São Paulo: 1935.
815 De Plínio Salgado, Obras completas. São Paulo: 1956; Palavra nova, 1936; A quarta Humanidade, 1936; O que é o
integralismo, 1937; Espírito da burguesia, 1951.

816 Eudocio Ravines, La Gran Estafa. Santiago: 1954, p. 287. Quanto à China, v. Roberto Paybe, Mao Tsé Tung. Nova
York: 1950, p. 135.

817 Eudocio Ravines, op. cit.

818 Sobre a Aliança e o movimento de novembro de 1935, v. Defesa apresentada ao Tribunal de Segurança pelo
Deputado Pedro Lago. Rio: 1937.

819 Luís da Câmara Cascudo, História da cidade de Natal. Natal: 1947, p. 244; também História do Rio Grande do
Norte, p. 224; Coronel Delmiro Pereira de Andrade, Evolução histórica da Paraíba do Norte. Rio: 1946, p. 294.

820 Luís da Câmara Cascudo, História da cidade de Natal, p. 245.

821 Começa o documento: “Companheiros do Batalhão de Guardas! Luís Carlos Prestes — o único chefe dos
soldados do Brasil — chefia o movimento popular nacional revolucionário! Todo o R. I. em nossas mãos” (Documento in
arquivo do Marechal Eurico Gaspar Dutra).

822 Documento in arquivo do Marechal Dutra.

823 Descrição das ocorrências, in “Aditamento nº 2” ao Boletim diário nº 286, de 11 de dezembro de 1935 (arquivo
do Marechal Dutra).

824 V. nosso Curso de Direito Constitucional, Rio: 1936 (a propósito da comissão especial, relator Salgado Filho, que
deu parecer sobre a emenda número um).

825 Leia-se Samuel Guy Inman, Latin America: Its Place in World Life. Nova York: 1942, p. 316.

826 Gaston Bouthoul, “Les Doctrines Politiques depuis 1914” (in Histoire des Doctrines Politiques, de G. Mosca.
Paris: 1955, p. 395); Lawrence C. Wanlass, Gettel’s History of Political Thought. Nova York, 1953, p. 370. Leia-se também
Cândido Mota Filho, O poder executivo e as ditaduras constitucionais. São Paulo: 1940, cap. 1 (“A crise constitucional”).

827 Informações do General Flores da Cunha.

828 O General Góis depõe..., p. 293.

829 Conta o General Olímpio Mourão Filho (Manchete, Rio, 11 de novembro de 1958, em retificação à história
narrada pelo General Góis, ibid., p. 298) que o nome de Bela Kuhn, o chefe comunista húngaro, era imaginário, e,
lembrando-se de que Gustavo Barroso dissera que Kuhn era o mesmo que Cohen, apelido judaico, assim o emendou e o
datilógrafo, pensando que o traço da emenda abrangesse também o primeiro nome, copiou o “documento” com a única
assinatura, donde... o plano Cohen. Não havia Cohen; nem plano. Ou melhor: tornou-se uma peça eventual do vasto
plano de elaboração do Estado Novo.

830 Francisco Campos, Os problemas do Brasil e as grandes soluções do novo regime. Rio: 1938, p. 5.

831 Getúlio Vargas, A campanha presidencial. Rio: 1951, p. 171.

832 Fonte: Constitution de la République de Pologne du 23 avril 1935, avant‑propos de M. Maclaw Makowski.
Varsóvia: 1935, p. 14; v. também Carlos Maximiliano, “Conferência de 1945”, in Comentários à Constituição brasileira.
Rio: 1948, i, p. 418.

833 Francisco Campos, O Estado Nacional. Rio: 1940.

834 Afonso Arinos, Um estadista da República, p. 1565.

835 Alceu Amoroso Lima, Meditação sobre o mundo moderno. Rio: 1942, p. 29 (a propósito do livro de Francisco
Campos).

836 Le Parti Unique, primeira parte. Paris: 1936.

837 Evaristo de Morais Filho, O problema do sindicato único no Brasil, p. 243.


838 Azevedo Amaral, Estado autoritário e a realidade brasileira. Rio: 1938, p. 172. O título é ainda de Manoílesco.

839 Mihaíl Manoílesco, Le Siècle du Corporatisme. Paris: 1936, p. 110.

840 V. Harold D. Lasswell, The Analysis of Political Behaviour. Londres: 1951, p. 138; G. Mosca (e Gaston Bouthoul),
Histoire des Doctrines Politiques. Paris: 1955, p. 399; bibliografia in Juan Beneyto, Historia de las Doctrinas Politicas.
Madri: 1948, p. 463; síntese filosófica: Pitirim A. Sorokim, Las Filosofias Sociales de Nuestra Época de Crisis, trad. E.
Terbon. Madri: 1954, p. 365. A crise internacional agravara-se com a perda de prestígio da Sociedade das Nações, de que
falaremos, o pacto quadripartite, que deslocou a diplomacia para os acordos regionais, a imunidade do ataque fascista à
Etiópia, a guerra civil espanhola, a ação nipônica na Manchúria e no litoral chinês, os preparativos hitleristas da absorção
da Áustria e da Tchecoslováquia, pródromos da guerra de 1939. De parte das grandes potências, houve a omissão norte-
americana, como uma colaboração sistemática à paz; a debilitação da política francesa depois da morte de Barthou (agora
sob a responsabilidade de Laval); o recuo britânico — relativamente à luta ítalo-abissínia — por faltar à energia do
Foreign Office (Eden) o apoio dos antigos aliados. A Itália quisera enfrentar a Alemanha nazista, mas, não contando
também com esse auxílio, acabara fazendo com ela o “eixo”, Roma–Berlim (1o de novembro de 1936). Em 1937...
prevalecia a ameaça enfática dos “ditadores”.

841 Maxime Leroy, Histoire des Idées Sociales en France. Paris: 1954, iii, p. 369.

842 Evaristo de Morais Filho, op. cit., p. 244.

843 Erymá Carneiro, As autarquias e as sociedades de economia mista no Estado Novo. Rio: 1941, p. 78.

844 Evaristo de Morais Filho, ibid., p. 244, nota (e entrevista no Correio da Manhã, de 19 de abril de 1945).

845 Ferruccio Pergolesi, Diritto Corporativo. Torino: 1935, p. 144.

846 Ennio Renato Capponi, Revista del Lavoro, 1939, cit. de Evaristo de Morais Filho, ibid., p. 245.

847 Mario de la Cueva, citado por Evaristo de Morais Filho, ibid., p. 246.

848 Leia-se Afonso Arinos de Melo Franco, Um estadista da república, iii, cap. 23. O episódio mereceu livro de
Georges Scelle, Une Crise de la Société des Nations. Paris: 1927.

849 Looking Forward, cap. 15. A Argentina saíra da Liga das Nações em 1920 e a ela voltou em 1932 (política de
Saavedra Lamas, nos esforços então generalizados pela paz no mundo e no continente). Em 1936 estruturou-se o pan-
americanismo consultivo e cooperativo, sob a presidência de F. D. Roosevelt, na conferência de Montevidéu.

850 Foi o inesperado “acordo de Munique”, de julho de 1938, que deu a Hitler liberdade de ação para incorporar os
“sudetos da Tchecoslováquia”, inspirando a Churchill a sua frase terrível: “Tinham à escolha a desonra ou a guerra;
preferiram a desonra e terão a guerra”, Histoire Universelle Quillet. Paris: 1955, ii, p. 567. O golpe definitivo no sistema de
alianças (por último, a segurança franco-britânica da integridade polonesa) foi em 23 de agosto de 1939 a assinatura, em
Moscou, do pacto russo-germânico. Hitler poderia atirar-se à Polônia... Seria a segunda grande guerra.

851 Discurso de 20 de outubro de 1939, Getúlio Vargas, A nova política do Brasil, vii, p. 24.

852 Discurso à Marinha, 11 de junho de 1940.

853 Publicado in The Hispanic American Historical Review, maio de 1954, pp. 191–2. Samuel Flagg Bemis (La
Diplomacia de Estados Unidos en la América Latina, trad. Teodoro Ortiz. México: 1944, p. 264), transcreve um artigo de
F. D. Roosevelt, de 1928, em que aquela idéia aparece: “Nossa intervenção isolada nos assuntos internos das outras nações
tem que terminar; com a cooperação das demais teremos mais ordem e menos antipatia neste hemisfério”. E chama a
atenção para o livro de Sumner Welles, Naboth’s Vineyard (pan-americanismo cooperativo).

854 International Conciliation, nº 365, p. 397. V. Saavedra Lamas, La Conferencia Interamericana de Consolidación
de La Paz. Buenos Aires: 1938; Pedro Calmon, Brasil e América, p. 160, 2ª ed. (com informações do Embaixador Osvaldo
Aranha, que propunha a coletivização da doutrina de Monroe, para que fosse encargo comum, e não — unilateralmente
— dos Estados Unidos, em face da segurança continental).

855 General E. Leitão de Carvalho, A Serviço do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Rio: 1952, p. 32.

856 O vapor Siqueira Campos com cargas da casa Krupp para o exército foi conduzido pela Marinha inglesa para
Gibraltar e por fim liberado, depois de fastidiosa negociação. Já o Bagé teve de desembarcar em Lisboa o carregamento,
que voltou à origem.

857 Representação do Ministro da Guerra, General Dutra, junho de 1940.

858 A Declaração tem analogia com a de Wilson, de 1917. Só não apelava para o órgão internacional de coordenação,
cujo projeto apareceu na Conferência Interamericana de Chapultepec, março de 1945.

859 Leia-se “O Trampolim de Natal”, pp. 2261 e ss. A sua importância no quadro da guerra foi salientada pelo
Presidente Roosevelt e, nas suas Memórias, por Cordell Hull, que a ligou aos sucessos do Norte da África (El Alamein) e
ao domínio do Mediterrâneo, parte preliminar da campanha da Itália. V. acordo militar, 17 de janeiro de 1941,
Documents on American Foreign Relations. Boston: 1941, iii, p. 149; acordo naval, 11 de maio de 1942, ibid., iv, p. 353.

860 V. Claude G. Bowers, Misión en Chile, 1939–1953. Santiago: 1957, p. 79, pass.

861 Samuel Eliot Morison, The Battle of the Atlantic, 1939–1943. Boston: 1947, p. 379.

862 Conferencias Internacionales Americanas, Suplemento. Washington: 1943, pp. 172 e ss.

863 Sobre as irresoluções norte-americanas (igualmente prudentes), v. Charles A. Beard, A Foreign Police for
America. Nova York: 1940, p. 141; e subseqüente atitude brasileira, Getúlio Vargas, A nova política do Brasil. Rio: 1944, x,
p. 34 (“Cumpriremos até o fim”), pass. — O torpedeamento de navios brasileiros começara, com o do Cabedelo, em que
pereceu toda a guarnição, mas depois do rompimento, a 14 de fevereiro de 1942, v. Júlio Andréa, A Marinha brasileira.
Rio: 1955, p. 332.

864 Vaca leiteira era o apelido dado aos barcos de suprimento no mar, alguns protegidos e abastecidos em sítios
semidesertos, nalguma área do Caribe. O depoimento de Morison, a que não falta a autenticidade das fontes documentais,
explica afinal o caso do torpedeamento injustificável.

865 Samuel Eliot Morison, The Battle of the Atlantic, p. 381 (cf. German Admiralty minutes of the Führer’s
conferences). V. nota 35, na p. 303.

866 Espontâneas, na manhã de 18, as manifestações se iniciaram com os estudantes da Faculdade Nacional de Direito
e seus mestres à frente, no Rio de Janeiro, transformando-se nas avenidas centrais em formidável movimento público de
repúdio à agressão. O presidente abriu os jardins do Palácio Guanabara às massas, que foram ouvir a sua palavra. Os
incisivos discursos proferidos (inclusive pelo Ministro do Exterior, Osvaldo Aranha) já eram de guerra declarada.

867 V. Livro Verde, O Brasil e a Segunda Guerra Mundial, Ministério das Relações Exteriores. Rio: 1944, 2 vols.

868 Samuel Eliot Morison, op. cit., p. 379. Sobre o importante esforço naval e a colaboração aérea do Brasil na defesa
das águas territoriais (e seu permanente patrulhamento), capítulo considerável da história da guerra, Samuel Eliot
Morison, The Atlantic Battle Won. Boston: 1957, pp. 208 e ss.; Contra-Almirante César Augusto Machado da Fonseca, A
Marinha brasileira e a Segunda Guerra Mundial (Subsídios para a história marítima do Brasil). Rio: 1953, xii.

869 Luís da Câmara Cascudo, História da cidade de Natal. Natal: 1947, p. 361.

870 Samuel Eliot Morison, op. cit., p. 379.

871 Luís da Câmara Cascudo, op. cit., p. 362. Descrição de Natal durante a guerra, John Gunther, O Dia d, trad.
Cláudio G. Hasslocher. Rio: 1944, pp. 340–1. Refere-se especialmente à importância da base de Natal Cordell Hull, nas
suas Memórias.

872 Carta de 2 de setembro de 1942, in Revista da Academia Paulista de Letras, nº 33, p. 9, março de 1946.

873 Leiam-se depoimentos: Marechal Mascarenhas de Morais, A f.e.b. pelo seu comandante. São Paulo: 1947 (roteiro
de qualquer estudo sério a respeito); General Leitão de Carvalho, A serviço do Brasil na 2º Guerra Mundial. Rio: 1952;
Antônio Henrique de Morais. No teatro do Mediterrâneo, Rio (fase preliminar); Tenente-coronel Otávio Gondim de
Uzeda, Crônicas da Guerra. Alagoas: 1947, pp. 35 e ss.; Depoimento de oficiais da Reserva sobre a f. e. b. São Paulo: 1949;
Major João Batista Peixoto, A Segunda Grande Guerra. Rio: 1951, pp. 87 e ss.; General Delmiro Pereira de Andrade, O 11º
R. I. na 2ª Guerra Mundial. Rio: 1950; Elza Cansanção Medeiros, Nas barbas do Tedesco. Rio: 1955; General Osvaldo
Cordeiro de Farias, Alguns aspectos da ação da f. e. b. Rio: 1949, pp. 11 e ss.; Capitão Newton C. de Almeida, Memórias
diárias da Guerra da Itália. Rio: 1947; Francisco Nelson Rodrigues de Carvalho, Do Terço Velho ao Sampaio.

874 Os escalões sucessivos foram: 2º General Osvaldo Cordeiro de Farias; 3º General Olímpio Falconieri,
desembarcados ambos a 22 de setembro; 4º Coronel Mário Travassos, a 23 de novembro; 5º Tenente-coronel Ibá Jobim
Meireles, 8 de fevereiro do 45; v. Mascarenhas de Morais, op. cit., p. 36.

875 Queremos aludir às referências vagas ou ao silêncio das histórias gerais da 2ª Guerra Mundial, injusto, se não
sintomático da despreocupação dos autores pela “presença” do primeiro país latino-americano nesse episódio da
“libertação” da Itália.

876 Mascarenhas de Morais, ibid., p. 124; Otávio Gondim de Uzeda, ibid., pp. 91 e ss.; Delmiro Pereira de Andrade, O
11º R. I. na 2ª Guerra Mundial, p. 97.

877 Robert Jars, La Campagne d’Italie, 1943–1945. Paris: 1954, p. 207.

878 Winston Churchill, A Segunda Guerra Mundial, trad. L. Gontijo de Carvalho. São Paulo: 1954, vi, p. 111.

879 Robert Jars, op. cit., p. 217.

880 The Final Campaign across Northwest Italy, Headquarters iv Corps, u. s. Army, Italy, 1945, p. 80.

881 “Esta outrora terrível Divisão Alemã teve a princípio os brasileiros no Vale Serchio e por fim foi compelida a
entregar-lhes as armas numa das mais renhidas batalhas ocorridas na fase final da campanha na Itália”, The Final
Campaign, etc., p. 81. E do General Truscott, 19 Days from the Apennines to the Alps. Milão: 1945, pp. 72–3.

882 Diz o Almirante Doenitz, Memoirs. Londres: 1959, pp. 239 e 252: “Em 27 de janeiro de 1942, como resultado do
estado de guerra existente entre nós (Alemanha) e os Estados Unidos, o Brasil cortou relações diplomáticas com nosso
país. Até então, nenhum navio brasileiro havia sido posto a pique por qualquer submarino alemão. [...] Entretanto, entre
fevereiro e abril de 1942, os submarinos torpedearam e afundaram sete navios brasileiros conforme tinham todo direito
de fazer e sob as previsões do Direito de Presa, desde que os capitães dos submarinos fossem incapazes de estabelecer sua
identidade neutral. Eles (os navios brasileiros) andavam navegando sem luzes e em ziguezagues, alguns armados e
pintados de cinza e nenhum deles levava bandeira ou qualquer sinal de identidade neutra. [...] De acordo com o Alto
Comando Naval foram expedidas ordens em 16 de maio e pelas quais poderiam ser atacados sem aviso, os navios de
qualquer país sul-americano, à exceção da Argentina e Chile, desde que sabidamente armados. [...] Sem nenhuma
declaração formal achamo-nos pois em estado de guerra com o Brasil, e a 4 de julho os submarinos alemães tiveram
permissão do governo para atacar todos os vasos brasileiros. [...] Após estes resultados muito satisfatórios, transferi os
barcos para o setor sudoeste de Freetown e aqui, também, a boa sorte estava conosco. Os submarinos voltaram a atacar a
rota marítima e afundavam quatro navios. No outro lado dos estreitos entre a África e a América do Sul, o submarino u-
507 (Comandante Tenente Schacht) estava operando. Ali, fora de águas territoriais, ele tinha afundado cinco navios
brasileiros. Assim procedendo, seguia instruções estabelecidas, com o apoio do Ministério do Exterior, pelo Supremo
Quartel-General das Forças Armadas. O governo brasileiro aproveitou o afundamento na ocasião desses navios para
declarar guerra à Alemanha. Embora isso em nada alterasse nossa amizade existente com o Brasil, que já tinha tomado
parte em atos hostis contra nós, foi sem dúvida um erro ter levado o Brasil a uma declaração oficial; politicamente nós
deveríamos ter sido advertidos no sentido de evitar tal procedimento. O Comando das Flotilhas de submarinos,
entretanto, e os capitães dos submarinos, como membros das Forças Armadas, não tiveram opção, senão obedecer às
ordens que lhes tinham sido dadas; não lhes competia pesar e medir suas conseqüências políticas”.

883 Lourival Coutinho, O General Góis depõe..., p. 402.

884 Informação do Marechal Eurico Dutra, em capítulo manuscrito de memórias, inéditas.

885 Informação do Marechal Dutra.

886 Ver J. A. Pinto do Carmo, Diretrizes partidárias. Rio: 1948.

887 Apareceu o termo “trabalhismo” em 1899, no congresso de Plymouth, M. Beer, A History of British Socialism.
Londres: 1948, p. 335.

888 Fora livros de combate (Damonte Taborda, Alejandro Magnet...) não temos literatura histórica que permita
ajuizar com perspectiva e serenidade os sucessos de 1945. Ressalta — característica — a intromissão das massas no
processo político, com o populismo eruptivo e o culto do chefe.

889 João Neves, cf. A. Gontijo de Carvalho, Raul Fernandes, p. 307.

890 Informação do Marechal Dutra.


891 João Neves da Fontoura, Memórias, i, p. 177. “Graças à carta de Vargas, obtida depois de um enorme esforço de
minha parte, como há tempos depuseram, nos jornais, os Srs. Hugo Borghi e José Junqueira, portadores da mensagem e
defensores da idéia”.

892 O governo Dutra, seleção de José Teixeira de Oliveira. Rio: 1956, p. 102.

893 Ibid., p. 209.

894 Ibid., pp. 236; e p. 237.

895 Passando pelo Rio Grande do Norte, terra do candidato, Getúlio, nos seus discursos, não lhe citou o nome.

896 Getúlio Vargas, A campanha presidencial. Rio: 1951, p. 101 (discurso no Rio, 12 de agosto de 1950).

897 V. a síntese dos atos diplomáticos, José Joaquín Caicedo Castilla, La Conferencia de Petropolis y el Tratado
Interamericano de Assistencia Recíproca firmado en Río de Janeiro en 1947. São Paulo: 1949.

898 Brésil, Terre des Contrastes. Paris: 1957, p. 290.

899 Peixoto da Silveira, A nova capital. Rio: p. 244.

900 Antônio Martins de Azevedo Pimentel, A nova capital federal. Rio: 1894, p. 4.

901 Luís Cruls, Planalto Central do Brasil, introdução de Gastão Cruls. São Paulo: 1957, p. 22.

902 V. Osvaldo Orico, Brasília. Rio: 1958.

903 T. de Sousa Lobo, São Paulo na Federação. São Paulo: 1924, p. 189.

904 Ibid., p. 242.

905 Vítor Viana, Histórico da formação econômica do Brasil. Rio: 1922, p. 122. De 1890 a 1899, entraram 690.365
italianos (dos quais 430.243 em São Paulo) (v., editado pelo Banco do Brasil, O Estado de São Paulo. Rio: 1954, p. 71). Já
dez anos depois (J. F. Gonçalves Júnior, Serviço de povoamento em 1909. Rio: 1910, p. 10), para 99.017 imigrantes, a
quota italiana era de 13.668, a maioria destinada a São Paulo, e a portuguesa 30.577, a maioria para o Rio de Janeiro.

906 Com a restrição da imigração estrangeira e a abertura da estrada de rodagem Nordeste–Rio, articulada com a
Rio–São Paulo, temos índices expressivos da migração. Em 1950 recebeu São Paulo 100.123 nacionais e apenas 9.421
estrangeiros, em 1952, 252.808 nacionais e 57.512 estrangeiros, O Estado de São Paulo (publicação do Banco do Brasil, p.
77). A população estrangeira desse estado caiu de 929.851 em 1920 para 761.991 em 1940 (ibid., p. 73). Leia-se Castro
Barreto, Estudos brasileiros de população. Rio: 1947, pp. 115 e ss.; Geraldo de Menezes Cortes, Migração e colonização no
Brasil. São Paulo: 1958, p. 54.

907 Geraldo Menezes Cortes, op. cit., p. 63. Aí os quadros estatísticos (censos de 1940 e 1950) que mostram o volume
das migrações internas. “Vemos Alagoas, Sergipe, Paraíba, Minas, Rio Grande do Norte e Espírito Santo numa situação
de franca perda populacional”, ibid., p. 125.

908 Extensão da rede rodoviária: em 1952, federais, 12.315 quilômetros em tráfego, em 1956, 22.940; estaduais,
51.032, 61.092. Veículos em tráfego: automóveis, 338 mil em 1953, 396 mil em 1957, caminhões, 289 mil e 396 mil;
ônibus, 23 mil e 31 mil.

909 V. Henry William Spiegel, The Brazilian Economy. Filadélfia: 1949, p. 123.

910 V. Henry William Spiegel, The Brazilian Economy, p. 173.

911 Euvaldo Kruger, Vencendo rampa. Porto Alegre: 1937, p. 17.

912 Miguel Calmon, ibid., p. 145.

913 Ministério das Relações Exteriores, Brasil 1936, p. 154; José Jobim, O Brasil na economia Mundial. Rio: 1939, p.
37; e História das indústrias no Brasil. Rio: 1941, p. 42; Otto Burger, Brasilien. Leipzig: 1926, p. 174.

914 Andreas Sprecher von Bernegg, Plantas tropicais e subtropicais na economia nacional, p. 310.
915 William Ashworth, A Short History of the International Economy. Londres: 1952, p. 200.

916 Ver A. Taunay, Pequena história do café no Brasil. Rio: 1945, p. 426; Brasil, 1936 (Ministério das Relações
Exteriores), p. 154; Von Bernegg, ibid., p. 314; Sousa Costa, Panorama financeiro e econômico da república. Rio: 1940, p.
111.

917 Transformou-se em Departamento o Conselho Nacional do Café, 11 de junho de 1931.

918 Henri Claude, De la Crise Économique à la Mondiale, cit. de E. Genet, L’Époque Contemporaine. Paris: 1951, p.
741.

919 V. George Soule, David Efron, Norman Twess, Latin America in the Future World. Nova York: 1945, p. 150.

920 V. Luís Amaral, História da agricultura brasileira. São Paulo: 1940, iii, pp. 108 e ss., “O que ocorreu na Noroeste
foi igual na Sorocabana e na Alta Paulista”.

921 Valor, em papel, da exportação: 1920, 860.958 mil contos; 1930, 1.827.577; 1940, 1.595.229; 1944, 3.879.348; 1946,
6.441.463; 1948, 9.018.564; 1949, 11.610.705; 1951, 19.447.884... Em dólares, os quinze e meio milhões de sacas em 1946
produziram 836 milhões; em 1957, 14.300.000 sacas — 846 milhões de dólares. A exportação entretanto conservou
relativa estabilidade, pois sendo de 14.800.000 em 1947, continuava de 14.300.000 dez anos depois. É ilusório falar do
excesso de produção no Brasil, pois esta não se refletiu maciçamente no mercado internacional.

922 Banco do Brasil, Relatório, 1957, p. 15, 29 de abril de 1958.

923 V. resumo de Pereira da Costa, in Trabalhos de Conferência Açucareira do Recife. Recife: 1905, p. 32. A odisséia
do engenho central no Maranhão está detidamente descrita por Jerônimo de Viveiros, História do comércio do
Maranhão. São Luís: 1954, ii, pp. 524 e ss. A baixa do açúcar acentuara-se a partir de 1883, Maurício Lamberg, O Brasil,
trad. Luís de Castro. Rio: 1896, p. 79.

924 V. George Thomas Surface, The Story of Sugar. Nova York: 1910, p. 220. O trust americano (1889), a tarifa
preferencial em favor de Cuba, a exigência de um tipo de exportação segundo os últimos aperfeiçoamentos da indústria
do açúcar — o que dela excluía a produção inferior — acabaram por condenar o comércio brasileiro do açúcar a uma área
reduzida, limitando-o, vez por outra, ao consumo interno.

925 Spiegel, op. cit., p. 123.

926 José Jobim, O Brasil na economia mundial, pp. 112–3. Basta ver que a área plantada em 1921 era de 479 mil
hectares, e em 1925 ainda não passava de 534 mil..., T. R. Day, Manual do algodão. Rio: 1926, p. 145. V. a tabela de
Spiegel, op. cit., p. 123. O salto foi de 515 toneladas de produção em 1932 para 153.640 em 1936 (O Brasil, 1936, p. 108,
publicação do Itamaraty), 211.437 em 1955.

927 Em 1943, valor do café exportado, 1.738 bilhões, do algodão 2.411 bilhões, Spiegel, ibid., p. 168. Relaciona-se o
aumento com as exigências da importação alemã e japonesa, Spiegel, ibid., p. 180.

928 Miguel Calmon, Fatos econômicos, pp. 191 e ss. Posição em 1932: Malaia 433,8 toneladas; Índia Holandesa 212,2;
Brasil... 8,7. Em 1937, 509,3, 440,3 e... 18,5.

929 Artur Neiva, Daqui e de longe, p. 119. Miguel Calmon previra o colapso para 1915; sobreveio dois anos antes. Mal
tentou o governo uma ilusória proteção da borracha..., Francisco de Assis Iglésias, Caatingas e chapadões. São Paulo:
1951. p. 65. — A catástrofe parecia certa, Carlos de Vasconcelos, Carta da América. Lisboa: 1912, p. 453; John Melby, in
The Hispanic American Review, agosto de 1942.

930 F. Ferreira Neto, Realidade amazônica. Rio: 1954, p. 36.

931 F. Vicente Viana, Memória sobre o estado da Bahia. Bahia: 1893, p. 285.

932 Mário Ferreira Barbosa, Anuário estatístico da Bahia, 1923, p. 36; Teodoro Sampaio, O estado da Bahia. Bahia:
1935, p. 23. Em 1924: 115.302 toneladas, Antônio Peixoto Guedes, Anuário estatístico da Bahia. Bahia: 1936, p. 170;
Brasil, 1943, publicação do Ministério das Relações Exteriores; Id., Brasil, 1956. 5% sobre o valor total da exportação,
rendeu a de cacau 69.700.000 dólares em 1957.

933 V. Rui Barbosa, Política e finanças da república (resposta a Salvador de Mendonça), p. 473.
934 Humberto Bastos, O pensamento industrial no Brasil. São Paulo: 1952, p. 35.

935 Le Brésil, ses richesses naturelles, ses industries. Paris: 1910, 2 tomos (por Vieira Souto).

936 V. Daniel de Carvalho, Capítulos de memórias, p. 51.

937 Humberto Bastos, A marcha do capitalismo no Brasil. Rio: 1944, p. 162.

938 V. panorama dessa progressão in José Jobim, História das indústrias no Brasil. Rio: 1941, pp. 20–1; J. F.
Normano, Evolução econômica do Brasil, trad. T. Q. Barbosa, R. P. Rodrigues e L. B. Teixeira. São Paulo: 1939, pp. 134–5.

939 De 244 mil kWh a potência elétrica em 1940, subiu em 1948 a 1.625 mil, era de 2.800 mil em 1954 e alcançou
3.550 mil em 1957, prevendo-se que atinja 5 milhões em 1960.

940 Pierre van der Meiren, Aspectos da formação e evolução do Brasil, in Jornal do Comércio. Rio: 1953, p. 414. A
produção per capita cresceu de 100 a 138 segundo os mesmos cálculos.

941 Giorgio Mortara, in Aspectos da formação e evolução do Brasil, citado, p. 146.

942 Distribuição de energia elétrica (1956), Norte e Nordeste, 598 usinas; Leste (com o Rio de Janeiro), 845; Sul, 777.

943 O contrato com a Itabira (Percival Farquhar) de 1920 não foi por diante devido à oposição do governo mineiro
(Bernardes), que receava se limitasse o concessionário a exportar o minério, v. Epitácio Pessoa, Pela verdade, p. 382,
Daniel de Carvalho, Capítulos de memórias, p. 184. Bernardes estava certo, ao querer assegurar a livre concorrência na
produção siderúrgica e o seu baixo preço, Daniel de Carvalho, ibid., p. 192. Seu sucessor, Raul Soares, negou-se a assinar o
contrato estadual com a Itabira Iron. Foi com a revolução de 1930 que se decidiu separar as questões, siderurgia e
exportação. Arrancam daí os dois empreendimentos, favorecidos pela cooperação norte-americana em 1941: Volta
Redonda e Vale do Rio Doce.

944 V. Conselho Federal do Comércio Exterior, Dez anos de atividade. Rio: 1944, p. 50. O principal técnico brasileiro
na criação da grande siderurgia de Volta Redonda foi o General Edmundo de Macedo Soares. Registando o progresso
industrial do Brasil, em 1957, o Serviço de Comércio Internacional, do Departamento do Comércio dos Estados Unidos,
salientou (junho de 1958) que Volta Redonda já produz 575 mil toneladas de laminados. Novas usinas, a do grupo de
Manesmann, a nipo-brasileira (Usiminas), a da Siderúrgica Paulista, em Piaçagüera, Aços Especiais de Itabira.

945 Leia-se, de Lobato, prefácio a Essad Bey, A luta pelo petróleo, trad. Charley Frankie. São Paulo: 1935; e O
escândalo do petróleo, depoimentos. São Paulo: 1936.

946 Um especialista estrangeiro impugnou o achado, dizendo que a amostra não era do local. Correu em auxílio de
Cordeiro (e da verdade) a técnica brasileira (Sílvio Fróis de Abreu, Augusto Fontenelle, Henry e Othon Leonardos).

947 Antônio Tenreiro, Itinerários da Índia a Portugal por terra. Coimbra: 1923, p. 32, 6ª edição, conforme a 2ª, de
1665, revista e prefaciada por Antônio Baião.

948 Leia-se Inácio Accioli, Memórias históricas e políticas da província da Bahia. Bahia: 1940, vi, p. 141 (edição de
Brás do Amaral). Refere-se aos estudos de Feldner, Martius e Spix.

949 Engenho apontado por Gabriel Soares (1584), desde meado do século xvii da família Moniz, descrito no princípio
do século seguinte por La Barbinnais, foi titular deste nome (Barão de Mataripe), Antônio Moniz Barreto de Aragão,
genro do Visconde da Torre e irmão do Barão de Moniz de Aragão, proprietário desse domínio cujas origens se
confundem com a do açúcar na Bahia.

950 Era 1957 acusou a Petrobrás um aumento de 150% em relação ao ano anterior, subindo a produção, de 90
toneladas (bruto) em 1951, para 1.321 em 1957. Quanto à refinação, a de gasolina, de 58 milhões de litros em 1951 passou
a 2.861 milhões em 1957 (Banco do Brasil, Relatório, 1957, p. 67).

951 História da literatura brasileira. Rio: 1943, v, p. 268, 3ª edição aumentada.

952 Guglielmo Ferrero, Fra i due mondi. Milano: 1913, p. 19.

953 Últimas conferências e discursos. Rio: 1924, p. 80.

954 Farias Brito. V. Jônatas Serrano, Farias Brito, o homem e a obra. São Paulo: 1939, p. 52.
955 Olavo Bilac, “Profissão de fé”, Poesias. Rio: 1923, p. 10, 10ª ed.

956 Afrânio Peixoto, Noções de história da literatura brasileira. Rio: 1932, p. 252.

957 De Cruz e Sousa, Obras poéticas (edição de Nestor Vítor, 1924, nova edição prefaciada por Andrade Murici,
Instituto do Livro, 1945). Incluem Broquéis, 1893; Evocações, 1898; Faróis, 1900; Últimos sonetos, 1905.

958 V. Enrique de Resende, Retrato de Alphonsus de Guimaraens. Rio: 1938, p. 264.

959 Andrade Murici, Panorama do movimento simbolista brasileiro. Rio: 1952, ii, p. 293.

960 Afrânio Peixoto, Ramo de louro. Rio: 1942, pp. 114 e ss. De Egas Moniz (Petion de Villar), Poesias escolhidas.
Lisboa: 1928.

961 Antônio Torres, prefácio de Eu e outras poesias, de Augusto dos Anjos, p. 25, 20ª ed.

962 O ateneu, p. 274, 7ª ed.

963 V. de Bernardo Guimarães, O garimpeiro. São Paulo: 1952, cap. 1.

964 Afonso Arinos, Histórias e paisagens. Rio: 1921, p. 225. Do mesmo autor, Lendas e tradições brasileiras. Rio:
1917.

965 Mário Matos, Último bandeirante. Belo Horizonte: 1936, p. 171.

966 Carlos de Laet, Em Minas. Rio: 1894, p. 6.

967 V. Elói Pontes, A vida exuberante de Olavo Bilac. Rio: 1944, i, p. 231.

968 Bilac, Últimas conferências e discursos, p. 67.

969 Gilberto Amado, O grão de areia e estudos brasileiros. Rio: 1948, p. 170.

970 Leia-se Brito Broca, A vida literária no Brasil, 1900. Rio: 1956, p. 106.

971 Coelho Neto, prefácio a Quadros de guerra, de Castro Meneses, Rio: 1917.

972 Discursos acadêmicos, Academia Brasileira, iii, p. 144.

973 V. Tristão de Ataíde, Afonso Arinos. Rio: 1924, p. 194; Academia Brasileira, Curso de Romance, conf., 1952.

974 Canaã. Rio: 1902, p. 48. Discute-se a possibilidade ou o absurdo da civilização nos trópicos: Mikau, que sim,
Lentz, que não...

975 Canaã, p. 138.

976 Roquette-Pinto, Ensaios brasilianos, p. 135.

977 Afrânio Peixoto, in Discursos acadêmicos, Academia Brasileira, iii, p. 214.

978 V. Cartas de Machado de Assis e Euclides da Cunha, ed. de Renato Travassos. Rio: 1931, p. 67.

979 Urupês. São Paulo: 1919, p. 227, 4ª ed.

980 Rui Barbosa, Conferência no Teatro Lírico, 20 de março de 1919. Desde 1952 em Taubaté se celebra a “Semana de
Monteiro Lobato”, recordado sobretudo por sua literatura infantil e pela “luta do petróleo”.

981 Mário de Alencar, discurso de 1918, Academia Brasileira, Discursos acadêmicos. Rio: 1935, iii, p. 75.

982 V. Fernão Neves (Fernando Néri), A Academia Brasileira de Letras. Rio: 1940, p. 22.

983 Correspondência de Machado de Assis, ed. de F. Néri. Rio: 1932, p. 31. A herança do livreiro Francisco Alves, em
1917, deu à Academia (que só tivera sede fixa em 1904, no Silogeu) substancia econômica, de que resultou o seu período
de influência, por vezes de esplendor. Em 1924 foi o cenário do cisma de Graça Aranha; em 1931 convencionava com a
Academia das Ciências de Lisboa (presidida por Júlio Dantas) a unificação ortográfica da língua portuguesa.
984 Sobre a evolução estética do autor de Quincas Borba, v. Alfredo Pujol, Machado de Assis. Rio: 1934, p. 101. A
opinião contraditória de Veríssimo e Sílvio (deste, Machado de Assis. Rio: 1936, p. 26, 2ª ed.). Saiu-lhe em defesa Lafaiete
Rodrigues Pereira, com o pseudônimo de Labieno, Vinditia. Rio: 1899. Leiam-se Alcides Maya, Machado de Assis —
Algumas notas sobre o “Humour”; Elói Pontes, A vida contraditória de Machado de Assis. Rio: 1939; Afrânio Coutinho,
A filosofia de Machado de Assis. Rio: 1939; Mário Matos, Machado de Assis. São Paulo: 1939; Peregrino Júnior, in Curso
de Romance, conf. na Academia Brasileira. Rio: 1952, p. 56; Raimundo Morais, Machado de Assis. Belém: 1939; Otávio
Mangabeira, Machado de Assis. Rio: 1954; R. Magalhães Jr., Machado de Assis: Desconhecido. São Paulo: 1955; Lúcia
Miguel-Pereira, Machado de Assis. 1955, 5ª ed.; J. Galante de Sousa, Bibliografia de Machado de Assis. Rio: 1955 e Fontes
para o estudo de Machado de Assis. Rio: 1958.

985 Eugênio Gomes, Influências inglesas em Machado de Assis. Bahia: 1939, pp. 12–4.

986 Afrânio Coutinho, op. cit., p. 142.

987 Menotti del Picchia, in Curso de Romance, conf. na Academia Brasileira, p. 20.

988 V. sua História da literatura brasileira, 1916, da qual a 3ª ed. é de 1954.

989 V. Alfredo Gomes, História literária, in Dicionário do Instituto Histórico. Rio: 1922, i, p. 1508.

990 A esfinge, 1911; Uma mulher como as outras, 1926.

991 V. carta de Veríssimo a Lima Barreto, Francisco de Assis Barbosa, A vida de Lima Barreto. Rio: 1952, p. 179.

992 Eça de Queirós, Notas contemporâneas. Porto: 1920, p. 522, 2ª ed.

993 Injusto será historiar a evolução das formas literárias na capital desprezando os núcleos autônomos em que se
desenvolveram, nos estados, alguns individualizados e fortes, como no Ceará, no Recife, na Bahia, no Paraná, no Rio
Grande, em Minas e São Paulo, principalmente em São Paulo donde veio para o Rio de Janeiro (1921 e 1924) a campanha
modernista. De “escola paulista” já falava João Pinto da Silva, Fisionomia dos novos. São Paulo: 1922, p. 175. O estudo
dessas incursões, da província para a corte (a mais substancial, a da “Escola do Recife”) merece atenção adequada. Sobre
grupos regionais, Afrânio Coutinho, Aderbal Jurema, Adonias Filho, Wilson Lousada, Edgard Cavalheiro, Augusto
Meyer, in Literatura no Brasil, direção do primeiro. Rio: 1955, vol. ii.

994 V. João do Rio, Na Conferência da Paz: A nova ação do Brasil. Rio: 1919.

995 V. Licínio Cardoso, Figuras e conceitos, p. 174.

996 João Ribeiro, crônica de 1o de novembro de 1924, Obras, publicação da Academia Brasileira, Os modernos. Rio:
1952, p. 32; Fernão Neves, A Academia Brasileira, p. 94. Leia-se Antecedentes da Semana de Arte Moderna, de Mário da
Silva Brito. São Paulo: 1958.

997 Alceu Amoroso Lima, Quadro sintético da literatura brasileira, p. 75.

998 José Lins do Rego, Presença do Nordeste na literatura. Rio: 1957, p. 24.

999 Zeferino Brasil, Teias de luar. Porto Alegre: 1924, p. 24: “A prosa nova, firme e cristalina, / O verso para sempre
destronado”.

1000 Peregrino Júnior, in Curso de Teatro, Academia Brasileira de Letras. Rio: 1954, p. 92.

1001 Anais da Biblioteca Nacional, vol. liv; e José Honório Rodrigues, Alfredo do Vale Cabral. Rio: 1954, vol. lxxv dos
mesmos Anais.

1002 V. José Honório Rodrigues, A pesquisa histórica no Brasil. Rio: 1952, p. 133; e sobre a evolução dos métodos de
Capistrano, também J. H. Rodrigues, prefácio à Correspondência de Capistrano de Abreu. Rio: 1954, i, p. 41. Depois da
fase caótica de Melo Morais, Vale Cabral e Capistrano conciliaram a cultura histórica com o documento, o inédito, o
arquivo, faltando-lhes embora a pesquisa direta nos arquivos portugueses (como fizeram Varnhagen, Gonçalves Dias,
João Francisco Lisboa). Disto se ressente, por exemplo, a sua reconstrução conjetural do texto de Frei Vicente do
Salvador.

1003 Autor do Dicionário de brasileirismos, 1915, publicou Garcia a 3ª edição integral da História de Varnhagen, e,
dirigindo a Biblioteca Nacional, imprimiu e comentou valiosos inéditos.
1004 Alencar Araripe, prefácio à História do Brasil, de João Ribeiro, 1920, p. 10, 9ª ed.

1005 V. Capítulos de história colonial. Rio: 1907, p. 216.

1006 Não esqueçamos que Eduardo Prado é o Jacinto de A cidade e as serras, de Eça de Queirós, e no Brasil o
campeão da política nacionalista e católica (Capistrano de Abreu, Ensaios e estudos. Rio: 1931, i, pp. 343–4). Leia-se
Batista Pereira, “Eduardo Prado”, artigo in Comércio de São Paulo, 1902.

1007 José Veríssimo, História da literatura brasileira. Rio: 1954, p. 330, 2ª ed.

1008 “São 400 anos de vida”, Olavo Bilac, Últimas conferências e discursos. Rio: 1924, p. 57: essa vanglória, dos 400
anos paulistas, foi popularizada pelo discurso de Alcântara Machado, a 20 de maio de 1933, ao entrar para a Academia
Brasileira, Discursos acadêmicos, viii, p. 41.

1009 V. Licínio Cardoso, Figuras e conceitos. Rio: 1921, p. 174. Em 1957 com a Sociedade de Amigos de Afonso
Celso, a que não faltou apoio oficial, recobrou atualidade o otimismo do autor de Oito anos no Parlamento, elevado à
categoria de símbolo das boas previsões — em oposição ao negativismo sistemático.

1010 Retrato do Brasil. São Paulo: 1929, p. 201.

1011 A literatura das bandeiras alicerçou-se nas coleções que, no governo de Washington Luís, desde 1920, revelaram
São Paulo colonial. Nela se destacam, além dos 11 tomos de Taunay (e resumo, 2 volumes, 1953), Calógeras, Alcântara
Machado, Washington Luís, Carvalho Franco, Ellis Júnior, Basílio de Magalhães, sem esquecer (predecessores)
Capistrano (Capítulos de história colonial, 1907), Diogo de Vasconcelos (História antiga e média de Minas Gerais, 1904 e
1908). Em seguida, Salomão de Vasconcelos (Bandeirismo), Paulo Setúbal, nas suas novelas, Cassiano Ricardo (Marcha
para Oeste, Bandeirologia), Sérgio Buarque de Holanda (Caminhos e fronteiras). Conf. na Rev. do Inst. da Bahia nº 54, 2ª
parte, p. 346 (1928).

1012 À parte os livros amenos, que popularizaram o assunto, de Setúbal, Viriato Correia, monografias e
documentação de Rangel, Assis Cintra, Argeu Guimarães, Amaral Gurgel, citemos: biografia de Dom Pedro i (Pedro
Calmon, O rei cavaleiro, 1933, 4ª ed.) e, apoiada aos arquivos do Castelo d’Eu, antes consultados por poucos (Tobias
Monteiro, Rangel, Heitor Lira), agora no Museu de Petrópolis, integral, A vida de Dom Pedro i, 3 tomos de Otávio
Tarqüínio de Sousa. De Dom Pedro ii elogiado por Afonso Celso, Múcio Teixeira, Taunay, fizemos a biografia (1938); e
nos deu H. Lira, História de Dom Pedro ii, 3 volumes (no mesmo ano). O Instituto Histórico dedicou-lhe, em 1925, um
tomo especial; e sobre aspectos do reinado a bibliografia é considerável (viagens, correspondência, anotações). Rangel
(como João Brígido) reabilitou o Conde d’Eu. Acrescentamos-lhe a biografia da princesa (1941). R. Magalhães Júnior
levou aplaudidamente ao teatro Carlota Joaquina, Vila Rica (Gonzaga e Marília), O imperador galante (Dom Pedro i).
Depois dos monumentos (de Dom Pedro ii, Petrópolis, 1911, Ceará, Bahia, Rio de Janeiro) as honras fúnebres. Foram
repatriados os restos mortais de Dom Pedro ii e da Imperatriz (1921), dos Condes d’Eu (1953); e a Prefeitura de São Paulo
mandou construir, na base do monumento do Ipiranga, o cenotáfio de Dom Pedro i e da Imperatriz Leopoldina.

1013 É o mais florescente dos gêneros, com retratos inteiros dos Nabucos, Andradas, Barbacena, Cairu, Cotegipe,
Sinimbu, Ottoni, Vergueiro, Feijó, Evaristo, Vasconcelos, Uruguai, Abaeté, Abrantes, Penedo, Olinda, Paraná, Mauá,
Tavares Bastos, Ponte Ribeiro; dos imperadores, do Conde d’Eu, da Princesa Isabel; de Caxias, Osório, Tamandaré,
Saldanha; figuras literárias, como os românticos (Gonçalves Dias, Castro Alves, Junqueira Freire, Alencar, Álvares de
Azevedo, Paulo Eiró, Casimiro de Abreu, Manuel de Almeida) e Machado, Bilac, Patrocínio, Pompéia, Arinos, Euclides,
Tobias, Sílvio, Capistrano, Artur Azevedo; e ainda Pinto de Campos, Luís Gama, Ouro Preto, Silveira Martins; a galeria
republicana de Castilhos, Manuel Vitorino, Pinheiro, Lucena, Benjamin, Rio Branco, Deodoro, Floriano, Prudente,
Rodrigues Alves, Campos Sales, José Marcelino, Nilo, Aristides Lobo, Bernardino de Campos, João Pinheiro, Fernando
Lobo, Antônio Prado, Epitácio, Afrânio de Melo Franco, Borges de Medeiros; mais favorecido pela análise e pela difusão,
Rui Barbosa...

1014 Memórias não constituíam gênero próspero no meio brasileiro, em que é tão lastimável a amnésia política... Aí
temos as do Visconde de Nogueira da Gama (1893), Pereira da Silva (1896), Minha formação, de Nabuco (1900), Jaceguai
(1906–17), Cristiano Ottoni (1908), José Carlos de Carvalho (1912), Campos Sales (1908), Dionísio Cerqueira, Ernesto
Matoso, Pires Brandão (Vultos do meu caminho, 1935), Oliveira Lima (1937), Ferreira de Resende (1944); livros de
Dantas Barreto, como Conspirações, 1917. Eduardo Ramos, Júlio Bello, Rodrigo Otávio; póstumas, Visconde de Taunay,
Conselheiro Albino, Custódio de Melo, André Rebouças; ainda Medeiros e Albuquerque, Elísio de Araújo, Graça Aranha,
Humberto de Campos; mais recentes, Setembrino de Carvalho, Memórias, 1952, Gilberto Amado, Luís Edmundo (O Rio
de Janeiro de meu tempo, Memórias), Graciliano Ramos, Ulisses Lins, José Maria Bello, João Neves.

1015 É copiosa a bibliografia centenarista, que começa, em 1896, com Anchieta, em São Paulo, e Antônio Vieira, na
Bahia, produz em 1900 o Livro do Centenário em 3 tomos, dá em 1903 o de Studart, Tricentenário do Ceará, provoca em
1907–8 os de Oliveira Lima e Capistrano, em 1922 lança o Dicionário do Instituto Histórico, os 5 tomos dos Anais da
Independência, e o volume especial da Revista do Instituto; a colônia portuguesa patrocina a monumental História da
colonização portuguesa do Brasil; em 1923 as publicações baianas sobre o 2 de julho, em 1925 resume-se num grosso
tomo do Instituto a apologia do imperador; as assembléias do Instituto de 1931, 38, 49, convidam à série comemorativa
do 4º centenário da Bahia, a coleção paulista de 1954... As celebrações regionais avultam com os congressos de história do
Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, da Bahia, do Paraná, de São Paulo, do Recife.

1016 Institutos históricos à imagem do Brasileiro (1838) há, com crescente acervo de trabalhos, em quase todas as
capitais do país, na primeira plana São Paulo, Pernambuco, Bahia, Ceará, Rio Grande, Paraná, Santa Catarina; e arquivos,
além do Nacional (que tão valiosas publicações dá periodicamente) os de São Paulo, sendo que o da cúria inteiramente
catalogado, de Minas Gerais (com a esplêndida coleção de Publicações, desde 1898), da Bahia (cujos Anais formam uma
série de grande importância), de Porto Alegre, de Curitiba. Museus, o Nacional (especializado em antropologia e história
natural), o Histórico (1922, organizado e dirigido por Gustavo Barroso), o de Petrópolis (por Alcindo Sodré, 1938), o
Paulista (que, como aqueles, tem a seu crédito a coleção de Anais, publicados por Afonso Taunay e seu sucessor Sérgio
Buarque de Holanda), o da Bahia recomposto por José Valadares, o de Juiz de Fora (filantropia de Ferreira Lage em honra
do pai, Mariano Procópio), os de Porto Alegre, Recife, Curitiba... O Serviço do Patrimônio (criado pelo Ministro Gustavo
Capanema e dirigido por Rodrigo de Melo Franco de Andrade) tomou a si museus regionais, da Inconfidência, em Ouro
Preto, do Ouro, Sabará, das Missões, São Miguel, dos Diamantes, Diamantina. Tipos de museus especializados: da
república, Itu; de arte sacra, Bahia; a Casa de Rui Barbosa, no Rio (também centro de estudos, sob a direção de Américo
Lacombe).

1017 V. o balanço desta cultura in José Carlos de Macedo Soares, Fontes da história da Igreja Católica no Brasil. São
Paulo: 1954.

1018 Em 1928 a Câmara da Bahia votou a lei de proibição (imposto de 300%) da exportação de antigüidades, e a
criação da inspetoria estadual de monumentos nacionais, idéia ampliada, no âmbito federal, com o serviço do patrimônio
histórico e artístico nacional. Na mesma linha de ação: a lei que mandou conservar o Castelo da Torre (Governo de Góis
Calmon, 1927–8).

1019 Temos em vista: A Terra Goitacá, 8 volumes de Alberto Lamego, a série do Centenário de Petrópolis (1943), as
monografias amazonenses de Ferreira Reis, a História de Natal, de Câmara Cascudo, a obra de Gilberto Freyre
cristalizada em Região e tradição (1941), a história da Cidade do Salvador (Teodoro Sampaio, Afonso Rui, Tales de
Azevedo, Alberto Silva), monografias mineiras (a começar pelas histórias antiga e média de Diogo de Vasconcelos,
memórias do distrito diamantino de Felício dos Santos). História da Campanha da Princesa, em 3 tomos magistrais de
Alfredo Valadão; os livros sobre Conceição do Mato Dentro, Baependi, Ouro Preto, Pouso Alto, Mariana, o Serro,
Diamantina, Juiz de Fora, Belo Horizonte; a biblioteca paulista iniciada por Taunay, Azevedo Marques, Silva Leme, com
suas zonas, Taubaté, Itu, Sorocaba, Campinas, e a torrente de ensaios sobre a evolução de São Paulo; a nordestina, o que
se tem escrito no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande, e nos estados do Oeste — cuja nominata está à espera de catálogo
analítico.

1020 Gilberto Freyre, Região e tradição. Rio: 1941, pp. 34–5.

1021 Spencer Vampré, Memórias para a história da Academia de São Paulo, 1928, 2 vols.; Almeida Nogueira,
Tradições e reminiscências, 1908, 8 vols.

1022 Clóvis Beviláqua, História da Faculdade de Direito do Recife, 1928, 2 vols.

1023 V. Livro do Centenário dos Cursos Jurídicos. Rio: 1928, 2 vols. (síntese desta cultura).

1024 Clóvis Beviláqua, Código Civil anotado, 1921, vol. i; Lauro Romero, Clóvis Beviláqua. Rio: 1956.

1025 De J. L. Alves, Comentários ao Código Civil Brasileiro, 1923; Paulo de Lacerda, Manual de Código Civil (1º
tomo, 1929); Lacerda de Almeida, Direito das cousas, Direito das obrigações, Sucessões.

1026 Valdemar Ferreira, Instituições de direito comercial. Rio: 1947, i, p. 68.

1027 João Monteiro, Curso de Processo Civil. São Paulo: 1936, p. 166, 5ª ed.

1028 Edição de Homero Pires, Rui Barbosa, Constituição Federal Brasileira. São Paulo: 1935, 5 tomos.

1029 Explicamos a posição da disciplina no quadro didático, em nossa Teoria geral de Estado. Rio: 1958, 5ª ed., pref.
O livro de Queirós Lima é de 1935.

1030 V. a bibliografia da especialidade, cujo mestre hoje é o Prof. Haroldo Valadão, Rodrigo Otávio, Dicionário de
direito internacional privado. Rio: 1933, p. 403.

1031 Hildebrando Accioli, Derecho Internacional Público. Rio: 1945–6, 3 vols.

1032 Direito comparado. Rio: 1902.

1033 Leia-se José Pedro Galvão de Sousa, in Anais do 1º Congresso Brasileiro de Filosofia, i, pp. 142–3. O pensamento
de Pedro Lessa, in Estudos de filosofia do direito, p. 12.

1034 Sousa Lima, in Livro do Centenário. Rio: 1901, ii, p. 95.

1035 Afrânio Peixoto, Breviário da Bahia. Rio: 1946. E Henriques Guedes de Melo, Reminiscências da vida
acadêmica. Rio: 1932.

1036 Ivolino de Vasconcelos, Francisco de Castro. Rio: 1951, p. 208.

1037 Fernando Magalhães, O Centenário da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Rio: 1932, p. 157. Quanto à da
Bahia, Fernando Luz, História da 1ª Cadeira de Clínica Cirúrgica. Bahia: 1934, p. 24; Otávio Torres, Esboço histórico dos
acontecimentos mais importantes da vida da Faculdade de Medicina da Bahia. Bahia: 1946, p. 58; Pacífico Pereira,
Memória sobre a medicina na Bahia, 1923; Gonçalo Moniz, A medicina e sua evolução na Bahia, 1923; A medicina no
Brasil. Rio: 1940 (direção de Leonídio Ribeiro).

1038 Fernando de Azevedo, A cultura brasileira. Rio: 1943, p. 234; Afrânio do Amaral, in O Estado de São Paulo, 24
de janeiro de 1954, p. 100.

1039 Anhembi. São Paulo: abril de 1958, nº 89, p. 242.

1040 Roquette-Pinto, Ensaios brasilianos, p. 104. Em 1896 Adolfo Carlos Lindenberg preconizara os raios x,
Academia Nacional de Medicina, Em comemoração do centenário do ensino médico. Rio: 1908, p. 672.

1041 Pedro Calmon, O Palácio da Praia Vermelha. Rio: 1953 (a propósito do centenário do Hospício).

1042 Que o homem do Brasil precisa ser educado e não substituído..., Roquette-Pinto, Nota sobre os tipos
antropológicos, Arquivos do Museu Nacional. Rio: 1928, xxx. Tese: O exercício da medicina entre os índios da América.
Rio: 1906.

1043 Afrânio Peixoto, Um século de cultura sanitária. São Paulo: 1922, p. 49.

1044 Olímpio da Fonseca, Em torno da medicina. Rio: 1933, p. 221.

1045 V. a sua repercussão em São Paulo, Paulo Nogueira Filho, Ideais e lutas de um burguês progressista, i, p. 76, ii, p.
630.

1046 Nina Rodrigues, As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil. Bahia: 1894; L’Animisme fétichiste des
nègres de Bahia, Os africanos no Brasil (livro póstumo). São Paulo: 1935, 2ª ed., prefácio de Homero Pires.

1047 Epilepsia e crime. Bahia: 1897, p. 194.

1048 Roquette-Pinto, Arquivo do Museu Nacional, xxx, p. 321.

1049 De Clóvis Beviláqua, Juristas‑Filósofos. Bahia: 1898, p. 4. Na linha tradicional: Soriano de Sousa, João Mendes
Júnior, Lafaiete Rodrigues Pereira, Lacerda de Almeida, a escola teuto‑sergipana (na sátira de Carlos de Laet, atirada a
Sílvio Romero) contra a galo‑ ‑fluminense (como respondeu Sílvio).

1050 Artur Orlando, Novos ensaios. Recife: 1905.

1051 Bibliografia de Almáquio Dinis. Rio: 1953 (organizada por Alfeu Dinis Gonçalves), documentário da corrente
dominante.

1052 Do mestre de filosofia do direito na Bahia, Virgílio de Lemos, Classificação dos conhecimentos humanos e das
ciências jurídicas. Bahia: 1921.
1053 João Camilo de Oliveira Torres, O positivismo no Brasil. Rio: 1943, pp. 241 e ss. Cruz Costa, O positivismo na
república. São Paulo: 1956, pp. 14 e ss.; e Contribuição à história das idéias no Brasil. Rio: 1956, pp. 361 e ss.

1054 J. P. Coelho de Sousa, O pensamento político de Assis Brasil, cit., p. 31.

1055 Alcides Gentil, As idéias de Alberto Torres. São Paulo: 1938, p. 310. Euclides, Torres, Farias Brito, “três marcos
iniciais decisivos da independência espiritual”, V. Licínio Cardoso, Figuras e conceitos. Rio: 1921, p. 175. A Tobias faltara
originalidade, Antônio Gomez Robledo, La Filosofia en el Brasil. México: 1946, pp. 112–4; A. Sabóia Lima, Alberto Torres
e a sua obra. Rio: 1918, p. 52.

1056 Roquette-Pinto, Ensaios brasilianos. São Paulo, p. 52.

1057 Revista de Portugal. Porto: 1889, i, p. 478.

1058 Sílvio Romero, Estudos sociais, p. 16. V. bibliografia in Carlos Süssekind de Mendonça, Sílvio Romero: Sua
formação intelectual, pp. 321–29, e, de Sílvio Rabelo, Itinerário de Sílvio Romero. Rio: 1940. Merecem citados, além da
História da literatura (1888, 1902, agora em 6ª ed.); Parlamentarismo e presidencialismo, 1894; Ensaios de filosofia do
direito, 1895; O Brasil social, 1907; A geografia da politicagem, 1912.

1059 Príncipe Luís de Orléans e Bragança, Sous la Croix du Sud. Paris: 1912, p. 13.

1060 V. Vasconcelos Torres, Oliveira Viana. Rio: 1956, p. 48.

1061 Recenseamento do Brasil, Introdução. Rio: 1922, p. 314. Sobretudo: Populações meridionais do Brasil, 1922,
dolicóides e braquióides...

1062 Resume o seu pensamento in Instituições políticas brasileiras. Rio: 1949, i, pp. 320–4. Quis demonstrar que as
populações não ultrapassaram a solidariedade do clã, com fraco sentimento dos interesses nacionais, na pauta da escola
social de Domolins, Tourville... Dogmatizaria, que se ruma para um único tipo de Estado, o nacional (ibid., i, p. 115) e
pregou o abrasileiramento das estruturas (Problemas do direito sindical. Rio: 1944, p. 12), corifeu que era da organização
corporativa. Foi o grito de Jackson de Figueiredo, em 1920, Correspondência. Rio: 1945, p. 351, 2ª ed.

1063 Oliveira Viana, Problemas de política objetiva. São Paulo: 1930.

1064 Evaristo de Morais, prefácio a O trabalho e o salário, de Francisco Frola. Rio: 1937, p. 8.

1065 Humberto de Campos, Memórias inacabadas. Rio: 1935, p. 158. Era o que se lia em 1900. A respeito do que se
lia em 1906, Gilberto Amado, A dança sobre o abismo. Rio: 1952, pp. 172–3.

1066 Farias Brito, Finalidade do mundo, i, pp. 21–2 (nova edição, 3 vols., Rio: 1958).

1067 V. Jônatas Serrano, Farias Brito: O homem e a obra. São Paulo: 1939; Jackson de Figueiredo, Algumas reflexões
sobre a filosofia de Farias Brito, 1919; Nestor Vítor, Farias Brito, 1920. Alceu Amoroso Lima (Tristão de Ataíde), Estudos.
Rio: 1927, 1ª série; e bibliografia coligida na citada obra de J. Serrano; crítica do Pe. Leonel Franca, Noções de história da
filosofia, p. 322 (13ª ed., Rio: 1952); Francisco Elias de Tejada, As doutrinas políticas de Farias Brito, trad. Arlindo Veiga
dos Santos. São Paulo: 1952.

1068 Discurso de Brasílio Machado (Alcântara Machado, Brasílio Machado. Rio: 1937, p. 194), 1896: “Mas eis que
inesperadamente se abre este recinto”.

1069 V. Licínio Cardoso, Figuras e conceitos, p. 177.

1070 Jackson de Figueiredo, Algumas reflexões sobre a filosofia de Farias Brito. Rio: 1916; Xavier Marques, Dois
filósofos. Bahia: 1916.

1071 Subtítulo do seu livro de 1916. De Jackson, Pascal e a inquietação moderna, 1924; e a seu respeito, In memoriam,
edição do Centro Dom Vital, Rio: 1929. Também Correspondência. Rio: 1945, p. 348, 2ª ed.: “As idéias, a vida de Farias
Brito são para mim o que mais importa”.

1072 Estudos de filosofia do direito. Rio: 1916, p. 6, 2ª ed.

1073 Pe. Leonel Franca, A Igreja, a Reforma e a civilização. Rio: 1923, p. 527. Devemos-lhe primeira tentativa de
história didática das idéias. Jackson, Literatura reacionária. Rio: 1924, p. 29. Refere-se à 2ª edição da História da filosofia
(hoje na 14ª). De Franca, O divórcio, 1937, 3ª ed.; A crise do mundo moderno, 1941, Obras completas, v. Pe. Luís
Gonzaga da Silveira d’Elboux, O Padre Leonel Franca. Rio: 1953. A Jackson sucedeu no Centro Dom Vital Alceu
Amoroso Lima, neotomista como Maritain.

1074 Gilberto Amado, Grão de areia; e Estudos brasileiros, p. 43.

1075 Gilberto Amado, ibid., p. 165.

1076 V. a crítica de Oliveira Lima, Memórias, p. 168, em que diz que o livro sobre a democracia federal de Assis Brasil
foi haurido na convivência acadêmica de Castilhos, colega e cunhado.

1077 José Maria dos Santos, A política geral do Brasil. Rio: 1930, p. 456.

1078 Euclides, Da independência à república, 1908; Calógeras, Formação histórica do Brasil, 1920.

1079 V. op. cit., p. 566.

1080 Campanha presidencial. Rio: 1919, p. 11; A questão social e a política no Brasil, conferência no Lírico, 20 de
março de 1919, a que aludimos.

1081 Do governo presidencial na república brasileira. Lisboa: 1896, p. 56.

1082 Jornal do Comércio, Rio: 22 de fevereiro de 1932 (a propósito do programa do Ministro do Trabalho, Lindolfo
Collor).

1083 “Estou, senhores, com a democracia social”, dissera Rui na citada conferência de 20 de março. Quanto à idéia no
estrangeiro, R. G. Gettell, História das idéias políticas, trad. F. Salgueiro. Lisboa: 1936, p. 548.

1084 Pontes de Miranda, À margem do direito, Rio: 1912, p. 125, augura o federalismo sindicalista.

1085 Alceu Amoroso Lima, Obras, e em especial Meditação sobre o mundo moderno, Rio: 1942.

1086 Merece especial menção Henrique Morize, um dos animadores da Academia Brasileira de Ciências (1916), que
em 1919 ligou o nome ao de Einstein, indo ao Ceará observar o eclipse do Sol, que lhe confirmou a teoria do peso da luz,
base da física nuclear.

1087 Maurício Joppert, citado por Saturnino de Brito Filho, A engenharia no Brasil. Rio: 1949, p. 53.

1088 Saturnino de Brito Filho, ibid., p. 89.

1089 J. Boahse, artigos in Engineering New Records.

1090 Ao professor de história da arquitetura Paulo Santos agradecemos as informações constantes do seu discurso do
centenário de Morales de los Rios e da oração paraninfal na Faculdade Nacional de Arquitetura, de 1953.

1091 De Lúcio Costa, Depoimento de um arquiteto carioca, pp. 30–1, e Considerações sobre arte contemporânea
(Cadernos de Cultura), Rio.

1092 Consideraram o edifício do Ministério da Educação paradigma desta nova expressão, Louis Réau, Encyclopédie
de l’art. Paris: 1951; Germain Bazin, Histoire de l’art. Paris: 1954. Em linhas gerais Le Corbusier fizera edifícios análogos
(Maison Suisse, da Cité Universitaire, de Paris), porém nenhum com “a significação plástica estupenda” daquele (Paulo
Santos).

1093 V. Philip L. Goodwin, Brazil Builds, The Museum of Modern Art, Nova York, 1943.

1094 Gonzaga Duque, A arte brasileira. Rio: 1888, p. 192.

1095 Carlos Rubens, Pequena história das artes plásticas no Brasil. São Paulo: 1941, p. 160.

1096 Laudelino Freire, Um século de pintura. Rio: 1916, p. 514; José Maria dos Reis, História da pintura no Brasil. São
Paulo: 1941, p. 241.

1097 Ilustrador desta História, seu último trabalho, Wasth Rodrigues (falecido em 22 de abril de 1957) merece
referência comovida, entre os mestres.
1098 Carlos Rubens, op. cit., p. 262.

1099 Ernesto Sousa Campos, Educação superior no Brasil. Rio: 1940, p. 298, pass.

1100 Sousa Campos, História da Universidade de São Paulo. São Paulo: 1954, p. 100.

1101 Números atuais no país: ensino primário, 5.768.727 matrículas (1958); médio, 993.877; superior ou
universitário, 84.000. O ensino médio — conforme a mesma estatística — passou de 65 mil em 1932 àquela cifra em 1958.

1102 V. Alceu Amoroso Lima, Quadro sintético da literatura brasileira. Rio: 1956, p. 109. Sem pretender fazer crítica,
mas leve história do movimento geral das letras, também não insistimos em definições didáticas. Contentamo-nos com o
resumo objetivo (inseparável, pelo visto, da sensibilidade do autor) que tem apenas a vantagem de incluir no conjunto da
evolução as correntes intelectuais, de ordinário isoladas nos livros especializados.

1103 Exemplo; conferências da Semana da Arte Moderna, a de Graça Aranha na Academia, em continuação aos
ciclos do Rio, de 1905, de 1910 (v. Brito Broca, A vida literária no Brasil, 1900, p. 137), esplendor e mania de uma
sociedade civilizadamente auditiva. Foi o tempo (coincidente como é óbvio, com iguais hábitos parisienses) das
conferências de viajantes ilustres, embaixadores verbais do Velho Mundo, Ferrero, Anatole France, Ferri, Paul Adam...
Congressos que marcaram época, o afro-brasileiro do Recife. Cursos: os da Academia Brasileira, a começar pelo de
Camões, 1942, romance, teatro, crítica, jornalismo, história, oratória...

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