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UNIFACISA- CENTRO UNIVERSITÁRIO

BEATRIZ ALBUQUERQUE DANTAS


MARIA CLARA AIRES
MARIA EDUARDA MENEZES
MARIA HELOÍSA COSTA ALMEIDA

FASE 02

EMITIR PARECER SOBRE CONTROLE LICITATÓRIO

CAMPINA GRANDE
2023
PARECER JURÍDICO

PROCESSO LICITATÓRIO Nº: 999/2023


MODALIDADE: Pregão Eletrônico
OBJETO: latas de fórmula infantil em pó isenta de lactose e à base de proteína isolada
de soja; e latas de suplemento alimentar hiperproteico em pó para uso infantil para
lactentes de 0 a 6 meses de idade.

EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO.


PROCEDIMENTO LICITATÓRIO. IRREGULARIDADES.
RECURSO ADMINISTRATIVO. LEI 14.133. PARECER
JURÍDICO.

RELATÓRIO

Trata-se de procedimento licitatório que desemboca à finalidade de obtenção de latas


de fórmula infantil em pó isenta de lactose e à base de proteína isolada de soja e latas de
suplemento alimentar hiperproteico em pó para uso infantil, tal qual para lactentes de 0 a 6
meses de idade, de maneira a cumprir diligências necessárias requeridas pela gerente da
Central de Abastecimento Farmacêutico - CAF, da Secretaria Municipal de Saúde - SMS,
através de Pregão Eletrônico, juntada de Planilha de Quantitativos; Cotações; Ofício de
autorização; Demonstrativo da Previsão de Dotação Orçamentária; Termo de Referência e
Justificativa da Metodologia da Pesquisa à atender a Secretaria Municipal de Saúde da cidade
de Campina Grande.

Nesse contexto, o Pregoeiro anexou aos autos todas as informações para o


procedimento de certame licitatório em que, posteriormente, o corpo de assessores jurídicos
emitiram parecer, configurando-se favoráveis ao edital, todavia, evocou a correção da
pesquisa de preços, alegando que houve o mesmo procedimento licitatório em outras
contratações do munícipio, sem abarcar qualquer justificativa plausível acerca do quantitativo
para a composição dos preços.

Destarte, apesar da retificação, a empresa FARMACO & SAUDE LTDA, logrou êxito
no certame, tendo o melhor lance ofertado em relação ao item 01 do edital, com
compatibilidade no valor de mercado e inferior valor estimado e especificado no Termo de
Referência e Planilha de Quantitativos e Preços.

Outrossim, a empresa NUTRIFEEL LTDA, ingressa com recurso alegando:


I) Nulidade do procedimento, visto que não foi observada a necessidade de um levantamento
atualizado de preços do mercado;
II) E, impedimento da empresa FARMACO & SAUDE LTDA, diante do fato de que o
próprio sócio - administrador de tal empreendimento é irmão da gerente da Central de
Abastecimento Farmacêutico - CAF do SMS em questão (Secretária Municipal de Saúde),
requerente dos itens pleiteados.

Ademais, prontamente o recurso foi rejeitado, com fundamentos rasos à impugnação


em questão, em que, diante disso, foram encerrados os exercícios da comissão de licitação e
encaminhado o processo à assessoria jurídica para análise de conformidade com base na lei
14.1333/2021.

PARECER

1. Da necessidade da licitação

A licitação é um procedimento administrativo adotado pela administração pública


para contratar obras e serviços, ou para compras, alienações e locações, assegurando
igualdade de condições a todos que queiram realizar um contrato com o Poder Público. A lei
14.133/21, estabelece critérios de seleção das propostas de contratação mais vantajosas para o
interesse público a depender das modalidades e tipos existentes estabelecidos pela
Administração Pública, revogando expressamente a Lei nº 8.666/1993 (Estatuto anterior), a
Lei nº 10.520/2002 (pregão) e a Lei nº 12.462/2011 (Regime Diferenciado de Contratações –
RDC), congregando em diploma único as normas que se inspiravam nas leis revogadas. O
processo deve seguir e respeitar os seguintes princípios: legalidade, impessoalidade,
isonomia, probidade administrativa, moralidade, publicidade, celeridade, julgamento
objetivo, economicidade e vinculação ao instrumento convocatório.
O processo de licitação consiste em duas fases, uma interna, que acontece antes da
publicação do edital, e outra externa, após a publicação do edital. A fase interna compõe-se
por procedimentos formais, tais como a elaboração do edital, definição do tipo e modalidade
de licitação, sendo tudo executado por uma comissão de licitação. Já a fase externa inicia-se
com a divulgação ao público da licitação, sucedida por subfases, como: habilitação e
apresentação de propostas e documentos, classificação e julgamento, homologação e
adjudicação.
Em síntese, todo esse procedimento tem a finalidade de atender as demandas da
sociedade, dessa forma, os objetos da licitação em análise, tais quais: i) latas de fórmula
infantil em pó isenta de lactose e à base de proteína isolada de soja e ii) latas de suplemento
alimentar hiperproteico em pó para uso infantil para lactentes de 0 a 6 meses de idade, são
solicitados para atender às demandas judiciais encaminhadas à Secretaria Municipal de Saúde
de Campina Grande – PB, se fazendo perfeitamente necessário e justificável a abertura da
licitação, assim, caracteriza indiscutivelmente o interesse público envolvido.
2. Da adequação da modalidade escolhida

O pregão é a sexta modalidade da licitação, sendo instituída pela Lei nº 10.520/02 e


regulamentado pelo Governo Federal pelos Decretos nº 3.555/2000 e 5.450/05. Essa
modalidade é utilizada para aquisição de bens e serviços comuns de qualquer valor em que a
disputa pelo fornecimento é feito em sessão pública, por meio de propostas e lances, para
classificação e habilitação do licitante com proposta de menor preço, podendo ser realizada
de maneira presencial ou eletrônica. Sendo constituído por duas fases, interna e externa,
previstas, respectivamente, nos artigos 3º e 4º da Lei 10.520/02 (lei que instituiu a
modalidade de licitação denominada pregão) que são de observância obrigatória no processo
licitatório.
Com relação às regras do pregão, pode ocorrer a inversão das fases de habilitação e
classificação dos licitantes. A inversão permite que seja examinada somente a documentação
do participante que tenha apresentado a melhor proposta. O procedimento que vem sendo
adotado nas concorrências obriga ao prévio exame da documentação de habilitação
apresentada por todos os participantes, acarretando uma lentidão desnecessária na conclusão
da licitação. Portanto, há de se concluir que a modalidade escolhida também se adequa aos
termos da lei.

3. Do mérito de consulta

Inicialmente, cabe destacar que foram duas as argumentações que motivaram a


empresa NUTRIFEEL LTDA, classificada em 2º lugar, sendo tais: a necessidade de novo
levantamento atualizado de preços de mercado e o impedimento da empresa vencedora,
porquanto seu sócio-administrador, senhor Ricardo Leão de Coimbra Terceiro, seria irmão da
Gerente da Central de Abastecimento Farmacêutico – CAF, da Secretaria Municipal de Saúde
– SMS, solicitante dos itens a serem adquiridos. Destarte, precisa de um exame
fundamentado acerca de cada ponto, separadamente.

a) a necessidade de novo levantamento atualizado de preços de mercado.

De acordo com o artigo 23 da lei 14.133/21, o valor estimado da contratação será


compatível com o de mercado, ou seja, há de existir a adequação entre o valor previamente
estimado do contrato e os preços de mercado, observando todos os bancos de dados e
considerando a economia de escala. A pesquisa de preços, como discorre Eduardo Grossi
Franco e Thiago Elias Mauad, em seu livro Licitações e contratos, é elemento fundamental
para a estimativa a ser feita pela Administração, sendo exigência costumeiramente
mencionada pela Corte de Contas.

O § 1º prevê regulamento sobre os parâmetros a serem utilizados nas aquisições de


bens e serviços em geral, abrangendo, resumidamente: consulta de preços constante do Banco
de Preços em Saúde disponíveis no Portal Nacional de Contratações Públicas – PNCP (criado
pelo art. 174); contratações similares feitas no período de um ano anterior à data da pesquisa
de preços, inclusive mediante registro de preços; utilização de dados de pesquisa publicada
em mídia especializada, de tabela de referência formalmente aprovada pelo Poder Executivo
federal e de sítios eletrônicos especializados ou de domínio amplo; pesquisa direta feita com,
no mínimo, três fornecedores, desde que apresentada a justificativa da escolha desses
fornecedores e que não tenham sido obtidos os orçamentos com mais de seis meses de
antecedência da data de divulgação do edital e pesquisa na base nacional de notas fiscais
eletrônicas, na forma de regulamento. Não obstante, o § 3° prevê que nas contratações
realizadas por Municípios, Estados e Distrito Federal, desde que não envolvam recursos da
União, o valor previamente estimado da contratação, poderá ser definido por meio da
utilização de outros sistemas de custos adotados pelo respectivo ente federativo.

Diante de tal situação, urge ressaltar que o preço de referência é o maior valor
aceitável para a aquisição/contratação e o objetivo da pesquisa de preços realizada pela
Administração é aproximar ao máximo o valor de referência da amostra levantada com
aquele que será obtido pela empreiteira, tendo em vista o interesse público e o princípio da
economicidade.Em vista disso, ora como já bem apresentado pelos elementos fáticos, a
empresa contratada teve o valor de seu produto inferior ao valor estimado e especificado no
Termo de Referência, contudo, compatível com o termo de mercado, contudo dentro dos
limites.

Ainda, ao explorar o artigo 82, IV da Lei, disserta que a contratação deve se ater a
seguintes condições:

“Art. 82. O edital de licitação para registro


de preços observará as regras gerais desta
Lei e deverá dispor sobre:

I - as especificidades da licitação e de seu


objeto, inclusive a quantidade máxima de
cada item que poderá ser adquirida;

II - a quantidade mínima a ser cotada de


unidades de bens ou, no caso de serviços, de
unidades de medida;

III - a possibilidade de prever preços


diferentes:

a) quando o objeto for realizado ou entregue


em locais diferentes;

b) em razão da forma e do local de


acondicionamento;

c) quando admitida cotação variável em


razão do tamanho do lote;

d) por outros motivos justificados no


processo;
IV - a possibilidade de o licitante oferecer
ou não proposta em quantitativo inferior ao
máximo previsto no edital, obrigando-se
nos limites dela. [...]”

Nesse sentido, não se verifica no caso em tela que a empresa extrapolou os limites
exigidos. Portanto, também não há no que se falar sobre dar causa à frustração do caráter
competitivo por parte da empresa, uma vez que foi contratado por apresentar o melhor lance,
e não por concorrência desleal. O que houve, portanto, foi uma irregularidade por parte da
Administração que discorreremos mais posteriormente neste parecer.

Em outra análise, José dos Santos Carvalho Filho discorre que:

“o processo de licitação, tem por objetivo


principal selecionar a proposta mais
vantajosa para a contratação pelo Poder
Público. No entanto, pretende também evitar
contratações com sobrepreço e com
superfaturamento, situações que
comprometem o erário.”

Neste sentido, não houve desperdício de recursos públicos, prejudicando a


economicidade da licitação, como já bem posto que o licitante vencedor apresentou proposta
equivalente com a de mercado, e assim, não evidencia-se superfaturamento nesse contexto.

Também, o art 147 confirma que mesmo que o procedimento licitatório apresente
irregularidades, o interesse público prevalecerá:

“Art. 147. Constatada irregularidade no


procedimento licitatório ou na execução
contratual, caso não seja possível o
saneamento, a decisão sobre a suspensão da
execução ou sobre a declaração de nulidade
do contrato somente será adotada na
hipótese em que se revelar medida de
interesse público, com avaliação, entre
outros, dos seguintes aspectos:

I - impactos econômicos e financeiros


decorrentes do atraso na fruição dos
benefícios do objeto do contrato;

II - riscos sociais, ambientais e à segurança


da população local decorrentes do atraso
na fruição dos benefícios do objeto do
contrato;
III - motivação social e ambiental do
contrato;

IV - custo da deterioração ou da perda das


parcelas executadas;

V - despesa necessária à preservação das


instalações e dos serviços já executados;

VI - despesa inerente à desmobilização e ao


posterior retorno às atividades;

VII - medidas efetivamente adotadas pelo


titular do órgão ou entidade para o
saneamento dos indícios de irregularidades
apontados;

VIII - custo total e estágio de execução física


e financeira dos contratos, dos convênios,
das obras ou das parcelas envolvidas;

IX - fechamento de postos de trabalho


diretos e indiretos em razão da paralisação;

X - custo para realização de nova licitação


ou celebração de novo contrato;

XI - custo de oportunidade do capital


durante o período de paralisação.

Parágrafo único. Caso a paralisação ou


anulação não se revele medida de interesse
público, o poder público deverá optar pela
continuidade do contrato e pela solução da
irregularidade por meio de indenização por
perdas e danos, sem prejuízo da apuração de
responsabilidade e da aplicação de
penalidades cabíveis.”

Dessa maneira, embora apresente irregularidades na licitação, é necessário ponderar a


demanda e a precisão da sociedade, de acordo com o parâmetro legal acima mencionado.

Em outro viés, a redação do artigo 53 obriga ao término da fase preparatória o envio


para órgão de assessoramento jurídico, para fins de controle prévio de legalidade, e assim, a
estrita observância de orientação constante em parecer jurídico elaborado na forma da lei.
Todavia, conforme foi analisado, foi constatado uma inobservância quanto a orientação do
parecer. Porém, nota-se que são falhas técnicas de condução administrativa, não se tratando
de conduta ímproba. Esse é o entendimento que a jurisprudência vertente adota, segundo
julgado no STJ, vejamos:
“I. DIREITO SANCIONADOR. AGRAVO
INTERNO EM RESP. AÇÃO CIVIL
PÚBLICA DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA DA PRETENSÃO
REFORMADA PELO TJ/SP. APELO
RARO VEICULADO PELO ENTÃO
PREFEITO DO MUNICÍPIO DE
NANTES/SP, A PARTIR DO QUAL
VINDICA A ABSOLVIÇÃO QUE HAVIA
SIDO PROCLAMADA EM SENTENÇA.
ABSOLVIÇÃO RESTABELECIDA PELA
DECISÃO AGRAVADA. II. NA ESPÉCIE,
CUIDA-SE DE REMEMORAR A
SEMPRE URGENTE DISTINÇÃO
ENTRE ATOS IRREGULARES E
ÍMPROBOS, ESTES QUE SE
REVESTEM DA NOTA DE MÁ
INTENÇÃO. O TRIBUNAL A QUO NÃO
CONSIDEROU ESSA DIFERENÇA, AO
AFIRMAR QUE AS DIVERSAS FALHAS
NO PROCESSO LICITATÓRIO SERIAM
CAUSA DE IMPROBIDADE. III. AS
INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS
REGISTRARAM QUE HOUVE O
PROCEDIMENTO LICITATÓRIO NA
MODALIDADE CONVITE, QUE VISOU
À CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE
ASSESSORIA E CONSULTORIA PARA
AS ÁREAS DE ADMINISTRAÇÃO,
EDUCAÇÃO, JURÍDICA PATRIMONIAL,
TRIBUTAÇÃO, RECURSOS HUMANOS,
SUPRIMENTOS, LICITAÇÕES,
EDUCAÇÃO E CULTURAL.
SOBREVEIO A CONTRATAÇÃO DO
ADVOGADO, APÓS A DEVIDA
REALIZAÇÃO DE CERTAME. IV.
APONTOU O JULGADO DE PRIMEIRO
GRAU QUE O SENSO COMUM E AS
MÁXIMAS DE EXPERIÊNCIA INDICAM
QUE O VALOR ESTIMADO PELO
MUNICÍPIO DE NANTES/SP PARA A
DESPESA COM A CONTRATAÇÃO DE
ASSESSORIAS PARA AS DIVERSAS
ÁREAS (R$ 15.000,00) NÃO SE
REVELOU EXORBITANTE OU FORA
DOS PADRÕES NORMAIS (FLS. 224). V.
SÓ COM ESSA ASSERTIVA É POSSÍVEL
VER QUE NÃO HÁ NOTA DE MÁ-FÉ
DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO
NA ENTABULAÇÃO CONTRATUAL.
NÃO HÁ FATO TÍPICO, PORTANTO.
VERIFICAM-SE IRREGULARIDADES,
TAIS COMO AS INDICADAS AUSÊNCIA
DE PUBLICAÇÃO DE MINUTA DO
INSTRUMENTO DE CONTRATO,
DISPENSA DE EXIGÊNCIAS
RELATIVAS À QUALIFICAÇÃO
JURÍDICA, HABILITAÇÃO TÉCNICA.
SÃO IRREGULARIDADES QUE NÃO SE
ALÇAM AO PLANO DAS
IMPROBIDADES, CORRIGÍVEIS POR
APERFEIÇOAMENTO INTERNO. VI.
AGRAVO INTERNO DO ÓRGÃO
ACUSADOR DESPROVIDO.
8. Por isso, muito bem disse o Professor e
Jurista JOSÉ AFONSO DA SILVA que a
improbidade administrativa é uma
imoralidade qualificada pelo dano ao erário
e correspondente vantagem ao ímprobo ou a
outrem (Curso de Direito Constitucional
Positivo. São Paulo: Malheiros, 2005, p.
669)
9. Os atos irregulares, por sua vez, são
aqueles praticados em desacordo às
diretivas da Administração Pública, esta que
só permite que se faça aquilo que a lei
determina. Qualquer coisa fora do esquadro
normativo que baliza as rotinas dos
Administradores Públicos é uma ilegalidade.
As irregularidades podem ocorrer por falta
de orientação técnica, por inabilidades,
deficiência de formação profissional do
Gestor Público.
10. Ilegalidades e práticas irregulares não
denotam necessariamente aspectos de má
intenção e de maus desígnios, que são
característicos da improbidade
administrativa e integram o próprio tipo
ímprobo previsto em lei. Isto porque, na
improbidade administrativa, já existe a
volição preordenada para a prática da
conduta que propiciará o locupletamento
frente aos cofres públicos ou lesar o Erário,
o que não é encontrável em atos
simplesmente ilegais do Administrador
Público.
16. Portanto, a circunstância de não ter
havido prévia pesquisa de preços não é
causa que enseja a responsabilidade por ato
ímprobo, uma vez que, ao fim e ao cabo, não
houve superfaturamento. O Advogado foi
contratado a preços de mercado, e foi
escolhido o profissional que apresentou
proposta mais vantajosa para a
Administração. O caso fica, se muito, à
conta de irregularidades formais sanáveis.
20. Agravo Interno do Órgão Acusador
desprovido.
(AgInt no AREsp n. 789.979/SP, relator
Ministro Napoleão Nunes Maia Filho,
Primeira Turma, julgado em 3/11/2020, DJe
de 18/11/2020.)”

Perante o exposto, e seguindo o precedente supramencionado, esta assessoria entende


como configuração de irregularidade e não como vício de ilegalidade insanável. Não cabendo
assim, a nulidade do procedimento, como suscita a empresa recursante.

Ainda, segundo a doutrina majoritária, embora a revogação e a anulação estejam


previstas na fase final do procedimento (antes da homologação e adjudicação), na realidade
elas podem ocorrer a qualquer momento em que se verifique que a contratação se tornou
inconveniente ou inoportuna ou em que se constate a prática de ato ilegal. Não tem sentido,
por contrariar o princípio da razoabilidade, aguardar o término do procedimento, que é
sempre oneroso para a Administração, para os cofres públicos e para os licitantes, na hipótese
em que os motivos determinantes da revogação ou anulação se revelem durante o
procedimento, em qualquer de suas fases.

b) impedimento da empresa vencedora em face da relação de parentesco

O Estatuto prevê alguns impedimentos para participar de licitações segundo o art 14


da Lei 14.133/21, dentre eles destaca em seu inciso IV, a vedação para cônjuge, companheiro
ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, de órgão ou entidade
contratante ou com agente público que participe da licitação, devendo essa proibição constar
expressamente do edital de licitação. Dessa maneira, há de se analisar se essa proibição está
expressa no edital em questão. Desta feita, esse impedimento não se apresenta no cenário em
questão. Além disso, a empresa escolhida participou do processo de forma legal, obedecendo
os critérios da licitação, também não há do que se falar na dispensa de exigências relativas à
habilitação jurídica, qualificação técnica, econômico financeira e regularidade fiscal, uma vez
que não se fala sobre relaxamento na fase de habilitação, permanecendo a fase rigorosa, e
nem foi constatado que a empresa é inapta para o fornecimento dos bens.

Dessa forma, dispõe a jurisprudência dos tribunais pátrios, que a relação do


parentesco, por si só, não configura ato ilegal quanto ao procedimento licitatorio. É o que
proferiu o Ministro OG Fernandes na argumentação em decisão de recurso extraordinário,
atentemos:

“EMENTA
RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
FUNDAMENTAÇÃO DO JULGADO
RECORRIDO.
SUFICIÊNCIA. TEMA N. 339/STF.
CONFORMIDADE. PRESSUPOSTOS DE
ADMISSIBILIDADE RECURSAL. TEMA
N. 181/STF. AUSÊNCIA DE
REPERCUSSÃO GERAL. NEGATIVA DE
SEGUIMENTO. SUPERVENIÊNCIA DA
LEI N. 14.230/2021.
TEMA N. 1.199/STF. CONDUTA
DOLOSA. IRRETROATIVIDADE.
DECISÃO
Frise-se, como se verá, que a improbidade
não decorre apenas do fato do parentesco,
por si, senão desse fato associado a
circunstâncias objetivas que maximizaram o
prejuízo aos princípios da publicidade, da
isonomia e da competitividade próprios da
licitação, a exemplo da baixa adesão de
concorrentes locais do mesmo ramo de
negócio e reteiradas prorrogações sem
referência do mercado, tornando exclusiva a
prestação do serviço de interesse público
municipal pela sociedade empresária corré.
Brasília, 27 de junho de 2023.
MINISTRO OG FERNANDES,
Vice-Presidente (RE no AgInt no AREsp n.
2.119.837, Ministro Og Fernandes, DJe de
29/06/2023.)”

Pois bem, entende-se que o parentesco existente quando da contratação de empresa


pelo Ente Público não pode ser tomado como violação ao princípio da moralidade, mormente
quando inexistentes indícios de fraude ou prejuízos decorrentes da transação, e é o que se
comprova nos autos, a inexistência de fraude para beneficiar FARMACO & SAUDE LTDA,
como também, não se alega afronta ao princípio da transparência e publicidade.
DA CONCLUSÃO

Face todo o exposto apresentado neste parecer, OPINAMOS que não apurasse
ilegalidade, tendo em vista que os itens foram propostos por valor de mercado, e o parentesco
do caso não feriu o princípio da competitividade, levando em conta que várias outras
empresas participaram da licitação e a empresa vencedora atendeu aos critérios exigidos para
poder se habilitar perante o procedimento, tais quais habilitação jurídica e qualidade técnica.
E ainda, as jurisprudências ora já fundamentadas auxiliam no entendimento argumentado.
Assim sendo, O PARECER É FAVORÁVEL ao prosseguimento do presente procedimento
licitatório, conforme art 71 da lei 14.133.

Todavia, RECOMENDA-SE, após a homologação do processo licitatório, a


convocação do(s) fornecedor(es) para assinar a Ata de Registro de Preços, na qual serão
registrados os objetos licitados, quantidades estimadas e respectivos preços, para futuras
contratações, tendo em vista, o valor de mercado atualizado.

Campina Grande, 2 de outubro de 2023.

ASSESSORIA JURÍDICA
[ASSINATURA DIGITAL ELETRÔNICA]

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