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RECURSO CÓD.

438863 - PREGÃO Nº 23/2019 | UASG 160395


ILUSTRÍSSIMO SENHOR PREGOEIRO DA COMISSÃO DE LICITAÇÃO DO
EXÉRCITO BRASILEIRO - COMANDO MILITAR DO SUL.

Ref. Pregão Eletrônico nº 23/2019


Assunto: Requerimento de Classificação da empresa G9 Soluções LTDA

G9 SOLUÇÕES LTDA, pessoa jurídica de direito privado, regularmente inscrita no


CNPJ sob nº 18.218.071/0001-20, com sede na R DOS FERROVIARIOS,
NÚMERO 34, QUADRA20, LOTE 01, CASA 02, CEP: 74.433-090, ESPLANADA
DO ANICUNS, GOIANIA, GO, representada legalmente por ELDER MARIANO DE
SOUZA LIMA, inscrito no CPF sob o nº 737.739.801-91, vem respeitosamente a
presença de V. Sra., apresentar RECURSO, requerendo a Classificação da
empresa G9 SOLUÇÕES, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

I - DA BREVE SÍNTESE DOS FATOS

A empresa Recorrente participou do Pregão Eletrônico Nº 23/2019, para a


aquisição Cabo de Fibra MONOMODO aéreo autossustentável, para uso
EXTERNO, relativo ao item 18 e 71 do Edital.
Quanto aos referidos itens do edital, fora solicitada fibra monomodo com 2 pares
de fibra óptica, autossustentável, para vãos de 80 metros com núcleo geleado
protegido contra umidade, com material que compõe a parte externa feita de
materiais "retardante à chama".
Ocorre, que apesar da descrição do produto pretendido, esta administração utilizou
um modelo da Furukawa como modelo de referência.
No entanto, esse modelo usado como referência não é retardante à chama,
contrariando à descrição dos requisitos elencada para os itens 18 e 71.
Tendo em vista o produto utilizado como referência no edital, a Recorrente,
apresentou em sua proposta modelo superior ao utilizado como referência.
Apresentou a Recorrente, modelo do mesmo fabricante da fibra usada como
referência, porém, com características superiores.
Dessa forma, podemos destacar as seguintes características superiores, o cabo
óptico solicitado no edital eram com 4 fibras ópticas, sendo que a fibra do produto
apresentado pela Recorrente era com 6 fibras ópticas. Além disso, a fibra pedida
no edital era para vãos de 80 metros entre postes, sendo a apresentada pela
Recorrente seria para vãos de 120 metros, ou seja, poderia ser usada para vãos
de 80 metros e vãos de 120 metros.
Tais fatos têm respaldo do próprio fabricante das duas fibras, o qual atestará que o
produto apresentado pela Recorrente não apenas atende às especificações do
modelo utilizado como referência como é ainda melhor que ela.
Em síntese, no edital foi apresentada descrição de produto com característica de
ser retardante à chama, sendo que o modelo utilizado como referência, não tem
essa característica de ser retardante à chama.
Assim, a Recorrente apresentou modelo melhor que o modelo de referência e do
mesmo fabricante, por acreditar que esses modelos quando usados como
referência sempre atendem às especificações do edital, caso contrário, não seria
usado como referência.
Resta evidenciado no presente caso que seria vantajoso à Administração a
aceitação do produto ofertado pela Recorrente, tendo em vista que supera o
produto utilizado como referência.
Ademais, após a ocorrência de tais situações absurdas, houve a tentativa de
esclarecimento, ao Pregoeiro, das dúvidas referente as especificações técnicas do
produto ofertado, o que acabou gerando a classificação da Recorrente, o que
posteriormente foi alterado, sendo a empresa desclassificada novamente.
Assim, temos que o produto apresentado pela Recorrente apresenta vantagem
clara à Administração Pública, em relação ao produto usado como referência,
sendo que em caso de não aceitação do produto ofertado, o que não se espera, os
itens 18 e 71 do edital deverão ser cancelados por apresentarem clara divergência
entre a descrição do edital e o modelo de referência.
Dessa forma, não houve outra maneira que não fosse a interposição do presente
recurso perante esta comissão, no intuito de reaver a observância de princípios
constitucionais consagrados e de obrigatória observância no presente certame.

II - DO DIREITO

a) Da Promoção de Diligência Para o Esclarecimento de Dúvidas Relacionadas à


Proposta

Em casos semelhantes ao ocorrido no presente certame, antes que ocorra a


inabilitação do licitante, deverá ser realizada por parte da comissão ou do próprio
pregoeiro, diligência para o esclarecimento das dúvidas relacionadas à proposta.
Confira o que dispõe o art. 43, §3º, da lei de licitações:
É facultada à Comissão ou autoridade superior, em qualquer fase da licitação, a
promoção de diligência destinada a esclarecer ou a complementar a instrução do
processo, vedada a inclusão posterior de documento ou informação que deveria
constar originariamente da proposta.

A realização de diligências representa importante instrumento concedido à


comissão responsável pela licitação (ou pregoeiro) para o esclarecimento de
dúvidas relacionadas às propostas.
Por trás dessa prerrogativa encontram-se a finalidade da busca da proposta mais
vantajosa pela Administração, bem como a aplicação do formalismo moderado nos
certames licitatórios ponderado com o princípio da vinculação ao instrumento
convocatório.
A promoção de diligência é incentivada pela jurisprudência do Tribunal de Contas
da União, como ocorrido no Acórdão 2159/2016 do Plenário que indicou caber ao
pregoeiro o encaminhamento de “diligência às licitantes a fim de suprir lacuna
quanto às informações constantes das propostas, medida simples que privilegia a
obtenção da proposta mais vantajosa e evita a desclassificação indevida de
propostas”.
Em diversas oportunidades, o TCU chega a indicar a obrigatoriedade da realização
de diligências antes do estabelecimento do juízo pela desclassificação ou
inabilitação do licitante.
Senão vejamos:
É irregular a inabilitação de licitante em razão de ausência de informação exigida
pelo edital, quando a documentação entregue contiver de maneira implícita o
elemento supostamente faltante e a Administração não realizar a diligência, por
representar formalismo exagerado, com prejuízo à competitividade do certame.
(Acórdão 1795/2015 – Plenário)
É irregular a desclassificação de empresa licitante por omissão de informação de
pouca relevância sem que tenha sido feita a diligência facultada pelo § 3º do art.
43 da Lei nº 8.666/1993. (Acórdão 3615/2013 – Plenário)

Ao constatar incertezas sobre o cumprimento de disposições legais ou editalícias,


especialmente dúvidas que envolvam critérios e atestados que objetivam
comprovar a habilitação das empresas em disputa, o responsável pela condução
do certame deve promover diligências para aclarar os fatos e confirmar o conteúdo
dos documentos que servirão de base para a tomada de decisão da
Administração. (Acórdão 3418/2014 – Plenário)

Mesmo que inexistisse previsão que admitisse as diligências, no regulamento


federal do pregão, essa atitude de sanar erros e omissões simples seria
admissível, em prestígio aos princípios da eficiência, da competitividade e da
razoabilidade.
Essas normas servem de fundamento para evitar desclassificações motivadas por
erros e omissões de pouca relevância, desde que tal correção não desrespeite o
interesse público ou afronte o tratamento isonômico entre os participantes.
Dessa forma, resta clara a arbitrariedade por parte do Pregoeiro, que inabilitou o
Recorrente sem que ao menos analisasse superficialmente os casos específicos
ou realizasse diligências no intuito de esclarecer o suposto motivo
desclassificatório.

b) Princípio da Maior Vantajosidade à Administração Pública

A proposta mais vantajosa se caracteriza pela junção de elementos que


transcende simplesmente o menor preço destacado no certame, mas exige do
órgão licitante uma análise quanto as despesas de manutenção e treinamento;
acerca da eficácia em o objeto possuir ou não os requisitos mínimos de
exequibilidade e atendimento a necessidade do destinatário e dos demais critérios
exigidos no edital; além de verificar o cumprimento dos critérios mínimos de
qualidade. Ou seja, observar-se-á no momento da seleção da proposta o custo
benefício.
Por sua vez, Marçal Justen Filho (2014, p. 497) expressa a ideia que:
A maior vantagem se apresenta quando a Administração Pública assume o dever
de realizar a prestação menos onerosa e o particular a realizar a melhor e mais
completa prestação.

Nos termos do art. 44, § 2º da Lei nº 8.666/93, as vantagens contidas nas


propostas serão tão somente as que constarem expressamente previstas no edital,
de forma que o alcance à proposta mais vantajosa está vinculado aos parâmetros
definidos no instrumento convocatório, o que torna evidente a tamanha
responsabilidade do encargo em elaborá-lo adequadamente.
O próprio artigo 45, § 1º, inciso I da Lei de Licitações e Contratos estipula que
além do menor preço, deverá o vencedor do certame ter realizado sua “proposta
de acordo com as especificações do edital ou convite ”. Justamente por esta razão
é requisito que o edital, de maneira clara e objetiva, estipule todas as condições do
objeto a ser licitado, visando à garantia de que o bem, serviço ou obra a ser
contratado atenda às necessidades da Administração e o interesse público.
Com base nesse conceito tem-se que a norma legal dispõe acerca do
estabelecimento de parâmetros para que ocorra devida descrição do objeto a ser
licitado e consequente visando a eficiência do mesmo, de forma que itens como
qualidade, rendimento, garantia e data para entrega ou execução deverão ser
definidos no edital previamente, vinculando o licitante, que deverá cumpri-los
durante toda a execução do contrato, podendo então se falar de proposta mais
vantajosa que não se verificaria tão somente por meio de contratação mediante
menor preço.
Dessa forma, temos que o princípio jurídico da vantajosidade orienta que a
obtenção das condições mais vantajosas à Administração Pública como uma das
metas dos processos de licitação sendo a maior vantagem o menor custo e maior
benefício para Administração.
No presente caso, temos que no edital foi apresentada descrição de produto com
característica de ser retardante à chama, sendo que o modelo utilizado como
referência, não tem essa característica de ser retardante à chama.
Assim, a Recorrente apresentou modelo melhor que o modelo de referência e do
mesmo fabricante, por acreditar que esses modelos quando usados como
referência sempre atendem às especificações do edital, caso contrário, não seria
usado como referência.
Resta evidenciado no presente caso que seria vantajoso à Administração a
aceitação do produto ofertado pela Recorrente, tendo em vista que supera o
produto utilizado como referência, razão pela qual, deverá a Recorrente ser
classificada em relação aos itens 18 e 71 do presente certame.

c) Da Classificação da Recorrente em relação ao produto ofertado nos itens 18 e


71

No que tange aos itens 18 e 71 do presente pregão, a Recorrente fora


desclassificada, pois estaria apresentando produto divergente ao especificado no
edital.
A empresa Recorrente participou do presente certame para aquisição Cabo de
Fibra MONOMODO aéreo autossustentável, para uso EXTERNO, relativo aos
itens 18 e 71 do Edital.
Quanto aos referidos itens do edital, fora solicitada fibra monomodo com 2 pares
de fibra óptica, autossustentável, para vãos de 80 metros com núcleo geleado
protegido contra umidade, com material que compõe a parte externa feita de
materiais "retardante à chama".
Ocorre, que apesar da descrição do produto pretendido, esta administração utilizou
um modelo da Furukawa como modelo de referência.
No entanto, esse modelo usado como referência não é retardante à chama,
contrariando à descrição dos requisitos elencada para os itens 18 e 71.
Tendo em vista o produto utilizado como referência no edital, a Recorrente,
apresentou em sua proposta modelo superior ao utilizado como referência.
Apresentou a Recorrente, modelo do mesmo fabricante da fibra usada como
referência, porém, com características superiores.
Dessa forma, podemos destacar as seguintes características superiores, o cabo
óptico solicitado no edital eram com 4 fibras ópticas, sendo que a fibra do produto
apresentado pela Recorrente era com 6 fibras ópticas. Além disso, a fibra pedida
no edital era para vãos de 80 metros entre postes, sendo a apresentada pela
Recorrente seria para vãos de 120 metros, ou seja, poderia ser usada para vãos
de 80 metros e vãos de 120 metros.
Tais fatos têm respaldo do próprio fabricante das duas fibras, o qual atestará que o
produto apresentado pela Recorrente não apenas atende às especificações do
modelo utilizado como referência como é ainda melhor que ela.
Em razão disso, não há de se falar em desclassificação da Recorrente, pois o
produto ofertado supera as especificações do produto utilizado como referência,
devendo ser a empresa G9 SOLUÇÕES habilitada para o fornecimento dos
produtos dos itens 18 e 71.

d) Da Violação ao Princípio da Isonomia

Restou comprovada que não deveria ter sido classificada a empresa arrematante
em relação aos itens 18 e 71 do presente pregão, haja vista que estava em
desconformidade com os requisitos solicitados pelo edital.
Por outro lado, a empresa Recorrente, tanto no item 18 quanto no 71, apresentou
propostas com produto superior ao utilizado como referência, como já
comprovado.
Percebe-se no presente caso uma grande discrepância de atitudes por parte do
Pregoeiro, que por um lado desqualifica candidatos de forma desarrazoada,
mesmo que os fundamentos apontados não prosperem, e por outro lado, classifica
candidatos que claramente descumprem a exigências previstas no edital do
certame.
Passa-se a duvidar acerca dos reais motivos da desclassificação da Recorrente e
classificação da arrematante, uma vez que a empresa Recorrente apesar de
cumprir de forma exímia com todas as exigências do edital, fora preterida pela
empresa arrematante que apresentou inobservância de previsão editalícia.
Irregularidades na proposta, ao descumprir exigências essenciais do Edital não
podem ser consideradas para efeito de se obter um vencedor no certame, pois é
possível minimizar os custos financeiros da proposta, desnivelando a disputa, pelo
rompimento da isonomia na oferta dos participantes.
As regras sobre os defeitos inaceitáveis das propostas, que implicam a sua
desclassificação, estão previstas no art. 24 da Lei 12.462. O dispositivo legal tem a
seguinte redação:
“Art. 24. Serão desclassificadas as propostas que:
I - contenham vícios insanáveis;
II - não obedeçam às especificações técnicas pormenorizadas no instrumento
convocatório;
III - apresentem preços manifestamente inexequíveis ou permaneçam acima do
orçamento estimado para a contratação, inclusive nas hipóteses previstas no art.
6º desta Lei;
IV - não tenham sua exequibilidade demonstrada, quando exigido pela
administração pública; ou
V - apresentem desconformidade com quaisquer outras exigências do instrumento
convocatório, desde que insanáveis.
§ 1º A verificação da conformidade das propostas poderá ser feita exclusivamente
em relação à proposta mais bem classificada.
§ 2º A administração pública poderá realizar diligências para aferir a exequibilidade
das propostas ou exigir dos licitantes que ela seja demonstrada, na forma do inciso
IV do caput deste artigo.
§ 3º No caso de obras e serviços de engenharia, para efeito de avaliação da
exequibilidade e de sobrepreço, serão considerados o preço global, os
quantitativos e os preços unitários considerados relevantes, conforme dispuser o
regulamento.”

Seguindo a sistemática no art. 24 da Lei 12.462 prevê a desclassificação das


propostas tanto por vício de desconformidade quanto por defeito de preço.
O art. 24 da Lei 12.462 contém disposições de conteúdo mais restrito. Trata-se dos
incs. I e V, que preveem a desclassificação das propostas que contenham vícios
insanáveis, e do inc. II, que determina a desclassificação das propostas que não
tenham observado as “especificações técnicas pormenorizadas no instrumento
convocatório”.
Neste sentido, o princípio da isonomia pode ser considerado como um instrumento
regulador das normas, para que todos os destinatários de determinada lei recebam
tratamento parificado.
Todos os dispositivos da lei de licitações ou regulamentação de um específico
processo licitatório devem ser interpretados à luz do princípio da isonomia o qual,
não objetiva a proibição completa de qualquer diferenciação entre os candidatos,
pois essa irá ocorrer naturalmente com a seleção da proposta mais vantajosa à
administração pública, sua verdadeira aplicação é a vedação de qualquer
discriminação arbitrária, que gere desvalia de proposta em proveito ou detrimento
de alguém, resultado esse de interferências pessoais injustificadas de algum
ocupante de cargo público.
Assim é obrigação da administração pública não somente buscar a proposta mais
vantajosa, mas também demonstrar que concedeu à todos os concorrentes aptos
a mesma oportunidade, o que claramente não ocorreu no presente caso.
Cabe salientar que apesar da característica de essencialidade da isonomia, ela
não pode ser exacerbada, mitigando busca da proposta mais vantajosa, assim não
é cabível que um defeito irrelevante ou perfeitamente sanável exclua uma possível
melhor proposta, mesmo por que essa exclusão gera além da ofensa ao princípio
da ”vantajosidade”, uma ofensa ao próprio princípio da isonomia quando se retira
da concorrência um candidato perfeitamente apto.
A isonomia deve ser pilar de todo o processo licitatório tanto durante o ato
convocatório, que é aberto a todos, dentre os quais serão selecionados os que se
enquadram nas características necessárias, exceto aqueles que por ato anterior
estejam impossibilitados de participar, e na fase seguinte do processo, sendo que
o julgamento das propostas deve ser feito baseado nos critérios objetivos
delimitados no ato convocatório, sem qualquer influência subjetiva, ou preferência
dos julgadores também nessa fase.
Resta configurada, portanto, a não observância do princípio da isonomia no
presente caso, pois claramente à empresa arrematante foram concedidas
vantagens que não ocorreram aos outros candidatos.

III – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Diante de todo o exposto, requer a V. Sra. que:

a) Com o objetivo de que se faça cumprir o princípio da isonomia, bem como da


maior vantajosidade à Administração Pública, solicita-se a desclassificação da
empresa arrematante, no presente certame, no que tange aos itens 18 e 71, bem
como a consequente classificação da empresa Recorrente, uma vez que
apresentou produto superior ao utilizado como referência;

b) Em caso de não aceitação do produto ofertado, o que não se espera, os itens


18 e 71 do edital deverão ser cancelados por apresentarem clara divergência entre
a descrição do edital e o modelo de referência apresentado.

Nestes Termos,
Pede e Espera Deferimento.

Goiânia, 10 de fevereiro de 2020.

G9 SOLUÇÕES LTDA
Elder Mariano de Souza Lima
Sócio-Diretor

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