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SANTA BÁRBARA
PROCESSO:
PREGÃO ELETRÔNICO: 008/2023;
Atenciosamente,
Logo, uma vez apontadas as questões iniciais, que não poderiam ser olvidadas ao
tema, ao normal andamento do feito, fora aberta a sessão de licitação sagrando-se vencedora
do item 04, qual seja, serviço de emissão, renovação e validação de certificado digital A3, e-
CPF, em nuvem, com validade de 03 (três) anos, a empresa Contrarrazoante, da qual atendera
todas as condições afixadas no instrumento convocatório para tanto, e, sendo, portanto,
declarada vencedora.
Todavia ocorre que, após o encerramento dos lances fora impetrado, pelo Recorrente,
intenção recursal quanto a exequibilidade dos preços ali avençados, vindo em bravar-se pelo
não atendimento do feito ante ao montante aferido para o item, todavia, esquece-se que o
próprio pregoeiro reconhecera sua viabilidade em adjudicar o certame.
Isto posto, a par de fomentar ao debate, nem mesmo adentraremos na questão que a
lei trouxe o cálculo aritmético para as licitações de obras e serviços de engenharia a qual não
haveria razão para aplicação strito senso, apenas, em tese por analogia, visto que a natureza do
mesmo não coaduna com a do processo em apreço. Superada essa questão, continuou o
recorrente em seus argumentos visando demonstrar a hipotética inexequibilidade dos preços
avençados mediante o uso de uma tabela com os valores de redução dos preços de todos os
itens do processo de compras em tela, a qual reproduzimos a linha a que se refere o item 04.
Ora, através de simples análise dos dados trazidos pelo Recorrente podemos concluir
que o percentual de redução encontra-se em patamares longínquos daqueles aos quais,
enfatizamos – para obras e serviços de engenharia – a lei estabelece como parâmetro analítico
relativo para suspeita de inexequibilidade, e ressaltamos o termo “relativo” porque tal
presunção não possui caráter absoluto, cabendo sempre a comprovação em sentido contrário
por parte da licitante a qual recomenda-se que o pregoeiro solicite diligência para tanto.
Restando evidente que, pela própria linha de raciocínio da Recorrente (valores forem
inferiores a 75% (setenta e cinco por cento) do valor orçado pela Administração), o
percentual de 49,51% paira sobre a égide de exequibilidade, demonstrando que a
Administração foi exitosa em seu processo, prestigiando a competividade e obtendo por essa
razão a melhor proposta para a Administração Pública.
No mesmo sentido, traz a norma contida no artigo 59 da lei 14.133: “Art. 59. Serão
desclassificadas as propostas que: (...)IV – não tiverem sua exequibilidade demonstrada,
quando exigido pela Administração. ”. Outrossim, a súmula 262 do TCU (Tribunal de Contas
da União), editada ao tempo da Lei 8.666, que reflete o mesmo entendimento, preconiza: “O
critério definido no art. 48, inciso II, § 1º, alíneas “a” e “b”, da Lei nº 8.666/93 conduz a
uma presunção relativa de inexequibilidade de preços, devendo a Administração dar à
licitante a oportunidade de demonstrar a exequibilidade da sua proposta. ”
Isto posto, vamos ao pedido da recorrente: “requer que se digne Vossa Senhoria em
JULGAR TOTALMENTE PROCEDENTE o Recurso aqui apresentado, por todos os
argumentos e fatos supra demonstrado, não pairando nenhuma dúvida a respeito, dando
prosseguimento ao certame licitatório, uma vez que todas a propostas devem ser
desclassificadas. ”
Desta forma, com escopo aos eventos acima expostos, clama-se pela observância da
Justiça ao fatídico em apreço, de modo a que este episódio se ancore em legalidade, e não ao
sopeso da balança equanimidade.
Prevê o artigo art. 4º, XVIII, da Lei 10.520/02, que após a declaração de vencedor,
qualquer licitante poderá, durante o prazo concedido na sessão pública, de forma imediata, e
em campo próprio do sistema manifestar sua intenção recursal, ficando a este assegurado o
direito de apresentar suas razões em até 03 (três) dias, e os demais em igual número de dias
ficam desde logo intimado a apresentar suas contrarrazões.
Indo ao encontro do acima lecionado, a cláusula 7.2, do Edital, assenta que “7.2. O
licitante que manifestar a intenção de recurso e a mesma ter sido aceita pelo Pregoeiro disporá
no prazo de 03 (três) dias úteis para a apresentação das razões do recurso, devendo ser
lançado na plataforma do www.licitardigital.com.br, que será disponibilizado a todos os
participantes, ficando os demais desde logo intimados a apresentar as contrarrazões em igual
número de dias. ”
Por conseguinte, uma vez tendo sido apresentado recurso da declaração de habilitação
em desfavor da Contrarrazoante, bem como estando observado o lapso temporal estabelecido
para esta propositura cabível é a demanda que aqui se argui.
Por consequência, cai-se por terra a tese de que apenas pelo fato de incidir-se em
“baixo” preço, à ser julgado pelo crivo exclusivo do concorrente, sem a abertura de quaisquer
diligências e/ou incidências de comprovação, inexequível se encontraria o feito e,
consequentemente sob aspecto de nulidade incidiria a contratação, motivo pelo qual não
merece prosperar os termos recursais avençados.
Porém, por puro amor ao debate, há que se constar que tal “imprecisão” quanto a
exequibilidade dos valores ali dispostos poderia ser facilmente sanada com uma rápida busca
junto ao sistema de compras, correlacionado ao produto disposto, onde sanado estaria todo o
imbróglio que se desenrola, pois, comprovado se encontraria a possibilidade de atendimento
do feito pela incidência de contratações anteriores em igual margem de preços.
Outro fator determinante ao caso recai-se ao fato de que é evidente que, conduzidas
pelo espírito competitivo, as recorrentes busquem excluir-se entre si, é o que tenta a Recorrente
no causídico em apreço, ainda que ciente esteja do formato de mercado e da perfeita
probabilidade de apresentação e aceitação dos preços, sendo que tal conduta é fartamente
descrita pelos doutrinadores, vejamos a precisa lição de Adilson de Abreu Dallari, in “Aspectos
Jurídicos da Licitação”, ed. Saraiva, pág. 88:
“[...] claro que para um participante interessa excluir outro. Quem faz
licitação sabe que, nesse momento, há uma guerra entre os
participantes, mas a Administração não pode deixar-se envolver
pelo interesse de um proponente (que é adversário dos outros
proponentes) e não pode confundir esse interesse com o interesse
público. Este está na amplitude do cotejo, na possibilidade de
verificação do maior número de propostas”.
Contrario sensu, que se digne de abrir diligência para comprovação de preços por
parte da até então vencedora do feito, de forma a que se atenda o ordenamento jurídico
brasileiro.
Nestes termos,
pede-se deferimento.
Atenciosamente,