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Manifestamos intenção de recurso: Em relação ao do Lance: 

A licitante deixou de apresentar os documentos


exigidos no edital enviando apenas a proposta sem documentação. Ainda foi identificado que os
lances da primeira colocada estavam sendo enviados por Robô aplicando desconto imediato de 0,1
(um centavo) em relação ao ultimo lance vencedor solicitamos sua diligência., Após análise da proposta a
Pregoeira não consultou o SICAF de nossa empresa onde constam os documentos exigidos nos itens 8.4.1 e 8.2.5 do
edital e a declaração de EPP enviada na proposta onde se pode exigir diligência por parte da Pregoeira. Quanto ao lance
do item 11 não está inexequível para nossa empresa que possui o parque gráfico e a matéria prima em seu estoque. Sem
mais peço nova análise.

A recorrente preencheu e entregou de forma tempestiva a proposta comercial, estritamente de acordo e em


observação às disposições editalícias, no entanto, foi desclassificada por não ter apresentado a proposta nos
termos do item 7.7 e subitens 7.1.1 e 7.2.2. Diante da obscura desclassificação a licitante recorrente registrou o
interesse em apresentar recurso administrativo por não ter compreendido o motivo de sua desclassificação.
Possível observar do texto do chat ComprasNet(anexo) que a licitante recorrente enviou a proposta comercial às
18:16:16 do dia 06 de janeiro de 2017 e retificou a proposta por duas vezes, às 19:05:46 e 19:14:56, após operar
ajustes solicitados pelo pregoeiro do pregão eletrônico por contato telefônico.
A licitante, portanto, observou todas as determinações editalícias e ajustou a proposta de acordo com as
orientações previstas em edital e do pregoeiro, não ensejando qualquer motivo que justificasse sua
desclassificação.
Ademais, caso seja verificado qualquer vício material nas planilhas enviadas na proposta da licitante, este vício
originou-se das planilhas propostas pelo edital, posto que o lançamento de valores é automático de acordo com a
imposição do edital.
Possível depreender das planilhas apresentadas no edital a existência de diversos erros no somatório ou no
arredondamento das casas decimais, senão vejamos:
O item 7.7.3 do referido edital determina a forma de distribuição do valor global ofertado, observado os
percentuais exigidos para cada serviço, no entanto, a somatória dos percentuais não alcança o valor indicado na
planilha, qual seja, 100%, o que faz com que o licitante experimente prejuízo, posto que o valor da sua proposta
será obrigatoriamente mais baixo que o valor arrematado.
A soma dos percentuais previstos nos itens 1 a 11 da tabela do item 7.7.3. do edital totaliza o percentual total de
99,99%. Aparentemente trata-se de diferença mínima, porém, ao deduzir 0,1% de elevados valores a diferença
torna-se prejudicial.
Em diversos outros pontos as planilhas apresentadas no edital demonstram-se equivocadas, por exemplo, no
anexo VI – planilha estimativa de custos - planilha 1 - apresenta o somatório do total de serviços I e II em R$
70,7107, no entanto, a soma correta é de R$ 70,7108.
A planilha 2 informa o somatório dos serviços A; B; C e D dos serviços I no total de R$ 22,6736, quando, na
verdade, o valor correto é de R$ 22.6738. Assim como, o total dos serviços II, que totaliza R$ 63,5881, ao
contrário do valor informado, de R$ 63,5879.
As incorreções alteram o valor informado no total de serviços I + II, posto que o total correto deveria ser R$
86,2619, quando na realidade constou R$ 86,2615.
Nessa toada os erros se repetem por todas as planilhas apresentadas no edital, em razão da exigência imposta no
próprio edital todos os valores devem ser dispostos observando-se até a quarta casa decimal, portanto, se a
proposta comercial enviada tiver sido constituída de forma viciada, os vícios foram induzidos por erros contidos
no edital.
A desclassificação da licitante recorrente restou obscura, não sendo possível identificar o real motivo ensejador
da sua desclassificação no certame licitatório.
No entanto, possível verificar que o excessivo apego ao formalismo ensejou sua desclassificação, quando na
verdade deveria ter sido observado o disposto no artigo 43, §3º, da Lei 8.666/1993.
Quanto a desclassificação decorrente de motivos irrelevantes o Tribunal de Contas da União já se manifestou em
inúmeras oportunidades, ao passo que seguem abaixo apenas algumas selecionadas:
Acórdão 11907/2011 – Segunda Câmara (Relator Augusto Sherman). Não se desclassifica propostas de licitante
pelo descumprimento de exigências pouco relevantes, em respeito ao princípio do formalismo moderado e da
obtenção da proposta mais vantajosa à Administração.
Acórdão 1924/2011 – Plenário (Relator Raimundo Carreiro). Constitui-se excesso de rigor a desclassificação de
licitantes por conta de erro formal na apresentação da proposta e da documentação exigida.
Acórdão 1795/2015 – Plenário (Relator José Múcio Monteir). É irregular a inabilitação de licitante em razão de
ausência de informação exigida pelo edital, quando a documentação entregue contiver de maneira implícita o
elemento supostamente faltante e a Administração não realizar a diligência prevista no art. 43, § 3º, da Lei
8.666/1993, por representar formalismo exagerado, com prejuízo à competitividade do certame.
Acórdão 3340/2015 – Plenário (Relator Bruno Dantas). Na condução de licitações, falhas sanáveis, meramente
formais, identificadas na documentação das proponentes não devem levar necessariamente à inabilitação ou à
desclassificação, cabendo à comissão de licitação promover as diligências destinadas a esclarecer dúvidas ou
complementar o processamento do certame (art. 43, § 3º, da Lei 8.666/1993).

II. DO MÉRITO.
Desde que não cause prejuízo à administração pública, uma empresa não pode ser excluída do processo de
licitação por conta de questões irrelevantes, como omissões ou irregularidades formais na documentação ou nas
propostas.
No presente caso, a decisão do Pregoeiro não foi clara, não sendo disponibilizado o real motivo que ensejou a
desclassificação da licitante, posto que de forma genérica o pregoeiro alegou a inobservância dos itens 7.7; 7.7.1
e 7.7.2 do edital e 13.3; 13.3.1 e 13.3.2 do Termo de Referência.
Como exposto a licitante recorrente seguiu todas as disposições impostas pelo edital, caso exista algum vício
material na proposta apresentada este foi provocado pelos erros constantes no edital, que induzem claramente a
proposta final em erro.
Possível verificar que ao desclassificar a licitante o pregoeiro se apegou de forma extrema ao formalismo,
mostrando falta de boa vontade com a parte recorrente, posto que sequer foi esclarecido o real motivo de sua
desclassificação. A inabilitação não se mostrou razoável, notadamente por se tratar de pregão eletrônico em que
o foco é o menor preço. Afinal, como a administração pública busca vantagem econômica, o fator preço é
decisivo — por menor que seja. E é isso que prepondera sobre o formalismo.
Houve excessivo formalismo na desclassificação da licitante do certame, não estando em consonância com o
interesse público que deve prevalecer em todas as fases da contratação com a Administração.
Neste sentido, ensinamento de Hely Lopes Meirelles, em Direito Administrativo Brasileiro, p. 261-262, 27ª ed.,
São Paulo, Malheiros, 2002, in verbis: Procedimento formal, entretanto, não se confunde com ‘formalismo’, que
se caracteriza por exigências inúteis e desnecessárias. Por isso mesmo, não se anula o procedimento diante de
meras omissões ou irregularidades formais na documentação ou nas propostas, desde que, por sua irrelevância,
não causem prejuízo à Administração ou aos licitantes. A regra é a dominante nos processos judiciais: não se
decreta a nulidade onde não houver dano para qualquer das partes.
A inabilitação não se mostrou razoável, ainda mais em licitação tipo menor preço, quando o que “(...) a
Administração procura é simplesmente a vantagem econômica. Daí por que, nesse tipo, o fator decisivo é o
menor preço, por mínima que seja a diferença.” (Hely Lopes Meirelles, em Direito Administrativo Brasileiro, p.
290, 27ª ed., Malheiros, São Paulo, 2002). Prepondera, desta forma, o menor preço sobre eventuais
irregularidades formais, que podem ser supridas.
A manifestação exposta tanto está correta que, conforme conhecimento de todos que participam de
procedimentos licitatórios, é praxe em concursos semelhantes o pregoeiro responsável abrir espaço para que os
licitantes ajustem suas propostas, privilegiando, em detrimento do formalismo legal, os melhores preços
ofertados. O pregoeiro solicitou por duas vezes adaptações na proposta enviada, mesmo assim, após a realização
dos ajustes solicitados a licitante foi desclassificada, sem o pregoeiro especificar o erro que originou sua
desclassificação e nem ser proporcionado oportunidade de ajustar o que fosse necessário.
Nossa jurisprudência já tem farta gama de decisões que repudiam o excesso de formalismo nas licitações
públicas, das quais destacamos as seguintes:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. LICITAÇÃO. REGIME DIFERENCIADO DE
CONTRATAÇÃO. PROBLEMAS NO ENVIO DE DOCUMENTAÇÃO DE FORMA VIRTUAL.
OBRIGAÇAO DE ENVIO DOS DOCUMENTOS POR MEIO FÍSICO REALIZADA A TEMPO E MODO.
INCORRETA A DESCLASSIFICAÇÃO DA AGRAVANTE. AFRONTA AO PRINCÍPIO DA
RAZOABILIDADE. NÃO CARACTERIZADA A LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. LEI 12.462/2011. AGRAVO
PROVIDO. 5. Os agravados e a comissão de licitação não lograram comprovar a ocorrência de qualquer prejuízo
ao procedimento licitatório. Em sede de invalidação de atos processuais ou administrativos incide o princípio de
que não há nulidade senão houver prejuízo. Sua aplicação especificamente ao Direito Administrativo não
encontra controvérsia na doutrina ou na jurisprudência. 6. Afronta o princípio da razoabilidade a conduta da
Administração que, como no caso presente, por mero formalismo, desclassifica a empresa que apresentou a
proposta mais vantajosa e, portanto, mais adequada a atender ao interesse público. (TRF-1 - AG 0052198-
24.2015.4.01.0000 / DF, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL NÉVITON GUEDES, QUINTA TURMA, e-
DJF1 de 13/09/2016).
LICITAÇÃO - MANDADO DE SEGURANÇA - INTERPRETAÇÃO DE CLAÚSULAS DO EDITAL -
RIGOR EXAGERADO. O objetivo das licitações públicas é a busca do melhor contrato para a administração,
garantindo-se, de outro lado, a igualdade de chances aos concorrentes. Toda a interpretação de editais deve ser
feita à conta de tal premissa, e, assim, a exigência do item 4. 1.2., alínea a, do Edital (fls. 10), deve ser entendida
cumprida. A declaração exigida não precisa ser formulada com as exatas palavras do edital, mas sim com o
conteúdo material que lhe atenda ao conteúdo. Afastado o entendimento restritivo e eivado de excesso de rigor
por parte da Comissão da Licitação. Prevalência de interpretação que favoreça à maior participação. "O
formalismo no procedimento licitatório não significa que se possa desclassificar propostas eivadas de simples
omissões ou defeitos irrelevantes"(cf. STJ; Mandado de Segurança nº 5418; Relator: Ministro Demócrito
Reinaldo). Sentença confirmada. Remessa improvida. (TRF-2 - REOMS: 24729 99.02.05724-1, Relator:
Desembargador Federal GUILHERME COUTO, Data de Julgamento: 15/03/2006, QUINTA TURMA
ESPECIALIZADA, Data de Publicação: DJU - Data::23/03/2006 - Página::101).
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. LEGITIMIDADE PASSIVA. CERTIDÃO DE
REGULARIDADE FISCAL POSITIVA COM EFEITOS DE NEGATIVA.APRESENTAÇÃO DAS
PROPOSTAS. FORMALISMO. EXCESSO. 3. A forma de apresentação das propostas exigida no edital não
deve ser encarada com excesso de formalismo por parte da Comissão de Licitações do DNER a ponto de excluir
do certame empresa que possa oferecer condições mais vantajosas na execução do objeto licitado. 4. Remessa
oficial improvida. (TRF-4 - REO: 50386 PR 97.04.50386-5, Relator: HERMES SIEDLER DA CONCEIÇÃO
JÚNIOR, Data de Julgamento: 04/04/2000, QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJ 19/04/2000 PÁGINA:
101).
Portanto, o formalismo no procedimento licitatório, como já visto anteriormente, não significa que se possa
desclassificar propostas eivadas de simples omissões ou defeitos irrelevantes. O STF já exarou sobre esta
questão. Vejamos: “EMENTA: LICITAÇÃO: IRREGULARIDADE FORMAL NA PROPOSTA
VENCEDORA QUE, POR SUA IRRELEVÂNCIA, NÃO GERA NULIDADE.” (STF, ROMS nº 23.714-1/DF,
1ª T., Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJU 13.10.2000).
Na ausência de dano, não há o que se falar em desclassificação de propostas diante de simples omissões ou
irregularidades. Logo, o agente da Administração, ao dar efeito aos critérios estabelecidos na fase da licitação,
deve propiciar, com praticidade, a resolução de problemas de cunho condizente com sua competência, sem
“engessar” o procedimento, de modo a que o licitante não fique vulnerável à exclusão por qualquer tipo de
desconexão com a regra estabelecida, ainda que de caráter formal, salvo quando de todo justificável.

III. DOS PEDIDOS.


De sorte que, com fundamento nas razões precedentemente aduzidas, requer-se o provimento do presente
recurso, para que seja declarada a empresa TEIXEIRA IMPRESSÃO DIGITAL E SOLUÇÕES GRÁFICAS
LTDA/EPP habilitada para prosseguir no pleito, por satisfazer todos requisitos previstos no Edital de Licitação.
Outrossim, lastreada nas razões recursais, requer-se que esse Pregoeiro reconsidere sua decisão e, de forma
alternativa, requer o cancelamento do certame licitatório, posto que os erros ocasionados pelo edital induziram
todos os licitantes em erro. Na hipótese não esperada disso não ocorrer, faça este subir, devidamente informado,
à autoridade superior, em conformidade com o § 4°, do art. 109, da Lei n° 8666/93, observando-se ainda o
disposto no §3° do mesmo artigo.
Nestes termos,
Pede Deferimento.
Brasília, 18 de janeiro de 2017.

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