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PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

DEPARTAMENTO DE RECURSOS MATERIAIS


Divisão de Licitações

São José dos Campos, 19 de novembro de 2021.

Processo nº Não há. Enviado por e-mail.


Assunto Impugnação ao Edital do Pregão Eletrônico nº 222/SGAF/2021:
Contratação de empresa especializada em plataforma Moodle
Requerente Sparkgroup Treinamento e Capacitação em Tecnologia Eireli
José Belardo de Sales Filho - Representante Legal

I. DO ALEGADO
Impugna o Edital sob os fundamentos abaixo transcritos:

IMPUGNAÇÃO
A exigência localizada na página 28 do Anexo I - termo de referência do referido edital,
composta pelo seguinte:
➢ “A Contratada deverá comprovar que é credenciada como Moodle Partner.”
Por violação ao princípio da isonomia e ampla concorrência, a Lei n. 8.666/93, em especial o
art. 3º, §1º, inciso I, e ao Art. 37 da Constituição Federal, conforme se demonstrará a seguir.

OBJETO DA LICITAÇÃO
O objeto da licitação, da página 28 do Anexo I do termo de referência foi assim definido:
➢ A Contratada deverá comprovar que é credenciada como Moodle Partner.;
Ocorre que a contratação através da exigência do atendimento a este item viola diretamente o
princípio da isonomia e da ampla concorrência, os quais devem nortear toda e qualquer
licitação pública. Visto se tratar de ferramenta open source.

DA IMPUGNAÇÃO EM ESPÉCIE
Dessa forma, a contratação, viola o princípio da ampla concorrência, já que só poderão
participar da licitação as empresas que são certificadas Moodle Partner retirando a
possibilidade de participação das demais empresas especializadas na plataforma Moodle e
que poderão comprovar sua expertise através dos atestados de capacidade técnica.
Desse modo, restando claro que a exigência editalícia restringe a competitividade do certame,
mostrando-se direcionada a determinadas empresas, necessária se faz a retificação do Edital
para fracionar a adjudicação do objeto por item de modo a permitir a participação de maior
número de licitantes para que sejam respeitados todos os princípios que regem a contratação
pública.
O direcionamento da licitação nesse aspecto impõe a escolha antecipada dos participantes do
certame, em flagrante ofensa a Lei de Licitações, impedindo, ao final, o caráter competitivo da
licitação que é expressamente rechaçado no mencionado Artigo 3º, § 1º, inciso I, da Lei de
Licitações:

Rua José de Alencar nº 123-1º andar-sala 03-Vila Santa Luzia-SJCampos-SP-Cep.: 12209-904


Telefone: (0xx12) 3947.8178 E-mail: drmcd@sjc.sp.gov.br

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“Art. 3º (...)
§ 1º É vedado aos agentes públicos:
I. admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas
ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu
caráter competitivo e estabeleçam preferências ou distinções em
razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de
qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o
específico objeto do contrato”(grifos nossos)

Nesse viés, o Superior Tribunal de Justiça se manifestou no sentido de que a Administração


Pública deve sempre perseguir o interesse público:
"o interesse público na obtenção do menor preço não é superveniente à
homologação e adjudicação do objeto do certame, na medida em que,
desde o oferecimento das propostas pelas empresas concorrentes e de
suas respectivas avaliações pela Comissão de Licitação, passou a ser
conhecido o fato de que a proposta da empresa posteriormente
desclassificada possuía preço global inferior à da empresa vencedora
ao final do certame". (RMS 28.927/RS, Rel. Ministra DENISE ARRUDA,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/12/2009, DJe 02/02/2010).

No caso in concreto, o item 9.5 do anexo I, inevitavelmente, diminui o número de


concorrentes, o que ocasionará em uma substancial elevação do preço proposto, causando
vultosos prejuízos a própria Administração.
Fica evidente que as exigências contidas no edital representam óbice à participação de
muitos concorrentes com proposta mais vantajosa à Administração, o que atenta contra a
exigência legal, conforme previsão expressa no art. 8º do Decreto 3.555/2000:
“Art. 8º A fase preparatória do pregão observará as seguintes regras: I -
a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e clara, vedadas
especificações que, por excessivas, irrelevantes ou
desnecessárias, limitem ou frustrem a competição ou a realização
do fornecimento, devendo estar refletida no termo de referência; II...”
(grifo nosso)

É cediço que a finalidade da licitação pública é possibilitar a aquisição mais vantajosa para a
Administração. Ocorre que, como demonstrado na presente impugnação, as exigências
estabelecidas não se coadunam aos princípios da isonomia, ferindo o caráter de
competitividade.
Marçal Justen Filho, ao tratar o tema da economicidade, leciona que:
“[...] A incompatibilidade poderá derivar de a restrição ser excessiva ou
desproporcionada às necessidades da Administração. Poderá também
decorrer da inadequação entre a exigência e as necessidades da
Administração.
O ato convocatório tem de estabelecer as regras necessárias para seleção da proposta
vantajosa. Se essas exigências serão ou não rigorosas, isso dependerá do tipo de prestação

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que o particular deverá assumir. Respeitadas as exigências necessárias para assegurar a


seleção da proposta mais vantajosa, serão invalidas todas as cláusulas que, ainda
indiretamente, prejudiquem o caráter “competitivo” da licitação [...]”
Na espécie, o item se mostra irregular, pois está desalinhada à finalidade que a
Administração almeja, tendo como única consequência o afastamento da maioria dos
licitantes do certame, o que somente trará prejuízos a Administração.
Vale ressaltar, por fim, que o Tribunal de Contas da União vem se posicionando
reiteradamente sobre a responsabilização de gestores e até mesmo dos membros de
Comissões de Licitação quando verificada a inclusão de itens que apontam para o
direcionamento da licitação, impedindo, em consequência a aplicação do princípio da ampla
competitividade:
“Manifesto-me em linha de concordância com o Ministério Público junto
ao TCU e com o eminente Ministro Ubiratan Aguiar no sentido de que
houve direcionamento no certame licitatório . No entanto, embora
concorde com a existência de direcionamento, entendo que somente o
Sr. Cássio Rogério Rebelo, Diretor Técnico da Superintendência do
Porto de Itajaí, deve ser responsabilizado. No que se refere ao
Superintendente do Porto de Itajaí, Sr. Amílcar Gazaniga, em linha de
concordância com o Ministério Público, entendo que suas contas devem
ser julgadas regulares com ressalva. Embora esse agente público
tenha assinado o edital de licitação - que contém o Memorial
Descritivo por meio do qual se operou o direcionamento do
certame -, ficou comprovado que foi o Diretor Técnico o
responsável direto pela elaboração das especificações que
levaram à restrição do caráter competitivo da licitação. Foi ele,
também, quem elaborou a planilha de custos de forma inadequada, o
que levou a apresentação de orçamentos irreais por parte da COPABO.
Quanto aos membros da comissão de licitação - em linha de
concordância com o Ministro Ubiratan Aguiar e de discordância com o
Parquet -, creio que suas contas devam ser julgadas regulares com
ressalva”.

Restam claras, as desconformidades do ato convocatório com a legislação vigente. Sendo


assim, a licitação não poderá continuar com estas irregularidades no objeto do edital e da
forma de adjudicação das propostas.
Desse modo, o item 9.5 do anexo I do Edital deve ser retirado, eis que afastam candidatos em
potencial do certame, impedindo a ampla concorrência, violando de forma literal o art. 37 da
Constituição Federal e o Art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei n. 8.666/1993.

DO PEDIDO
Por tudo o que foi exposto, a impugnante postula retificação do Edital em relação a página 28
do Anexo I - termo de referência do referido edital, retirando a exigência da Comprovação que
é credenciada como Moodle Partner, a fim de possibilitar, em consequência, a ampla
concorrência no procedimento licitatório em questão.
Pede deferimento.

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II. DO ENTENDIMENTO
A presente impugnação foi recebida por e-mail em 17/11/2021 (quarta-feira) às 09h26,
6º dia útil anterior à abertura da sessão, a qual está agendada para 25/11/2021 (quinta-feira)
às 09h00. Portanto, considerada tempestiva conforme item 5.2 do Edital, foi recebida e
analisada pela área técnica.

5.2. Até 3 (três) dias úteis antes da data fixada para abertura da sessão
pública, qualquer pessoa poderá solicitar esclarecimentos e/ou
impugnar o ato convocatório do pregão na forma eletrônica.

Quanto ao mérito, informamos que a solicitação de contratação de empresa


credenciada como Moodle Partner, constante no item 9.5 no ANEXO I do Edital do Pregão
Eletrônico 222/SGAF/2021, busca certificar que a contratada tenha, comprovadamente,
conhecimento técnico para gestão de ambiente Moodle. Como o edital também exige no item
10.3.9 comprovação de capacidade técnica das empresas participantes, visando ampliar a
competividade do certame, efetuaremos a supressão da exigência de credenciamento como
Moodle Partner.

III. DA CONCLUSÃO
Diante do exposto, decido pelo DEFERIMENTO da presente impugnação.
As razões apresentadas e a resposta encontram-se juntadas ao Processo nº
114034/2021.
A licitação será prorrogada para constar a devida alteração.

Atenciosamente,

Marcelo Augusto A L Ferreira


DAG / Assessoria de Informática
Secretaria de Educação e Cidadania

Ricardo Simão
Chefe de Licitações
Departamento de Recursos Materiais

José Cláudio Marcondes Paiva


Diretor do Departamento de Recursos Materiais

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