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GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Processo nº 1510.01.0180631/2021-10

1510.01.0180631/2021-10
Procedência: Diretoria de Aquisições/SPGF.
Interessado: @interessados_virgula_espaco@
Número: 5.402/2021
Data: 24/08/2021
Classificação Temática: INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃ0- LEI FEDERAL Nº
8.666/1993- ART.25, INCISO I.
Ementa:AQUISIÇÃO DE FUZIS. ANÁLISE JURÍDICA. ART. 25 E ART. 26 DA LEI Nº
8.666/93.

RELATÓRIO
1. A Assessoria Técnica da Superintendência de Planejamento, Gestão e
Finanças- ASTEC/SPGF, através do Ofício PCMG/SPGF/ASTEC nº. 611/2021 (SEI
34105902), encaminha expediente para manifestação desta Assessoria Jurídica
acerca da aquisição de “51 fuzis, calibre 5,56x45mm, através de inexigibilidade,
conforme especificações, exigências e quantidades estabelecidas neste documento.”.
2. O processo veio instruído eletronicamente, dentre outros, com os
seguintes documentos:
a) Termo de Referência (34000239) (33958975);
b) Pedido de compras (33692440) (33692753);
c) Pesquisa de Preços (33113107);
d) Mapa Comparativo de Preços (33112925) (33114136) (33692213)
(33692705);
e) Autorização Orçamentária (32798556) (32807974) (32808520)
(32808817) (32810950);
f) Proposta comercial (33113237);
g) Certificado de Registro Cadastral do Fornecedor- CRC (34144455);
h) Certidões da contratada (33311053) (33387449) (33387504)
(33387454) (33387510) (33387461) (33387516);
i) Declarações da contratada (33387464) (33387522) (33387523)
(33387524) (33387525) (33387527) (33387465) (33387468)
(33387469);
j) Declarações de exclusividade (32970717);
k) Certidão Negativa CAFIMP (33311053);
l) Nota Técnica nº 825/PCMG/SPGF/ASTEC/2021 (34105384);
m) Minuta de Contrato (34050020).
Nota Jurídica nº 5.402/2021 (34219262) SEI 1510.01.0180631/2021-10 / pg. 1
Minuta de Contrato ( ).
3. Imprescindível destacar que não cabe a esta Assessoria Jurídica verificar
a legitimidade documental das declarações instruídas neste expediente.
4. Do essencial, é a síntese do relatório.
FUNDAMENTOS
5. Preliminarmente, frisa-se que não cumpre a esta Assessoria analisar
questões de oportunidade e conveniência da Administração, tampouco valores e
quantitativos dispostos nos autos, de modo que esta Nota Jurídica se restringe às
questões jurídicas que envolvem a inexigibilidade em comento, conforme preceituado
no artigo 8º da Resolução AGE nº 93, de 05 de Março de 2021, in verbis:

"Art. 8º A manifestação jurídica deve se restringir à análise jurídica


da questão submetida à consulta, sendo defeso ao Procurador do
Estado e ao Advogado Autárquico adentrar a análise de aspectos
técnicos, econômicos e financeiros, bem como de questões
adstritas ao exercício da competência e da discricionariedade
administrativa, a cargo das autoridades competentes."

6. Esclareça-se ainda que a presente manifestação é dotada de


caráter eminentemente opinativo, a refletir uma opinião jurídica que se
ampara, sobretudo, na presunção de veracidade e idoneidade das
informações técnicas subscritas pelas autoridades competentes e, como
tal, não pode ser concebida como ato administrativo de gestão ou mesmo
ato decisório.
7. Trata-se, portanto, de análise jurídica no sentido de se verificar a
possibilidade de se promover a inexigibilidade de licitação, com fundamento no art.
25, inciso I, da Lei Federal nº 8.666/1993, com a finalidade de adquirir 51 fuzis, calibre
5,56x45mm.
8. Com efeito, a realização de processo licitatório é procedimento prévio e
cogente para celebração de qualquer contrato com a Administração Pública Direta e
Indireta, porquanto se destina a garantir a observância do princípio constitucional da
isonomia e de outros princípios norteadores da atividade administrativa. Portanto,
constitui regra basilar que deve ser observada por aqueles que manejam recursos
públicos.
9. Isto porque, evidentemente, a realização de licitação permite ao gestor,
através de critérios objetivos, a seleção da proposta que ilustre o menor preço e, em
alguns casos, a melhor técnica para realização de determinado serviço ou
fornecimento de determinado produto, conforme preceitua o art.3º, caput, da Lei
Federal nº 8.666/1993.
10. Neste sentido, vale destacar que, ratificando este entendimento, a
Constituição Federal de 1988, em seu art.37, inciso XXI estabelece que:
"Art. 37 (...)
XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
serviços, compras e alienações serão contratados mediante
processo de licitação pública que assegure igualdade de condições
a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da
proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências
de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do

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cumprimento das obrigações". (g.n)

11. Não obstante, há situações excepcionais em que a lei autoriza o


afastamento do certame para se efetuar uma contratação direta. Tratam-se de
situações peculiares em que a realização de licitação não atenderá às finalidades para
as quais o certame foi concebido, dentre elas, a satisfação do interesse público.
12. Nesse sentido, a Lei 8.666/93 disciplinou em seus artigos 24 e 25,
hipóteses em que a realização do certame licitatório será dispensado ou inexigível,
em virtude da ausência de pressuposto lógico, jurídico ou fático. Isso porque, em
casos como tais, a licitação formal conduziria ao sacrifício dos fins buscados pelo
Estado e não asseguraria a contratação mais vantajosa, frustrando, por conseguinte,
a realização adequada das funções estatais.
13. A propósito, sobre a inexigibilidade de licitação pontua Marçal Justen
Filho1:

“É imperioso destacar que inviabilidade de competição não é um


conceito simples, que corresponda a uma ideia única. Trata-se de
um gênero, comportando diferentes modalidades. Mais
precisamente, a inviabilidade de competição é uma consequência,
que pode ser produzida por diferentes causas, as quais consistem
nas diversas hipóteses de ausência de pressupostos necessários à
licitação.”

14. Prossegue o citado doutrinador ensinando que as causas de


inviabilidade de competição podem ser reunidas em dois grandes grupos, tendo por
critério a sua natureza: uma primeira espécie que envolve inviabilidade de competição
derivada de circunstâncias atinentes ao sujeito a ser contratado; a segunda espécie
abrange os casos de inviabilidade de competição relacionada com a natureza do
objeto a ser contratado.
15. Outrossim,oportuno ressaltar que as hipóteses elencadas no artigo 25
e seus incisos, não são taxativas, consoante entendimento sedimentado pela
doutrina. Isso porque o principal requisito para a contratação direta por
inexigibilidade de licitação é a comprovação da inviabilidade de competição, razão por
que o citado artigo faz uso da expressão “em especial” para exemplificar os casos
concretos, sem, contudo, esgotá-los.
16. A inexigibilidade de licitação, conforme prevista no inciso I, do art. 25, da
Lei nº 8.666, de 1993, refere-se à aquisição2 de materiais, equipamentos, ou gêneros
que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial
exclusivo.
17. Com efeito, o enquadramento da hipótese no citado permissivo fica
sujeito às seguintes condições preliminares: a) o objeto restringe-se a compras,
excluídos por consequência, os serviços; b) singularidade do bem, em decorrência de
suas características técnicas pertinentes, vedada a preferência por marca; e c) prova
da exclusividade do fornecimento do bem3.
18. No mais, exaurida a análise da contratação mediante inexigibilidade de
licitação, remanesce doravante examinar a observância dos requisitos legais
impostos no art. 26 da Lei nº 8.666/93, quais sejam:
a) Justificativa do afastamento da licitação;
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b) Comunicação, dentro de três dias, à autoridade superior, para
ratificação e publicação na imprensa oficial no prazo de cinco dias;
c) Razão da escolha do fornecedor;
d) Justificativa do preço.
19. Com rigor, a legislação impõe à autoridade responsável pela contratação
o dever de justificar o afastamento da licitação, o que se extrai do item 4 do Termo
de Referência.
20. No tocante à razão da escolha do fornecedor, no presente processo,
esta se confunde com o próprio fundamento da inexigibilidade de licitação, amparada,
pois, na existência de apenas um fornecedor apto à execução do serviço no
mercado, conforme apontado pela área técnica no Termo de Referência e atestado
de exclusividade 32970717.
21. Não é demais mencionar que as devidas justificativas exaradas são de
exclusiva responsabilidade do setor demandante, não cabendo ao Setor Jurídico
adentrar na discricionariedade da aquisição/contrataçãp, tampouco na verificação da
veracidade da documentação apresentada. Nesta senda, destaca-se a Súmula nº 255
do Tribunal de Contas da União- TCU:

"Súmula 255 - TCU


Nas contratações em que o objeto só possa ser fornecido por
produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, é dever
do agente público responsável pela contratação a adoção das
providências necessárias para confirmar a veracidade da
documentação comprobatória da condição de exclusividade " (g.n.)

22. No que tange à necessidade de justificar o preço incumbe à área técnica


a verificação da compatibilidade do preço oferecido pela empresa a ser contratada
com os preços praticados no mercado. Nesta senda, destaca-se precedente do
Tribunal de Contas da União, assentando que na inexigibilidade deve-se fazer uma
comparação entre os preços praticados pelo fornecedor exclusivo junto a outras
instituições públicas ou privadas, senão vejamos:

"4. A justificativa do preço em contratações diretas (art. 26,


parágrafo único, inciso III, da Lei 8.666/93) deve ser realizada,
preferencialmente, mediante: (i) no caso de dispensa, apresentação
de, no mínimo, três cotações válidas de empresas do ramo, ou
justificativa circunstanciada se não for possível obter essa
quantidade mínima; (ii) no caso de inexigibilidade, comparação com
os preços praticados pelo fornecedor junto a outras instituições
públicas ou privadas.
Pedidos de Reexame interpostos por gestores do Instituto Nacional
de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) questionaram
deliberação pela qual o TCU aplicara multas aos recorrentes em
razão, dentre outras irregularidades, da “aquisição de
equipamentos, por dispensa de licitação (art. 24, XXI, da Lei
8.666/93), por preços unitários superiores ao menor preço obtido
na cotação/pesquisa de mercado, sem justificativa para a escolha
do fornecedor e do preço praticado”. Ao analisar as razões

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recursais, o relator entendeu que a escolha dos fornecedores para
as aquisições “foi tecnicamente motivada pela entidade”. Quanto
ao preço, destacou que, “mesmo nos casos de contratações
diretas, deve ser justificado, a teor do art. 26, III, da Lei 8.666/93”,
ressaltando ainda que “o Tribunal tem entendido que a
apresentação de cotações junto ao mercado é a forma preferencial
de se justificar o preço em contratações sem licitação (dispensa de
licitação), devendo ser cotadas, no mínimo, 3 propostas válidas de
empresas do ramo; ou, caso não seja viável obter esse número de
cotações, deve-se apresentar justificativa circunstanciada (...). E,
nos casos de inviabilidade de licitação, este Plenário se manifestou,
conforme ...o Acórdão 819/2005, no sentido de que, para atender
o disposto no inciso III do art. 26 da Lei de Licitações, poder-se-ia
fazer uma comparação entre os preços praticados pelo fornecedor
exclusivo junto a outras instituições públicas ou privadas”. Nesse
sentido, concluiu o relator que, no caso concreto, a prática
adotada pelo Inmetro para os casos de dispensa de licitação estaria
de acordo com o entendimento do TCU. Quanto aos casos de
inviabilidade de licitação, observou que não fora comprovado “que
a entidade tenha promovido alguma medida tendente a verificar
outros preços praticados pelo fornecedor exclusivo do
microscópio”. Ponderou, contudo, que “essa medida, ainda que
desejável, é, ainda, uma orientação singular feita por esta Casa”.
Considerando que a manutenção da multa aplicada aos gestores
seria medida de extremo rigor, “especialmente frente à ausência de
dano ao erário”, o Tribunal, pelos motivos expostos pelo relator,
deu provimento aos pedidos de reexame, afastando a sanção
imposta aos responsáveis." (Acórdão 1565/2015-Plenário, TC
031.478/2011-5, Relator Ministro Vital do Rêgo, 24.6.2015. (grifo
nosso)

23. Assim, para o cumprimento da legislação, foram juntadas as Notas


Fiscais 33113107 bem como a Proposta Comercial 33113237, no intuito de se
comprovar a compatibilidade do preço praticado.
24. Salienta-se que cabe a esta Assessoria Jurídica, exclusivamente, analisar
a existência formal, sem discrepâncias ou equívocos aparentes, do mapa
comparativo, não podendo atestá-lo, confirmá-lo ou, de qualquer forma, aprová-lo.
25. No tocante à ratificação do ato de inexigibilidade pela autoridade
competente, bem como sua publicação no órgão de imprensa oficial, tais
providências deverão ser adotas no momento oportuno.
26. Outrossim, a área técnica deve ainda observar o disposto no artigo 15,
§7º, inciso II da Lei Federal nº 8.666/1993, justificando as quantidades a serem
adquiridas em função do consumo do órgão e sua provável utilização. Assim, os
quantitativos adquiridos devem basear-se em casos concretos, visando refletir ao
máximo a realidade da Administração e evitando-se assim, a execução frustrada.
27. Nesse diapasão é o entendimento do Tribunal de Contas da União, veja-
se:

"9.5.2. promova o devido planejamento de suas compras,


definindo as unidades e as quantidades a serem adquiridas em

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função do consumo e utilização prováveis, bem como realizando
estimativa prévia de preços, de forma a evitar o parcelamento
irregular de despesas e a escolha de modalidade licitatória
inadequada, nos termos dos arts. 15, inciso V e § 7º,inciso II, e 23,
§ § 2º e 5º, da Lei 8.666/1993"; (TC AC-1281-18/10-P,Plenário,
Relator: AUGUSTO SHERMAN Processo: 006.092/2008-5).

28. Sobre a exigência de comprovação afeta à qualificação técnica, cumpre


mencionar que cabe à área demandante, em cada caso concreto, avaliar a real
necessidade e exigir somente o mínimo indispensável à execução do objeto, nos
termos estabelecidos pelo art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal.
29. Destarte, quaisquer exigências de atributos técnicos devem ser
justificadas, instruindo o procedimento licitatório, conforme entendimento do Tribunal
de Contas da União, veja-se:

"As exigências relativas à capacidade técnica guardam amparo


constitucional e não constituem, por si só, restrição indevida ao
caráter competitivo de licitações conduzidas pelo Poder Público.
Tais exigência, sejam elas de caráter técnico-profissional ou
técnico-operacional, não podem ser desarrazoadas a ponto de
comprometer o caráter competitivo do certame, devendo tão
somente constituir garantia mínima suficiente de que o futuro
contratado detém capacidade de cumprir com as obrigações
contratuais.
Tais exigências devem ser sempre devidamente fundamentadas, de
forma que fiquem demonstradas inequivocamente sua
imprescindibilidade e pertinência em relação ao objeto licitado."
(Acórdão nº 1.942/2009, Plenário, rel. Min. André Luís de Carvalho)

30. Ademais, depois de caracterizada a hipótese de inexigibilidade da licitação


invocada, deverá a autoridade competente verificar se a contratada reúne condições
para a respectiva contratação. Para tanto, deve solicitar a apresentação de
documentos suficientes e capazes de demonstrar as condições que devem estar
reunidas em razão das obrigações contratuais.
31. Outrossim, orienta-se que a área técnica verifique a regularidade do
Relatório CRC atualizado ou mesmo individualmente as certidões de regularidade do
contratado, que devem estar vigentes no momento da celebração do contrato e,
também, enquanto perdurar a vigência contratual.
32. Por oportuno, consigne-se que a análise procedimental no âmbito da
Polícia Civil compete à Assessoria Técnica da Superintendência de Planejamento,
Gestão e Finanças-SPGF, nos termos do artigo 2º da Resolução nº 6.874 de 07 de
abril de 20064 a qual emitiu a Nota Técnica nº 825/PCMG/SPGF/ASTEC/2021
(34105384), apresentando a seguinte conclusão:

“(...) III. Observações


- Anexar Certificado de Regularidade de Situação - CRS (FGTS),
atualizado;
- Anexar Prova de quitação com a Fazenda Estadual (ICMS), do

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respectivo Estado onde está instalada a pessoa jurídica, atualizada;
- Anexar Balanço Patrimonial, atualizado, ou apresentar a
justificativa da impossibilidade;
- Sugere-se que o Diretor de Material Bélico assine o Termo de
Referência aprovado no documento - 33958975, bem como que a
área técnica verifique o custo estimado da contratação - item 18
do Termo de Referência - 33665730;
- Sugere-se a correção da numeração dos itens da cláusula décima
quinta do documento: PADRÃO - Contrato de Bem
PCMG/SPGF/DCC/CONTRATOS (34050020).
IV. Análise Complementar
Toda a documentação apresentada deve estar atualizada e válida
no decorrer da vigência contratual e deverá ser conferida e
certificada quando da efetiva contratação.
PARECER
Com fulcro no que preceituam as normas que disciplinam a
matéria, bem como nos princípios que alicerçam a Administração
Pública, e depois de procedida à análise do feito, entende esta
Assessoria Técnica que os autos encontram-se devidamente
instruídos, motivo pelo qual opina por seu prosseguimento."

33. Em que pese a competência da ASTEC, esta Assessoria sugere a


observância das medidas abaixo elencadas visando à correta instrução do processo,
a saber:
a) Deverá ser anexada a certidão negativa do Cadastro de
Fornecedores Impedidos de Licitar e Contratar com a Administração
Pública - CAFIMP;
b) no termo de referência sugere-se retificar o erro material constante
no item 1.1.2 a fim de que onde se lê "j á" leia-se "já";
c) ainda no termo de referência sugere-se retificar o erro material
constante no item 1.2.1 a fim de que onde se lê "quanto a segurança"
leia-se "quanto à segurança";
d) na minuta de contrato sugere-se a adequação do item 9.1, uma vez
que no caso em tela não há Edital;
e) também no contrato, a verificação da menção à Lei 10.520/2002
no item 16.1 pois relaciona-se ao pregão.
34. Notadamente, o item 11.2 do Termo de Referência 22581714 bem como
Cláusula Terceira da Minuta Contratual 22133928 prevê vigência de 24 (vinte e
quatro) meses para a respectiva contratação.
35. Sobre o tema, cumpre mencionar o entendimento Advocacia-Geral da
União, por meio da Instrução Normativa nº 38/2011, veja-se:
"ORIENTAÇÃO NORMATIVA Nº 38, DE 13 DE DEZEMBRO DE 2011
NOS CONTRATOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE
NATUREZA CONTINUADA DEVE-SE OBSERVAR QUE: A) O
PRAZO DE VIGÊNCIA ORIGINÁRIO, DE REGRA, É DE ATÉ 12
MESES; B) EXCEPCIONALMENTE, ESTE PRAZO PODERÁ SER
FIXADO POR PERÍODO SUPERIOR A 12 MESES NOS CASOS
EM QUE, DIANTE DA PECULIARIDADE E/OU COMPLEXIDADE
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EM QUE, DIANTE DA PECULIARIDADE E/OU COMPLEXIDADE
DO OBJETO, FIQUE TECNICAMENTE DEMONSTRADO O
BENEFÍCIO ADVINDO PARA A ADMINISTRAÇÃO; E C) É
JURIDICAMENTE POSSÍVEL A PRORROGAÇÃO DO CONTRATO POR
PRAZO DIVERSO DO CONTRATADO ORIGINARIAMENTE."

36. No mesmo contexto, segue entendimento do Tribunal de Contas da


União - TCU:

"(...)Diante do exposto, verificadas as peculiaridades de cada


serviço, os contratos de natureza continuada podem ser
firmados, desde o início, com prazos superiores a 12
meses. Contudo, a cada doze meses devem ser avaliadas
a necessidade e a qualidade dos serviços e se os valores
estão compatíveis com os praticados pelo mercado" (...)
(Acórdão TCU nº 1214/2013-Plenário)

37. Nesta senda, recomenda-se que a contratação por prazo superior a 12


(doze) meses somente seja adotada excepcionalmente e em situações
devidamente justificadas, demonstrando-se concretamente o benefício decorrente
da medida à Administração.
38. Demais disso, sempre que a autoridade administrativa fixar prazo de
vigência superior a 12 (doze) meses é indispensável que a área técnica, a cada
período de 12 (doze) meses, proceda à análise criteriosa quanto à necessidade e
vantajosidade do serviço prestado, demonstrando-se o benefício auferido com a
medida.
39. Oportuno também destacar que deverá ser observado pelo gestor os
termos da Lei Complementar nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal) no tocante
à adequação orçamentário-financeira com o corrente orçamento aprovado, bem
assim a compatibilidade com o Plano Plurianual de Ação Governamental e a Lei de
Diretrizes orçamentárias.
40. Consigne-se que não compete ao órgão de assessoria jurídica apontar ou
definir medida administrativa a ser adotada em cada caso concreto, sob pena de
adentrar nas razões de conveniência e oportunidade do gestor, e
interferir indevidamente no mérito dos atos administrativos de sua competência.
41. Por derradeiro, consigne-se que a presente Nota Jurídica
emitida tem natureza meramente opinativa e como tal, não pode ser
concebida como um ato administrativo de gestão ou mesmo ato decisório,
conforme precedente do Tribunal de Contas do Estado/MG:

“(...) O parecer jurídico emitido por assessor ou parecerista tem


natureza meramente opinativa e não vincula, por conseguinte, a
decisão a ser tomada pelo agente competente. (...) “(TCE/MG,
Denúncia nº 887.859, Rel. Cláudio Terrão, pub. 07/03/2017).

42. Salutar ainda mencionar o estabelecido no §3 º do art. 8º da Resolução


AGE nº 93, de 05 de Março de 2021, senão vejamos:

"§3º – À unidade jurídica responsável pela emissão de juízo


Nota Jurídica nº 5.402/2021 (34219262) SEI 1510.01.0180631/2021-10 / pg. 8
conclusivo de aprovação de minuta, e que tenha sugerido
alterações juridicamente necessárias, não incumbe pronunciamento
subsequente de verificação do cumprimento das recomendações e
ressalvas consignadas."

43. Não obstante, caso a autoridade competente discorde das orientações


ou posicionamentos emanados nesta manifestação, deverá carrear aos autos as
justificativas necessárias para embasar o feito, consoante entendimento do Tribunal
de Contas da União, abaixo anotado:
Ementa: determinação à SFA/RS para que apresente as razões para
o caso de discordância, nos termos do inc. VI, art. 50 da Lei nº
9.784/1999, de orientação do órgão de assessoramento jurídico à
unidade. (Alínea "e", item 1.5, TC- 022.942/2007-3, Acórdão nº
4.127/2008-1ª Câmara, DOU de 18.11.2008, S. L p. 73).

CONCLUSÃO
44. Diante de todo o exposto, nos limites da análise jurídica, ressalvados os
aspectos técnicos e econômicos e os juízos de oportunidade e conveniência,
manifesta-se esta Assessoria Jurídica pela viabilidade da aquisição direta, mediante
inexigibilidade de licitação, desde que observadas e supridas as ressalvas alhures 5
explicitadas na presente Nota Jurídica.
45. Assim, devolvo o presente expediente à origem para providências
cabíveis, não sendo necessário o seu retorno a esta Assessoria.
46. É a manifestação, salvo melhor juízo.

[1]Jus ten Filho, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Adminis trativos . 17ª ed. São Paulo: Dialética,
2016. pg. 571.

[2]ORIENTAÇÃO NORMATIVA Nº 15, DE 1º DE ABRIL DE 2009


A CONTRATAÇÃO DIRETA COM FUNDAMENTO NA INEXIGIBILIDADE PREVISTA NO ART. 25, INC. I, DA LEI Nº 8.666, DE
1993, É RESTRITA AOS CASOS DE COMPRAS, NÃO PODENDO ABRANGER SERVIÇOS.

[3]ORIENTAÇÃO NORMATIVA Nº 16, DE 1º DE ABRIL DE 2009


COMPETE À ADMINISTRAÇÃO AVERIGUAR A VERACIDADE DO ATESTADO DE EXCLUSIVIDADE APRESENTADO NOS TERMOS
DO ART. 25, INC. I, DA LEI Nº 8.666, DE 1993.

[4]RESOLUÇÃO PCMG Nº 6.874, DE 07 DE ABRIL DE 2006.


Art. 2º Compete à As s es s oria Técnica opinar s obre a regularidade dos contratos a s erem celebrados e s obre a
prorrogação ou alteração dos já firmados , em decorrência do es tabelecido na Res olução 6.864, de 21 de fevereiro
de 2006, e ainda:
I - elaborar notas técnicas s obre atos da SPGF, bem como s obre pedidos de recons ideração de decis ões pertinentes
a proces s os em tramitação, por determinação do Superintendente;
II - pres tar as s es s oria técnica ao Superintendente de Planejamento, Ges tão e Finanças ;
V - examinar anteprojetos de leis , decretos , res oluções , propos tas de convênios , contratos e ajus tes , textos de
editais de licitação e outros documentos correlatos de atribuição da Superintendência, emitindo notas técnicas ao
Superintendente, obs ervando-o contido no art. 3º des ta Res olução.
Súmula 255 – Tribunal de Contas da União
Nas contratações em que o objeto s ó pos s a s er fornecido por produtor, empres a ou repres entante comercial
exclus ivo, é dever do agente público res pons ável pela contratação a adoção das providências neces s árias para
confirmar a veracidade da documentação comprobatória da condição de exclus ividade.

[5]ORIENTAÇÃO NORMATIVA NAJ-MG Nº 07, DE 17 DE MARÇO DE 2009: APROVAÇÃO JURÍDICA NOS TERMOS DO
PARÁGRAFO ÚNICO DO ART.38 DA LEI Nº 8666/93.
1 - Face à s ua autonomia técnica, o advogado res pons ável pela aprovação de procedimento licitatório, dis pens as e
inexigibilidades de licitação e demais hipótes es de contratos , convênios e ajus tes celebrados pela Adminis tração
Pública Federal, pode determinar a regular ins trução do feito previamente à s ua aprovação, ou optar pela aprovação
condicionada ao cumprimento de recomendações cons tantes de s eu parecer.
2 - Cas o o pareceris ta opte pela aprovação condicionada, a autoridade cons ulente res ponde de forma pes s oal e
exclus iva pela omis s ão decorrente de eventual realização do procedimento s em a devida obs ervância das

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recomendações , cujo cumprimento era requis ito do ato de aprovação.
Referência: PARECER Nº AGU/CGU/NAJ/MG-874/2008-MACV

Documento assinado eletronicamente por Marco Aurelio de Oliveira


Resende, Assessor Jurídico Chefe - Policia Civil do Estado de Minas
Gerais, em 24/08/2021, às 16:38, conforme horário oficial de Brasília, com
fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 47.222, de 26 de julho de 2017.

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Referência: Processo nº 1510.01.0180631/2021-10 SEI nº 34219262

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