PREFEITURA DE TRÊS CORAÇÕES

“Terra do Rei Pelé”

PARECER JURÍDICO

PROCESSO LICITATÓRIO Nº00747/2021

PREGÃO ELETRÔNICO - SRP Nº052/2021

1 – Do Relatório

Vêm a esta assessoria jurídica, para exame e parecer, processo licitatório,

modalidade pregão eletrônico, do tipo menor preço por item, destinado ao Registro de Preços,
para aquisição de Máquinas Pesadas para o aterro municipal, bem como para manutenção de
vias urbanas e rurais do Município para atender a Secretaria Municipal de Obras e Serviços
Públicos;

Pedido de Compra simples 00720/2021, com despacho da autoridade ordenadora

de despesa, termo de referência 0047/2021, Portaria de nomeação de gestão de contratos, da
Secretaria Municipal de Planejamento, encontram-se às fls. 02/11;

Orçamentos às fls. 12/47; Preço médio da Proposta de preços simples (pesquisa

n.º 242/2021), às fls. 48; Proposta de preços por produtos ou serviços (pesquisa 242/2021), às fls.
49/49-v;

Certidão de existência de Dotação Orçamentária, Certidão de existência de recurso

financeiro, Estimativa de Impacto orçamentário–Financeiro, às fls. 50/52, com saldo insuficiente
para o valor estimado da contratação.

Memorando de solicitação de abertura de Processo licitatório (pesquisa de preços

242/2021), às fls. 53; Portaria de nomeação de gestor de contratos, fls. 54; Comunicação interna
0158/2021 da SEGOV para SEMOSP, fls. 55; Comunicação interna n.º 473/2021 da SEMOSP
para SEGOV, fls. 56; Protocolo de requisições, fls. 57; Portaria de designação de pregoeiro e
equipe de apoio, fls.58; Portaria de designação de pregoeiro e equipe de apoio, fls.59; Justificativa
para vedação de empresas reunidas em consórcio, fls.60;

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Minuta do Edital, acompanhado de seus anexos com a integração do termo de

referência, modelo de proposta de preços, minuta da ata de registro de preços e minuta do
contrato, fls. 61/91; Termo de autuação, fls. 92;

2 - Da Fundamentação

De início, verifica-se que a pesquisa de mercado satisfaz às exigências

reiteradamente feitas pelo Tribunal de Contas da União, no sentido de que, sempre que for
possível – considerando a peculiaridade da contratação sob exame –, devem ser juntados aos
autos três orçamentos distintos referentes ao serviço a ser contratado (v., nesse sentido:
Decisão nº 955/2002 - Plenário, DOU de 13/8/2002; Acórdão nº 980/2005 - Plenário, DOU de
22/7/2005; Acórdão nº 1945/2006 - Plenário, DOU de 20/10/2006; e Acórdão nº 1547/2007 -
Plenário, DOU de 10/8/2007). A guisa de ilustração vejamos o que o Ministro Marcos Vilaça
deixou consignado em seu voto no Acórdão nº 1700/2007 – Plenário, de sua relatoria:

“Quando a Lei n.º 8.666/93 fala do registro de preços, no art. 15, sempre
menciona o mercado. É uma ampla pesquisa de mercado que permitirá
aferir a regularidade do preço registrado. E é facultado a qualquer cidadão,
na presença do registro, impugnar preço (...) em razão de incompatibilidade
desse com o preço vigente no mercado. O art. 43, inciso IV, ao tratar da
desclassificação de licitante, também prega a verificação da conformidade
de cada proposta (...) com os preços correntes no mercado. (Acórdão
1700/2007- Plenário)”

O pregão eletrônico constitui modalidade de licitação adequada no presente caso

senão vejamos:

A Lei nº 10.520/2002 dispõe em seu art. 1º que “Para aquisição de bens e

serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na modalidade de pregão”, considerando em
seu Parágrafo Único que “Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos deste
artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos
pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado”.

Normatizando a Lei nº 10.520/2002 e a Lei nº 8.666/93, o Decreto Federal nº

10.024, de 20 de setembro de 2019, revogou o Decreto Federal nº 5.450/2005, e foi

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recepcionado no âmbito deste Município pelo Decreto nº 4.143/2020, passando a regulamentar

a licitação, na modalidade de pregão, na forma eletrônica, para a aquisição de bens e a
contratação de serviços comuns, tornando-se obrigatória para utilização de recursos da União
decorrentes de transferências voluntárias, tais como convênios e contratos de repasse, exceto
nos casos em que a lei ou a regulamentação específica que dispuser sobre a modalidade de
transferência discipline de forma diversa as contratações com os recursos do repasse.

A fase prévia ou interna à licitação envolve o cumprimento de formalidades

essenciais e indispensáveis ao êxito do certame e à obtenção de contrato adequado e
satisfatório.

Devem ser cumpridas as exigências e os requisitos genéricos contidos na Lei nº

8.666/93 e os específicos da Lei 10520/02, Decreto 10.024/19.

No caso vertente, Administração optou ainda pelo sistema de registro de preços.

A esse respeito, cumpre observar o regramento inserido na Lei nº 8.666, de 1993:

Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão:

(...)
II - ser processadas através de sistema de registro de preços;

O Decreto Federal nº 7.892/2013, que regulamenta o Sistema de Registro de

Preços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, dispõe:

Art. 3º O Sistema de Registro de Preços poderá ser adotado nas seguintes

hipóteses:
I - quando, pelas características do bem ou serviço, houver necessidade de
contratações frequentes;
II - quando for conveniente a aquisição de bens com previsão de entregas
parceladas ou contratação de serviços remunerados por unidade de
medida ou em regime de tarefa;
III - quando for conveniente a aquisição de bens ou a contratação de
serviços para atendimento a mais de um órgão ou entidade, ou a
programas de governo; ou

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IV - quando, pela natureza do objeto, não for possível definir previamente o

quantitativo a ser demandado pela Administração.

Na esfera desta municipalidade para regulamentação da contratação por registro

de preços foi editado o Decreto nº 3.490/2017, que dispõe:

Art. 3º O Sistema de Registro de Preços poderá ser adotado nas seguintes

hipóteses:

I - quando, pelas características do bem ou serviço, houver necessidade de

contratações frequentes;

II - quando for conveniente a aquisição de bens com previsão de entregas

parceladas ou contratação de serviços remunerados por unidade de
medida ou em regime de tarefa;

III - quando for conveniente a aquisição de bens ou a contratação de

serviços para atendimento a mais de um órgão ou entidade, ou a
programas de governo; ou

IV - quando, pela natureza do objeto, não for possível definir previamente o

quantitativo a ser demandado pela Administração.

(...)

Portanto, forçoso reconhecer que o Registro de Preços não se aplica ao presente

caso, vez que não há necessidade de contratação frequente, não se justifica previsão de
entregas parceladas, não se justifica conveniência para atendimento a mais de um órgão ou
programa de governo, e há definição previa nos itens de seu quantitativo.

A jurisprudência pacífica do TCU é no sentido de que, “no âmbito do sistema de

registro de preços, a modelagem de aquisição por preço global de grupo de itens é medida
excepcional que precisa ser devidamente justificada, além de ser, em regra, incompatível com
a aquisição futura de itens isoladamente”. Grifei

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Registre-se por fim, que a única justificativa da Autoridade Ordenadora de

Despesas, às fls. 56, refere-se à insuficiência atual de saldo na fonte de recursos indicada, o
que não é motivo suficiente a avalizar processo licitatório no sistema de registro de preço.

3 - DA CONCLUSÃO

Destarte, Diante do exposto, ressalvando-se os aspectos de conveniência e

oportunidade, não sujeitos ao crivo desta Assessoria e, em atendimento ao que estabelece o
parágrafo único do art. 38, da Lei nº. 8.666/93, conclui que o processo de licitação não atende
às exigências legais, motivo pelo qual opina contrariamente à sua formalização no aspecto
jurídico.

Tratando-se de opinião jurídica – parecer – estas são as considerações, sem

embargo de posicionamentos divergentes. É o parecer. S.M.J.

Três Corações, 05 de agosto de 2021.

MÁRCIO BORGES CHAGAS

OAB/MG 90.697