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Sollicita PRO | 2
#01 | Acórdão nº 158/19 - Tribunal Pleno – TCE/GO – Planejamento: Alguns critérios de pesquisa
de preço e de requisitos de habilitação _______________________________________ p.04
#03 | Acórdão nº 393/17 - Tribunal Pleno – TCE/RN – Dispensa emergencial irregular _____ p.14
#06 | Acórdão nº 29/17 – Primeira Câmara – TCE/MT – Gestão de Contratos ___________ p.24
#07 | Acórdão nº 1863/21 - Tribunal Pleno – TCE/PR – Responsabilidade do parecerista ___ p.37
#08 | Acórdão nº 693/17 - Tribunal Pleno – TCE/SC – Pesquisa de Preços _____________ p.42
#09 | Acórdão nº 433/16 - Tribunal Pleno – TCE/MT – Fiscalização de Contrato ________ pg.61
1. Acórdão nº 158/19 - Tribunal Pleno
– TCE/GO – Planejamento:
Alguns critérios de
pesquisa de preço e de
requisitos de habilitação
Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
O Tribunal de Contas do Estado do Goiás, se manifestou por meio do Acórdão nº 158/19, sobre a
necessidade de realizar um bom planejamento da licitação, atentando para a fase de pesquisa
de preços bem como para a justificativa do uso de alguns critérios de habilitação:
(...)
VOTO
(...)
Outro ponto analisado pela Auditoria que merece atenção é o fato de não constar nos
autos do processo administrativo da licitação qualquer justificativa quanto à adoção dos
critérios de aferição da qualificação econômica financeira das licitantes.
Quanto a este apontamento importante destacar que o art. 31, §5º, da Lei nº 8.666/93
permite a adoção pela Administração Pública de índices contábeis destinados à
verificação da boa situação financeira das licitantes. No entanto, a lei exige que os
índices contábeis previstos no edital devem ser devidamente justificados no processo
administrativo da licitação que tenha dado início ao certame licitatório. Observa-se que
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(...)
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2. Acórdão nº 1906/18 - Tribunal
Pleno – TCE/GO
Contratação irregular de
remanescente de obra
Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
O Tribunal de Contas do Estado do Goiás, se manifestou por meio do Acórdão nº 1906/18, sobre
a contratação irregular de remanescente de obra, a qual não respeitou nem o processo de
dispensa de licitação para contratação de remanescente nem o processo licitatório:
EMENTA
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(...)
Os autos dão conta de que, visando a realização da obra objeto desta demanda, a
AGEHAB instaurou o processo licitatório nº 02/2001-CLP (fls. 123/138- TCE), referente
à construção de 280 unidades habitacionais no Município de Formosa/Goiás, cuja
vencedora foi a Construtora Santa Vitória Ltda.
Não obstante isso, a subcontratada também não deu continuidade à obra, subcontratando,
por sua vez, a empresa Sarkis Engenharia Ltda., também com a anuência da AGEHAB
(fls. TCE 259/262), sem realizar licitação, para tanto.
Atualmente, com a edição da Lei n.º 13.303/2016, que dispôs sobre o estatuto jurídico
da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, no
âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, resta claro que os
administradores da empresa pública e da sociedade de economia mista são os membros
do Conselho de Administração e da diretoria, conforme dispõe o art. 1º parágrafo único.
Ao mesmo tempo, o art. 17, §2º, do mesmo arcabouço normativo, elenca as vedações
para a indicação do membro do Conselho de Administração1. Importante ressaltar que
essa irregularidade foi identificada pela Comissão de Sindicância, em que pese nada ter
sido feito a respeito.
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É cediço que ao administrador público só cabe agir dentro dos estritos limites definidos
pelo ordenamento jurídico, em homenagem ao princípio da legalidade, devendo
observar, ainda, os demais princípios de direito administrativo para conferir legitimidade
às suas condutas.
No que tange ao instituto jurídico da subcontratação, dispõe o art. 72, da lei nº 8.666/93,
que:
Ainda o TCU, no Acórdão n.º 2002/2005, adotando o voto do relator, consignou que
“a subcontratação deve ser adotada unicamente quando necessária para garantir
a execução do contrato e desde que não atente contra os princípios constitucionais
inerentes ao processo licitatório, e nem ofenda outros princípios relacionados às
licitações, notadamente o da seleção da proposta mais vantajosa para a Administração.”
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No caso em questão, não caberia subcontratar e sim realizar nova licitação e que não
seria caso de contratação direta para execução de remanescente de obra, tendo em
vista que a Construtora Santa Vitória Ltda. teria executado tão somente 12,78% da obra.
Remanescente diz respeito a uma parcela faltante da obra, saldo, fração restante a ser
executada, jamais a quase totalidade da obra.
É preciso ressaltar que a Sindicância instaurada pela AGEHAB, por determinação desta
Corte de Contas, deveria ter sido convertida em Processo Administrativo Disciplinar –
PAD, para a devida apuração da autoria dos fatos, e, verificando o nexo de causalidade,
assim possibilitar a imputação das penalidades cabíveis a quem de direito.
O professor Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, por sua vez, conceitua a TCE da seguinte
forma:
Dispõe o art. 62, da LOTCE, que a Tomada de Contas Especial visa precipuamente à
recomposição do dano causado ao erário, com imputação de débito aos responsáveis.
Nos incisos I a IV encontram-se elencados os motivos que dão ensejo à instauração de
TCE, senão vejamos:
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II – não for comprovada a aplicação dos recursos repassados pelo Estado, na forma
prevista no inciso VII do art. 4º desta Lei;
Por outro lado, o art. 98, da LOTCE, dispõe que a conversão em TCE é admitida se
configurada a ocorrência de desfalque, desvio de bens ou outra irregularidade de que
resulte dano ao erário. Não há nos autos evidências de ocorrência de atos de que
resulte prejuízo aos cofres públicos. No caso, está se falando em responsabilidades na
contratação direta sem licitação, não havendo evidências de dano ao erário em relação
a esse fato.
Com efeito, diz o art. 107-A, da Lei estadual n.º 16.168/2007 que a pretensão punitiva do
Tribunal de Contas prescreve em 05 (cinco) anos, contados da data da autuação do feito
no Tribunal ou da data do fato. Diz ainda o §3º do mesmo artigo que a citação válida do
responsável interrompe a contagem do prazo prescricional. Por ser questão de ordem
pública, poderá ser a prescrição decretada de ofício pelo julgador, nos termos do §1º do
citado art. 107.
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aplicar as sanções previstas em lei, inclusive àquelas dos arts. 114 e 115, da LOTCE.
Nada impede que este Tribunal de Contas expeça determinações para fazer valer as
cautelas legais nas contratações que vierem a ser realizadas pelo jurisdicionado, sob
pena de incidência das sanções cabíveis.
É como voto.”
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3. Acórdão nº 393/17 - Tribunal
Pleno – TCE/RN
Dispensa emergencial
irregular
Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
O Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte se manifestou por meio do Acórdão
nº 393/17, sobre a contratação irregular, via dispensa de licitação, de serviços de divulgação do
Diário Oficial do Estado, de modo emergencial:
“EMENTA
(...)
FUNDAMENTAÇÃO
A análise dos autos revela que a matéria sob vergasta, cerne da Denúncia em questão,
tem como suporte uma suposta irregularidade na contratação direta de serviços de
distribuição do jornal “Diário Oficial do Estado”, por dispensa de licitação, com base
no art. 24, IV, da Lei de Licitações 2, que no decorrer da análise desta Casa de Contas,
restou comprovada a veracidade dos fatos denunciados, quando da inexistência da
comprovação das condições legais apresentadas, o que constitui irregularidade grave.
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Note que “a Constituição acolheu a presunção (absoluta) de que prévia licitação produz
a melhor contratação – entendida como aquela que assegura a maior vantagem possível
à Administração Pública, com observância do princípio da isonomia” 3, admitindo a
contratação direta apenas nos casos excepcionados na Lei 8.666/93, cuja aplicabilidade
não restou verificada no presente caso, conforme bem explicou o Órgão Técnico desta
Casa de Contas, senão vejamos: “posto que o gestor teve muito tempo para planejar
uma nova contratação, inclusive com deflagração de procedimento licitatório, fato este
que só não foi possível ante a sua desídia, uma vez que o contrato existente tinha como
prazo de extinção dezembro de 2003. Tal omissão afasta o pressuposto da situação
emergencial, constituindo-se esta no produto resultante da falta de atuação diligente do
gestor.”
Além do que, o dever licitatório advém do comando normativo contido no art. 37, inciso
XXI, da Constituição Federal, que assim aduz:
“Art. 37 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(...)
Sendo assim, constato que tal falha viola o princípio da legalidade, irregularidade suficiente
para macular a regularidade das contas examinadas, devendo ser aplicada multa ao
gestor responsável, na forma do art. 102, inciso II, letra “b”, § 1º da Lei Complementar nº
121/94.
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VOTO
Face ao exposto, VOTO pela desaprovação das contas, na forma do art. 78, incisos II e IV
da Lei Complementar nº 121/94, Lei vigente à época dos fatos, com aplicação de multa,
na forma do art. 102, inciso II, letra “b” da citada lei, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) ao
Sr. Flávio Fernandes Lisboa - Diretor Geral do Departamento Estadual de Imprensa- DEI,
à época, pela irregularidade formal consubstanciada na dispensa irregular de licitação,
haja vista o não preenchimento dos requisitos previstos no art. 24 da Lei nº 8.666/93.
A(s) multa(s) imposta(s), por decisão deste Tribunal de Contas do Estado, somente
poderá(ão) ser quitada(s) mediante pagamento de guias bancárias, conforme determina
os arts. 3º e 4º da Resolução nº 013/2015 - TCE-RN.
Conselheiro Relator”
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4. Contratação emergencial
segundo o TCE/SP
Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
TC nº 002821/007/07 - TCE/SP
TC nº 000470/007/09 - TCE/SP
“Não foi devidamente justificada a dispensa de licitação; a licitação não ocorreu em face
da ineficiência administrativa do Município, e não houve publicação de tais atos, em
afronta aos ditames legais". (...) "irregularidade da dispensa de licitação, do Contrato dela
decorrente, bem como dos Termos Aditivos, tendo em conta que não foi caracterizada
emergência, não tendo a Origem conseguido justificar a impossibilidade de instaurar
a necessária licitação, comprometendo toda a matéria". (...) "Tendo em vista que as
alegações apresentadas não foram suficientes para justificar a necessidade de contratar
serviços essenciais ao município, de natureza contínua e previsível, através de dispensa
de licitação, não restando, assim, comprovada a situação emergencial que motivou a
contratação em exame, acolho as manifestações desfavoráveis dos Órgãos Técnicos da
Casa e voto pela irregularidade da Dispensa de Licitação, dos contratos dela decorrentes,
bem como dos Termos Aditivos".
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
TC-022924.989.20-5 – TCE/SP
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5. Qualificação técnica operacional
e profissional
segundo o TCE/SP
Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
Súmula nº 23 – TCE/SP
Súmula 24 – TCE/SP
TC-018973/026/09 – TCE/SP
“A respeito do tema, recordo que esta Corte sedimentou entendimento reproduzido nos
termos do enunciado n.º 24 da Súmula de jurisprudência, no sentido de que a qualificação
operacional deve ser comprovada “mediante apresentação de atestados fornecidos por
pessoas jurídicas de direito público ou privado, devidamente registrados nas entidades
profissionais competentes...”, conforme locução do próprio § 1º, do artigo 30 da Lei n.º
8666/93, desde que referidas instituições eventualmente admitam essa averbação em
nome da empresa, o que até aqui não ocorre para os serviços e obras de engenharia.”
TC-15054.989.20-7 – TCE/SP
Com efeito, nos termos do referido entendimento, que guarda conformidade com o
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
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6. Acórdão nº 29/17 – Primeira
Câmara – TCE/MT
Gestão de Contratos
Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
O Tribunal de Contas do Estado do Mato Grosso se manifestou por meio do Acórdão nº 29/17,
sobre aspectos da gestão contratual:
ACÓRDÃO Nº 29/2017 – PC
RESUMO
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
(...)
RAZÕES DO VOTO
Deste total, a Equipe de Auditoria concluiu que 02 (duas) delas não restaram
derradeiramente configuradas (Relatório Técnico de Defesa – Documento Digital nº
313813/2017).
Delimitado, pois, o objeto cognitivo das vertentes contas, passo, à luz do que dispõe
o artigo 70 da CF/88, à apreciação da legalidade, legitimidade e economicidade dos
atos de gestão realizados no exercício de 2016, com vistas ao julgamento das vertentes
contas, esclareço que a análise que segue não obedecerá à ordem de apresentação
contida nos Relatórios Técnico Preliminar e de Defesa, mas encontra-se organizada por
assuntos afins, a saber: (1) Contratos, (2) Prestação de Contas, (3) Licitação.
No caso, constatei o referido Contrato foi celebrado com Leonardo Izidoro da Silva e Cia
Ltda-ME, cujo objeto foi o fornecimento de refeições para atender a necessidades da
Câmara.
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
Além disso, observei que, de acordo com a cláusula décima segunda do Contrato
nº 01/2015, o servidor designado para realizar a fiscalização e acompanhamento da
execução do objeto foi o Sr. Ricardo Michaliszyn e não a Sra. Débora Cristina Malagutti
Oliveira, que foi apontada pela Equipe Técnica como sendo a Fiscal responsável.
Por outro lado, passo a regular apreciação do Contrato nº 13/2016, pois, de acordo com
a cláusula nona desse instrumento, de fato, a servidora Débora Cristina Malagutti foi a
servidora designada para a fiscalização dos serviços contratados.
No caso em apreço, entendo que a Fiscal do Contrato não logrou êxito em comprovar
a alegada realização do acompanhamento e da fiscalização da execução dos serviços
de publicidade pela empresa S.F Severo – Selva Comunicações, relativos ao Contrato
nº 13/2016.
Compulsando os autos, verifico que a Fiscal designada não juntou qualquer documento
que demonstre o registro de falhas ou defeitos verificados na execução dele, nem mesmo
apresentou qualquer outra anotação de informações contemporâneas à execução do
objeto.
No entanto, entendo que tais documentos não se confundem com os relatórios que
deveriam ter sido produzidos pela representante da Administração e, assim, não a
eximem do dever de evidenciar o efetivo acompanhamento e fiscalização da execução
contratual.
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
Assim, considerando que a Sra. Débora Cristina Malagutti Oliveira era a fiscal
regularmente designada no Contrato nº 13/2016 e que não houve a comprovação do
efetivo acompanhamento e a fiscalização por parte desta, entendo restar demonstrado
o nexo de causalidade entre a conduta omissiva da Fiscal de Contrato e a ocorrência da
irregularidade grave classificada como HB15, ora configurada.
Além disso, expeço determinação à atual gestão que adote providências no sentido
de orientar o servidor responsável pela fiscalização de contratos para que a exerça
mediante elaboração de relatórios minuciosos, consoante preconiza o art. 67, caput, da
Lei nº 8.666/1993, não sendo suficiente para tanto a mera apresentação de declaração
do contratado acerca a execução do serviço.
3.1) Não houve justificativa plausível para acréscimo do serviço, para o preço utilizado e
quais serviços foram acrescidos no termo aditivo assinado em 15/12/2016. - Tópico - 3.4.
Contratos
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Em consulta ao 1º Termo Aditivo encaminhado via Sistema Aplic, verifico que a Cláusula
Primeira atinente ao objeto, também fez referência à justificativa do Departamento de
Comunicação. No entanto, esta justificativa não se encontra anexa à minuta do referido
Termo Aditivo.
O Defendente também não apresentou cópia do alegado parecer jurídico que subsidiou
o processo legislativo do projeto de lei que deu origem à Lei nº 114/2016, que autorizou
o Poder Executivo a abrir crédito adicional suplementar destinados as despesas com
serviços de publicidade da Câmara Municipal de Sinop.
TCU decidiu: “1.1.2.1. procure formalizar, em futuras contratações, termo aditivo quando
restar necessária alteração de valor do contrato, em decorrência de acréscimo ou
diminuição quantitativa de seu objeto”. (TCU. Processo nº TC-012.573/2005-8. Acórdão
nº 736/2007 - Plenário)
Ademais, considerando que o Sr. Mauro Sérgio Garcia foi o Ordenador de Despesas que
assinou o referido Termo Aditivo, sem que houvesse a exposição dos motivos para o
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Além disso, expeço determinação à atual gestão que formalize no processo administrativo
detalhados para a realização de termos aditivos aos contratos quando impliquem em
alteração quantitativa deste, com a exposição adequada dos motivos para acréscimo ou
diminuição do valor contratual, em razão de alterações na dimensão ou quantidade do
objeto, em atendimento ao artigo 65, inciso I, alínea b, da Lei nº 8.666/1993.
De acordo com o Anexo I do Leiaute do Sistema Aplic/2016, na carga mensal devem ser
enviadas todas as alterações e complementações efetuadas em normas já existentes3.
Assim, como o Gestor informou que não houve modificação das normas encaminhadas
no exercício anterior, entendo não configurada a presente irregularidade.
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Como bem observado pela Secex, o item 5 do briefing (Anexo VII do Edital), de fato,
contêm especificações suficientes acerca o trabalho publicitário a ser executado, ou
seja, a divulgação dos trabalhos institucionais do Órgão (doc. nº 270281/2017, fls. 81/90),
Confira-se:
5.2 Expectativa da Campanha: Peças que convidem a população a participar dos debates
no Legislativo, e apresentem a importância da Câmara de Vereadores nas decisões
que envolvem a cidade. Além disso, devem lembrar à população sobre as funções dos
vereadores, que são representantes da comunidade.
5.7 Mídias: Elementos que devem ser utilizados para a composição do trabalho:
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4 telas;
c) roteiro para anúncio institucional de rádio, com duração de 30” (trinta segundos),
digitadas em fonte de corpo 12, fonte Times, com espaçamento de entrelinhas simples,
em papel tamanho A4 branco;
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Das informações que constam no Relatório Técnico, destaco que restou demonstrado
o equilíbrio financeiro e orçamentário do jurisdicionado, no exercício de 2016, na
medida em que orçamento inicial previsto para a Câmara Municipal de Sinop foi de R$
10.778.400,00, sendo efetivamente recebido o valor de R$ 10.671.797,61 e o gasto total
das despesas, incluídos os subsídios dos vereadores e excluídos os gastos com inativos,
foi de R$ 10.671.797,61, correspondentes a 5,59% da receita base de R$ 190.626.728,75,
estando de acordo com o limite constitucional de 6% estabelecido no artigo 29-A da
Constituição Federal.
Os subsídios dos vereadores da Câmara Municipal de Sinop, fixado pela Lei nº 1579/2011,
no montante de R$ 9.405,67 para os vereadores e R$ 10.020,00 para o Presidente, não
excederam o percentual de 50% do subsídio do Deputado Estadual (R$ 25.300,00),
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Ademais, em que pese a Secex tenha afirmado em seu Relatório Preliminar que não
foi possível avaliar a gestão de Restos a Pagar realizada, verifiquei que, em consulta
ao Sistema Aplic e ao Demonstrativo da Dívida Flutuante do ente, houve a inscrição
do valor de R$ 2.500,00 na modalidade não processados. Lado outro, não houve a
qualquer baixa deste valor, seja por cancelamento ou pagamento. Confira-se:
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
O artigo 192 do Resolução Normativa nº 17/2010 dispõe que as contas serão julgadas
regulares quando expressarem, de forma clara e objetiva, a exatidão dos demonstrativos
contábeis, a legalidade, legitimidade, economicidade e eficácia dos atos de gestão do
responsável, assim como o atendimento das metas e objetivos previstos nos instrumentos
de planejamento.
Ressalto, contudo, que por ter a auditoria das contas se baseado em exames documentais
por amostragem, a quitação não afasta eventuais processamentos de Denúncias,
Representações ou outros processos de Auditoria, referentes a atos de gestão que não
foram analisadas nestes autos, pertinentes ao exercício 2016, da Defensoria Pública do
Estado de Mato Grosso.
5. DO VOTO
Diante do exposto, com fulcro no art. 47, inciso II c/c o art. 212 da Constituição Estadual, no
art.1°, inciso II, §1° c/c o art. 20 da Lei Complementar n° 269/2007 e no art. 192, parágrafo
único, da Resolução Normativa n° 14/2007, ACOLHO o Parecer Ministerial nº 6077/2017,
da lavra do Procurador de Contas Alisson Carvalho de Alencar, e VOTO no sentido de:
II - APLICAR multa à Sra. Débora Cristina Malagutti Oliveira, Fiscal de Contrato, no valor
total de 10 UPFs/MT, nos termos do art. 75, III, da Lei Orgânica do TCE/MT c/c art. 289,
II, do Regimento Interno do TCE/MT, em razão da ausência de comprovação quanto a
efetiva realização de acompanhamento e fiscalização do Contrato nº 13/2016;
III - APLICAR multa ao Sr. Mauro Sérgio Garcia, ex-Presidente da Câmara Municipal, no
valor total de 10 UPFs/MT, nos termos do art. 75, III, da Lei Orgânica do TCE/MT c/c
art. 289, II, do Regimento Interno do TCE/MT, em razão da ausência de formalização
no processo administrativo dos motivos da realização do valor aditivo ao Contrato nº
13/2016;
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
Advirto, ainda, que as sanções impostas deverão ser recolhidas com recursos próprios
no prazo de 60 (sessenta) dias, contados a partir da publicação desta decisão,
condicionando a quitação ao envio a este Tribunal de documentos comprobatórios de
seus recolhimentos dentro desse mesmo prazo.
Por derradeiro, decorrido o prazo sem a devida comprovação dos recolhimentos das
sanções ou interposição de recurso, ficam os responsáveis automaticamente constituídos
em débito perante o Tribunal de Contas do Estado, devendo a Subsecretaria Geral
de Emissão de Certidões e Controle de Sanções proceder à inscrição no cadastro de
inadimplentes deste Tribunal, nos termos do artigo 76, § 3º, da Lei Complementar n.
269/2007 e artigo 294, caput e parágrafos, da Resolução n. 14/2007.
É como voto.
Conselheiro Substituto”
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7. Acórdão nº 1863/21 - Tribunal
Pleno – TCE/PR
Responsabilidade do
parecerista
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2. FUNDAMENTAÇÃO
a) a lei 8.666/93 não exige para carta convite a apresentação de projeto básico ou termo
de referências para aquisição de bens. Porém, a Secretaria de Educação teria feito o
estudo prévio da quantidade de material que deveria ser adquirido, fixando o preço com
fundamento na média dos 3 (três) orçamentos adquiridos com fornecedores locais.
A peça recursal (peça 132) não aduz fatos novos. Os argumentos esboçados pelo
recorrente foram refutados durante toda a instrução processual e no Acórdão nº 3806/20
-S2C.
Além disso, o inciso II, § 7º do Art. 15 da Lei 8.666/93 é claro quanto a necessidade de
estimativa de quantitativos para compras:
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
Ainda que não fosse uma exigência legal, como dito anteriormente a
fato apenas esse elemento não seria suficiente para macular a licitude da concorrência.
Contudo, este não foi o único fator que levou a equipe de fiscalização a concluir pela
fraude no processo licitatório. Aliado a coincidência de sobrenomes dos empresários
licitantes, está o endereço cadastral das empresas, que estão no mesmo local.
Bem esboçado na Instrução nº 931/21, ainda que o parecer jurídico não seja obrigatório,
o fato é que existe responsabilidade técnica do parecerista ao concluir pela legalidade
do certame, quando este contraria a lei, a doutrina e a jurisprudência.
“Também deve ser responsabilizada a emitente dos pareceres jurídicos, Sra. Janice
Albuquerque, uma vez que verifico de irregularidade em seu proceder, pois, ao exarar
pareceres jurídicos no presente processo de licitação, deixou de abordar questão
crucial aos certames, qual seja, a devida observância legal na formação de seus preços,
caracterizando erro grosseiro em seu proceder.
“Contudo, no parecer jurídico que consta da peça nº 18, fls. 32/34, o procurador limitou-
se a atestar o “atendimento dos preceitos legais que regem a matéria”, sem atentar-se,
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
por exemplo, para o fato de que não havia orçamentos que demonstrassem como se
chegou ao valor estimado para o contrato, tampouco para a contratação pelo prazo
de 60 (sessenta) meses.” Acórdão nº 3354/18 – Tribunal Pleno – Recurso de Revista –
Município de Guaratuba. Rel. Ivens Zschoerper Linhares.
Assim nada há que se reformar no Acórdão recorrido nos aspectos levantados pelo
recorrente.
3. VOTO
ACORDAM
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
NESTOR BAPTISTA
Conselheiro Relator
Presidente”
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8. Acórdão nº 693/17 - Tribunal
Pleno – TCE/SC
Pesquisa de Preços
Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
O Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina se manifestou por meio do Acórdão nº 693/17,
sobre a necessidade de uma regular pesquisa de preços para instruir processo licitatório:
“(...)
RAZÕES DO VOTO
61. Consoante relatado, esta RNI versa acerca de supostas irregularidades no Pregão
Presencial n.º 46/2013, realizado para aquisição de gêneros alimentícios, a fim de atender
ao programa “Cestas Básicas”, promovido pela Secretaria de Ação Social no Município
de Barra do Garças.
RESPONSÁVEIS:
POSIÇÃO DO RELATOR
63. Em relação ao Achado n.º 01, a equipe técnica constatou que a planilha de estimativa
dos preços formulada pela Secretaria de Ação Social para aquisição de itens do programa
Cesta Básica, no Pregão Presencial n.º 46/2013, apresentou itens com valores em 69%
superiores ao praticados no mercado.
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Nos termos do art. 3° da Lei n.º 8.666/1993, a licitação destina-se a selecionar a proposta
mais vantajosa para a Administração Pública, que enseja a análise de preços e a
qualidade do objeto a ser adquirido ou do serviço a ser contratado.
66. Assim, a pesquisa de preços realizada na fase interna do processo licitatório respalda
os valores estabelecidos no termo de referência, anexo ao edital de abertura, para o
julgamento adequado das propostas ofertadas pelos licitantes.
67. O preço de referência tem por finalidade dar suporte ao processo orçamentário
da despesa, definir a modalidade adequada de licitação e eleger a proposta mais
econômica, com valores coerentes para o ente e com consideração aos preços praticados
no mercado. Além disso, o preço de referência auxilia no afastamento de valores que
caracterizariam prejuízos ao erário.
68. Nesse sentido, o art. 3°, inciso III, da Lei n.º 10.520/2002 determina que, na fase
preparatória e interna do Pregão, devem ser apresentados os orçamentos realizados pelo
ente para composição da estimativa dos preços apresentados no termo de referência,
vejamos:
II. - a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e clara, vedadas especificações
que, por excessivas, irrelevantes ou desnecessárias, limitem a competição;
Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da
repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da
licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o local, dia e hora para recebimento
da documentação e proposta, bem como para início da abertura dos envelopes, e
indicará, obrigatoriamente, o seguinte: (...)
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(grifei)
70. Insta ainda salientar que o artigo 15 do mesmo diploma legal estabelece que, sempre
que for possível, a realização da pesquisa de preços deverá ser fundamentada em valores
praticados no âmbito dos órgãos e entidades da Administração Pública, vejamos:
71. A fim de corroborar o que foi expendido acima, trago à baila a Resolução de Consulta
n.º 20/2016 desta Corte de Contas, a qual determina que a pesquisa de preços para
estabelecer a referência dos valores deve adotar amplitude e rigor metodológico
proporcional à materialidade da contratação e os riscos envolvidos:
72. Assim, o Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE/MT) entende que são
prioritários os orçamentos advindos de pesquisas de preços praticados na Administração
Pública e a observância aos princípios da proporcionalidade e eficiência, sob pena de
configuração de superfaturamento de preços.
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74. Dessa forma, o administrador deve evitar que o interesse público seja colocado
em risco no que tange à economicidade dos atos administrativos de gestão do erário,
uma vez que a manutenção da condição lesiva ao patrimônio da Administração e o
ato antieconômico revelam o deszelo com a coisa pública e ofende os princípios
constitucionais da moralidade, impessoalidade e legalidade.
75. Em análise dos autos, verifico que mesmo após a correção dos preços orçados como
referência pela Secretaria de Controle Externo (Secex), há diferença excessiva entre eles
e os valores de estimados pela Secretaria de Ação Social, conforme demonstra a tabela
apresentada pela Secex no Relatório Técnico de Defesa³², abaixo colacionada:
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76. Após o exame da manifestação da Sra. Iomara Santana Mara Kisner de Moraes, ex-
Secretária de Ação Social, entendo que suas alegações no sentido de que não possuía
experiência na gestão pública não merecem acolhida, uma vez que, ao assumir a função,
o servidor deve ter amplo conhecimento das suas atribuições e obrigações legal.
77. Portanto, a ex-Secretária não pode alegar que a conduta omissiva ocorreu por
desconhecimento dos trâmites do processo, sobretudo porque ela era a responsável
pela pasta.
78. Além disso, suas atribuições não se restringiam apenas em assinar o ofício de
solicitação de abertura do processo licitatório, conforme mencionado pela defesa, pois
a gestora tinha o dever legal que verificar a veracidade das afirmações contidas na
pesquisa de preços.
79. Isso porque assinar documento demonstra a ciência e anuência dos dados ali
inseridos, o que enseja a aplicação da responsabilidade solidária sobre irregularidade
constatada em decorrência conduta negligente da Secretária.
80. Por conseguinte, em relação às razões da defesa encaminhada pelo Sr. Mário
Machado e pela Sra. Simony Karla Berlatto, membros da equipe de cotação, é importante
destacar que, embora tenham afirmado que a pesquisa de preços não era de sua
responsabilidade, as afirmações são contrapostas pela declaração da chefe imediata,
Sra. Iomara Santana Mara Kisner de Moraes, que proferiu as seguintes declarações:
No caso em análise, há informações nos autos sobre qual o setor responsável pela
execução da pesquisa de preço, sendo os servidores Mário Machado e da Sra. Simony
Karla Berlatto³³. (grifei)
82. Nesse sentido, o Tribunal de Contas da União (TCU) proferiu entendimento exarado
no Acórdão n.º 2.389/2006 - Plenário, no qual concluiu que o Pregoeiro não pode ser
responsabilizado por irregularidades constatadas na fase interna da licitação, como se
vê:
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
83. Além disso, a Corte Federal de Contas entende que é de competência das pessoas
responsáveis pelo setor requisitante a realização da pesquisa de preços, conforme
transcrição parcial do Acórdão n.º 4.484/2010 - 1ª Câmara, de Relatoria do Ministro
Augusto Nardes:
(…)
84. Portanto, entendo que as fundamentações apresentadas pelos técnicos desta Corte
guardam amparo, pois não restaram demonstradas nos autos do processo licitatório as
justificativas apresentadas para composição dos valores, em evidente afronta às normas
legais e jurisprudenciais supracitadas.
85. Assim, conforme se denota no conjunto probatório nos autos, os membros da equipe
de cotação, com anuência da ex-Secretária de Ação Social, apresentaram a planilha de
preços estimados em 69% acima do praticado no mercado de Barra do Garças, que
ensejou a aquisição superfaturada dos itens pela Prefeitura.
87. Portanto, entendo que deve ser aplicada multa à ex-Secretária e aos membros da
equipe de pesquisa de preços que atuaram no evento em questão, a qual deverá ser
fixada em parâmetro além daquele estabelecido nos estreitos limites da classificação
desta irregularidade.
88. Segundo o art. 3º, inciso II, alínea “a” da Resolução Normativa n.º 17/2016, na
constatação da ocorrência de irregularidades classificadas como “graves”, como estáora
em análise, as multas devem ser fixadas entre 6 e 10 UPFs/MT.
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
Art. 3º (…)
90. Cabe ressaltar que os valores previstos no art. 3º, inciso II, alínea “a”, da Resolução
Normativa n.º 17/2016 encontram-se muito abaixo do patamar máximo de 1.000 UPF/MT
previsto no art. 75 da Lei Complementar n.º 269/2007 (Lei Orgânica do TCE-MT), que é
a norma legal aplicável ao caso:
Art. 75. O Tribunal aplicará multa de até 1000 (mil) vezes a Unidade Padrão Fiscal de
Mato Grosso – UPF-MT, ou outra que venha sucedê-la, na gradação estabelecida no
regimento interno, aos responsáveis por:
(…)
Parágrafo único. Nas infrações enumeradas neste artigo, a cada fato corresponderá uma
sanção, podendo incidir o agente em mais de uma, no mesmo processo.
91. Logo, verifico que há um descompasso entre o que a Lei Orgânica deste Tribunal
dispõe acerca dos limites para multas e o que consta na Resolução Normativa n.º 17/2016.
92. Assim, é possível afirmar que a Lei Orgânica foi intensamente mitigada pela Resolução
Normativa n.º 17/2016, pois a observância dos limites impostos na Resolução para a
aplicação de multas pelo TCE/MT leva, em alguns casos, à inocuidade prática da sanção,
já que em irregularidades com gravidade mais acentuada, como neste caso, os valores
ali estabelecidos se mostram irrisórios.
93. Além disso, ao se considerar apenas os limites impostos pela Resolução Normativa
n.º 17/2016 para aplicação de multas, do ponto de vista material, estas perdem parte da
efetividade pedagógica que podem ter para compelir os maus gestores a não incorrerem
em irregularidades.
94. Por esse motivo, para as condutas em análise, a sanção ao apontamento deve ter a
aplicação da excepcionalidade trazida pelo art. 3º, § 3º, da referida resolução.
95. Dessa forma, com fulcro nas fundamentações expostas, mantenho a impropriedade
classificada como GB_09, de natureza grave, e aplico ao Srs. Mário Machado e Simony
Karla Berlatto, membros da equipe de cotação de preços, e à Sra. Iomara Santana Mara
Kisner de Moraes, multa individualizada no montante de 30 UPFs/MT, nos termos do
artigo 3º, § 3º, da Resolução Normativa n.º 17/2016, na forma de fundamentação prevista
no art. 286, § 2º, do Regimento Interno deste Tribunal.
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
RESPONSÁVEIS:
POSIÇÃO DO RELATOR
96. Quanto ao Achado n.º 2, depreende-se dos autos que os técnicos deste Tribunal
identificaram que houve o direcionamento do Pregão Presencial n.º 046/2013 em favor
do Supermercado Dourado LTDA-EPP, decorrente do descredenciamento irregular da
licitante R. P. A. de Farias - ME.
97. Em apertada síntese, em suas razões de defesa35, o Sr. Fábio Bonfim de Oliveira,
Pregoeiro Municipal, alegou que a empresa R. P. A. de Farias - ME foi descredenciada
por não ter apresentado o cartão CNPJ.
100. Do mesmo modo, não houve contestação dos membros da equipe de apoio em
relação ao suposto erro, que teria sido evidente.
101. Além disso, as alegações apresentadas pelo Pregoeiro nestes autos se contrapõem
às suas afirmações proferidas no Inquérito Civil n.º 087/2015637, instaurado pelo
Ministério Público Estadual, no qual afirmou o que exatamente consta na aludida Ata,
conforme se depreende do trecho abaixo colacionado:
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
103. Aqui, cumpre esclarecer que a verificação do cartão CNPJ das empresas interessadas
em participar do certame licitatório deveria ocorrer somente após a fase de lances, de
acordo com o que determina o art. 4º, inciso VII, da Lei n.º 10.520/2002:
Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados e
observará as seguintes regras:
(...)
104. Ademais, conforme já esclarecido pela Secex, o cartão CNPJ pode ser emitido de
maneira simples e rápida pelo acesso ao site da Receita Federal do Brasil:
www.receita.fazenda.gov.br
105. Desse modo, ainda que fosse essa a razão real do descredenciamento da empresa,
o ato mostrar-se-ia desarrazoado e exagerado, contrariando o princípio da motivação e
do formalismo moderado, que norteiam todo o processo licitatório.
106. Logo, é evidente que houve a restrição ao caráter competitivo no certame, pois
cabe à Administração Pública evitar o estabelecimento de exigências que venham a
comprometam o caráter competitivo da licitação.
107. Nesse sentido, conforme posição exarada pelo TCU no julgamento do Acórdão
n.º 1795/2015 - Plenário, de Relatoria do Ministro José Múcio Monteiro, a Administração
Pública deve evitar formalismos excessivos e injustificados, a fim de valorizar a
economicidade e a vantajosidade da proposta, bem como de impedir a ocorrência de
dano ao erário:
108. Dessa maneira, o rigor excessivo, como observado neste caso, não é condizente
com os princípios da razoabilidade. Além disso, caso fossem verdadeiras as afirmações
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
104. Desse modo, não pode ser admitida a discriminação arbitrária na seleção pelo
contratante, tendo em vista que, nos termos do art. 3º, caput, da Lei n.º 8.666/1993,
a licitação destina-se a garantir não só a seleção da proposta mais vantajosa para a
Administração, mas também a observância do princípio constitucional da isonomia.
110. Portanto, não é possível dar razão às argumentações de defesa do Sr. Fábio Bonfim
de Oliveira, uma vez que são contraditórias as declarações trazidas por ele nesta RNI,
em contraponto ao que consta na Ata da Sessão do Pregão e no bojo do Inquérito
Civil referido, além de tais argumentos não possuírem respaldo nas documentações
constantes nos autos.
111. Quanto às Sras. Vilma Vanete Vasso e Liliane Carvalho de Medeiros, membros
da equipe de apoio, em suma, elas afirmaram que não se omitiram quanto ao
descredenciamento da empresa R. P. A de Farias – ME, bem como sustentaram ter
comunicado verbalmente a irregularidade ao superior hierárquico. Entretanto, segundo
alegam, o fato foi ignorado pelo chefe.
112. No entanto, não constam nos autos qualquer comprovação das alegações proferidas.
Inclusive, nem mesmo sequer houve a identificação do superior hierárquico mencionado
para que este corroborasse as afirmações expendidas.113. Desta feita, mesmo que
ambas não possuíssem o poder decisório acerca do descredenciamento da empresa,
verifico que a omissão das defendentes em representar essa irregularidade à autoridade
competente constitui infração do dever legal imposto a qualquer servidor público.
114. Nesse sentido, a Lei Complementar n.º 03/1991, que dispõe sobre o Estatuto e
o Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos do Município, das autarquias e das
Fundações Municipais de Barra do Garças, em seu art. 132, inciso VI, determina que é
dever do servidor “levar ao conhecimento da autoridade superior as irregularidades de
que tiver ciência em razão do cargo” ³⁸.
116. Desse modo, entendo que o Pregoeiro e os membros da equipe de apoio não
apresentaram justificativas aptas a afastarem a impropriedade apontada e justificar o
descredenciamento da empresa R. P. A de Farias. Acrescenta-se a isso o fato de que
não foi comprovada a comunicação da irregularidade pela equipe de apoio ao superior
hierárquico, haja vista que tinham ciência inequívoca da situação apontada desde o
momento da confecção da Ata39 em questão, conforme se comprova pela assinatura
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
117. Por todo o exposto, acolho as análises e as conclusões da equipe técnica e do parecer
ministerial, incorporando-as às minhas razões de decidir, e mantenho a impropriedade
classificada como GB_03, de natureza grave, aplicando multa regimental no seu
percentual máximo de 10 UPFs/MT, ao Sr. Fábio Bonfim de Oliveira, Pregoeiro Municipal,
nos termos do artigo 3º, inciso II, alínea “a”, da Resolução Normativa n.º 17/2016, pois a
conduta demonstrou grau de reprovabilidade diferenciado dos membros de equipe de
apoio, por se tratar da autoridade responsável por ter realizado o descredenciamento
irregular de empresa em certame licitatório, com o consequente direcionamento da
licitação em favor de outra empresa.
118. Já em relação às Sras. Vilma Vanete Vasso e Liliane Carvalho de Medeiros, mantenho
a irregularidade, de natureza grave, e aplico-lhes multa de 06 UPFs/MT, no patamar
mínimo para a classificação da irregularidade, nos termos do art. 286, II, c/c o art. 3º, II,
“a”, da Resolução Normativa n.º 17/2016, e nos termos do art. 75, III, da LO/TCE- MT, e
do art. 286, II, do RI/TCE-MT, uma vez que a conduta dos membros da equipe de apoio
demonstrou menor grau de reprovabilidade do que aquela perpetrada pelo Pregoeiro.
RESPONSÁVEIS:
POSIÇÃO DO RELATOR
119. Na Irregularidade n.º 03, a equipe de auditores apontou que houve superfaturamento
no Pregão Presencial n.º 046/2013, em decorrência do sobrepreço dos itens licitados,
ocasionando prejuízo ao erário do Município de Barra do Garças.
120. No caso em tela, conforme documentação carreada aos autos, verifico que a
planilha da estimativa de preços apresentada para subsidiar o Pregão foi formalizada
pelos membros da equipe de cotação, Sr. Mário Machado e Sra. Simony Karla Berlatto,
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
com a aprovação da Secretária da pasta, Sra. Iomara Santana Maria Kisner de Moraes.
121. Importante destacar que, conforme entendimento exarado pelo TCU no Acórdão
n.º 310/2006 – Plenário, de Relatoria do Ministro Ubiratan Aguiar, o sobrepreço decorre
da estimativa de valores acima daqueles praticados no mercado, e a aquisição efetiva
desses produtos com sobrepreço enseja o superfaturamento, vejamos:
122. Desta feita, cabe destacar que a Secex constatou a existência do superfaturamento
no referido Pregão pela análise dos orçamentos com preços efetivamente praticados
no mercado à época da licitação, os quais, em comparação com os valores dos itens
adquiridos pela Prefeitura, demonstraram que houve o pagamento a maior em R$
111.051,63 (cento e onze mil e cinquenta e um reais e sessenta e três centavos) em favor
do Supermercado Dourado LTDA - EPP.
123. A esse propósito, cumpre apresentar aqui a tabela referente à comparação entre
os preços praticados no mercado local e os efetivamente pagos à empresa vencedora,
que consta no Relatório Técnico Preliminar⁴⁰:
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
129. Dessa forma, é importante considerar que, embora a defesa tenha alegado que a
proposta ficou em R$ 56.340,00 (cinquenta e seis mil e trezentos e quarenta reais) menos
onerosa para a Prefeitura em relação ao Termo de Referência apresentado pela equipe
de cotação, tal argumentação não deve prosperar, uma vez que os valores estimados
pelo Município já foram realizados em 69% acima dos preços praticados no mercado.
Portanto, não houve economia para o ente municipal na contratação da empresa pelos
valores que acabaram por ser pagos pelos produtos adquiridos.
132. Portanto, o fato de a Prefeitura ter apresentado planilha de estimativa com preços
elevados não isenta a responsabilidade da empresa contratada pelo superfaturamento
ocorrido.
As empresas que oferecem propostas com valores acima dos praticados pelo mercado,
tirando proveito de orçamentos superestimados elaborados pelos órgãos públicos
contratantes, contribuem para o superfaturamento dos serviços, sujeitando-se à
responsabilização solidária pelo dano evidenciado. (Boletim de Jurisprudência 203/2018
- Acórdão 27/2018- Plenário, Relator Ministro Benjamin Zymler)
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
136. Portanto, em exame das alegações da empresa, não há como acolher as suas
justificativas, pois as constatações trazidas aos autos pela Secex apresentam evidente
existência de dano ao erário daquela municipalidade pela conduta em análise.
139. Por outro lado, coaduno com a posição exarada pela equipe técnica em relação à
ausência da imputação de responsabilidade ao Prefeito Municipal, Sr. Roberto Ângelo
de Farias, pois, considerando a extensa atribuição de seu cargo, seria desarrazoado o
encargo do gestor em conferir a veracidade dos valores constantes em cada processo
licitatório realizado no Município de Barra do Garças.
140. Além disso, verifico que o Prefeito adotou as providências necessárias à elucidação
dos fatos ao determinar a devida instauração de sindicância administrativa para apurar
as irregularidades no processo em questão, conforme se verifica em suas razões de
defesa43.
DISPOSITIVO
141. Diante de todo o exposto, nos termos do artigo 1º, inciso XV, da Lei Complementar
n.º 269/2007 (Lei Orgânica TCE/MT), acolho parcialmente o Parecer Ministerial n.º
3.353/2017, da lavra do Procurador de Contas William de Almeida Brito Júnior, ratificado
por meio do Parecer n.º 2.914/2018, subscrito pelo Procurador Alisson Carvalho de
Alencar, e decido:
Social da Prefeitura de Pontes e Lacerda, ao Sr. Mário Machado e à Sra. Simony Karla
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
d) Pela aplicação de multa individual de 10% (dez por cento) sobre o valor do dano ao
Supermercado Dourado Ltda.-EPP, à Sra. Iomara Santana Mara Kisner de Moraes, ao
Sr. Mário Machado e à Sra. Simony Karla Berlatto, nos termos do art. 7º, da Resolução
Normativa n.º 17/2016 e do art. 287 do RI/TCE-MT;
142. Por fim, voto pelo encaminhamento de cópia dos autos ao Ministério Público
Estadual para conhecimento, já que os mesmos fatos, que dizem respeito a prejuízo ao
erário, estão sendo investigados pelo órgão.
É como voto.
(assinatura digital)⁴⁴
Conselheiro Interino
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ACÓRDÃOS
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
289.139.058- 09), Mário Machado (CPF nº 124.906.521-68) e Simony Karla Berlatto (CPF
nº 719.103.871-34) que restituam aos cofres públicos, de forma solidária, o valor de R$
111.051,63 (cento e onze mil, cinquenta e um reais e sessenta e três centavos), em razão do
superfaturamento no Pregão Presencial nº 46/2013; d) aplicar à empresa Supermercado
Dourado Ltda. - EPP e aos Srs. Iomara Santana Mara Kisner de Moraes, Mário Machado
e Simony Karla Berlatto, para cada um, a multa de 10% (dez por cento) sobre o valor do
dano acima citado, nos termos do artigo 287 da Resolução nº 14/2007 e do artigo 7º da
Resolução Normativa nº 17/2016; e, e) determinar à atual gestão que elabore planilha
orçamentária detalhada que expresse a estimativa real de valores, com ampla pesquisa
de preços no mercado, nas futuras licitações realizadas pela Prefeitura, em consonância
com o artigo 7º, § 2º, II, da Lei nº 8.666/1993. A restituição de valores e as multas deverão
ser recolhidas com recursos próprios, no prazo de 60 dias. Os boletos bancários para
recolhimento das multas estão disponíveis no endereço eletrônico deste Tribunal de
Contas – http://www.tce.mt.gov.br/fundecontas. Encaminhe-se cópia digitalizada dos
autos ao Ministério Público Estadual, para conhecimento, já que os mesmos fatos, que
dizem respeito a prejuízo ao erário, estão sendo investigados pelo órgão.
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9. Acórdão nº 433/16 - Tribunal
Pleno – TCE/MT
Fiscalização de Contrato
Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
O Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso se manifestou, por meio do Acórdão nº 433/16,
sobre a necessidade de uma regular fiscalização contratual:
“EMENTA
ACÓRDÃO Nº 433/2016 – TP
ACORDAM os Senhores Conselheiros do Tribunal de Contas, nos termos dos artigos 1º,
II, e 16 da Lei Complementar nº 269/2007 (Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado
de Mato Grosso), c/c o artigo 29, IX, da Resolução nº 14/2007 (Regimento Interno do
Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso), por unanimidade, acompanhando o voto
do Relator e contrariando o Parecer nº 2.531/2016 do Ministério Público de Contas em,
preliminarmente, declarar a REVELIA do Sr. Arlindo Miguel Ramos, com base no parágrafo
único do artigo 6º da Lei Complementar nº 269/2007; e, no mérito, julgar REGULARES as
contas referentes ao Convênio nº 097/2008, nos autos desta Tomada de Contas Especial,
celebrado entre Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer, gestão, à época, do
Sr. Ságuas Moraes Sousa, neste ato representado pelos procuradores Joacir José de
Carvalho – OAB/MT nº 4.568 e Aline Cristina Maehler – OAB/MT 8.108, e a Prefeitura
Municipal de Acorizal, gestão, à época, do Sr. Meraldo Figueiredo Sá, inscrito no CPF
nº 626.827.841-00, neste ato representado pelos procuradores Débora Simone Rocha
Faria – OAB/MT nº 4.198, Márcia Figueiredo Sá de Oliveira – OAB/MT nº 9.914, Carlos
Raimundo Esteves – OAB/MT nº 7.255 e Vanessa Arruda de Carli Esteves – OAB/MT nº
15.389, cujo objeto foi a construção de 01 (uma) unidade escolar no distrito de Aldeia,
no citado município; sendo os Srs. José Alves Pereira Filho – ex-secretário auditor-geral
do Estado, Ezequiel Ângelo da Fonseca – ex-secretário-adjunto de Estrutura Escolar/
SEDUC, Arlindo Miguel Ramos, inscrito no CPF nº 063.802201-00 – engenheiro fiscal do
Contrato de Obras nº 15/2008, e a empresa contratada Uniaço Construtora e Comércio
Ltda., conforme consta no voto do Relator; recomendando à atual gestão da Prefeitura
Municipal de Acorizal que acompanhe e fiscalize a realização de todas as suas licitações
e a execução de todos os objetos de contratos presentes e futuros a serem firmados
pela Administração Pública, de modo a evitar atrasos, irregularidades e subcontratações
nas obras públicas que firam a Lei de Licitações e o ordenamento jurídico administrativo,
Sollicita PRO | 62
Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
sob pena de aplicação das sanções legais cabíveis; e, por fim, nos termos do artigo 3º, II,
“a”, da Resolução Normativa nº 17/2016, aplicar ao Sr. Meraldo Figueiredo Sá a multa de
12 UPFs/MT, em face do cometimento das irregularidades HB 15 - Contrato Grave (item
3.1), e HB 06 – Contrato Grave; aplicar ao Sr. Arlindo Miguel Ramos a multa de 6 UPFs/
MT, em face do cometimento da irregularidade HB 15 - Contrato Grave (item 3.1). As
multas deverão ser recolhidas com recursos próprios, no prazo de 60 dias. Os boletos
bancários para recolhimento das multas estão disponíveis no endereço eletrônico deste
Tribunal de Contas – http://www.tce.mt.gov.br/fundecontas.
Publique-se.
ACÓRDÃO Nº 433/2016 – TP
Relator
Procurador de Contas
RELATÓRIO
a) Preliminarmente, pela declaração de revelia do Sr. Arlindo Miguel Ramos, a teor do art.
6º da Lei Complementar nº 269/2007;
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
c) Pela aplicação de multa aos responsáveis, Sr. Meraldo Figueiredo Sá e Sr. Arlindo
Miguel Ramos, pela irregularidade HB15, conforme os termos do art. 75, inciso III, da
LC nº 269/07 c/c o art. 289, inciso II, do Regimento Interno do TCE/MT, com a redação
dada pela Resolução Normativa nº 17/2010, c/c art. 2º, II, e §1º e art. 3º, § 1º da Resolução
Normativa nº 17/2016;
4. É o relatório.
FUNDAMENTAÇÃO
HISTÓRICO
5. Esta tomada de contas especial foi instaurada pela Secretaria de Estado de Educação,
em desfavor da Prefeitura Municipal de Acorizal, em razão de execução parcial do objeto
e da ausência de prestação de contas do Termo de Convênio nº 097/2008.
6. O objeto do referido convênio era a construção de uma unidade escolar com 6 (seis)
salas de aula, conjunto de banheiros, dependências administrativas, cozinha/refeitório,
sala de informática, sala de professor, instalações elétricas e hidrossanitárias, no Distrito
de Aldeia, do município de Acorizal/MT, no valor de R$ 670.199,58 (seiscentos e setenta
mil, cento e noventa e nove reais e cinquenta e oito centavos).
7. Cumpre esclarecer que todos os representados foram citados, entretanto o Sr. Arlindo
Miguel Ramos não apresentou defesa, mesmo após sua citação via edital, conforme
Edital de Notificação nº 182/WJT/2016, publicado no Diário Oficial de Contas nº 838, de
29 de março de 2016.
8. Em virtude disso, por não atender à solicitação deste Tribunal, considero o Sr. Arlindo
Miguel Ramos, revel nos termos do artigo 140, § 1º, do Regimento Interno do TCE-MT, c/c
o parágrafo único do art. 6º, da Lei Complementar nº 269/2007.
9. Com isso, passo à análise das irregularidades que permaneceram, abaixo discriminadas:
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10. Em sua defesa o gestor afirmou que a Prefeitura não pode ser responsabilizada, pois
não teria ocorrido formalização de contrato com a empresa JK Construções e Comércio
Ltda., diretamente com a Prefeitura de Acorizal.
11. O ex-prefeito argumentou que não caberia sua responsabilização em face dos atos
praticados por profissional qualificado e detentor de conhecimento e domínio sobre a
técnica empregada na execução do objeto contratual.
13. Em relação ao apontamento contra o Sr. Arlindo Miguel Ramos, a Secex aduziu que
este permitiu que a contratada executasse serviços fora dos padrões de qualidade e das
especificações técnicas previstas no projeto do objeto conveniado, bem como deixou de
adotar as medidas necessárias para que promovesse as correções das irregularidades
apontadas pelos técnicos da SEDUC.
14. A equipe destacou que a defesa não juntou documento que comprovasse que
os defendentes tivessem tomado alguma providência efetiva a fim de sanear as
irregularidades, e sugeriu pela manutenção da irregularidade.
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
16. O MPC argumentou que o ex-gestor da Prefeitura foi notificado pelos técnicos da
SEDUC acerca das inconformidades na obra pública, mas ficou inerte.
Posição do Relator
19. Por outro lado, penso que nem sempre é necessário que o superior hierárquico
deflagre ações ou “mandamentos” ao subordinado para que execute suas funções
dentro da qualidade e necessidade que o fato requer. Ora, se há alguém que aceitou ser
fiscal de contrato, deve saber das suas obrigações, caso contrário se é somente para
cumprir formalidades não pode assumir o ônus de ser fiscal.
Portanto, não há como, também, deixar de aplicar a penalidade corretiva ao fiscal acima
nominado.
21. Denota-se que a SEDUC realizou fiscalização no local da obra e notificou a Prefeitura
sobre as impropriedades encontradas na execução do convênio com o município de
Acorizal, sobre a construção da unidade escolar do Distrito de Aldeia.
22. Cumpre ressaltar que a SEDUC efetuou visitas na Escola Estadual do Distrito de
Aldeia desde 2009, ao passo que em 13 de junho de 2011 constatou que esta já estava
em funcionamento, mesmo sem o saneamento das irregularidades.
23. Destaca-se que o ex-gestor, após ter sido cientificado reiteradas vezes sobre os
apontamentos feitos pelos técnicos da SEDUC, sobre a execução da obra, deveria ter
tomado providências com o objetivo de saná-los. Entretanto, permaneceu inerte quanto
ao seu dever legal.
24. Nota-se que as justificativas do ex-gestor não são capazes de afastar a irregularidade.
Cumpre esclarecer que mesmo com a delegação de funções do Chefe do Poder Executivo
a subordinados, isso não é capaz de afastar a sua responsabilidade, conforme expresso
no Regimento Interno deste Tribunal, no art. 189, § 3º, cuja redação é a seguinte:
Art. 189. As contas serão julgadas de acordo com os elementos constantes dos
autos e demais provas obtidas através de auditorias, levantamentos, inspeções,
acompanhamentos e monitoramentos, assegurados ao responsável o contraditório e a
ampla defesa. (Nova redação do caput do artigo 189 dada pela Resolução Normativa nº
5/2016).
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(…)
25. Insta salientar que tal preceito determina a permanência da responsabilização dos
gestores pelos atos praticados por seus subordinados, ainda que os atos tenham sido
delegados. Aos superiores hierárquicos podem então ser imputadas responsabilidades,
em decorrência da inobservância do dever de cuidado por procedimentos de agentes
que estejam legalmente sob sua subordinação.
26. Com isso, mantenho a irregularidade HB 15 Contrato Grave, item 3.1, e aplico multa
de 6 UPFs/MT ao Sr. Meraldo Figueiredo Sá, de acordo com o artigo 3º, II, “a”, da
Resolução Normativa nº 17/2016.
28. A defesa sustentou que a empresa JK Contruções e Comércio não teria executado
diretamente os serviços em decorrência de vínculo contratual com a Prefeitura, mas
os executaria por meio da empresa Uniaço Construtora e Comércio Ltda, esta sim a
responsável pela obra.
29. Ainda relatou que não ocorreu subcontratação da obra, pois teria sido executada
pelas empresas mencionadas por meio do sistema de parceria, o que não causaria
prejuízo ao erário, pois os valores respeitariam a proposta vencedora da licitação.
30. A Secex afirmou que a defesa admitiu que a empresa Uniaço Construtora e Comércio
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Ltda. firmou contrato com a empresa JK Construções e Comércio Ltda., a qual teria
contribuído apenas com a prestação de serviços para a execução do objeto do Contrato
de Obras nº 15/2008.
32. Ainda, a equipe instrutória destacou que consta do referido Termo de Declarações
que a empresa Uniaço Construtora e Comércio Ltda. reteria 15% (quinze por cento)
dos valores que lhe fossem pagos e repassaria os 85% (oitenta e cinco por cento)
remanescentes à empresa JK Construções e Comércio Ltda.
33. Não obstante, ressaltou que a subcontratação poderia remotamente ocorrer somente
nos casos de contratos administrativos em que a subcontratação fosse permitida, com
autorização expressa da Administração, após a verificação do atendimento, por parte
da pretensa subcontratada, das condições de habilitação previstas no instrumento
convocatório.
35. O MPC concordou com a sugestão da equipe técnica e opinou pela manutenção da
irregularidade.
37. O órgão ministerial destacou ainda que, pelos autos, ficou comprovado que a
Prefeitura tinha conhecimento acerca da subcontratação da empresa JK Construções e
Comércio Ltda. Na própria peça de defesa consta que a empresa em tela teria atuado
em parceria com a Uniaço Construtora e Comércio Ltda.
38. Ao final, destacou que tal conduta configura afronta de natureza grave à Lei de
Licitações, dado que a própria norma caracteriza como motivo para a rescisão contratual
a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a associação do contratado com outrem,
a cessão ou transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou incorporação, não
admitidas no edital e no contrato, conforme o art. 78, VI, da Lei de Licitações.
Posição do Relator
39. Em relação à irregularidade HB 06, atribuída ao Sr. Meraldo Figueiredo Sá, verifica-
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
40. Nota-se que na Cláusula III do Contrato de Obras nº 15/2008 está expresso, que
constitui obrigação da contratada não subcontratar, parcial ou totalmente, o objeto do
contrato. No mesmo sentido delibera o edital Tomada de Preços nº 005/2008 em seu
anexo III.
42. Vale destacar o Termo de Declarações, subscrito pelo Assessor Jurídico do Município,
no qual se extrai o acordo do município com a empresa Uniaço Construtora e Comércio
Ltda, a fim de retomar as obras sob responsabilidade da empresa JK Construções e
Comércio Ltda. (Documento Digital nº 7017/2013, às fls. 25/26-TCE).
(...)
46. Embora o teor descritivo da irregularidade que aponta o fato de serviços não
executados e mal executados, não ficou demonstrado quais serviços não foram
executados e se mesmo assim foram pagos. Isso a peça instrutória não traz.
47. Outro fato, trata da subcontratação de empresa para a conclusão dos serviços. Pelo
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Decisões relevantes de Tribunais de Contas Estaduais para Municípios
que foi posto pelo Assessor Jurídico do município de que a obra teria sido paralisada
por mais de cinco meses, isso por si só, seria motivo de rescisão contratual, conforme
estabelece o artigo 78, e incisos, da lei de licitações.
48. Porém, há outro fato que deve ser levado em conta. A outra empresa que deu
andamento na obra, atuou sob a responsabilidade da empresa contratada e vencedora
do certame. Caso houvesse a rescisão do contrato, por certo o prejuízo seria maior e
os problemas causados aos alunos da comunidade pela falta da escola, seriam mais
danosos, pois, havendo a rescisão, obrigatoriamente o município deveria deflagrar outro
processo licitatório.
49. A demora para a solução do caso seria muito maior, talvez mais de ano, haja vista
que muitas vezes há impugnações no processo licitatório. Ainda que tenha havido a
infringência do dispositivo legal mencionado, a solução para a sociedade foi mais
benéfica, apesar da constatação de qualidade inferior, porém isso não alterou os valores
contratados e também não houve qualquer recomendação da equipe técnica, sugerindo
a correção dos serviços. A questão que trata da “má qualidade”, ficou prejudicada haja
vista que não há nos autos, especificamente qual seria a qualidade aceitável.
51. Portanto, por esses motivos e com base no Relatório de Auditoria e no Parecer
Ministerial, profiro meu voto.
VOTO
52. Diante do exposto, com base no artigo 29, inciso IX, do Regimento Interno deste
Tribunal, não acolho o parecer do Ministério Público de Contas nº 2.531/2016, do
Procurador de Contas Getúlio Velasco Moreira Filho, e voto pela regularidade das contas
referentes ao Convênio nº 097/2008, nos autos desta tomada de contas especial, de
acordo com o artigo 193, § 2º, do Regimento Interno deste Tribunal, e com o artigo 16, da
Lei Complementar nº 269/2007, no seguinte sentido:
a) pela declaração de revelia do Sr. Arlindo Miguel Ramos, com base no parágrafo
único do artigo 6º da Lei Orgânica deste Tribunal;
II- 6 UPFs/MT ao Sr. ARLINDO MIGUEL RAMOS – Fiscal da Obra, face ao cometimento
da irregularidade HB 15, item 3.1, de acordo com a dosimetria estabelecida no artigo 3º,
II, “a”, da Resolução Normativa nº 17/2016;
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53. O recolhimento das multas deverá ser feito no prazo de 60 dias, conforme preceitua
a Lei nº 8.411/2005, ao Fundo de Reaparelhamento e Modernização do Tribunal de
Contas do Estado de Mato Grosso, em consonância com o disposto no art. 286, §§ 1º e
3º, da Resolução Normativa nº 14/2007, cujo respectivo boleto bancário está disponível
na web, no endereço eletrônico deste Tribunal de Contas http://www.tce.mt.gov.br/
fundecontas e que só será dada quitação aos responsáveis após o adimplemento dos
débitos.
Conselheiro Relator”
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