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CONVÊNIOS
Unidade 4 - Gestão de contratos
administrativos
GINEAD
Unidade 4
Nesta unidade, trataremos dos contratos administrativos, pois são eles o objetivo de todo
processo licitatório. Trata-se de instrumento jurídico que estipula as obrigações entre o fornecedor
e a Administração Pública, estabelecendo quem irá pagar e quem irá receber, quem irá vender e
quem irá comprar. Ou seja, o contrato administrativo regula os interesses jurídicos de reciprocidade
e complementariedade, característica que a literatura jurídica denomina de sinalagma.
Objetivos
• Suscitar o aprendizado sobre aspectos relevantes à gestão dos contratos admi-
nistrativos com base na Lei nº 8.666/93.
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4.1 Noções sobre contrato
administrativo
A publicação de um edital de licitação anuncia o interesse do Estado em celebrar um contrato
de aquisição de bens ou prestação de serviços. Por meio dele, dá-se início à fase externa da
licitação, a qual passa a contar com a participação de particulares interessados em negociar
com o poder público.
As licitações públicas são processos administrativos que buscam a celebração de contrato com um
fornecedor interessado em suprir alguma demanda do Estado. A formalização desse negócio é
feita, em regra, por contrato; só que, como o Estado é uma das partes dessa negociação, o Direito
apresenta algumas regras específicas, considerando a necessária proteção ao interesse público.
Trata-se de instrumento formal, geralmente escrito, conforme ilustra a figura 4.1. A Lei
de Licitações estipula a nulidade e a ausência de efeitos para o contrato verbal feito com a
Administração Pública. A exceção é para pequenas compras de pronto pagamento, cujo valor
seja de até 5% o limite para compras e serviços da modalidade convite (conforme art. 60 da
Lei nº 8.666/93). Como em junho de 2018 esse valor foi atualizado, através do Decreto nº
9.412/2018, tem-se que as pequenas compras que autorizam o contrato verbal seriam as de
até R$ 8.800,00.
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Figura 4.1: Contrato administrativo deve ser escrito
Ainda, o termo de contrato é dispensável nas compras com entrega imediata e integral dos
bens adquiridos, dos quais não resultem obrigações futuras, inclusive assistência técnica. Nesses
casos, é possível que a Administração Pública substitua o contrato por ordem de serviço, ou
nota de empenho, que são atos administrativos mais simples e céleres – não precisa tramitar
por tantos departamentos para verificar sua regularidade, tal como o contrato. Salienta-se que
os produtos que tenham garantia demandam que o contrato seja firmado, conforme o art. 62
da Lei de Licitações.
4.2 Cláusulas
b) Cláusulas exorbitantes.
As primeiras são disciplinadas pela Lei nº 8.666/93, em seu art. 55, cuja leitura recomendamos,
pois comentaremos apenas os requisitos mais complexos. As segundas decorrem da supremacia
do interesse público, princípio que estudamos nas unidades anteriores.
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4.2.1 Cláusulas necessárias
A Lei de Licitações e Contratos estabelece que o edital e o contrato são instrumentos
complementares. Inclusive, a minuta do contrato a ser firmado pelo vencedor da licitação deve
constar no edital do certame. É importante que o particular interessado leia essa minuta com
atenção, pois nela deverá estar estipulada a validade do contrato.
O Direito brasileiro não admite contrato administrativo sem prazo de validade. Em geral, esse
tipo de contrato segue o prazo de vigência dos créditos orçamentários – que são aqueles
tratados na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e, por isso, são de um ano.
Há, no entanto, algumas exceções, conforme figura 4.2, as quais são previstas no art. 57 da Lei
nº 8.666/93, em que os contratos têm um prazo diferente:
iv) dispensa (IX, XIX, XXVIII e XXXI do art. 24) – defesa nacional Instituição Científica
e Tecnológica - ICT: entidade da administração pública que tenha por missão institu-
cional, dentre outras, executar atividades de pesquisa básica ou aplicada de caráter
científico ou tecnológico – vigência até 10 anos se houver interesse da administração.
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São também cláusulas essenciais ao contrato a eleição de foro, que será o local de competência
judicial para se processar eventual ação, e, ainda, a cláusula de garantia: ao estabelecer a
obrigatoriedade da prestação de garantia pelo particular, a Administração busca certificar-se
que o particular irá executar plenamente o contrato, evitando prejuízos ao patrimônio público.
A prestação de garantia pelo particular envolve uma questão delicada. Sob um ân-
gulo, a Administração deve cercar-se de todas as cautelas para evitar prejuízos ao
patrimônio público. Isso significa exigir do particular o fornecimento de garantias de
indenização de eventuais danos. Portanto, a prestação da garantia é uma vantagem
para a Administração. (Grifo nosso).
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Sendo assim, em decorrência do princípio da supremacia do interesse público, a Administração
tem um tratamento diferenciado em seus contratos, permitindo-lhe atuar em posição superior
ao particular fornecedor em alguns pontos, tais como:
b. rescisão unilateral;
e. Exceptio non adimpleti contractus (Brocardo latino que significa: exceção do con-
trato não cumprido).
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justi-
ficativas, nos seguintes casos:
A inexecução do contrato constitui causa para sua rescisão unilateral, nos termos do art. 77 e
78 da Lei de Licitações. Isso inclui atraso, lentidão ou paralisação dos serviços.
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um re-
presentante da Administração especialmente designado, permitida a contratação de
terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição.
§ 1º O representante da Administração anotará em registro próprio todas as ocorrên-
cias relacionadas com a execução do contrato, determinando o que for necessário à
regularização das faltas ou defeitos observados. § 2º As decisões e providências que
ultrapassarem a competência do representante deverão ser solicitadas a seus supe-
riores em tempo hábil para a adoção das medidas convenientes.
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As sanções aplicadas pela Administração ao particular contratante dependem, como visto
nas unidades anteriores, da salvaguarda do contraditório e da ampla defesa. No entanto,
entendemos que elas são cláusulas exorbitantes, pois o particular não pode aplicar tais
sanções à Administração contratante no caso de descumprimento por parte dela, gerando,
assim, indignação, como retrata a figura 4.3.
Figura 4.3: O fornecedor não tem as prerrogativas contratuais que o Estado possui
• Multa;
• Suspensão de contratar por dois anos com o ente que aplicou a sanção;
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A exceção do contrato não cumprido significa o direito de interromper a execução do contrato
em face do descumprimento causado pela outra parte. Isso significa que o particular deve honrar
o contrato administrativo em respeito ao princípio da continuidade dos serviços públicos, mesmo
que o Estado deixe de pagá-lo por até 90 dias. Isso porque, de acordo com o que determina o
artigo 78, XV da Lei nº 8.666/93, o fornecedor tem o direito de invocar a exceção do contrato não
cumprido quando a Administração for inadimplente por mais de 90 dias.
Vejamos:
Art. 78, XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela Ad-
ministração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já
recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da
ordem interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão
do cumprimento de suas obrigações até que seja normalizada a situação;
Por fim, a ocupação provisória dos bens do contratado é realizada nos serviços públicos
essenciais quando a Administração entender apropriado, a fim de evitar prejuízos à coletividade,
o que está previsto no art. 58, V, da Lei nº 8.666/93.
O contrato de obra pública, representado pela figura 4.4, abrange as diferentes construções,
reformas, fabricação, ou ampliação de ambientes. Para sua realização, a Lei nº 8.666/93 exige
o projeto básico (que será publicado junto com o edital), o projeto executivo e a programação
do cronograma integral da obra – ambos feitos pelo contratado.
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Figura 4.4: Os projetos de engenharia são parte desse tipo de contrato administrativo
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o registro de preços praticados por potenciais fornecedores/prestadores de serviços, cujos
respectivos objetos possam vir a atender necessidades futuras e incertas da Administração
licitadora. É tratado no art. 15 da Lei nº 8.666/93 (LGL), nos seguintes termos:
§5º O sistema de controle originado no quadro geral de preços, quando possível, de-
verá ser informatizado.
§6º Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar preço constante do quadro geral
em razão de incompatibilidade desse com o preço vigente no mercado.
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Sobre o SRP, é importante pontuar o seguinte:
c) O SRP pode ser processado pela modalidade Concorrência e por meio de Pregão
(BRASIL, 2013).
Muito embora o caput do art. 15, da LGL, anteriormente assinalado, refira-se somente a
compras, o artigo inaugural do Decreto 3.931 amplia sua utilização também às contratações
de serviços. Diante disso, o SRP poderá ser utilizado tanto para contratações destinadas a
fornecimento de bens quanto para aquelas destinadas à prestação de serviços, conforme a
necessidade da Administração, ilustrado pela figura 4.5.
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Por fim, há, ainda, os contratos de concessão e permissão, que são realizados quando a
Administração mantém a titularidade do serviço público, mas delega ao particular a execução,
para que o explore por sua conta e risco.
A concessão comum de serviço público é regida pela Lei nº 8.987/95 e estabelece a remuneração
do concessionário mediante tarifa paga pelo usuário. A parceria público-privada, instituída pela Lei
nº 11.079/2004, é composta pela concessão patrocinada (tarifa parcialmente paga pelo usuário e
parcialmente pela Administração) e pela concessão administrativa (tarifa paga pela Administração).
Alterações consensuais
Quando pactuadas de mútuo acordo entre a entidade contratante e o
correspondente contratado de determinada avença;
Alterações unilaterais
Quando impostas pela Administração contratante ao particular. Subdivi-
dem-se em qualitativas ou quantitativas e encontram-se disciplinadas nas
alíneas do inc. I, do art. 65 da Lei Geral de Licitações (LGL), respectivamente.
Art. 65 §1º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais,
os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25%
(vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de
reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por cento) para
os seus acréscimos.
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§2º Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os limites estabelecidos no pa-
rágrafo anterior, salvo:
I. (VETADO)
Como se pode observar, deverá limitar-se a 25% ou 50% sobre o valor inicial atualizado do
contrato, em se tratando, respectivamente, de obras, serviços ou compras em geral ou de
reforma de edifício ou equipamento. Muitas vezes, na prática, identifica-se essa necessidade,
como ilustra a figura 4.6. Tal regra é excepcionada na hipótese de acordo entre as partes,
quando a supressão, e apenas esta, poderá superar os referidos limites.
As alterações qualitativas, por sua vez, dizem com a modificação do objeto em si ou,
mais propriamente, de sua qualidade, em decorrência de alterações do projeto ou de suas
especificações. Tais modificações também se sujeitam a limites.
Observe que a norma não abre espaço para a contratação de um novo objeto por meio do
contrato já em vigor, tampouco alterar o objeto tão radicalmente que resulte em alteração de
sua essência. Tem-se, pois, a impossibilidade de desnaturação do objeto contratado, sob pena
de burla à licitação e de contratação direta sem a devida autorização legal.
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Outro limitador à realização de alterações qualitativas constitui-se na necessária observância,
pela Administração Pública, dos princípios que regem as licitações. Nesse caso específico, da
inarredável busca pelo incremento da competição e pela escolha da proposta mais vantajosa.
Funciona desta forma: se o aditamento pretendido vier a agregar efetivamente novos objetos
ao contrato ou resultar na necessária inclusão de novas tecnologias, por exemplo, estar-se-ia
impedindo que outros particulares interessados em sua execução pudessem vir a participar
de eventual disputa pela contratação. Assim, o preço a ser pago pela Administração seria
necessariamente aquele a ser fixado pelo atual contratado. Diferente ocorreria se fosse instaurada
nova licitação, na qual vários particulares viessem a disputar o mesmo objeto, o que certamente
resultaria na redução de suas ofertas e em consequentes ganhos para o Poder Público.
Logo, ainda que seja para uma melhor adequação técnica (ilustrada pela figura 4.7) aos objetivos
pretendidos em determinada contratação – por meio da modificação de seu respectivo projeto
ou de suas especificações – o núcleo essencial do objeto deve ser mantido. Isso porque o
desencadeamento de dado procedimento licitatório opera-se para a realização de uma
contratação específica.
Figura 4.7: Alterações qualitativas exigem novos projetos que demonstrem essa necessidade
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De acordo com o entendimento do Tribunal de Contas da União na Decisão 101/99, os limites
percentuais indicados no §1º do art. 65 também se aplicam às alterações qualitativas:
A norma autorizadora da realização das ditas alterações qualitativas impõe-lhes outro limite,
qual seja: seu desencadeamento deve ter sido originado em decorrência da necessidade de
melhor adequação técnica. Essa é a única hipótese descrita pelo legislador em que será possível
sua consumação.
A situação descrita pela alínea “a” – “(...) para melhor adequação técnica aos seus objetivos”
– tem natureza taxativa, não cabendo à Administração contratante criar novas hipóteses,
diversas daquelas trazidas pela norma. Sobre isso, Marçal Justen Filho (2015, p. 255.) esclarece
que a melhor adequação técnica:
Por fim, para que as alterações qualitativas ou quantitativas sejam reputadas válidas, deverão
necessariamente estar fundamentadas na ocorrência de fatos supervenientes à contratação
original.
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Em outras palavras, não se encontra albergada pela lei alteração contratual a pretexto de
adequar a situação que já era previsível ao tempo da realização do procedimento licitatório,
revelando ineficiência da atuação administrativa. A intenção da norma reside em adequar
cláusulas contratuais com o objetivo de realização do interesse público, em virtude de situações
cuja ocorrência se dê em momento posterior ao início do certame ou à celebração do contrato
e que não pudessem ter sido desde logo consideradas pela entidade contratante.
É certo que todo tipo de negócio possui riscos inerentes. No entanto, o próprio desenvolvimento
da atividade comercial exige que o empresário controle esses riscos. Há certos acontecimentos
que geram excessiva onerosidade; isso é definido pela literatura como álea econômica
extraordinária. De acordo com o TCU, trata-se de “um risco imprevisível, extemporâneo e de
excessiva onerosidade e que, sendo insuportável, não se pode exigir que a parte prejudicada
arque com suas consequências por um dado período de tempo.”
Dois exemplos dessas situações onerosas e imprevisíveis são tratados pela teoria do fato do
príncipe e fato da administração:
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Fato do príncipe
Ato do poder público não relacionado com o contrato, mas que repercute
indiretamente sobre ele. De acordo com Marçal Justen Filho (2015) “a teo-
ria consagra o direito de indenização a um particular em vista da prática
de ato lícito e regular imputável ao Estado. Essa lesão patrimonial deriva
de um ato estatal válido, lícito e perfeito será objeto de indenização".
Fato da administração
Diferente do fato do príncipe, que é um ato do Estado realizado exter-
namente ao contrato, o fato da administração é uma conduta da Admi-
nistração que inviabiliza ou retarda diretamente a execução do contrato.
O primeiro e já mencionado reajuste (ilustrado pela figura 4.8) é o instrumento previsto no art.
40, inc. XI da Lei nº 8.666/93, adequado à atualização monetária do contrato quando elevar-se o
custo de seu objeto diante do marchar normal da economia (inflação é ilustrada na figura 4.8),
sendo fixado, em regra, com base em índices previamente estabelecidos no edital e no contrato.
Da mesma forma, a repactuação, somente pode ser concedido após o transcurso de um ano
a contar da data de apresentação da proposta ou do orçamento nesta referido. Observe que o
referido dispositivo legal impõe como cláusula editalícia aquela prevendo o critério de reajuste
que será adotado.
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A figura da revisão visa à recomposição de preços em determinado contrato cujo desequilíbrio
tenha sido gerado por álea econômica extraordinária, a qual deve segundo o Acórdão 1563/2004
do TCU “ser entendida como um risco imprevisível, extemporâneo e de excessiva onerosidade e
que, sendo insuportável, não se pode exigir que a parte prejudicada arque com suas consequências
por um dado período de tempo”. Encontra fundamento legal nas diretrizes insertas na alínea “d”
do inc. II, do art. 65 da LGL. Uma vez que seu desencadeamento decorre de fato imprevisível ou,
ainda que previsível, de consequências incalculáveis definidos pelo TCU (2004):
[...] fatos provenientes de álea ordinária não autorizam a sua aplicação, por tratar-se de
risco comum ao qual todo empresário se submete ao assumir uma obrigação. Signifi-
ca que o simples aumento de despesa inerente à execução contratual - por exemplo, a
variação normal dos preços na economia moderna - não possibilita aos contratantes
socorrerem-se deste mecanismo.
Só pode ser requerida após transcorrido o intervalo mínimo de um ano, a contar da data da
apresentação da proposta ou do orçamento a que ela se referir. Seus requisitos de observância
necessária são basicamente:
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A título de ciência, a contagem de vigência da repactuação dada pela Instrução Normativa
05/17- MPOG, de aplicação federal, assim dispõe em seu art. 55, inc. II:
Art. 55. O interregno mínimo de 1 (um) ano para a primeira repactuação será contado
a partir: [...]
Tais distinções permitem entender que esse trio de instrumentos destina-se a reequilibrar a
equação econômico-financeira dos contratos administrativos, de modo a harmonizar o acordo
inicialmente firmado entre a Administração e os contratados no que diz respeito à estabilização
econômico-financeira do ajuste.
Nesse mesmo sentido é o acórdão 1.563/2004, do Plenário do Tribunal de Contas da União, que
esclareceu não se tratar, a superveniência da data-base, de fato ensejador de revisão (chamada
pelo Min. Relator de “reequilíbrio”). Eis as razões do voto:
De início, cumpre esclarecer que o reajuste salarial nada mais é do que a variação do
custo do insumo ‘mão de obra’ provocada pelo fenômeno inflacionário. Por esse mo-
tivo, não há como se aplicar a teoria da imprevisão, posto que o reajustamento não é
resultante de imprevisão das partes, mas sim da previsão de uma realidade existente
– a inflação –, consoante asseverado por José Cretella Júnior (in Licitações e Con-
tratos, 2ª ed., Rio de Janeiro, ed. Forense, 1999, p. 255). Em consequência, fica elimi-
nada a possibilidade de se caracterizar tal reajuste como fato imprevisível, retardador
ou impeditivo, caso de força maior, caso fortuito, fato do príncipe ou álea econômica
extraordinária. Também não cabe enquadrar o reajuste salarial como ‘fato previsível,
porém de consequências incalculáveis’, uma vez que o comportamento e os efeitos da
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inflação podem ser antevistos já na elaboração da proposta e, a seguir, incorporados
na equação econômico-financeira do contrato, ainda que isso não ocorra em valores
exatos. Verifica-se, pois, que o mencionado reajuste salarial não se amolda a nenhu-
ma das situações determinantes de reequilíbrio econômico-financeiro descritas na lei.
O art. 79 traz em seu contexto regras a serem seguidas pela Administração quando da aplicação
de rescisões unilaterais:
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A rescisão administrativa unilateral, formalizada pelo respectivo processo administrativo, está
vinculada à comprovação e presença de pressupostos legais e será essencialmente motivada
e precedida da ampla defesa.
Há casos, no entanto, que a rescisão unilateral será mais objetiva, tendo em vista que
acontecerá pela inexecução contratual. Isso ocorre pelo disposto no art. 77, da LGL, que
afirma: “a inexecução total ou parcial do contrato enseja a sua rescisão, com as consequências
contratuais e as previstas em lei ou regulamento”. A rescisão pode ser unilateral, feita pela
Administração, nas hipóteses descritas pelos incs. I a XII e XVII, do art. 78 da Lei nº 8.666/93 (art.
79, inc. I da Lei nº 8.666/93).
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Figura 4.10: Os grandes eventos esportivos sediados no Brasil foram importantes pro RDC
O governo ampliou aos poucos esse regime para outras áreas (ilustrado pela figura 4.11).
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Atualmente, o RDC é aplicável a diversas contratações:
VII - das ações no âmbito da segurança pública (Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015);
IX - dos contratos a que se refere o art. 47-A (Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015);
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§ 3º Além das hipóteses previstas no caput, o RDC também é aplicável às licitações e
aos contratos necessários à realização de obras e serviços de engenharia no âmbito
dos sistemas públicos de ensino e de pesquisa, ciência e tecnologia (Redação dada
pela Lei nº 13.190, de 2015);
Saiba mais
A ciclovia Tim Maia foi construída da cidade do Rio de Janeiro e ficou co-
nhecida não só por sua beleza, mas também pelo desabamento parcial, que
ocorreu com apenas 4 meses de sua inauguração, causando a morte de duas
pessoas. Trata-se de um exemplo de contratação integrada processada pelo
RDC. O consórcio Contemat/Concrejato foi contratado por licitação do tipo
menor preço a partir de anteprojeto fornecido pela prefeitura do Rio, por
meio da fundação Geo-Rio. O projeto completo e a execução da obra ficaram,
portanto, a cargo da empresa.
Os editais que optam pelo RDC são regidos por regras diferenciadas, inclusive com o afastamento
de grande parte da Lei nº 8.666/93. É necessário, portanto, que sua adoção seja feita de forma
expressa.
De acordo com Benjamin Zymler, Ministro do TCU, “nunca se dotou o gestor público de tamanho
espaço discricionário quanto aquele que o legislador do RDC conferiu ao administrador público”.
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vi) contrato de eficiência;
Saiba mais
Ricardo Barreto Andrade e Vitor Lanza Veloso apresentam uma boa síntese
com as diversas inovações trazidas pelo RDC. Consulte o texto “Uma visão
geral sobre o regime diferenciado de contratações públicas: objeto, objetivos,
definições, princípios e diretrizes”, disponível em: <http://www.justen.com.
br/pdfs/IE60/IE60_Ricardo_e_Vitor_RDC.pdf>.
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Síntese
Finalizamos esta unidade sobre contratos administrativos. Vimos que eles abrangem o Estado e
um fornecedor que, geralmente, participou de um processo licitatório e apresentou a proposta
mais vantajosa. Como a Administração Pública possui prerrogativas em razão de sua posição
constitucional, estudamos que os contratos administrativos possuem cláusulas exorbitantes,
que são prerrogativas do Estado.
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Referências
MOTTA, C. P. C. Eficácia nas licitações e contratos. 12. ed. Belo Horizonte: Del
Rei, 2011.
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