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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Ciências Sócias e Politicas

Curso de Licenciatura em Administraçao Gesão Hospitalar

1o Ano

CONTRATO ADMINISTRATIVO

O Nome:

Celcio Remisse

Quelimane, Maio de 2021


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CONTRATO ADMINISTRATIVO

Trabalho Científico submetida à Faculdade de


Ciências Sócias e Politicas da Universidade
Católica de Moçambique.

Docente:

Quelimane, Maio de 2021


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Introdução

O trabalho da cadeira Direito Administrativo, versa sobre o tema: CONTRATO


ADMINISTRATIVO. Neste contexto, os contractos administrativos são os ajustes celebrados
entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, que buscam atingir fins
públicos e sociais, os quais seguem o regime jurídico de direito público. É comum nestes
contractos administrativos a presença das cláusulas, que garantem superioridade à
Administração em detrimento do particular contratado. O regime predominante do direito
público, a aplicação supletiva das normas de direito privado e o desequilíbrio contratual em
favor da Administração são alguns característicos básicos que regem os contractos
administrativos. Pois os contractos administrativos podem ser considerados o espaço e o
momento para os quais todo o processo administrativo licitatório se direcciona.

1.Objectivos

1.1.Objectivos Geral:

 Conhecer o processo de contratação na administração.

1.2. Objectivos Específicos

 Definir Contrato Administrativo;


 Explicar os poderes ou cláusulas exorbitantes da Administração Pública na execução
dos seus contractos;
 Descrever o procedimento administrativo que culmina com a contratação de
empreitadas de obras públicas.

2.Metodologia

Quanto a metodologia dizer para concretização do presente trabalho recorreu-se a consulta de


livros, artigos que continham a informação do tema, pesquisa na internet, técnica de resumo e
digitação, assim como as pesquisas e bibliotecas com o intuito de trazer o essencial e
melhorar o desenvolvimento científico do trabalho.

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3.CONTRATO ADMINISTRATIVO

O contrato administrativo envolve um acordo de vontade entre duas ou mais pessoas, como
qualquer outro contrato, só que uma delas é uma entidade que integra a Administração
Pública e que em vez de uma manifestação unilateral de autoridade, como acontece com o
acto administrativo, estabelece esse acordo de vontades. Mas em vez de se apresentar
destituída de poderes de autoridade, como acontece com os contratos de direito privado,
aparece provida de poderes especiais.

 É o instrumento dado à administração pública para dirigir-se e actuar perante seus


administradores sempre que precisar adquirir bens ou serviços dos particulares. (Alexandre,
2011).

3.1.Definição de Contrato Administrativo

Segundo Maria (2001), o contrato administrativo há-de definir-se em função da sua


subordinação a um regime jurídico de Direito Administrativo: serão administrativos dos
contractos cujo regime jurídico seja traçado pelo Direito Administrativo:  serão civis ou
comerciais os contractos cujo regime jurídico seja traçado pelo Direito Civil ou Comercial.

Aí se denomina que o contrato administrativo é o acordo de vontades pelo qual é obtido,


modificada ou extinta uma relação jurídico-administrativa, para a consecução do interesse
público.

3.2.Regime jurídico de Contrato Administrativo

O regime jurídico dos contractos administrativos é constituído por normas que conferem
Prerrogativas especiais de Autoridade à Administração Pública, quer por normas que impõe à
Administração Pública especiais deveres ou sujeições que não têm paralelo no regime dos
contractos de Direito Privado.  

Legalmente o contrato administrativo em Moçambique é regulado pelo Decreto nº 5/2016 de


8 de Março (Regulamento de Contratação de Empreitada de Obras Públicas, Fornecimento de
Bens e Prestação de Serviços ao Estado), onde encontramos todos os aspectos referentes a
estes, desde o lançamento do concurso até a cessação dos contractos.  No (Artigo 107), nos
diz: os contractos pautados pelo Regulamento têm natureza administrativa, regulam-se pelas
normas e preceitos de direito público, aplicando-lhes supletivamente de direito privado.

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3.3.Modalidades de Contratação

O gênero contrato administrativo pode ser divido em várias espécies, também denominadas de
modalidades desses contratos. Estas se apresentam em grande número na legislação pátria. A
contratação é feita através de concurso Público de acordo com o (Artigo 44), que é a
modalidade de contratação na qual pode intervir todo e qualquer participante interessado,
desde que reúna os requisitos publicados nos Documentos de Concurso.  

O Concurso Público observa, pela ordem determinada, as seguintes etapas:

a) De preparação e lançamento;
b) Recepção das propostas e dos documentos de qualificação;
c) A abertura das propostas e dos documentos de qualificação;
d) Avaliação, classificação e recomendação do júri;
e) Anúncio do posicionamento dos concorrentes;
f) Adjudicação, Cancelamento ou Invalidação;
g) Notificação aos concorrentes;
h) Reclamação e Recurso; e
i) Celebração do Contrato.

3.4.Principais Espécies de Contractos Administrativos

Segundo Maria (2014), ao tratar das modalidades de contratos administrativos analisa em sua
obra os derivados dos contratos administrativos por excelência, sendo os mais utilizados como
algumas espécies de contratos administrativos as seguintes:

 Concessão de obras públicas: é um contrato pelo qual um particular se encarrega de


executar e explorar uma obra mediante retribuição a obter directamente dos utentes
através do pagamento de taxas de utilização; trata-se de um contrato com aplicação
restrita ao nível das autarquias locais;
 Concessão de serviços públicos: é o contrato pelo qual um particular se encarrega de
montar e explorar um serviço público, sendo retribuído através de taxas de utilização a
cobrar directamente ao público; trata-se de uma contrato que, tal como o anterior, tem
uma aplicação restrita ao nível das autarquias locais;
 Concessão da exploração de domínio público: é o contrato pelo qual a
Administração faculta a um sujeito privado a utilização económica exclusiva de uma
parcela do domínio público, para fins de utilidade pública; este contrato tem maior
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aplicação, especialmente nos tempos actuais, ao nível de muitas autarquias no mundo,
com destaque para tratamento e distribuição de água, recolha, instalações turísticas em
áreas de domínio público, etc.
 Fornecimento contínuo: contrato pelo qual o particular se encarrega durante um
certo período de entregar regularmente à autarquia local certos bens necessários ao
funcionamento regular de um serviço público;
 Prestação serviços: contrato pelo qual um particular ingressa nos quadros
permanentes da Administração e presta a sua actividade profissional de acordo com o
estatuto definido;
 Contrato de provimento: contrato pelo qual um particular acorda com a
Administração dar-lhe a sua colaboração profissional com o estatuto da função
pública;
 Contrato de transporte: contrato pelo qual um particular se encarrega de garantir a
deslocação de pessoas ou coisa de interesse público; é igualmente uma área de
aplicação limitada nos municípios, a quem raramente cabe o exercício de atribuições
nesta área.
Do ponto de vista do seu objecto, os contratos administrativos podem ser contratos
económicos, contratos financeiros, contratos relativos aos bens da Administração. E quanto à
sua natureza podemos encontrar, os contratos de delegação de serviços públicos (que
compreendem: a concessão, arrendamento, administração de interesses) e mercado de
empresa de trabalhos públicos.

3.5.A Formação do Contrato Administrativo

Na formação de contractos administrativos encontrados as regras que versam sobre os


elementos essenciais do contrato administrativo -  a competência para contratar mútuo
consenso em que o contrato administrativo se traduz, a autorização das despesas públicas a
realizar através do contrato, e a forma e formalidades de celebração do contrato
administrativo.
A escolha dos particulares está determinada a normas muito restritivas.  Pode ser feita através
de ajuste direito, concurso limitado ou concurso público.
A regra geral é que todo o contrato contratual tem de ser celebrado precedendo concurso
público, salvo se a lei autorizar outro processo.
A liberdade contratual da Administração Púbica não é limitada somente pelas regras legais
relativas à escolha do contraente privado, também a liberdade de conformação do conteúdo da
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relação contratual está condicionada pela proibição da exigência de prestações
desproporcionadas ou que não tenham uma relação directa com o objecto do contrato. Os
contractos administrativos estão sujeitos à forma escrita (Artigo 107 do Decreto 5/2016 de 8
de Março).
Acontece muitas vezes que as leis administrativas prevêem a figura da adjudicação. Este é um
acto administrativo: trata-se do acto pelo qual o órgão competente escolhe uma proposta
preferida e, portanto, selecciona o particular com quem pretende contratar.  A adjudicação é
assim, um acto administrativo, ou seja, um acto jurídico unilateral, ao passo que o conteúdo é
um acto jurídico bilateral, um acordo de vontades.  

3.6.Cláusulas Essenciais

Os contratos administrativos preceituam quais são as cláusulas necessárias, ou seja, quais são
as cláusulas obrigatórias em todos os contratos administrativos.

De acordo com O (Artigo 112 do Decreto 5/2016 de 8 de Março), aponta algumas cláusulas


necessárias em todo contrato que estabeleçam:

a) Identificação das partes contratantes;


b) Objecto do contrato, devidamente individualizado;
c) Prazo de execução da obra, fonte de bens ou prestação de serviços, com indicação das
datas do respectivo inicio e temo;
d) Garantias relativas à execução do contrato, quando exigidas;
e) Forma, prazos e demais cláusulas sobre o regime de pagamento;
f) Encargo total estimado resultante do contrato;
g) Sanções aplicáveis em caso de falta de cumprimento;
h) O foro judicial ou outro, para a solução de qualquer litígio emergente do contrato, seja
na sua interpretação, ou na sua execução;
i) A inclusão obrigatória de uma cláusula anticorrupção;  e 
j) Outras condições que as partes consideram também essenciais à boa execução do
contrato.

3.7. Prerrogativas do Contratante

A primeira ideia para termos em mente quanto aos contratos administrativos é que eles não
poderão ser celebrados por prazo indeterminado. A regra de duração dos contratos
administrativos encontra-se claramente mencionada.
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De acordo com o mesmo decreto acima citado do (Artigo 116), sustenta, a entidade
contratante tem a prerrogativa de, nos termos previstos no presente regulamento:
a) Rescindir unilateralmente do contrato;
b) Fiscalizar a execução do contrato, directamente ou por fiscal por si contratado;
c) Suspender a execução do contrato; e
d) Aplicar as sanções pela inexecução total ou parcial do contrato.

3.8.A Execução do Contrato Administrativo

 A administração surge sobretudo investida de poderes de Autoridade, de que os particulares


não beneficiam no âmbito dos contractos de Direito Privado que entre si celebraram.

Os principais poderes de autoridade de que a administração beneficia na execução do contrato


administrativo são três:

a) O poder de fiscalização: os contractos administrativos devem ser fiscalizados e geridos,


como forma de garantir desejado grau de eficiência administrativa na consecução do
interesse público. Em certa medida, a temática do controle das actividades
administrativas contratualizadas, fundamental para a eficiência da Administração Pública,
(Artigo, 117).
b) O poder de modificação unilateral: decorre da variabilidade dos interesses públicos,
continuação do contrato e o aumento das contrapartidas financeira do co-contratante
privado;]
c) O poder de aplicar sanções: ao contraente particular, seja pela inexecução do contrato,
seja pelo atraso na execução, seja por qualquer outra forma de execução imperfeita, seja
ainda porque o contraente particular tenha trespassado o contrato para outrem sem a
devida autorização da administração.

As duas modalidades mais típicas são a aplicação  de multas,  e o  sequestro, quando o


contraente abandonado o exercício da actividade que foi encarregado pelo contrato
Administrativo, a Administração tem o direito de assumir o exercício dessa actividade e as
obrigações do particular relativamente ao contrato, ficando a cargo do contraente particular
todas as despesas que a administração fizer enquanto essa situação durar. 

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3.9.Exigências de Garantia 

Segundo a eminente Maria (2014), “A garantia, quando exigida do contratado, é devolvida


após a execução do contrato, em caso de rescisão contratual, por acto atribuído ao
contratado”,

Por tanto, Administração ou a Entidade Contratante deve exigir que uma Contratada preste
garantia definitiva adequado ao bom e pontual cumprimento das suas obrigações que foram
previstas na celebração do contrato, (Artigo 100, do decreto lei 5/2016).

Todavia, não é permitido o pagamento de adiantamento sem prestação de garantia no mesmo


valor.

 3.10. Anualidade dos Contractos Administrativos

É comum observarmos os Órgãos Judiciastes julgarem casos comprovados de fraudes e


ocorrências da prática de acto de improbidade administrativa onde, muitas vezes, os
condenados juridicamente não devolvem aos cofres públicos os valores recebidos,
valores estes considerado “enriquecimento ilícito” ou mesmo “sem causa” vindo a causar
revolta aos clientes comuns que somente assistem de camarote pela média os diversos
Contractos Administrativos celebrados diariamente que possuem algum indício de
irregularidade.

O princípio da vedação ao enriquecimento sem causa, ou seja, enriquecimento ilícito é


amplamente discutido, tanto no âmbito do direito privado, como também no direito
administrativo, sempre com olhar voltado às partes contratantes, seja o Estado ou mesmo o
particular, para que não haja locupletamento ilícito de uma das partes envolvidas no contrato
administrativo.

Uma vez que o enriquecimento sem causa é um princípio geral do Direito e, não
apenas princípio alocado em um de seus braços: público ou privado, evidente também
se aplica ao direito Administrativo e Assim, em função de incompatibilidade com o
ordenamento jurídico, a invalidação de um contrato administrativo determinam a supressão de
tudo que dele resultou. (Celso, 2015).

A atitude de má-fé das partes subjectivas do Contrato Administrativo, seja do Estado ou


terceiro, nos casos comprovados de fraudes e ocorrências da prática de acto de improbidade
pode ser considerada, no mínimo, imoral, visto que não se pode aceitar pacatamente tal acção
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sem que haja uma forte reacção por parte dos governados, dos Órgãos de fiscalização e
consequentemente dos Órgãos Judiciastes.

O princípio da vedação ao enriquecimento sem causa nos Contractos Administrativos,


conjugado, ou seja agregado ao princípio da equidade e ao princípio da moralidade, não
“Acoberta”, ou seja não dá legalidade, nos contractos administrativos, a indemnização um
particular que, usando de meios comprovadamente ilícitos, der causa à nulidade do contrato.

Por outro lado, quando lembramos que o contrato administrativo é considerado um contrato
típico de adesão, posto diante da parte contratante (particular) confeccionado integralmente
pela Administração, dificilmente a nulidade do contratual será atribuída exclusivamente à
culpa do contratado sem que a Administração não tenha concorrido para anulidade. É
configurada a culpa concorrente de ambas as partes, entendemos cabível indemnização
proporcional, correspondente apenas ao custo do serviço ou bem que contratou, sem incluir a
parcela remuneratória prevista no contrato.

3.11.A Extinção do Contrato Administrativo

Uma lei prevê que os contractos suspendem-se:

a) Pelo cumprimento integral das obrigações da Entidade Contratante e da Contratada;


b) Por mútuo acordo entre a Entidade Contratante e a Contratada; e
c) Por rescisão unilateral fundamentada em incumprimento de obrigações contratuais.

A cessação do contrato por mútuo acordo ou por rescisão unilateral é obrigatoriamente feita
por escrito, art.55 e o art.56 nos apontam quais são as causas da rescisão contratual unilateral.

A doutrina nos aponta que para além das causas normais de extinção do contrato
administrativo, designadamente por caducidade ou  termo,  há duas causas específicas:

a) Uma rescisão do contrato em título de sanção:  que se verifica quando o contraente


particular não cumpre, como cláusulas fazer contrato: aí a administração tem o direito de
rescindir o contrato, a título de aplicação duma sanção ao contraente faltoso.
b) O resgate:  que se verifica nas concessões.  Consiste no direito de administração, tem
antes de findo o prazo do contrato, de retomar o desempenho das atribuições
Administrativas de que estava encarregado o contraente particular, não como sanção, mas
por conveniência de interesse público, e mediante justa indemnização.

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Conclusão

Chegando ao fim do trabalho dizer durante a realização o trabalho foi possível perceber que
um contrato administrativo, desde o seu aspecto estrutural até as peculiaridades que o
distinguem dos demais contractos em geral. Diante da prepositiva temática demonstramos
que o contrato administrativo, em regra, é regido pelo Direito Público (Direito
Administrativo), porém existem casos que cabem regimento a esfera do Direito Civil.

No entanto, neste entendimento o contrato administrativo tem como premissa o atendimento


das necessidades do interesse público, sem se desviar dos princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência que regem a Administração Pública.
Compreender essa estrutura elementar é fundamental para que se asse-se o certos conteúdos e
entenda o significado de determinadas escolhas que o gestor público deverá fazer na sua
rotina de trabalho. A gestão do contrato, por sua vez, passará por fases que compreendem a
elaboração do edital e vão até a execução integral do seu objecto, percebendo que
determinadas práticas colaboram para a boa condução do contrato, no qual a figura do fiscal
mostra-se indispensável na realização de determinadas tarefas.

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Bibliografia

Celso, Antônio Bandeira De Mello. (2015). Curso de Direito Administrativo. 32ªed. São


Paulo: Malheiros. p. 632.

Alexandre, Mazza.( 2011). Direito Administrativo, Coleção OAB Nacional. 3ªed. São Paulo:
Saraiva. p.142.

Maria Sylvia Zanella Di Pietro. (2014).  Direito Administrativo.  27ª ed. São Paulo: Atlas.

_________________________ (2001). Direito Administrativo. In: PÊRA, Iausy Anahy

Legislação

Decreto nº 5/2016, de 8 de Março. (2016). Aprova o Regulamento de Contratação de


Empreitada de Obras Públicas, Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado.
B.R, I Série nº 28, Maputo, Imprensa Nacional de Moçambique.

Decreto nº 15/2010, de 24 de Maio. (2010). Aprova o Regulamento de Contratação de


Empreitada de Obras Públicas, Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado.
B.R, I Série nº 20, Maputo, Imprensa Nacional de Moçambique.

Decreto nº 30/2001, de 15 de Outubro, Aprova as Normas de Funcionamento dos Serviços da


Administração Pública. B.R, I Série nº 41, Maputo, Imprensa Nacional de Moçambique.

Moçambique. Lei nº 14/2011, de 10 de Agosto, que regula a formação da vontade da


Administração Pública e estabelece as normas de defesa dos direitos e interesses dos
particulares.

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