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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................................2
1.1. Objectivos....................................................................................................................................3
1.1.1. Geral....................................................................................................................................3
1.1.2. Específicos...........................................................................................................................3
1.2. Metodologia.................................................................................................................................4
2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................................................5
2.1. Noção de acto administrativo.......................................................................................................5
2.2. Conceitos de Actos Administrativos............................................................................................5
2.2.2. Funções primordiais dos actos administrativos....................................................................6
2.3. Requisitos de Validade (ou de Formação) do Ato Administrativo...............................................6
2.4. Mérito do Ato Administrativo.....................................................................................................8
2.5. Teoria dos Motivos Determinantes..............................................................................................9
2.6. Atributos/ características do Ato Administrativo.......................................................................10
2.7. Tipologia dos Actos Administrativos.........................................................................................12
2.7.1. Actos primários..................................................................................................................12
2.7.2. Actos Secundários..............................................................................................................14
2.8. Classificação do Acto Administrativo........................................................................................15
2.8.2. Quanto a formação, ao Autor ou ainda Sujeitos.................................................................16
2.8.3. Quanto aos Efeitos.............................................................................................................16
2.8.4. Quanto ao objeto................................................................................................................17
2.8.5. Quanto ao Regramento ou Grau de Liberdade...................................................................17
2.8.6. Quanto ao número de partes do ato administrativo............................................................18
2.8.7. Quanto à modificação da esfera jurídica dos afetados pelo ato administrativo..................18
2.9. Espécies ou Modalidades dos Atos Administrativos..................................................................18
2.10. Extinção do acto administrativo.............................................................................................19
3. CONCLUSÃO...................................................................................................................................20
3.1. Referências bibliográficas..........................................................................................................21

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1. INTRODUÇÃO
Este trabalho foi realizado no âmbito da cadeira de Direito Administrativo II, que pertence ao
plano do curso de Licenciatura em Administração Publica, Comercio e Finanças (4º ano, 8º
semestre), com o objectivo de falar do tema “actos Administrativos”.
Este tema foi escolhido entre vários outros temas apresentados por considerar que a matéria
sobre o acto administrativo é de grande importância para a disciplina de Direito Administrativo,
assim irei falar sucintamente considerando os aspectos mais importantes do tema.
A Administração Pública realiza sua função executiva por meio de atos jurídicos que
recebem a denominação especial de atos administrativos. Tais atos, por sua natureza, conteúdo e
forma, diferenciam-se dos que emanam do Legislativo (leis) e do Judiciário (decisões judiciais),
quando desempenham suas atribuições específicas de legislação e de jurisdição (Fonseca, 2014).
Temos, assim, na atividade pública geral, três categorias de atos inconfundíveis entre si: atos
legislativos, atos judiciais e atos administrativos (Fonseca, 2014).
A prática de atos administrativos cabe, em princípio e normalmente, aos órgãos executivos,
mas as autoridades judiciárias e as Mesas legislativas também os praticam restritamente, quando
ordenam seus próprios serviços, dispõem sobre seus servidores ou expedem instruções sobre
matéria de sua privativa competência (Fonseca, 2014).
Esses atos são tipicamente administrativos, embora provindos de órgãos judiciários ou de
corporações legislativas, e, como tais, se sujeitam a revogação ou a anulação no âmbito interno
ou pelas vias judiciais, como os demais atos administrativos do Executivo (Fonseca, 2014).

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1.1. Objectivos

1.1.1. Geral
 Avaliar os impactos dos actos administrativos sobre a administração pública.

1.1.2. Específicos
 Definir os conceitos de ato administrativo;
 Estabelecer os requisitos de validação dos actos administrativos;
 Identificar as características dos actos administrativos;
 Indicar os tipos de actos administrativos; e
 Descrever as espécies dos actos administrativos.

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1.2. Metodologia
Para a concretização dos objectivos específicos deste trabalho utilizamos como metodologia
a pesquisa bibliográfica, pois o presente trabalho de pesquisa foi meramente de revisão de
literatura. Esta pesquisa bibliográfica assentou-se também em manuais, artigos técnicos. O tipo
de pesquisa utilizado neste presente trabalho foi o descritivo, pois o que se pretende é descrever
os Actos Administrativos. A técnica de pesquisa adoptada neste trabalho foi a seguinte: efectuou-
se uma pesquisa bibliográfica, através da consulta de manuais, que abordam assuntos ligados ao
direito, direito administrativo, administração pública, administração pública em Moçambique e
Actos Administrativos, fez-se também a consulta de artigos científicos, teses, dissertações,
monografias, pesquisas científicas, mais algumas explanações e definições de conceitos
importantes utilizados durante a pesquisa desse trabalho, e por outro lado foi feita a pesquisa na
internet como forma de conhecer as actuais abordagens acerca dos Actos Administrativos.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Noção de acto administrativo


A noção de ato administrativo designa um ato jurídico de natureza especifica que determina o
sentido em que a regra de direito deve aplicar-se ao caso individual. O Ato administrativo é uma
consequência da submissão da Administração ao direito, ainda que haja surgido para qualificar
aquelas atuações da Administração pública excluídas da fiscalização dos Tribunais (Madrid,
1956).
Nem todos os atos praticados pela Administração são administrativos. Serão apenas aqueles
em que ela usa processos de poder público. Atos da Administração não se identificam com atos
administrativos. É uma expressão mais larga (Dalloz, 1958).
Ato da administração: medida provisória, sanção ou veto presidencial sobre lei, declaração
de guerra, etc.
Em dado momento tem considerado que a Administração pratica atos de direito privado,
ainda que a distinção entre gestão pública e gestão privada dos serviços públicos tenha muito
mais importância para os contratos em que a Administração intervém do que para os atos
unilaterais que ela é conduzida a produzir.

2.2. Conceitos de Actos Administrativos


Evidenciados os traços característicos dos actos praticados pelo Poder Público no exercício
da função administrativa, podemos não só verificar que tais actos, pelas características que lhe
são peculiares, são perfeitamente diferençáveis dos demais actos estatais e dos atos de direito
privado, como também, pelas mesmas características, podem ser perfeitamente considerados
como constitutivos de um bloco unitário. Isto permite que sejam tais actos agrupados sob uma
denominação própria, comum - de atos administrativos.

Os atos administrativos são actos jurídicos praticados, segundo o Direito Administrativo,


pelas pessoas administrativas, por intermédio de seus agentes, no exercício de suas competências
funcionais, capaz de produzir efeitos com fim público (Fonseca, 2014).

Actos Administrativos são a exteriorização da vontade da administração (ou de seus


delegatários), que produz efeitos jurídicos, sob regime jurídico de direito público.

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Acto Administrativo é uma estatuição autoritária, relativa a um caso concreto, praticado por
um órgão da administração, no uso de poderes administrativos e que visa produzir efeitos
jurídicos externos, positivos ou negativos.

Acto administrativo é a “declaração do Estado ou quem lhe faça as vezes (pode ser praticado
pelo Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário), expedida em nível inferior à lei – a
título de cumpri-la (distingue o ato administrativo da lei), sob regime de direito público
(distingue do ato administrativo do ato de direito privado) e sujeita a controle de legitimidade por
órgão jurisdicional (distingue o ato administrativo do ato jurisdicional) ”.

Acto Administrativo é a decisão que regula o caso concreto e que tem forca executória
própria. Segundo a Lei do procedimento Administrativo de Moçambique (2011) 1, o acto
administrativo é a decisão do órgão da administração que ao abrigo das normas de direito
publico visem produzir efeitos jurídicos numa situação individual e concreta (Ramalho, 2007).

2.2.1. Exemplos de atos administrativos


 Homologação do resultado final de concurso;
 Nomeação em cargo público;
 Exoneração de servidor;
 Adjudicação de objeto da licitação;
 Multa por estacionamento indevido.

2.2.2. Funções primordiais dos actos administrativos


 Implementar as competências materiais estatais (fonte e instrumento);
 Permitir o controlo da atividade administrativa (limite).

2.3. Requisitos de Validade (ou de Formação) do Ato Administrativo


“Requisitos”, são as exigências que a lei fórmula em relação a cada um dos elementos do
acto administrativo, para garantia da legalidade e do interesse público ou dos direitos subjectivos
e interesses legítimos dos particulares.2.

1
Lei nº 14/2011 de 10 de Agosto: procedimento Administrativo de Moçambique
2
Vista em: https://escola.mmo.co.mz/o-acto-administrativo/#ixzz6kPIuTjyG

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O exame do acto administrativo revela nitidamente a existência de cinco requisitos
necessários à sua formação, a saber: competência, finalidade, forma, motivo e objeto, Ramalho
(2007), acrescenta mais um requisito, o “sujeito” como sendo mais um dos requisitos/elementos
da estrutura para a formação do acto administrativo (Fonseca, 2014).

2.3.1. Sujeito
Constituem-se como sujeitos do acto administrativo, o autor e o destinatário, ou seja, o
acto administrativo relaciona-se a dois sujeitos: a administração pública e um particular, ou por
vezes pessoas colectivas públicas (Ramalho, 2007).

2.3.2. Competência
Para a prática do acto administrativo a competência é a condição primeira de sua
validade. Nenhum acto - discricionário ou vinculado - pode ser realizado validamente sem que o
agente disponha de poder legal para praticá-lo (Fonseca, 2014).
Entende-se por competência administrativa o poder atribuído ao agente da Administração
para o desempenho específico de suas funções. A competência resulta da lei e por ela é
delimitada (Fonseca, 2014).

2.3.3. Finalidade
A finalidade a ser buscada por um agente público, quando pratica um acto
administrativo é aquela que a lei indica explícita ou implicitamente; não cabe ao administrador
escolher outra, ou substituir a indicada na norma administrativa (Fonseca, 2014). O acto
administrativo deve ter por finalidade sempre o interesse público. Não se compreende acto
administrativo sem fim público. A finalidade é, assim, elemento vinculado de todo acto
administrativo - discricionário ou regrado - porque o Direito Positivo não admite acto
administrativo sem finalidade pública ou desviado de sua finalidade específica (Fonseca, 2014).

2.3.4. Forma
É o revestimento exteriorizador do acto administrativo, a vontade da administração
exige procedimentos especiais, formal e legal, ou seja, por escrito (Fonseca, 2014).
Enquanto a vontade dos particulares pode manifestar-se livremente, a da Administração
exige procedimentos especiais e forma legal para que se expresse validamente. Todo acto
administrativo é, em princípio, formal (Fonseca, 2014).

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2.3.5. Objeto
O objeto identifica-se com o conteúdo do acto, através do qual a Administração manifesta
seu poder e sua vontade, ou atesta simplesmente situações preexistentes. O acto administrativo
deve ter objeto lícito, possível e de interesse da Administração Pública (Fonseca, 2014).

2.3.6. Motivo
O motivo ou causa é a situação de direito ou de fato que determina ou autoriza a
realização do acto administrativo. O motivo, como elemento integrante da perfeição do acto,
pode vir expresso em lei como pode ser deixado ao critério do administrador. No primeiro caso
será um elemento vinculado; no segundo, discricionário, quanto à sua existência e valoração
(Fonseca, 2014).

2.4. Mérito do Ato Administrativo


O conceito de mérito administrativo poderá ser assinalada sua presença toda vez que a
Administração decidir ou atuar valorando internamente as consequências ou vantagens do acto.
O mérito administrativo consubstancia-se, portanto, na valoração dos motivos e na escolha do
objeto do acto, feitas pela Administração incumbida de sua prática, quando autorizada a decidir
sobre a conveniência, oportunidade e justiça do acto a realizar (Fonseca, 2014).
Com efeito, nos actos vinculados, onde não há faculdade de opção do administrador, mas
unicamente a possibilidade de verificação dos pressupostos de direito e de fato que condicionam
o processus administrativo, não há falar em mérito, visto que toda a atuação do Executivo se
resume no atendimento das imposições legais (Fonseca, 2014).
Em tais casos a conduta do administrador confunde-se com a do juiz na aplicação da lei,
diversamente do que ocorre nos atos discricionários, em que, além dos elementos sempre
vinculados (competência, finalidade e forma), outros existem (motivo e objeto), em relação
aos quais a Administração decide livremente, e sem possibilidade de correção judicial, salvo
quando seu proceder caracterizar excesso ou desvio de poder (Fonseca, 2014).

O que convém reter é que o mérito administrativo tem sentido próprio e diverso do
mérito processual e só abrange os elementos não vinculados do ato da Administração, ou
seja, aqueles que admitem uma valoração da eficiência, oportunidade, conveniência e
justiça (Fonseca, 2014).

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No mais, ainda que se trate de poder discricionário da Administração, o ato pode ser revisto e
anulado pelo judiciário, desde que, sob o rótulo de mérito administrativo, se aninhe qualquer
ilegalidade resultante de abuso ou desvio de poder (Fonseca, 2014).

Assim, são invalidados os actos administrativos que desentendam os pressupostos legais e


regulamentares de sua edição, ou os princípios de administração, especialmente nos casos de:
incompetência da pessoa jurídica, órgão ou agente de que emane; omissão de formalidades ou
procedimentos essenciais; impropriedade do objecto; inexistência ou impropriedade do motivo
de facto ou de direito; desvio de poder; falta ou insuficiência de motivação. E nos actos
discricionários, será razão de invalidade a falta de correlação lógica entre o motivo e o conteúdo
do acto, tendo em vista sua finalidade (Fonseca, 2014).

Poderíamos então concluir que a discricionariedade do ato discricionário está no seu motivo
e no seu objeto. Esta discricionariedade que significa a liberdade, a conveniência e oportunidade
é o que se denomina mérito do ato administrativo.

2.5. Teoria dos Motivos Determinantes


Teoria dos Motivos Determinantes - relaciona-se com o motivo do ato administrativo, é
aquela que prende o administrador no momento da execução do ato aos motivos que ele alegou
no momento de sua edição, sujeitando-se à demonstração de sua ocorrência, de tal modo que, se
inexistentes ou falsos, implicam em sua nulidade.

Pela motivação, o administrador público justifica sua ação administrativa, indicando os fatos
(pressupostos de fato) que ensejam o acto e os preceitos jurídicos (pressupostos de direito) que
autorizam sua prática. Só está certos, em actos administrativos, oriundos do poder discricionário,
a justificação será dispensável, bastando apenas evidenciar a competência para o exercício desse
poder e a conformação do acto com o interesse público, que é pressuposto de toda atividade
administrativa (Fonseca, 2014).

Em outros actos administrativos, porém, que afetam o interesse individual do administrado, a


motivação é obrigatória, para o exame de sua legalidade, finalidade e moralidade administrativa
(Fonseca, 2014).

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A teoria dos motivos determinantes funda-se na consideração de que os actos
administrativos, quando tiverem sua prática motivada, ficam vinculados aos motivos expostos,
para todos os efeitos jurídicos (Fonseca, 2014).
Tais motivos é que determinam e justificam a realização do acto, e, por isso mesmo, deve
haver perfeita correspondência entre eles e a realidade (Fonseca, 2014).
Mesmo os actos discricionários, se forem motivados, ficam vinculados a esses motivos como
causa determinante de seu cometimento e se sujeitam ao confronto da existência e legitimidade
dos motivos indicados. Havendo desconformidade entre os motivos determinantes e a realidade,
o ato é inválido (Fonseca, 2014).

Exemplificando, para maior compreensão, por exemplo, se o superior, ao dispensar um


funcionário exonerável ad nutum, declarar que o faz por improbidade de procedimento, essa
"improbidade" passará a ser motivo determinante do acto e sua validade e eficácia ficarão na
dependência da efetiva existência do motivo declarado. Se inexistir a declarada "improbidade"
ou não estiver regularmente comprovada, o acto de exoneração será inválido, por ausência ou
defeito do motivo determinante. No mesmo caso, porém, se a autoridade competente houvesse
dispensado o mesmo funcionário sem motivar a exoneração (e podia fazê-lo, por se tratar de ato
decorrente de faculdade discricionária), o acto seria perfeitamente válido e inatacável (Fonseca,
2014).

2.6. Atributos/ características do Ato Administrativo


Os atos administrativos, como emanação do Poder Público, trazem em si certos atributos que
os distinguem dos atos jurídicos privados e lhes emprestam características próprias e condições
peculiares de atuação (Fonseca, 2014).
Temos de distinguir, a este propósito, as características comuns a todos os actos
administrativos das características específicas do tipo mais importante de acto administrativo,
que é o acto definitivo e executório. As características comuns a todos os actos administrativos
são cinco:
 Subordinação à lei: nos termos do princípio da legalidade, o acto administrativo tem de ser
em tudo conforme com a lei, sob pena de ilegalidade (Fonseca, 2014).

Os atos administrativos, qualquer que seja sua categoria ou espécie, nascem com a presunção
de legitimidade, independentemente de norma legal que a estabeleça. Essa presunção decorre do

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princípio da legalidade da Administração, que, nos Estados de Direito, informa toda a atuação
governamental (Fonseca, 2014).

 Presunção de legalidade: é o efeito positivo do princípio da legalidade. Todo o acto


administrativo, porque emana de uma autoridade, de um órgão da Administração, e porque é
exercício de um poder público regulado pela lei, presume-se legal até decisão em contrário
do Tribunal competente.
 Imperatividade: é uma consequência da característica anterior. Por vir de quem vem e por
ser o que é, por se presumir conforme à legalidade vigente, o acto administrativo goza de
imperatividade, isto é, o seu conteúdo é obrigatório para todos aqueles em relação aos quais o
acto seja eficaz, e é o nomeadamente tanto para os funcionários públicos que lhe hajam de
dar execução, como para os particulares que o tenham de acatar.
 Revogabilidade: o acto administrativo é por natureza revogável pela Administração. Porque
a sua função é prosseguir o interesse público, e este é eminentemente variável. O acto
administrativo é por essência revogável, o que permite à Administração ir modificando os
termos em que os problemas da sua competência vão sendo resolvidos, de harmonia com as
exigências mutáveis do interesse público.
 Sanabilidade: o acto ilegal é susceptível de recurso contencioso e, se for anulável, pode ser
anulado pelo Tribunal Administrativo. Mas, se ninguém recorrer dentro dos prazos legais, a
ilegalidade fica sanada e o acto convalida-se.
 Autoridade: consequência do poder de decisão unilateral da Administração, que se traduz na
obrigatoriedade do acto administrativo para todos aqueles relativamente a quem ele produza
os seus efeitos.

Para além destes princípios, importa salientar as três principais características específicas do acto
administrativo definitivo e executório (Fonseca, 2014):

 Condição necessária do uso da força: a Administração não pode fazer uso da força sem
primeiro ter adquirido a legitimidade necessária para o efeito, praticando um acto definitivo e
executório. Sem acto definitivo e executório prévio, não é possível recorrer ao uso da força;
 Possibilidade de execução forçada: o acto definitivo e executório, se não for acatado ou
cumprido pelos particulares, pode em princípio ser-lhes imposto pela Administração por
meios coactivos. É uma consequência do privilégio de execução prévia;

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 Impugnabilidade contenciosa: o acto definitivo e executório é susceptível de recurso
contencioso, no qual os interessados podem alegar a ilegalidade do acto e pedir a respectiva
anulação. Por via de regra, os actos que não sejam definitivos e executórios não são
susceptíveis de recurso contencioso perante os Tribunais Administrativos. A
impugnabilidade contenciosa é, assim, uma característica específica dos actos
administrativos definitivos e executórios.

2.7. Tipologia dos Actos Administrativos


Os actos administrativos dividem-se em dois grandes grupos: os actos primários e os actos
secundários (Fonseca, 2014).

2.7.1. Actos primários


São “actos primários”, aqueles que versam pela primeira vez sobre uma determinada
situação da vida. Dentro dos actos primários, há que distinguir, basicamente, entre actos
impositivos, actos permissivos e meros actos administrativos (Fonseca, 2014).

2.7.1.1. Actos Impositivos


São aqueles que impõem a alguém uma determinada conduta ou sujeição a determinados
efeitos jurídicos. Há que distinguir quatro espécies:
 Actos de comando: aqueles que impõem a um particular a adopção de uma conduta positiva
ou negativa, assim: (1) se impõem uma conduta positiva, chamam-se ordens; (2) se impõem
uma conduta negativa chama-se proibições.
 Actos punitivos: são aqueles que impõem uma sanção a alguém.
 Actos ablativos: são aqueles que impõem o sacrifício de um direito.
 Juízos: são os actos pelos quais um órgão da Administração qualifica, segundo critérios de
justiça, pessoas, coisas, ou actos submetidos à sua apreciação.

2.7.1.2. Actos Permissivos


São aqueles que possibilitam a alguém a adopção de uma conduta ou omissão de um
comportamento que de outro modo lhe estariam vedados. Estes distribuem-se por dois grandes
grupos (Fonseca, 2014):

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Os actos que conferem ou ampliam vantagens:
a) A “autorização”: é o acto pelo qual um órgão da Administração permite a alguém o
exercício de um direito ou de uma competência preexistente.
b) A “licença”: é o acto pelo qual um órgão da Administração atribui a alguém o direito de
exercer uma actividade que é por lei relativamente proibida.
c) A “subvenção”: pela qual um órgão da Administração Pública atribui a um particular uma
quantia em dinheiro destinada a custear a prossecução de um interesse público específico.
d) A “concessão”: é o acto pelo qual um órgão da Administração transfere para a entidade
privada o exercício de uma actividade pública, que o concessionário desempenhará por sua
conta e risco, mas no interesse geral.
e) A “delegação”: é o acto pelo qual um órgão da Administração, normalmente competente em
determinada matéria, permite, de acordo com a lei, que outro órgão ou agente pratiquem
actos administrativos sobre a mesma matéria.
f) A “admissão”: é aquela pelo qual um órgão da Administração pública investe um particular
numa determinada categoria legal, de que decorre a atribuição de certos direitos e deveres.

Os actos que eliminam ou reduzem encargos:


a) A dispensa: é o acto administrativo que permite a alguém, nos termos da lei, o não
cumprimento de uma obrigação geral, seja em atenção a outro interesse público (isenção),
seja como forma de procurar garantir o respeito pelo princípio da imparcialidade da
Administração Pública (escusa).
b) A renúncia: que consiste no acto pelo qual um órgão da Administração se despoja da
titularidade de um direito legalmente disponível.

2.1.7.3. Meros Actos Administrativos


São actos que não traduzem uma afirmação de vontade, mas apenas simples declarações de
conhecimento ou de inteligência. Destacam-se duas categorias (Fonseca, 2014):
a) Declarações de conhecimento: são actos pelos quais um órgão da Administração exprime
oficialmente o conhecimento que tem de certos factos ou situações. É o caso por exemplo,
das participações, certificados, certidões, atestados, informações prestadas ao público
(Fonseca, 2014).

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b) Actos opinativos: são actos pelos quais um órgão da Administração emite o seu ponto de
vista acerca de uma questão técnica ou jurídica. Dentro destes, há que distinguir três
modalidades (Fonseca, 2014):
 As informações burocráticas, são as opiniões prestadas pelos serviços ao superior
hierárquico competente para decidir;
 As recomendações, são actos pelos quais se emite uma opinião, consubstanciando um apelo
a que o órgão competente decida daquela maneira, mas que o não obriga a tal; e
 Os pareceres, são actos opinativos elaborados por peritos especializados em certos ramos do
saber, ou por órgãos colegiais de natureza consultiva.

2.7.2. Actos Secundários


Os “actos secundários”, por seu turno, são aqueles que versam sobre um acto primário
anteriormente praticado e só indirectamente sobre a situação real subjacente ao acto primário:
têm por objecto um acto primário preexistente, ou então versam sobre uma situação que já tinha
sido regulada através de um acto primário. Os actos secundários distinguem-se em três
categorias: actos integrativos, actos saneadores, actos desintegradores, mas agora só nos vamos
referir aos actos integrativos (Fonseca, 2014).

 Actos integrativos, são os actos que visem completar actos administrativos anteriores, cinco
categorias:
 A homologação: é o acto administrativo que absorve os fundamentos e conclusões de
uma proposta ou de uma parecer apresentados por outro órgão;
 A aprovação: é o acto pelo qual um órgão da Administração exprime a sua concordância
com um acto definitivo praticado por outro órgão administrativo, e lhe confere
executoriedade.
 O visto: não é um acto substancialmente diferente da aprovação. A única diferença que
existe é que, enquanto a aprovação é praticada por um órgão activo, o visto é praticado
por um órgão de controlo.
 A confirmação: é o acto administrativo pelo qual um órgão da Administração reitera e
mantém em vigor um acto administrativo anterior.

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 A ratificação confirmativa: é o acto pelo qual o órgão normalmente competente para
dispor sobre certa matéria exprime a sua concordância relativamente aos actos praticados,
em circunstâncias extraordinárias, por um órgão excepcionalmente competente.

2.8. Classificação do Acto Administrativo


A classificação dos atos administrativos não é uniforme entre os publicistas, dada a
diversidade de critérios que podem ser adotados para seu enquadramento em espécies ou
categorias afins (Fonseca, 2014).

2.8.1. Quanto aos Destinatários


Quanto aos seus destinatários, os atos administrativos podem ser gerais ou individuais.
 Atos administrativos gerais ou regulamentares são aqueles expedidos sem destinatários
determinados, com finalidade normativa, alcançando todos os sujeitos que se encontrem na
mesma situação de fato abrangida por seus preceitos. Exemplos desses atos são os
regulamentos, nas instruções normativas e nas circulares ordinatórias de serviços (Fonseca,
2014).
A característica dos atos gerais é que eles prevalecem sobre os atos individuais, ainda que
provindos da mesma autoridade. Assim, um decreto individual não pode contrariar um
decreto geral ou regulamentar em vigor. Isto porque o acto normativo tem preeminência
sobre o acto específico (Fonseca, 2014).
Os atos gerais, quando de efeitos externos, dependem de publicação no órgão oficial para
entrar em vigor e produzir seus resultados jurídicos, pois os destinatários só ficam sujeitos às
suas imposições após essa divulgação (Fonseca, 2014).
 Atos administrativos individuais ou especiais são todos aqueles que se dirigem a
destinatários certos, criando-lhes situação jurídica particular. O mesmo acto, pode abranger
um ou vários sujeitos, desde que sejam individualizados. Tais actos, quando de efeitos
externos, entram em vigência pela publicação no órgão oficial, e, se de efeitos internos ou
restritos a seus destinatários, admitem comunicação direta para início de sua operatividade ou
execução (Fonseca, 2014).
São atos individuais os decretos de desapropriação, de nomeação, de exoneração, assim
como as outorgas de licença, permissão e autorização, e outros mais que conferem um direito
ou impõem um encargo a determinado administrado ou servidor (Fonseca, 2014).

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2.8.2. Quanto a formação, ao Autor ou ainda Sujeitos
As Decisões, são todos os actos administrativos que contenham a solução de um
determinado caso concreto. As Deliberações, são as decisões tomadas por órgãos colegiais
(Fonseca, 2014).
Chamam-se “actos simples”, aqueles que provêm de um só órgão administrativo, actos
composto aqueles que provem de (mais de uma manifestação de vontade, sendo um principal e a
outra secundária) e “actos complexos” são aqueles em que cuja feitura intervêm dois ou mais
órgãos administrativos (Fonseca, 2014).

A complexidade do acto administrativo, neste sentido, pode ser igual ou desigual. Diz-se
que há “complexidade igual”, quando o grau de participação dos vários autores na prática do acto
é o mesmo. A complexidade igual corresponde assim a noção de co-autoria. Diz-se que há
“complexidade desigual” quando o grau de participação dos vários intervenientes não é o mesmo
(Fonseca, 2014).

2.8.3. Quanto aos Efeitos


2.8.3.1. Alcance ou destinação
Estes podem ser, “actos internos”, aqueles cujos efeitos jurídicos se produzem no
interior da pessoa colectiva cujo órgão os praticou; são “actos externos”, aqueles cujos os
efeitos jurídicos se protegem na esfera jurídica de outros sujeitos de direito diferentes daqueles
que praticou o acto (Fonseca, 2014).

Diz-se “acto de execução instantânea”, aquele cujo cumprimento se esgota num acto ou
facto isolado. Pelo contrário, um acto diz-se de “execução continuada”, quando a sua execução
perdura no tempo (Fonseca, 2014).

Consideram-se “actos positivos”, aqueles que produzem uma alteração da ordem


jurídica. São “actos negativos”, aqueles que consistem na recusa de introduzir uma alteração na
ordem jurídica. Há três exemplos típicos destes actos negativos: a omissão dum comportamento
devido, o silêncio perante um pedido apresentado à Administração por um particular, e o
indeferimento expresso ou tácito duma pretensão apresentada (Fonseca, 2014).

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São “actos declarativos”, aqueles que se limitam a verificar a existência ou a reconhecer
a validade de direitos ou situações jurídicas preexistentes. São “actos constitutivos”, aqueles que
criam, modificam ou extinguem direitos ou situações jurídicas (Fonseca, 2014).

2.8.4. Quanto ao objeto


Acto de império (a Administração pratica usando da sua supremacia sobre o
administrado ou servidor e lhes impõe obrigatório atendimento). É o que ocorre nas
desapropriações, nas interdições de atividade, nas ordens estatutárias. Tais atos podem ser gerais
ou individuais, internos ou externos, mas sempre unilaterais, expressando a vontade onipotente
do Estado e seu poder de coerção (Fonseca, 2014);
Acto de gestão (a Administração pratica sem valer-se da sua supremacia sobre os
destinatários). Esses atos serão sempre de administração, mas nem sempre administrativos
típicos, principalmente quando bilaterais, de alienação, oneração ou aquisição de bens, que se
igualam aos do Direito Privado, apenas antecedidos de formalidades administrativas para sua
realização (autorização legislativa, licitação, avaliação etc.); e

Actos de expediente (destinam a impulsionar os processos administrativos e papéis que


tramitam pelas repartições públicas, preparando-os para a decisão de mérito a ser proferida pela
autoridade competente). São atos de rotina interna, sem caráter vinculante e sem forma especial,
geralmente praticados por servidores subalternos, sem competência decisória.

2.8.5. Quanto ao Regramento ou Grau de Liberdade


Quanto ao seu regramento, os atos podem ser vinculados e discricionários (Fonseca,
2014).
Actos vinculados ou regrados são aqueles para os quais a lei estabelece os requisitos e
condições de sua realização. Nessa categoria de actos, as imposições legais absorvem, quase que
por completo, a liberdade do administrador, uma vez que sua ação fica adstrita aos pressupostos
estabelecidos pela norma legal para a validade da atividade administrativa.

Actos discricionários são os que a Administração pode praticar com liberdade de escolha
de seu conteúdo, de seu destinatário, de sua conveniência, de sua oportunidade e do modo de sua
realização. A rigor, a discricionariedade não se manifesta no ato em si, mas sim no poder de a

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Administração praticá-lo pela maneira e nas condições que repute mais convenientes ao interesse
público.

2.8.6. Quanto ao número de partes do ato administrativo:


o Unilateral – formação da vontade pelo órgão emitente.
o Bilateral - formação da vontade entre dois interesses distintos.
o Plurilateral - conjugação de uma pluralidade de interesses.

2.8.7. Quanto à modificação da esfera jurídica dos afetados pelo ato administrativo
o Ampliativos – concedem direitos e garantias aos usuários/cidadãos.
o Restritivos – restringem direitos e garantias aos usuários/cidadãos.

2.9. Espécies ou Modalidades dos Atos Administrativos


 Actos normativos: são os que contêm comando geral visando a correta aplicação da lei.
Detalhar melhor o que a lei previamente estabeleceu. Ex. Decretos, regulamentos,
regimentos, resoluções, deliberações; instrumentos normativos; etc (Fonseca, 2014).
 Actos ordinatórios – visam a disciplinar o funcionamento da Administração e a conduta
funcional dos seus agentes (fundamento do poder hierárquico). Ex. Instruções, circulares,
ordens de serviço; avisos; portarias, ofícios; etc (Fonseca, 2014).
 Actos negociais – são aqueles que contém uma declaração de vontade da Administração,
coincidente com a pretensão do particular, visando concretizar atos jurídicos, nas condições
previamente impostas pela Administração Pública. Ex: licenças, permissões, autorização, etc.
 Actos enunciativos – são todos aqueles em que a Administração se limita a certificar ou
atestar um fato, ou então a emitir uma opinião acerca de um determinado tema. Ex. Certidão
(administrativas), emissão de atestado, parecer (Fonseca, 2014).
 Actos punitivos – são aqueles que contém uma sanção imposta pela Administração àqueles
que infringem disposições legais, regulamentares e ordinatórias de bens e serviços públicos,
visam punir ou reprimir as infrações administrativas ou o comportamento irregular dos
servidores ou dos particulares, perante a Administração, podendo a atuação ser interna ou
externa - ex. multas, interdições de actividades, destruição de coisas (nocivas ao consumo ou
proibidas por lei) (Fonseca, 2014).

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2.10. Extinção do acto administrativo
Extinção natural - Exaurimento material da situação que é objeto do ato administrativo
(ipsu iuri); Exemplo: Licença para construir que se extingue ao final da obra.

Desaparecimento da pessoa (subjectivo) ou coisa (objectivo) - Esvaziamento do objeto ou


pessoa atingida pelo ato administrativo; Tombamento de imóvel que se extingue após a
demolição, etc.

Renuncia - Recusa pelo particular de ato ampliativo gerador de direitos; Impossibilidade de


renunciar obrigações. Exemplo: Servidor público que renuncia à nomeação para assumir função
de chefia.
Anulação - Extinção de ato ilegal. Efeitos retroativos; Atos unilaterais ampliativos e de
funcionário de fato. Não gera dever de indenizar, salvo comprovado dano a particular de boa-fé;
Autotutela pela Administração Pública ou Poder Judiciário, desde que provocado; prazo
decadencial.
A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e
pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
judicial.”

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3. CONCLUSÃO
A fim de responder aos objectivos propostos, concluo que o actos administrativos: são os
praticados no exercício da função administrativa, no exercício do direito público, e ensejando a
manifestação de vontade do Estado. É uma manifestação da vontade funcional apta a gerar
efeitos jurídicos, produzida no exercício da função administrativa.
O acto administrativo revela nitidamente a existência inicial de cinco requisitos
necessários à sua formação, a saber: competência, finalidade, forma, motivo e objeto. Um sexto
requisito foi adicionado ao conjunto, denominado sujeito.
As principais características do acto administrativo são: subordinação a lei, presunção da
legalidade, imperatividade, revogabilidade, a sanabilidade, a autoridade, a condição necessária
do uso da forca, e a impugnabilidade contenciosa.
No que concerne a tipologia, os actos administrativos dividem-se em dois grandes grupos:
os actos primários e os actos secundários
A classificação dos atos administrativos não é uniforme entre os publicistas, dada a
diversidade de critérios que podem ser adotados para seu enquadramento em espécies ou
categorias afins.

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3.1. Referências bibliográficas
 Dalloz, Répertoire de Droit Public et Administratif, tomo I, Paris, Jurisprudence Générale
Dalloz, 1958, págs. 10 e 11.
 Fonseca, A. S. (2014). Atos administrativos / Albérico Santos Fonseca. – João Pessoa, PB:
[s.n].1. 13 p.
 Ramalho, F. R. (2007). Actos administrativos: conceito, estrutura, objecto e conteúdo.
Trabalho para a disciplina de Direito Administrativo, curso de Licenciatura em Ciência da
Informação, Faculdade de Letras – Universidade do Porto, 9 p.
 Régimen de Impugnación de los Actos Administrativos", Instituto de Estudos Políticos,
Madrid, 1956, págs. 98 e 99.

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