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Regime pós-laboral
Discentes : Docente:
Delso Vilanculo
Tomás Alfredo
Maio, 2020
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO........................................................................................................4
1.Lacunas de lei........................................................................................................5
2.Processos de integração......................................................................................5-6
6.Das proibições………………………………………......................……………..8
7.CONCLUSÃO........................................................................................................9
Introdução
O presente trabalho tem como tema Lacunas de lei e sua integração.Os antigos latinos diziam
que ubi societas, ibi jus (onde existe a sociedade, aí existe o direito), ou seja, não se pode
conceber uma sociedade que não tenha direito, isto é, leis que regulem as relações entre os seus
membros. Entretanto, dado que a sociedade é dinâmica (transforma-se ao longo do tempo),por
mais que as normas jurídicas tenham a vocação nobre de regular a vida social, elas não
conseguem prever todo o volume de situações que emergem a cada dia no meio social. Deste
modo, haverá casos que não foram previstos pelas normas jurídicas, e nessa hipótese podemos
dizer que estamos diante de “vazios” ou “lacunas” nas normas jurídicas.Nesse sentido, o
objectivo geral do presente trabalho é analisar as lacunas de lei e sua integração. Temos como
objectivos específicos: (i) definir lacunas de lei; (ii) apresentar os pressupostos de existência de
lacunas de lei ; (iii) apresentar os tipos de lacunas de lei (iv) apresentar os procedimentos de
integração das lacunas de lei no sistema jurídico português, brasileiro e moçambicano.Usou-se,
no presente trabalho, o método de pesquisa bibliográfica e a hermenêutica como técnica. O
trabalho apresenta-se em temas e subtemas seguindo a ordem dos objectivos específicos, Em
suma, numa visão geral, a integração das lacunas de lei é a actividade de colmatar omissões ou
vazios em domínios que o Direito deveria reger.
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.Lacunas de lei
Orlando Bravo (1995) entende que há lacunas de lei quando há falta de preceitos legais que
regulem, directamente, determinadas situações. Na mesma perspectiva está Marcelo Rebelo de
Sousa (2000) que entende que há lacunas de lei quando se verifica a falta de uma regra jurídica
para reger certa matéria que tem de ser prevista e regulada pelo Direito. Entretanto, Sousa
adverte-nos que a lacuna jurídica não se esgota na ausência da lei. Se, perante um vazio legal,
houver uma regra não escrita, costumeira ou consuetudinária aplicável ao caso, não existe, então,
lacuna alguma. Portanto, a lacuna jurídica supõe a ausência de lei e a ausência de costume.
Pressupostos de existência de lacunas de lei
Na perspectiva de Sousa ( 2000) para que haja lacunas de lei tem de haver, cumulativamente,
ausência de disciplina jurídica e imprescindibilidade dessa mesma disciplina, ou seja, (i) tem de
haver um vazio jurídico; e (ii) o vazio tem de respeitar a matéria que o Direito não pode ignorar,
matéria que deve ser juridicamente conformada. Assim, por exemplo, não consubstancia uma
situação de lacuna o facto de não existir regulação jurídica para as relações entre padrinho e
afilhado, ou para as formas de saudação entre vizinhos.
Serão todas as lacunas idênticas? Que tipos de lacunas existem? Na óptica de Sousa ( 2000) nem
todas as lacunas são estruturalmente idênticas. Existem, basicamente, dois tipos de lacunas,
respectivamente: (i) as lacunas de previsão, que se traduzem na falta de previsão de uma certa
situação de facto; e (ii) as lacunas de estatuição, que revelam a ausência das consequências a que
o Direito faz corresponder a verificação de determinada situação de facto. Pense-se, por
exemplo, na hipótese de alguém ter violado uma obrigação legal sem que o ordenamento jurídico
forneça a consequência para um tal acto.
Cumpre-nos, ainda, explicar o sentido da expressão facto similar. Rebelo de Sousa (2000) ajuda-
nos a explicar essa noção : a similitude não significa uma mera comparação crua de situações de
facto, mas, mais do que isso, uma comparação de qualificações jurídicas, ou seja, o que interessa
não é a similitude material entre factos, mas a sua caracterização pelo Direito.
A analogia juris aproxima-se da analogia legis por ser ainda analogia, mas distingue-se dela
quando apela directamente aos princípios jurídicos.Segundo Sousa (2000) a analogia juris surge
em momento logicamente subsequente à analogia legis, isto é, recorre-se à analogia juris quando
não foi possível descobrir uma disciplina aplicável pela via da analogia legis. Por outras
palavras, atendendo à natureza do que está em causa, apela-se ao princípio quando não se obteve
êxito na determinação da regra. A analogia juris nasce da impossibilidade de recorrer a uma
regra determinada. Por isso, obriga a olhar para o conjunto do ordenamento jurídico e, a partir da
conjugação integrada das várias regras que o compõem, permite retirar uma orientação
operatória. Que fazer se não se descobrir um caso análogo? O n˚.3 do artigo 10.˚ a princípio
citado afirma que a situação é resolvida segundo a norma que o intérprete criaria se houvesse de
legislar dentro do espírito do sistema.
Sousa (2000) afirma que o recurso à norma que o intérprete criaria surge naquelas situações
relativamente às quais não se vislumbra a referida similitude com situações juridicamente
reguladas. Qual então a solução? Resolver o caso concreto como se ele constituísse o pretexto
para uma intervenção legislativa especificamente dirigida à regulação das questões que o
mencionado caso coloca. No fundo, quem está a integrar uma lacuna coloca-se na posição do
Parlamento, ou do Governo, olha para as regras e os princípios do Direito português, dos mais
gerais aos mais específicos de certo ramo jurídico, e, tomando-os em consideração, apresenta
uma solução para o caso omisso no espírito do ordenamento jurídico português.
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Segundo Reale (2001) no sistema jurídico brasileiro a própria LINDB, em seu art. 4º, dispõe que,
“quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito. O autor adverte-nos que embora o costume seja tido como uma
forma de integração, ele é, antes de mais, uma norma jurídica típica, só que não escrita. Desse
modo, quando o intérprete, ao procurar no sistema jurídico a norma a ser aplicada, encontra
apenas o costume jurídico, não há lacuna, pois o costume é norma própria do ordenamento
jurídico e, como tal, um elemento que faz parte do sistema.
Reale (2001) também explica que os princípios gerais do Direito são o penúltimo reduto de onde
o intérprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna. Caso ele aí não a encontre, cabe-
lhe, então, recorrer à equidade, como forma última de preenchimento da lacuna. A equidade é,
assim, uma colmatação justa da falha do ordenamento jurídico.
Conclusão
As lacunas de lei revelam que, embora as normas jurídicas se apresentem como reguladoras da
vida social, elas não são perfeitas. Por mais sábio que o legislador seja, ele não pode conseguir
prever todas as situações da vida actual e da vida do amanhã, pelo que haverá,em qualquer lei,
lacunas. Essas não derivam necessariamente da ignorância do legislador, como muitos podem
pensar, as lacunas de lei são uma limitação sui generis, ou seja, específica da natureza contextual
da lei, razão pela qual a própria lei prevê mecanismos de integração, formas de colmatar a
lacuna. Em suma, importa referir que as lacunas apresentam-se nas normas jurídicas e não no
sistema jurídico ems i.
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Referências Bibliográficas
BRAVO,Orlando. Introdução ao Direito.Lisboa, Porto Editora, 1995.
DE SOUSA, Marcelo Rebelo . Introdução ao estudo do Direito.5.ed.,Lisboa ,2000.
NUNES, Rizzatto .Manual de introdução ao estudo do direito : com exercícios para sala de
aula e lições de casa. 14. ed.,São Paulo, Saraiva, 2017.
EXERCÍCIOS
42.As sociedades em sentido histórico são involuntárias porque não dependem da vontade
humana, nenhum Homem decidiu acordar e, de repente, as criar, elas aparecem como
fruto da evolução da própria história.
43.A harmonia social, não significando ausência de conflitos, é a prevalência dos factores de
unidade sobre os factores de divisão com vista a realização dos objectivos da própria
sociedade.
44. Os interesses são divergentes quando não podem ser satisfeitos ao mesmo tempo, no
mesmo lugar e simultaneamente.Para satisfazê-los é preciso definir prioridades e
hierarquia.
45. A essência da função política do Direito é : garantir o cumprimento das normas jurídas
quer seja, se necessário, por meio da força com vista a garantir a harmonia social.
46. Há, entre o Direito subjectivo e objectivo uma relação de oposição : o subjectivo diz
respeito as minhas prerrogativas, o que posso fazer, o segundo diz respeito ao que devo
fazer.
47. O Direito natural é aquele que vem da natureza. É universal, atemporal , objectivo e
exterior a vontade do Homem.
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