Você está na página 1de 229

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO

CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DE SEGURANÇA (CAES)


“CEL PM NELSON FREIRE TERRA"

Cap PM José Rafael Seiço Kato

O cavalo ideal de policiamento

São Paulo
2022
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO
CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DE SEGURANÇA (CAES)
“CEL PM NELSON FREIRE TERRA”

Cap PM José Rafael Seiço Kato

O cavalo ideal de policiamento

Dissertação apresentada no Centro de


Altos Estudos de Segurança como parte
dos requisitos para a aprovação no
Mestrado Profissional em Ciências
Policiais de Segurança e Ordem Pública.

Cel PM Henguel Ricardo Pereira - Orientador

São Paulo
2022
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO
CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DE SEGURANÇA (CAES)
“CEL PM NELSON FREIRE TERRA”

Cap PM José Rafael Seiço Kato

O cavalo ideal de policiamento

Dissertação apresentada no Centro de


Altos Estudos de Segurança como parte
dos requisitos para a aprovação no
Mestrado Profissional em Ciências
Policiais de Segurança e Ordem Pública.

( ) Recomendamos disponibilizar para pesquisa


( ) Não recomendamos disponibilizar para pesquisa
( ) Recomendamos a publicação
( ) Não recomendamos a publicação

São Paulo, _____ de _______ de 2022.

_____________________________________________________
Cel PM Henguel Ricardo Pereira
Doutor em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública – CAES

_____________________________________________________
Maj PM André Frisene
Mestre em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública – CAES

_____________________________________________________
Maj PM Robinson Costa Silva
Mestre em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública – CAES
Este trabalho é dedicado:
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, sem ele eu não teria
capacidade para desenvolver a presente pesquisa científica.
Dedico também a minha família: minha esposa Telma e meu filho Miguel,
que sempre me apoiaram e estiveram ao meu lado ao longo desta jornada.
AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Cel PM Henguel Ricardo Pereira, grande oficial e


comandante de Cavalaria, que aceitou o convite em orientar o presente trabalho; ao
passo que pelos ensinamentos transmitidos no decorrer da orientação, de forma
clara, sábia e segura foram imprescindíveis para a realização desta pesquisa.
Agradeço aos Oficiais e Praças do centenário Regimento de Polícia Montada “9
de Julho”, pelos ensinamentos e pela camaradagem.
Agradeço ao Senhor Inspetor de Polícia Russel Pickin, comandante na
Unidade de Polícia Montada e Oficial Chefe de Equitação da Metropolitan London
Police, pela colaboração, disposição e ensinamentos compartilhados nesta pesquisa
científica.
RESUMO

A presente dissertação alicerçada sobre aspectos históricos do policiamento


montado e aliada às mais variadas áreas do conhecimento que compõem as
Ciências Equestres faz uma integração recíproca através da interdisciplinaridade,
reunindo conhecimentos das Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública com
as Ciências Equestres, buscando conhecimentos, definições e conceitos na
Zootecnia, Hipologia, Medicina Veterinária, Genética, Equinocultura, Equitação e
Estratégia Militar para fundamentar a pesquisa científica, tendo como escopo o
cavalo ideal de Policiamento. Como metodologia de pesquisa utilizou-se o método
hipotético-dedutivo tendo em vista que, para a presente problemática, foram
elaboradas hipóteses, objeto de estudo ao longo do trabalho. Para contextualização
do tema, optou-se pela coleta de dados, históricos, opinativos e teóricos. Os dados
opinativos foram frutos da pesquisa quali-quantitativa obtidos por meio de
questionários direcionados aos policiais que comandam Unidades de Polícia
Montada, tanto no Brasil quanto no Exterior. Os dados teóricos e históricos foram
extraídos de fontes secundárias, por meio de pesquisa bibliográfica direcionada a
demonstrar a importância do estudo sobre o cavalo ideal de policiamento. Como
resultado da pesquisa verificou-se a relevância de deixar um conhecimento escrito
acerca do cavalo de policiamento para as futuras gerações, a necessidade de
atualização nas I-37-PM, conhecida como Regulamento de Remonta da Polícia
Militar do Estado de São Paulo - PMESP, bem como a definição de uma raça
específica que reúna as qualidades do cavalo de polícia e preservando um padrão
da principal ferramenta do Policiamento Montado: o Cavalo. O presente trabalho
ainda pode contribuir para o Policiamento Montado elevando-o a uma condição de
nova Ciência, que se compõe a complexa e plural Ciências Policiais de Segurança e
Ordem Pública, a Ciência da Polícia Montada.

Palavras-chave: Polícia Militar; Cavalo de Policiamento; Ciência da Polícia


Montada.
ABSTRACT

This dissertation based on historical aspects of mounted policing combined with the
most varied areas of knowledge that make up the Equestrian Sciences makes a
reciprocal integration through interdisciplinarity, bringing together knowledge of Police
Sciences of Security and Public Order with Equestrian Sciences, seeking concepts in
Animal Science, Hipology, Veterinary Medicine, Genetics, Equinoculture, Horse
Riding and Military Strategy to support a scientific research having as scope the ideal
Policing horse. As research methodology, the hypothetical-deductive method was
used, bearing in mind that, for the present issue, hypotheses were elaborated, object
of study throughout the work. To contextualize the theme, we opted for data
collection, historical, opinionated and theoretical. The opinion data were the result of
qualitative and quantitative research obtained through questionnaires directed to
police officers who command Mounted Police Units, both in Brazil and abroad.
Theoretical and historical data were extracted from secondary sources, through
bibliographical research aimed at demonstrating the importance of studying the ideal
policing horse. As a result of the research, it was verified the relevance of leaving a
written knowledge about the policing horse for future generations, the need to update
the I-37-PM, known as the PMESP Riding Regulation, as well as the definition of a
specific breed bringing together the qualities of the police horse and preserving a
standard of the main tool of Mounted Policing: The Horse. The present work can also
contribute to Mounted Policing, elevating it to a condition of a new Science that
comprises the complex and plural Police Sciences of Security and Public Order, the
Science of Mounted Police.

Keywords: Military Police; Horse Police; Mounted Police Science.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Evolução do Cavalo 19

Fotografia 2 - Cap PM Kato e o cavalo Ajax da raça Alter Real 22

Imagem 3 - Carga de cavalaria Guaicuru do artista Jean Baptiste 25


Debret

Imagem 4 - Manuscrito da Batalha de Kurukshetra 28

Imagem 5 - Arjuna recebendo conselhos do deus Krishna 28

Imagem 6 - Estátua de Arjuna, na cidade de Kurukshetra na Índia 29

Imagem 7 - Escultura de Arjuna enfrentando o elefante de guerra


Supratika no templo Kasivisvesvara, cidade de Lakkundi na
Índia 29

Imagem 8 - Estandarte de Ur 30

Imagem 9 - Carro de combate de duas rodas com arqueiro egípicio na


tumba de Ramzes II retratando a batalha de Kadesh contra os
Hititas 31

Fotografia 10 - Foto do Portão de Brandenburgo em Berlim, Estátua da


Deusa Grega da Vitória Irene numa quadriga grega 31

Imagem 11 - Foto imagem do famoso filme Ben Hur, numa quadriga


romana com os cavalos Antar, Altair, Aldebaran e Rigel 31

Imagem 12 - Sarcófago de Alexandre, o Grande, no museu de Istambul 32

Imagem 13 - Patrulha Montada Fielding´s Bow Street Runners 46

Organograma 14 - Árvore genealógica de Raphael Aguiar Paes de Barros 56

Gráfico 15 - Pesquisa de policiais femininas que atuam ou atuaram no


policiamento montado sobre a melhor raça de cavalo para o
policiamento montado 102

Organograma 16 - Genealogia do cavalo 356 Aquário nome de baia Garoto,


montada do Sr Cel PMESP Eduardo José Félix de Oliveira
103

Fotografia 17 - Cel PMESP Eduardo José Félix de Oliveira montando o


cavalo 356 Garoto, um dos primeiros cavalos BH no RPMon
“9 de Julho” 103

Quadro 18 - Quadro comparativo de quantidade de cavalos nas 105


unidades de Polícia Montada

Gráfico 19 - Principais raças de cavalos empregadas nas Polícias do Brasil


108
Quadro 20 - Quadro comparativo sobre criação, altura, restrições e melhor
raça de cavalo para Polícia 109

Tabela 21 - Quantidade de cavalos por raça na PMESP 113

Tabela 22 - Turnover de cavalos na PMESP nos últimos 5 anos 113

Organograma 23 - Genealogia do solípede 1358 Cherry GJ 141

Organograma 24 - Genealogia do solípede 1358 Cherry GJ com taxa de puro


sangue inglês, linhagem materna e coeficiente de
consanguinidade 142
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 13
1.1 Problema 14
1.2 Objetivos 15
1.2.1 OBJETIVO GERAL 15
1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 15
1.2.2.1 REALIZAR UMA ANÁLISE HISTÓRICA DOS CAVALOS EMPREGADOS
NAS POLÍCIAS DE SEGURANÇA E ORDEM PÚBLICA NO MUNDO E NO
BRASIL, EM ESPECIAL NO REGIMENTO DE POLÍCIA MONTADA
(RPMON “9 DE JULHO”) 15
1.2.2.2 REALIZAR UMA ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS NECESSÁRIAS DO
CAVALO DE POLICIAMENTO 15
1.2.2.3 REALIZAR UMA ANÁLISE DAS PRINCIPAIS RAÇAS DE CAVALOS
CRIADAS NO BRASIL 16
1.2.2.4 REALIZAR UMA ANÁLISE SITUACIONAL DOS CAVALOS EMPREGADOS
NO REGIMENTO DE POLÍCIA MONTADA “9 DE JULHO” 16
1.2.2.5 REALIZAR UMA ANÁLISE COMPARATIVA DO CAVALO UTILIZADO NO
POLICIAMENTO EM OUTRAS POLÍCIAS, TANTO DO BRASIL QUANTO
POLÍCIAS DE SEGURANÇA E ORDEM PÚBLICA DE OUTROS PAÍSES 16
1.3 Hipótese 17

2 ASPECTOS HISTÓRICOS DO USO DO CAVALO PELO HOMEM 18


2.1 Origem do cavalo no Brasil 21
2.2 História do uso do cavalo como Arma de Guerra 25
2.3 História do uso do cavalo pelas Polícias de Segurança e Ordem Pública
36
2.3.1 HISTÓRIA DO USO DO CAVALO NA PMESP 48
2.3.2 O CAVALO TOBIANO E O PATRONO DA PMESP BRIGADEIRO RAFAEL
TOBIAS DE AGUIAR 49

3 ASPECTOS LEGAIS SOBRE O USO DOS SOLÍPEDES NA PMESP 54


3.1 Influência do General Franco Pontes na sistematização da remonta na
PMESP 58
3.2 I-37 PM - Instruções para a Remonta de Equinos para a Polícia Militar 63
3.2.1 FORMAS DE AQUISIÇÕES 67
3.2.1.1 DA DOAÇÃO 68
3.2.1.2 DA COMPRA 69
3.2.1.3 DA CRIAÇÃO 69
3.3 Comparação das normas de aquisição de semoventes na PMESP 70

4 PRINCIPAIS RAÇAS DE CAVALOS NO BRASIL 73


4.1 American Trotter 74
4.2 Andaluz 76
4.3 Árabe 77
4.4 Bretão 79
4.5 Campolina 79
4.6 Crioulo 81
4.7 Puro Sangue Inglês 82
4.8 Friesian 84
4.9 Puro Sangue Lusitano 84
4.10 Mangalarga 85
4.11 Mangalarga Marchador 87
4.12 Marajoara 89
4.13 Pantaneiro 89
4.14 Pampa 92
4.15 Percheron 93
4.16 Quarto de Milha 95
4.17 Paint Horse 96
4.18 Appaloosa 96
4.19 Cavalo Brasileiro de Hipismo 97

5 RAÇAS DE CAVALOS UTILIZADAS NA ATIVIDADE DE POLICIAMENTO


MONTADO 104
5.1. Raças de cavalos utilizadas em outras Polícias de Segurança e Ordem
Pública 104

6 CENÁRIO ATUAL DOS CAVALOS DO REGIMENTO DE POLÍCIA


MONTADA “9 DE JULHO” 113
6.1 Padrão de pelagem 116
6.2 Padrão de altura 117
6.4 Histórico de acidentes no policiamento montado 119
6.5 Criação de cavalos na PMESP 121

7 A INFLUÊNCIA DA CRIAÇÃO DE CAVALOS NO CAVALO DE


POLICIAMENTO 124
7.1 Formas de criação e manejo 125
7.1.1 ESTAÇÃO DE MONTA 129
7.2 Tecnologias na reprodução de cavalos 131
7.2.1 DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL 132
7.2.2 TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÃO 133
7.2.3 ICSI - INJEÇÃO INTRACITOPLASMÁTICA DE ESPERMATOZÓIDE 134
7.3 A importância do estudo genealógico 136

8 CONCLUSÃO 144
8.1 A necessidade de um padrão de cavalo de policiamento 144
8.2 A necessidade de normatizar a raça Brasileiro de Hipismo como o
padrão de cavalo ideal de policiamento 147
8.2 A necessidade da atualização das I-37-PM: 151
REFERÊNCIAS 153

APÊNDICE A - Questionário nº 1 para policiais militares femininas e


policiais femininas de outras polícias que atuam ou atuaram no
policiamento montado. 162

APÊNDICE B - Questionário nº 2 para os Policiais e Oficiais que servem


nas Unidades de Polícia Montada, acerca dos cavalos em suas
unidades. 168

APÊNDICE C - Mensuração da altura dos cavalos que atuam


diretamente no policiamento montado no RPMon “9 de Julho”. 221

APÊNDICE D - Coleta de dados acerca de acidentes envolvendo


solípedes durante o ano de 2017 até o 1º semestre de 2021 no RPMon
“9 de Julho” 227
13

1 INTRODUÇÃO

As Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública, recentemente


reconhecidas no âmbito acadêmico brasileiro como uma ciência a ser estudada,
contribuem para o desenvolvimento e produção do conhecimento científico e, pela
natureza da atividade policial, buscam uma sociedade mais justa e segura. Neste
sentido, será por meio do do estudo científico que a Polícia Militar do Estado de São
Paulo (PMESP), irá cumprir sua missão de proteger as pessoas, fazer cumprir as leis,
combater o crime e preservar a ordem pública, em consonância com as modernas
ferramentas de gestão, preceituadas na Gestão pela Qualidade.
Segundo Pereira (2008, apud PIAGET, 1981) existe um intercâmbio mútuo e
uma integração recíproca entre várias ciências, conhecido como interdisciplinaridade.
Neste sentido, o estudo do cavalo ideal para o policiamento enriquece o campo das
ciências policiais com os conhecimentos na área das ciências equestres, medicina
veterinária, zootecnia, hipologia, equitação, genética, história militar, história das
polícias, fenomenologia da violência, equinocultura, estratégia militar, dentre outras
disciplinas, que servirão como fonte de consultas futuras, não esgotando o assunto.
Segundo o Ten Cel PM EGLIS, na aula inaugural do presente Curso de
Aperfeiçoamento de Oficiais, em dois de agosto de 2021, ressaltou a importância que
cada oficial tem na instituição, e que cada um, pela sua experiência profissional,
detectou um problema na Instituição e que no presente curso, por meio dos
ensinamentos acadêmicos aprendidos, poderão propor uma solução a problemática
detectada, utilizando-se de critérios científicos.
Neste sentido, o autor após trabalhar e vivenciar a atividade de policiamento
operacional a cavalo, aliado ao fato de herdar conhecimentos de senso comum no
convívio com diversos integrantes, e porque não dizer grandes professores, no período
em que serviu nas centenárias cavalariças do Regimento de Polícia Montada “9 de
Julho”; ser oficial de cavalaria espora dourada no Curso de Instrutor de Equitação no
Exército de Portugal; realizar o Curso de Policiamento Montado da PMESP; participar
de diversas palestras, exposições e seminários sobre criação de cavalo; montar
cavalos; realizar policiamento ostensivo a cavalo; possuir cavalos em centro hípico
civil; ter morado em um haras de criação de cavalos onde pode acompanhar in loco as
14

modernas técnicas de reprodução, criação e manejo; além do fato da família deste


oficial também atuar no ramo equestre; ter participado de diversos seminários
equestres; realizar frequentes visitas aos centros de criação de cavalos; humildemente,
vem por meio do presente trabalho, contribuir e enriquecer as Ciências Policiais
intercambiando conhecimentos das Ciências Equestres, aliado estudos já realizados
sobre criação de cavalos e policiamento montado, para convergir a um estudo científico
acerca do cavalo ideal para o policiamento.
Para compreensão deste tema, o estudo foi dividido em oito capítulos,
sendo que o primeiro é a presente introdução, o segundo apresenta aspectos
históricos relativos ao uso do cavalo pelo homem, uso do cavalo como arma de guerra,
evolução do uso do cavalo como ferramenta de polícia de segurança e ordem pública,
o terceiro discorre sobre os aspectos legais do uso do cavalo na PMESP, o quarto
descreve as principais raças de cavalos no Brasil e suas vantagens e desvantagens no
emprego no policiamento montado, o quinto uma análise quali-quantitativa dos cavalos
utilizados em outras polícias montadas do Brasil e do exterior, o sexto uma análise
situacional detida dos cavalos empregados na atividade de policiamento montado pelo
Regimento de Polícia Montada “9 de Julho”, o sétimo capítulo descreve sobre as
modernas tecnologias empregadas na criação de cavalos, por fim o oitavo capítulo na
qual serão apresentadas as conclusões e sugestões deste ensaio monográfico.
Pelo fato do presente trabalho contar com a valorosa contribuição de Polícias de
Segurança e Ordem Pública de outras nações, ao invés de utilizar termos militares
como: unidade policial militar montada, Regimento, Esquadrão de Polícia Montada ou
Cavalaria, adota-se a nomenclatura Unidade de Polícia Montada, o que traduzindo
seria o equivalente a Mounted Police Unit.

1.1 Problema

O presente estudo tem como mote a análise do problema sobre a temática de


um cavalo ideal para o policiamento, segundo a percepção e experiência profissional
do autor na Instituição.
O tema que norteia o presente trabalho é baseado na seguinte problemática:
● Existe um cavalo ideal de policiamento?
15

● É importante para a PMESP ter um estudo sobre um cavalo ideal para o


policiamento?
● Adquiri-se este cavalo ideal para o policiamento?
● Este cavalo ideal de policiamento está devidamente normatizado na PMESP?

1.2 Objetivos

Apresenta-se a seguir, o objetivo geral e os objetivos específicos que nortea a


pesquisa.

1.2.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo central da presente dissertação de mestrado será fazer uma pesquisa


acerca de um cavalo ideal para o policiamento, ferramenta, ou amigo, indispensável
para esta modalidade de policiamento ostensivo.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1.2.2.1 REALIZAR UMA ANÁLISE HISTÓRICA DOS CAVALOS EMPREGADOS NAS


POLÍCIAS DE SEGURANÇA E ORDEM PÚBLICA NO MUNDO E NO BRASIL, EM
ESPECIAL NO REGIMENTO DE POLÍCIA MONTADA (RPMON “9 DE JULHO”)

Neste objetivo específico, realiza-se um estudo sobre os aspectos históricos do


uso do cavalo nas Polícias de Segurança e Ordem Pública e sua contribuição para a
história das Polícias no mundo e em especial os avanços históricos na PMESP e
consequentemente do RPMon “9 de Julho”.

1.2.2.2 REALIZAR UMA ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS NECESSÁRIAS DO


CAVALO DE POLICIAMENTO

Neste objetivo específico busca-se estudar os diversos tipos e características


dos cavalos e apontar os fatores positivos e negativos para o emprego no policiamento
16

montado, norteados pelos princípios que regem o serviço policial, o interesse público e
os princípios do Policiamento Montado e suas peculiaridades.

1.2.2.3 REALIZAR UMA ANÁLISE DAS PRINCIPAIS RAÇAS DE CAVALOS CRIADAS


NO BRASIL

Neste objetivo específico estuda-se os diversos tipos de raças de cavalos


disponíveis no mercado brasileiro. Analisa-se as raças de cavalos mais criadas no
Brasil apontando aspectos morfológicos, aspectos comportamentais, aspectos
funcionais, os quais serão pontuados os fatores positivos e negativos desses cavalos
para o emprego na atividade policial: sob o enfoque da eficiência e eficácia, segurança,
operacionalidade na atividade de policiamento montado e demais atividades
desenvolvidas no RPMon “9 de Julho”, tais como: representações policiamento
ornamental, aulas de equitação aos alunos oficiais da Academia de Polícia Militar do
Barro Branco (APMBB), aulas nos cursos de policiamento montado da PMESP e
Equoterapia.

1.2.2.4 REALIZAR UMA ANÁLISE SITUACIONAL DOS CAVALOS EMPREGADOS NO


REGIMENTO DE POLÍCIA MONTADA “9 DE JULHO”

Neste objetivo específico apresenta-se o atual cenário do uso dos cavalos no


RPMon “9 de Julho”, suas características, quantidade, idade e altura.

1.2.2.5 REALIZAR UMA ANÁLISE COMPARATIVA DO CAVALO UTILIZADO NO


POLICIAMENTO EM OUTRAS POLÍCIAS, TANTO DO BRASIL QUANTO POLÍCIAS
DE SEGURANÇA E ORDEM PÚBLICA DE OUTROS PAÍSES

Realizar um estudo das boas práticas utilizadas em outras Polícias de


Segurança e Ordem Pública, tanto do Brasil, quanto de outros países, sob o enfoque
do cavalo empregado no policiamento montado. Informações sobre as aquisições dos
17

cavalos nestas instituições, características, criação, quantidade e visão de futuro


acerca do cavalo ideal de policiamento.

1.3 Hipótese

Existe um cavalo ideal para a atividade de polícia de segurança e ordem pública.


Quais são as características desse cavalo ideal de Polícia.
18

2 ASPECTOS HISTÓRICOS DO USO DO CAVALO PELO HOMEM

Nenhum outro animal foi tão importante para a evolução da civilização


humana como o cavalo. Foi sob seu dorso que os homens transportaram cargas,
expandiram territórios, araram terras, venceram batalhas, ergueram civilizações e
utilizaram-no como trono, eternizando e rendendo homenagens às grandes
personalidades da história.

Num período da evolução humana, por volta de de 8000 a.C. até 5000 a.C, o
homem primitivo deixou de ser um caçador-coletor nômade tornando-se sedentário,
fixando um local determinado para viver. Este processo é conhecido na história do
homem como: revolução neolítica, momento em que o homem deixa de ser nômade e
torna-se um sedentário fixo dando início às atividades agrícolas e o processo de
domesticação dos animais, no caso específico desse trabalho: o cavalo.
Neste sentido, o homo sapiens utilizou-se da energia extrassomática: energia
produzida para o homem, externa ao corpo humano, utilizando o domínio de uma
determinada tecnologia. O que difere da energia somática: a energia do próprio corpo
humano, ligada ao alimento. Esta energia extrassomática está relacionada diretamente
ao tecnometabolismo: os fluxos de materiais e energia, resultantes de processos
tecnológicos. (BRANDIMARTE; SANTOS, 2019).
O processo tecnológico da domesticação e adestramento do cavalo, desde o
período neolítico, rendeu ao homem um grande acúmulo de energia extrassomática,
necessária para a evolução da civilização humana.
Segundo Silver (2000) a história do cavalo tem seu início há cerca de 55
milhões de anos com um pequeno mamífero de 5 dedos, chamado Hyracotherium.
Este animal de cerca de 30 cm, do tamanho aproximado de uma raposa, é considerado
o ancestral mais primitivo do cavalo moderno.
Face ao grande número de fósseis de Hyracotherium, também conhecido na
literatura como Eohippus, que foram encontrados nas terras norte-americanas,
supõe-se ter sido ali o local da origem dos primeiros cavalos. Este pequeno mamífero
teria migrado da América para a Europa e a Ásia (SILVER, 2000), e depois de milhares
de anos foi trazido de volta ao continente americano pelo homem.
19

Os ancestrais do cavalo surgiram da escala evolutiva da espécie


Hyracotherium, dando origem ao Mesohippus, subsequente ao Merychippus evoluindo
ao solípede, ou seja um dedo em cada membro, como o cavalo atual, o ancestral do
cavalo moderno conhecido como: Pliohippus.
Os exames destes fósseis proporcionaram um estudo aprofundado sobre a
evolução do cavalo moderno, tendo como resultado que a evolução do cavalo deu-se
por adaptação a ambientes em mudança. O caminho evolutivo dessas pequenas
espécies para os atuais cavalos resultou numa série de mudanças em suas
características, nomeadamente: no seu tamanho, na quantidade de dedos, dentes e
formato do crânio.
Esta evolução dos diversos ancestrais do cavalo moderno passou por
diversas modificações morfológicas-funcionais, no decorrer de milhões de anos: desde
o tamanho, o Hyracotherium, por exemplo era do tamanho de um cão e possuía três
dedos em cada membro, ao atrofiamento de dedos: um dedo em cada membro, como
o Pliohippus, o que chama-se de solípede como os cavalos modernos atuais, além do
desenvolvimento da dentição. (SILVER, 2000).

Figura 1 - Evolução do cavalo

fonte: site compre cavalos - informação online, 2022.


20

Estima-se que o cavalo moderno, surgiu na região da Eurásia há 1,8 milhões de


anos e que os primeiros cavalos domesticados pelo homem tenham sido adestrados há
6.000 anos nas estepes da Ásia Central em consequência da integração
das espécies Homo Sapiens com o Equus caballus. (DIEGUEZ; AFFINI, 2016)
Uma evidência para detectar o processo histórico de adestramento dos
cavalos pelo homem foi fruto de estudos arqueológicos que descobriram desgastes nos
primeiros pré-molares de fósseis de cavalos de 4.000 a. C. na região da Eurásia,
causados pelo uso de embocaduras utilizadas pelo homem para montar cavalos.
(ANTHONY; BROWN, 1991)
No processo de sedentarismo da humanidade, o homem observando o
comportamento social dos cavalos, pode compreender melhor como os cavalos se
organizavam. Observaram que os cavalos viviam em sociedades, hierarquizada,
composta aproximadamente de 20 a 25 indivíduos, e que bastava controlar seus
líderes, para controlar toda a manada: especialmente as éguas.
Isto mesmo, conquistar as éguas e não os garanhões como muitos podem
pensar. A manada de cavalos é baseada numa sociedade com hierarquia matriarcal, ou
seja, o garanhão é o protetor, o mais forte do grupo. Enquanto, a liderança vem
da experiência e sapiência da égua matriarca, pois é a que está a mais tempo na
manada. O garanhão pode ser desafiado por outro e assim substituído, ao contrário
das éguas, que vão dando sustentação ao grupo.
A égua matriarca, que geralmente é a mais velha, tem-se também como a mais
sábia do grupo: devido às experiências vividas, tanto dos convívios sociais, quanto no
próprio instinto de sobrevivência. Ela que norteia a direção de fuga, pois consegue
reconhecer melhor os possíveis predadores, perigo, enquanto o garanhão protege sua
manada, além dela ser a mais capaz de encontrar alimentos e água no ambiente, e de
sempre estar ensinando os mais jovens.
Uma vez conquistada a manada, o homem não precisou mais gastar energias
para caçar o cavalo, ao contrário, começou a arrebanhá-lo, surgindo assim diversas
formas de suprir as necessidades humanas: utilizando o couro e ossos como
utensílios, consumo de leite, transporte de pertences sobre o dorso do cavalo, utilizar
as crinas e pêlos do rabo para, cordas, utensílios, enfeites, força de tração animal,
meio de transporte; gerando cada vez mais “energia extrassomática” até o momento
21

em que o homem começou a utilizá-lo como arma de guerra, chegando no Brasil e em


especial no estado de São Paulo.

2.1 Origem do cavalo no Brasil

No Brasil, os primeiros cavalos chegaram com as expedições portuguesas


colonizadoras nas capitanias hereditárias, especificamente em três momentos:
1. em 1534, com a esposa do explorador Martín Afonso de Souza, Dona
Ana Pimentel, na capitania de São Vicente, com animais vindos da ilha da Madeira,
2. em 1535, com Duarte Coelho, na capitania de Pernambuco e
3. em 1549, com Tomé de Souza, na capitania da Bahia, com animais
trazidos de Cabo Verde.

Até a vinda desses cavalos, nestas expedições portuguesas, não existia


nenhuma espécie de solípede no Brasil. (TORRES; JARDIM, 1977; FERRARI;
OLIVEIRA, 2012) Notadamente, a capitania de São Vicente e de Pernambuco foram as
capitanias que mais prosperaram, devido à presença dos cavalos o que possibilitou a
rapidez e eficiência na extração das riquezas. (CARVALHO; RITO, 1987)
Esses primeiros cavalos foram trazidos da Europa, mais precisamente dos
países colonizadores da península Ibérica: Portugal e Espanha, de onde seguiam com
destino ao Brasil-Colônia.Os cavalos ibéricos são representados pelas raças: Andaluz,
alusiva a região da Andaluzia na Espanha, Puro Sangue Lusitano- PSL, próprio de
Portugal, juntamente com as raças: Puro Sangue Árabe - PSA, Berberes (provenientes
das invasões mouras na península Ibérica) Garranos e Sorraias. Essas raças foram as
principais raças formadoras dos cavalos brasileiros. (DITTRICH, 2001; GONZAGA,
2008) Mais tarde viria com a família real portuguesa PSL da linhagem Alter Real .

O Brasil, por ser um país de dimensões continentais, permitiu a seleção natural


de animais em diferentes regiões, como o pampa gaúcho, o planalto catarinense, o
pantanal do Mato Grosso, o cerrado do planalto central nas regiões Sudeste, Nordeste
e Norte. (DITTRICH, 2001) Além dos diferentes tipos de ecossistemas brasileiros em
que os cavalos adaptaram-se e se reproduziram, o homem também interferiu nas
22

características dos cavalos por meio de cruzamentos direcionados para satisfazer


algum tipo de função. Atualmente, estes cruzamentos são minuciosamente estudados
e registrados em “studbooks”: livros de registros genealógicos que organizam
oficialmente as raças de cavalos, que serão detalhadas no Capítulo 7.3.
Segundo Monte (2011 apud GONZAGA, 2008) em 1808, devido às invasões
napoleônicas, Dom João VI e sua família: a Família Real, transferem-se ao Brasil,
trazendo os tradicionais cavalos lusitanos da linhagem Alter Real, cavalos criados na
Coudelaria de Alter em Portugal, estabulados na reais cavalariças do Palácio de Mafra,
hoje, atuais instalações da Escola de Equitação Militar de Mafra, escola na qual o autor
formou-se em instrutor de equitação militar espora dourada.

Fotografia 2 - Cap PM Kato e o cavalo Ajax da raça Alter Real

Fonte: o autor, 2009

Em 1821, D. João VI presenteou o Barão de Alfenas, Sr. Gabriel Francisco


Junqueira, com o garanhão Sublime, e a por meio de seus estudos e cruzamentos
selecionados com éguas crioulas, deu origem às raças Mangalarga e Campolina:

Há dois séculos, Gabriel Junqueira, o Barão de Alfenas, queixava-se na Corte


de sacudir as vísceras pelas estradas reais em cavalos trotões, até que foi
presenteado pelo imperador Pedro I com um magnífico garanhão Alter Real.
Dedicou-se então a criar uma raça que tivesse versatilidade para o trabalho nas
fazendas e também fosse confortável para percorrer longas distâncias. Daí
surgiu a raça Sublime, que depois deu origem ao Mangalarga Marchador, o
qual se tornou o cavalo tipicamente brasileiro. (MISK, 2015, p. 7 apud
VENTUROLI e NICOLINI, 2011)

Além dos precursores portugueses na empreitada equiparada a Arca de Noé,


trazendo o “gado” (que incluem-se os cavalos, vacas, ovelhas, etc.) ao novo continente,
23

especificamente a América do Sul, outro povo que também realizou expedições de


colonização neste sentido, foram os espanhóis: os colonizadores da américa hispânica.
O primeiro espanhol a trazer cavalos para o Novo Mundo foi Cristóvão Colombo
em sua segunda expedição em 1493 na Ilha de São Domingo, na América Central.
(RYDER, 1984, p. 20; CARVALHO e RITO, 1987, p. 25)
Porém foi o conquistador espanhol Alvar Núñez Cabeza de Vaca que teve
grande influência na vinda de cavalos no Brasil. (TORRES; JARDIM, 1977, p. 41)
Don Alvar Nuñes, conhecido como: “Cabeza de Vaca”, foi nomeado pela coroa
espanhola, governador do Rio do Prata e Paraguai, divisão territorial do Império
espanhol conhecida como Nova Andalucía que compreendia na região da bacia do Rio
da Prata na América do Sul, cuja capital era Assunção.
Para tomar posse de seu governo teria que se deslocar à Assunção, e para isto
teria na época duas opções: por água subindo o Rio da Prata ou por terra cruzando
“terras portuguesas”. Em 1541, Cabeza de Vaca desembarcou, em terras hoje
pertencentes ao Brasil, precisamente no Estado de Santa Catarina, com 250 homens e
26 cavalos, iniciando sua jornada pelo sertão brasileiro, através do “Camino de
Peabiru”, até chegar em Assunção. (PEIXOTO, 2009, p. 59) Uma curiosidade nesta
jornada foi o descobrimento das Cataratas de Iguaçú pelo colonizador espanhol
Cabeza de Vaca.
Durante o período de exploração e povoamento das regiões sob domínio
espanhol, cavalos e éguas foram abandonados e aprendendo a se readaptar na
natureza, no ano de 1580 havia relatos de manadas de cavalos selvagens nas
planícies argentinas. (NACHIF; ALVES, 2016, p. 319)
É provável que os equinos espanhóis trazidos para a América eram de raças
camponesas chamadas "jacas", solípedes de pequeno porte, considerados pôneis, o
que ajudaria na logística de transporte nas caravelas. (CANTARELLI, 2017, p. 17)
Em 1542, quando Cabeza de Vaca chega a Assunção, os índios Guarani,
vassalos aliados à Coroa Espanhola, queixavam-se aos governantes espanhóis de
seus inimigos indígenas e exigiam que os espanhóis os ajudassem a combater os
índios da tribo Guaicurús. Os índios Guaicurús ou Mbayá-Guaikurus, também
conhecidos como Kadiwéu, eram uma tribo guerreira e composta por exímios
cavaleiros com a apropriação de cavalos trazidos pelos colonizadores espanhóis,
24

expandiu seus territórios pelo “Charco Paraguaio”, região do Rio do Prata, divisa com o
pantanal matogrossense. (CHAMORRO; COMBÈS, 2015).

Esses períodos de hostilidade eram intercalados por momentos de “paz”


estabelecida em que os Guaicurús iam frequentemente à cidade de Assunção
vender ou trocar seus produtos, oferecendo peles e carnes silvestres, pescados
e mantas; mas sempre sob suspeitas, porque muitas vezes eles faziam visitas
amistosas para preparar um futuro ataque. (HEBERTS, 1998, p.45 apud
CABEZA DE VACA, 1987, p. 165)

Em 1678, os espanhóis obtiveram uma grande vitória contra os guaicurus,


ocasionando na migração para terras mais ao norte, atual região do pantanal
matogrossense, e a fusão com o grupo que era conhecido como "Mbayá", a
etnogênese: Mbayá-Guaicurus. (DE CARVALHO, 2006, p. 10)
Segundo Dias (2009) mais tarde em 1775, foi construído o Forte Coimbra no
atual estado do Mato Grosso do Sul, tornando-se um ponto estratégico para bloquear o
avanço de espanhóis e índios paiaguás e guaicurus.
​Por volta de 1789, o Sargento-Mor Engenheiro Joaquim José Ferreira no
comando do Forte Coimbra promoveu uma aproximação com os guaicurus e, em 30 de
julho de 1791, os chefes indígenas assinaram um tratado de “perpétua paz e amizade
com os portugueses” e inclusive mais tarde, em 1864, alguns Guaicurus tiveram
participação na Guerra do Paraguai mais precisamente no evento da Retirada da
Laguna (BRASIL, 2015), juntamente com as tropas da atual PMESP.
Em 1795, o Coronel Rodrigues Prado, comandante do Forte Coimbra, relatou
que os Guaicurus possuíam cerca de 8 mil cavalos e que esses cavalos dos índios
cavaleiros Guaicurus, eram, em sua maioria, mansos e adestrados na arte da guerra,
da cavalaria e do esporte. (NACHIF; ALVES, 2016, p. 319)
Os guaicurus desapareceram do território mato-grossense-do-sul quando o “mal
das cadeiras” dizimou sua cavalhada. (BRASIL, 2015) A doença conhecida como mal
das cadeiras é causada pelo protozoário “Trypanosoma evansi”. (DE SÁ RODRIGUES
et al 2015, p. 118)
25

Imagem 3 - Carga de cavalaria Guaicuru - do artista Jean-Baptiste Debret, 1834

Fonte: Instituto Socioambiental (ISA) - site Povos Indígenas no Brasil

Assim como ocorrido com os indígenas nos Estados Unidos, diversas tribos
indígenas da américa do sul utilizaram o cavalo do homem branco, como transporte e
arma de guerra, como dito anteriormente: os Mbayá-Guaikurus, mas também as tribos
“tapuias” do sul, compreendida pelos cavaleiros das tribos Charrua, Minuanos e
Guenoas. (BUENO, 2019)
A partir do período Brasil Colônia, uma série de cavalos começaram a
desembarcar nos portos brasileiros, de diferentes raças, diferentes linhagens
incorporando ao plantel de cavalos no Brasil.
Segundo estudo do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento),
atualmente o Brasil possui uma tropa de 5 milhões de cavalos, sendo o quarto maior
criador do mundo, movimenta anualmente R$ 16,15 bilhões de reais e gera 3 milhões
de empregos. (MAPA, 2016, p. 7)

2.2 História do uso do cavalo como Arma de Guerra

Independentemente da evolução, Sempre haverá uma Cavalaria, ou seja,


sempre deve ter alguém mais rápido do que o conjunto do corpo de batalha,
com a missão de reconhecer, manobrar, perseguir, e que, levada pelo cavalo
ou pela máquina, encontrará o sucesso na audácia, na velocidade e na
surpresa, alguém que ostente o "espírito cavaleiro" com tudo o que se encerra:
"decisão", "lealdade", "elegância no uniforme" e no "caráter, "amor aos lances
perigosos. (General Weygand, 1937, informação verbal, grifo nosso)

Poderia ter nomeado o título deste capítulo simplesmente utilizando do termo


Cavalaria, como tal emprego é notório, sabidamente conhecido. Porém, o título foi
26

propositadamente nomeado com a temática de cavalo como arma de guerra, para se


seguir toda uma construção acerca do complexo conceito de Cavalaria.
No Brasil a Cavalaria é eternizada pelas façanhas do patrono Marechal de
Exército Manoel Luíz Osório, "O Marquês do Herval", por encarnar em vida os ideais
de coragem, arrojo e habilidade no combate, essência da Arma de Cavalaria,
demonstradas na Batalha de Tuiuti em 1866. Porém, o radical da palavra cavalo, que
origina a palavra Cavalaria: o cavalo como arma de guerra, merece ser
etimologicamente estudado, como a seguir.
Os gregos adotam o radical “hippos”, para se referirem ao cavalo, originando as
palavras hipódromo, hipismo, bem como os nomes: Filipe, (aquele que gosta de
cavalos) derivado do nome “Philippus”, composto de "philus", querer, amar com afeto
de amizade, com "hippos" cavalo, ou seja, aquele que gosta de cavalos. Assim como
Hipócrates: domador de cavalos. “Hippokrates”: "hippos" cavalo, "kráteos" dominar.
O radical romano clássico para cavalo seria: "equus", de origem indo-europeu
“ekwos”: originando as palavras: equestre, equino, equitação.
Porém, o radical romano “caballus” seria um termo popular entre os cidadãos
romanos para se referirem a um cavalo de lida de baixa qualidade, tal qual no Brasil
são chamados estes animais de pangarés ou matungos.

O Latim popular, no entanto, tinha outro vocábulo, caballus, usado para


designar o animal de serviço, de baixa qualidade, geralmente castrado. Foi
esta a forma que entrou nas línguas românicas: cavallo (It.), cheval (Fr.),
caballo (Esp.) (CAVALO, 2021)

A palavra cavalo, não estaria ligada aos radicais greco-romanos clássicos,


segundo o Exército Brasileiro, a palavra cavalaria é uma derivação do sânscrito
indo-árico: “AKVA”, que significa combater em vantagem de posição. (LIMA, 2019, p.
12-13). O sânscrito AKVA deu origem ao termo latim popular caballus e ideia de
cavalaria.
Lima (2019) reforça que a origem do sânscrito AKVA à palavra Cavalaria, é
percebida na Arma da Cavalaria Inglesa, uma vez que a palavra Cavalaria em inglês
“Cavalry”, nada têm em comum com a palavra “horse”, cavalo em inglês.
Esta vantagem de posição em combate foi adquirida no decorrer da evolução da
guerra, quando o homem que lutava a pé, passou a utilizar plataformas móveis,
27

espécies de carruagens atreladas, tracionadas primeiramente pelo próprio homem:


soldados e escravos e, num segundo momento, por animais de grande porte como:
camêlos, elefantes, muares e cavalos. Essa ideia foi aprimorada buscando mobilidade
e o poder de choque que lhes foram conferidos, tornaram a Cavalaria a Arma decisiva
do combate. (DA NOVA; KOCH, 2015).

Em 1939, Joseph Wiesner, induzido pelo que Peter Raulwing chamou de


«ariomania», introduziu a possibilidade de existência de um carro de guerra
comum de origem proto-indo-europeia, que terá sido difundido depois para
o mundo pré-clássico por uma determinada população pertencente àquela
cultura. Outros investigadores (Meyer, Ungnad, Meibner, entre outros), a partir
de provas textuais, chegaram à conclusão de que havia vestígios e
semelhanças entre alguns antropónimos relacionados, entre vários exemplos,
com o cavalo – áśva em indo-europeu –, que tem equivalentes noutras
línguas e escritas do Médio Oriente, como o caso do nome sumério para
cavalo, ANŠE.KUR.RA («asno das montanhas»). Estes investigadores, a partir
de fontes da primeira metade do segundo milênio a. C., como o Código de
Hammurabi, conseguiram concluir que o cavalo nunca foi um elemento
fundamental até c. 2000 a. C. e que a presença de carros de guerra nas
sociedades locais durante o século XVI a. C. estava interligada com
populações que falavam o indo-europeu. (FERREIRA, 2019, p. 96, grifo
nosso)

O sânscrito अश्व, AKVA, ou ÁŚVA, é um termo que surge nos textos “Vedas” -
origem do hinduísmo, datados aproximadamente 2.000 a. C., que se referem repetidas
vezes ao animal cavalo e em particular muitas cenas equestres, referindo a
carruagens. (ASHVA, 2021)
Ao ler e interpretar os textos sagrados do hinduísmo - “Vedas” - é necessário ter
em mente que o significado simbólico de cavalo pode ser além interpretação do cavalo
fisicamente, pois o sânscrito akva pode ser usado simbolicamente para significar:
poder, energia, força para o progresso, poder vital, poder mental móvel e dinâmico.
(MISHRA, 2016)
Assim como os textos “Vedas”, outro texto sagrado que compõe o hinduísmo:
“Mahabharata”, o maior poema da humanidade, um clássico da literatura mundial,
retrata uma guerra entre descendentes de uma mesma família, divididos entre os
“Pandavas” e os “Kauravas”, num confronto muito violento, porém provido de profundos
valores morais, conhecidos como a batalha de "Kurukshetra".
Nessa batalha, a ética do guerreiro é posta como a questão central: os indianos
seguiriam uma série de regras bélicas e morais descritas nestas escrituras, como:
28

combates somente de dia, não matar pelas costas, não atacar um guerreiro desarmado
no chão. A moral do guerreiro é sempre posta em destaque. (ESPAÇO GOVINDA,
2017)
Imagem 4 - Manuscrito da Batalha de Kurukshetra

Fonte: Lino Bertrand fundador do site Jung na Prática - informação online.

A batalha indiana de “Kurukshetra”, nome dado a uma cidade na Índia, foi


representada pela escultura de “Arjuna” em um grande carro de combate puxado por
cavalos nessa cidade. Nesta passagem religiosa, “Arjuna” do exército “Pandava” em
certo momento questiona-se sobre a guerra e a inevitável matança entre os homens.
Porém em um momento divino é orientado pelo deus “Krishna” a lutar, pois era a coisa
certa a se fazer: o guerreiro tem que ver as coisas como elas são, e não como gostaria
que fossem. (ESPAÇO GOVINDA, 2017)

Imagem 5 - Arjuna recebendo conselhos do deus Krishna

Fonte: Site Espaço Govinda, informação online


29

Imagem 6 - Estátua de Arjuna, na cidade de Kurukshetra na Índia

Fonte: Sr. Chandni Aggarwal do site timestravel, informação online

O aparecimento do Deus Krishna ao mítico herói hindu Arjuna é conhecido como


o texto religioso “Bhagavad Gita”. Esta guerra espiritual é amplamente retratada por
pinturas e esculturas do carro de combate “akva” de “Arjuna” e o deus “Krishna”, além
de outras plataformas de guerra, como plataformas sobre elefantes, em especial o
elefante “Supratika” citado diversas vezes, pertencente ao exército “Kaurava”.

Imagem 7: Escultura de Arjuna enfrentando o elefante de guerra Supratika no templo Kasivisvesvara,


cidade de Lakkundi na Índia

Fonte: foto de twitter perfil @sk_diary1, informação online


https://twitter.com/sk_diary1/status/1371462916377956354

A ideia de uma plataforma para dar posição de vantagem em combate numa


guerra: um carro de combate, é em regra um paradigma militar em uma determinada
30

época e em determinada sociedade, pois os carros de combate dividiam-se em


pesados, com quatro rodas e leves com duas rodas, (FERREIRA, 2019) que desde os
textos Vedas esta concepção é extremamente esplanada.
Os exércitos mais robustos e pesados tendiam a um carro de combate grande,
aproveitando da vantagem da força, potência e impacto psicológico no inimigo: um
carro robusto, couraçado, potente, composto por quatro rodas, com grande capacidade
de defesa dos soldados para um ataque frontal potente e avassalador, atravessando as
linhas inimigas, atropelando e esmagando tudo e todos à frente. Porém, sua
desvantagem era a falta de mobilidade: pouca agilidade no terreno, pois deslocava-se
basicamente em linha reta, o tamanho: que inviabilizava os combates em terrenos
acidentados e o seu peso: que em terrenos alagadiços ou lamacentos prejudicava o
seu uso. (FERREIRA, 2019) Estes carros de quatro rodas eram taticamente utilizados
no início e no final das batalhas e foram utilizados pelos sumérios, registrado
historicamente no estandarte de Ur, datado em 2.600 a. C.

Imagem 8 - Estandarte de Ur


Fonte: Estuda.com, questão 141255 do Enem de 2017, informação online
https://enem.estuda.com/questoes/?id=141255

Já outros exércitos tinham preferência por carros de combate mais leves,


construídos com duas rodas, mais ágeis, com maior mobilidade, explorando a
facilidade de manobras táticas em combate, atacando pelos flancos e oportunamente
de frente, sendo comumente composto por arqueiros. Sua desvantagem era a
fragilidade, pois era menos blindado que os carros de quatro rodas, para evitar o peso
31

tinha a necessidade de possuírem conhecimentos tecnológicos para a construção das


rodas raiadas, conhecimento das técnicas de atrelagem do cavalo às carruagens, para
a devida mobilidade, além da necessidade de destreza e habilidade do guerreiro em
conduzir o cavalo, pois exigia movimentos complexos dos animais em combate. Esses
carros foram muito utilizados pelos egípcios, gregos e romanos, suas famosas bigas e
quadrigas (movidas por quatro cavalos), em combate (FERREIRA, 2019).

Imagem 9 - Carro de combate de duas rodas com arqueiro egípicio na tumba de Ramzés II retratando a
batalha de Kadesh contra os Hititas

Fonte: site Arqueologia Bíblica, informação online

Fotografia 10 - Foto do Portão de Brandenburgo em Berlim, Estátua da Deusa Grega da Vitória Irene
numa quadriga grega

Fonte: blog do Mamcasz, informação online

Imagem 11 - foto imagem do famoso filme Ben Hur, numa quadriga romana com os cavalos Antar, Altair,
Aldebaran e Rigel

Fonte: Site UOL, cinema uol, informação online


32

Foi na grécia antiga, que o ocidente teve suas primeiras obras sobre equitação e
criação para remonta militar, conhecimentos deixados pelo filósofo, e grande
comandante militar grego Xenofonte (430 a.C. – 354 a.C.) que escreveu a obra
“Peri Hippikès”. Nela o comandante Xenofonte escreve os primeiros conceitos sobre
equitação, no qual ensinava como selecionar os cavalos para a cavalaria e que o
cavalo devia sempre ser tratado com respeito. O General Xenofonte que combateu na
Guerra do Peloponeso, foi o primeiro a escrever sobre sobre o tema: equitação e
remonta militar.
De 336 a.C. a 323 a.C., Alexandre, o grande e seu lendário cavalo Bucéfalo,
orientado em sua infância por Aristóteles, tornou-se um dos maiores comandantes
militares da história, construindo um dos maiores impérios do mundo: conquistando um
território estendido da Grécia em direção à Ásia chegando à Índia. O Exército
Macedônico possuía uma tropa de Cavalaria chamada “hetairoi” composta por nobres
macedônios que lutavam sempre próximos de Alexandre, e que foram eternizados no
sarcófrago de Alexandre, o Grande. (GOGGIA, VOLKER, CARVALHO, 2003)

Imagem 12 - Sarcófago de Alexandre, o Grande, no museu de Istambul

Fonte: Site Megacurioso, informação online

A doutrina de Cavalaria anterior ao ano de 1.000 a.C. era vista como parte de
unidades de infantaria de um exército independente, não existindo uma doutrina bem
definida de emprego como uma arma de guerra: como Cavalaria, enquanto uma arma
militar.
33

Somente no ano de 378 a.C., na batalha de Adrianópolis, com a derrota dos


romanos pelos visigodos é que a Cavalaria é definitivamente doutrinada como Arma de
Guerra, pois nessa batalha houve a mudança da infantaria para a cavalaria como força
principal de combate. O exército romano, comandado pelo imperador Valente foi
massacrado pela cavalaria visigoda. (GOGGIA, VOLKER, CARVALHO, 2003)
A mobilidade e poder de força da Cavalaria foi muito empregada pelos exércitos
da antiguidade e principalmente na Idade Média. Na Europa a Cavalaria
transformou-se numa Cavalaria Pesada e inclusive muitos soberanos aderiram apenas
a arma de Cavalaria para defender seu feudo, sendo presente a influência de um
cavalo de grande porte para transportar os equipamentos e armaduras pesadas, dos
cavaleiros medievais.
A Cavalaria Medieval era intrinsecamente ligada à Igreja, em virtude do estado
absolutista. Os nobres europeus formaram ordens de Cavalarias Militares, com
influência da Igreja Católica e em diversos momentos partiram para a retomada da
terra santa - Jerusalém - em nome do cristianismo frente à expansão dos exércitos
muçulmanos. Porém ao ponto que se investiam dos interesses do estado absolutista,
mantendo acima de tudo títulos de nobreza, perdiam o caráter militar, conforme nos
ensina o Cel EB William Roberto da Cunha Menezes, em 1962:

O feudalismo transforma a Cavalaria numa instituição. Ela é parte da


organização social (...)
O homem de armas, sob o pêso da couraça, montado em um pesado cavalo
igualmente encouraçado, não se pode mover livremente no campo de batalha.
O combate é quase individual. A luta tem aspecto cruel e brutal. Há uma
regressão completa na arte militar. (...)
Os exércitos nada mais são do que um aglomerado de nobres cavaleiros,
valentes e indisciplinados, apoiados por peões da mais ínfima categoria
social. (MENEZES, 1962, p. 29)

Neste ínterim, o extremo oriente, por meio dos mongóis, organizados num
exército militarizado sob o comando de Gengis Khan, graças a arma de Cavalaria,
formou o maior império de terras contínuas na história da humanidade: do leste asiático
à europa oriental, utilizando de uma Cavalaria leve: o que lhe rendia extrema
mobilidade e facilidade de manobras táticas.
No fim da Idade Média, surge a arma de fogo na China, e esta invenção
revolucionaria a forma do mundo guerrear. Consequentemente, as estratégias e táticas
34

de guerra mudaram completamente: o foco novamente volta-se à arma da infantaria,


ou seja, no soldado a pé, buscando a qualidade dos tiros, além do surgimento da arma
de artilharia. O cavalo também foi empregado na “nova” arma de artilharia, mas agora
não como arma de guerra, e sim como tração e transporte aos pesados canhões e
suas munições.
Mesmo com o emprego maciço da arma de fogo nas guerras, Napoleão retomou
a arma de Cavalaria em combate, dominando praticamente toda a Europa continental,
como nos ensina o Cel EB William Roberto da Cunha Menezes, em 1962, na Revista a
Defesa Nacional:

Napoleão foi o primeiro a divulgar com amplitude o emprêgo da Cavalaria;


depois dêle todos os grandes mestres da guerra inspiram-se em seus principais
tirar o máximo partido das qualidades da Arma, empregando-a para:
-Criar uma rêde de segurança em tôrno dos Exércitos;
-cobrir a marcha dos Exércitos;
-desvendar, desde o mais longe possível, os movimentos do inimigo e
dificultá-los;
-atuar sôbre as retaguardas do inimigo, seus comboios e linhas de
comunicação;
-realizar incursões profundas, com objetivos bem definidos de posse,
destruição ou isolamento de zonas e meios;
- intervir na batalha;
-perseguir e completar a destruição do inimigo batido e impedir sua
reconstituição.
Para Napoleão, a Cavalaria é ainda, e sobretudo, uma arma de choque,
uma reserva móvel no campo de batalha, onde ela desempenha um papel
de grande importância. Fora do campo de batalha é empregada nas
missões de segurança, cobertura, exploração e perseguição. (MENEZES,
1962, p.31-32, grifo nosso)

Com a evolução das armas de fogo, o cavalo como arma de guerra foi
tornando-se obsoleto, principalmente a partir da I Guerra Mundial (1914-1918) na qual
o emprego das tropas a cavalo eram ineficientes face os armamentos, canhões e
metralhadoras. Além das armas de fogo, obstáculos de campanha como: cercas de
arame farpado, obstáculos de concreto e trincheiras tornavam os cavalos incapazes de
guerrear, como retratado nos filmes hollywoodianos: “O último Samurai” (2003) e
“Cavalo de Guerra” (2011), retratando a evolução das guerras com o emprego das
armas de fogo.
Porém, a tradição da Cavalaria brasileira em meados do século XX, fundada na
virtudes de nobreza: coragem, justiça, humildade, lealdade e verdade e aliada ao
espírito característico da Arma de Cavalaria; o culto ao patrono General Osório e
35

padroeiros específicos; aliado prática de rituais exclusivos; hábitos relacionados ao


contato diário do cavalariano com sua montaria, além de canções e poemas que
expressavam valores da Cavalaria, ressaltam que todos os componentes da tradição
de Cavalaria fortalecem a ideia de que a Cavalaria é uma Arma Nobre, fator que a
diferenciaria das demais. (SAVIAN, 2013)

A cavalaria foi, a princípio, uma forma especial de combater, caracterizada


por uma Potência de posição e uma mobilidade maior do que as massas de
combatentes a pé. Essa forma particular de combater ficou assinalada na
língua sânscrita pelo radical “Akva”. [...] “Cavalo” na forma e na idéia é pois
um instrumento de combate e que, a rigor, tanto pode ser um equino, uma
plataforma, um carro de guerra, um elefante, como um caminhão, um carro de
combate ou um avião. “Cavalaria” [...] significa uma forma especial de
combater. Não traduz, em absoluto, qualquer relação intrínseca com a espécie
equina, o que torna perfeitamente justificável dizer-se: Cavalaria Hipomóvel” -
“Cavalaria Motorizada” – “Cavalaria Moto-Mecanizada” – “Cavalaria Blindada”. (
SAVIAN, 2003, p.14 apud FRAGOMENI, 1968, p.89).

O professor de História Militar das Agulhas Negras, mestre ELONIR JOSÉ


SAVIAN em sua belíssima obra: “Haverá sempre uma Cavalaria”: resistências à
mecanização no exército brasileiro (1937-1972)” nos ensina:

A partir do final da década de 1960 houve uma reestruturação no Exército e a


maioria das unidades de Cavalaria Hipomóveis foi mecanizada. No entanto,
consoante a idéia do vocábulo AKVA elas não perderam a designação
“cavalaria”. Assim, por exemplo, o 14º Regimento de Cavalaria passou a ser
chamar 14º Regimento de Cavalaria Mecanizado. A Divisão Blindada acabou
extinta e transformada em uma brigada de Cavalaria Blindada. Além disso, os
entusiastas do uso do cavalo influíram para que três regimentos de
guardas continuassem hipomóveis e que em algumas escolas militares
fossem ministradas instruções de equitação. Isso satisfazia militares como
o Major Alexandre M. C. Amêndola, que sugeria se “manter ao lado das
unidades mecanizadas um pequeno número de unidades hipomóveis, capazes
de conservar intacto o espírito da arma e sua tradição”. (AMÊNDOLA,
1960:143).
Assim, percebe-se que os cavalarianos brasileiros resistiram em substituir o
cavalo por veículos mecanizados, em grande parte motivados por razões
ligadas à tradição. Todavia, ao contrário dos samurais, eles se adaptarem às
ingerências tecnológicas, o que foi facilitado pela interpretação semântica do
vocábulo AKVA, por eles apregoada. (SAVIAN, 2013, p.15, grifo nosso)

Apesar do pouco uso de cavalos nas Guerras Modernas a Cavalaria Hipomóvel


tem sido empregada em missões especiais nas Guerras Irregulares. Em especial no
Oriente Médio, o exército americano enfrentou inimigos em territórios de topografia de
difícil mobilidade de veículos. O cavalo apresenta como uma excelente ferramenta nas
guerras irregulares: “conflito conduzido por uma força que não dispõe de organização
36

militar formal e, sobretudo, de legitimidade jurídica institucional” (SOUZA, 2014, p. 35,


apud VISACRO, 2009)
O cavalo como arma de guerra, transcende a idéia restrita de um homem
montando um cavalo em combate e se traduz na idéia mística de Cavalaria: uma arma
militar que, atemporalmente, o cavalariano, mesmo sem a presença do cavalo, reúne
valores e tradições de diversos povos e religiões, cujos ideais de justiça, coragem,
humildade, lealdade e generosidade, devem sempre ser cultuados, como nos ensina
Miguel de Cervantes, em sua obra Dom Quixote de la Mancha (1605):
Vão uns pelo largo campo da ambição soberba, outros pelo da adulação servil
e baixa, outros pelo da artificiosa hipocrisia e alguns pelo da religião sincera.
Eu, porém, inclinado à minha estrela, vou pela estreita senda da Cavalaria, por
cujo exercício desprezo a fazenda, mas não a honra. (CERVANTES, 1605)

2.3 História do uso do cavalo pelas Polícias de Segurança e Ordem Pública

‘The police are the public and the public are the police; the police being only
members of the public who are paid to give full time attention to duties which
are incumbent on every citizen in the interests of community welfare and
existence.’
A polícia é comunidade e a comunidade é a polícia; a polícia é apenas
composta por membros desta comunidade que são pagos para dar atenção
integral aos deveres inerentes a todo cidadão no interesse do bem-estar e
existência da própria comunidade. (ROBERT PEEL, 1835, tradução nossa)

Por muito tempo a atividade de policiamento montado foi conceituada na ideia


de Cavalaria, ou seja, uma tropa de natureza militar bélica, assim como a infantaria,
que compõe o Exército, destinada a patrulhar as cidades. Os reis dividiam parte dos
homens de seus exércitos para missões específicas, tais como a defesa das cidades
contra invasores e a manutenção da ordem e o policiamento dentro das cidades. Em
alguns casos da Idade Média, os mesmos soldados que iam para as guerras eram os
mesmos, que nos períodos de paz faziam a segurança e mantinham a ordem nas
cidades.
O grande escritor grego Enéas - Aeneas, o Tático, conhecido por suas obras
de estratégia militar: Hypomnemata - mais tarde, minuciosamente estudada pelo
filósofo Michel Foucault - ensina:
37

Organização de patrulhas:
Em tempos de crise, a primeira coisa a fazer é arranjar duas companhias: uma
para proteger os mercados e a outra para realizar o patrulhamento no muro da
cidade. Devem ser fornecidos armamentos e símbolos de reconhecimento na
cor ocre para que possam ser reconhecidos claramente a uma distância
considerável. Os homens que tomam o primeiro turno devem fazer a sua
patrulha antes de ter o seu jantar. Para homens no primeiro turno escalar os
homens que tendem a ser indisciplinados. Além disso, devem patrulhar sem
luz, a menos que seja muito escuro e tempestuoso. Mas se eles tiverem uma
luz não devem brilhar para cima, a luz deve ser coberta com algo, para brilhar
apenas no chão à frente dos seus pés. Numa cidade que mantém cavalos e se
o chão for adequado para cavalos, patrulhas montadas podem ter preferência
no inverno, pois no frio e lama e as longas noites os soldados a pé tendem a
não fazer as rondas e a cavalo se torna mais rápida. (CAMPBELL; SMITH,
2004, p.154, tradução nossa)

Desde os registros da Grécia antiga até os dias atuais, a atividade de polícia


de segurança e ordem pública foi atrelada ao cavalo. O cavalo é uma grande
ferramenta de Polícia Ostensiva, face às suas características, como será observado no
decorrer deste capítulo.
A ideia de policiamento montado voltado a uma Cavalaria Bélica perdurou pela
Idade Antiga (4.000 a.C. - 476 a.C.), Idade Média (476 a.C. - 1453), Idade Moderna
(1453 - 1789) até o início da Idade Contemporânea: com o fim do Estado Absolutista e
o surgimento da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão - em 1789.
A Polícia, a qual inclui-se o policiamento montado, converge seu foco de
atuação em não mais na defesa do Estado perante os indivíduos mas sim na garantia
dos direitos dos indivíduos perante o Estado, conforme seus artigos 12-13:

Art. 12º. A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma


força pública. Esta força é, pois, instituída para fruição por todos, e não para
utilidade particular daqueles a quem é confiada.
Art. 13º. Para a manutenção da força pública e para as despesas de
administração é indispensável uma contribuição comum que deve ser dividida
entre os cidadãos de acordo com suas possibilidades. (DECLARAÇÃO DOS
DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO, 1789)

Desvinculando-se a ideia de polícia como uma força bélica surgem dois modelos
de polícia: o modelo militar francês, também conhecido como o modelo de polícia
europeu continental e o modelo anglo-saxão. Ambos formaram-se utilizando o cavalo
como principal ferramenta de patrulhamento, face às características desse tipo de
policiamento, que obedecem a princípios de Polícia Ostensiva elencados ao final deste
capítulo.
38

O modelo anglo-saxão baseou-se na justiça privada por meio dos esforços da


vítima, juntamente com a comunidade, ou seja, demais aldeões, para localizar o
criminoso e levá-lo ao conhecimento da autoridade ou xerife local denominado: “County
Sheriff”. Conforme este sistema foi evoluindo, parte destes aldeões que capturavam os
criminosos foram institucionalizados, denominando-os: “constables” - senhor dos
estábulos, que auxiliavam os xerifes nos condados, para conduzirem ao devido
julgamento à “JPs”, abreviação de Justiça de Paz - “Justice of the Peace”, “célula
mater" da ideia de “Law Enforcement”.

O Modelo Anglo-saxão evoluiu de um modelo que era privado, denominado


de Frankpledge e foi desenvolvido na Inglaterra medieval do século XII. Tal
sistema pertencia aos grandes proprietários de terras e membros da realeza -
os nobres - que organizavam em seus domínios, por eleição dos que ali
moravam, grupos de famílias que se responsabilizavam por usar a força e
manter a ordem naquela mesma comunidade. Esses grupos eram compostos
por 10 famílias que eram denominadas de TYTHINGS (originalmente escrito
Tithing, que significa dezena ou dízimo) e estes grupos eram depois também
organizados em 10, formando um HUNDRED (centena). Os Hundreds é que
podiam eleger um representante com poderes reais de polícia que era o
CONSTABLE (...) (PELISSARI, 2015, não paginado)

Cabe ressaltar que a etimologia da palavra “constable”: é a junção das palavras


“council stable”, que significa, conselheiro dos estábulos, senhor das cavalariças do rei,
chefe das cavalariças, demonstrando a influência do cavalo na atividade de
policiamento. (MONET, 2001; PELISSARI, 2015; BBC, 2021) Este modelo de Polícia é
atualmente empregado na Inglaterra, a exemplo da London Metropolitan Police e as
diversas Polícias dos EUA, que possuem estética militar, porém com investidura civil.
Já o modelo francês, conhecido como “gendarmerie”, originariamente
denominado ​“maréchaussée”, foi criado pelo rei João II, na França, derivado da patente
militar de marechal, de investidura puramente militar.
Devido aos reflexos da pós-guerra dos cem anos (1337 a 1453), os marechais
exerciam a justiça, nesse entendimento a concepção da justiça de caráter público. Com
a guerra a “maréchaussée” capturava desertores, reprimia manifestações coletivas,
bem como, certas formas de criminalidade individual, mantinha a ordem nas aldeias,
além de controlar as populações itinerantes, “e composta por cavaleiros, ela
realizava estas tarefas graças a cavalgadas nas grandes estradas”. (MONET,
2001, p. 43)
39

(...), os exércitos franceses estavam às voltas com um problema: bandos de


desertores, oriundos das suas fileiras, saqueavam as terras à retaguarda dos
Exércitos, criando um clima de instabilidade. Para resolver este problema, é
criado uma força hipomóvel, com a missão de patrulhar as terras à
retaguarda dos exércitos e dar combate aos desertores encontrados,
conduzindo-os aos Marechais-de-França (Maréchaux), encarregados de
fazer cumprir a lei e a disciplina militares . Em razão desta subordinação esta
força recebe o nome de Maréchaussée. (FERREIRA, REIS, 2012, p.2)

Posteriormente, em 1536 o Rei Francisco I da França reformula o Édito de Paris


e amplia as atribuições da “Maréchaussée” para além dos crimes praticados por
militares nas estradas, incluindo também os crimes praticados por civis. (FERREIRA;
REIS, 2012 apud EMSLEY, 2002, p.13)
E como visto, com o surgimento da Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão (1789) e seus reflexos nas forças de segurança, em 1791 a “Maréchaussée”
recebe o nome de "Gendarmerie", modelo atualmente empregado na França, nos
países de língua francesa, Portugal, Itália, Chile e Brasil.
O gendarme e o cavalo constituem um casal inseparável no imaginário coletivo
dos franceses. A associação entre o homem e o animal privilegia a representação do
gendarme. Sob a Revolução Francesa, para integrar a gendarmaria, era necessário ter
servido na cavalaria. Tornando-se a única unidade montada, a Guarda Republicana de
Paris fornece serviços de policiamento na França, como exemplo as polícias de Berlim
e Nova York, o policial montado destaca o efeito psicológico nos manifestantes.
Em 15 de outubro de 1998, é criado o pelotão de intervenção a cavalo -
“Peloton D'intervention à Cheval” - (PIC), ampliando a capacidade da Guarda
Republicana no apoio, dentro de quatro horas, na Ilha-de-França. O PIC presta apoio
específico às unidades territoriais para as seguintes missões: operações de busca,
busca de pessoas desaparecidas, vigilância preventiva, inclusive em áreas
metropolitanas, serviços de emergência e presença de uma multidão não hostil. A partir
de setembro de 2002, o Regimento de Cavalaria implantou patrulhas equestres em
toda a cidade de Paris.
Em 5 de outubro de 2005 é criado o Pelotão de Segurança Pública Montado -
"Pelotón de Sécurité Publique à Cheval” - (PSPC), cuja atuação é inteiramente voltada
para os serviços de policiamento ostensivo e ordem pública. A Guarda Republicana
constantemente busca a atualização dos regulamentos e doutrinas de segurança
40

pública relativas ao cavalo na Gendarmerie, apresentando à Direção-Geral das Forças


Armadas da Île-de-France seus pareceres, dessa forma, harmonizando e
racionalizando o uso das doutrinas equestres da Gendarme, permitindo à instituição,
por meio da Guarda Republicana, impor a sua competência a nível nacional em matéria
de segurança pública a cavalo. (EBEL; HABERBUSCH, 2007)
A história da Polícia no Brasil tem uma origem muito peculiar e também ligada
ao cavalo. A maior parte da literatura atribui a origem da Polícia no Brasil com a vinda
da Guarda Real que acompanhou a família real ao Brasil, em 1808.
Porém, já no ano de 1719 a coroa portuguesa enviou ao Brasil Colônia duas
companhias de dragões denominadas Dragões Reais das Minas, hoje denominação
do 4º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado do Exército Brasileiro. Os dragões são um
tipo de tropa militar que se deslocam a cavalo e que também atuam no combate a pé,
ou seja, apeados de suas montadas. (COTTA, 2004)
Segundo Cotta (2004) após a eclosão da Revolta de Vila Rica em 1720, e
atuação dos Dragões Reais das Minas, o administrador régio acionou um conjunto de
metáforas que remetem à necessidade da “Defesa da Ordem” da importância do
“Sossego Público” e do controle das “Desordens” à coroa portuguesa. Daí pode-se ter
uma ideia embrionária da missão constitucional das polícias militares.

(...) a “polícia” não era uma instituição separada do exército e das estruturas
judiciárias, mas um estado e estaria relacionada “a ordem estabelecida para a
tranquilidade e sossego público”. O “corpo militar” não é espaço autônomo,
mas estreitamente articulado aos órgãos da administração real, ao modo
Ancien Regime do governo das gentes e dos domínios do rei. (COTTA, 2004,
p.25)

Por se localizar no centro do Brasil Colônia, a capitania das Minas Gerais não
fazia fronteira com a América Espanhola, tampouco possuía fronteiras marítima que
neste caso necessitaria de uma força militar para a garantia da defesa contra inimigos
externos. Nesse sentido os Dragões Reais das Minas tiveram uma atuação de
natureza estritamente policial, garantindo o escoamento do ouro brasileiro das Minas
Gerais até o litoral do Rio de Janeiro, bem como a questões relacionadas a ordem
social, portanto os Dragões Reais das Minas foram as primeiras forças policiais no
Brasil, antes mesmo da vinda da Guarda Real em 1808 com a família real portuguesa.
(COTTA, 2004)
41

Os cavalarianos da Guarda dos Vice-reis teriam como atribuição as rondas fora


da cidade, realizadas nas noites e nos dias em que os soldados não
estivessem escalados na guarda do vice-rei. Desse modo “se tem evitado os
roubos que se faziam pelas estradas os assassinos, e outras desordens
semelhantes. O Vice Rei destacava que todos esses serviços, indispensáveis
para se ter em sossego esta Capital, só era possível porque no Rio de
Janeiro estariam estacionadas quatro companhias do Regimento de
Dragões das Minas Gerais.
Além da manutenção da ordem pública, a cavalaria seria útil na defesa do
litoral do Rio de Janeiro. Por sua mobilidade, um corpo de cavalaria seria
preferível a dois batalhões de infantaria. Ele cobriria as inúmeras praias
abertas. Como os inimigos vindos do mar não trariam este tipo de tropa, os
defensores do Rio de Janeiro possuiriam uma vantagem tática. Dentro dessa
lógica, o Vice-rei empregava a cavalaria auxiliar no tempo de guerra, solicitava
a formação de um regimento de cavalaria regular e requeria a transferência
do Regimento de Dragões das Minas para o Rio de Janeiro. (COTTA, 2004,
p. 82 apud INSTRUÇÕES, VICE REI, 1779)

Aliada aos Dragões Reais das Minas havia no Brasil, basicamente, três
diferentes tipos de forças para a manutenção da ordem interna no período colonial:

● Tropas Regulares, tropas de 1ª linha: como os Dragões Reais das


Minas, composto por militares regulares e pagos, de cunho público;
● Milícias, tropas de 2ª linha, formadas por civis armados comandadas
por coronéis ou bandeirantes de cunho privado;
● Ordenanças, tropas de 3ª linha, formadas por civis, comandadas pelos
capitão-mor de cada vila, de cunho privado.

O estudo histórico neste trabalho, até o presente momento reforça a


importância do cavalo na atividade de Policiamento. No Brasil, desde a atuação
dos Dragões Reais das Minas em 1719, até os dias de hoje, em especial o Regimento
de Polícia Montada “9 de Julho”, e no mundo: desde os “constables” ingleses a Polícia
Metropolitana de Londres, e na França, desde a “maréchaussée” francesa até a
moderna “Gendarmerie Nationale”, valeram-se das características inerentes ao cavalo.
Com um pensamento restrito, baseia-se simplesmente na ideia da
presença de um cavalo na formação das polícias de todo mundo, um processo
histórico evolutivo, pelo fato do meio de transporte naquela época ser restrito ao
cavalo, grosso modo o cavalo era “o carro” naquele tempo. Neste sentido, o
cavalo como meio de transporte, logicamente torna-se obsoleto, em substituição
42

ao carro e no conceito militar, a Cavalaria na guerra, substituída pelos tanques de


guerra.
Numa visão ampla, o Policiamento Montado, vai além da presença de um
cavalo como meio de transporte na história das Polícias, a exemplo do nome dado
a uma das polícias mais modernas do mundo: a Polícia Montada do Canadá - “Royal
Canadian Mounted Police”.
A polícia montada é um conceito de polícia que proporciona à sociedade
um serviço de alto valor agregado, face sua origem histórica enraizada no culto
às tradições e valores morais, aliado ao binômio homem animal, legitimam-na
perante a sociedade, que espera da polícia, enquanto órgão correcional social, o
verdadeiro exemplo de retidão de atitudes.
O processo histórico do policiamento montado aliado ao culto às tradições,
retidão de valores morais, ligada à imagem do cavaleiro a cavalo, presente em diversas
culturas, tanto ocidentais quanto orientais, que remetem a ideia de um cavaleiro
medieval, ou de um cavaleiro muçulmano, ou um guerreiro samurai reforça um ideal de
um policiamento dotado de valores profundos e atemporais que transpoem as barreias
das culturas.
Além de todo o conceito histórico de culto às tradições e valores morais, o
Policiamento Montado, atualmente, demonstra eficientes resultados na atividade de
policiamento, tanto no combate à criminalidade, na redução dos índices criminais, bem
como no aumento da sensação de segurança e doutrina de policiamento comunitário.
O policiamento deve ser visto pelo público e ir falar com este público. Pode dizer-se
que os policiais montados são os proponentes originais do Policiamento
Comunitário - "Community Oriented Policing" (BARRERA, 2001, p.6 apud FULTON,
1993). O que reforça a ideia da participação de um departamento de polícia no conceito
de policiamento orientado para a comunidade. (BARRERA, 2001, tradução nossa)
A polícia montada utiliza o cavalo como um instrumento eficaz tanto nas
relações públicas quanto na dissuasão do crime: ao ponto que participam em desfiles,
quebram o gelo das pessoas e das crianças que buscam acariciar o cavalo e
conversar com o policial, mas também controlam multidões desordeiras, e
proporcionam uma sensação de segurança em eventos desportivos ou em centros
comerciais (BARRERA, 2001 apud SPARROW, 1990, tradução nossa).
43

O policiamento montado comunitário proporciona o contato do policial montado


com a sociedade que resulta na aceitação, legitimidade e consequentemente confiança
na polícia e em virtude disso, em certas ocasiões, reverte no próprio combate ao crime:

Quando destacados para bairros, estes policiais montados tornam-se familiares


- com os membros da comunidade. São capazes de fornecer e receber
informações valiosas dos cidadãos e os residentes da comunidade percebem
que os agentes da polícia podem ser atenciosos e pessoas compassivas
(BARRERA, 2001, p. 4 apud FAIRBURN, 1989, tradução nossa)

Desde os Dragões Reais das Minas em 1719, o que levaria uma moderna e
atual patrulha do Regimento de Polícia Montada “9 de Julho”, ou uma moderna patrulha
do NYPD’s Mounted Police Unit a realizar esta modalidade de policiamento nos dias de
hoje? A resposta encontra-se nos princípios que regem esta modalidade de
policiamento ostensivo: “Os princípios fundamentais da ciência, são universais”
Neste sentido, ressalta Miguel Reale:
Princípios são, pois verdades ou juízos fundamentais, que servem
de alicerce ou de garantia de certeza a um conjunto de juízos,
ordenados em um sistema de conceitos relativos à dada porção da
realidade. Às vezes também se denominam princípios certas
proposições, que apesar de não serem evidentes ou resultantes de
evidências, são assumidas como fundantes da validez de um
sistema particular de conhecimentos, como seus pressupostos
necessários. (REALE, 1986, p 60)

No que tange os estudos sobre policiamento montado, CUNHA (2015) em sua


tese de doutorado no Curso Superior de Polícia desta mesma Casa de Ensino, ensina
que o cavalo é empregado na atividade de Polícia, face às características inerentes a
esta modalidade de policiamento fundado nos princípios, a saber:
● Ostensividade: característica do policiamento montado, cujo conjunto
policial militar e cavalo, por estarem uniformizados e num plano mais elevado que as
pessoas, são facilmente vistos pela população. Além da presença visível do animal
que, pelo seu porte, beleza e, sobretudo, pelo fato da maioria das pessoas, nos
grandes centros, não terem familiaridade com o cavalo, impõe-se admiração, certo
respeito, curiosidade e estado de atenção;
● Efeito psicológico: grande efeito no Policiamento Montado, em termos
ostensivos e preventivos, devido ao porte e a rusticidade do animal, aliado à presença
fardada do homem como autoridade de manutenção da lei e da ordem, causam na
44

percepção de força no indivíduo. O cavalo, por ser um animal de grande porte, e todo o
conjunto de ideias que representa, desperta no indivíduo e no inconsciente coletivo,
além de admiração, certo respeito e curiosidade uma leve sensação de medo do
desconhecido de uma ação subsequente, tal qual os conceitos arquétipos junguianos
preceituados por Carl Jung;
● Transferência de força: pelo porte avantajado, sua grande massa e
força muscular, o animal submisso ao cavaleiro, transfere ao policial militar, estas
características. O cavalo transfere ao cavaleiro uma grande quantidade de energia
potencial, proporcionando ao policial militar montado um aumento de sua capacidade
operativa;
● Mobilidade: capacidade eficaz e eficiente de se mover, principalmente,
nos grandes centros urbanos, devido às dificuldades criadas pelo trânsito e em áreas
com terreno irregular, como áreas de matagal, campos e comunidades com acessos
estreitos, além de áreas rurais;
● Flexibilidade: capacidade da patrulha montada buscar outros caminhos e
vias de acesso, que não apenas as destinadas ao trânsito de carros. Capacidade de
transpor determinados obstáculos, ou tipos de terrenos, acessando locais que muitas
vezes seria extremamente difícil ao homem a pé e impossível a uma viatura, podendo
ainda deslocar-se e atuar facilmente a pé, em determinados tipos de ocorrências.
● Aceitabilidade: o cavalo pela sua beleza e elegância é capaz de
despertar admiração nas pessoas, o que provoca um certo interesse em tocá-los, por
parte das crianças e, por vezes, de adultos, oportunidade esta em que se cria maior
aproximação da Polícia Militar – por meio da Patrulha Montada – com a população, o
que vem ao encontro dos objetivos da Polícia Comunitária;
● Poder preventivo e repressivo: o poder repressivo do animal – cavalo –
pelo fator psicológico que provoca nas pessoas, desencorajando-as de suas intenções,
demonstra ser extremamente eficaz nas ações de controle de distúrbios civis, evitando
sempre as situações de confrontos prolongados e diretos, facilitando a dispersão. Já o
poder preventivo do animal, traduz no fator psicológico que provoca nos meliantes, face
a sua ostensividade contribui no desencorajamento do meliante praticar pequenos
crimes em grandes aglomerações e nos grandes centros comerciais;
45

● Diversidade de emprego: é evidentemente possível o seu emprego no


policiamento comunitário, de trânsito, de força tática, de patrulha rural, em grandes
eventos, no entorno de presídios, parques, festas tradicionais, shows, estádios de
futebol, ações sociais, escoltas de autoridades, representações militares ornamentais,
honras fúnebres aos heróis policiais militares;
● Fator ecológico: O patrulhamento montado, diferentemente do
motorizado, não causa danos ao meio ambiente, exceto apenas pelo seu transporte de
início e fim de patrulhamento nas áreas mais distantes, podendo ser empregado em
áreas ecológicas e nos grandes centros urbanos.
● Economia de efetivo: esta é uma das grandes características da tropa
montada, em que se pode citar, como exemplo, o emprego de um Grupo PM Montado
pela possibilidade de substituir de maneira eficiente um ou até dois pelotões a pé no
controle de um determinado número de pessoas. Quanto ao policiamento montado
propriamente dito, pela sua mobilidade e ostensividade, lhe é propiciado o aumento
significativo de sua área de cobertura em tempo menor e com efetivo reduzido, se
comparado ao policiamento a pé, graças ao emprego do cavalo.
● Ação de presença: oferece à comunidade maior sensação de segurança,
pela certeza da cobertura da área pelo policial militar montado, principalmente nos
locais de difícil acesso para as demais modalidades de policiamento.
● Baixo índice de letalidade: nos dias atuais, tem sido constante a
cobrança pelas autoridades, imprensa e mundo acadêmico a questão dos índices de
letalidade pelas forças policiais do mundo todo, e o Brasil vem sendo apontado como
um dos países com maiores índices de letalidade registrados nos últimos tempos. O
Policiamento Montado, por meio de suas patrulhas, tem apresentado praticamente
percentual zero de letalidade, o que demonstra ser mais uma característica importante
desta modalidade de policiamento.
● Equidade de Gênero: na modalidade de policiamento montado, a policial
feminina realiza o policiamento em iguais condições de um policial masculino, face aos
princípios da transferência de força, poder repressivo e preventivo aliado ao efeito
psicológico.
No presente trabalho científico foi realizada também uma pesquisa com as
policiais femininas de todo o Brasil e exterior, (Apêndice A) que atuam no policiamento
46

montado, na qual observou-se que numa atuação a cavalo, face um agressor de


compleição física forte não teria o menor problema para atuar e já estando a pé, face a
desproporção física entre homem e mulheres, teria dificuldade na sua atuação
Sem dúvidas que este tipo de policiamento é eficiente no combate à
criminalidade, na efetiva redução dos índices criminais no setor onde atua, desde que
seja empregado em acordo com o Plano de Policiamento Inteligente, distribuindo o
efetivo de policiamento a cavalo, analisando os padrões dos comportamentos criminais,
orientado pela análise criminal e mapeamento georreferenciado.
Registros históricos de Henry Fielding datados de 1749, relatam que em
Londres, foi criado por seu irmão o Sr John Fielding, magistrado da “Bow Street”,
alarmado com os altos índices criminais e ineficácia da justiça penal, cria a primeira
organização de agentes policiais, recrutados por uma seleção rígida e
remunerados regularmente, composta inicialmente por seis homens chamados:
“Fielding´s Bow Street Runners”. Os irmãos Fielding haviam desenvolvido um
critério e organização na atividade de Polícia, inclusive escrevem a obra: Investigação
sobre as causas de roubos e criam recompensas, para os “constables” capturarem
criminosos, por meio de fundos privado, que por vezes era secretamente repassado
pelo governo.(MONET, 2001; CUNHA, 2015) Este sistema durou até meados de 1829
com a estruturação da Polícia Moderna por Sir Robert Peel, criando a Polícia
Metropolitana de Londres.
Imagem 13 - Patrulha Montada Fielding´s Bow Street Runners

Fonte: Cunha, 2015


47

Em 1829 Sir Robert Peel, então ministro do interior da Inglaterra cria a Polícia
Metropolitana de Londres, também conhecida como: Met, em Londres, na região
administrativa de Westminster, num prédio chamado Scotland Yard. (MONET, 2001;
PELISSARI, 2015). Mais tarde Sir Robert Peel seria por duas vezes o primeiro ministro
da Inglaterra, nos períodos de 1834-1835 e em 1841-1846.
Sir Robert Peel inicia um estudo aprofundado da atividade de polícia e dá um
enfoque científico na atividade policial, sendo o precursor das Ciências Policiais -
Police Science. Sir Rober Peel atribui 9 princípios que foram definidos nas "Instruções
Gerais" fornecidas desde 1829 a todo novo oficial da Polícia Metropolitana de Londres,
sendo eles:

Peel’s principles, Princípios de Peel:


1. Prevenir o crime e a desordem, como alternativa à sua repressão por meio
da força militar e da severidade das punições legais;
2. Sempre reconhecer que o poder da polícia de cumprir suas funções e
deveres depende da aprovação pública de sua existência, atos e
comportamento, e de sua habilidade em assegurar e manter o respeito público;
3. Sempre reconhecer que assegurar e manter o respeito e a aprovação
públicas significa também assegurar a cooperação voluntária do público na
tarefa de assegurar a observância às leis;
4. Sempre reconhecer que, na medida que a cooperação do público puder ser
assegurada, nesse mesma medida diminui a necessidade do uso de força
física e de coação para alcançar os objetivos policiais;
5. Buscar e preservar o favor público, não pelo apelo ao que há de mais baixo
na opinião pública, mas sim demonstrando constante um serviço
absolutamente imparcial à lei, com total independência para com a política, e
sem levar em conta a justiça ou a injustiça da substância de leis individuais,
pelo pronto oferecimento de serviço individual e de amizade a todos os
membros do público sem levar em conta sua riqueza ou posição social, pelo
pronto exercício de cortesia e de amigável bom humor, e pela pronta oferta do
sacrifício próprio na proteção e preservação da vida;
6. Usar a força física apenas quando o exercício da persuasão, do
aconselhamento e de advertências se mostrarem insuficientes para a obtenção
de cooperação pública na medida necessária a assegurar a observância da lei
ou a restauração da ordem, e usar em qualquer ocasião específica apenas a
menor quantidade de força física necessária a alcançar um objetivo policial;
7. Manter em todos os momentos um relacionamento com o público que dê
realidade à tradição histórica de que a polícia é o público e de que o público é a
polícia, policiais sendo apenas membros do público pagos para dedicar
atenção integral aos deveres que são de responsabilidade de todos os
cidadãos no interesse da existência e do bem-estar da comunidade;
8. Sempre reconhecer a necessidade da estrita aderência às funções
executivas da polícia, abstendo-se mesmo de sequer parecer usurpar os
poderes do judiciário, de vingar indivíduos ou o Estado, e de autoritariamente
julgar a culpa e punir os culpados;
9. Sempre reconhecer que a comprovação da eficiência policial é a ausência
de crimes e desordem, e não mostras visíveis de ação policial no trato com
eles. (EMSLEY, 2014, p.13-14)
48

As unidades de polícia montada mostravam-se tão eficientes, que em 1836


foram incorporadas na Força Policial de Sir Robert Peel (ROTH, 1998). Essas
unidades montadas provaram que a alta visibilidade e presença eram componentes
essenciais na prevenção do crime. Esta verdade mantém-se ativa mesmo nos tempos
modernos. Os cavalos são especialmente úteis em áreas de grande congestionamento
e tráfego. O ponto de vantagem elevado do policial montado torna-o altamente visível
nestas áreas. Nos centros comerciais que via de regra são extremamente povoados e
congestionados, o policial montado pode ignorar estas multidões e dissuadir o crime
(CARNEY, 1978, tradução nossa). Do dorso do cavalo o agente da polícia pode manter
a vigilância de um suspeito em fuga mais eficazmente que uma patrulha a pé.
(BARRERA, 2001, tradução nossa)

2.3.1 HISTÓRIA DO USO DO CAVALO NA PMESP

Na Polícia Militar do Estado de São Paulo é o Regimento de Polícia Montada


“9 de Julho" que desenvolve as atividades de policiamento montado. A história do
Regimento de Polícia Montada “9 de Julho” confunde-se com a história da criação da
Polícia Militar do Estado de São Paulo - PMESP, como retrata sua canção na letra de
Guilherme de Almeida:

Sentido! Frente, ordinário marcha!


Feijó conclama, Tobias manda
E na distância, desfila a marcha
Nova cruzada, nova demanda
Um só por todos, todos por um
Dos cento e trinta de trinta e um ![...](SÃO PAULO, 1964, não paginado, grifo
do autor)

O poeta realiza uma alusão ao efetivo inicial da Força Policial de São Paulo,
que do total de 130 homens recrutados em 1831: 100 homens pertenciam a tropa de
infantaria e os outros 31 homens pertenciam a tropa de cavalaria, sob o Comando
do Tenente Pedro Alves Siqueira, demonstrando novamente na história das Forças
Policiais a importância do policiamento montado na Segurança Pública. (COUTINHO,
1989)
49

O Regimento de Polícia Montada “9 de Julho” foi criado pela Lei nº 616, de


dezembro de 1974 e regulamentado pelo Boletim Geral PM 140, de 31 de julho de
2020. Subsidiariamente ao RPMon “9 de Julho” existem dezesseis Destacamentos
Montados distribuídos pelo estado de São Paulo, que também desenvolvem as
atividades de policiamento montado, atualmente incorporados aos Batalhões de Ações
Especiais de Polícia - BAEP, e dois Destacamentos com missões específicas: o
Destacamento da Academia de Polícia Militar do Barro Branco, destinado à formação
dos futuros oficiais da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP) e o
Destacamento do Parque da Água Branca destinado à doma e preparação dos futuros
cavalos da Instituição.
O primeiro quartel da Cavalaria Paulista situava-se no andar térreo do Convento
Nossa Senhora do Carmo, próximo à várzea do Glicério.
Desde sua criação Participou ativamente nos movimentos revolucionários de
1924, 1926, 1930, 1932, 1964 e teve o seu batismo de fogo em Venda Grande,
cercanias de Campinas, sob o Comando de Caxias, na Revolução Liberal de Sorocaba
em 1842, justamente contra o patrono da PMESP Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar
(COUTINHO, 1989).
Na ocasião, o Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, o líder da Revolução
Liberal 1842, proclamou:

Paulistas, chegou o tempo de mostrardes se sois homens ou sois cobardes. Ou


se dirá ainda há paulistas ou os paulistas de hoje valem menos que as
mulheres. Coragem! Paulistas, mostrai-vos como heróis e não como escravos.
Morramos todos, mas não deixemos à posteridade exemplos
de temor e cobardia. Não pensei que fugindo evitareis o castigo, aumentareis a
ele desonra. Paulistas! Desempenhai o vosso nome, cobri-vos de glória e
salvemos a Pátria.
Viva a santa religião!
Viva a Constituição jurada. (REIS DAMACENO, p.17, 2020)

2.3.2 O CAVALO TOBIANO E O PATRONO DA PMESP BRIGADEIRO RAFAEL


TOBIAS DE AGUIAR

A PMESP está intrinsecamente ligada ao cavalo e o cavalo em todo o mundo


está essencialmente ligado à Polícia Militar do Estado de São Paulo:
50

Foi Tobias de Aguiar que trouxe para o Rio Grande do Sul o primeiro cavalo
malhado de que se tem notícia e, por essa razão, até hoje esse tipo de equino
é chamado de Tobiano (ESTEPHAN, 2020, p.63)

O termo “tobiano” é utilizado no mundo todo, para designar a pelagem


colorida dos cavalos, (gn) também conhecida por “pampa”, alusão à região dos
pampas gaúchos, devido ao fato do Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar ter se
deslocado ao Rio Grande do Sul, montado sobre um cavalo colorido, para se
juntar aos Farrapos.
O Brigadeiro Tobias de Aguiar havia fugido após a derrota da Revolução Liberal
em 1842, pelas tropas do Duque de Caxias, com destino ao Rio Grande do Sul, no dia
15 de junho, após se casar às pressas com a Marquesa de Santos no dia 14 de junho
de 1842. Segundo cópia da certidão de casamento encontrada no Arquivo do IHGSP,
Rafael Tobias de Aguiar e a Marquesa de Santos casaram-se em 14 de junho de 1842,
ao meio-dia, no oratório de Dona Gertrudes Eufrosina Aires, mãe de Rafael Tobias.
Foram testemunhas o Padre Feijó e o Cap. Francisco Xavier de Barros. Doc. t. 1020
(REZZUTTI, 2013)
Na viagem ao Rio Grande do Sul, o Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar foi
acompanhado pelo Major Galvão, Francisco de Castro do Canto e Mello e o vereador
paulistano Bento José de Morais, presos no Paraná no mês de julho postada na Carta
do Barão de Caxias ao Barão de Monte Alegre — Anais do Museu Paulista, no. 5,
1931. P. 381. Segundo o periódico O Governista (13 de julho de 1842), nesta ocasião
foram presos no total 9 rebeldes. (REZZUTTI, 2013)
Ele permaneceu no Rio Grande do Sul até dezembro de 1842 quando foi preso
em Palmeira das Missões/RS e levado à Fortaleza da Laje no Rio de Janeiro, onde
ficou preso até 1844. Brigadeiro Tobias de Aguiar foi anistiado dois anos depois e
quando de seu retorno a São Paulo recebido por toda a população paulista.
Em 1846, logo depois da anistia dada ao revoltoso Brigadeiro Tobias de Aguiar,
o próprio imperador Dom Pedro II refez o itinerário da Revolução Liberal em São
Paulo, passando pelas cidades conquistadas pelas tropas tobianas, tendo como
guia, chamou Rafael Tobias de Aguiar, líder da revolta que havia mandado conter.
Os dois cavalgaram juntos por todo itinerário. (MOURA, 2016)
51

Sobre o processo da denominação da pelagem alusiva ao patrono da PMESP,


Brigadeiro Tobias, o General Manoel do Nascimento Vargas, genitor do Presidente
Getúlio Vargas, escreveu em uma carta a Sylvio da Cunha Echenique:
Tenho presente o que ouvi de meu Pai, na minha infância, sobre o cavalo
tobiano. Dizia ele que esse cavalo havia sido introduzido no Rio Grande por um
coronel ou general Tobias que, partindo de Sorocaba, a frente de gente armada
com o propósito de auxiliar a revolução farroupilha, trazia na força esses
animais. Fora batido, não logrando seu propósito. Forneceu, porém, a origem
da pelagem referida, que se propagou no Rio Grande, tendo-o como patrono.
Não considero-a como caraterística da nossa raça Crioula. Em minha infância,
as pelagens preferidas para o cavalo Crioulo eram a tordilha, e zaina, alazã,
moura, pangaré e mais alguma. (MENEZES, 2014, não paginado)

Ainda, segundo o livro Fundação e Evolução das Estâncias Serranas, GOMES


(1966), afirma sobre o tobiano:
“Já no final da Revolução Farroupilha, o Brigadeiro Rafael Tobias que tentara
uma revolta em São Paulo, emigrou para o Rio Grande. Trouxe na sua comitiva
diversos animais de pelagem malhada chamava de “pampas”. A animalada crioula do
Rio Grande era de variadíssima pelagem mas não existia aqui os tais pampas.
Rafael Tobias presenteou alguns reprodutores daqueles ao seu amigo, Dr. Antonio
Gomes Pinheiro Machado. Esses animais reproduziram-se espalhando por toda a
Província os seus descendentes, cujas pelagens eram persistentes. Os campeiros
deram-lhes o nome de “tobianos”, em virtude de terem sido introduzidos aqui Tobias.
Entretanto, os tobianos eram considerados cavalos sem resistência .Já os
crioulos, criados nos rigores do inverno e no calor do verão, correndo em campinas
enormes ao lado da égua-mãe e magotes de eguada gaviona, cruzando arroios a nado,
banhadais barro à meia-barriga, serranias de pedras, vencendo pelo mais forte à
vontade da natureza, castrados e pegados a laço e boleadeiras, para domar, de
colmilhos amarelos e vigorosos, eram de temperamento amoldável e ágil, tinham de
ser mais resistentes e melhores. (GOMES, 1996)
Mas, com o cruzamento contínuo, criação livre e os hábitos de domas e manejo
do gaúcho, os tobianos tornaram-se também resistentes, ágeis e tambeirões,
confundindo-se com os crioulos.
Daí formaram-se belíssimas tropilhas de tobianos pretos, vermelhos, mouros,
gateados e outras variações de pelagens. Até pilhas de mulas tobianas existiram, e
lindaças. (GOMES, 1996)
52

Ao longo da história, em diferentes momentos, houve diferentes razões


circunstanciais que determinaram o preconceito à pelagem manchada, no entanto
avanço do conhecimento genético na transmissão das pelagens, o rigor dos controles
dos registros genealógicos e a importância do treinamento na evolução do cavalo
crioulo moderno permite afirmar que se o atual cavalo crioulo perdeu um pouco da
rusticidade certamente ganhou em beleza e funcionalidade e o desafio para o
crescente número de apreciadores do moderno crioulo tobiano, e buscar a pelagem
priorizando a morfologia e a genética comprovada para a função e assim reverter o
preconceituoso pensamento: que cavalo tobiano só dá bom por engano. (MENEZES,
2013)
Ressaltando a idéia de que o cavalo em todo o mundo está intrinsecamente
ligado à Polícia Militar do Estado de São Paulo, seguem trechos originais, os quais
serão deixados em língua original para estudos posteriores, em outros idiomas que
ratificam a notoriedade mundial da figura do Brigadeiro Tobias de Aguiar, patrono da
PMESP com a terminologia internacional sobre pelagem de cavalos:
● em inglês:
“The name tobiano comes from South America and originated when General
Tobias came to Argentina from Brazil in the mid-1800s with a contingent of
soldiers mounted on horses with this pattern. Prior to Tobias's arrival in
Argentina” (BELLONE e SPONENBERG, 2017)

● em alemão:

“A. Die Tobianoschecken


Im Laufe der Jahre haben deutsch schreibende Autoren versucht, diese
hierzulande bekannteste Scheckart als dominant Scheck, orientalischer Scheck,
Plattenscheck oder Kuhbunt zu charakterisieren. Keine dieser Bezeichnungen
konnte auf Dauer befriedigen, so dass der aus Südamerika stammende Name
Tobiano auch hier Verwendung findet.
Tobiano wird abgeleitet von Tobias. Wie die Schecken den Männernamen
bekamen, ist nicht klar. Eine Geschichte erwähnt einen brasilianischen Bauern
niederländischer Abstammung als Hinweis auf eine mögliche Quelle dieser
Scheckart. Eine andere führt zurück zur Revolution in Brasilien, 1842, als der
Paulisten-General Tobias de Aquilar mit seiner teilweise auf Schecken
berittenen Truppe von Brasilien nach Argentinien zog, wo diese Scheckart
bislang selten war.”(ARRIENS, 2016, p.208)

● em francês:
“Le nom tobiano provient de la langue espagnole en Amérique du Sud, où il
était employé originellement, au xixe siècle, pour désigner les chevaux d'un
émigré hollandais ou d'un général de cavalerie nommé Tobías” (TSAAG,
NÉPOUX, 2019)
53

Em 1906 o então governador de São Paulo, Jorge Tibiriçá, contratou militares do


Exército da França com objetivo de instruir a tropa paulista com treinamento militar
específico e reestruturar a Força Pública de São Paulo, atual Polícia Militar do Estado
de São Paulo o que foi chamada de Missão Militar Francesa. Cabe ressaltar que o
Brasil recebeu instrução de militares franceses: Missões Francesas, por duas vezes, a
primeira como visto acima na PMESP em 1906 e uma segunda em 1919 direcionada
ao Exército Brasileiro, iniciada em 1920.
Com a Missão Militar Francesa, a Polícia Militar do Estado de São Paulo sofreu
uma série de mudanças, tanto estruturais, como centros de instrução, escolas de
formação, escola de educação física, incentivo a aviação, e no aprimoramento da
disciplina e consequentemente de seus integrantes, quanto na estética militar, tais
como: uniformes, ordem unida (LINHARES, 2019) e no caso desta pesquisa científica:
a arte da equitação militar do Cap Stattmuller e o uso doutrinário de pelagens de
cavalos com padrões militares específicos, que permanecem atualmente.
O RPMon “9 de Julho” utiliza apenas cavalos com as pelagens simples e
compostas, sendo distribuídos da seguinte forma: I Esquadrão (I Esqd): cavalos
pelagens pretos e castanhos, II Esqd: cavalos com pelagens alazã e baia e o III Esqd:
cavalos de pelagem tordilha, esquadrão que engloba os tordilhos da centenária Banda
de Clarins da PMESP.
Em que pese, o patrono da PMESP, Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar ser um
apreciador e criador de cavalos tobianos, da região de Sorocaba e ter difundido a esta
pelagem por toda América do Sul, sendo inclusive batizada a terminologia dessa
pelagem em sua homenagem: “tobiano”, atualmente o Regimento de Polícia Montada
“9 de Julho” – RPMon “9 de Julho” - não utilizada o pampa, ou tobiano: pelagem
conjugada ou também chamada de justaposta.
54

3 ASPECTOS LEGAIS SOBRE O USO DOS SOLÍPEDES NA PMESP

Como visto, a Polícia Militar utilizou o cavalo como instrumento de trabalho


desde sua criação em 1831. E a aquisição do cavalo no meio militar tem a
denominação de remonta. Para um melhor entendimento das terminologias
castrenses e equestres, cabe-se ressaltar a definição de: remonta:

remonta: sf
1 MIL Aquisição de novos cavalos ou muares para os serviços de cavalaria e
artilharia.
2 MIL O gado cavalar ou muar para uso dos regimentos.
3 MIL O pessoal encarregado de fazer a aquisição desse gado para serviço
militar.
4 COLOQ Reparação que se faz em algo, com o objetivo de melhorá-lo;
conserto, reforma.
5 Serviço realizado pelo Exército em conjunto com os jóqueis-clubes e o
Ministério da Agricultura que tem como objetivo o aprimoramento da raça
equina brasileira. (REMONTA, 2021)

A remonta sempre ocorreu nos quartéis de cavalaria, é a aquisição dos cavalos


para uma determinada unidade militar, como visto na definição acima: tanto nas
Unidades de Cavalaria, quanto nas Unidades de Artilharia, que utilizavam para
tracionar os pesados canhões.
A primeira menção à remonta na legislação do Estado de São Paulo, surge em
1844, mais precisamente na LEI N. 19, de 27 de fevereiro de 1844, a qual ressalta a
necessidade da remonta na PMESP e equipara a importância da remonta aos
armamentos:

Art. 1.° - A Força Policial da Provincia desde a data d'esta Lei até 30 de
Junho de 1845 constará de duas Companhias d'Infanteria de 106 praças
cada uma, e d'uma de Cavallaria de 80 praças, formando o Corpo de
Municipaes, e mais da Companhia existente no Campo de Palmas, que
constará de 61 praças.
[...]
Art. 14. - O Presidente da Provincia fica auctorisado á fazer a despeza
necessaria com o expediente do Corpo, com a compra de cavallos para
remontas, e dos arreios, e armamentos necessarios; e à dar a esta Força um
Regulamento, em que marque os casos puniveis de disciplina, modo de
processal-os, e penas correspondentes, salva a disposição final do art. 4.°
N'elle dará mais as regras para os alistamentos, fixará as épochas dos
fornecimentos das peças d'armamento, e equipamento, da instrucção,
exercicios, e revistas; a escripturação, a contabilidade, o quanto mais
conveniente seja á boa disciplina e ordem. [...] (SÃO PAULO, 2021)
55

Com a evolução do Estado de São Paulo e da própria Polícia Militar do Estado


de São Paulo a matéria, remonta, foi evoluindo cada vez mais. Decreto Estadual Nº
1757-A, de 27 de Julho de 1909:

DECRETO N. 1.757-A, DE 27 DE JULHO DE 1909:


Crêa a Directoria de Industria Animal, dependente da Secretaria dos Negocios
da Agricultura, Commercio e Obras Publicas. [...]
Artigo 15. - O rebanho do Posto Zootechnico Central Dr. Carlos Botelho,
compor se-á de reproductores machos, postos á disposição dos criadores do
Estado, e de reproductores femeas. [...]
Artigo 19. - Nesses livros se inscreverão todos os reproductores de raças puras
importados pelo Estado e seus productos assim como os animaes de sangue
mixto nascidos no Estado quando reunirem as condições exigidas em
instrucçòes especiaes e seus proprietários requisitarem sua inscripção. [...]
Paragrapho unico. - A inscripção nos livros geneologicos do Posto será
gratuita. [...]
Artigo 24. - Todos os trabalhos scientificos feitos pelo pessoal technico da
Directoria de Industria Animal serão publicados assim como todos os demais
de utilidade pratica e executados nos estabelecimentos zootechnicos do
Estado. [...]
Artigo 52. - Quando o Governo julgar conveniente poderá aproveitar os
campos do Pinhal, pertencentes ao Estado, no municipio de ltapetininga,
para ser nelles installadas uma fazenda de criação, destinada á remonta
da Força Publica. [...] (SÃO PAULO, 2021)

Cabe ressaltar que em 1909, o estado de São Paulo, encontrava-se no auge


da economia cafeeira e em meio à Missão Militar Francesa na Força Pública. O
Governo havia criado um “Posto Zootechnico Central” (PZC), regulamentado pela lei
acima, no bairro da Móoca em São Paulo, por iniciativa do Dr Carlos Botelho,
secretário da agricultura no governo de Jorge Tibiriçá. Este Posto Zootechnico Central
(PZC) foi a célula mater do atual Instituto de Zootecnia (IZ) onde atualmente criam os
cavalos IZ da PMESP, o qual será tratado no capítulo 6.5.
O Dr Carlos Botelho teve grande influência no fomento da pecuária no Brasil,
sempre buscando tecnologias inovadoras nos estudos sobre os rebanhos, aliado as
parcerias de particulares que importavam as matrizes e reprodutores. Uma dessas
parcerias era do grande proprietário de terras Rafael Tobias de Aguiar Pais de Barros,
que trazia cavalos diretamente da Inglaterra e França. Paes de Barros criava os
cavalos em sua fazenda no Alto da Mooca, hoje na Avenida Paes de Barros, onde
fomentava a criação de cavalos em São Paulo. (GUTMANIS, D; GUTMANIS, G;
ALCÂNTARA; PAULINO, 2010)
56

Raphael Aguiar Paes de Barros é a personalidade que dá nome à famosa


Avenida na Zona Leste: Avenida Paes de Barros. Interessante ressaltar que ele era
sobrinho do patrono da PMESP, Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar. Raphael Aguiar
Paes de Barros foi um dos primeiros a importar e criar cavalos puro sangue inglês no
Brasil, face ao amor pelas corridas de cavalos que adquiriu quando esteve na
Inglaterra. Fundou o primeiro Jockey Clube de São Paulo construído em sua
propriedade no bairro da Moóca, conhecido como Hipódromo da Móoca, ou Prado da
Móoca. (PORTAL DA MÓOCA, 2020) O Jockey Clube da Móoca era próximo ao PZC
“Posto Zootechnico Central”.

Organograma 14 - Árvore genealógica de Raphael Aguiar Paes de Barros

fonte: o autor, 2021

Segundo Andrioli, 2009, foi no Prado da Móoca - Hipódromo da Móoca, que o


Regimento de Cavalaria 9 de Julho realizou a primeira demonstração de manobras
militares e desfile militar, instruídas pela Missão Militar Francesa ao público em 15 de
novembro de 1907, sendo alvo de elogios à época pelo renomado escritor Coelho
Neto, que elogiou enfaticamente as manobras realizadas pela Força Pública e a parada
no campo do Jockey Clube onde reuniu mais de 10 mil pessoas. Foi um
"deslumbramento'', finalizada pela Cavalaria, com dois esquadrões que realizaram
exercícios com lança apoiadas no cachimbo, presa ao estribo, com flâmulas auriverdes
tremulando. Sob as instruções do Capitão francês Stattmuller e comandamento do Cmt
G Cel Antônio Batista da Luz, realizou nesta data a primeira demonstração de
Carrousel da Força Pública no Brasil (ANDRIOLI, 2009).
57

Dando continuidade neste convênio da Força Pública com os Postos de


Zootecnia, em 1924 a criação dos cavalos da Força Pública é atendida em um local
específico, conforme o Decreto Nº 3.683, DE 31 DE JANEIRO DE 1924:

DECRETO N. 3683, DE 31 de JANEIRO DE 1924:[...]


CAPITULO III Dos Haras Paulista de Pindamonhangaba
Artigo 7.° - O Haras Paulista possuirá um lote de eguas nacionaes e outro
de eguas extrangeiras, bem como o numero de garanhões de puro sangue
pertencentes ás raças exoticas mais indicadas para o melhoramento do cavallo
nacional.
§ 1.º - As eguas de puro sangue serão destinadas á producção in loco de
garanhões puros, destinados aos estabelecimentos zootechnicos do Governo.
§ 2.° - O melhoramento do cavallo nacional se fará por meio de
cruzamento das eguas crioulas com garanhões exoticos, tendo-se em vista a
producção do cavallo para guerra, para tracção pesada e leve.
Artigo 8.º - O Haras Paulista procurará produzir o numero de cavallos
necessarios para a remonta da Força Publica do Estado.[...] (SÃO PAULO,
2021)

Após a Revolução de 1932, o estado de São Paulo sofre uma série de


mudanças quanto a sua organização, e em consequência disto a própria Força Pública
sofre alterações, a exemplo do Campo de Marte (Champs de Mars) utilizado pelas
tropas paulistas. Neste contexto, o governador Adhemar de Barros, que havia lutado
juntamente com os Paulistas em 1932, em seu primeiro mandato ainda como
interventor, em 1939, edita um decreto que dá forte ênfase tanto na equitação militar,
quanto na remonta na PMESP, conforme o DECRETO N. 10.142, DE 22 DE ABRIL DE
1939:

DECRETO N. 10.142, DE 22 de ABRIL DE 1939:[...]


XI - REMONTA
Artigo 31 - Para satisfazer as necessidades do Departamento e principalmente
da instrução, do adestramento de cavalos e da remonta dos oficiais superiores,
a remonta do Departamento deverá ser mantida com o maior cuidado,
distribuindo os animais pelas seguintes categorias:
a) - Cavalos (montada de oficiais superiores).
b) - Cavalos de instrução
c) - Cavalos de concurso e de armas.
d) - Cavalos de pólo.
e) - Cavalos de iniciação de categorias I. A. 5 a 10 anos; I. B. 2 a 5 anos e
recuperação.
Artigo 32 - O Diretor Geral de Instrução, mediante proposta do Diretor do
departamento, fará a classificação dos cavalos nas diferentes categorias,
podendo pelo mesmo processo, tranferí-los de uma para outra.
Artigo 33 - Sob a direção e responsabilidade do Diretor do Departamento, será
mantido um registro (stood-boock) de todos os animais do Departamento,
58

contendo as seguintes indicações: número, nome, categoria, filiação,


procedência, idade do animal, nome e marca do criador discriminação dos
concursos e provas hípicas; classificação alcançada e prêmios conquistados.
Artigo 34 - Como medida de ordem e de inventivo à criação equina, haverá na
báia de cada animal um quadro com o resumo das indicações acima
enumeradas.
Parágrafo único - Haverá também um quadro geral de toda cavalhada onde
serão inscritos: regime de forragem, observações sobre curativos etc. [...]
Artigo 37 - Os oficiais que tiverem cavalos particulares deverão trabalhá-los
fora dos horários do Departamento, salvo quando houver falta de animais;
entretanto, aqueles que foram julgados em condições de representar a Fôrça
poderão faze-lo.” (SÃO PAULO, 2021)

No mês de abril de 1964, período que precedeu a Revolução de 1964 é que


surge uma série de especificações técnicas normatizadas sobre a remonta de cavalos
na PMESP, coincidentemente sob a assinatura do governador Adhemar de Barros,
neste feito como governador, tendo como Comandante Geral da Força Pública, o
exímio cavaleiro e General: General de Divisão João Franco Pontes.

3.1 Influência do General Franco Pontes na sistematização da remonta na PMESP

O General de Divisão João Franco Pontes foi Comandante Geral da Força


Pública no período de 1963 a 1966. Sob seu comando, foi sistematizada a remonta
militar de cavalos na Polícia Militar do Estado de São Paulo. O General João Franco
Pontes foi um oficial do Exército Brasileiro oriundo da arma de Cavalaria, nascido em
19 de agosto de 1905 e Aspirante do Exército Brasileiro formado na turma de 1926.
Realizou o curso de Instrutor de Cavalaria no Exército Brasileiro em 1924, e participou
de inúmeras competições equestres militares internacionais, antes de assumir o
Comando da PMESP, destacando-se os Jogos Panamericanos de 1951 em Buenos
Aires e duas Olimpíadas, sendo em 1948 em Londres e em 1952 Olimpíadas de
Helsinque:
1935 - República Argentina — integrante do selecionado de polo que disputou
jogos em Buenos Aires;
1936 - Olimpíada de Berlim - Chefe da Equipe de Pentatlon Militar;
1942 - República do Chile - integrante da equipe hípica que representou Exército
Nacional nas provas internacionais de Vinhã del Mar e Santiago;
1948 - Olimpíada em Londres, integrante da equipe hípica olímpica que
representou o Brasil;
59

1950 - Rep. do Peru - Chefe e participante da equipe hípica do Exército


Nacional que competiu em Lima;
1950 - Rio de Janeiro - integrante da equipe hípica nacional que disputou o
Concurso Hípico Internacional;
1951 - República Argentina - Chefe e participante da equipe hípica do Comitê
Olímpico Brasileiro e da C.B.D. a que participou dos Primeiros Jogos
Pan-Americanos e do Concurso Hípico Internacional de Buenos Aires;
1952 - Nas Olimpíadas em Helsinki, foi chefe da equipe hípica olímpica que
representou o Brasil.
1953 - Rio de Janeiro foi integrante da equipe hípica do Exército Nacional que
competiu com a do Exército Peruano;
1955 - Rio de Janeiro - Vice-Campeão Brasileiro de Salto de Obstáculos;
1957 - Rio de Janeiro - integrante da equipe do Exército, vencedora do
Campeonato do Exército e Campeonato Brasileiro de Pólo;
1958 - São Paulo - integrante da equipe do Exército, Vice-Campeã do
Campeonato de Pólo;
1960 - São Paulo - Pólo - Campeão do Estado de São Paulo.” (REVISTA
MILITIA, 1963, p.50)

O Decreto nº 43.232, de 23 de abril de 1966, assinado pelo Governador


Adhemar de Barros, aprovou o Regulamento de Remonta da Força Pública do Cmt
Geral Gen Franco Pontes:

DECRETO Nº 43.232, DE 23 DE ABRIL DE 1964


Dispõe sôbre o Regulamento de Remonta na Fôrça Pública do Estado de São
Paulo.
Artigo 1º - Fica aprovado o Regulamento de Remonta na Fôrça Pública do
Estado de São Paulo, que com êste baixa, assinado pelo Comandante Geral
da Fórça Pública.
[...] REGULAMENTO PARA A REMONTA NA FÔRÇA PÚBLICA DO ESTADO
DE SÃO PAULO
I - Compra de Animais
Artigo 1.º - A compra de animais para a Fôrça Pública, far-se-á diretamente nos
centros criadores do Pais pela Comissão de Compras de Animais (C.C.A.), de
que trata o artigo 3.º, ou mediante contrato com pessôa idônea, em localidades
do Estado préviamente escolhidos para a apresentação dos animais a referida
Comissão.
Artigo 2.º - No segundo caso do artigo anterior, o contrato fixará o preço, as
condições que devem satisfazer os animais, tudo de acôrdo com o disposto
nestas instruções, explicitamente declarado que só serão adquiridos os que
realmente preencherem tais exigencias, a juizo da C.C.A., após o exame in
loco.
Artigo 3.º - A C.C.A. será proposta pelo Cmt, do R. C, e nomeada pelo
Comandante Geral, Compor-se-á do três oficiais, sendo dois de cavalaria, um
dos quais major, e um veterinário, Funcionará sob a presidência do mais
graduado.
Artigo 4.º - Os preços de compra normais, bem como os especiais serão
julgados por comparações com a média dos preços correntes no comércio de
cavalos, dentro do território Nacional
Artigo 5.º - Os animais a adquirir devem satisfazer as seguintes condições.
a) Idade - 3 a 8 anos:
b) Altura mínima - 1,50m:
c) Castrados:
60

d) Pelagem: escura e tapada, com exceção para os que se destinaram à Banda


de Clarins;
e) Sãos, sem taras ou vicios redibitórios, de bons cascos e bôa conformação,
de acôrdo com a categoria a que se destinarem;
f) Bôa doma, podendo eventualmente ser autorizado a aquisição de animais
chucros em número compativel com as possibilidades de;
g) Éguas, cinco (5 %) por cento do total;
h) Andaduras regulamentares.
Os cavalos adquiridos para remonta deverão pertencer ao tipo sem,
obedecidas as seguintes categorias:
a) Especial;
b) Montada de Oficial;
c) Montada de praça.
Parágrafo Primeiro - São característicos de cada categoria:
I - Especial; Altura mínima - 1,60 m.; Perímetro toráxico - 1,80 m;Peso médio -
500 quilos.
II - Montada de oficial; Altura mínima - 1,55 m.; Perímetro toráxico - 1,80m;
Peso médio - 500 quilos.
III - Montada de praça: Altura mínima - 1,52 m.; Perímetro toráxico - 1,70 m.;
Peso médio - 400 quilos.
Artigo 7.º - Os muares adquiridos devem obedecer as categorias seguintes;
a) Tipo tração - Categoria: trens;
b) Tipo carga - Categoria: metralhadoras de infantaria.
Artigo 8.º - Os muares, além das condições do artigo 7.º, deverão satisfazer
ainda as especiais seguintes:
I - Tipo Tração:
a) Altura mínima - 1,38 m.;
b) Sistema muscular bem desenvolvido, forte em todas as regiões do corpo,
môrmente no base do pescoço, espadua, peito, costelas e membros;
c) Boa capacidade respiratória;
d) Assinalada capacidade para produzir e esforço inicial de tração "arranco de
partida".
II - Tipo carga: a) Altura de 1,35 m, a 1,40 m.;
b) Animal curto, grosso, lombo chato e cornelha baixa.
Artigo 9.º - Sob qualquer pretexto fica proibida a compra de animais em lotes
(uns pelos outros), sem meticuloso exame e cuidados que atendam as
condições exigidas.
Artigo 10 - Cabe aos oficiais combatentes da C.C.A. examinar os animais sob o
ponto de vista dé sua utilidade e ao oficial veterinário quanto à saúde, sendo
êste último exame eliminatório. Em seguinda, cada membro da comissão
emitirá um parecer que será levado em conta para a aquisição ou não do
animal examinado. Prevalecerá o parecer em maioria.
Artigo 11 - A avaliação final do animal será o resultado de uma avaliação
individual dos membros da C.C.A., cuma média será o preço do comprador.
Parágrafo primeiro - O animal só será adquirido se êste preço fôr igual ou
superior ao do vendedor.
Artigo 12 - As C.C.A. farão no próprio local da compra, resenhas e cadernetas
individuais provisórias, marcando os animais com número no casco do anterior
direito.
Parágrafo primeiro - A caderneta individual de resenha conterá dados sôbre;
a) Espécie e sexo;
b) Idade, marca , altura e pelagem;
c) Tipo e categoria;
d) Preço de compra;
e) Marca e nome do criador;
f) Estado de doma.
61

Artigo 13 - Os animais comprados nos centros criadores serão pagos no ato da


entrega, pelo Presidente da Comissão de Compras mediante recibo, no qual
deverá constar dados suscintos de cada animal e o respectivo preço.
Artigo 14 - Se os animais forem comprados na Capital o pagamento será
efetuado por intermédio do Serviço de Fundos.
Artigo 15 - O vendedor se obrigará a manter, em princípio, os animais
adquiridos, em potreiros ou estrebarias higiênicas no prazo mínimo de 15 dias,
podendo êste prazo ser dilatado mediante entendimento entre as partes,
devendo as despesas de alimentação, correr por conta da Fôrça Pública,
depois de efetuada a aquisição.
Artigo 16 - Terminada a compra, o Presidente da C.C.A. deverá apresentar um
relatório ao Comandante do R.C, dos trabalhos realizados, relação dos
animais, caracteristicas, preços, ocorrências e outras observações julgadas
necessárias, assinado pela Comissão, para encaminhamento ao Comandante
Geral da Fôrça Pública.
Artigo 17 - Todos os animais adquiridos serão encostados ao R.C. e colocados
em regime de observação em locais próprios.
Parágrafo único - Durante êste periodo o Chefe da F.V.R. procederá à
maleinização e desgastrofilização.
Artigo 18 - Terminado êsse periodo, ficarão os animais em condições da
Secção de Picaria iniciar os trabalhos de doma e adextramento.
Artigo 19 - Aos oficiais do R.C, ou aos que estejam exercendo funções de
instrutor de cavalaria em outras unidades da Fôrça Pública, fica permitido
o forrageamento por conta do Estado, de um cavalo de sua propriedade.
Parágrafo Primeiro - Nessa situação esses animais particulares deverão
prestar serviços durante um ano, não podendo ser retirados antes desse
prazo, salvo se forem julgados inválidos para o serviço em consequência
de acidentes ou moléstias orgânicas adquiridas.
Parágrafo Segundo - Para êsse julgamento deverá ser convocada a C.P.R.
Artigo 20 - Os animais particulares para poderem gozar as vantagens do
artigo anterior deverão preencher as condições físicas previstas nas
categorias "Especial" e "Montada de Oficial", além das previstas no Art.
5.º . letras "a", "c" e "d".
Artigo 21 - Quando um oficial do R.C., possuidor de cavalo forrageado
pelo Estado, fôr transferido, caso queira, poderá deixar sua montada no
Regimento desde que preste serviços, Igual vantagem poderá ser gozada
por qualquer oficial de Cavalaria da Fôrça Pública, nas mesmas
condições quanto à prestação de serviços por sua montada.
Artigo 22 - O Comando Geral poderá permitir, como estímulo, aos oficiais, que
lhes seja fornecido para desconto ou pagamento à vista, um cavalo
pertencente ao Estado, cujo preço será arbitrado pela C. P. R.
Parágrafo único - O animal assim adquirido não poderá ser vendido a não ser à
própria Fôrça, pelo preço que fôr avaliado, pela C.P.R., em face de exame
rigoroso de suas condições físicas e depreciação, se fôr o caso, do seu valor
econômico.
II - Comissão Permanente de Remonta
Artigo 23 - Fica instituída uma Comissão Permanente de monta (C.P.R) no
R.C., composta de três membros, designada pelo respectivo Comando, entre
os quais um oficial veterinário da Fôrça Pública.
Parágrafo único - Na falta de oficiais poderá ser composta de dois oficiais e
nesse caso dela fará parte o comandante do R.C.,
Artigo 24 - A C.P.R. funcionará:
a) - Para apreciar os animais a serem julgados inserviveis para o serviço;
b) -Periídicamente, para verificar e atualizar as resenhas.
Artigo 25 - Essa Comissão deverá emitir juízo, por escrito sôbre os animais
particulares pertencentes a oficiais e que devam ser forrageados por conta do
Estado.
III - Reforma de Animais
62

Artigo 26 - Os animais julgados inserviveis para o serviço, devem ser


reformados e, a critério do Comando Geral, doados às instituições que deles
façam uso científico ou de serviço moderado, por proposta do Comando do
R.C., quando então se processará as respectivas exclusões.
Parágrafo único - A proposta para reforma deverá ser encaminhada ao
Comando Geral pelo Cmt. do R.C., constando o motivo da invalidez e se há ou
não responsável por ela.
Artigo 27 - As mortes serão atestadas pelo veterinário ou, na falta dêste, pela
C.P.R., ou, em caso de fôrça maior, pelos oficiais que testemunharem tais
mortes.
Parágrafo único - As exclusões motivadas por reforma, venda a oficiais e
morte, serão justificadas mediante informações ao Comando Geral, depois do
indispensável inquérito ou sindicância no caso de morte suspeita.
Artigo 28 - Os processos de reforma serão iniciados de acôrdo com o artigo
26.º, devendo o Cmt, do R.C. convocar a C.P.R. pára lavratura do têrmo de
insevibilidade, do qual deverá constar, além da resenha o tempo de serviço
militar, bem como as causas da inservibilidade, devendo em caso de haver
responsável, contar o preço de avaliação determinado pela C.P.R.
Artigo 29 - O têrmo de que cogita o artigo anterior, será remetido ao Comando
Geral, juntamente com o oficio em que o Cmt. do R.C, solicita a reforma a
exclusão do animal
São Paulo, 14 de abril de 1964.
General João Franco Pontes
Comandante Geral (SÃO PAULO, 2021)

O General de Divisão João Franco Pontes sistematiza a Remonta da PMESP


pela primeira vez, descrevendo uma série de procedimentos e especificações técnicas
para a aquisição do cavalo policial-militar, abordando os seguintes pontos:
1. Preocupação com a origem do cavalo, desde sua criação; com a forma de
transação da compra, com o valor de mercado e uma comissão técnica de
oficiais para avaliação do cavalos: artigos 1º, 2º, 3º e 4º;
2. Especificações técnicas dos cavalos: artigos 5º, 6º, 7º e 8º;
3. Um rito processual para a compra, ambientação e doma: art 9º ao 18º;
4. Regras para uso dos cavalos para fins de representação: artigos 19º ao 22º
5. Regras para o controle e descarga dos cavalos, criando uma Comissão de
Remonta Permanente: art 23º ao 29º.
A partir das especificações técnicas desenvolvidas pelo General Franco Pontes
no que tange a Remonta da PMESP, poucas alterações foram realizadas até hoje.
Neste sentido, somente em 2002, 38 anos após o regulamento de 1964 que o
governador do Estado de São Paulo assina o DECRETO Nº 46.547, DE 15 DE
FEVEREIRO DE 2002, que Delega ao Comandante Geral da Polícia Militar do Estado
de São Paulo a competência para estabelecer normas sobre a organização e
63

funcionamento da remonta no Regimento de Polícia Montada "9 de Julho". A partir


deste decreto, o Comandante Geral na época, Cel Eliseu Eclair, reedita a I-37-PM -
INSTRUÇÕES DE REMONTA DA PMESP.

3.2 I-37-PM - Instruções para a Remonta de Equinos para a Polícia Militar

A remonta na Polícia Militar do Estado de São Paulo atualmente está


regulamentada pelas I-37-PM, publicada no Boletim Geral PM Nº 155 de 2005,
sofrendo algumas mudanças desde o antigo Regulamento de Remonta de 1964.

INSTRUÇÕES PARA REMONTA DE EQUINO PARA A PMESP


TÍTULO I - Das Finalidades e do Emprego
CAPÍTULO I Das Finalidades
Artigo 1o- As presentes instruções têm por finalidade estabelecer princípios e
normas para criação, utilização, aquisição, adestramento, inclusão e exclusão
de eqüinos por parte da Polícia Militar do Estado de São Paulo.
Artigo 2o - A criação, utilização, aquisição, adestramento, inclusão e exclusão
de eqüinos destinam-se a possibilitar que a Polícia Militar execute, através do
RPMon "9 de Julho" e dos Destacamentos de Polícia Montada, as ações de
controle de tumultos e operações especiais, bem como as ações de
policiamento montado.
CAPÍTULO II Da Utilização dos Eqüinos
Artigo 3o - Os eqüinos poderão ser empregados em:
I - policiamento ostensivo;
II - operações de controle de tumultos;
III - controle de rebeliões e/ou fuga de presos;
IV - policiamento em eventos;
V - operações especiais;
VI - atividades de eqüoterapia;
VII - demonstrações de cunho educacional/recreativo; VIII - formaturas e
desfiles de caráter cívico-militar.
Parágrafo único - Os eqüinos poderão ser empregados em outras missões para
as quais estejam treinados, desde que sejam relacionadas com as atividades
da Instituição, ou de seu interesse.
TÍTULO II - Da Aquisição de Eqüinos
CAPÍTULO I - Das Formas de Aquisição SEÇÃO I - Da Aquisição
Artigo 4o - A aquisição de eqüinos dar-se-á por:
I - compra;
II - criação;
III - doação à Instituição.
Artigo 5o - Os eqüinos a serem adquiridos devem satisfazer as seguintes
condições mínimas:
a) idade entre 3 e 8 anos;
b) altura mínima - 1,52 m.;
c) castrados, com exceção daqueles conveniados com outras Instituições
Públicas, e que tenham por finalidade o desenvolvimento ou apuração de raças
com destino ao melhor aproveitamento pela PMESP;
d) pelagem simples e composta;
e) sãos, sem taras ou vícios redibitórios, de bons cascos, proporcionais e de
64

boa conformação e isentos de quaisquer das anomalias previstas no Anexo "I";


f) domados, com características próprias para atividades de polícia, conforme
Anexo "II";
g) andaduras regulamentares (passo, trote e galope).
Parágrafo Único - Aos eqüinos que serão destinados às atividades sociais junto
à comunidade, não se aplicam as condições previstas nas letras a e b.
Artigo 6o - Os eqüinos adquiridos serão classificados nas seguintes categorias:
a) especial - altura mínima de 1,58, perímetro toráxico de 1,80m , peso médio
de 500 quilos; b) de tropa - altura mínima de 1,52 m, perímetro toráxico de 1,70
m, peso médio de 400 quilos.
SEÇÃO II Da Compra
Artigo 7o - A compra de eqüinos para a Polícia Militar do Estado de São Paulo
será efetuada através de recursos próprios do orçamento financeiro, nos
termos da legislação específica.
Parágrafo único - Efetuada a compra, serão os eqüinos imediatamente
incluídos na Carga da Instituição.
Artigo 8o - A Comissão de Compra de Eqüinos será designada pelo
Comandante Geral, devendo ser integrada, sempre que possível, por oficiais
do Quadro de Oficiais de Polícia Militar (QOPM) e do Quadro de Oficiais de
Saúde (QOS), na especialidade Médico Veterinário.
SEÇÃO III - Da Criação
Artigo 9o - Dá-se a aquisição por criação quando resultar o nascimento de
filhotes oriundos de matrizes pertencentes ao efetivo orgânico do RPMon "9 de
Julho".
SEÇÃO IV - Das Doações à PMESP
Artigo 10 - A doação poderá ser feita por pessoas físicas ou jurídicas de direito
público ou privado, nacionais ou estrangeiras, atendidas as exigências legais,
em especial do Decreto 25.644, de 7 de agosto de 1986.
Artigo 11 - Os eqüinos recebidos em doação permanecerão em observação e
constante treinamento para a atividade-fim por período a ser determinado pelo
Cmt RPMon "9 de julho", publicando-se o ato em Bol Int da OPM.
§ 1o - Findo o período de observação e treinamento, os eqüinos deverão ser
inspecionados pela Comissão Permanente de Remonta para inclusão em
carga.
§ 2o- Se, a qualquer momento, for constatada pela Comissão Permanente de
Remonta a inservibilidade do animal para os serviços policiais militares, poderá
o mesmo ser restituído ao doador.
§ 3o - Os eqüinos doados deverão obedecer as letras b,c,d,e,f,g do art. 5o.
SEÇÃO V Da Resenha
Artigo 12 - Entende-se por resenha o registro minucioso dos animais da
PMESP ou em observação no RPMon "9 de Julho".
Artigo 13 - As resenhas serão preenchidas no ato de aquisição do animal,
Artigo 14 - Na resenha deverão constar os seguintes dados:
I - Data de sua aquisição e de sua inclusão, em carga;
II - A forma de aquisição;
III - O preço de compra ou da avaliação;
IV - A idade, no ato da aquisição;
V - Nome do proprietário ou criador, a pelagem, marcas peculiares no animal,
filiação, raça e estado de doma;
VI - Assinatura do veterinário que examinou o animal quando da sua aquisição.
Parágrafo Único - Essa resenha será obrigatoriamente revista todos os anos,
sempre na primeira quinzena do último mês do ano, para que seja atualizada
com as novas características e peculiaridades que o animal for adquirindo.
CAPÍTULO II - Da Estabulação e do Forrageamento SEÇÃO I - Da Iniciação
Artigo 15 - Todos os eqüinos adquiridos serão estabulados no RPMon "9 de
Julho" e colocados em regime de observação em locais próprios, para que a
Formação Veterinária Regimental possa realizar a vermifugação, vacinação e
combate a ectoparasitas.
65

Artigo 16 - Terminado esse período, passarão a disposição da Seção de Picaria


e Volteio a fim de iniciar os trabalhos de doma e adestramento.
SEÇÃO II - Da Comissão Permanente de Remonta - CPR
Artigo 17 - Incumbe à CPR apreciar os eqüinos a serem julgados inservíveis
para o serviço, para determinar ou não a reforma dos mesmos, bem como
atualizar suas resenhas.
Artigo 18 - A CPR deverá obedecer a seguinte composição:
a) Presidente: Cmt RPMon "9 de Julho";
b) Membros: Subcmt da OPM e Chefe da Formação Veterinária Regimental;
c) Secretário: Oficial P/4.
SEÇÃO III - Dos Eqüinos do Estado
Artigo 19 - Depois de realizado o trabalho de iniciação, os animais serão
apresentados pelo Chefe da Seção de Picaria e Volteio ao Subcmt da OPM,
que deverá estabelecer uma data para avaliação e constatação das condições
de adestramento para emprego operacional.
Artigo 20 - Para avaliação dos animais a serem colocados no serviço
operacional, além do Subcmt da OPM, serão convocados os Cmt dos
Esquadrões que irão receber os eqüinos, a fim de analisarem as condições
gerais de adestramento e de treinamento, devendo o resultado da avaliação
ser publicado em Boletim Interno.
TITULO III - Da Exclusão dos Eqüinos
CAPÍTULO I - Das Causas de Exclusão SEÇÃO I Modalidades
Artigo 21 - A exclusão dos eqüinos pertencentes ao Estado poderá ocorrer em
razão de:
I - morte; II - desaparecimento; III - reforma.
Artigo 22 - A exclusão de eqüinos por motivo de reforma será precedida de
manifestação da CPR, que lavrará o Termo de Inservibilidade, do qual deverá
constar, além da resenha, o tempo de serviço e as causas da reforma, a saber:
I - Senilidade; II - Invalidez; III - Indocilidade.
SEÇÃO II - Da Exclusão por Morte
Artigo 23 - Em caso de morte do eqüino proceder-se-á inspeção do médico
veterinário com a elaboração de laudo que identifique a causa do óbito.
Parágrafo único - As exclusões motivadas por morte, deverão ser atestadas por
médicos veterinários, sendo indispensável a abertura de processo
administrativo quando houver necessidade de apuração de responsabilidade
sobre as causas da morte.
SEÇÃO III - Da Exclusão por Desaparecimento
Artigo 24 - Em caso de desaparecimento do eqüino proceder-se-á a diligências
e anúncios em veículos de comunicação durante oito dias consecutivos.
Parágrafo único - Findo o procedimento apuratório para verificar as causas do
desaparecimento do eqüino, será procedida a exclusão do animal do
patrimônio da Instituição, sem prejuízo de outras medidas de ordem
administrativa, civil e criminal.
SEÇÃO IV - Da Exclusão por Reforma
Artigo 25 - As exclusões motivadas por reforma serão iniciadas por proposta do
detentor executivo.
Artigo 26 - Os eqüinos considerados inservíveis para o serviço policial-militar
serão reformados, quando então se processarão as respectivas exclusões,
obedecidos aos seguintes critérios:
I - para os reformados por senilidade ou por invalidez:
a) doação para instituições públicas ou privadas de reconhecida idoneidade e
que tenham por finalidade a realização de estudos científicos na área de
medicina veterinária;
b) permanência em fazendas de equideocultura mantidas pelo Estado.
II - para os indóceis:
a) venda em leilão público, com base no melhor lance, sendo a receita
recolhida à Fazenda Pública;
b) doação para instituições de interesse público.
66

Parágrafo único - Quando não for possível atender as destinações previstas


nos itens I e II, os eqüinos poderão ser doados a pessoas físicas,
observando-se, em todos os casos, que o donatário deverá dedicar ao animal
todos os cuidados médico-veterinários, de higiene e de alimentação.
Artigo 27 - As pessoas físicas, para receberem eqüinos por doação, devem
obedecer às seguintes condições, que serão expressamente previstas no
Contrato de Doação com Encargo, nos termos do artigo 540 do Código Civil
Brasileiro:
a) não poderão vendê-lo em hipótese alguma;
b) não poderão doá-lo a outra pessoa, sem o prévio consentimento do RPMon
"9 de Julho";
c) assumirão total responsabilidade pelo animal quanto à alimentação e trato
até a sua morte, devendo, quando isso acontecer, notificar imediatamente o
RPMon "9 de Julho";
d) fica reservado ao RPMon "9 de Julho", o direito de fiscalização das
condições do local em que o cavalo doado esteja estabulado, podendo revogar
a doação e recolher o animal unilateralmente, caso este não esteja sendo
tratado adequadamente.
§ 1o - Terminado o processo de doação, o eqüino será excluído da carga de
animais pertencentes ao Estado.
§ 2o - Os Policiais Militares que tenham trabalhado diretamente com o eqüino
terão prioridade na doação.
CAPÍTULO II Disposições Finais
Artigo 28 - Os destacamentos de Polícia Montada, subordinados às diversas
OPM em todo o Estado, obedecerão, a estas Instruções.
Artigo 29 - Os destacamentos de Polícia Montada que não dispuserem de
Oficial Médico Veterinário em sua OPM poderão utilizar a Formação Veterinária
Regimental do RPMon "9 de Julho", desde que previamente agendados, ou
Médicos Veterinários civis contratados em suas regiões, nos termos da
legislação em vigor, ou ainda poderão dar início a tratativas para celebração de
convênios para prestação de serviços de medicina veterinária, atendendo-se à
legislação específica atinente à matéria.
Artigo 30 - É vedada a utilização de recursos materiais e humanos do Estado
em animais não pertencentes ao patrimônio da Instituição, sob pena de
responsabilidade administrativa, civil e criminal, salvo em caso de emergência
médico-veterinária devidamente comprovada e submetida à aprovação da
autoridade imediatamente superior, publicando-se, neste caso, a aprovação do
ato em Bol Int da Unidade.
Artigo 31 - Estas Instruções entram em vigor na data de sua publicação,
revogadas às disposições em contrário.
ANEXO I Anomalias
1) Taras Moles - São tumores moles, oriundos de derrames sinoviais,
vulgarmente conhecido como ovas, quando na altura dos boletos. Os higromas,
inflamações crônicas de bolsas serosas de subcutâneo, decorrente de atritos
repetidos e traumatismos freqüentes, também são considerados taras moles.
Ocorrem com mais freqüência: no joelho; no boleto; no codilho; na nuca; no
garrote; nos tendões.
2) Taras Duras - São exostoses, resultante de osteítes ou periostites, oriundas
de traumas violentos, fadiga ou trabalho exagerado. Ocorrem principalmente:
no joelho; na canela; no boleto; na quartela; no casco (3a falange e navicular).
3) Vícios - são as más qualidades morais que depreciam, parcialmente ou
totalmente, o animal para o fim determinado. As principais causas são o
caráter, o temperamento, o medo, a hereditariedade, a imitação, os corretivos
brutais, os maus tratos, os defeitos de aprumo, a visão anormal, a doma
incompleta, a ociosidade e outros. Os principais são: bolear, corcovear,
escoicear, manotear, morder, passarinhar, negar estribo, disparar, estirar,
empacar e recuar, refugar, tique de urso, geofagia, aerofagia, coprofagia.
4) Bons cascos - de volume proporcional ao tamanho do animal, muralha
67

lustrosa, lisa e sem gretas nem asperezas. Olhado de frente apresenta forma
cônica, e cilíndrica, se olhado detrás. Sola côncava, de contorno quase
semicircular nos anteriores, e mais prolongado nos posteriores. As paredes, na
linha das pinças, devem ser oblíquas apresentando entre 50o e 55o nos
anteriores e entre 55o e 60o, nos posteriores. Os talões seguem paralelos à
região da pinça. As ranilhas, bem desenvolvidas, consistentes, nem muito
duras, nem muito macias, com lacunas bem pronunciadas, podendo-se ver o
fundo. Finalmente, talões grossos e arredondados.
5) Boa conformação - significa proporcionalidade entre as medidas: de altura,
comprimento, largura do tórax, perímetro torácico, largura da anca, peso do
animal e a ausência de defeitos de aprumo.
6) Aprumos - são proporcionados pelos eixos ósseos e pelas angulações
articulares que os membros do animal tomam em relação a seu corpo e ao
solo, avaliados por exame visual. São considerados regulares quando os
membros se apresentam perpendiculares, e os bípedes laterais paralelos e
eqüidistantes do eixo longitudinal do corpo.
São considerados desvios totais: Acampado de frente; Debruçado, ou sobre si;
Aberto de frente; Fechado de frente Sobre si detrás; Acampado detrás; Aberto
detrás; Fechado detrás.
São considerados desvios parciais: Ajoelhado; Joelho transcurvo; Boletado;
Baixo de quartela; Alto de quartela; Pinçante; Pé comprido; Joelho arqueado;
Joelho cambaio; Jarrete ganchudo; Jarrete aberto; Jarrete zambro; Jarrete
cambaio.
Anexo II Características da Doma
1) Trabalho de lida:
a) permita a colocação da cabeça de prisão e cabeçada com embocadura;
b) possa ser manuseado seus membros;
c) possa ser ferrageado;
d) permita ser realizado o penso e a toalete de crina, cola e orelha.
2) Trabalho montado:
a) permita ser montado com facilidade;
b) não se assuste com facilidade;
c) seja calmo, não se desgastando com facilidade;
d) tenha franqueza perante obstáculos naturais. (SÃO PAULO, 2005)

As principais mudanças são no tocante aos artigos 19, 20 e 21 do Regulamento


de Remonta de 1964, no que se refere a possibilidade do oficial poder ter um cavalo
particular nas dependências do Regimento de Cavalaria 9 de Julho e a aglutinação dos
cavalos especiais, montada de oficial, montada de praça para cavalos especiais e
cavalos de tropa.

3.2.1 FORMAS DE AQUISIÇÕES

No disposto do artigo 4º das I-37-PM, as formas de aquisição são previstas em


três situações:
● Compra;
● Criação;
68

● Doação à Polícia Militar do Estado de São Paulo.


As formas de aquisição de cavalos deverão preencher aos requisitos do artigo 5º
das I-37-PM no que se refere a especificações técnicas mínimas de:
● idade de 3 a 8 anos;
● altura mínima de 1,52m;
● castrados, com exceção de garanhões com finalidade de apuração
de raças;
● Pelagens simples e compostas, excetuando-se cavalos com pelagens
justapostas: tobianos, pampas, toveiros e apaloosas.
● Saudáveis;
● sem taras ou vícios rebiditórios;
● andaduras regulamentares: passo, trote e galope.
A seguir explana-se as formas de aquisição em ordem de complexidades.

3.2.1.1 DA DOAÇÃO

A doação de cavalo ao patrimônio da PMESP obedece os ditames das normas


referentes a doações de bens ao patrimônio do Estado, sendo que a doação poderá
ser feita por pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado, nacionais ou
estrangeiras, atendidas as exigências legais, das I-37-PM. Os equinos recebidos em
doação permanecerão em observação e constante treinamento para desenvolver de
forma eficiente e eficaz a atividade-fim de policiamento ostensivo montado. Ao término
do período de treinamento, os cavalos deverão ser inspecionados pela Comissão
Permanente de Remonta, que elaborará um parecer técnico acerca da doação,
publicada em Boletim Interno, elaborando documentação acerca das condições de
utilização do solípede pela PMESP, aliado ao termo de doação que constará o
outorgante doador, declarado legítimo proprietário e de origem lícita do cavalo
especificando suas particularidades, bem como valor estimado, a doação à Polícia
Militar do Estado de São Paulo, Regimento de Polícia Montada “9 de Julho”, por fim
assinado pelo Doador, Cmt do RPMon “9 de Julho” e duas testemunhas, para inclusão
em carga. Se a qualquer momento for constatada pela Comissão Permanente de
69

Remonta a inserbilidade do animal para os serviços policiais militares, o cavalo poderá


ser restituído ao doador.

3.2.1.2 DA COMPRA

A compra de cavalos obedece aos ditames da Lei Nº 8666 de 21 de Junho de


1993, que trata das normas para licitações e contratos da Administração Pública
combinada com a Lei Nº 10.520, de 17 de Julho de 2002, regulamentada pelo Decreto
Nº 5.450/2003, que norteia a aquisição de equinos mediante licitação na modalidade
pregão eletrônico, realizada por intermédio do sistema eletrônico de contratações, qual
seja, “Bolsa Eletrônica de Compras do Governo do Estado de São Paulo – Sistema
BEC/SP”, sendo uma modalidade de licitação por menor preço, para aquisição de bens
e de serviços comuns, qualquer que seja o valor estimado, sendo a disputa feita por
propostas e lances sucessivos, neste caso em sessões eletrônicas.
Iniciando o processo de aquisição em um edital, que deve ser publicado em
Diário Oficial e em 08 (oito) dias úteis será realizada a sessão do pregão. Os
interessados têm 12 (doze) dias para realizar a entrega dos documentos para
homologação, sendo no 35º dia a realização de apresentação do lote e vistoria dos
cavalos pela comissão de remonta. No 40º dia será realizada a aprovação e início da
quarentena para vermifugação, vacinação e exames de sangue, sendo no 85º dia
realizada a contraprova dos exames. O empenho e assinatura do contrato dá-se até o
95º dia do início do processo e a entrega com a nota fiscal dos cavalos será efetivada
no centésimo dia.
As especificações técnicas para as exigências da compra são anexadas no
processo por um Memorial Descritivo, que por sua vez obedecem os requisitos das I-37
PM

3.2.1.3 DA CRIAÇÃO

A criação de cavalos consiste na manutenção de um mínimo de éguas matrizes


para a reprodução. Estas éguas irão gestar os potros por um período de gestação de
11 meses mais um período de amamentação de 5 meses, totalizando 16 meses de sua
70

vida para este fim. Esse período pode ser encurtado, nas gestações subsequentes,
pois as éguas de cria, ou seja, as éguas parideiras, já estarão aptas para nova
reprodução com 9 dias do nascimento do potro.
Os cavalos destinados à Polícia Militar do Estado de São Paulo são criados pela
Secretaria da Agricultura e Abastecimento, mais precisamente na Agência Paulista de
Tecnologia dos Agronegócios (APTA) estruturada, Instituto de Zootecnia (IZ) na cidade
de Colina/SP, cavalos conhecidos como IZ, face o prefixo da nomenclatura e a marca
de ferro na garupa dos cavalos.

3.3 Comparação das normas de aquisição de semoventes na PMESP

Os semoventes, bens patrimoniais compreendidos nos animais da Polícia Militar


do Estado de São Paulo, são basicamente os cães e os cavalos. A norma que
disciplina os cães na PMESP são as I-19-PM: Instruções para organização e
funcionamento de canis da PMESP e as formas de aquisição são as mesmas das
Instruções de Remonta: Compra, Doação e Criação.

[...] CAPÍTULO III Do Plantel Canino


Seção I Da Aquisição dos Cães
Artigo 17 - A aquisição do plantel de cães dos Canis PM, dar -se-á:
I - por compra;
II - por criação;
III - por doação à Corporação.[...] (SÃO PAULO, 2004)

Uma diferença entre ambas instruções é no tocante às especificações do


semovente, nas I-19-PM é previsto no artigo 18º o devido registro genealógico:
“Certificado de Registro de Origem (Pedigree)” e em seu artigo 19º a raça do cão:
“essencialmente da raça Pastor Alemão” sendo ressalvada “outras raças para atender
missões específicas”, enquanto as I-37-PM não mencionaram este importantíssimo
fator.

[...]Artigo 18 - Os cães adquiridos pelos Canis PM, destinam -se aos serviços
policiais militares, devendo ser considerados capacitados pela comissão
examinadora nomeada para esse fim.
Parágrafo único - Todos os cães patrimônio da Corporação deverão ser de
raça pura e portadores de Certificado de Registro de Origem (Pedigree).
Artigo 19 - Os canis PM, para o desempenho dos serviços policiais militares,
deverão adotar essencialmente cães da raça Pastor Alemão, na proporção
71

mínima de 50 % + 1 (cinquenta por cento mais um) do plantel, sendo que o


restante do plantel poderá ser formado pelas raças Dobermann, Pastor Belga
de Malinois e Rottweiler.
§ 1º - Os Canis Setoriais do Corpo de Bombeiros, voltados às atividades de
busca, salvamento e resgate, manterão plantel adequado às respectivas
necessidades, sem a necessidade de observar a proporção mínima de cães da
raça Pastor Alemão.
§ 2º - Para as modalidades de faro de drogas, explosivos, de localização de
pessoas foragidas, perdidas em matas, soterradas em escombros e outras
modalidades que venham a ser desenvolvidas, poderão ser utilizados os cães
das raças Retriever do Labrador, Golden Retriever, Cão de Santo Humberto
(Bloodhound)), Springer Spaniel Inglês e Beagle. (SÃO PAULO, 2004)

Como visto nas I-19-PM, todos os cães devem ser de raça pura e possuírem
pedigree. A normatização expressa sobre a padronização essencialmente da raça
Pastor Alemão, (obedece a proporção 50% + 1) e sendo expressa quanto ao restante
com raças Dobermann, Pastor Belga de Malinois, Rottweilers, Labradores Retrievers,
Labradores Golden Retriever, Bloodhounds, springer Spaniel Inglês e Beagles, nesse
sentido a normatização é enfática quanto às especificações de raças de animais
almejadas pela PMESP.
Neste diapasão, em pesquisa na literatura do CAES da PMESP, encontra-se
divergências quanto ao entendimento sobre o cão ideal de policiamento sob dois
aspectos:
1 - todos os cães da raça pastor alemão, e demais raças expressas nas I-19-PM
atendem as necessidades do policiamento com cães? - ou
2 - o indivíduo, o cão, seja de qualquer raça, é que possui as características
individuais necessárias para o policiamento com cães?
Nesse sentido Luna (2013) afirma que as raças de cães, por si só, não legitimam
um cão para o serviço policial, mas sim as características físicas e temperamentais do
indivíduo, ou seja, um conjunto de características individuais e não de uma raça. O cão
policial passa por rigorosos testes psicológicos e exames morfológicos, avaliações
fisiológicas, além de intensos treinamentos para atestar que aquele indivíduo possui
condições para o emprego policial. (FARRATH JUNIOR, 2016)

Um cão, para ser apto ao serviço policial militar, deve preencher uma série de
requisitos, não só de raças, mas de características físicas, bem como de
temperamento e um conjunto de características individuais, sendo que a
maioria dos cães oferecidos ao Canil Central por meio de doação dificilmente
72

atende a esses requisitos, tornando-se difícil a reposição do plantel por desta


forma.
Com relação à compra de cães, verifica-se a dificuldade de encontrar criadores
específicos que preparem os cães para o trabalho policial, talvez pelo fato de
que as Polícias Militares do Brasil, e outras instituições que utilizam cães na
segurança pública, ainda não tenham manifestado o interesse de adquirir cães
que já tenham sido preparados pelos fornecedores, desde o nascimento, para
o trabalho policial.
É importante destacar que, depois de adquirido em qualquer uma das formas
descritas, existe a possibilidade de se constatar, por meio de inspeção da
comissão examinadora, que o cão não reúne condições para ser aproveitado
no serviço policial militar. Atualmente qualquer cão nesta condição é
considerado inservível, afastado das atividades e disponibilizado para
doação.(LUNA, 2013, p.13)

Ainda sobre a questão do emprego no serviço policial sobre de raça de animal


ou indivíduo, encontra-se na literatura policial-militar:

O cão Policial Militar é aquele que após ser devidamente adestrado passa a
prestar serviços à Organização Policial a que pertence. Inicialmente pode-se
perceber que esse cão não possui uma raça pré determinada: qualquer raça
que preencha os requisitos exigidos poderá ser utilizada como cão policial
militar, mesmo em se tratando de exemplares não enquadrados como cães de
"guarda e utilidades", desde que executem com exatidão a missão necessária à
força policial. (MERCADANTE, 1987, p.23)

Luna (2013) ainda reforça que a ideia de ter uma proporção maior de cães
pastor alemão encontra dificuldades uma vez que a criação no mercado vem
diminuindo e que a criação de cães na PMESP possui certa dificuldade uma vez que
até o filhote atingir 18 meses, mesmo sadio, já pode ser detectada características que o
descartam para o emprego policial o que não descarta para outras finalidades ou
simplesmente conviver com uma família que tenha interesse, mediante uma possível
compra.
O mesmo poderia ser perguntado para o cavalo ideal de policiamento, existe
uma raça ideal que atenda o policiamento em sua totalidade ou existiriam apenas
indivíduos que possuem características individuais para o serviço policial. Para dirimir
esse dilema, analisa-se no capítulo a seguir (capítulo 4) as raças de cavalos mais
comuns no Brasil.
73

4 PRINCIPAIS RAÇAS DE CAVALOS NO BRASIL

O objetivo deste capítulo é descrever as principais raças de cavalos criadas no


Brasil, suas origens, características morfológicas, seu temperamento, rusticidade, bem
como suas vantagens e desvantagens para o policiamento montado.
Cabe ressaltar alguns pontos na doutrina equestre importantes para o
policiamento montado: utiliza-se o termo cavalo que difere de pônei. Esta diferença
doutrinária baseia-se na altura desses solípedes, sendo assim o que separa um cavalo
de um pônei é a altura de 1,47m, ou seja 58 inches. Os solípedes que medem abaixo
de 1,47m são considerados pôneis e os que medem acima de 1,47m são considerados
cavalos. Existe uma confusão neste conceito face às conversões de medidas, pois na
Inglaterra os cavalos são considerados acima de 14.2 hands, ou seja 1,44m, porém a
doutrina é afirmativa na altura de 1,47m.
No Brasil, devido a muitas raças de cavalos terem sido originárias de cavalos de
pequeno porte como pôneis, a exemplo de jacas e garranos com cavalos ibéricos:
Andaluzes, Lusitanos e a linhagem PSL Alter Real, a média de cavalos no passado era
muito baixa, considerando por muito tempo solípedes abaixo de 1,47m como cavalos,
sendo que na literatura pode-se encontrar esta confusão histórica tendo a medida de
1,40 m como divisor entre pôneis e cavalos (SILVER, 2000, p. 14 e p.47). Pode-se
dizer que esta contraposição tenha ocorrido devido ao fato histórico dos cavalos que se
desenvolveram na América do Sul terem se desenvolvido inicialmente com baixa
estatura face suas raças formadoras.
Dentro da classificação dos cavalos encontra-se três tipos de cavalos: os
cavalos de sangue quente, sangue frio e os de sangue morno. Apesar dessas
denominações não terem nada a ver com a temperatura do sangue de cada tipo de
cavalo, todos possuem a temperatura corporal média de 38ºC.
Os cavalos de sangue quente, são animais com temperamento mais fogoso,
mais leves e rápidos, propensos ao galope, arrancadas rápidas, diz-se cavalos
galopadores, cavalos mais ágeis e finos e são muito utilizados para corridas. Na
classificação de cavalos de sangue quente, estão incluídas algumas raças de cavalos
puro sangue, ou seja uma raça de cavalos que teve suas linhagens preservadas, não
74

sofrendo cruzamentos com outras raças. Exemplos de raças consideradas puro sangue
são: o PSI: Puro Sangue Inglês ou Thoroughbred e os PSA: Puro Sangue Árabe.
Os cavalos de sangue frio, ou cold-blooded, também conhecidos como draft
horses, ou cavalos de tração são animais com temperamento mais calmo, diz-se
temperamento linfático, em geral bem pesados e lentos, propensos ao passo com
grande força de tração, por serem extremamente grossos e potentes. Os cavalos de
sangue frio são muito utilizados para tração, pela artilharia, para a agricultura e
transporte. Os exemplos destas raças são: Shire, Percheron, Friesians e Clydesdales.
Do cruzamento dos cavalos de sangue quente com os cavalos de sangue frio
surgiram os warmbloods, traduzindo seriam os cavalos de sangue morno, e portanto
utiliza-se a terminologia warmblood. Os cavalos warmblood são os principais tipos de
raças de cavalo de sela utilizados no policiamento montado no mundo. Exemplo de
warmbloods são as raças: Sela Francês SF, Holsteiner, Trakehner, Sela Holândes
KWPN, Silla Argentino, Sela Belga BWP, Hanoverianos, Sela Italiano.
Apesar das inúmeras raças de cavalos conhecidas, apresenta-se as raças de
cavalos atualmente mais criadas no Brasil:

4.1 American Trotter

Origem: Estados Unidos.


Tipo: considerado warmblood puxado para as características de cavalo quente.
Altura: o tamanho oficial varia entre 14 hands a 17hh de 1,42m a 1,72m,na
literatura brasileira em média 1,54m.
Porte Físico: pequeno porte, comprido e musculoso. Caixa torácica ampla e um
antemão potente. Os exemplares no Brasil possuem membros mais curtos. Face o
objetivo da raça ser funcional, a conformação varia pouco, pois o maior objetivo é a
velocidade e não sua beleza. Pelagem comumente é preta e castanha, porém é
admitida pelagens de cores sólidas.
Temperamento: tendência ao temperamento árdego, devido ao sangue de
cavalo de corrida, competitivo e muito enérgico.
75

Rusticidade: cavalo rústico, geralmente criado em pequenos centros hípicos


destinados à corrida de trote. Face serem cavalos de corrida carecem de um
treinamento diário intenso e forte suplementação alimentar face seu alto metabolismo.
Agilidade: por ser um cavalo trotador, tem facilidade para andaduras ao trote e
dificuldade de manter-se ao passo.
A raça American Trotter, conhecida também como American Standardbred ou
American Standard, é uma raça de cavalo muito utilizada no Brasil para as corridas de
trote ou de marcha, geralmente atrelados.
Nas corridas de trote os american troters trotam normalmente: a dois tempos em
bípedes diagonais - diagonal direita: mão direita e pé esquerdo seguida de um
momento de suspensão passando para a diagonal esquerda: mão esquerda e pé
direito. Já nas corridas de marcha os american troters deslocam-se também a dois
tempos, porém em bípedes laterais, ou seja mão direita e pé direito seguida da mão
esquerda e pé esquerdo.
A origem do American Trotter está diretamente ligada ao Puro Sangue Inglês
PSI - thoroughbred, quando um puro sangue inglês chamado Messenger, foi importado
da Grã-Bretanha, em 1788 tornando-se o ancestral de uma nova raça de cavalos nos
Estados Unidos.
Esta raça foi desenvolvida para participar das corridas, principalmente as
corridas de uma milha 1609,34 metros abaixo de 2 minutos e 30 segundos para os
trotadores e em menos de 2 minutos e 25 segundos para os marchadores.
O nome Standardbred surgiu face à necessidade de estabelecer um critério
necessário para que os animais fossem registrados no “Stud Book”, neste sentido os
cavalos precisavam correr uma milha (1.6km) no tempo padrão (Standard) de 2min
30s. Aqueles que não conseguissem não eram registrados. Com o passar do tempo e o
melhoramento da raça, este tempo foi reduzido para 1min 55s, atingindo a velocidade
média de 32 Mph milhas por hora, equivalente a 51 Km/h.
Para a atividade de policiamento montado esta raça apresenta desvantagem no
que tange ao temperamento, por ser um cavalo desenvolvido para corridas ao trote,
nesse sentido terá dificuldades em andar ao passo e em patrulha, ou seja atrás de
outro cavalo, seu espírito competitivo, instintivamente irá fazer com que queira andar à
frente dos demais cavalos. Outra desvantagem é o período de repouso nas
76

cavalariças, os animais dessa raça necessitam de treinamentos diários que consistem


em longos exteriores face sua vitalidade e energia.

4.2 Andaluz

Origem: Espanha.
Altura: tamanho médio 16hh = 1,62 m.
Tipo: considerado warmblood puxado para as características de cavalo quente.
Porte Físico: Porte grande, forte e perfil quadrado; cabeça longa com chanfro
carneirado: largo e perfil convexo; pescoço longo, grosso com inserção baixa e bem
arqueado; crina grossa e abundante; lombo curto com cilindro largo; membros fortes e
finos com posteriores fortes e grossos; ação de joelho alta e passadas curtas com
grande atividade. Pelagem comumente é tordilha, porém é admitida pelagens de cores
sólidas.
Temperamento: Inteligente, ágil, afetuoso e altivo.
Rusticidade: cavalo rústico, geralmente criado para a modalidade de
adestramento clássico e equitação em geral por sua versatilidade. Muito utilizado por
cavaleiros iniciantes, face sua submissão e equilíbrio.
Agilidade: extremamente ágil, com grande mobilidade de espáduas e rápida
arrancada.
O cavalo andaluz é um cavalo cercado de muitas transformações sobre sua
origem: historiadores espanhóis afirmam que já existiam cavalos na península ibérica.
Mais tarde, Asdrúbal de Cartago trouxe 2 mil éguas númidas, consideradas mais
rápidas que o vento, que ficaram em liberdade até o ano de 2.000 a. C., quando os
romanos invadiram a península ibérica e adestraram esses animais. Por mais 600 anos
esses animais foram se reproduzindo na região, por onde outras civilizações passaram,
como os teutônicos e os vândalos, sendo que estes trouxeram consigo alguns cavalos
do tipo germânico, mais altos, pescoços longos e robustos, ocasionando em novos
cruzamentos. Em 711 os mouros, muçulmanos, invadiram a Espanha onde
permaneceram por oito séculos, trazendo nesta invasão cerca de 300 mil cavalos,
provavelmente das raças árabe, berbere e sorraia.
77

O cavalo andaluz foi originalmente considerado um cavalo de cavalaria devido à


sua agilidade e coragem. Porém na Idade Média eles perderam sua utilidade como
arma de guerra, pois os cavaleiros tinham armaduras pesadas e precisavam de
cavalos mais pesados ​para carregá-los. No entanto, os cavalos andaluzes ganharam
popularidade novamente entre as cavalarias com a introdução de armas de fogo
quando um cavalo rápido e ágil era necessário.
Em 1571, o Rei Filipe II fundou a primeira Criação Real do Andaluz, gerando o
primeiro Stud Book, na cidade de Córdoba.
Durante o Renascimento, as grandes academias de equitação foram formadas
em toda a Europa, nas quais o adestramento e a equitação do ensino médio evoluíram
e os cavalos andaluzes eram populares devido à sua agilidade, impulsão e equilíbrio
natural. Os cavalos andaluzes deram origem a outras raças, a exemplo da raça
Lipizzaner na Áustria, utilizada pela Escola Espanhola de Viena e a raça Crioulo na
Argentina e Brasil.
Para a atividade de policiamento montado esta raça possui morfologia e altura
ideal, porém sua desvantagem deve-se ao fato de uma grande quantidade de
indivíduos dessa raça terem um temperamento muito quente e árdego. Porém pode-se
encontrar alguns indivíduos que se enquadram nas necessidades do policiamento
montado.

4.3 Árabe

Origem: Arábia.
Tipo: cavalo de sangue quente, puro sangue.
Altura: 1,40m a 1,58m.
Porte Físico: Porte médio, harmonioso e leve. Cabeça apurada, pequena e fina,
com chanfro côncavo e narinas largas em focinha elegante, orelhas pequenas e
empinadas, pescoço forte elegante e arqueado, corpo compacto e musculoso, garupa
forte, membros finos e frequentemente cauda bandeirada.
Temperamento: Inteligente, árdego e impetuoso.
Rusticidade: cavalo fino, porém com grande capacidade cardio-pulmonar.
Agilidade: extremamente ágil e versátil.
78

O mérito da seleção, do desenvolvimento e da preservação das características


que fazem do cavalo árabe um animal ímpar deve-se às tribos nômades de beduínos
na península árabe. Mais do que um mero animal de serviço, um bom cavalo
significava para eles a diferença entre a vida ou a morte no deserto por meio do triunfo
ou fracasso na guerra.
O árabe também é uma das mais antigas raças equinas, com evidências
arqueológicas que remontam 2500 anos a. C. Submetidos às mais rigorosas condições
climáticas, os cavalos árabes tiveram que se adaptar a toda sorte de privações, tais
como a falta de água e comida, temperaturas elevadíssimas durante o dia e
baixíssimas à noite e longas distâncias a serem percorridas em terrenos áridos.
Muitas religiões, lendas, superstições, misticismos, fábulas ou tradições fazem o
elogio do Cavalo Árabe, ao mesmo tempo que explicam a sua origem.
Segundo uma lenda Árabe: Alá, disse ao vento do Sul: De ti vou criar uma
criatura em que colocarei a força dos meus amigos, o poder de aviltar os meus
inimigos, a segurança dos que me obedecem. Terás o olhar da águia, a
coragem do leão e a velocidade da pantera. Da gazela terás a elegância, do
tigre a força e do elefante a memória. Teus cascos terão a dureza do sílex e teu
pelo a maciez da plumagem da pomba. Terás o faro do lobo e saltarás como o
gamo. À noite serão teus os olhos do leopardo e se orientará como o falcão
que sempre retorna à origem. Serás incansável como o camelo e terás o amor
do cão pelo seu dono. E por fim, como presente para fazer-te cavalo e
chamar-te Árabe, terás a beleza da Rainha e a majestade do Rei. Alá agarrou
então daquele vento um punhado e criou um cavalo a quem disse: Nomeio-te e
crio-te Árabe. O bem ficará ligado às crinas do teu topete. Os troféus de guerra
serão conquistados graças ao teu dorso musculado. A força estará sempre
contigo. Eu, prefiro-te a todos os animais, de que te faço Senhor. Crio-te amigo
do teu dono. Quero-te capaz de voar sem asas, pois és destinado à
perseguição. Os homens que te montarão glorificar-me-ão e proclamarão a
minha grandeza. E quando eles me glorificarem tu glorificar-me-ás e
proclamarás a minha grandeza.(GOGGIA, VOLKER, CARVALHO, 2003, p.
202)

Para a atividade de policiamento montado apesar desta raça ser extremamente


resistente, ser muito utilizada em provas de enduro equestre, apresenta uma
desvantagem devido ao seu temperamento árdego e impetuoso, além de seu porte
pequeno e dorso fino, que dificulta transportar o peso do policial militar e seu
equipamento durante o patrulhamento.
79

4.4 Bretão

Origem: França, da região da Bretagne, noroeste da França


Tipo: cavalo cold-blooded, draft horse.
Altura: Mínima de 1,52 m para machos e 1,47 m para fêmeas. Altura média
desejada de 1,58m.
Porte Físico: Cavalo de grande porte forte, pesado, linfático e de baixa estatura.
Possui um cilindro largo, troncudo típico de cavalos de tração “draft horses”. Espáduas
musculosas e inclinadas, mais para oblíquas. Cernelha forte e pouco pronunciada.
Costado cilíndrico, amplo, com bom arqueamento de costelas. Dorso e lombo curtos,
largos, retos e fortes. Garupa ampla, larga, dupla (dividida) e ligeiramente inclinada,
própria para a função de empurrar na tração pesada. Membros fortes, bem aprumados,
com articulações amplas e resistentes. Canelas curtas e secas, com sólida ossatura.
Cabeça quadrada de tamanho médio, fronte larga, chanfro largo e reto, às vezes
levemente côncavo, olhos vivos, com olhar de aparência dócil.
Temperamento: linfático, inteligente, afetuoso e calmo.
Rusticidade: cavalo rústico, porém necessidade de constante atenção ao
ferrageamento.
Agilidade: por se tratar de uma raça de tração, um cavalo com pouca aptidão
para galope.
Para a atividade de policiamento montado esta raça apresenta desvantagem
devido ao seu porte avantajado não ter a devida agilidade e versatilidade para
mobilidade na andadura ao galope, como sabido não é um cavalo de sela e sim um
cavalo de tração.

4.5 Campolina

Origem: Brasil.
Tipo: warmblood.
Altura: machos é de 1,58 m e para as fêmeas 1,52 m; no entanto podem medir
no máximo até 1,75 m de altura.
80

Porte Físico: Grande porte, forte, alto, cilindro largo e pesado dotado de formas
harmoniosas. Com traços curvilíneos e uma estrutura óssea muscular, favorece o
andamento marchado. A cabeça suavemente convexilínea deve ser proporcional ao
pescoço rodado de formato trapezoidal, destacando expressivas orelhas lanceoladas
de tamanho médio e bem implantadas. Seus olhos vivos e grandes, suas crinas fartas
e sedosas e sua garupa ampla e longa, suavemente inclinada também fazem que o
Campolina seja reconhecido e marque presença por onde quer que passe. Seu padrão
racial faz do Campolina o maior marchador brasileiro.
Temperamento: Inteligente, afetuoso e dócil.
Rusticidade: cavalo rústico. Muito utilizado por cavaleiros de cavalgadas, face à
andadura marchada.
Agilidade: cavalo pesado, passo e trote marchado. Consegue sustentar o
galope por curtos períodos de tempo.
Em 1870, Cassiano Campolina, nascido em 10 de julho de 1836, na cidade de
São Brás do Suaçuí, do termo de Entre Rios de Minas/MG, ganhou do Imperador D.
Pedro II a égua Medéia. Ela estava prenhe de um garanhão Andaluz e desse
acasalamento nasceu Monarca, cavalo que na fazenda do Tanque, contribuiu
decisivamente na formação da raça Campolina. Cassiano começou seu trabalho,
objetivando criar cavalos de grande porte, ágeis, resistentes e de beleza inigualável.
Para isso, cruzou e selecionou raças de cavalo tais como, Puro Sangue Inglês,
Anglo-Normando e animais de origem Ibérica.
Em 1904, após anos trabalhando firme em seu propósito, faleceu Cassiano
Campolina em Entre Rios de Minas. Coube a um de seus herdeiros, o Tenente Coronel
Joaquim Pacheco de Resende e sua família, cumprir o seu legado, criando,
selecionando e aperfeiçoando a raça Campolina.
Para a atividade de policiamento montado esta raça apresenta desvantagem
devido ao fato de não trotar, por ser uma raça de andadura marchada tem maior
probabilidade de contrair lesões de tendões e ligamentos, face à atividade de
policiamento ser, via de regra, realizada em piso de asfalto.
81

4.6 Crioulo

Origem: Brasil.
Tipo: warmblood.
Altura: altura mínima admitida para as fêmeas é de 1,38m e nos machos de
1,40m, já a máxima para fêmeas é 1,48m e para machos é de 1,50m.
Porte Físico: Cavalo de pequeno porte, baixo, tronco largo, pesado e membros
curtos. O Crioulo é um equino caracterizado pela silhueta harmônica e uma linha de
cima forte. Seu padrão racial admite praticamente todos os tipos de pelagens, exceto
pintada e albina total.
Temperamento: temperamento dócil, inteligente e em alguns casos arisco.
Rusticidade: sua rusticidade, facilidade de adaptação e resistência são algumas
das características mais marcantes. O cavalo Crioulo é um animal de coragem, ativo,
bondoso, inteligente, longevo, e hoje comprovadamente versátil.
Agilidade: cavalo de sela, de andadura marchada e debruçado sobre as
espáduas, muito utilizado na lida com gado.
Atualmente, a raça crioula está espalhada por todo o Brasil, mas especialmente
no Rio Grande do Sul. Com sua origem nos equinos das raças espanholas Andaluz e
Jacas, os Cavalos Crioulos foram trazidos da Península Ibérica no século XVI pelos
colonizadores. Estabelecidos na América do Sul, principalmente na Argentina, Chile,
Uruguai, Paraguai, Peru e sul do Brasil, muitos desses animais passaram a viver livres.
Durante quatro séculos, as manadas selvagens que foram formadas
enfrentaram temperaturas extremas e condições adversas de alimentação. Tais
adversidades imprimiram nesses animais algumas de suas características mais
marcantes, como a rusticidade e a resistência.
Foi em meados do século XIX que fazendeiros do sul do continente
sul-americano começaram a tomar consciência da importância e da qualidade dos
cavalos que vagavam por suas terras. A nova raça, bem definida e com características
próprias, passou a ser preservada, vindo a ganhar notoriedade mundial a partir do
século XX, quando a seleção técnica exaltou o valor e comprovou as virtudes do
Cavalo Crioulo.
Para a atividade de policiamento montado esta raça apresenta desvantagem
82

devido ao fato de ser de pequeno porte e não trotar, por ser uma raça de andadura
marchada. Os cavalos crioulos costumam ser calmos nos primeiros meses na atividade
de policiamento montado, mas com o tempo vão demonstrando comportamentos
reativos, face a sua evolução instinto de sobrevivência pelos anos de seleção natural
passada por muitas gerações. Atualmente no RPMon “9 de Julho”, os cavalos Crioulos
apresentam dificuldades também no momento do ferrageamento na ferradoria.

4.7 Puro Sangue Inglês

Origem: Inglaterra.
Tipo: cavalo de sangue quente, puro sangue.
Altura: tamanho médio 1,62 m a 1,67 m.
Porte Físico: cavalo de grande porte, forte, musculoso, pescoço comprido,
garupa musculosa, corpo harmonioso, lombo forte, pelagem fina: o puro-sangue inglês
exibe as características de um exímio corredor.
Temperamento: Inteligente, ágil, árdego.
Rusticidade: cavalo com pouca rusticidade, carece de muitos cuidados no
manejo.
Agilidade: extremamente ágil, com grande amplitude de movimentos e rápida
arrancada.
O puro-sangue inglês - PSI, em inglês: thoroughbred é uma raça utilizada para
corridas devido à sua grande velocidade.
O puro sangue inglês é criado em todos os continentes, e exerce grande
importância para as linhagens de cavalos de Salto. Eles são comumente cruzados para
criar novas raças ou melhorar as existentes. Muitos criadores de raças como Brasileiro
de Hipismo, Sela Holandesa, entre outras, de tempos em tempos, ainda colocam
sangue PSI em seus cavalos. Além disso, têm sido influentes na criação de outras
raças e outros cavalos de sangue quente.
A origem e características de cada animal thoroughbred são registradas em
livros genealógicos denominados Stud Book. O primeiro Stud Book foi criado na
Inglaterra em 1793.
83

Sobre esta tão nobre raça, na literatura policial-militar, o então Cap PM Ubirajara
Silveira, em 1949, deixa um excelente ensinamento na Revista Militia edição Nº8,
acerca do cavalo puro-sangue inglês. Sábios ensinamentos cujas palavras faz-se a
devida menção:
A história das raças célebres mostra sempre uma consangüinidade muito
estreita e o cavalo inglês não escapou a essa regra. A escolha dos machos e
das fêmeas foi sempre severamente regida pela organização dum livro
genealógico, o “Stud-book”, que data de 1791, constituindo assim o mais antigo
livro de registro de origens de que há memória. O critério essencial na seleção
dos reprodutores foi a obtenção de velocidades cada vez maiores, tendo como
conseqüência a transformação progressiva do tipo. Em cada nova geração e
adaptação profissional do “Race Horse” tornou-se mais perfeita. Porém si
ganharam mais velocidade perderam muito de sua primitiva rusticidade. A
seleção para a velocidade não modificou sòmente as formas, mas aumentou a
altura, permitindo pela reprodução, fixar as modificações individuais
provocadas pela ginástica funcional do aparêlho locomotor. Essa ginástica
exagerada ao extremo, determinou particularidades que se fixaram pela
hereditariedade e em se acentuando e generalizando fizeram convergir para
um tipo uniforme todos os indivíduos aos quais ela continua a ser imposta. As
principais modificações corporais conseqüentes do treinamento são:— o
alongamento da parte contráctil dos músculos, produzindo o alongamento do
esqueleto, especialmente o ângulo de abertura dos membros; as modificações
da bacia, a retificação do fêmur, determinadas pelo galope; o aumento de
volume da cavidade toráxica, devido à ginástica do aparêlho respiratório e
resultante de esforço muscular. A lei da harmonia ajudada em sua
manifestação pela seleção dos melhores espécimens, acabou por encaminhar
tôda a plástica e todas as proporções do “Race horse” para um tipo
acentuadamente dolicomorfo, para o qual já se inclinavam fortemente os
elementos formadores. Observações feitas por Cornevin sôbre as modificações
da bacia acarretadas pelo treinameinto, chegaram às seguintes conclusões:
“Sob a influência particular do treinamento e especialmente do galope' e do
salto, à bacia do cavalo de corrida alongou-se da frente para trás e estreitou-se
na parte correspondente à crista pectinal e sub-cotiloidiana e levantou-se de
modo a diminuir seu perímetro sacro-pubiano”. O alongamento dos ossos dos
membros, teve como conseqüência direta o aumento da altura. Desde o século
XVIII até nossa época, o aumento foi de 13 a 15 centímetros. Foi
particularmente sensível no decorrer do século XVIII, no princípio da formação
da raça. A altura do cavalo oriental é mais ou menos de lm46; a do cavalo atual
de corridas hoje em dia é de lm61, com grandes variações individuais e foi no
século XVIII de lm56. (SILVEIRA, 1949, p.47-48)

Para a atividade de policiamento montado esta raça apresenta desvantagem no


que tange ao temperamento, por ser um cavalo desenvolvido para corridas de
velocidade ao galope terá dificuldades em andar ao passo e em patrulha, ou seja atrás
de outro cavalo, seu espírito competitivo, instintivamente irá fazer com que queira
andar à frente dos demais cavalos. Outra desvantagem é sua baixa rusticidade o que
necessita que as cavalariças estejam sempre com camas de serragem e constante
trato dos pêlos e cascos. No capítulo 5.1 será visto que mesmo a Polícia Inglesa, berço
84

do cavalo puro sangue inglês, a famosa London Metropolitan Police não utiliza os
cavalos PSI para o patrulhamento.

4.8 Friesian

Origem: Holanda
Tipo: cavalo cold-blooded, draft horse.
Altura: tamanho médio 1,65 m a 1,75 m.
Porte Físico: cavalo de grande porte, linfático, pelagem negra tapado, crinas
longas pretas, pelos negros que cobrem seus cascos são as principais características
morfológicas desta raça.
Temperamento: linfático, temperamento amigável, porém vivo.
Rusticidade: cavalo rústico, geralmente criado para tração. Porém também
utilizado como cavalo de sela.
Agilidade: cavalo de tração com disponibilidade de galope. Porém não sustenta
o galope por muito tempo, face sua própria morfologia.
Para a atividade de policiamento montado esta raça apresenta desvantagem
devido à falta de mobilidade na andadura ao galope, aliada a questão de padronização
do cavalo de policiamento. Devido seu porte de cavalo de tração e seus pêlos longos
na região dos cascos, destoa dos demais cavalos de policiamento influenciado na
questão da padronização.

4.9 Puro Sangue Lusitano

Origem: Portugal.
Tipo: cavalo de sangue quente, puro sangue.
Altura: tamanho médio fêmeas 1,55m e machos 1,60m.
Porte Físico: Forte e perfil quadrado; cabeça longa com chanfro carneirado:
largo e perfil convexo; pescoço rodado, largo na base, e bem inserido nas espáduas
longo, grosso com inserção baixa e bem arqueado; crina grossa e abundante; lombo
85

curto com cilindro largo, garupa forte e arredondada, bem proporcionada, ligeiramente
oblíqua, e membros musculosos, fortes e largos.
Temperamento: Nobre, generoso e ardente, mas sempre dócil e altivo.
Rusticidade: cavalo rústico, geralmente criado para a modalidade de
adestramento clássico e equitação em geral por sua versatilidade. Muito utilizado por
cavaleiros iniciantes, face sua submissão e equilíbrio.
Agilidade: extremamente ágil, com grande mobilidade de espáduas e rápida
arrancada.
Considerado o cavalo de sela mais antigo do mundo Ocidental, o Puro Sangue
Lusitano originou-se dos cavalos autóctones da Península Ibérica do período
Paleolítico. Domesticados a partir do II milênio a.C., esses animais passaram a ser
cruzados com os cavalos berberes que chegaram à região do Norte da África, quando
ainda existia terra no estreito de Gibraltar, ligando os dois continentes.
O puro-sangue lusitano apresenta aptidão natural para alta escola e exercícios
de ares altos, uma vez que se engajam com maior facilidade: põe os membros
posteriores debaixo da massa com grande facilidade. Assim, o Lusitano revela-se não
só no toureio e equitação clássica, mas também nas disciplinas equestres federadas
como adestramento, salto e atrelagem e, em especial, equitação de trabalho, estando
no mesmo patamar que os melhores especialistas da modalidade.
Para a atividade de policiamento montado esta raça apresenta desvantagem
devido ao fato de uma grande quantidade de indivíduos dessa raça terem
temperamento quente e árdego. Porém pode-se encontrar alguns indivíduos que se
enquadram nas necessidades do policiamento montado.

4.10 Mangalarga

Origem: Brasil - São Paulo.


Tipo: warmblood.
Altura: altura mínima é de 1,50m para os machos e 1,45m para as fêmeas;
Porte Físico: porte médio retilíneo, mediolíneo e eumétrico; cabeça com perfil
retilíneo, de tamanho proporcional ao animal, pescoço musculoso, em forma de tronco
de pirâmide, tronco: harmonioso, cernelha bem delineada, atrasada e longa, linha
86

dorso-lombar retilínea e aproximando-se da horizontal. Lombo curto, largo com rins


bem protegidos, bom arqueamento de costelas e boa passagem de cilha. Peito amplo e
profundo.
Temperamento: Dócil e quente (temperamento de cavalo de sela).
Rusticidade: cavalo rústico, muito utilizado para passeio e lida no campo.
Agilidade: pouca agilidade, andadura de marcha trotada, movimentos curtos,
com pouca impulsão. O mangalarga por se tratar de um animal de sela também realiza
galope, porém pouco impulsionado.
O cavalo Mangalarga teve sua origem no cavalo da Península Ibérica, por meio
dos cavalos trazidos pelos colonizadores do Brasil, basicamente das raças Alter Real,
uma linhagem de Puro Sangue Lusitano e Andaluz.
Com a vinda da Família Real Portuguesa ao Brasil, foram trazidos os melhores
espécimes da Coudelaria Real de Alter do Chão, fato que desempenhou papel decisivo
na formação da raça, pois os reprodutores trazidos nesta viagem, assim como seus
descendentes foram muito utilizados pelos criadores da época para o melhoramento
de seus rebanhos.
Com o tempo, o Mangalarga tornou-se uma famosa população equina, no sul de
Minas Gerais, limítrofe com São Paulo, na primeira década do século passado.
O Cavalo Mangalarga foi trazido do sul de Minas para São Paulo por volta de
1812. Entretanto, desde sua introdução em terras paulistas, a criação do Mangalarga
era basicamente norteada por critérios subjetivos, cada criador orientava-se pelos seus
próprios critérios, agindo isoladamente, constituindo-se em energias dispersas.
Com a ida dos cavalos Mangalarga ao estado de São Paulo, começa a surgir
diferenças entre as raças do mangalarga marchador, também conhecido como
mangalarga mineiro e o mangalarga, ou mangalarga paulista, na segunda metade do
século XIX.
Em 1928,o zootecnista Paulo de Lima Corrêa, por meio de um profundo estudo
lançou as bases da caracterização do cavalo Mangalarga. Entusiasmado com a
dedicação do técnico, dois criadores paulistas, Dr. Celso Torquato Junqueira e Renato
Junqueira Neto reuniram um grupo de criadores com a finalidade de definirem os
critérios a serem usados na sua seleção.
87

A família Junqueira, responsáveis pela criação do Mangalarga, mudou-se para o


Estado de São Paulo e trouxe a famosa raça de equinos que logo contagiou os
paulistas, que adotaram e a disseminaram por todo o Estado de São Paulo e estados
vizinhos. Traçar um histórico da raça Mangalarga equivale narrar a história da família
Junqueira. Foram eles os forjadores da Raça, seus primeiros criadores. O início da
seleção da Raça Mangalarga deu-se em 1812 na fazenda Campo Alegre, em
Baependi, hoje município de Cruzília.
Para a atividade de policiamento montado esta raça apresenta um vantagem a
primeira vista que é o conforto, uma raça muito confortável de sela. Porém, a
desvantagem dessa raça deve-se ao fato de que os indivíduos dessa raça possuem um
temperamento muito quente e devido a sua andadura altamente ritmada, têm maior
probabilidade de lesões de tendões e ligamentos, face à atividade de policiamento ser,
via de regra, realizada em piso de asfalto. Pode-se encontrar alguns indivíduos que se
enquadraram nas necessidades do policiamento montado, mas devido seu
temperamento quente acaba desgastando-se muito no turno de serviço operacional,
demonstrado pelo suor excessivo e aumento da frequência respiratória, além da
dificuldade de amplitude em acompanhar os demais cavalos da patrulha.

4.11 Mangalarga Marchador

Origem: Brasil - Minas Gerais.


Tipo: warmblood.
Altura: 1,52 m para os machos e 1,46m para as fêmeas, sendo admitido de
1,47m a 1,57m para machos e 1,40m a 1,54m para as fêmeas.
Porte Físico: Porte médio retilíneo, aparência leve, cabeça com perfil
subcôncavo, fina, de tamanho proporcional ao animal, pescoço triangular, crinas ralas,
tronco: harmonioso, cernelha bem definida, longo curto e reto, garupa longa,
musculosa, levemente inclinada.
Temperamento: Dócil, ativo e quente (temperamento de cavalo de marcha).
Rusticidade: cavalo rústico, possui alta resistência e adaptabilidade de terreno,
sobrevive tranquilamente no regime de pasto. O mangalarga marchador é muito
utilizado para passeio.
88

Agilidade: pouca agilidade, andaduras marchadas e dificuldade de realizar


galope. Marcha dissociada de tríplice apoio definido.
A raça Mangalarga Marchador é tipicamente brasileira e surgiu há cerca de 200
anos na Comarca do Rio das Mortes, no Sul de Minas, por meio do cruzamento de
cavalos da raça Alter – trazidos da Coudelaria de Alter do Chão, em Portugal – com
outros cavalos selecionados pelos criadores daquela região mineira. O mangalarga
marchador é o que se pode chamar de “cavalo de fazendeiro”, pois sua marcha é
bastante confortável e não cansa o cavaleiro, tornando-o ideal para percorrer a fazenda
e realizar viagens por caminhos acidentados, porém o mangalarga marchador tem
dificuldade em galopar.
O cavalo Mangalarga marchador é uma das raças mais criadas no Brasil, a
Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador tem registrado
em seu Stud Book mais de 300.000 animais espalhados por todo o Brasil, com
predominância nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e
Espírito Santo.
Era considerado apenas uma variedade da raça, distinguindo-se particularmente
pelo seu andamento característico que denomina “marcha de centro, batida ou picada”,
porém os mangalarga marchadores tornaram-se uma raça definida obedecendo uma
série de pré-requisitos característicos.
O Mangalarga Marchador pode ser montado por pessoas de qualquer faixa
etária e nível de equitação devido ao seu conforto e movimentos curtos, sem impulsão
e amplitude
Para a atividade de policiamento montado esta raça apresenta desvantagem
devido ao fato de não trotar, por ser uma raça de andadura marchada tem maior
probabilidade de contrair lesões de tendões e ligamentos, face a atividade de
policiamento ser, via de regra, realizada em piso de asfalto. Devido seu temperamento
quente e realizar mais movimentos que as demais raças de cavalos, acaba se
desgastando muito no turno de serviço operacional, demonstrado pelo suor excessivo e
aumento da frequência respiratória, além da dificuldade de amplitude em acompanhar
os demais cavalos da patrulha e dificuldade de aceitação do contato do cavaleiro com
embocaduras simples.
89

4.12 Marajoara

Origem: Brasil - Ilha de Marajó.


Tipo: warmblood.
Altura: Média entre 1,35 m e 1,55 m.
Porte Físico: cavalo de pequeno porte, pescoço curto, cabeça grande, tronco
cilíndrico e garupa pequena.
Temperamento: dócil e individual.
Rusticidade: cavalo extremamente rústico e resistente, possuí grande
adaptação a regiões com altas temperaturas e umidade.
Agilidade: pouca agilidade.
O cavalo Marajoara adaptou-se muito bem às condições adversas da Ilha, com
excesso de umidade o ano todo e clima muito quente e úmido, procriando-se aos
milhares, estimando-se em mais de 1.000.000 de cabeças ao final do século XIX.
Atualmente estima-se em mais de 150 mil exemplares da raça Marajoara, utilizados em
sua maioria para a lida com búfalos, gado e provas de resistência.
Os marajoaras são usados para trabalhos rotineiros e apresentam um baixo
custo operacional. Bastante requisitado para o trabalho com o gado pela sua destreza
e agilidade, além de serem requeridos para a lida dos imensos rebanhos de búfalos
que a Ilha de Marajó possui.
Para a atividade de policiamento montado esta raça apresenta desvantagem
devido ao fato de ser um cavalo de pequeno porte e não se enquadrar com a
uniformidade com o porte do cavalo de policiamento.

4.13 Pantaneiro

Origem: Brasil, região do Pantanal Matogrossense.


Tipo: warmblood.
Altura: machos 141,7 cm e as fêmeas de 136,9 cm.
Porte Físico: cavalo de pequeno porte, perfil compacto, com membros finos e
apresenta a garupa levemente mais alta que a cernelha, possui cascos muito
resistentes, diferente de outras raças, é adaptado a terrenos alagadiços, consegue
90

pastar com as narinas sob a água e por esta razão tende a deslocar-se tracionando
sobre os membros anteriores.
Temperamento: calmo, independente, capaz de sobreviver sozinho e
aceitabilidade de conviver com outras espécies como os rebanhos de bovinos.
Rusticidade: cavalo extremamente rústico, suporta altas temperaturas, terrenos
alagadiços e longas caminhadas. Resultado de séculos da seleção natural dos cavalos
que se reproduziram na região do pantanal, desde os cavalos trazidos pelos
colonizadores como visto no capítulo 2.1.
Agilidade: cavalo ágil, com pouca suspensão e amplitude; muito eficiente na
funcionalidade para a lida com gado em regiões alagadiças, na região pantaneira.
Os primeiros criadores do cavalo conhecido hoje como a raça pantaneiro foram
os índios cavaleiros Guaicurus que chegaram a ter mais de 20.000 animais
domesticados em seu rebanho e foram os responsáveis pela sua proliferação por toda
a região do Pantanal mato-grossense. Esses cavalos são descendentes diretos dos
cavalos dos colonizadores portugueses e espanhóis utilizados na exploração e nas
batalhas na américa do sul.
A origem da raça está ligada à história de ocupação da parte central da
América do Sul. São várias as datas levantadas quanto à chegada dos cavalos
na região, entretanto, há necessidade de um conhecimento mais preciso sobre
a origem do cavalo Pantaneiro. O cavalo Pantaneiro é, provavelmente, oriundo
de cruzamentos de equinos de origem lusitana (Céltico, Barba e Andaluz), do
Acabe e do Crioulo Argentino, sob pressão da seleção natural. (SANTOS et al
,1995, p.9 apud Domingues, 1957; Corrêa Filho, 1973)

O cavalo Pantaneiro vivendo em liberdade no Pantanal mato-grossense em


condições adversas, sob excesso de calor, de umidade, mas com pastagem em
abundância para sua proliferação e seleção natural, seguido de mudanças abruptas de
clima seco para úmido, confere-lhe características peculiares como alta resistência dos
cascos à umidade e uma grande capacidade de capturar alimentos oriundos de
pastagens submersas, ou seja, pastar sob a água, condição na qual a maioria das
raças não consegue, face as narinas e boca ficarem submersas e o cavalo
submeter-se a um período de apnéia.
Para a atividade de policiamento montado esta raça apresenta desvantagem no
que tange ao pequeno porte para o policiamento: o que influencia diretamente no efeito
psicológico, ostensividade e visibilidade do policial montado, comparando-se a outras
91

raças. Outro ponto a se observar é a atenção, principalmente com relação a possíveis


casos de AIE, Anemia Infecciosa Equina, conforme retrata as pesquisas em âmbito
acadêmico:
O controle da AIE em áreas endêmicas tem sido proposto por vários
pesquisadores. Scott (1919), citado por Knowles (1984), sugeriu que todos os
animais infectados deveriam ser mortos, porém, caso todos os eqüídeos não
fossem sacrificados, propôs a segregação entre animais doentes e sadios, pela
remoção dos últimos a um pasto com uma distância "suficiente" para prevenir a
transmissão por insetos hematófagos. A segregação é um método eficaz
quando monitorada periodicamente por meio de exames sorológicos dos
animais negativos para AIE (Issel, 1990)
No Pantanal, o sacrifício dos animais infectados tenderia a prejudicar
significativamente ou mesmo inviabilizar a pecuária extensiva, principal
atividade econômica da região. Essa realidade levou a Embrapa Pantanal a
executar diversos estudos entre 1990 e 1995, os quais culminaram com o
desenvolvimento de um Programa de Prevenção e Controle da AIE baseado
no diagnóstico e segregação de animais positivos e negativos.
(EMBRAPA, p. 15-16, 2001)
Em termos gerais, as principais causas de mortalidade dos animais são
acidentes (ataque de onças, mordeduras de cobra. etc) e doenças (pitiose
eqüina, Anemia Infecciosa eqüina (AIE), Encefalite eqüina, etc).
Atualmente, a principal doença que acomete os cavalos é a AIE.
Resultados amostrais indicaram que 85% dos criadores faz controle da
AIE, ou seja, faz o exame da AIE anualmente e separa os animais
positivos dos negativos, mantendo-os em locais distantes uns dos outros
na fazenda. [...]
Muitos criadores, especialmente os que não possuem cavalos registrados,
ainda não fazem o controle da AIE, que pode atingir uma prevalência alta
na tropa. Um dos grandes problemas detectado e enfrentado pela maioria dos
criadores é o alto custo do teste (imunodifusão em gel de ágar - IDGA).[...]
Um costume muito utilizado pelos criadores mais antigos, e ainda em uso, no
Pantanal, é a sangria, que consiste da retirada de 500 a 1000 ml de sangue
dos animais debilitados, visando a sua reanimação. Atualmente, 55% dos
criadores do Pantanal ainda pratica a sangria, porém sem saber qual a sua real
função. (SANTOS et al ,1995, p.19 apud Domingues, 1957; Corrêa Filho,
1973).

Em termos gerais, as principais causas de mortalidade dos animais são


acidentes (ataque de onças, mordeduras de cobra. etc) e doenças (pitiose equina,
Anemia Infecciosa equina (AIE), Encefalite equina, etc). Atualmente, a principal doença
que acomete os cavalos é a AIE. Outra enfermidade que acomete os equinos do
Pantanal, especialmente nas fazendas atingidas pela inundação máxima, é a Ferida da
Moda, cujo principal agente etiológico é o “ficomiceto pythium insidiosum”, esta doença
ocorre geralmente durante o período das águas e tem aparecido na quase totalidade
das propriedades e o tratamento tem sido variável e nem sempre tem trazido bons
resultados.
92

O Mal - das - Cadeiras causado pelo "Trypanosoma evansi” ocasionou em uma


das principais causas de mortalidade dos equinos durante o século XIX, dizimando
grande número de animais na época, e segundo relatos históricos foi a doença que
dizimou toda a tropa de cavalos dos índios Mbayá-Guaicurú, como visto no capítulo
2.1.

4.14 Pampa

Origem: Brasil.
Tipo: warmblood.
Altura: 1,45m para os machos e de 1,40m para as fêmeas.
Porte Físico: Porte médio e estrutura proporcionar e bem distribuída, com ossos
resistentes, articulações e tendões bem definidos, expressão vigorosa e sadia,
temperamento altivo, brioso, enérgico e dócil..
Temperamento: afetuoso e altivo.
Rusticidade: cavalo rústico. Muito utilizado para passeios.
Agilidade: ágil e andadura de marcha, pouca suspensão.
Pelagem: a maior característica da raça pampa brasileira é a presença da
pelagem conjugada e a andadura marchada. Segundo o regulamento da ABCPAMPA
(Associação brasileira dos criadores do cavalo pampa), podem ser aceitos cavalos nas
pelagens sólidas que possuírem no mínimo uma área de pelos brancos sobre pele
despigmentada medindo em torno de 100 cm2, podendo ser composta de, no máximo,
duas manchas formando a área total. As despigmentações de crina e cauda podem ser
de qualquer forma e tamanho expressivo.
A origem do nome pampa conforme visto no capítulo 2.3.2 foi dada pelo patrono
da PMESP, Brigadeiro Tobias de Aguiar:

A origem do nome pampa é a seguinte: Em meados do século XIX o brigadeiro


Rafael Tobias Aguiar, vencido na revolta da província de Sorocaba, interior de
São Paulo, fugiu com seu exército para o Rio Grande do Sul, onde aderiu à
batalha dos Farrapos. A maioria dos soldados montavam cavalos pampas,
inicialmente conhecidos no sul como tobianos. Quando do retorno à São Paulo,
estes cavalos passaram a ser gradualmente conhecidos no resto do país como
os cavalos dos “Pampas” (codinome do Estado do Rio Grande do Sul).
(ABCPAMPA, 2018, não paginado)
93

O cavalo pampa é um misto de pelagem com raça. Assim como a raça Pampa,
existem diversas raças que são caracterizadas exclusivamente pela pelagem, como as
raças de pelagens conjugadas como: Appaloosa, Paint Horse, Pinto e Knabstrupper.
Como raça, o cavalo de pelagem conjugada, conhecida como tobiana é muito
conhecido na raça “Paint Horse”, um pampa americano com as características
morfológicas da raça Quarto de Milha. Nos países de língua espanhola são conhecidos
como a raça “Pinto” (palavra de origem espanhola), que não apresentam um tipo
morfológico para o trabalho, como caracterizado no Paint Horse com conformação do
cavalo Quarto de Milha.
O Cavalo PAMPA é oriundo do cruzamento inte-racial entre reprodutores e
matrizes das raças: Anglo-Árabe, Campeiro, Campolina, Crioulo, Mangalarga,
Mangalarga Marchador ou PSI, sempre resultando no indivíduo com andadura
marchada.
Ao contrário dos objetivos da APHA (American Paint Horse Association), a
ABCPAMPA não registra animais descendentes do Quarto de Milha e, praticamente, de
todas as raças exóticas, a fim de não descaracterizar o tipo morfológico do Pampa
nacional. Neste sentido a ABCPAMPA optou também além do requisito das pelagens,
um requisito funcional: o andamento naturalmente marchado. O cavalo Pampa
brasileiro apresenta, além de suas belíssimas variedades de pelagens, outro relevante
fator diferencial: a marcha.
Para a atividade de policiamento montado esta raça apresenta desvantagem no
que tange a padronização, face a restrição de pelagens conjugadas, além do pequeno
porte e andadura marchada.

4.15 Percheron

Origem: França.
Tipo: cavalo cold-blooded, draft horse.
94

Altura: A altura média do animal adulto é de 1,66m, sendo que a mínima


permitida é de 1,58 m e a máxima é de 1,72 m, tanto para machos como para fêmeas.
O peso médio é de 900 Kg a 1 ton.
Porte Físico: cavalo de grande porte, linfático. Cabeça quadrada e grossa na
extremidade, chanfro reto e plano, orelhas relativamente pequenas, pescoço
musculoso, grosso, rodado, bem implantado. Tronco grosso e cilíndrico; cernelha
saliente; linha dorso-lombar reta e curta; garupa reta, longa e fendida; cauda de
implantação alta; nádegas grandes e grossas; peito largo; costelas longas e bem
arqueadas, membros fortes e musculosos, com articulações largas e nítidas; coxas
musculosas; canelas curtas; machinhos providos de pêlos; quartelas pequenas; cascos
grandes largos e resistentes.
Temperamento: linfático, temperamento amigável, porém vivo.
Rusticidade: cavalo rústico, geralmente criado para tração. Porém,
eventualmente utilizado como cavalo de sela.
Agilidade: cavalo de tração com disponibilidade de galope. Porém não sustenta
o galope por muito tempo, face sua própria morfologia.
O Percheron é uma raça de cavalos que foi difundida no mundo inteiro, sendo o
principal cavalo de tração na época em que o transporte coletivo valia-se somente dos
cavalos. Fez muito sucesso na América do Norte. Dono de grande força e elegância é
utilizado em diferentes funções. No Brasil a raça foi introduzida na década de 20 por
iniciativa do Exército Brasileiro, principalmente pela Arma de Artilharia, e pelas
companhias Matarazzo e Cervejaria Antarctica, que utilizavam esses animais para
puxar as grandes cargas de entrega na cidade de São Paulo. (CBH- Confederação
Brasileira de Hipismo, 2012 apud Interagro / Hippus / Country Press, não datado)
Para a atividade de policiamento montado esta raça apresenta desvantagem
devido a falta de mobilidade na andadura ao galope, aliada a questão de padronização
do cavalo de policiamento. Devido seu porte de cavalo de tração e seus pêlos longos
na região dos cascos, destoa dos demais cavalos de policiamento influenciado na
questão da padronização. Porém historicamente os percherons são utilizados no
policiamento montado em representações ornamentais quando utilizados nas bandas
militares, principalmente nos timbales.
95

4.16 Quarto de Milha

Origem: Estados Unidos da América.


Tipo: considerado warmblood puxado para as características de cavalo quente.
Altura: altura média em torno de 1,50m, variando entre 1,54 a 1,63m.
Porte Físico: cavalo de médio porte. Cabeça pequena, olhos grandes, narinas
abertas e ganacha redonda e bem desenhada. Possuí um pescoço musculoso e bem
inserido nas espáduas, peito largo e profundo, garupa muito forte, musculosa,
arredondada e fendida. Os membros são fortes e resistentes, porém mais finos que o
esperado para um corpo musculoso, quartelas curtas e cascos muito resistentes. A
aparência geral é de um cavalo compacto e musculoso, com membros elegantes.
Temperamento: Inteligente, ágil, altivo e um senso natural para lida com gado.
Na raça quarto de milha existem linhagens apuradas para conformação, trabalho e
corrida. As linhagens de corrida tendem a ser mais quentes.
Rusticidade: cavalo rústico, resistente e de fácil manejo. Uma das raças mais
criadas no Brasil.
Agilidade: extremamente ágil, de fácil condução e galopador.
O nome do quarto de milha foi fundamentado em sua velocidade em um quarto
de milha, ou seja, na distância de 402 metros. A raça quarto de milha foi uma das
primeiras raças a ser desenvolvida no continente americano, tendo surgido nos
Estados Unidos, por volta do ano de 1600, a partir dos cruzamento dos cavalos Puro
Sangue Inglês, trazidos pelos ingleses, com cavalos árabes, andaluz e berberes
trazidos pelos espanhóis. Esse cruzamento produziu cavalos compactos, com
músculos fortes, capaz de correr um quarto de milha mais rápido de que qualquer outra
raça. Na lida no campo principalmente na lida com o gado e na desbravação do oeste
norte-americano, o quarto de milha virou parte integrante na vida dos caubóis
americanos.
Preocupados com a preservação da raça, já em 1940, foi fundada a American
Quarter Horse Association (AQHA), no Texas EUA.
Para a atividade de policiamento montado esta raça apresenta desvantagem
devido a sua baixa estatura e como seu próprio nome diz um cavalo com ímpeto de
velocidade e seu espírito competitivo, instintivamente irá fazer com que queira andar à
96

frente dos demais cavalos na patrulha de policiamento montado, principalmente as


linhagens de corrida.

4.17 Paint Horse

A raça Paint Horse possui as mesmas características do cavalo Quarto de Milha,


porém a diferença crucial consiste na sua pelagem conjugada. A raça Paint Horse foi
originada do cruzamento dos cavalos quarto de milha, com cavalos de indígenas
mustangues, de origem ibérica, que foram criados soltos na natureza e arrebanhados
por indígenas norte-americanos. Do cruzamento dos cavalos quarto de milha dos
caubóis americanos com os cavalos mustangues tobianos, os cavalos quarto de milha
foram adquirindo as pelagens tobianas sendo selecionados dando origem ao cavalo
paint horse.
Para a atividade de policiamento montado esta raça apresenta desvantagem no
que tange a padronização, face a restrição de pelagens conjugadas, além do pequeno
porte.

4.18 Appaloosa

Origem: Estados Unidos


Tipo: warmblood.
Altura: tamanho médio 1,50m.
Porte Físico: animal de porte médio, apresenta a pelagem típica da raça,
pequenas manchas em seu corpo em seis cores padrões: nevado, leopardo, floco de
neve, mármore, mantado manchado e mantando branco. Possuí comprimento médio e
de forma piramidal, sem desvios de bordos, seja inferiores ou superiores; cernelha bem
definida, dorso bem musculado, lombo curto musculoso.
Temperamento: Inteligente, ágil, afetuoso e altivo.
Rusticidade: cavalo rústico, e de fácil lida, geralmente utilizado para passeio e
lida no campo.
Agilidade: cavalo ágil e somente alguns indivíduos possuem aptidão para o
esporte.
97

Para a atividade de policiamento montado esta raça apresenta desvantagem no


que tange à padronização, face à restrição de pelagens conjugadas, além do pequeno
porte.

4.19 Cavalo Brasileiro de Hipismo

Origem: Brasil.
Altura: altura ideal para machos de 1,68m; e 1,65m para fêmeas;
Porte Físico: cavalo de grande porte, de estrutura forte, linhas harmoniosas,
caráter dócil, grande facilidade para a reunião e andamentos briosos, ágeis, elásticos e
extensos.
Temperamento: Calmo, muito inteligente, ágil, afetuoso e altivo.
Rusticidade: cavalo rústico,
Agilidade: extremamente ágil, com grande mobilidade de espáduas,
movimentos amplos com muita impulsão. É um cavalo esportista por natureza, capaz
de executar andaduras impulsionadas e transpor obstáculos com facilidade. Cavalos
de sela, com grande facilidade para o Adestramento, o Salto e o Concurso Completo
de Equitação.
A raça Brasileiro de Hipismo é uma raça relativamente nova, criada na década
de 1970, porém reconhecida internacionalmente pela World Breeding Federation for
Sport Horses (WBFSH), sendo a raça Brasileiro de Hipismo responsável pela
nacionalização das raças pertencentes a WBFSH quando importadas para o Brasil,
conforme o art 22 do Regulamento da raça BH:

Art. 22 - São consideradas como raças formadoras do Cavalo Brasileiro de


Hipismo as seguintes raças: ARABE, ANGLO ARABE, ANDALUZ, ANGLO
EUROPEAN, AMERICAN SADDLEMBRED, AMERICAM WARMBLOOD,
BAVARIAN, BAYERN, HANNOVERIANA, HESSEN, HOLSTEINER,
MECKLENBURG, ANGLO NORMANDO, OLDENBURGUER, PURO SANGUE
INGLES, RHEILAND, SACHSEN-ANHALT, SELA ARGENTINA, SELA BELGA,
SELA DINAMARQUESA, SELA FRANCESA, SELA HOLANDESA, SELA
IRLANDESA, SELA ITALIANA, SELA LUXEMBURGUASE, SELA MEXICANA,
SELA NORUEGUESA, SELA POLONESA, SELA SUIÇA, SELA SUECA, SELA
URUGUAIA, TRACKENER, WESTFALEN, WURTTENBERG,
ZANGUERSHEIDE, ZWEBRUCKEN, SELA TCHECOSLOVACA, SELA
AUSTRALIANA, SELA ESTONIANA, FRIESIAN e demais raças que façam
parte da WORLD BREEDING FEDERATION FOR SPORT HORSES -WBFSH.
(ABCCH, 2020, p. 10)
98

A ideia de criar uma Associação para registrar os cavalos de hipismo surgiu no


Parque da Água Branca em 1976 de uma ideia do Sr Ênio Monte, proprietário do Haras
Itapuã, com um grupo de criadores: Dr. João Nelson Frota Junior, então secretário da
CCCCN - Comissão Coordenadora de Criação do Cavalo Nacional, que juntamente
com o Dr. José Pedro Gonzales “Presidente da CCCCN” formalizaram com o Ministério
da Agricultura a nova raça de cavalos de hipismo: Raça Brasileira de Hipismo.
(MONTE, 2019)

A Associação Brasileira de Criadores do Cavalo de Hipismo – ABCCH – foi


fundada na cidade de São Paulo em 09 de Julho de 1977 pelos criadores Enio
Monte, João de Moraes Barros, Gabriel Penteado de Moraes, José Júlio
Centeno Coutinho e João Nelson Frota Jr, a fim de:
• Atender aos interesses da Comissão Coordenadora de Criação do Cavalo
Nacional – CCCCN – presidida pelo Dr. José Pedro Gonzales,
• Incentivar a criação de cavalos destinados aos esportes hípicos de Salto,
Adestramento e Concurso Completo de Equitação,
• Transformar a equinocultura em atividade de indiscutível significação
econômica de divisas para o Brasil,
• Atender inicialmente a demanda interna de cavalos de hipismo, e
posteriormente a exportação. (MONTE, 2019, não paginado)

Analisando a morfologia, bem como temperamento e agilidade do cavalo BH


para o policiamento montado observa-se que esta raça possui excelentes
características para o policiamento montado no RPMon “9 de Julho”. O Regimento de
Polícia Montada “9 de Julho”, por meio de um convênio estadual (resolução conjunta)
entre as Secretarias da Segurança Pública e da Agricultura e Abastecimento, recebe
desde a década de 1980 os cavalos IZ, da raça Brasileiro de Hipismo, criados na
Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) conhecida como Instituto de
Zootecnia (IZ), localizado na cidade de Colina/SP e que nestes 40 anos o cavalo
Brasileiro de Hipismo vem contribuindo grandemente com o policiamento montado no
estado de São Paulo.
Na literatura policial-militar, encontra-se muitas citações quanto ao emprego do
cavalo Brasileiro de Hipismo e acerca do tema especificamente da raça Brasileiro de
Hipismo no policiamento montado, encontra-se dois trabalhos: uma monografia de CFO
da PMMG, entitulada: “O Emprego do cavalo da raça Brasileiro de Hipismo no
Policiamento Montado”, do Cadete PMMG Frederico Arruda Costa no ano de 2009; e
um trabalho de CAO da BMRS entitulado: “A melhor raça para o policiamento
99

montado”, do Ten Cel BMRS Cláudio Azevedo Goggia, Cel BMRS Hermes Volker e Cel
BMRS Vanderlan Frank Carvalho.
Segundo o Cadete PMMG ARRUDA, em sua pesquisa conclui e confirma a
hipótese de que cavalo da raça Brasileiro de Hipismo, por suas características
morfológicas e psíquicas, reúne as qualidades necessárias para as atividades de
policiamento montado desenvolvidas pelo Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes:
O cavalo da raça Brasileiro de Hipismo reúne as características morfológicas e
psíquicas necessárias para o emprego nas atividades de policiamento montado
desenvolvidas pelo Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes.
Há que se ressaltar, ainda, que a raça Brasileiro de Hipismo foi confirmada
como a raça ideal de cavalo policial militar, por possuir a maioria das
características necessárias e sendo apontado como o cavalo que melhor se
adapta ao serviço de policiamento montado. [...]
O presente estudo tinha por escopo estudar o emprego do cavalo da raça
Brasileiro de Hipismo no policiamento montado no estado de Minas Gerais,
apenas citando como está o cenário nacional das Unidades de Cavalaria.
Todavia, durante os trabalhos de pesquisa de campo, constatamos que há uma
carência muito grande de estudos científicos quanto à definição da melhor raça
de cavalo para o policiamento montado. Assim sendo, é de bom alvitre que se
divulgue este estudo científico para as outras unidades da federação, como
forma de se compartilhar os resultados obtidos. (COSTA, 2009, p. 166-117)

Aliado a esta temática o trabalho do Ten Cel Goggia também conclui que o
cavalo Brasileiro de Hipismo reúne as qualidades necessárias para o policiamento
montado:
Por fim acreditamos que podemos encontrar algumas das características
básicas necessárias para a atividade do policiamento montado em qualquer
raça equina. Porém certamente encontraremos as maiores características
como um Bom Porte Físico, Boa Estatura, Boa Agilidade, Boa Pelagem,
Resistência a Esforços Prolongados, somente no cavalo da raça
BRASILEIRO DE HIPISMO, e do cruzamento deste com mestiços. Este tipo de
cavalo já está sendo usado de forma mojoritária em alguns estados do Brasil,
como em Santa Catarina, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro e está
começando sua utilização no Exército Brasileiro. (GOGGIA, VOLKER,
CARVALHO, 2003, p. 307, grifo nosso)

Quanto a literatura em outras Polícias Militares, encontra-se algumas citações


sobre o tema num trabalho científico, no Centro de Pesquisa e Pós-Graduação da
Academia de Polícia Militar de Minas Gerais:

O cavalo Brasileiro de Hipismo é vivaz, corajoso e determinado e, ainda sim,


tem um temperamento dócil. “Estas características atendem plenamente ao
policiamento montado e operações de choque, por não se rebelarem com
facilidade e no momento de enfrentar manifestações são controláveis e
determinados ao confronto” (OLIVEIRA, 2008, p. 24)
100

Sobre as características do cavalo brasileiro de hipismo a 1º Ten PMESP Talita


Lemos Rodrigues ressalta em sua tese no Curso de Instrutor de Equitação no Exército
Brasileiro:
Com o auxílio da seleção genética, os criadores passaram a aumentar a
frequência gênica desejada, resultando na produção de animais condizentes
com o objetivo de sua criação. Inicialmente, a seleção dos animais era voltada
para características de produção e desempenho esportivo; porém, atualmente,
passou-se a dar grande relevância para o temperamento, pois observou-se que
a genética também influencia na expressão do temperamento (THOMSON et
al., 2014).
[...] Diante das características expostas e através de diversos estudos
realizados nesta área, foi observado que o cavalo da raça BH possui um
conjunto de características físicas e comportamentais mais adequadas para o
emprego na atividade de Policiamento Montado, porém sem excluir outras
raças que também possuem traços comportamentais positivos, contudo vale
ressaltar que independentemente da raça, o processo de seleção desses
animais deve ser feito de forma minuciosa, buscando excluir aqueles que
demonstrem desde jovens qualquer tipo de desvio comportamental.
(RODRIGUES, 2020, p. 11 e 12)

Quanto a literatura nesta Casa de Ensino Superior, encontra-se algumas


citações de grandes comandantes sobre o tema, nos trabalhos científicos realizados no
CAES - Centro de Altos Estudos de Segurança Cel PMESP Nelson Freire Terra sobre o
cavalo BH, os quais serão devidamente citados via normas específicas mas com seus
nomes e patentes em destaque:
● Cel PMESP Walter Gomes Mota afirma que os cavalos brasileiro de hipismo IZ
possuem características físicas e morais perfeitas para o emprego em atividade
de polícia:
As pesquisas de Colina estão direcionadas para o desenvolvimento de uma
raça nacional, o Cavalo Brasileiro de Hipismo, que possui uma variada
capacidade de utilização, podendo ser empregado para o esporte, lazer,
trabalho e se adaptou perfeitamente para o policiamento. Apenas um fator
impede que esta parceria seja perfeita, a capacidade de produção de animais
não supre a demanda da Polícia Militar. Há uma defasagem anual que varia de
15 (quinze) a 25 (vinte e cinco) cavalos, entre reformas e mortes, e a
quantidade recebida.Esta defasagem obriga a reposição por meio de compra
de particulares, que atendam as exigências do padrão dos regulamentos de
remonta.
[...] Neste exercício foram incorporados ao patrimônio da Polícia Militar 29
(vinte e nove) cavalos provenientes do convênio com a Secretaria da
Agricultura, animais da raça BH, brasileiro de hipismo, que passarão a receber
adestramento específico para atuarem no policiamento montado e no período
de seis meses serão os mais novos integrantes das patrulhas hipo atuando em
São Paulo. Este modelo de parceria possibilita desenvolvimento de tecnologia,
de pesquisa e o recebimento de animais com características físicas e
morais perfeitas para emprego em atividade de polícia. São experimentos e
seleções genéticas de mais de vinte anos, onde os pesquisadores de Colina
buscam aperfeiçoar um cavalo de porte, calmo, e com boa índole, que se
101

coaduna com as expectativas de qualquer Unidade Hipo. (MOTA, 2008, p. 127


e p. 277)

● Cel PMESP Everton Rubens Rodrigues da Cunha salienta a eficácia e eficiência


da raça BH para um cavalo de Polícia:
[...] sem dúvida alguma, à raça BH veio para ficar, pois tem se encaixado dentro
da rotina do Regimento de maneira singular, demonstrando eficácia e
eficiência, estando o mais próximo do esperado de um cavalo de Polícia. Sem
desmerecer as demais raças existentes no Brasil, haja vista que os
cruzamentos ocorridos com animais de raças europeias e americanas, com
intuito de apurar determinadas raças no país, acabaram gerando um plantel
brasileiro bastante diversificado. Diante do que se expôs nesta seção “Cavalos
de Polícia”, fica evidente a semelhança do Regimento de Polícia Montada “9 de
Julho” com o emprego e o tipo de animais usados pela Polícia londrina, a qual
foi escolhida como comparação, pelo autor, por ser o Corpo de Polícia Montada
mais antigo de que se tem notícia, apesar de as origens, a formação e os
uniformes estarem da Instituição estarem baseados na Missão Militar Francesa,
da qual jamais se pode esquecer. (CUNHA, 2009, p.97)

● Cel PMESP José Félix de Oliveira descreve sobre a experiência com os cavalos
brasileiro de hipismo no policiamento montado e destaca a experiência com a
raça BH, destacando-se das demais raças da época além de se adaptar
perfeitamente ao policiamento montado:

[...] as Instituições Policiais, no mundo, estabelecem características e padrões a


serem observados, como idade, altura, pelagem, conformação física,
rusticidade, agilidade, saúde e, principalmente, aspectos ligados à
personalidade do animal, como docilidade, coragem, calma e que seja de fácil
adestramento, aproveitando-se, portanto, os animais da região. Na Polícia
Militar do Estado de São Paulo, a experiência vivenciada ao longo dos cento e
treze anos de serviços prestados pelo Regimento de Polícia Montada “9 de
Julho” mostra que a raça Brasileiro de Hipismo (BH) e o mestiço, proveniente
do cruzamento do cavalo da raça Crioulo com puro Sangue Inglês ou
Anglo-argentino, destacam-se entre os demais e adaptam-se perfeitamente e
com facilidade ao serviço, além de se enquadrarem nas características
estabelecidas pelo art 5o das I-37-PM. (DE OLIVEIRA, 2005, p. 74)

Quanto ao porte do cavalo BH, que poderia acarretar em uma dificuldade para a
policial militar montada feminina, assim como no capítulo 2.3, na qual estuda-se o
princípio da equidade de gênero no policiamento montado, constante no anexo do
Apêndice A, a pesquisa restrita às policiais femininas que atuam ou atuaram no
Policiamento Montado que das 21 polícias militares do Brasil, 42,2% responderam que
na sua opinião o BH é a melhor raça de policiamento.
102

Gráfico 15 - Pesquisa de policiais femininas que atuam ou atuaram no policiamento montado sobre a
melhor raça de cavalo para o policiamento montado

fonte: o autor, 2021

No ano de 2019, nas dependências do RPMon “9 de Julho” a Dra. Vanessa


Dionísio dos Reis realizou uma série de estudos nos cavalos do Regimento de Polícia
Montada “9 de Julho” e ao final de sua pesquisa, entitulada: o feito da raça sobre a
reatividade de cavalos policiais, concluiu:

A raça exerce influências sobre a reatividade e consequentemente no


temperamento do animal. Cavalos da raça Brasileiro de Hipismo apresentam
menor reatividade e reúnem características mais favoráveis para os desafios
encontrados no patrulhamento de rua quando comprados com Cavalos Sem
Raça Definida. (DOS REIS, 2019, p.47)

Ao encontro da experiência de longa data da raça BH, principalmente no tocante


aos cavalos IZ, segue informações genealógicas sobre o cavalo 356 Garoto, um dos
primeiros cavalos BH no RPMon “9 de Julho” filho da 102ª égua registrada no studbook
BH, portanto uma das primeiras inscritas na raça, que serviu no policiamento montado
na PMESP e à população paulista:
103

Organograma 16 - Genealogia do cavalo 356 Aquário nome de baia Garoto, montada do Sr Cel PMESP
Eduardo José Félix de Oliveira

fonte: site da ABCCH, 2021

Fotografia 17 - Cel PMESP Eduardo José Félix de Oliveira montando o cavalo 356 Garoto, um dos
primeiros cavalos BH no RPMon “9 de Julho”

fonte: Sr Marcelo Félix, filho do Cel PMESP Félix, 2021


104

5 RAÇAS DE CAVALOS UTILIZADAS NA ATIVIDADE DE POLICIAMENTO


MONTADO

Neste capítulo será feita uma análise quali-quantitativa dos cavalos que exercem
a atividade de policiamento nas polícias militares do Brasil e em outros países,
utilizando critérios de pesquisa científica para uma análise detida acerca de uma coleta
de dados ampla e minuciosa, que se encontra no Apêndice B do presente trabalho.
Utilizado como critério para a pesquisa um rol de perguntas em forma de
formulário, idêntico ao realizado por um trabalho de CAO na Brigada do Rio Grande do
Sul em 2003, entitulado “A melhor raça para o policiamento montado”, pelo atual Cmt
do 4º RBG (Regimento Bento Gonçalves, Sr Ten Cel Goggia. (GOGGIA, VOLKER,
CARVALHO, 2003) que levou em consideração aspectos qualitativos dos cavalos de
policiamento de algumas polícias militares brasileiras, aliada a pesquisa quantitativa
acerca dos cavalos de policiamento de todas as polícias militares brasileiras, realizado
pelo CAP PMESP Bordwell, oficial de cavalaria atualmente servindo no RPMon “9 de
Julho”, em sua tese de monografia do Curso de Instrutor de Equitação na Escola de
Equitação do Exército Brasileiro em 2017 (DA SILVA, 2017) para se realizar uma
análise comparativa dos cavalos empregados no policiamento montado no Brasil e nas
Polícias de Segurança e Ordem Pública que gentilmente responderam a pesquisa.
Além dos dados compilados apresentados a seguir, pesquisa-se o que as
unidades de polícia montada entendem como um cavalo ideal, ou raça ideal para
policiamento montado e quais os cavalos ou raças de cavalos seriam inviáveis para a
atividade de polícia montada.

5.1. Raças de cavalos utilizadas em outras Polícias de Segurança e Ordem


Pública

Neste capítulo, demonstra-se uma vasta pesquisa com a participação das


unidades de Polícia Montada do Brasil e Exterior, utilizando as mesmas perguntas
feitas em 2003 pelo Ten Cel Goggia em seu trabalho de CAO na BMRS, o qual reuniu
perguntas de pesquisa qualitativas, para poder realizar a comparação nos dias atuais,
o que as unidades montadas pensam, suas modificações de pensamentos, suas
105

experiências, aliada à pesquisa do Cap PMESP Bordwell que realizou uma pesquisa
quantitativa sobre os cavalos de policiamento com as PMs do Brasil, no curso na
ESEquEX, Escola de Equitação do Exército Brasileiro.
Esta pesquisa teve início já no pré-projeto realizado para as seletivas do
presente curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, com perguntas traduzidas em três
idiomas: inglês, francês e espanhol e enviadas a diversas unidades de polícia montada
do mundo. As Unidades de Polícia Montada que retornaram as respostas foram
compiladas fielmente neste capítulo.
A pesquisa será organizada em dois quadros comparativos para melhor
visualização e estará com todas suas respostas anexadas no Apêndice B.

● 1ª Quadro: Quantidade de cavalos que atuam no policiamento montado no Brasil


e suas principais raças:

Quadro 18 - Quadro comparativo de quantidade de cavalos nas unidades de Polícia Montada


TABELA
TABELA ANO 2003 SITUAÇÃO EM 2021
BORDWELL

(GOGGIA, VOLKER, CARVALHO, 2003) (DA SILVA 2017) (PRESENTE PESQUISA)

RAÇAS QUE
UNIDADE QUANTIDADE 2003 POSSUÍAM EM QUANTIDADE 2017 QUANTIDADE 2021 RAÇAS EM 2021
2003
CRPOC/C
COUDELARIA DA 166 100%BH
SERRA - BMRS

CAXIAS DO SUL -
BMRS 8 100% BH

40%CRIOULO,
30%HANOVERXPSI,
1 RPMON SANTA
MARIA - BMRS 147 26%PSIXCRIOULO, 10 100%BH
2%PSI,
2%HANOVERIANO

2 RPMON
LIVRAMENTO - 27 70% BH, 30%SRD
BMRS

3 RPMON PASSO
FUNDO - BMRS 13 100%BH

4 REGIMENTO
BENTO ÇONÇALVES 594 120 95% BH, 5%SRD
Porto Alegre BMRS

37%SRD,
5 RPMON 29%PSIXSRD,
SANTIAGO - BMRS 54 25%CRIOULOXSRD,
7%BHXSRD
106

25%SRD, 23%BHXSRD,
17%ANDALUZXSRD,
11%QMXSRD,
REGIMENTO DOM
PEDRO I - PMAL 91 82 11%PSIXSRD,
9%APPALOOSAXSRD,
3%BH, 1%MANGAL.
MARCH

REGIMENTO
60%BH, 22%PSL,
CORONEL BENTES - 34 67 18%SRD
PMAM

64%SRD, 15% PSL, 9%


ESQUADRÃO PMBA
BH, 9%MANGALARGA
(FEIRA DE 142 90%BH, 10%SRD 76 33 MARCHADOR,
SANTANA)
3%PIQUIRA

ESQUADRÃO PMBA 68,4%PSL, 21%SRD,


(ITABUNA) 19 5,3%BH, 5,3%PÔNEI

ESQUADRÃO PMBA
45% PSL, 16%BH,
(SALVADOR 63 39%SRD
ITAPOAN)

REGIMENTO
não especificado
MOURA BRASIL - 138 137 por raças
PMCE

47%SRDXCRIOULO,
44%BH, 5%CRIOULO,
REGIMENTO
2,5%PIQUIRA,
CORONEL RABELO 312 100%BH 260 215 0,5%SRDXQM,
- PMDF
0,5%SRDXAPPALOSA,
0,5%PÔNEI

75%SRD,
15%MANGALARGA,
REGIMENTO
2%BH,
POLÍCIA MONTADA - 181 4%APPALOOSA, 97 74 95%SRD, 5%BH
PMES
3%HANOVERIANO
1%CAMPOLINA

REGIMENTO ARY
não especificado
RIBEIRO VALADÃO 93 113 por raças
FILHO - PMGO

ESQUADRÃO
POLÍCIA MONTADA - 74 47 100% SRD
PMMA

REGIMENTO
78%SRD, 18%BH,
POLÍCIA MONTADA - 35 52 2%QM, 2%PSI
PMMT

ESQUADRÃO
POLÍCIA MONTADA - 36 57 50% BH, 50%QM
PMMS

REGIMENTO
ALFERES 50% BHXSRD, 50% BH, 50%
TIRADENTES - 370 50%BH 206 177 BHXSRD
PMMG

REGIMENTO
95%SRD,
CASSULO DE MELO 159 5%HOLSTEINER 59 54 100%SRDXCRIOULO
- PMPA

REGIMENTO CEL
CALIXTO - PMPB 68 59 100%SRDXCRIOULO

13%BH, 1,5%PSI,
REGIMENTO 91%SRD, 6%BH, 25%PSL, 55,5% SRD,
CORONEL 177 2%meioPSA, 109 162 2%PÔNEI, 2,5%QUARTO
DULCÍDIO - PMPR 1%MANGALARGA DE MILHA, 0,5% PAINT
HORSE
107

76% SRD, 19%BH,


REGIMENTO DIAS
CARDOSO - PMPE 186 111 3% CAMPOLINA ,
2%ANDALUZ

I ESQD MAJ
BERNARDO
ANTONIO SARAIVA - 55 68 80% BH, 20%SRD
PMPI

88%SRD; 5%BH,
REGIMENTO CEL 73%SRD, 12%PSI,
5%PSL, 1%Sela
ENYR CONY DOS 41 10%HAN, 157 160 Francês,
SANTOS - PMERJ 5%BRETÃO
1%AngloArgentino

11,5%BH, 26%QM,
REGIMENTO JOÃO 26%SRDXQM,
FERNANDES DE 108 81 12,5%SRDXCRIOULO
ALMEIDA - PMRN , 5%CRIOULO,
6%PSA, 13%SRDXBH

I ESQUADRÃO 44% QMXSRD,


Independente INÁCIO 14%PSLXSRD
LOPES MAGAHÃES 19 7 14% BHXSRD,
- PMRR 28%PSIXSRD

23,5%BH, 39%SRD,
18%PSL, 3%PSI,
76%SRD, 9%ANDALUZBRASILEIR
REGIMENTO PMSC 82 15%Hanoveriano, 146 149 O 2%APPALOOSA,
9%BH 2%QM, 2%CRIOULO,
0,5%HOLSTEINER,
0,5%ANGLOÁRABE

85%BH, 8,5%PSI ,
COUDELARIA PMSC 46 6,5%PSIXPSL

70%BH, 27%SRD, 52%BH, 43% SRD,


1%PSL
REGIMENTO "9 DE 0,7%ORLOFF,
JULHO" PMESP 562 0,4%PSI, 398 511 2%ANDALUZ,
2%ANDALUZBRASILEIR
0,2%PSA O

ESQUADRÃO
100% SRD (PSI QM
POLÍCIA MONTADA - 71 58 ANDALUZ)
PMSE

recém criado em em estudos para em estudos para


REGIMENTO PMTO
junho de 2021 aquisição aquisição de cavalos

TOTAL 2227 3110 2772

OUTROS PAÍSES
98%Sela Francês,
GENDARMERIE
0,5%Percheron,
NATIONALE - 480
FRANÇA 1,5%Trotteur
Français

LONDON
97% IRISH
METROPOLITAN DRAUGHT 2%
POLICE - 110
PERCHERON,
INGLATERRA
1%FRIESIAN
108

100% Tennessee
Walking Horses
Metropolitan
(but have used
Nashville Police 7
Department - EUA American Quarter
Horses in the
past)
fonte: o autor, 2021

Nesta pesquisa observa-se que a tropa de cavalos que atuam no policiamento


montado varia entre:
● 2700 a 3200 cavalos em todo o Brasil;
Quanto às raças, apesar de algumas unidades não terem especificado, pode-se
ter esta base:
● 42% SRD; 30% Brasileiro de Hipismo; 8% Quarto de Milha; 5% Crioulo; 4%
Puro Sangue Lusitano; 3% PSI; 2% Mangalarga; 2% Andaluz; 4% Outras raças e
cruzamentos.

Gráfico 19 - Principais raças de cavalos empregadas nas Polícias do Brasil

fonte: o autor, 2021

● 2º Quadro: se as unidades de polícia montada possuem criação própria, qual a


altura para aquisição, quais as restrições: quanto morfologia, andaduras, pelagens,
109

raças, etc; e em suas unidades de polícia montada, qual o entendimento pela melhor
raça de cavalos para o policiamento montado:

Quadro 20 - Quadro comparativo sobre criação, altura, restrições e melhor raça de cavalo para Polícia
TABELA ANO 2003 SITUAÇÃO EM 2021
(GOGGIA, VOLKER, CARVALHO, 2003) (PRESENTE PESQUISA)

Criaçã Restrição Restrição


UNIDADE o
Altura
Raças
Melhor Raça Criação Altura
Raças
Melhor Raça

A BMRS não
compra mais
cavalos.
QM X BH Mais
1 RPMON SANTA 1,50 a Mínimo Utiliza
MARIA
SIM
1,55m
NÃO importante que a SIM
1,55m apenas
BH
raça é o caráter cavalos BH
que
produzem

A BMRS não
compra mais
cavalos.
5 RPMON 1,52 a BH X SRD Mínimo Utiliza
SANTIAGO
NÃO
1,60m
NÃO
HANXSRD
SIM
1,55m apenas
BH
cavalos BH
que
produzem

A BMRS não BH (possuí as


compra mais
4 REGIMENTO cavalos.
caracteristicas
BENTO 1,58 a Utiliza necessarias para o
SIM NÃO BH SIM
GONÇALVES Porto 1,60m apenas cavalo de
Alegre BMRS cavalos BH
policiamento
que
produzem montado)

não adquire
por compras,
REGIMENTO DOM 1,56 a apenas
SIM BH ou BH X SRD
PEDRO I - PMAL 1,60m criação
própria e
doações

REGIMENTO marchadores
Mínimo
CORONEL BENTES NÃO e pelagens
1,55m conjugadas
BH
- PMAM

pelagens
conjugadas
ESQUADRÃO 1,50 a Cavalo 1,58 a
PMBA
NÃO BH NÃO devido BH
1,70m marchador 1,70m aspectos
doutrinários

REGIMENTO
Mínimo Pelagens
MOURA BRASIL - SIM
1,60m conjugadas
BH
PMCE

SRD (mestiços) e BH. Os


REGIMENTO
1,55 a Cavalo 1,55 a dois tipos de raças tem
CORONEL RABELO SIM BH NÃO marchadores
1,65m marchador 1,65m atendido a demanda do
- PMDF
policiamento montado

BH e QUARTO
REGIMENTO DE MILHA (antes
1,50 a 1,57 a
POLÍCIA MONTADA NÃO
1,60m
NÃO da raça o cavalo SIM
1,65m
NÃO BH
- PMES tem que ter
caráter e índole)
110

REGIMENTO ARY
Máx.
RIBEIRO VALADÃO SIM NÃO MANGALARGA
FILHO - PMGO
1,55m

ESQUADRÃO
média
POLÍCIA MONTADA NÃO
1,70cm
NÃO BH
- PMMA

REGIMENTO
Mínimo
POLÍCIA MONTADA SIM
1,55m
NÃO BH
- PMMT

ESQUADRÃO
1,58 a Priorizamos
POLÍCIA MONTADA SIM
1,65m a raça BH
BH
- PMMS

REGIMENTO Cavalo
ALFERES 1,55 a Cavalo Mínimo marchador
TIRADENTES -
SIM BH BHXSRD SIM BH e BHXSRD
1,70m marchador 1,55m (seguir
PMMG edital)

BH X CRIOULO (mestiço
crioulo mostra-se robutez
e rusticidade satisfatória
e permite montar e apear
REGIMENTO pelagens
Mínimo 1,55 a várias vezes durante o
CASSULO DE NÃO conjugadas BH NÃO NÃO
1,55m 1,65m patrulhamento. O BH
MELO - PMPA (Tobianos) especialmente para
ações de Choque
Montado e controle de
Multidões)

mangalarga
A principal característica
marchador para a atividade-fim que é
devido a o Policiamento Ostensivo
REGIMENTO CEL 1,55 a
NÃO mecânica Montado é a docilidade,
CALIXTO - PMPB 1,60m
de temperamento calmo e
andadura estatura de 1,55m a
1,60m
marchada

REGIMENTO
1,50 a 1,55 a pelagens
CORONEL NÃO
1,60m
NÃO BH SIM
1,65m conjugadas
BH e PSL
DULCÍDIO - PMPR

BH - HOLSTEINER
WESTPHALEN
REGIMENTO DIAS 1,60 a pôneis e
SIM ANDALUZ (e mais os
CARDOSO - PMPE 1,70m piquiras
cruzamento destas
raças)

I ESQD MAJ Exigimos


BERNARDO BH com no
SIM 1,65m BH X PSI
ANTONIO SARAIVA mínimo
- PMPI 1,65m

BH (entedemos que o
PSI e BH tem o
Sem marchadores.
REGIMENTO CEL temperamento mais
altura Cavalo BH X SRD 1,62 a Cavalos de
ENYR CONY DOS SIM NÃO adequado para a
determin marchador BHXPSI 1,70m sangue
SANTOS - PMERJ atividade de
ada quente em
geral. policiamento e choque
montado)

PSI e PSA
face o BH (devido ao porte,
REGIMENTO JOÃO temperamento temperamento dócil,
Mínimo
FERNANDES DE SIM agitado. imponência, coragem
ALMEIDA - PMRN
1,60m Evitamos
e boa qualidade de
pelagens cascos)
conjugadas
111

I ESQUADRÃO
Independente
Mínimo
INÁCIO LOPES NÃO NÃO BH
MAGAHÃES -
1,55m
PMRR

PSI, Quarto de
Milha, Crioulo e
Mangalarga. BH - Na realidade
1,58m Não aceitas
Mínimo Cavalo brasileira a melhor
REGIMENTO PMSC NÃO BH SIM a pelagens
1,55m marchador conjugadas raça para o emprego
1,68m
Dtz30/19 policial é o BH.
Procedimentos
Permanentes

Não
Cavalo
REGIMENTO "9 DE Mínimo Cavalo
consideramos
Mínimo marchador, ?
SIM raça, apenas SIM
JULHO" PMESP 1,52m marchador 1,52m Pelagens
morfologia e
Conjugadas (pesquisa)
índole

BH e Quarto de Milha,
ESQUADRÃO
Mínimo além do cruzamento
POLÍCIA MONTADA SIM Mangalarga
- PMSE
1,55m destas raças

a partir de pesquisa,
pela nota-se uma
pesquisa preferência pelo
optamos Brasileiro de Hipismo
Mínimo
apenas por – BH, pela morfologia
REGIMENTO PMTO NÃO 1,60m
cavalos de e conformação física
1,60m
raça, avantajada. Assim
devidamente sendo, em tese,
registrados trata-se da melhor
raça a servir ao POM

OUTROS PAÍSES
SELA FRANCÊS O
pelagens Sela Francês
conjugadas. corresponde muito
aprox. O Sela bem com as diversas
GENDARMERIE 1,70m Francês missões do
NATIONALE - NÃO quand correspond Regimento de
FRANÇA o e em todos Cavalaria (protocolos
adulto os critérios de Estado,
para Patrulhamento, anti
compra. tumulto, Instruções e
Esportes)

compra
We find
LONDON doações Mínimo
Irish
METROPOLITAN (buy 1,64m IRISH DRAUGHT
POLICE
Draught the
sometime 16.2hh
best breed
s donates)

apenas TENNESSEE WALKING


raças HORSE Obs foi utilizado
compra
Metropolitan Mínimo Quarto Milha no passado
doações registradas
Nashville Police 1,55m (porém
donation (only accept mentalidade/conformação
Department 15.2hh
purchasing registred dos cavalos são mais
breeds) importantes que a raça)

fonte: o autor, 2021


112

Esta pesquisa demonstra que das 25 Unidades de Polícia Montada nas Polícias
Militares do Brasil, excetuando a PMESP norteada pela pesquisa, que atuam no
policiamento montado: 23 Unidades de Polícia Montada destacam a raça Brasileiro de
Hipismo como a melhor raça para o policiamento montado, sendo que a PMPB,
representada pelo Regimento Coronel Calixto opta não por uma raça, mas sim por um
animal enquanto indivíduo, com temperamento calmo e estatura de 1,55 à 1,60m de
altura como ideal e a PMGO, representada pelo Regimento Eng Ary Ribeiro Valadão
Filho opta pela raça Mangalarga, um padrão específico próprio de sua unidade.
Observa-se também que muitas unidades, as quais no passado pensavam nos
cruzamentos de cavalos com a raça Brasileiro de Hipismo, ou seja cavalos mestiços de
BH, atualmente entendem como os cavalos puros da raça BH como raça ideal.
Nesse sentido a PMPB representada pelo Regimento Coronel Calixto alinha-se
ao pensamento da unidade de Polícia Montada do Departamento de Nashville, e face à
doutrina americana, opta por um animal enquanto indivíduo com as características
necessárias, e não por uma raça, dessa forma colocando a questão da padronização
do cavalo de polícia num segundo plano.
Salienta-se que a preferência por cavalos que reúnam características individuais
para o policiamento nas Unidades de Polícia Montada dos Departamentos de Polícia
dos EUA é baseada no indivíduo e não uma raça específica, mesmo abrindo mão da
padronização. Uma vez que a estrutura policial é municipalizada, presencia-se muitas
unidades de polícia montada nos EUA independentes uma das outras e poucos
cavalos estabulados, o que facilita a aquisição em pequenos lotes. Há uma doutrina
municipalizada de polícia de segurança e ordem pública.
Já as 22 Polícias Militares que destacam a raça Brasileiro de Hipismo como a
melhor raça para o policiamento montado alinham-se ao pensamento da Gendarmerie
Francesa que adota a raça Sela Francesa como a raça ideal de cavalo de policiamento
e da London Metropolitan Police que especifica a raça Irish Draught como a melhor
raça para o policiamento montado. Neste sentido pode-se considerar que adotam as
mesmas características do cavalo da raça brasileiro de hipismo, pois assim como a
raça BH: as raças Sela Francês e a raça Irish Draught fazem parte da World Breeding
Federation for Sport Horses (WBFSH) e como visto no capítulo 4.19 caso um destes
cavalos fosse importados no Brasil seriam registrados na raça BH.
113

6 CENÁRIO ATUAL DOS CAVALOS DO REGIMENTO DE POLÍCIA MONTADA “9 DE


JULHO”

Realizada uma pesquisa com o oficial de Logística - P4 - do Regimento de


Polícia Montada “9 de Julho”, 1º Ten PM Márcio Edemir Sales o qual forneceu as
informações acerca das características dos solípedes pertencentes à PMESP, ou seja,
tanto os cavalos estabulados no RPMon “9 de Julho” quanto nos destacamentos
montados de todo estado de São Paulo, sendo apresentado o seguinte cenário:
● Quantidade de cavalos pertencentes à PMESP: 511
● Quantidade de cavalos nas dependências do RPMon “9 de Julho”: 237
● Quantidade de cavalos por raça na PMESP:

Tabela 21 - Quantidade de cavalos por raça na PMESP

RAÇA QUANTIDADE PORCENTAGEM

BRASILEIRO DE HIPISMO 266 52,05%

SRD 221 43,25%

QUARTO DE MILHA 5 0,98%

ANDALUZ 15 2,93%

LUSITANO 1 0,20%

FRIESIAN 1 0,20%

SRD X ÁRABE 2 0,39%


fonte: o autor, 2021

● Idade média dos cavalos na PMESP: 11 ANOS


(Média realizada com valores obtidos na idade dos cavalos em Lista de Controle de Materiais - LCM)

● “Turnover” dos cavalos na PMESP nos últimos 5 anos:

Tabela 22 - Turnover de cavalos na PMESP nos últimos 5 anos


ANO AQUISIÇÃO BAIXA

2017 110 5

2018 30 15

2019 88 16
114

2020 0 44

2021 19 18

MÉDIA 49,7 por ano 19,6 por ano


fonte: o autor, 2021
(Não houve aquisições de cavalos no RPMon “9 de Julho no ano 2020)

Todos os cavalos da PMESP, são de responsabilidade técnica centralizada no


RPMon “9 de Julho”, todas as aquisições bem como baixas, descarga da carga da
PMESP, é centralizada no RPMon “9 de Julho”. Quanto às necessidades operacionais
dos destacamentos montados em todo estado, o Regimento distribui e realoca os
cavalos no âmbito da PMESP.
O atual cenário dos cavalos na PMESP é de 511 solípedes, sendo 237 alojados
no RPMon “9 de Julho” e os demais 274 cavalos distribuídos nos destacamentos de
todo estado.
Dos 511 cavalos da PMESP, 52,05% são cavalos da raça Brasileiro de Hipismo,
ou seja mais da metade da tropa. Em sua maioria são cavalos criados pelo próprio
estado de São Paulo, pela Secretaria da Agricultura e Abastecimento, mais
precisamente na Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) estruturada,
Instituto de Zootecnia (IZ) na cidade de Colina/SP, cavalos conhecidos como IZ, face o
prefixo da nomenclatura e a marca cutânea de ferro na garupa dos cavalos, cavalos
estes que serão tratados neste Capítulo.
Quanto aos 222 cavalos SRD, ou seja, sem raça definida, boa parte possui
cruzamentos com cavalos da raça BH, advindos de processo de aquisição de compra,
boa parte do Haras Fazenda Chantebled, vendedora em algumas licitações, bem como
cavalos cruzamento da raça BH do Haras Itapuã. Outra boa parte dos cavalos SRD são
oriundos de cruzamentos da raça crioulo, que boa parte foram adquiridos em
processos de compra no sul do país. Os cavalos SRD com cruzamento com a raça
crioulo são característicos pela baixa estatura, tronco cilíndrico e lombo largo.
No tocante aos 5 cavalos quarto de milha na carga do RPMon, foram
incorporados ao Regimento face a depósito fiel, nos ditames da justiça brasileira e
encontram-se nos destacamentos montado no interior do estado. Caracterizam-se por
cavalos de baixa estatura, corpo musculoso, garupa mais alta e musculosa, além de
115

uma ganacha bem arredondada e membros finos, característicos da raça quarto de


milha.
Com relação ao “turnover”, segundo os estudos do RPMon “9 de Julho” a
aquisição de cavalos ideal, para manter um plantel de 500 a 550 cavalos é uma média
de 40 cavalos por ano, tendo em vista as baixas, derivadas de morte, incapacidades
físicas, indocilidades e senilidade. A tabela dos últimos 5 anos nos traz uma média de
20 cavalos de baixa por ano, porém devido os cavalos terem num momento sido
adquiridos em determinado momento uma grande quantidade numa certa idade, ocorre
a descarga maior destes animais em determinado ano. Sendo mais acertada a ideia de
aquisição constante de cavalos, para que os cavalos sempre alcancem a senilidade
progressivamente e que a logística de serviço de doma da Seção de Picaria seja bem
realizado e o processo de aquisição se torne constante, o que auxilia na seleção de
cavalos melhores, pois quando realizada em grandes quantidades de uma só vez há
uma maior probabilidade de adquirir solípedes de qualidade inferior.
A senilidade ideal para o cavalo de policiamento é quando o cavalo completar 20
anos de idade, podendo ter indivíduos com idade um pouco superior. Neste sentido um
cavalo adquirido aos 4 anos e aposentando com 20 anos, teria uma média de 16 a 14
anos de serviço nas fileiras da Polícia Militar em prol da sociedade paulista.
A idade média atual dos cavalos na PMESP é de 11 anos, sendo uma média
ideal de 10 a 12 anos, havendo um equilíbrio de cavalos antigos e cavalos recrutas,
que compõem uma patrulha de policiamento montado, bem como um pelotão de
choque montado
Uma média de cavalos com idade acima dos 12 anos leva a uma tropa que no
futuro terá de ser significativamente substituída, enquanto uma tropa de cavalos com a
média de idade abaixo dos 10 anos, leva a uma tropa de cavalos ainda “recrutas” o que
aliado a outros fatores, aumenta a probabilidade de acidentes.
A patrulha ideal de policiamento montado é formada por cavalos de um mesmo
padrão, de porte, tamanho e pelagem e, no tocante a idade: por um equilíbrio de
cavalos antigos: experientes com cavalos novos: recrutas. Este equilíbrio é um misto
de experiência de cada cavalo enquanto indivíduo dotado de emoções, e pela
complexidade o sargento escalante encarregado de cavalos, conhecedor das
peculiaridades técnicas do policiamento montado, supervisionado pelos oficiais do
116

esquadrão operacional irá compor uma patrulha com cavalos que sejam seguros para o
serviço, um verdadeiro quebra cabeça.
O sargento encarregado de cavalos, que auxilia no comando do esquadrão,
deve ter experiência no serviço de policiamento montado e técnico: conhecedor das
bases psicológicas do cavalo: o espírito coletivo de sociabilidade, que o cavalo é um
ser gregário, pois vivem em manadas, do instinto de sobrevivência desta espécie, que
por isso um cavalo tende a seguir o outro, e neste sentido o mais experiente que se
assusta menos não sai de forma na patrulha, e por imitação, o cavalo recruta, mesmo
com medo não sai da formação de patrulhamento. Devido ao princípio da imitação, os
cavalos tendem a imitar os demais cavalos do grupo, acaba refletindo no cavalo novo a
boa conduta do cavalo mais experiente: criando calma e harmonia no patrulhamento
montado e um reflexo condicionado positivo aos animais desta tropa.
Interessante que o mesmo vale para os integrantes policiais militares no serviço
operacional: um recruta deve trabalhar com um policial militar antigo e ainda, no
policiamento montado, tem-se a máxima: “cavalariano novo, cavalo velho, cavalariano
velho cavalo novo”, ou seja criando equilíbrio nas diversas peculiaridades da Ciência
do Policiamento Montado, um verdadeiro quebra cabeça na escala de serviço que com
o tempo e “horas de baia” se tornam parte natural da rotina.

6.1 Padrão de Pelagem

O Regimento de Polícia Montada “9 de Julho” possuí uma padronização quanto


as pelagens de cavalos que são distribuídas tradicionalmente na seguinte
conformidade:
● 1º Esquadrão: cavalos pretos e castanhos;
● 2º Esquadrão: cavalos predominantemente alazães, podendo em menor
escala, incorporar às cavalariças do 2º Esqd cavalos tordilhos e baios;
● 3º Esquadrão: na Seção de Banda de Clarins, tradicionalmente cavalos
exclusivamente tordilhos e na Seção de Volteio cavalos de pelagens
uniformizadas, sem definição específica, algumas épocas foram utilizados
117

castanhos no Volteio e em outros momentos alazães; sendo o mais importante


a padronização dos cavalos de volteio para as apresentações.

6.2 Padrão de altura

O presente Regulamento de Remonta de 2005, I-37-PM, em seu artigo 5 define


que os cavalos adquiridos para a PMESP devem ter altura mínima de 1,52m. E quanto
a altura, o artigo 6 das I-37-PM, classifica os cavalos em 2 tipos: cavalos especiais:
altura mínima de 1,58m, perímetro toráxico de 1,80m , peso médio de 500 quilos e em
cavalos de tropa: altura mínima de 1,52m, perímetro toráxico de 1,70 m, peso médio de
400 quilos.
Lembrando que, como visto no Capítulo 3 - ASPECTOS LEGAIS SOBRE O
USO DOS SOLÍPEDES NA PMESP, o Regulamento de Remonta de 1964, também no
artigo 5º, classificava os cavalos em 3 tipos de cavalos: especiais, montadas de oficiais
e montadas de praças:
[...] Os cavalos adquiridos para remonta deverão pertencer ao tipo sem,
obedecidas as seguintes categorias:
a) Especial;
b) Montada de Oficial;
c) Montada de praça.
Parágrafo Primeiro - São característicos de cada categoria:
I - Especial; Altura mínima - 1,60 m.; Perímetro toráxico - 1,80 m.;
Peso médio - 500 quilos.
II - Montada de oficial; Altura mínima - 1,55 m.; Perímetro toráxico - 1,80m.;
Peso médio - 500 quilos.
III - Montada de praça: Altura mínima - 1,52 m.; Perímetro toráxico - 1,70 m.;
Peso médio - 400 quilos.[...] (SÃO PAULO, 2021)

Vale ressaltar os aspectos históricos dos cavalos brasileiros no passado, pois


um cavalo com 1,58m para época era um cavalo considerado de grande porte, sendo
hoje considerado um cavalo de médio porte. Nesse sentido um cavalo de 1,52m é
considerado de pequeno porte, como visto no Capítulo 4.
Aliada a pesquisa comparada realizada no Capítulo 5, as policiais militares que
possuem cavalos, aliada às Polícias Montadas de países desenvolvidos, como a
Metropolitan Police London e Gendarmerie Francesa, observa-se que o tamanho do
cavalo é imprescindível para o policiamento montado e que a altura mínima atribuída
118

atualmente na PMESP de 1,52m está defasada e que o estudo científico do tema, nos
leva a altura ideal mínima de 1,60m.
A presente pesquisa científica mensurou a altura dos atuais dos cavalos que
atuam diretamente no policiamento montado nos Esquadrões Operacionais do RPMon
“9 de Julho” chegando o resultado que:
● a altura média dos cavalos que atuam diretamente no policiamento montado do
RPMon “9 de Julho” é de: 1,63m (16.1h).
Foram mensurados todos os cavalos que atuam diretamente no policiamento
montado estabulados no RPMon “9 de Julho”, sendo cada cavalo devidamente
especificado e mensurado contante no apêndice C. Os dados foram colhidos dos
cavalos que atuam diariamente no policiamento montado dos 1º, 2º e 3º esquadrões do
RPMon “9 de Julho”, bem como os cavalos da equoterapia que no período de
pandemia da COVID-19, como não houve a atividade de equoterapia, foram
amplamente empregados no policiamento montado e na DEJEM. Inclusive, para maior
exatidão deste resultado foram excetuados os cavalos montadas de oficiais, que em
sua maioria possuem acima de 1,65m de altura, o que prejudicaria o estudo do cavalo
de policiamento, para uma média para cima. Como dito todos os dados descritos e
mensurados no Apêndice C.
Sobre a análise desta média:
● No 1º esquadrão a média dos cavalos foi de 1,64m, e observa-se que dos 85
cavalos, apenas 6 cavalos possuem altura menor de 1,60m; e destes 6 cavalos,
4 cavalos são SRD oriundos de remontas e 2 BHs de criação do IZ.
● No caso do 2º Esqd, a média de altura dos cavalos foi menor de 1,60m, sendo
que do total de 49 cavalos, 17 cavalos possuem altura abaixo de 1,60m, sendo 4
cavalos BHs criação do IZ e 13 cavalos SRD. Esta diminuição da altura do 2º
Esqd é explicada pelo fato de haver poucos garanhões BHs na pelagem alazã,
uma pelagem recessiva (como será explanado no Capítulo 7.3). Em geral no
Brasil, temos poucos garanhões da raça BH com pelagem alazã, motivo pelo
qual a fim de suprir o número de cavalos alazães nas cavalariças do 2º
esquadrão necessita-se de comprar cavalos alazães no mercado, que em sua
maioria são mestiços de crioulos até mesmo mangalarga. Os comandantes do
3º Esquadrão, responsáveis pelo auxílio da criação de cavalos no Instituto de
119

Zootecnia, realizam um trabalho detido e com especial atenção, no sentido de


incentivo e fomento a criação de cavalos alazães, em especial o trabalho
realizado pelo Cap PMESP Rafael Silva Gouveia e atualmente à frente do 3º
Esquadrão o Cap PMESP Alisson Bordwell da Silva, ambos oficiais espora
dourada.
● No 3º esquadrão a média de altura dos cavalos foi maior 1,68m de altura.
● Foram mensurados também os cavalos da equoterapia, que também realizam
policiamento montado e que no período de pandemia, foram constantemente
utilizados. E ao contrário do que se pensa, os cavalos da Equoterapia resultaram
numa média de 1,60m. Sempre dizem que os cavalos da equoterapia são mais
baixos, e pelo contrário, em sua maioria são acima de 1,60m de altura e dos 7
cavalos, apenas 2 cavalos medem baixo de 1,60m. Segundo os profissionais
que atuam na Equoterapia, o cavalo, além de extremamente manso e calmo,
deve ter um bom porte e movimentos amplos, o que resulta no grande uso de
cavalos da raça BH.
Portanto, a altura média atual de 1,63m, dos cavalos que atuam diretamente no
policiamento montado no RPMon, aliada à pesquisa comparada realizada no Capítulo
5, com a participação das Polícias Militares que possuem cavalos, e informações
colhidas com as Polícias Montadas de países desenvolvidos, como a Metropolitan
Police London e Gendarmerie Francesa: conclui-se que o tamanho do cavalo é
imprescindível para o policiamento montado e que a altura mínima atribuída atualmente
na PMESP está defasada e que o estudo científico do tema, nos leva a altura ideal
mínima de 1,60m (15.8 hand).

6.4 Histórico de acidentes no policiamento montado

Não poderia deixar de fazer um estudo sobre os acidentes no policiamento


montado, quando se fala em um cavalo ideal de policiamento. Para tanto foram
levantados os dados de sindicâncias envolvendo acidentes de trânsito entre veículos X
solípede, além de sindicâncias que foram geradas devido a acidentes de policiais
120

militares com cavalos, no período de 2017 ao 1º semestre de 2021, que se encontram


no Apêndice D.
● Com relação a sindicâncias de acidente com cavalo no trânsito envolvendo
veículo vs cavalo foram processadas 31 sindicâncias desta natureza, sendo 8
no ano de 2017; 04 no ano de 2018, 06 no ano de 2019, 08 no ano de 2020 e 05
no ano de 2021. Destas 31 sindicâncias, 20 tiveram envolvimento de cavalos
SRD enquanto 12 tiveram envolvimento com cavalos BH, sendo uma
sindicância em 2017 o envolvimento de 1 cavalo SRD juntamente com um
cavalo BH.
● com relação às sindicâncias de acidentes com cavalos, envolvendo quedas,
lesões de coices, mordidas; foram computadas 18 sindicâncias, das quais 14
sindicâncias foram levadas em consideração. (Para esta pesquisa não foi
possível constatar o cavalo que um policial militar sofreu queda em 2018, e no
mesmo ano sobre uma sindicância de acidente oriundo de uma trombada entre
cavalos, ambas em 2018, excetuada outra sobre uma lesão descarga elétrica
sofrida devido a um fio energizado na Praça da República, em 2020 e, uma
sindicância não concluída em 2021).
Das 14 sindicâncias analisadas, foi possível observar que 09 acidentes
envolveram cavalos SRD e 05 acidentes envolveram cavalos da raça BH
● Portanto dos 45 acidentes envolvendo solípedes nos 5 últimos anos (período
computado de 2017 ao 1º semestre de 2021) 29 acidentes envolveram cavalos
SRD e 17 acidentes com cavalos raça BH, numa proporção de 65% cavalos
SRD e 35% cavalos BH.
A proporção de um acidente envolvendo um cavalo SRD cruzado com Puro
Sangue Árabe, envolvendo o cavalo nº 1401, possuidor das características de um
cavalo mestiço de Puro Sangue Árabe, no ano de 2019, poderia interferir muito no
resultado estatístico, se levada em consideração o cruzamento PSA, face às
características morfológicas do cavalo 1401. Portanto considerou-se, para os efeitos da
pesquisa, como SRD. A certeza do cruzamento árabe seria se houvesse o registro de
origem genealógico do animal, comprovando um de seus ascendentes como um PSA,
ou um exame genético desta comprovação.
121

Por isso, como diz o Major PMESP Syllas Jadach Oliveira Lima, oficial espora
dourada e grande conhecedor de cavalos, a adoção de uma raça específica implica no
padrão de comportamento do cavalo, quer seja pelo padrão normatizado pelos
studbooks, quer seja pelo estudo genealógico minucioso de cada criador.
Neste sentido a criação de cavalos é importante para o cavalo ideal de
policiamento, pois a criação alicerçada em estudos e dedicação norteiam a produção
de produtos não somente estéticamente falando, mas com foco específico de
funcionalidade.

6.5 Criação de cavalos na PMESP

Os cavalos criados especialmente para o policiamento montado na PMESP são


criados na cidade de Colina/SP, no Instituto de Zootecnia (IZ) ligado à Agência Paulista
de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) pertencente à Secretaria da Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo, tradicionalmente conhecidos como os cavalos
IZ, face sua marca de ferro na garupa, e por meio de um convênio desta secretaria com
a Secretaria da Segurança Pública, transfere esses animais ao Regimento de Polícia
Montada “9 de Juho”.
Numa retomada dos laços entre a Força Pública e o PZC - Posto Zootechnico
Central”, como visto no capítulo 2.1., o Cel PMESP Walter (MOTA, 2008), explica a
origem do convênio do IZ - Instituto de Zootecnia com a PMESP, sob o Comando do
Ten Cel Antônio Abate Filho, comandante do Regimento “9 de Julho” de 1982 a 1983:

Um convênio estabelecido em 1982, entre as Secretarias de Segurança e


Agricultura e Abastecimento, no comando do então Ten Cel Abate, o
Regimento “9 de Julho” passou a ter o fornecimento de animais resíduos de
pesquisa do Instituto de Pesquisa de Equidiocultura de Colina. O citado
convênio teve, ao longo dos anos, adaptações e alterações na sua estrutura e
forma de repasse de cavalos e de insumos. A maneira que está em vigor é a
transferência de bens, de uma maneira simplificada. (MOTA, 2008, p.126)

Nestes exatos 40 anos de convênio e por consequência, do manejo dos cavalos


IZ nas cavalariças e empregos na atividade de policiamento montado nas ruas do
estado de São Paulo, muitas pessoas e profissionais tiveram um papel importantíssimo
122

nesta obra, tanto policiais militares quanto civis de tal modo que seria injusto nomear
cada uma destas pessoas.
Somente por uma questão do contexto atual na criação dos cavalos IZ, alguns
nomes serão evidenciados como o do Dr. Flávio Dutra de Resende, Diretor Técnico do
Polo Regional da Alta Mogiana, Colina/SP, o da Zootecnista do IZ Colina, Dra Anita
Schmidek, que realiza um trabalho formidável na criação desses cavalos, como
também do Sr. Dr. Ênio Monte, proprietário do Haras Itapuã e um dos fundadores da
raça BH que em muito ajudou na formação e criação dos cavalos IZ, bem como do Sr.
Paulo Victor Zuccolotto Foroni, proprietário do Haras Método e principalmente do Dr.
José Ribeiro Mendonça, proprietário do Haras Agromen, que nobremente auxilia na
atual criação dos cavalos IZ, com a contribuição de sua alta genética de destaque a
nível mundial resultando em cavalos de policiamento de alta qualidade.
A criação dos cavalos IZ e seus benefícios na Segurança Pública do Estado de
São Paulo no que tange ao emprego destes solípedes na atividade de polícia de
segurança e ordem pública, nesses exatos 40 anos de convênio, são extrema
importância, tanto para a população paulista, quanto para o desenvolvimento do Estado
de São Paulo, sem falar nos baixos custos dos cavalos desta qualidade.
A criação de cavalos com as qualidades do cavalo IZ de Colina, nestes 40 anos,
ratificam sua eficiência no policiamento montado, tendo como um perfil de cavalo que
atende sobremaneira as demandas do Regimento de Polícia Montada “9 de Julho”,
pois é notório o baixo número de acidentes - como visto no capítulo 6.4, baixas perto
de zero destes cavalos por indocilidade, eficiente e eficaz no policiamento montado, de
fácil manejo nas cavalariças do Regimento e excelentes tanto para a instrução dos
alunos oficiais da Academia de Polícia Militar do Barro Branco, quanto para as
atividades de Equoterapia realizadas pela PMESP.
Os cavalos IZ são os únicos seres vivos que nascem para ser policial militar da
PMESP. Todos os potros IZ, desde que sadios, passarão pela Picaria e em sua
totalidade estarão aptos para o policiamento montado. Diferentemente de outro
semovente na PMESP: os cães nascidos na maternidade do Canil da PMESP, pois
nem todos os filhotes terão as condições de se tornar policial militar, na espécie canina
a capacidade de se tornar policial é inerente a alguns indivíduos da ninhada,
123

diferentemente da espécie equina, a qual pode-se criar e aproveitar os produtos dessa


criação em sua totalidade para o emprego na Polícia.
Atualmente há um projeto de parceria entre a PMESP com Universidade de São
Paulo USP, por meio do Regimento de Polícia Montada “9 de Julho” com a Medicina
Veterinária e Zootecnia do campus da USP localizado na cidade de Pirassununga,
onde estão sendo criados alguns cavalos da raça Brasileiro de Hipismo pelos alunos e
profissionais daquela Universidade e que já estão sendo empregados no policiamento
montado deste Regimento de Polícia, com excelentes resultados.
124

7 A INFLUÊNCIA DA CRIAÇÃO DE CAVALOS NO CAVALO DE POLICIAMENTO

A criação do cavalo irá influenciar diretamente no cavalo ideal de policiamento.


Serão apresentados diversos aspectos relativos à criação de cavalos e nos ater aos
pontos específicos que poderão interferir no cavalo ideal que busca-se para a atividade
de policiamento. Por vezes um cavalo morfologicamente perfeito para o serviço de
policial, com boa movimentação, bom porte, à primeira vista parece-nos perfeitamente
apto à remonta, porém há de se ter um conhecimento acerca das condições a que este
cavalo foi criado, a fim de se evitar problemas futuros no policiamento montado.
A ideia deste capítulo não é discorrer sobre a criação de cavalos, um assunto
amplo e complexo, mas sim dentro da temática do cavalo ideal de policiamento tratar
sobre alguns pontos que irão influenciar diretamente nesse cavalo policial.
Conforme a teoria darwinista, o cavalo vivendo em liberdade passou por um
processo de seleção natural em diversos momentos e em diversas regiões da terra: o
Eohippus evoluiu sua dentição e a quantidade de dedos até o cavalo modeno Equus
cavallus. Os cavalos modernos, em estado selvagem, como os cavalos árabes se
tornaram mais leve, finos e resistentes para sobreviverem nas regiões desérticas,
assim como os cavalos andaluzes e puro sangue lusitano passaram por uma seleção
natural selecionando os indivíduos com arrancadas mais rápidas e ágeis, para
sobreviverem fugindo dos perigos. No Brasil, o cavalo pantaneiro se adaptou às
regiões alagadiças, dando hereditariamente resistência aos cascos e a capacidade de
pastar com as narinas submersas em apneia tornando-se resistente às adversidades
climáticas, principalmente no que tange ao calor extremo.
Porém, mesmo o cavalo não estando em estado selvagem, Darwin ensinou que
os animais domesticados continuam em constante evolução, porém não mais uma
Seleção Natural e sim uma Seleção Artificial.

O homem, mutatis mutandis, vem exercendo uma seleção semelhante a esta,


sobre os seres vivos por ele criados: animais ou plantas. É o que se chama
seleção artificial. Há seleção, porque há escolha. É artificial, porque é praticada
pelo homem e não pela natureza.
Mas nesta outra forma de seleção, há escolha de animais, ou de seres vivos
em geral, mais adaptados? Sim. Há. Porém essa adaptação é de ordem um
tanto diferente. Pela seleção artificial há escolha dos animais doméstico
mais adaptados ao ambiente criatório - ao meio onde os animais domésticos
são criados, tendo-se em vista suas funções econômicas.
125

[...]por meio da seleção natural o progresso da espécie ou da raça só se


verifica no sentido de sua resistência ao meio, aos factores que constituem a
ambiência e nenhum melhoramento pode ser alcançado no terreno da
produtividade, que interessa ao homem. os cavalos, entregues á natureza,
tornam-se em algumas gerações, menos velozes ou menos capazes de
grandes esforços e assim por diante tudo devido á ação seletiva dos fatores
ambientes.[...]Não basta, aqui, que o animal viva, prospere e se reproduza
facilmente. É preciso ainda que ele produza, exerça alguma função
econômica.(DOMINGUES, 1933, p.181 e 182, grifo nosso)

Neste sentido, Domingues (1933) nos ensina que a seleção artificial é tida como
uma Ciência típica da Zootecnia, pois este profissional com conhecimentos na àrea irá
buscar a produtividade animal, selecionando matrizes e garanhões raçadores, para
buscar progênies superiores aos seus pais. O cruzamento sem estudos e sem critérios
seria somente um mero agente da natureza, que não precisaria de procuradores, ou
seja, seria uma mera seleção natural.
Nesta busca por produtos superiores aos pais, o homem foi aperfeiçoando os
métodos de reprodução dos cavalos, uma eguada solta a campo com um garanhão
solto para a cobrição natural, aos poucos foi confinando os garanhões, aperfeiçoando o
sistema semi-extensivo a fim de se evitar acidentes e trazendo as éguas para cobertura
artificial, como serão vistos a seguir, minimizando acidentes e tendo maior controle das
gestações, nascimentos, genealogia e consequentemente produtividade, como nos
ensinou o professor catedrático ESALQ, Octavio Domingues, idealizador dos cursos de
Zootecnia no Brasil, até as modernas técnicas de reprodução, como serão vistos nas
seções a seguir.

7.1 Formas de criação e manejo

A criação de cavalos é classificada basicamente em dois sistemas: criação


extensiva e criação semi-extensiva.
A criação extensiva é o sistema mais tradicional da criação de cavalos. Nesse
sistema os cavalos são soltos a campo, em grandes áreas de pastagem, separando os
machos das fêmeas a fim de se evitar cruzamentos não desejados. Na criação
extensiva os cavalos são criados soltos em grandes áreas e tem pouco contato com o
126

homem, recebem pouco manejo do homem durante o crescimento e desenvolvimento


do potro, compreendido no período do nascimento até a idade ideal para a doma.
Geralmente uma grande pastagem fica destinada as éguas matrizes, onde irão
gestar, parir e amamentar seus potros, onde estes permanecerão aproximadamente
dos 5 aos 8 meses de vida e posteriormente separados os machos das fêmeas. Nesse
sistema de criação os garanhões poderão ser soltos no piquete das éguas na estação
de monta, onde ocorrerá a monta natural: um garanhão no piquete da eguada, dessa
forma os produtos sabidamente serão filhos de tal garanhão. Ou num sistema de
cobrição mais controlado, trazendo e separando as éguas para cobertura, podendo ser
natural, inseminadas e ainda receptoras por meio de transferências de embrião, como
será visto no decorrer deste capítulo.
A idade ideal para doma pode variar dos 2 anos aos 3,5 anos de idade do
cavalo, pois cada raça de cavalo atinge a maturidade de sela em idades que variam,
devido ao desenvolvimento morfológico de cada raça, basicamente no que tangem ao
fechamento das epífises do animal. Esta maturidade de sela compreende não só na
formação física do animal: do desenvolvimento músculo-esquelético do potro, do
desenvolvimento do dorso do cavalo para que esteja preparado para suportar o peso
do cavaleiro, do fortalecimento dos ligamentos e tendões para os trabalhos que serão
iniciados no desbaste, mas principalmente da cabeça do cavalo, as bases psicológicas
do potro para uma rotina de trabalhos que irão submetê-lo ao aprendizado das ajudas
do cavaleiro, o que feito prematuramente poderá estressar muito o cavalo e criar
reflexos traumáticos em toda a vida adulta e neste caso, influenciar diretamente no
cavalo de policiamento durante o patrulhamento nas ruas.

​Vantagens da Criação Extensiva:


● Baixa necessidade de investimentos, por ter uma grande área para pastagem,
os animais podem retirar os insumos da própria terra;
● Os cavalos tendem a se tornar mais rústicos;
● Maior interação social entre os potros;
● Maior movimentação dos potros;
● Menor intervenção do homem no processo de desenvolvimento do potro;
● Maior produtividade em aspectos quantitativos;
127

● Maior suplementação mineral;


● Alguns terrenos que possuem rios e lagos, não é necessário oferecer água;

​Desvantagens da Criação Extensiva:


● Como as áreas são extensas, os cavalos ficam bastante espalhados o que torna
o acompanhamento e controle de cada animal mais dificultoso;
● Falta de suplementação alimentar específica para um determinado potro;
● Maiores chances de ferimentos ocasionados tanto por contato com outros
potros, ou por outros animais; por acidentes ocasionados pelo relêvo, piso,
obstáculos, vegetação ou condições meteorológicas;
● Possíveis ferimentos que passaram despercebidos pelo criador podendo resultar
num processo de cicatrização mal formado;
● Potros com instinto de dominação e afronta potencializados;
● Potros com instintos de fuga e medo potencializado;
● Períodos de seca em que a pastagem fica prejudicada;

No sistema de criação semi-extensiva os cavalos são criados em áreas


menores que a criação extensiva, num sistema de semi-confinamento. São alocados
em piquetes, separando os machos das fêmeas e em alguns casos deixando os potros
em piquetes individuais. As éguas são separadas em lotes menores e a cobertura se
dá basicamente por meio de inseminação artificial.
Diferentemente de outros animais domésticos, o cavalo na sua infância, ou seja
enquanto potro, para desenvolver seu corpo necessita de espaço. O cavalo por possuir
um sistema digestivo peculiar (um estômago pequeno, com uma cardia em seu
estômago que funciona como uma válvula aliado a um grande intestino, adaptado para
alimentar-se de volumoso), um sistema respiratório totalmente adaptado para
movimentação, assim como seus membros também adaptados para correr: possuem
apenas um dedo em cada membro (solípede) como visto no capítulo 1. Nesse sentido
não é possível criar um potro num sistema de confinamento como os demais animais
domésticos, incluindo os de grande porte como os ruminantes que possuem um
sistema digestivo que permite a pouca movimentação, o início da vida de um cavalo,
128

enquanto potro carece de espaço para seu desenvolvimento. Somente na vida adulta e
com o corpo plenamente desenvolvido é que os cavalos irão para um sistema de
confinamento, ou seja, serão estabulados. E neste complexo processo de estabulagem
que ocorre a partir dos 3 anos de idade, conforme a prematuridade peculiar de cada
raça, todo cuidado de manejo para estabulagem é progressivo, no qual será adaptada
a alimentação concentrada, água e manejo: início do cabresteamento (doma de baixo),
para ser colocado em baias ou cocherias com metodologia.

Vantagens da Criação Semi-Extensiva:


● Melhor nutrição do potro;
● Alimentação e água com maior acesso e disponibilidade;
● Menor risco de lesões e acidentes;
● Maior controle dos animais;
● Maior atenção e cuidados no surgimento de ferimentos e mal-formações;
● Maior acompanhamento do desenvolvimento do potro, possibilitando a
mensuração do tamanho, formação e cuidados dos cascos, peso e formação
músculo-esquelética;
● Potros com maior aceitabilidade do homem, que ocasionará numa doma com
maior aceitação e menos traumática;
● No caso da criação de potro garanhão, em piquetes individuais, proporciona
uma grande diminuição de acidentes;
● Não há necessidade da presença física, ou aquisição de garanhões para a
criação;
● Melhor manejo das éguas e facilidade para acompanhamento da fertilidade e
cobertura das éguas matrizes (inseminação, ICSI), bem como das éguas
receptoras (transferência de embriões).
● Um menor terreno para a criação.

Desvantagens da Criação Semi-extensiva:


● Custo elevado;
● Necessidade de mão de obra especializada;
● Possibilidade de desenvolver um potro com menor rusticidade;
129

● No caso de piquetes individuais, pouca interação social.

Portanto, deve-se dar uma atenção especial acerca das condições em que o
cavalo foi criado, para levar em consideração se os fatores a que foi submetido para
não ensejar na aquisição de um cavalo que pode não se adaptar ao serviço policial
montado no futuro ou ocasionar acidentes.

7.1.1 ESTAÇÃO DE MONTA

Falando em criação de cavalos, o policial montado, como profissional de


policiamento montado, deve ter o mínimo de conhecimentos sobre o que é uma
estação de monta, que irá resultar nos produtos de sua atividade policial, ou seja no
cavalo ideal de policiamento.
Estação de monta (EM), ou temporada de monta, é um período do ano, que
começa na primavera e termina com o verão, no qual a égua entra no cio e fica apta
para a reprodução. A égua é um animal poliéstrico estacional, ou seja, apresenta vários
cios, em ciclos, num determinado período que coincide com as estações da primavera
e verão, quando há maior incidência de luz.
O cavalo necessita de mais luminosidade para apresentar o cio já que a luz inibe
a glândula pineal a produzir a melatonina, que é o hormônio responsável pela
regulação dos ritmos do corpo, pelo relógio biológico e o sono. Nesse sentido, na
estação do inverno essa atividade hormonal se torna bastante reduzida, conhecida
como anestro sazonal. O ciclo reprodutivo das éguas se divide em, basicamente, 3
etapas.
● Proestro: o período em que ocorre a maturação de um ou mais folículos, sob a
influência do FSH (hormônio folículo estimulante).
● Estro: momento em que o trato genital da égua se prepara para receber
espermatozoides e inicia a ovulação. Esse período dura em média 7 dias,
podendo variar entre 2 e 12 dias. As ovulações ocorrem entre 24 e 48 horas
antes do final do estro.
130

● Metaestro: é um estágio considerado de transição no qual o estrógeno entra em


declínio e em seguida, com o aumento da progesterona. Então, logo depois da
ovulação ocorre formação de corpo lúteo;
● Diestro: ocorre logo após o estro e neste período a égua não aceita o garanhão.
Depois da ovulação e do desenvolvimento do folículo, o seu trato genital se
prepara para receber e gestar o embrião.

Face às variações do ciclo estral entre as éguas, é necessário um estudo prévio


do histórico reprodutivo de cada égua já que suas características tendem a se repetir
de um ciclo a outro e nas estações de monta. O profissional inseminador deve ter
amplo conhecimento na área, para realizar o exame de palpação, e utilização do
ultrassom veterinário para observar a atividade folicular, o crescimento dos folículos e o
desenvolvimento do corpo lúteo. Esses estudos são importantíssimos para otimizar a
taxa de prenhez da criação.

Somado aos exames específicos, as éguas exteriorizam sinais de que estão no


período de estro, que são mais facilmente identificados:

● Comportamento mais agitado e enérgico;


● Olhos brilhantes;
● Cauda levantada;
● Eventualmente relincha a procura de garanhões;
● Maior frequência de urina;
● Movimento do clitóris;
● Vulva inchada;
● Aceitabilidade da presença de garanhões.

Como visto acima, durante a estação de monta as éguas poderão ter


comportamentos que irão influenciar no policiamento montado, sem maiores motivos
de preocupação, mas com devida atenção a garanhões nas proximidades do policial
que estiver montado numa égua neste período a fim de se evitar constrangimentos, nos
tempos atuais viralizar memes. Este conhecimento ajuda na compreensão do porquê
os cavalos no hemisfério norte nascem no meio do ano, diferentemente dos cavalos do
131

hemisfério sul que nascem no período do final e início do próximo ano, coincidindo com
as estações da primavera e verão.

7.2 Tecnologias na reprodução de cavalos

A tecnologia na reprodução equina é um assunto amplo e complexo com


diversos trabalhos e pesquisas científicas na literatura. A reprodução equina está em
constante evolução, face às avançadas pesquisas científicas na área da genética, tais
como:
● Inseminação Artificial (IA),
● Transferência de Embriões (TE),
● ICSI - Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóide,
● WFFS negativo - Warmblood Fragile Foal Syndrome, a síndrome do potro
warmblood frágil, que leva a morte do potro após o nascimento, caracterizado
por um defeito hereditário caracterizado por articulações hipersensíveis e
frágeis, pele, mucosas e membranas anormalmente finas e frágeis. Este exame
é realizado no garanhão para que não passe a suas proles.
● Clonagem Equina: processo utilizado para criar uma réplica geneticamente
exata de uma célula, tecido ou organismo. O resultado da clonagem, que tem a
mesma composição genética do original, é chamado de clone.

Explanados acima os conhecimentos atuais sobre tecnologias na reprodução


equina, para que o leitor no futuro tenha conhecimento dos avanços de nossa época.
As principais tecnologias na reprodução equina serão abordadas para que sejam
compreendidos os benefícios que trarão no cavalo ideal de policiamento que será
explicado no capítulo 7.3. Não tem-se a pretensão de aprofundar neste complexo
assunto, porém serão expostos no presente trabalho por influenciar diretamente no
cavalo ideal de policiamento.
132

7.2.1 DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

A inseminação artificial (IA) consiste na deposição mecânica do sêmen no


aparelho reprodutivo da fêmea por meio artificial, por meio de instrumentos
desenvolvidos para esta finalidade. (BARBOSA; MACHADO, 2008; WEBB, 1992).
A primeira IA na espécie equina que se tem registro é datada no ano de 1322
a.C, na qual um comandante árabe queria acasalar sua égua com um excelente
garanhão que pertencia a um inimigo. Não conseguindo por meios amistosos, ele
excitou o garanhão fazendo com que ele ejaculasse e com o auxílio de uma varinha de
algodão limpo introduziu o semem coletado na vagina da égua, o que resultou num
potro com as características almejadas do garanhão (DE OLIVEIRA et al 2019;
CARDOSO; OLIVEIRA Fábio; OLIVEIRA Flávia 2020; BARBOSA; MACHADO, 2008;)
A IA nos nos traz uma série de vantagens em relação à monta natural:
● Redução de riscos de acidentes, não só dos animais, mas também dos
profissionais;
● Melhor aproveitamento do reprodutor, face uma ejaculação prover diversas
inseminações;
● Disponibilidade contínua de sêmem;
● Redução de custos: reduz deslocamentos desnecessários, gastos com de mão
de obra, acidentes e doenças;
● Maior cuidado higiênico, os equipamentos são limpos, esterilizados e juntamente
com o sêmen são acrescentados antibióticos para maior segurança;
● Contribuição para o melhoramento genético e uniformização da tropa;
● Possibilidade da produção de um banco genético, banco de semem;
● Capacidade de criação de potros mesmo após a morte do garanhão;
● Diversidade Genética;
● Diminuição na criação de garanhões, que facilita o manejo e cuidados face os
castrados;
● Maior controle e bem estar das matrizes, melhor acompanhamento do período
gestacional e previsão para auxílio do parto;
● Prevenção da sanidade da tropa, pois evita deslocamentos desnecessários de
animais, muito importante nos locais de criação;
133

● Prevenção de doenças venéreas;

Cabe salientar as desvantagens da Inseminação Artificial:


● Necessidade de profissionais capacitados e constante acompanhamento;
● Extrema dedicação e comprometimento dos profissionais inseminadores, face a
observação constante das éguas (ovulação);
● Cuidados com os botijões de armazenamento (semem congelado);
● Atividade mais laboriosa;
● Taxas de gestações menores em alguns garanhões (motilidade baixa do
semem) e algumas éguas que não fecundam com semem congelado;
(MARTINS et al 2009 e MOREIRA, 2010)
Em que pese as desvantagens mencionadas, a Inseminação Artificial ainda se
mostra muito mais vantajosa que a monta natural. Atualmente a criação dos cavalos na
APTA - IZ Colina são 100% realizadas por Inseminação Artificial.

7.2.2 TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÃO

A Transferência de Embrião (TE) consiste na retirada de um embrião do útero de


uma égua matriz doadora e transferi-lo para o útero de uma égua receptora que será
responsável pela gestação e amamentação do potro. (LIRA, PEIXOTO e SILVA, 2009;
TESKE, 2018) A égua receptora deve ser apta a gestar o embrião, saudável e boa
mãe, sendo chamada também de receptora ou barriga de aluguel. Este processo é
utilizado pelos criadores para que uma mesma égua matriz possa produzir diversos
potros numa determinada estação de monta. Dessa forma, não haverá necessidade de
parar por um tempo o trabalho ou da vida esportiva da égua doadora, no caso deste
tempo: a gestação de 11 meses mais a fase de amamentação. Também é um processo
altamente laborioso e que demanda de profissionais capacitados e comprometidos.
A transferência de embrião (TE) traz uma série de vantagens:
● Diversos produtos de uma mesma égua numa determinada estação de monta;
134

● Produção de potros de éguas subférteis, éguas com problema de exercer uma


gestação;
● Ampliação da capacidade de produção de potros de uma única égua;
● Continuação das atividades de trabalho da égua doadora, uma vez que não
necessitará ficar parada para a gestação e amamentação;
● Redução de custos, a égua doadora não necessitará ficar parada de suas
atividades;
● Capacidade de produção de potros de diferentes garanhões na mesma linha
materna;
● Diversidade genética;
● Prevenção da sanidade da égua matriz, pois evita deslocamentos
desnecessários da doadora,
A desvantagem que pode ocorrer é a não gestação do produto pela receptora,
que é naturalmente previsto: não efetivação da transferência na receptora, reabsorção
do embrião da receptora.

7.2.3 ICSI - INJEÇÃO INTRACITOPLASMÁTICA DE ESPERMATOZÓIDE

A ICSI - Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóide, é uma técnica de


fertilização in vitro a partir da injeção de um único espermatozóide no interior de cada
oócito. Na inseminação artificial convencional, necessita-se de um mínimo de 150
milhões de espermatozóides viáveis, enquanto na ICSI só será necessário 1 único
espermatozóide.
A ICSI na espécie equina, visa estabelecer gestações de óvulos recuperados de
éguas doadoras que não respondem mais às tradicionais técnicas de reprodução.
Desta forma a ICSI apresenta como uma solução para os problemas reprodutivos
adquiridos, ou ainda e especialmente para uso de sêmen de baixa qualidade ou de alto
valor, inclusive dos sêmens raros e escassos de garanhões já falecidos. (IN VITRO
BRASIL CLONAGEM ANIMAL, 2021)
135

No processo da ICSI, cada oócito é injetado com um único espermatozóide


oriundo de sêmen fresco ou congelado, e os embriões resultantes são desenvolvidos
em laboratório durante aproximadamente uma semana. Após cultivo in vitro esses
embriões são, então, transferidos para uma égua receptora. (IN VITRO BRASIL
CLONAGEM ANIMAL, 2021)

Esta técnica é indicada para éguas com incapacidade de produzir embriões por
problemas crônicos do útero, alterações anatômicas do trato reprodutivo
causadas no parto como lacerações do colo do útero, problemas em tuba, ou
outros danos ao aparelho reprodutor, que impossibilitem a égua de conceber
ou manter a gestação por alguns dias. É também a última opção para éguas
idosas que não produzem mais embrião por TE convencional, desde que
considerado que mesmo com a ICSI os resultados são limitados. O
procedimento também pode ser indicado no caso de baixa disponibilidade
espermática como no sêmen congelado de baixa qualidade ou sêmen de
garanhões que já morreram. Com a ICSI é possível otimizar o uso do sêmen
congelado, já que com 1/5 de uma palheta é possível fertilizar inúmeros óvulos.
(IN VITRO BRASIL CLONAGEM ANIMAL, 2021, não paginado)

O processo da ICSI ocorre em quatro etapas:

● A primeira etapa: OPU - inicialmente é realizada a aspiração folicular das éguas,


guiada por ultrassom, ocasião em que cada folículo é lavado e aspirado em
busca de oócitos;

● O segundo processo é a maturação in vitro, ou seja, o preparo do oócito até o


ponto de fertilização; em seguida, os óvulos maduros recebem uma injeção de
um único espermatozóide.

● A terceira etapa é a CIV - cultivo dos embriões in vitro, o potencial de se


transformar em embriões, o que ocorre em até 8 dias;

● O quarto processo é a TE - transferência de embrião e gestação na égua


receptora, ou ainda a criopreservação dos embriões ou vitrificação, a qual
possibilita o armazenamento congelado desses embriões para posterior
transferência de embrião e gestação. A porcentagem final de embriões
produzidos atualmente é de 20%. (IN VITRO CLONAGEM ANIMAL, 2021)
136

7.3 A importância do estudo genealógico

O registro genealógico na espécie equina é conhecido como studbook. O


studbook, como o próprio nome diz, é um livro de estudos de registros genealógicos de
uma determinada raça de cavalos, que atendem a um padrão ou um modelo racial,
baseado em critérios morfológicos e funcionais, organizada e regulamentada por uma
associação privada de criadores de uma raça de cavalos, devidamente registradas e
reconhecida pelo SRG - Serviço de Registro Genealógico do MAPA (Ministério da
Agricultura e Abastecimento), funcionando num sistema de registros dos animais dessa
raça específica de cavalos.
Num studbook, obtém-se:
● os certificados de registro da raça, conhecidos na espécie equina como “papel”
ou, o termo menos utilizado na espécie equina, mas compreensível: “pedigree”,
dos animais;
● a identificação dos animais: nomes e afixos (prefixos e sufixos dos criadores, no
caso dos cavalos do RPMon “9 de Julho” o prefixo IZ), número de registro,
resenhas, sexo, pelagem, medidas, títulos de mérito, data de nascimento, e,
além da sua filiação, importantíssimo para o studbook: o registro de sua
genealogia, ou seja, o diagrama de toda a árvore genealógica do animal;
● o criador, o proprietário do cavalo, além dos processos de cessão e
transferências dos animais;
● os métodos reprodutivos aceitos na raça, bem como o controle e verificação da
paternidade e maternidade;
● A lista dos garanhões aceitos para reprodução, bem como das matrizes
destacadas, face suas qualidades, para a valorização de seus produtos (livro
fechado);
● Os critérios de controle dos cavalos e éguas importados e que no Brasil, serão
nacionalizados e registrados no determinado studbook brasileiro.
O termo "studbook'' surgiu na criação dos cavalos PSI - Puro-Sangue Inglês ou
“thoroughbred”. O primeiro Stud Book desta raça de cavalos foi criado na Inglaterra em
1793. Cada cavalo possuía, e ainda hoje possui, além de sua identificação, a sua
genealogia, bem como a campanha nas pistas oficiais compiladas nos livros dos
137

“studbooks”, que foram copiados e introduzidos nas maioria das raças de cavalos no
mundo.
Na zootecnia, muitos autores escreveram sobre a definição do conceitos de
raças, e da análise acerca da diversidade de definições pode-se concluir que, uma
raça, deve conter vários elementos:
● semelhança dos indivíduos que a constituem, por possuírem caracteres
particulares, chamados raciais (ou caracteres étnicos), entre os quais as suas
qualidades econômicas ou zootécnicas;
● hereditariedade destes caracteres e dessas qualidades;
● meio ambiente, considerado o mesmo ou semelhante, para a expressão desses
caracteres ou qualidades;
● origem comum;
● ter algo de convencional. (BÉRTOLI, 2008)

Raça é um conjunto de animais, da mesma espécie, com origem comum,


possuindo caracteres particulares, inclusive qualidades econômicas, que os
tornam semelhantes entre si, tanto quanto diferentes de outros grupos da
mesma espécie, e que são capazes de gerar, sob as mesmas condições
ambientais ou semelhantes, uma descendência com os mesmos caracteres
morfológicos, fisiológicos e econômicos ou zootécnicos. É importante lembrar
que o conceito de raça é convencional. Para o criador ou para o Zootecnista a
raça passa a existir desde que os criadores de uma população animal,
proveniente de uma mesma origem, e com caracteres comuns, estabelecem as
bases de seu padrão e se comprometem a mantê-lo, por seleção de seus
reprodutores ou por consangüinidade, instituindo para isto um assentamento
(Livro Genealógico) para aqueles, de seus animais, que correspondem a esse
padrão. (BÉRTOLI, 2008, p.41 e 42)

O padrão racial, ou modelo racial que deve nortear a seleção da raça, é


estabelecido pelos criadores por meio de minuciosos estudos e avaliados, para fins de
exposição por um colegiado de juízes que irão avaliar este animal, distinguindo-o dos
demais por suas características que levarão ao melhoramento de seus descendentes.
A escolha cuidadosa do garanhão e da égua matriz é o principal fator para se
manter o padrão racial e consequente melhoramento do modelo racial. Muitas destas
avaliações de cavalos (provas de avaliação de morfologia e/ou funcionalidade) são
realizadas por juízes especialistas das raças nas diversas feiras de exposição de raças
de cavalos.
Os studbooks são classificados em livros abertos e livros fechados.
138

Um studbook fechado, um livro de raça fechado é livro genealógico da raça que


não aceita nenhum sangue exterior, toda sua descendência será advinda dos animais
que remontam os indivíduos já registrados, ou seja apenas garanhões e matrizes
previamente registrados ou critérios rigorosos previstos em seus regulamentos. Um
livro genealógico fechado permite à raça permanecer mais pura, ao ponto que pode
limitar a capacidade de ser melhorada, limitando também o património genético,
podendo ocasionar com que certas características indesejáveis se acentuem na raça,
tais como um defeito de conformação deficiente ou uma doença.
Em muitas raças que buscam critérios funcionais, eventualmente aceitam
indivíduos de outras raças, que possuam características funcionais que irão melhorar a
funcionalidade dos descendentes, chamado como registro por mérito. Um animal que
preenche determinados critérios poderá ser registrado por mérito, independentemente
da sua ascendência, em certos casos, mesmo sendo sua ascendência desconhecida e
não documentada.
Um livro genealógico aberto possibilita o registro de animais, cujos pais ou
antepassados não são previamente registrados no livro da raça. Normalmente, um livro
genealógico aberto tem critérios rigorosos de seleção que exigem que o animal cumpra
um certo padrão de conformação, desempenho ou ambos. Isto permite aos criadores
modificar as raças, incluindo indivíduos que estejam em conformidade com o padrão da
raça, mas que sejam de origem externa. Algumas raças de cavalos permitem o registro
de cruzamentos que satisfazem critérios específicos.
Alguns livros genealógicos incluem a possibilidade do registro de animais
classificados como animais cruzados, chamados de meio-sangue, um quarto ¼ ou na
medida de sua proporção à raça. Muitas vezes essa incorporação é limitada às fêmeas,
sendo a descendência aceito apenas como animais de raça completa após várias
gerações de reprodução a machos de sangue puro. Tais mecanismos podem também
permitir a incorporação de animais de raça pura descendentes de animais não
registados ou de parentesco incerto.
Em determinados haras, notam-se em algumas raças de cavalos a endogamia
ou consanguinidade, muito conhecido no meio equestre como "inbreeding": o método
de reprodução que consiste no cruzamento entre indivíduos aparentados, que são
geneticamente semelhantes. Quando os pais de um animal possuem um ou mais
139

ancestrais comuns, isto é, são parentes. Diz-se que o animal possui consanguinidade,
“inbreeding”, resultando no aumento da homozigose de seus descendentes, ao
contrário da heterozigose. Em decorrência do aumento da homozigose, aumentam as
semelhanças entre os indivíduos, o que pode ser importante para a fixação e
refinamento de determinada característica (LOBATO et al, 2015)
Quando a homozigose ocorre para alelos dominantes, os indivíduos
resultantes, quando acasalados com outros não consanguíneos, tendem a
imprimir, com maior intensidade, suas características. A este fato se dá o nome
de prepotência. Esse é o motivo do uso da endogamia como critério para a
escolha dos cruzamentos, para manter os aspectos fenotípicos em seus
descendentes, conseguindo manter as características desejadas e mantendo a
variabilidade genética. A expressão dessas frequências também está
relacionada à existência de heterose, que é o efeito genético não-aditivo médio,
que se deve à interação no loco dos alelos oriundos das raças parentais
diferentes. (LOBATO; RODRIGUES; BONAFÉ; OLIVEIRA; DIANA;
RODRIGUEZ; FERREIRA; LITIERE, 2015, p. 279)

Muitas vezes os criadores na busca pela manutenção e refinamento do padrão


racial, ou por falta de diversidade de reprodutores, utilizam do método de inbreeding
artificial intencional, que é devidamente calculado por um zootécnico, por meio de um
cálculo denominado coeficiente de consanguinidade (F), baseado na probabilidade de
dois alelos de um mesmo loco serem iguais no mesmo indivíduo, expressando um grau
de relacionamento entre os fundadores do pedigree desse indivíduo (LOBATO et al,
2015 apud LOPES et al, 2005). O coeficiente de endogamia, ou “inbreeding
coefficient", permite a separação da população em diferentes famílias, ou seja, as
linhagens, obtidas pelas seleções, eliminando aquelas piores, contribuindo para a
formação de linhagens consanguíneas distintas, que, quando acasaladas, contribuem
para o aumento da média das características melhores. (LOBATO et al. 2015 apud
CUNHA et al. 2008)
Porém, por desconhecimento, descuido ou acidentalmente o criador poderá
contar com cruzamentos de consanguinidade artificial não intencional que influenciarão
diretamente nestes descendentes.
O famoso cientista Charles Darwin foi um dos primeiros a estudar sobre o
inbreeding, pois foi casado com sua prima de primeiro grau Emma Wedgwood com
quem teve 10 filhos. Esta endogamia na família não era apenas de Charles e Emma,
mas sim de muitas gerações pois os Darwin e os Wedgwood se uniram durante muitas
gerações, o que fez com tivessem muitos outros parentescos além de serem primos de
140

primeiro grau. Três dos dez filhos de Darwin morreram durante a infância, em dois
casos por doenças oriundas da baixa resistência em crianças fruto da endogamia, e
outros três filhos, embora tenham se casado duas vezes não tiveram herdeiros.
Charles Darwin publicou diversos trabalhos sobre consanguinidade, sendo os
resultados de suas pesquisas preocuparam tanto a época que usou de seus contatos
políticos para conseguir que o Parlamento incluísse no censo britânico uma pergunta
específica para o estudo do matrimônio consanguíneo na população inglesa. (SALAS,
2015)
O inbreeding é um método utilizado nos cruzamentos de cavalos e uma
realidade nas raças de cavalos no Brasil que podem reforçar tanto as qualidades das
linhagens quanto seus defeitos. Porém aliado aos defeitos que possam passar, está
aliada a redução geral da fertilidade, sobrevivência e vigor dos animais com altos
coeficientes de homozigose. (LOGO, 2021)
Portanto o estudo genealógico presente nas diversas raças de cavalos
devidamente normatizados pela INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 36, DE 9 DE OUTUBRO
DE 2014 do MAPA, combinado com o DECRETO FEDERAL Nº 8.236, DE 5 DE MAIO
DE 2014 irão contribuir sobremaneira com o cavalo ideal de policiamento. Neste
sentido, sem aprofundar sobre os complexos estudos genéticos, será exemplificado
uma leitura de um animal acerca de seus registros genealógicos:
Quando visualiza-se o diagrama genealógico de um cavalo temos algumas
particularidades: teremos uma disposição dos ascendentes na horizontal da esquerda
para direita e no plano vertical: disposto acima os pais (garanhões) e abaixo as éguas
(matriz), denominando linha alta para os garanhões e linha baixa para as éguas. É
muito comum referir a filiação dos cavalos nomeando os garanhões em uma linha
descendente até a terceira geração: nome do garanhão pai X nome do garanhão avô
materno X nome do garanhão bisavô materno.
Em studbooks mais tradicionais os produtos levam uma numeração fixa desde a
primeira égua matriz da criação. Nas raças de warmbloods, em muitos momentos da
criação utilizam cavalos puro sangue inglês para “refinar o sangue”, ou seja deixar os
produtos mais quentes, sendo os thoroughbreds representados pelas letras XX e
quando utilizados os Anglo-Àrabes, também destinados para este fim, são
representados pelas letras AA ao lado do nome.
141

Para a representação acima será tomado como exemplo o solípede pertencente


ao RPMon “9 de Julho” número 1358, nome Cherry GJ, fêmea, raça Brasileiro de
Hipismo, nascida no ano de 2014:

Organograma 23 - Genealogia do solípede 1358 Cherry GJ

fonte: Site da ABCCH - Associação brasileira dos criadores do cavalo de hipismo


https://www.abcch.com.br/?p=|studbook|genealogia|cherry|1|0061160|7|0

Com base nos dados genéticos acima, e não registro genealógico como a marca
d'água indica, valendo apenas para consulta, pois o registro encontra-se em papel
142

timbrado físico em poder do proprietário; pode-se dizer que a égua 1358 pode ser
representada:
● 1358 CHERRY GJ (Chester Z X For Pleasure X Carolus I)

Organograma 24 - Genealogia do solípede 1358 Cherry GJ com taxa de puro sangue inglês, linhagem
materna e coeficiente de consanguinidade

Fonte: Site Horsetelex, https://www.horsetelex.com/horses/pedigree/1995831/cherry-gj

E ainda, por se tratar de uma égua com a linha materna importada, de stud
books tradicionais ela possui uma linhagem numérica fixa, a linhagem Holst Stamm
4490, ou seja pertence à linhagem da raça Holsteiner número 4490, e ainda com
38,28% de XX - thoroughbreds: puro sangue inglês (conforme a imagem acima retirada
de um site de registros genealógicos chamado Horsetelex). A ferramenta de coeficiente
de Inbreeding não foi possível acessá-la pois é uma ferramenta paga, exclusiva de
assinantes, porém são ferramentas disponíveis no mercado. A faixa verde ao lado do
garanhão Capitol I, no canto superior direito da imagem indica que a égua 1358 possui
143

este garanhão em sua genealogia em mais de um momento (inbreeding) porém acima


de sua terceira geração.
Os resultados dos inbreedings podem não ser percebidos nas primeiras
gerações, nem mesmo nos indivíduos frutos de cruzamentos de inbreedings próximos,
exemplo logo na primeira geração: entre pais e filhos. Porém no decorrer da criação
pode-se presenciar problemas de fácil visualização como na morfologia: aprumos,
malformações ósseas e músculo-esqueléticas, comprimento de pescoço, cascos, etc,
enfim problemas físicos de fácil visualização, como problemas morfológicos que
necessitam de exames mais detidos de imagem, como os problemas nos ossos
naviculares, que necessitam de um exame de raio-x, e principalmente os problemas de
ordem psíquica que não são visíveis num primeiro momento, mas que no policiamento
montado irão se demonstrar extremamente prejudiciais.
Por este motivo este tema da pesquisa foi deixado para o final deste trabalho,
para que as futuras gerações, não só de cavalos ideais de policiamento, mas para que
os futuros policiais militares que atuam no policiamento montado, tenham a devida
atenção na continuidade de todo um trabalho realizado por todos os policiais militares
que nos antecederam e proporcionaram as condições atuais: cavalos de polícia de alta
qualidade. E por fim, para outras polícias de segurança e ordem pública, que queiram
realizar uma boa remonta e adquirir cavalos com maiores critérios para a seleção da
tropa, ou ainda nortear um possível e complexo trabalho de criação de cavalos
policiais.
144

8 CONCLUSÃO

8.1 A necessidade de um padrão de cavalo de policiamento

A hipótese sobre a existência de um padrão de cavalo ideal de policiamento se


faz necessária, e motivada pela presente pesquisa conclui-se que: existe sim um
cavalo ideal de policiamento, sendo hipótese detalhadamente motivada durante a
análise das pesquisas realizadas no presente trabalho, sob:
● os aspectos históricos do uso do cavalo no policiamento montado,
desde as primeiras formas de policiamento (capítulo 2.3), originadas da polícia
ostensiva de ordem pública: tanto no modelo policial continental pela "Maréchaussée",
origem das Gendarmeries que utilizavam cavalos no policiamento e hoje se fazem
presentes na figura da raça Sela Francês (capítulo 5.1), quanto no modelo de
policiamento anglo-saxão utilizado inicialmente pelos “constables” - senhor dos
estábulos, bem com progredindo para os “Fielding´s Bow Street Runner” na cidade de
Londres, evoluindo com a criação da famosa e respeitada: London Metropolitan Police,
por Sir Robert Peel, que hoje se faz presente por meio da raça Irish Draught (capítulo
5.1). No Brasil todo o trabalho realizado pelos policiais militares que nos antecederam,
desde o patrono Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar (capítulos 2.3.1 e 2.3.2), quando
da criação da Polícia Militar do Estado de São Paulo em 1831, das instruções da
Missão Militar Francesa na Força Pública, sob os ensinamentos da Arma de Cavalaria
do então Capitão Stattmuler (capítulo 3),
A polícia montada é um conceito de polícia que proporciona à sociedade um
serviço de alto valor agregado, face sua origem histórica enraizada no culto às
tradições e valores morais, aliado ao binômio homem animal, legitimam-na perante a
sociedade, que espera da polícia, enquanto órgão correcional social, o verdadeiro
exemplo de retidão de atitudes, portanto ressaltar os aspectos históricos na pesquisa
se faz imprescindível para o tema do cavalo ideal de policiamento que ora nesta
conclusão se faz materializada;
● os aspectos legais do uso do cavalo no policiamento, as constantes
preocupações nas especificações do cavalo de policiamento para remonta (capítulo 3)
desde a Lei n. 19, de 27 de fevereiro de 1844, que em seu artigo 14, já se preocupava
145

com a compra de cavalos para remontas; bem como o Decreto Estadual nº 1757-a, de
27 de julho de 1909 que previa a destinação dos cavalos de criação do PZC - Posto
Zootechnico Central - da Secretaria da Agricultura e Abastecimento para a remonta da
Força Pública até o complexo e sistematizado Regulamento de Remonta criado pelo
Cmt Geral à época, General Franco Pontes (capítulo 3.1) célula matter das I-37 PM:
Instruções para a Remonta de equinos para a Polícia Militar, hoje em vigor na PMESP
(Capítulo 3.2) e que apesar da denominação ser Instruções Policiais Militares, é
histórica e tradicionalmente conhecida por Regulamento de Remonta. Ainda sobre os
aspectos legais, foi traçado um estudo comparativo com outro semovente na PMESP:
os cães (capítulo 3.3) que segundo as I-19-PM: Instruções para organização e
funcionamento de canis da PMESP, em seu artigo 18 especifica que todos os cães da
PMESP devem ser de raça pura e possuírem pedigree, além de um padrão de animal:
essencialmente a raça pastor como padrão de cão policial.
● aspectos do manejo e criação do cavalo ideal de policiamento
(capítulo 7) realizada um estudo informativo sobre os diversos tipos de manejo e
criação de cavalos e como esse manejo irá influenciar no futuro desse cavalo na
atividade de policiamento, contribuindo com informações para que o policial integrante
de uma remonta possa ter conhecimentos para acerca do cavalo ideal de policiamento.
Um cavalo pode parecer ideal e sadio visto a olho nú, mas por meio de exames de
imagens, exames laboratoriais, clínicos veterinários, etc; pode-se realizar uma melhor
avaliação e seleção dessa remonta, além dos aspetos psíquicos que os cavalos
possam demonstrar no futuro, desde que o responsável pela remonta tenha
conhecimentos sobre criação de cavalos, ou seja, aquilo que o cavalo enquanto potro
possa ter adquirido de baldas, vícios e traumas.
● aspectos relativos a padronização do cavalo ideal de policiamento e
imagem da Polícia Militar do Estado de São Paulo, a padronização do cavalo na
PMESP contribui com a imagem da PMESP perante a sociedade e agrega valor a esta
Instituição. No Brasil apenas as Polícias de Segurança e Ordem Pública são detentoras
de duas modalidades de Policiamento: o Policiamento Rodoviário e o Policiamento
Montado.
● aspectos raciais (capítulo 4), realizada uma breve explanação das 19
raças de cavalos mais criadas no Brasil, enfatizando as principais características
146

morfológicas, o temperamento, rusticidade, agilidade e pontuando as vantagens e


desvantagens de cada raça para o policiamento montado;
● análise comparativa dos cavalos utilizados nas unidade de polícia
montada (horse police units) no Brasil e em outras Polícias Montada do mundo
(capítulo 5 e apêndice B) observando que dos 24 estados brasileiros que possuem
policiamento montado, 22 Polícias Militares destacam a raça Brasileiro de Hipismo
como a melhor raça para o policiamento montado.
A definição de um cavalo de policiamento norteada por uma raça de cavalos
se alinha ao pensamento da Gendarmerie Francesa que adota a raça Sela Francesa
como a raça ideal de cavalo de policiamento e com a London Metropolitan Police que
especifica a raça Irish Draught, sendo que ambas raças fazem parte da World Breeding
Federation for Sport Horses (WBFSH) e como visto no capítulo 4.19 caso um desses
cavalos fosse importados no Brasil, seriam registrados na raça BH.
● aspectos acerca da tropa de cavalos do RPMon “9 de Julho” (capítulo
6), o atual cenário dos cavalos na PMESP é de 511 solípedes, sendo 266 cavalos da
raça Brasileiro de Hipismo o que representa: 52,05% cavalos da raça Brasileiro de
Hipismo, ou seja mais da metade da tropa.
● análise dos acidentes com cavalos no RPMon “9 de Julho” (capítulo
6.4) realizada uma análise quali-quanti acerca dos acidentes envolvendo solípedes
pertencentes ao RPMon “9 de Julho” relativos aos 5 anos retroativos à pesquisa, sendo
observados dos 45 acidentes envolvendo solípedes destes 5 últimos anos que geraram
documentos no período computado de 2017 ao 1º semestre de 2021: 29 acidentes
envolveram cavalos SRD e 17 acidentes com cavalos raça BH, numa proporção de
65% cavalos SRD e 35% cavalos BH.
Assegurar uma raça de cavalos como padrão reflete na agregação de valores
de todo um processo sério de desenvolvimento do potro até o animal adulto pronto
para o policiamento dado pelo criador por meio dos cuidados especiais em sua criação
(Capítulo 7). A influência da criação no cavalo de policiamento é de extrema
importância, pois possuir conhecimentos e saber das condições em que a égua que
gerou o potro e o pariu, os estudos genealógicos sérios planejados, as condições em
que o potro foi criado, como foi tratado, o manejo dado, o forrageamento fornecido para
o desenvolvimento, o espaço necessário para o desenvolvimento do solípede, o
147

manejo de forma respeitosa ao animal - sem quaisquer tipos de violência e sofrimentos


a que possa ser submetidos - o devido acompanhamento veterinário, as devidas
vacinações e vermifugações, a devida execução dos exames periódicos de zoonoses
em toda tropa, enfim o criador sério, o haras sério: nos dá uma garantia de um animal
saudável, tanto fisicamente, quanto psicologicamente contribuindo para a garantia de
um cavalo com qualidade e valor agregado na busca de uma ideia de compliance na
aquisição desse cavalo, o que nota-se na maioria dos criadores de cavalos de raça,
devidamente credenciados nos respectivos studbooks das diversas raças.
Quando analisa-se um cavalo para aquisição é comum logo procurar a marca
de ferro do criador, assim como nos cavalos marcados IZ, a marca do criador nos dá o
devido amparo da marca que este produto representa, reforçando o lastro de qualidade
que cada criador de cavalos possui em seu mercado e, aliado ao fato de estarem
credenciados à seus respectivos studbooks, mais responsabilidades lhe são exigidas.
Portanto, a aquisição de um cavalo baseada numa raça norteia não só um padrão
morfológico, mas principalmente num padrão de comportamento, fator importante para
o cavalo de policiamento.

8.2 A necessidade de normatizar a raça Brasileiro de Hipismo como o padrão de


cavalo ideal de policiamento

Após uma vasta pesquisa sobre as principais raças de cavalos criadas no


Brasil, (capítulo 4) analisando características da raça Brasileiro de Hipismo (capítulo
4.19) acerca das características desses cavalos concluí-se que esta raça é ideal para o
policiamento montado sob:

● as pesquisas científicas produzidas sobre a raça brasileiro de


hipismo no meio acadêmico , sendo de grande relevância o trabalho científico
de mestrado em Zootecnia na USP (Universidade de São Paulo) realizado pela
Dra Vanessa Dionísio dos Reis, intitulado: o efeito da raça sobre a reatividade
de cavalos policiais, (capítulo 4.19) na qual foi realizada uma série de testes e
estudos dos cavalos pertencentes ao Regimento de Polícia Montada “9 de
148

Julho” e ao final de sua pesquisa concluiu que os cavalos da raça BH


apresentam menor reatividade e reúnem características mais favoráveis
para os desafios encontrados no patrulhamento:
A raça exerce influências sobre a reatividade e consequentemente no
temperamento do animal. Cavalos da raça Brasileiro de Hipismo
apresentam menor reatividade e reúnem características mais favoráveis
para os desafios encontrados no patrulhamento de rua quando
comprados com Cavalos Sem Raça Definida. (DOS REIS, 2019, p.47)

● aspectos históricos do emprego do cavalo BH no policiamento


desde o ano de 1982, quando foi iniciado o convênio relativo ao fornecimento
dos cavalos IZ, criados pelo Instituto de Zootecnia na cidade de Colina/SP para
o RPMon “9 de Julho”, mais precisamente celebrado entre as secretarias do
Governo do Estado de São Paulo (capítulo 6.5), Secretaria da Agricultura e
Abastecimento e a Secretaria da Segurança Pública, tendo como Cmt do
RPMon “9 de Julho” à época, o Sr. Ten Cel Antônio Abate Filho e que desde
1982 até hoje, 2022, nestes exatos 40 anos, o emprego dos cavalos IZ,
demonstram que durante todo este longo período, o cavalo Brasileiro de Hipismo
vem contribuindo imensamente com o policiamento montado no estado de São
Paulo.
● aspectos situacionais: realizada uma ampla coleta de dados
acerca dos cavalos utilizados pelo RPMon “9 de Julho” (capítulo 6) sendo que
dos 511 cavalos que compõe toda a tropa da PMESP, 266 são da raça BH, o
que representa 52,05% da tropa, ou seja, mais da metade dos cavalos utilizados
na Polícia Militar do Estado de São Paulo são da raça Brasileiro de Hipismo. Na
Brigada Militar do Rio Grande do Sul já adotaram o posicionamento de que
100% da tropa deve ser da raça Brasileiro de Hipismo. Atualmente a Coudelaria
da Serra, criatório dos cavalos para a BMRS utiliza somente garanhões e éguas
da raça Brasileiro de Hipismo, apesar do estado do Rio Grande do Sul ter forte
influência regional da raça Crioulo. Além disso, das 25 Polícias Militares do
Brasil que possuem policiamento montado em suas fileiras, excetuando a
PMESP: alvo desta pesquisa bem como a PMGO que considera o mangalarga
como a melhor raça para o policiamento e a PMPB que busca o cavalo ideal no
animal enquanto indivíduo possuidor de docilidade, temperamento calmo e
149

estatura de 1,55m a 1,60m (capítulo 5.1) que possuem entendimento diverso, 22


Polícias Militares destacam a raça Brasileiro de Hipismo como a melhor raça
para o policiamento montado.
● aspectos acerca da gestão pela qualidade: alinhar o
pensamento das principais e tradicionais polícias de ordem pública no mundo, a
exemplo da Gendarmerie Francesa e da London Metropolitan Police (capítulo
5.1) que utilizam uma raça específica para policiamento em seus países, sendo
que a Gendarmerie Francesa adota a raça Sela Francesa como a raça ideal de
cavalo de policiamento e a London Metropolitan Police adota a raça Irish
Draught como a melhor raça para o policiamento montado. Neste sentido
pode-se considerar que adotam as mesmas características do cavalo da raça
brasileiro de hipismo, pois assim como a raça BH: as raças Sela Francês e a
raça Irish Draught fazem parte da World Breeding Federation for Sport Horses
(WBFSH) e como visto no capítulo 4.19, caso um cavalo destas raças fossem
importados no Brasil, seriam registrados na raça BH, neste caso tornando-se
também um cavalo Brasileiro de Hipismo.
● aspectos morfológicos: o cavalo BH possui o porte necessário
para o policiamento montado (capítulo 4.19 e capítulo 5.1), bem como a
regularidade das andaduras necessárias para o policiamento: passo, trote e
galope, aliada a amplitude dos movimentos: o que é presenciada em especial
nas raças de cavalos warmblood com temperamento calmo e de grande
estatura. A amplitude de movimentação auxilia nos deslocamentos ao passo
durante o policiamento montado e a regularidade das andaduras proporciona o
conforto, segurança do policial militar, e principalmente o bem estar do cavalo,
uma vez que os marchadores se desgastam muito devido seu ritmo acelerado
de movimentos aliado às passadas curtas fazendo o cavalo gastar mais energia
que o necessário, isso sem falar das possíveis lesões nos membros devido a
marcha em piso asfáltico e o desgaste de ferraduras.
A Gendarmerie Francesa tem o pensamento de um cavalo ideal de
policiamento com 1,70m, já a London Metropolitan Police o mínimo de 1,64m de altura.
Excetuando a PMGO, que institui que a altura máxima deva ser de 1,55m nenhuma
outra Polícia adota o cavalo ideal de policiamento acima de 1,52m como prevê as
150

I-37-PM e neste sentido os cavalos da raça Brasileiro de Hipismo tem a altura média de
1,68m para machos e 1,65m para as fêmeas, ao encontro também do pensamento da
Gendarmerie Francesa e da Metropolitan London Police.
● aspetos acerca do temperamento da raça BH: aliada a pesquisa da
Dra Vanessa Dionísio dos Reis, intitulado: o efeito da raça sobre a reatividade de
cavalos policiais, (capítulo 4.19) dos 7 cavalos que atuam na equoterapia do RPMon
“9 de Julho” atualmente, ou seja cavalos extremamente mansos para esta finalidade
específica, 5 cavalos são da raça Brasileiro de Hipismo (Apêndice C), sem falar nos
inúmeros cavalos BH que os antecederam, demonstrando o temperamento calmo e a
docilidade desta raça.
● segurança no trabalho: dos 45 acidentes envolvendo solípedes nos 5
últimos anos (período computado de 2017 ao 1º semestre de 2021 - Capítulo 6.4) 29
acidentes envolveram cavalos SRD e 17 acidentes com cavalos raça BH, numa
proporção de 65% de acidentes com cavalos SRD e somente 35% dos acidentes com
cavalos BH, demonstrando que a raça BH é também segura para o policiamento
montado.
● padronização: a padronização é um fator importantíssimo para a Gestão
pela Qualidade, uma das grandes características do cavalo policial é o porte imponente
que por sua vez fixam a imagem da PMESP. Assim como quando tem-se em mente um
cão policial, nos vem à mente um cão da raça pastor alemão, quando pensa-se num
cavalo policial nos vem à mente um cavalo imponente, de grande porte e estatura, que
por desconhecimento das raças não nos dá-se conta de que se trata do tradicional
cavalo brasileiro de hipismo.
A padronização dos cavalos na Força Pública sempre foi tema de atenção e
destaque, como vê-se nas palavras do Cap Romeu Carvalho Pereira, num artigo sobre
o tema na Edição Nº 6 da Revista Milita de 1948:

Nos dois artigos anteriores tivemos ocasião de nos referir à padronização,


quando falavamos em motorização. Padronização é a base econômica da
moto-mecanização. Da mesma forma que se uniformiza um Pel. Inf. em
material e armamento, e ainda uma fração de Cav. até mesmo na côr dos
cavalos, nas unidades moto torna-se necessário padronizar as viaturas quanto
à marca do produto. (PEREIRA, 1948, p. 28)
151

Por uma questão de nomenclatura, o cavalo brasileiro de hipismo, sofreu no


Brasil e principalmente no meio policial uma certa repulsa simplesmente pelo termo
hipismo, dando a entender pejorativamente que a aquisição desta raça sirva apenas
para fins esportivos. Trata-se apenas de uma questão de nomenclaturas, pois o
Brasileiro de Hipismo poderia chamar-se como nos outros países: o cavalo que seria
seu equivalente em padrões raciais - na França: Sela Francês, Bélgica: Sela Belga,
Holandês: Sela Holandês, Argentina: Silla Argentino, Luxemburgo: Sela Luxemburguês,
etc. Neste sentido, o cavalo brasileiro de hipismo no Brasil poderia ter sido denominado
como Sela Brasileiro.
Porém por uma questão histórico-cultural o cavalo considerado como o cavalo
de sela brasileiro é o cavalo mangalarga, que difere dos cavalos warmbloods de sela
dos países elencados acima, sendo dada a nomenclatura Cavalo Brasileiro de Hipismo,
face suas características e aptidões natas para o esporte, assim como os cavalos de
sela de outros países.

8.2 A necessidade da atualização das I-37-PM:

Tal proposta de alteração apresentaria uma atualização das I-37-PM, desde o


proposto no primeiro regulamento de remonta de 1964 (capítulo 3.1) que classificava
os cavalos em Cavalos Especiais, com altura mínima de 1,60m, Cavalos Montada de
Oficial, com altura mínima de 1,55m e Cavalos Montada de Praça com altura mínima
de 1,52m, atualizada pela vigente I-37-PM de 2005, que em seu artigo 6º aglutinou as
classificações em Cavalos Especiais, com altura mínima de 1,58m e Cavalos de Tropa,
com altura mínima de 1,52m para simplesmente cavalo policial, com altura mínima de
1,60m.
A atualização quanto a exclusão dos termos cavalos especiais, cavalos de tropa,
cavalos de praças para cavalo policial demonstra o norteamento do emprego do cavalo
para a atividade-fim do policiamento montado e altura mínima de 1,60m demonstra
uma atualização nas normas face a uma realidade, conforme visto na pesquisa
(capítulo 6.2) a altura média dos cavalos que atuam no policiamento montado já é de
1,63m (Apêndice C). E este aumento na altura na tropa dos cavalos da PMESP em
152

nada tem afetado a operacionalidade e principalmente no emprego por parte das


policiais militares femininas (capítulo 4.19 e Apêndice A).
E ainda, assim como as I-19-PM, especificar a raça Brasilerio de Hipismo e o
devido registro genealógico: os equinos a serem adquiridos devem ser da raça
Brasileiro de Hipismo e portador do Registro Genealógico no respectivo studbook.
Um grupo de estudos deve ser formado, inclusive por médicos veterinários, para
inclusão dos respectivos exames laboratoriais exigidos pela Secretaria da Agricultura e
Abastecimento, bem como as lesões específicas, a fim de se completar e especificar as
taras moles e taras duras constantes no Anexo I das I-37-PM no que se refere às
Anomalias.
153

REFERÊNCIAS

ABCCH. Regulamento S.B.B.C.H. da Associação Brasileira dos Criadores do


Cavalo de Hipismo. São Paulo, 2020

ABCPAMPA, 2018c. Origem da raça Pampa. Disponível em:


https://www.abcpampa.org.br/app/associacao/raca_pampa/ Acesso em: 20 out. 2021.

ABPSL, Artigo O Cavalo Puro Sangue Lusitano no Brasil. Disponível em:


http://www.associacaolusitano.com.br/site/n/nlus_conteudo.asp?op=1 Acesso em: 3
set. 2021.

AGGARWAL, Chandni. site: times travel - A history buff’s comprehensive guide to


Kurukshetra. 2016. Disponível em:
https://timesofindia.indiatimes.com/travel/destinations/a-history-buffs-comprehensive-gu
ide-to-kurukshetra/gs50366039.cms Acesso em: 03 out. 2021.

ANAIS COLÓQUIO ESTADUAL DE PESQUISA MULTIDISCIPLINAR E CONGRESSO


NACIONAL DE PESQUISA MULTIDISCIPLINAR. 2019. [...]. DE OLIVEIRA, Raiane
Lima et al. INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM EQUINOS. Congresso Nacional de
Pesquisa Multidisciplinar. (ISSN-2527-2500) 2019.

ANDRIOLLI, Ricardo. Regimento de Cavalaria "9 de Julho". São Paulo: Imprensa


Oficial, 2009.

ANTHONY, David W., BROWN, Dorcas R. "The origins of horseback


riding." Antiquity 65, no. 246: 22-38, 1991. Disponível em:
https://www.cambridge.org/core/journals/antiquity/article/abs/origins-of-horseback-riding/0E114
D9C3322618311F2E4C9A228CCA1 Acesso em: 20 jul. 2021.

ARRIENS, Henriette. Farben und Farbvererbung beim Pferd. Alemanha,


Tierbuchverlag Irene Hohe, p.218, 2016.

BARBOSA, Rogério Taveira; MACHADO, Rui. Panorama da inseminação artificial


em bovinos. Embrapa Pecuária Sudeste-Documentos (INFOTECA-E), 2008.

BARRERA, Richard A. Mounted Units: Effective Tools in the Public Safety, Community
Relations, and Community Oriented Policing. 2001.

BBC. Enforcing law and order. BBC, 2021. Disponível em:


https://www.bbc.co.uk/bitesize/guides/z9f4srd/revision/1 Acesso em: 20 out. 2021.

BÉRTOLI, Cláudia Damo. Introdução à Zootecnia. Instituto Federal Catarinense.


Florianópolis, 2008

BRANDIMARTE, Ana Lúcia; SANTOS, Déborah Yara Alves Cursino dos. O ser
humano e o ambiente. [S.l: s.n.], 2019.
154

BRASIL. Uma Fortaleza no pantanal, 2015. Disponível em:


http://www.eb.mil.br/web/imprensa/resenha/-/journal_content/56/18107/6140171?referer
Plid=18115#.YVyVXelKi34 Acesso em: 05 out. 2021.

BUENO, Eduardo. Canal Buenas Ideias, Índios do Sul. 2019


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3eRYXtiXOR0 Acesso em: 23 nov.
2021.

CAMPBELL, J. B.; SMITH, Andrew. Greek and Roman Military Writers: Selected
Readings. Reino Unido, Routledge, 2004. p.154

CANTARELLI, Camila et al. Relação entre obesidade e ocorrência de síndrome


metabólica equina em cavalos crioulos. 2017.

CARVALHO, Elizabeth; RITO, Lucia. O cavalo no Brasil: as principais raças criadas


no país. São Paulo, Editora Nova Fronteira, 1987.

CBH - Site Oficial da Confederação Brasileira de Hipismo. Histórico - Atrelagem.


Rio de Janeiro, 26 jan. 2012. Disponível em:
http://www.cbh.org.br/index.php/historico-atrelagem Acesso em: 03 ago. 2021.

CHAMORRO, Isabelle; COMBÉS, Isabelle. Povos indígenas em Mato Grosso do


Sul: história, cultura e transformações sociais. Dourados, MS: Ed. UFGD, 2015.
934p. ISBN: 978-85-8147-132-7

CNEWS. Pourquoi la Gendarmerie est-elle appelée la "Maréchaussée'" ?. Cnews,


2015. Disponível em:
https://www.cnews.fr/racines/2015-03-04/pourquoi-la-gendarmerie-est-elle-appelee-la-m
arechaussee-700583 Acesso em: 3 set. 2021.

COSTA, Frederico Arruda. O Emprego do cavalo da raça Brasileiro de Hipismo no


Policiamento Montado. Tese do Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar de
Belo Horizonte. Belo Horizonte, 2009

COTTA, Francis Albert. No rastro dos Dragões: políticas da ordem e o universo


militar nas Minas setecentista. Tese de Doutorado UFMG. Belo Horizonte, 2004.

COUTINHO, José Luis Soares. SOLDADO DE CAVALARIA: PERFIL. Dissertação


(Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais) - Centro de Aperfeiçoamento e Estudos
Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo, São Paulo, 1989.

CUNHA, Everton Rubens Rodrigues. PROPOSTA DE MANUAL DE GESTÃO


OPERACIONAL DO POLICIAMENTO OSTENSIVO MONTADO. Tese (Mestrado em
Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública) - Centro de Altos Estudos de
Segurança, Polícia Militar do Estado de São Paulo. São Paulo, 2009.

DA NOVA, João Paulo Sanches; KOCH Fernando Teixeira. 10 de maio dia da


Cavalaria. Noticiário do Exército Brasileiro. Brasília, 2015.
155

DA SILVA, Alisson Bordwell. Contribuição da escola de equitação do Exército


Brasileiro para as polícias militares. Escola de Equitação do Exército Brasileiro, Rio
de Janeiro, 2017.

DE CARVALHO, Francismar Alex Lopes. ETNOGÊNESE MBAYÁ-GUAYKURU,


Fênix-Revista De História e Estudos Culturais, v. 3, n. 4, p. 1-20, 2006.

DE OLIVEIRA, José Félix. GESTÃO E EMPREGO DE TROPA MONTADA:


SUBSÍDIOS PARA OS COMANDANTES DE OPM DO INTERIOR. Tese (Doutorado
em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública) - Centro de Altos Estudos de
Segurança, Polícia Militar do Estado de São Paulo.. São Paulo, 2005

DE SÁ RODRIGUES, Renan Paraguassu et al. Análise epidemiológica, clínica e


patológica da tripanossomíase “Mal das Cadeiras”. Pubvet, v. 10, p. 111-189, 2015.
Disponível em:
http://www.pubvet.com.br/uploads/7d708b7e41fa08b4a22672286dd1112c.pdf Acesso
em: 02 set. 2021.

DIEGUEZ, Flávio; AFFINI, Marcelo. Quando o homem aprendeu a montar. Revista


Super Interessante, 2016. Disponível em:
https://super.abril.com.br/historia/quando-o-homem-aprendeu-a-montar/ Acesso em: 15
set. 2021.

DITTRICH, João Ricardo. Equinos - livro multimídia, versão online. 2001. Disponível
em http://www.gege.agrarias.ufpr.br/livro/index.html Acesso em: 19 ago. 2021

DOMINGUES, Octavio. Seleção Natural e Seleção Artificial. BRAZILIAN JOURNAL


OF AGRICULTURE-Revista de Agricultura, ESALQ, v. 5, n. 5-6, p. 180-182, 1933.

DOS REIS, Vanessa Dionisio. Efeito da raça sobre a reatividade de cavalos


policiais. Tese (Mestrado em Zootecnia na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de
Alimentos da Universidade de São Paulo - USP) Pirassununga, 2019.

EBEL, Édouard; HABERBUSCH, Benoît. Le cheval dans la gendarmerie de XVIIIe au


XXIe siècle. Revue historique des armées, n. 249, p. 28-37, 2007.

EMBRAPA, organização SILVA, R.A.M.S.; ABREU, U.G.P. de; BARROS, A.T.M. de.
Anemia Infecciosa Eqüina: Epizootiologia, Prevenção e Controle no Pantanal.
Corumbá: Embrapa Pantanal, 2001. Disponível em:
https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/807376/1/CT29.pdf Acesso em:
02 set. 2021.

EMSLEY, Clive. Peel’s principles, police principles. The future of policing, p. 11-22,
2014.

ESPAÇO GOVINDA, site. 5 lições do Bhagavad Gita para vencer seu pior inimigo:
você. 2017. Disponível em:
156

https://espacogovinda.com.br/2017/10/16/5-licoes-do-bhagavad-gita-para-vencer-seu-pi
or-inimigo-voce/ Acesso em: 23 ago. 2021.

ESTEPHAN, Manu Andrade. Bairro Imperatriz Leopoldina. São Paulo, Clube de


Autores, 2020.

ESTUDA.COM. Questão 141255 do Enem de 2017 sobre o estandarte de Ur.


Disponível em: https://enem.estuda.com/questoes/?id=141255 Acesso em: 02 set.
2021.

FARRATH JUNIOR, Alexandre. O Papel do Canil Central na atividade


administrativa dos canis setoriais e cães da Polícia Militar do Estado de São
Paulo. Dissertação (Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais) - Centro de
Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo. São
Paulo, 2016.

FERRARI, Sandro; OLIVEIRA, Carlos Eduardo. Cavalos, História e Raças. São


Paulo, Appears Books, 2012

FERREIRA, Eduardo Filipe Rodrigues Miguel. Carros de guerra da Antiguidade


Pré-Clássica: tipologias comparadas (c. 2500-c. 608 aC). Tese (​​Doutorado em
História, na especialidade de História Antiga na Universidade de Lisboa). Lisboa, 2019.

FERREIRA, Roberto Cesar Medeiros; REIS, Thiago de Souza dos. O Sistema Francês
de Polícia e a sua relação com a Segurança Pública no Brasil. 2012.
Disponível em:
http://www.encontro2012.rj.anpuh.org/resources/anais/15/1338408842_ARQUIVO_OSi
stemaFrancesdePoliciaeasuarelacaocomaSegurancaPublicanoBrasil.pdf Acesso em:
02 set. 2021.

GOMES, Aristides de Moraes. Fundação e Evolução das Estâncias Serranas. Ed.


Liderança. Ano: 1966

GONZAGA, Paulo Gavião. The Lusitano Horse, O Cavalo Lusitano - 25 anos da


ABPSL. São Paulo, 2008.

GOGGIA, Cláudio de Azevedo; VOLKER, Hermes; CARVALHO, Vanderlan Frank. A


melhor raça para o policiamento montado. Trabalho realizado no Curso de
Aperfeiçoamento de Oficiais da Brigada Militar do Rio Grande do Sul. Porto Alegre,
2003.

GUTMANIS, Daina; GUTMANIS, Gunta; ALCÂNTARA, Paulo Bardauil; PAULINO,


Valdinei Tadeu. DETALHE ESQUECIDO DA HISTÓRIA DA MOOCA: O BERÇO DO
INSTITUTO DE ZOOTECNIA. USP, São Carlos. 2010 Disponível em:
https://www.iau.usp.br/sspa/arquivos/pdfs/papers/03503.pdf Acesso em: 12 set. 2021.
157

HERBERTS, Ana Lucia. História dos Mbayá-Guaicurú: panorama geral. Fronteiras, v.


2, n. 4, p. 39-76, 1998.

INSTRUÇÕES deixadas pelo Vice-rei Marquês do Lavradio ao seu sucessor Luiz de


Vasconcelos e Souza. Rio de Janeiro, 19/06/1779. BNRJ. Cód. 71, p. 32-33.

IN VITRO BRASIL CLONAGEM ANIMAL. ICSI - Produção In Vitro de Embriões.


Mogi-Mirim, 2021. Disponível em: https://invitroclonagem.com.br/icsi/ Acesso em: 09
set. 2021.

LIMA, Syllas Jadach Oliveira. O cavalo na Equoterapia e na interface equitação e


reabilitação. Paco Editorial. São Paulo, 2019

LINHARES, Sandra Helena. A Missão Militar Francesa na Força Pública de São


Paulo. Revista do Exército Brasileiro, v. 155, n. 2, 2019.

LIRA, Rodrigo Araújo; PEIXOTO, Gislayne Christianne Xavier; SILVA, Alexandre


Rodrigues. Transferência de embrião em equinos: revisão. Acta Veterinaria
Brasilica, v. 3, n. 4, p. 132-140, 2009.

LOBATO, Stella Indira Rocha et al. A endogamia na produção animal. III Simpósio
Mineiro de Produção Animal e X Semana de Zootecnia, 2015.

LOGO, Raimundo Nonato Braga. Endogamia. AGEITEC - Agência Embrapa de


Informação Tecnológica. Brasília, 2021.

LUNA, Joel Marcos. Estudo sobre aquisição e alienação de cães na PMESP.


Dissertação (Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais) - Centro de Aperfeiçoamento e
Estudos Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo, São Paulo, 2013.

MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Revisão do Estudo do


Complexo do Agronegócio do Cavalo. Brasília, 2016. Disponível em:
https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/camaras-setoriais-tematicas/documentos/c
amaras-setoriais/equideocultura/anos-anteriores/revisao-do-estudo-do-complexo-do-ag
ronegocio-do-cavalo Acesso em: 02 set. 2021.

MARTINS, Carlos Frederico et al. Inseminação artificial: uma tecnologia para o


grande e o pequeno produtor. Embrapa Cerrados-Documentos (INFOTECA-E),
EMBRAPA, Planaltina, 2009.

MENEZES, Moises, Blog. Blog do Cel BMRS MOISES MENEZES, Porto Alegre, 14,
outubro, 2014. Disponível em: https://moises-menezes.blogspot.com/2013/10/?m=0 ,
Acesso em : 09 jul. 2020
158

MENEZES, Roberto da Cunha. Evolução Histórica da arma de Cavalaria. A Defesa


Nacional, v. 49, n. 572-573, 1962.

MERCADANTE, Carlos Alberto. A utilização de cães nas atividades da Polícia


Militar. Dissertação (Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais) - Centro de
Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo, São
Paulo,1987

MISK, Mario Ferreira. CAVALO MANGALARGA MARCHADOR NO BRASIL:


Apreçamento, Política de Risco e Estratégias de Criação. 2015. Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/128128/Monografia%20do
%20Mario%20Misk.pdf?sequence=1&isAllowed=y Acesso em: 02 set. 2021.

MONET, Jean-Claude. Polícias e Sociedades na Europa Vol. 3. Edusp, 2001.

MONTE, Enio. Manual de Equitação da Federação Paulista de Hipismo. São Paulo:


Federação Paulista de Hipismo, 2011.

MONTE, Enio. Cavalo Brasileiro de Hipismo - Histórico. São Paulo. site ABCCH,
2019. Disponível em: http://www.brasileirodehipismo.com.br/site/Livros/BH_DrEnio.pdf
Acesso em: 02 set. 2021.

MOREIRA, Joana Cabral da Gama de Alpoim. Inseminação artificial em éguas:


estudo da utilização de uma dose reduzida de sémen congelado em diferentes
locais de deposição. 2010. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Técnica
de Lisboa, Faculdade de Medicina Veterinária. Lisboa, 2010

MOTA, Walter Gomes. PROPOSTA DE PLANO QÜINQÜENAL PARA


REVITALIZAÇÃO E SISTEMATIZAÇÃO LOGÍSTICA PARA OS SEMOVENTES DA
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. Tese de CSP. São Paulo, 2008.

MOURA, Paula. Tobias de Aguiar: o pai da ROTA. Super Interessante, São Paulo,
2016. Disponível em: https://super.abril.com.br/historia/tobias-de-aguiar-o-pai-da-rota/
Acesso em: 22 set. 2021.

NACHIF, Denise Abrão; ALVES, Gilberto Luiz. A Saga do Cavalo Pantaneiro e a


pecuária na região de Corumbá, MS, como tema da Escola de Samba Mocidade
Independente de Nova Corumbá. Campo Grande, 2016.

OLIVEIRA, Flavia Ramalho Pelissar; CARDOSO, Daniel; OLIVEIRA, Fábio Varoni.


Zootecnia, Nutrição e Produção Animal - História da inseminação artificial.
Guarujá, Científica Digital, 2020.
159

OLIVEIRA, Alexandre Xavier. Sela ideal para operações de choque e policiamento


montado. 2008. Monografia do Curso de Especialização em Segurança Pública –
Centro de Pesquisa e Pós-Graduação da Academia de Polícia Militar de Minas Gerais,
Belo Horizonte, 2008.

PEIXOTO, Antonio Carlos. Porto Belo, Santa Catarina: 1500-1600, Descobrimento.


Brasil, 2009.

PELISSARI, blog Coronel Pelissari analisa. Modelos Policiais no Mundo - O Modelo


Anglo-Saxão. São Paulo, 2015
PEREIRA, Nelson Caetano. HISTÓRIA DO POLICIAMENTO DE RADIOPATRULHA
DO ESTADO DE SÃO PAULO: DE SUA CRIAÇÃO À DÉCADA DE SETENTA.
Dissertação (Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais) - Centro de Aperfeiçoamento e
Estudos Superiores, Polícia Militar do Estado de São Paulo, São Paulo, 2009.

PEREIRA, Isabel Brasil; LIMA, Júlio César França. Dicionário da educação


profissional em saúde. 2.ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: EPSJV, 2008. Disponível em:
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/25955 Acesso em: 02 set. 2021.

PORTAL DA MÓOCA, site, 2020c. Avenida Paes de Barros. Disponível em:


http://www.portaldamooca.com.br/avenida-paes-de-barros/ Acesso em: 02 out. 2021.

PROUDRET, Alban et al. Larousse dos cavalos. Tradução de Adriana de Oliveira.


São Paulo: Larousse do Brasil, 2006. Título original: Larousse du cheval.

REBECCA BELLONE e D. PHILLIP SPONENBERG, Equine Color Genetics. 4ª


Edição, 2017

REIS DAMACENO, Filadelfo. Caxias e as operações Psicológicas. A Defesa


Nacional, n. 732, 6 jul. 2020.

REMONTA. In.: Michaelis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. São Paulo:


Melhoramentos, 2021. Disponível em:
https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/Remonta/
Acesso em 09 Jul. 2021.

REVISTA MILITIA, Revista de Assuntos Técnicos Policiais Militares e Culturais em


Geral da Força Pública. Órgão do Clube dos Oficiais da Força Pública do Estado de
São Paulo. Edição Nº 100, Março / Abril 1963.

REVISTA MILITIA, Revista de Assuntos Técnicos Policiais Militares e Culturais em


Geral da Força Pública. Órgão do Clube dos Oficiais da Força Pública do Estado de
São Paulo. Edição Nº 06, Setembro / Outubro 1948.
160

REZZUTTI, Paulo. Domitila: a verdadeira história da Marquesa de Santos. Geração


Editorial, 2013.

RODRIGUES, Talita Lemos. ANÁLISE DOS PROCEDIMENTOS TÉCNICOS


CIENTÍFICOS ENVOLVIDOS NA AQUISIÇÃO DE EQUINOS PELA POLÍCIA MILITAR
DO ESTADO DE SÃO PAULO. Tese Curso Instrutor de Equitação ESEquEx - Escola
de Equitação do Exército Brasileiro. Rio de Janeiro, 2020

RYDER, Thomas. Man and the Horse: An Illustrated History of Equestrian Apparel.
Estados Unidos, Metropolitan Museum of Art, 1984.

SILVER, Caroline. Trad. Edgar Blücher. Tudo sobre cavalos: um guia mundial de
200 raças. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

SALAS, JAVIER. Darwin tinha razão: a endogamia prejudicou sua linhagem. Jornal
El País, São Paulo, 28 jan. 2015. Disponível em:
https://brasil.elpais.com/brasil/2015/01/26/ciencia/1422302286_328586.html Acesso
em: 02 set. 2021.

SANTOS, S.A.; MAZZA, M.C.M.; SERENO, J.RB.; ABREU, U.G.P. de; SILVA, J .A.
Avaliação e conservação do cavalo pantaneiro. Corumbá-MS: EMBRAPA-CPAP,
1995. Disponível em:
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/37578/1/CT21.pdf Acesso em: 18
set. 2021.

SÃO PAULO. Lei nº 19, de 27 de fevereiro de 1844. São Paulo: Governo do Estado
de São Paulo, 2020. Disponível em:
https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/1844/lei-19-27.02.1844.html Acesso
em: 24 Set. 2021.

SÃO PAULO. DECRETO Nº 3.683, DE 31 DE JANEIRO DE 1924. DÁ


REGULAMENTO À LEI Nº 1.960, DE 29 DE DEZEMBRO DE 1923, QUE AUTORIZOU
O GOVERNO A CONCENTRAR EM NOVA ODESSA OS POSTOS ZOOTÉCNICOS
DO ESTADO. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, 2020. Disponível em:
https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1924/decreto-3683-31.01.1924.ht
ml Acesso em: 24 set. 2021.

SÃO PAULO. DECRETO N. 10.142, DE 22 DE ABRIL DE 1939. Dá Regulamento ao


Departamento de Equitação da Fôrça Pública do Estado. São Paulo: Governo do
Estado de São Paulo, 2020. Disponível em:
https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1939/decreto-10142-22.04.1939.
html Acesso em: 02 set. 2021.
161

SÃO PAULO. DECRETO Nº 43.232, DE 23 DE ABRIL DE 1964. Dispõe sôbre o


Regulamento de Remonta na Fôrça Pública do Estado de São Paulo. São Paulo:
Governo do Estado de São Paulo, 2020. Disponível em:
https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1964/decreto-43232-23.04.1964.
html Acesso em: 02 ago. 2021.

SOUZA, Marcelo Bastos de. Guerra Irregular no contexto da Estratégia da


Resistência. Dissertação ECEME, Exército Brasileiro, Rio de Janeiro. 2014.

TESKE, Juliano et al. Transferência de embriões em equinos. Universidade Federal


de Santa Catarina, Curitibanos, 2018

TORRES, A. P; JARDIM, W. R. Criação do cavalo e de outros eqüinos. 3 ed. São


Paulo: Nobel, 654 p.1992.

TSAAG Valren, Amélie e NÉPOUX, Virginie. Beauté des chevaux, le mystère de


leurs robes. França, France Agricole Editions, 2019.

SILVEIRA, Ubirajara. O Cavalo Árabe. REVISTA MILITIA -Revista de Assuntos


Técnicos Policiais Militares e Culturais em Geral da Força Pública do Estado de São
Paulo. Edição Nº 08, Janeiro / Fevereiro 1949

WEBB, Daniel Warren. Artificial insemination in dairy cattle. University of Florida


Cooperative Extension Service, Institute of Food and Agriculture Sciences, EDIS, 1992.

.
162

APÊNDICE A - Questionário nº 1 para policiais militares femininas e policiais


femininas de outras polícias que atuam ou atuaram no policiamento montado.

Objetivo: Conceituar o princípio de policiamento montado denominado “Equidade de


Gênero”, de modo que a policial feminina montada possui condições iguais de trabalho
em comparação com o policial montado masculino.

Pesquisa: A policial militar feminina no policiamento montado.


(The policewoman as a mounted officer.)

Apresentação: Sou o Cap PM José Rafael Seiço Kato, aluno de Mestrado Profissional
em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública II/2021 no Centro de Altos
Estudos de Segurança - CAES da PMESP.
A presente pesquisa, destinada às policiais militares femininas que atuam, ou atuaram,
no policiamento montado, tem como objetivo avaliar opiniões sobre as condições de
equidade das policiais militares femininas com os policiais militares masculinos na
atividade de policiamento montado, sob o enfoque do uso do cavalo como fator
primordial nesta comparação.

(I am Captain PM José Rafael Seiço Kato, student in the Masters Program of Police Science on Safety
and Public Order II/2021 in the Centro de Altos Estudos de Segurança - CAES from PMESP.
this research, destined to policewomen who work or have worked in mounted policing, aims to assess
opinions about the conditions of equity regarding women among men in the activity of mounted policing
considering the horse as main factor in this comparison.
é bem fácil e rápida!!! it´s very easy and quick!!!
não há necessidade de se identificar / there is no need to identify yourself)

1ª Pergunta: Unidade de Polícia Montada onde trabalha: Mounted Unit where you work
at:

Resposta: Esta pergunta foi respondida por policiais militares femininas que atuam ou
atuaram em 21 estados brasileiros uma policial dos EUA e uma policial do Canadá,
conforme o gráfico abaixo:
163

2ª Pergunta: Na sua opinião, qual o nível de dificuldade na execução das atividades de


policiamento montado comparado aos policiais masculinos?
In your opinion, what is the level of difficulty when executing mountedpolicing activities when compared to
policemen?

Tendo como opções:


1- nenhuma dificuldade, em exercer minhas atividades no policiamento montado
comparado aos policiais masculinos. no difficulty in executing my activities in mounted
policing when compared to policemen.
2- baixa dificuldade, às vezes sinto dificuldade em desempenhar minha missão
comparado aos policiais masculinos. low difficulty, sometimes i struggle to perform my
mission when compared to policemen.
3- média dificuldade. medium difficulty
4- tenho muita dificuldade em desempenhar a atividade de policiamento montado. i
struggle a lot to perform my activities in mounted policing.

Resposta: A maior parte das policiais femininas que atuam no policiamento montado
não sentem qualquer tipo de dificuldade no serviço de policiamento montado. A
resposta grande dificuldade representou 1,5% das respostas.

3ª Pergunta: na sua opinião, quais atividades no policiamento montado a policial


feminina poderia desempenhar: (pode assinalar mais de uma opção)
in your opinion, what activities within the mounted police could the policewoman perform? (you may
checkmore than one option)

Tendo como opções:


1- Policiamento Ostensivo. Overt Policing
2- Policiamento Anti-Tumulto. Anti-Riot Police
3- Cavalariças (Limpeza de Baias) Horse stall cleaner
4- Atividades Administrativas. Administrative activities
5- Ferradoria. Farrier
6- Outros. Others
164

Reposta: As policiais femininas que atuam no policiamento montado poderiam


desempenhar todas as atividades acima, sendo questionado ainda que poderiam
também desempenhar o serviço de doma de cavalos na Picaria.

4ª Pergunta: Caso exista alguma dificuldade na execução do policiamento montado,


comparando com os policiais masculinos, poderia especificar?
If there are any difficulties while acting in mounted policing compared to policemen, could you specify?

Respostas: No geral a grande dificuldade é o uso do banheiro, pois quando realizam


patrulhamento a cavalo em locais desconhecidos a procura por um banheiro adequado
é mais difícil

Quando em policiamento utilizar banheiro público


Ir ao banheiro para mulheres é sempre mais difícil. Pois nem sempre existe a possibilidade de
deslocamento como ocorre quando se está na vtr.
Nenhuma dificuldade.
Dificuldade em usar sanitários no serviço operacional
Altura dos animais, peso na execução da limpeza de baias e na encilhagem dos equinos.
Acredito que exista uma diferença de força entre homens e mulheres que é natural. A dificuldade é
específica em casos que é exigido uso da força: exercício de doma, ferrageamento (segurar cavalo
por muito tempo), como segurar um cavalo estirando, por exemplo. Mas, não são fatos excludentes
das mulheres na função. Apenas uma pequena diferença.
Não há
Começa com o carregamento de peso, eu levanto a sela com dificuldade, isso já causa um estresse,
fazer a calha tbm é difícil pelo peso e minha baixa altura.
Transportar o material por longas distâncias, incluindo subir escadas devido ao peso. Estatura
diferenciada para montar.
Local para o banheiro
dependendo da altura do cavalo, se houver a necessidade de subir e apiar com muita pressa.
Não tenho
165

A dificuldade encontrada é a mesma que em outras modalidades. Nas coisas praticas do dia-a-dia,
como ir ao banheiro por exemplo, o que no policiamento a cavalo é muito mais difícil, não existe
apoio adequado ao policiamento montado. Por exemplo: muitas mulheres tem infecções nas vias
urinárias, eu mesma tive diversas vezes, em razão de não poder ingerir tanta água, pois não há
banheiros adequados disponíveis e nem apoio operacional para isso, assim temos que frequentar
estabelecimentos às vezes duvidosos para necessidade tão básica. Não vejo dificuldade em limpar
baia, ferrar um cavalo ou mesmo nos demais afazeres com o trato do animal, o problema é a falta
de equipamentos adequados que facilitem o trabalho, de adequação do tempo disponível para a
tarefa a ser excutada, o que na maioria das vezes não permite um trabalho bem feito. O uniforme
policial também não é adequado ao trabalho de montaria, o que torna o trabalho desconfortável, os
destinatários nunca são ouvidos quanto ao que seria prático quando da elaboração dos
regulamentos de uniformes. Mas acredito seja mais uma questão de má administração e
gerenciamento das atividades que da própria atividade em si. Pois apesar das especificidades do
policiamento montado, uma adequada gestão de recursos com treinamento eficiente, planejamento
de atividades, gestão de tempo e aquisição de materiais adequados resolveria a questão.
A dificuldade no uso de banheiros
Desconforto no período menstrual e na questão da força física em comparação ao masculino.
Usar o banheiro é uma dificuldade maior as policiais femininas
Montar sem estribos
Nos dias da menstruação eu,particularmente,sentia dificuldade na montaria
A dificuldade maior é no período mestrual.
Desconforto nos períodos menstruais.
Só em período mestruais, que o desempenho, no meu caso, não é o mesmo devido os descorfortos
fisiológicos desse período.
A altura dos animais, em "algumas" situações, dificultam o ato de montar. Mas essa dificuldade
pode ser sanada com pequenas ajudas encontradas no meio ambiente.
Não há.
Não necessariamente no policiamento montado, mas no geral a dificuldade é mesmo pra usar
banheiro, pra mulher é mais difícil, mas isso em qualquer posicionamento.
Não há dificuldades para desempenhar o serviço comparado ao efetivo masculino.
A maior dificuldade que percebo é o receio das policiais feministas com o trato com o solípedes,
pois das treze policiais femininas existentes na Unidade apenas duas montam, sendo que uma
monta regularmente e a outra exporadicamente
Em locais ermos onde geralmente somos empenhados não existe possibilidade de utilizar
banheiros, tendo que limitar o consumo de água durante policiamento.
Em casos extremos policiais masculinos conseguem aliviar necessidades fisiológicas sem grande
exposição.
Apenas no período menstrual....pelo uso de absorventes,. Extravasamento de sangue etc
None
Atividades onde necessita colocar força
A questão do uso dos banheiros no policiamento e bem dificultoso tendo em vista alguns
equipamentos, ocorre que esses mesmos equipamentos muitas vezes são de tamanho único que
dificulta muito a mobilidade.
Equipamentos pesados, dor nas pernas devido posição montada
166

5ª Pergunta: Supondo que você esteja no policiamento a pé, atuando num tumulto
(desarmada) e frente a um manifestante homem de porte físico forte (como um lutador
de MMA) você sentiria uma certa desvantagem em agir? You are supposedly acting in a riot
on foot and unarmed when you face a male protester of strong and rough physical shape (as an MMA
fighter). Would you feel a certain disadvantage to act??

Resposta: Mais de 86,6% afirmam que há uma clara desvantagem am agir:

6ª Pergunta: supondo que você esteja na mesma situação acima: atuando num
tumulto (desarmada), frente a um manifestante homem de porte físico forte (lutador de
mma), porém agora você encontra-se montada no seu cavalo de policiamento, neste
caso você sentiria alguma desvantagem de força:
you are supposedly acting in the same situation as described above (ina riot, unarmed), and you face a
strong male protestor (as a mmafighter), but this time you find yourself mounted on yourpolice horse. in
this case, would you feel any disadvantage?

Resposta: Mais de 60% responderam que PELO CONTRÁRIO, pelo fato de estar
montada no cavalo, a policial militar feminina montada tem mais "força" devido à
transferência de força dada pelo cavalo. ON THE CONTRARY. By being mounted, the
policewoman has more “strength” due to the power transferred by the horse, e mais de 30,8%
responderam SIM, mesmo montada ainda me sentiria em desvantagem de Força
perante o manifestante homem. YES, even mounted I would still feel disadvantage regarding
strength against the male protestor
167

7ª Pergunta: Na sua opinião, qual a melhor raça de cavalo para o policiamento


montado? In your opinion, what is the best horse breed for mounted policing?
Tendo como opções as raças:
1- quarto de milha (quarter horse)
2- puro sangue inglês (thoroughbred)
3- brasileiro de hipismo bh (warmblood sport horse: kwpn, oldg, holst, bwp, trak, hann, sf, zang...)
4- puro sangue lusitano (psl) pure blood lusitano
5- mangalarga (marching horse)
6- crioulo (criollo horse)
7- puro sangue árabe (arabian horse)
8- cavalos de tração (draft horses: percheron, friesian, clydesdale, shire...)
9- campolina
10- pantaneiro
11- outros.
Resposta: 42,2% responderam que nas sua opinião o BH é a melhor raça de
policiamento, (duas policiais responderam outros e descrevendo que não tinham
conhecimento da diferenças entre as raças mas acredito que o BH é bem vindo: 0,8%
X 2 = 1,6%) seguido da raça crioulo com 14,8% e em terceiro empatados com 10,2%
as raças mangalarga e quarto de milha. Em muitas respostas dadas na opção outros
disseram desconhecer sobre as raças de cavalos.


168

APÊNDICE B - Questionário nº 2 para os Policiais e Oficiais que servem nas


Unidades de Polícia Montada, acerca dos cavalos em suas unidades.

Objetivo: Realizar uma pesquisa quali-quantitativa acerca dos cavalos que atuam no
policiamento montado nas polícias de segurança e ordem pública, tanto no Brasil
quanto em outros países, sendo traduzida nos idiomas inglês e francês a qual foi
planilhada e exposta no capítulo 5.

Pesquisa: O CAVALO IDEAL DE POLICIAMENTO The Ideal Police Horse

Apresentação: Senhor Comandante de Unidade de Polícia Montada, sou o


Capitão PM Kato, aluno do Programa de Mestrado Profissional em
Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública II/2021 da Polícia Militar
do Estado de São Paulo e visando a elaboração de pesquisa científica
para dissertação no CAOII/2021, sob o tema: O Cavalo Ideal de
Policiamento, solicito a colaboração no preenchimento do questionário
abaixo para embasamento da pesquisa, por Oficial conhecedor da área de
aquisição de cavalos de policiamento. (retornar como resposta no e-mail:
katocavalaria@gmail.com)
Sir Commander from the Mounted Police Unit, I am Captain PM Kato, student in the Masters Program of
Police Sciences and Public Order II/2021 from the Military Police of São Paulo State. Aiming the
elaboration of scientific research for thesis in CAOII/2021 under the theme: The Ideal Police Horse, I
request the collaboration by filling the questions below to support the research material, by an
experienced Officer from the area of police horse acquisition.
(return as answer by email: katocavalaria@gmail.com)

Monsieur le commandant de l'unité de police montée, je suis le Capitaine PM Kato, étudiant du programme de
Maîtrise Professionnelle en Sciences Policières de la Sécurité et de l'Ordre Public II/2021 de la Police Militaire de
l'État de São Paulo, Brésil, et visant le développement de la recherche scientifique pour la thèse au CAOII/2021,
sous le thème : Le Cheval Policier Idéal, je sollicite la collaboration en remplissant le questionnaire ci-dessous pour
soutenir la recherche, par un Officier compétent dans le domaine de l'acquisition de chevaux policiers. (à renvoyer
par e-mail : katocavalaria@gmail.com)

Respostas: Foram dadas respostas das 33 unidades de polícia montada que


responderam ao questionário. Sendo devidamente identificadas pelos responsáveis
das respostas e a sua respectiva unidade de Polícia Montada:
169

PMAL
170
171

PMMA
172

PMMS
173

PMCE
174

PMCE
175

PMPI
176

PMRR
177

PMRR
178

PMRR
179

PMPB
180

PMPB
181

PMAM
182

PMERJ
183

BMRS
1) DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Ten Cel QOEM Cláudio de Azevedo Goggia, Cmt do 4º Regimento
de Polícia Montada da Brigada Militar, RS.
1.1) Nome do responsável pelas respostas dadas:
Cláudio de Azevedo Goggia.
1.2) Posto: Ten Cel QOEM
1.3) Função na Unidade: Comandante
1.4) Unidade da Polícia Montada:
4º Regimento de Polícia Montada, da Brigada Militar.
1.5) Localidade (Cidade/ Estado/ País):
Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
2) Qual a quantidade de cavalos que possui em sua Unidade?
120 (cento e vinte) cavalos
3) Quais raças de cavalos e/ou cruzamentos de raças possuem em sua
Unidade? Especifique-as por quantidade.
95% da Raça Brasileiro de Hipismo, e 5% SRD (Sem Raça Definida).
4) Quais pelagens de cavalos possui a Unidade? Especifique-as por
quantidade.
90% Castanho escuro, 05% Alazão, e 05% Tordilho.
5) Quais as formas de aquisição de cavalos na sua Unidade?
Até o ano de 1999, a aquisição dos nossos cavalos era através de
compra no interior do estado do Rio Grande do Sul, onde se adquiria todo
tipo de cavalo (pelagem, idade, altura), desde que tivesse no mínimo a
altura exigida 1.58m e idade mínima 8 anos.
Hoje possuímos nossa própria produção de eqüinos, com as
vantagens:

✔ Produzir um eqüino com raça e características


específicas para o policiamento montado, em termos de altura,
temperamento e docilidade, com um treinamento específico para a
atividade de policiamento junto a comunidade;
✔ Produzir um eqüino mais barato, eliminando-se o elevado
percentual de “descartes” que se observava nas compras,
decorrentes da não adaptação ao policiamento montado devidos à
indocilidade no trânsito, dificuldade para ferrar, temperamento
inadequado entre outros que só podem ser verificados durante a
execução da rotina do policiamento montado;
184

BMRS

✔ Obter animais com maior tempo de vida útil, uma vez que
entram em atividade de policiamento aos 2,5 a 3 anos de idade,
diferente dos animais comprados que têm em média 5 anos;
✔ Ter o conhecimento do tipo de doma realizada nos
eqüinos, e seu comportamento frente ao desconhecido;
✔ Maior aceitação ao estábulo, com uma maior facilidade
de adaptação à vida de caserna;
✔ Reposição planejada e independente, sem ônus
administrativo e financeiro das comissões de compra que por certas
ocasiões recorre diversos municípios e não consegue encontrar
animais satisfatórios em número suficiente;
✔ Padronizar a pelagem de todos cavalos da tropa.
✔ Produzir eqüinos em um ponto geográfico central
estratégico, com o menor custo de distribuição possível para o nosso
Estado.
6) Sobre a aquisição de cavalos, existe alguma restrição de raça de
cavalos ou tipo de pelagens?
A Brigada Militar não mais adquire cavalos, nossa polícia produz seu
próprio animal, da forma que nós queremos. Estamos produzindo somente
animais da raça Brasileiro de Hipismo, e com a pelagem “escura”,
castanhos, zainos, alazões, dentre outras.

7) Sua Unidade possui um criatório de cavalos? Como é feita esta criação


de cavalos?

Possuímos o criatório próprio, na Coudelaria da Serra, na cidade de


Itaára, no interior do Rio Grande do Su.
Temos veterinários, domadores e administradores de cavalos, os quais
trabalham diariamente para a melhoria e manutenção da produção de
eqüinos. Todos cavalos produzidos, são da raça Brasileiro de Hipismo.
8) No seu entendimento, qual a melhor raça ou cruzamento de raças para
o Policiamento Ostensivo Montado?
Nós na Brigada Militar, acreditamos na raça Brasileiro de Hipismo,
pois é a raça que podemos encontrar em maior número, todas as
características que acreditamos necessário para ser um bom cavalo para o
policiamento montado.
185

BMRS
9) No seu entendimento, quais as características básicas devem
possuir um cavalo de policiamento quanto a:
(In your understanding, what are the basic characteristics that a police horse
should have regarding:)

9.1) ALTURA: Entre 1,58m e 1,60m Height

9.2) PORTE FÍSICO: Avantajado, forte, grosso. Physical shape

9.3) TEMPERAMENTO: Calmo. Temperament

9.4) RUSTICIDADE: Alta. Roughness

9.5) AGILIDADE: Dentro do controle. Que tenha andadura cadenciada, e


que quando se utilize do galope no policiamento, não perca a
tranqüilidade. Agility
186

PMPR

1) DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Identification data
1.1) Nome do responsável pelas respostas dadas:
JULIANO CACIATORI
1.2) Posto: MAJOR QOPM
1.3) Função na Unidade: SUBCOMANDANTE
1.4) Unidade da Polícia Montada: RPMON “CEL. DULCÍDIO”
1.5) Localidade (Cidade/ Estado/ País): CURITIBA/PR
2) Qual a quantidade de cavalos que possui em sua Unidade?

3) Quais raças de cavalos e/ou cruzamentos de raças possuem em sua


Unidade? Especifique-as por quantidade.

4) Quais pelagens de cavalos possui a Unidade? Especifique-as por


quantidade.
(Which horse coat colors are there in the Unit? Specify by amount.)
187

PMPR

5) Quais as formas de aquisição de cavalos na sua Unidade?


COMPRA E REPRODUÇÃO SÃO AS PREDOMINANTES, MAS PODEMOS RECEBER
TAMBÉM POR DOAÇÃO E PERMUTA.

6) Sobre a aquisição de cavalos, existe alguma restrição de raça de cavalos ou tipo de


pelagens?
BUSCAMOS EVITAR CAVALOS COM PELAGENS COMPOSTAS, COMO BAIOS,
LOBUNOS, LOBEIROS, TOBIANOS, PAMPAS, ROSILHOS, ETC.

7) Sua Unidade possui um criatório de cavalos? Como é feita esta criação de cavalos?
POSSUI, JUNTO À SEDE DO 3º EPM, LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE PINHAIS,
REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA. POSSUÍMOS NORMAS DESTINADAS À
REPRODUÇÃO DOS ANIMAIS.

AS NORMAS ABAIXO ESCLARECEM O PROCESSO

LEI ESTADUAL Nº 19.489/2018


https://www.legislacao.pr.gov.br/legislacao/pesquisarAto.do?action=exibir&codAto=197194&in
dice=1&totalRegistros=1&dt=6.9.2021.10.19.27.851

DECRETO ESTADUAL Nº 5677/2021


https://www.legislacao.pr.gov.br/legislacao/pesquisarAto.do?action=exibir&codAto=239193&in
dice=1&totalRegistros=1&dt=6.9.2021.10.20.37.964

8) No seu entendimento, qual a melhor raça ou cruzamento de raças para o


Policiamento Ostensivo Montado?

O BRASILEIROS DE HIPISMO TEM APRESENTANDO EXCELENTES


RESULTADOS, ASSIM COMO OS LUSITANOS.
188

PMPR

9) No seu entendimento, quais as características básicas devem


possuir um cavalo de policiamento quanto a:
9.1) ALTURA: ENTRE 1,55 E 1,65
9.2) PORTE FÍSICO:
COM UM PORTE ATLÉTICO, ESGUIO, QUE PERMITA AO
CAVALEIRO CUMPRIR AS MISSÕES DO POLICIAMENTO MONTADO, NOS
DIVERSOS TERRENOS E CIRCUNSTÂNCIAS QUE SE APRESENTAM
9.3) TEMPERAMENTO:
ANIMAL TRANQUILO, DE SANGUE FRIO
9.4) RUSTICIDADE:
A MÍNIMA NECESSÁRIA PARA OS COMPONENTES QUE SE
APRESENTAM, COMO CONDIÇÕES CLIMÁTICAS.
9.5) AGILIDADE:
AS ATIVIDADES NO MEIO URBANO, EM ESPECIAL, EXIGEM DO
CAVALO POLICIAL A AGILIDADE MÍNIMA PARA TRANSPOSIÇÃO DE
OBSTÁCULOS NATURAS E ARTIFICIAIS, ASSIM COMO A
DESLOCAMENTO EM LOCAIS COM AGLOMERAÇÕES DE PESSOAS E
VEÍCULOS.
10) Considerações: caso deseje deixar alguma sugestão ou crítica.
EM QUE PESE UMA PREFERÊNCIA NACIONAL PELO BH, A BUSCA DO
CAVALO IDEAL PARA O POLICIAMENTO MONTADO É UM DESAFIO
PARA TODOS QUE TRABALHAM NESSA MODALIDADE, POIS ENTRE AS
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS, BUSCAM-SE ANIMAIS COM A
PERSONALIDADE IDEAL PARA ATIVIDADES DE POLICIAMENTO
OSTENSIVO MONTADO E AÇÕES DE RESTABELECIEMNTO DA ORDEM
PUBLICA. OBVIAMENTE, SABE-SE QUE AS ATIVIDADES ADEQUADAS
DE DOMA, DESDE O NASCIMENTO DO POTRO, SÃO FUNDAMENTAIS
PARA AS PERCEPÇÕES FUTURAS DOS ANIMAIS ACERCA DAS
ATIVIDADES QUE SERÃO INSERIDOS.

Obrigado!

LOCAL: CURITIBA, PR, 7 DE OUTUBRO DE 2021


___________________________________
MAJ. QOPM JULIANO CACIATORI,
Subcomandante do RPMon.
189

PMBA

1) DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Identification data
1.1) Nome do responsável pelas respostas dadas:
- FABIANO TEIXEIRA VIANA
1.2) Posto:
- MAJOR PMBA
1.3) Função na Unidade:
- Comandante
1.4) Unidade da Polícia Montada:
- Esquadrão de Polícia Montada
1.5) Localidade (Cidade/ Estado/ País): Feira de Santana/Bahia/Brasil
2) Qual a quantidade de cavalos que possui em sua Unidade?
- 33 animais
3) Quais raças de cavalos e/ou cruzamentos de raças possuem em sua
Unidade? Especifique-as por quantidade.
- SRD: 21 - Lusitano: 05 - Brasileiro de Hipismo: 03 - Mangalarga: 03 (doados) -
Piquira: 01 (doado/Equoterapia)
4) Quais pelagens de cavalos possui a Unidade? Especifique-as por
quantidade. - Tordilho: 17 - Castanho: 07 - Alazão: 05 - Baio: 02 - Pampa: 01 -
Rosilha: 01
5) Quais as formas de aquisição de cavalos na sua Unidade?
- Doações e compras pela PMBA através de licitação
6) Sobre a aquisição de cavalos, existe alguma restrição de raça de
cavalos ou tipo de pelagens?
- A PMBA não costuma adquirir animais de marcha (mangalarga, por exemplo). A
última aquisição foi de Lusitanos em 2014. Há 20 anos atrás compras animais em
Uruguaiana (crioulos e SRD). Mais recentemente foram comprados BH, antes dos
Lusitanos.
7) Sua Unidade possui um criatório de cavalos? Como é feita esta criação
de cavalos?
- Não. Por sermos um Esquadrão com apenas 6 anos de criação e não termos uma
formação veterinária estruturada para este fim não temos remonta. Mas é um
projeto para o futuro.
8) No seu entendimento, qual a melhor raça ou cruzamento de raças para
o Policiamento Ostensivo Montado?

O Brasileiro de Hipismo foi o animal que mais se adequou às nossas necessidades


a nível de Bahia, possuindo as qualidades que precisamos para o policiamento
montado e ações de Choque Montado.
190

PMBA
191

PMBA

1) DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
1.1) Nome do responsável pelas respostas dadas:
1.2) Posto:
1.3) Função na Unidade:
1.4) Unidade da Polícia Montada:
Esquadrão de Polícia Montada - Itapoan
1.5) Localidade (Cidade/ Estado/ País):
Salvador/Bahia/Brasil
2) Qual a quantidade de cavalos que possui em sua Unidade?
Sessenta e três
3) Quais raças de cavalos e/ou cruzamentos de raças possuem em sua
Unidade? Especifique-as por quantidade.
Puro Sangue Lusitano: 28 solípedes
Brasileiro de Hipismo: 10 solípedes
Mestiços (Puro Sangue Lusitano + Brasileiro de Hipismo): 25 solípedes
4) Quais pelagens de cavalos possui a Unidade? Especifique-as por
quantidade.
Tordilho: 29 solípedes Castanho: 24 solípedes
Baio: 03 solípedes Pampa: 03 solípedes
Alazão: 02 solípedes Rosilho: 01 solípede Preto: 01 solípede
5) Quais as formas de aquisição de cavalos na sua Unidade?
Os cavalos da PMBA são adquiridos através de Processo Licitatório,
monta(cruzamento) e/ou doação.
6) Sobre a aquisição de cavalos, existe alguma restrição de raça de
cavalos ou tipo de pelagens?
Os animais de pelagem conjugada, por aspectos doutrinários não são
empregados no Policiamento Ostensivo Montado, sendo utilizados apenas
na atividade de equoterapia e/ou instrução.
7) Sua Unidade possui um criatório de cavalos? Como é feita esta criação
de cavalos?
Os animais oriundos de monta são criados nas baias de potros do
esquadrão e/ou nas áreas de soltura da Unidade.
192

PMBA

8) No seu entendimento, qual a melhor raça ou cruzamento de raças para


o Policiamento Ostensivo Montado?
As melhores Raças são Brasileiro de Hipismo, Puro Sangue Lusitano ou o
Cruzamento destas por apresentarem características fundamentais para o
Policiamento Montado como: Porte físico imponente, altura ideal, coragem,
rusticidade, inteligência, adaptabilidade e versatilidade.

9) No seu entendimento, quais as características básicas devem


possuir um cavalo de policiamento quanto a:

9.1) ALTURA: Altura mínima de cernelha de 1,58m e máxima de 1,70m para os


animais destinados ao POMont/CDCMont e altura mínima de cernelha de 1,20m e
máxima de 1,28m para os animais destinados a equoterapia, a medição deverá ser
feita do lado esquerdo do animal, a partir da cernelha, em plano reto e com o animal
desferrado
9.2) PORTE FÍSICO: Boa conformação - significa proporcionalidade entre as
medidas: de altura, comprimento, largura do tórax, perímetro torácico, largura da anca,
peso do animal e a ausência de defeitos de aprumo
9.3) TEMPERAMENTO: Não deverá possuir os seguintes vícios: bolear, corcovear,
escoicear, manotear, morder, passarinhar, negar estribo, disparar, estirar,
empacar/recuar, refugar, apresentar tique de urso, geofagia, aerofagia, coprofagia,
permitir a colocação da cabeçada de prisão e cabeçada com embocadura, permitir ser
manuseado seus membros, permitir ser ferrageado, permitir ser realizado o penso e a
toalete de crina, cola e da orelha, não se assuste com facilidade, seja calmo, não se
desgastando com facilidade, tenha franqueza perante obstáculos naturais, aceite a
aproximação de materiais tais como espada, capa de chuva e japona de frio
9.4) RUSTICIDADE: Há a necessidade de o animal possuir características rústicas
para se adaptar a rotina e não possuir temperamento quente para suportar o
policiamento montado.
9.5) AGILIDADE: A agilidade constitui-se como um aspecto sine qua non para um
proficiente emprego do equídeos no Policiamento Ostensivo Montado bem como nas atividades
de Controle de Distúrbios Civis Montado, sem olvidar que a agilidade é uma característica
hipológica do equino.
10) Considerações: caso deseje deixar alguma sugestão ou crítica.
Considerations:
193

PMES

1) DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Identification data / Donnés d'identification
1.1) Nome do responsável pelas respostas dadas:
CARLO MARX ORLANDI ROCHA
1.2) Posto: CAPITÃO QOCPM
1.3) Função na Unidade: COMANDANTE DE ESQUADRÃO
1.4) Unidade da Polícia Montada:
REGIMENTO DE POLÍCIA MONTADA DA POLÍCIA MILITAR DO ESPÍRITO SANTO –
RPMONT/PMES
1.5) Localidade (Cidade/ Estado/ País): SERRA/ ESPÍRITO SANTO/ BRASIL
2) Qual a quantidade de cavalos que possui em sua Unidade?
74 (setenta e quatro)
3) Quais raças de cavalos e/ou cruzamentos de raças possuem em sua
Unidade? Especifique-as por quantidade.
03 (três) Brasileiros de Hipismo (BH) e 71(setenta e um) Sem Raça Definida (SRD)
4) Quais pelagens de cavalos possui a Unidade? Especifique-as por
quantidade.
07 (sete) pretos , 19 (dezenove) castanhos, 25 ( vinte e cinco) alazões, 07 (sete) baios,
12 (doze) tordilhos, 01(um) apaloosa, 01 (um) tobiano e 02 ( dois) rosilhos.
5) Quais as formas de aquisição de cavalos na sua Unidade?
Conforme estipulado pelo Decreto Estadual 1493-R de 2005, que regula o plantel
equino da PMES, as formas de aquisição previstas são; compra/ doação/ reprodução.
6) Sobre a aquisição de cavalos, existe alguma restrição de raça de
cavalos ou tipo de pelagens?
O referido decreto prevê;
- Ser das raças Crioulo, Brasileiro de Hipismo, Quarto de Milha, seus mestiços ou sem
raça definida, desde que atendam aos padrões para o policiamento montado.
- As pelagens preferencialmente escuras (preta, castanha, alazã, lobuna, moura e
vermelha), aceitando-se também em circunstâncias excepcionais as pelagens baia,
tordilha, rosilha e tobiana.
194

PMES
7) Sua Unidade possui um criatório de cavalos? Como é feita esta criação
de cavalos? Sim possui o Centro de Criação de Equinos Dr Pedro Fontes localizado
no município de Cariacica. Até a estação de monta 2019/2020 a forma de criação se
dava por monta natural, com auxílio de rufião.
Já no ano de 2020, o Regimento de Polícia Montada, visando alcançar no futuro
próximo, por intermédio de convênio de cooperação técnica com o Exército Brasileiro,
encaminhou dois representantes à Coudelaria de Rincão e Campo de Instrução de
Rincão, Unidade responsável pela manutenção do plantel equino do Exército Brasileiro,
com o intuito de vivenciarem prática de reprodução equina, em especial com a
utilização de Inseminação Artificial com sêmen fresco, na tentativa de buscar, no futuro
próximo, melhoria no percentual de prenhez alcançadas e autossuficiência na
manutenção do plantel equino na PMES, bem como o melhoramento zootécnico do
plantel.
Para a remonta foram destinados 02 (dois) garanhões, sendo um SRD e um Brasileiro
de Hipismo e 17 (dezessete) éguas.

8) No seu entendimento, qual a melhor raça ou cruzamento de raças para


o Policiamento Ostensivo Montado?
Pelas características comportamentais e estruturais (tamanho,
rusticidade) a raça Brasileiro de Hipismo.

9) No seu entendimento, quais as características básicas devem


possuir um cavalo de policiamento quanto a:
9.1) ALTURA: Entre 1,57 e 1,65 de cernelha.
9.2) PORTE FÍSICO:
Animais com porte físico mediano, buscando sempre a padronização do plantel.
9.3) TEMPERAMENTO:
Dócil e sociável que permita seu manejo de forma tranquila e calma para serem
empregados tanto no policiamento ordinário quanto em atuações de choque.
9.4) RUSTICIDADE:
Animais que que tenham boa estrutura física (óssea) para aguentar o emprego diário
nos centros urbanos.
9.5) AGILIDADE:
Animais que possuam um certo grau de agilidade, mantendo a máxima de um cavalo
calmo, direito e para frente.
10) Considerações: caso deseje deixar alguma sugestão ou crítica.
Considerations:
Obrigado!
195

PMPE

1) DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Identification data / Donnés d'identification
1.1) Nome do responsável pelas respostas dadas:
GLEIDSON Pereira de Carvalho Santos
1.2) Posto: Tenente Coronel
1.3) Função na Unidade: Comandante
1.4) Unidade da Polícia Montada:
Regimento Dias Cardoso / Regimento De Polícia Montada - RPMon
1.5) Localidade (Cidade/ Estado/ País):
Recife / Pernambuco / Brasil
2) Qual a quantidade de cavalos que possui em sua Unidade?
111
3) Quais raças de cavalos e/ou cruzamentos de raças possuem em sua
Unidade? Especifique-as por quantidade.
PUROS : Andaluz 02, PSI 00, BH 21, Holsteiner 00, Westfalen 00, Bretão 00, Campolina
04.
MESTIÇOS: (Andaluz, PSI, BH , Holsteiner, Westfalen , Bretão) 84
4) Quais pelagens de cavalos possui a Unidade? Especifique-as por
quantidade.
Castanha(44), Alazã(33), Tordilha(22), Baia(07), Pampa(03), Zainos (02).
5) Quais as formas de aquisição de cavalos na sua Unidade?
Reprodução por monta natural (anualmente) e doações
6) Sobre a aquisição de cavalos, existe alguma restrição de raça de
cavalos ou tipo de pelagens?
Sim, existe. Não serão aceitos animais provenientes de raças com estatura abaixo de 1,60m
de cernelha, por exemplo pôneis e “pequiras”, sendo esses últimos aceitos exclusivamente
para fins de trabalho de Equoterapia. .
7) Sua Unidade possui um criatório de cavalos? Como é feita esta criação
de cavalos?
Sim, monta nartural (anualmente). Desde a inseminação natural, o parto, a remonta, o
adestramento para o trabalho de policiamento e ações de choque montado até aposetadoria
dos animais (senis), tudo é feito neste regimento.
8) No seu entendimento, qual a melhor raça ou cruzamento de raças para
o Policiamento Ostensivo Montado?
Andaluz (temperamento, altura e robustez), BH (temperamento, altura e robustez). Holsteiner,
Westfalen (temperamento, altura e robustez) O cruzamento dessas raças trariam
características como temperamento calmo, robustez e altura.
196

PMPE
9) No seu entendimento, quais as características básicas devem
possuir um cavalo de policiamento quanto a:

9.1) ALTURA: Height Entre 1,60m e 1,70m de cernelha

9.2) PORTE FÍSICO: Physical shape: Alto e musculoso

9.3) TEMPERAMENTO: Temperament: Calmo e dócil

9.4) RUSTICIDADE: Roughness: O máximo possível

9.5) AGILIDADE: Agility: Considerando de 1 a 5: 4

10) Considerações: caso deseje deixar alguma sugestão ou crítica.


(CONSIDERATIONS: if you would like to leave any suggestions or critics.)

Obrigado!
Thank you!
197

PMSC
1) DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Identification data
1.1) Nome do responsável pelas respostas dadas:
Fernando Jahn Bessa
1.2) Posto: Major PM
1.3) Função na Unidade:
Chefe do P-4, Cmt Coudelaria PM, chefe seção técnica, coordenador
equoterapia.
1.4) Unidade da Polícia Montada: Regimento de Polícia Militar Montada
1.5) Localidade (Cidade/ Estado/ País): São José/Santa Catarina/Brasil
2) Qual a quantidade de cavalos que possui em sua Unidade?
1 - Regimento - São José: 55
2 – Esquadrão – Joinville: 43
3 – Esquadrão – Lages: 21
4 – Pelotão – Chapecó: 20
5 – Destacamento – Criciúma: 10
6 – Coudelaria PM – São Pedro de Alcântara: 46
Total: 195

3) Quais raças de cavalos e/ou cruzamentos de raças possuem em sua


Unidade? Especifique-as por quantidade.
Regimento - São José-SC
1 - Crioulo: 01
2 - Holsteiner: 01
3 - PSL: 03
4 – Anglo-Árabe: 01
5 - Brasileiro de Hipismo: 22
6 – Andaluz Brasileiro: 07
7 - Sem Raça Definida: 20
Esquadrão – Joinville-SC
1 - Brasileiro Hipismo: 07
2 - Andaluz Brasileiro: 06
3 - PSL: 23
4 - PSI: 01
5 - Apaloosa: 01
6 - SRD: 05
Esquadrão – Lages-SC
1 – PSI: 01
2 – Brasileiro de Hipismo: 02
3 – SRD: 18
198

PMSC
Pelotão – Chapecó-SC
1 - Quarto de milha: 3
2 - Brasileiro de hipismo: 3
3 - SRD: 10
4 - PSI: 2
5 - PSL: 1
6 – Crioulo: 1
7 - Apaloosa: 1
Destacamento - Criciúma-SC
1 - Crioulo - 01
2 - Árabe - 01
3 - Brasileiro de Hipismo - 01
5 - PSI - 01
6 - SRD - 06
Coudelaria PM – São Pedro de Alcântara-SC
1 – Brasileiro de Hipismo:39
2 – PSI - 04
3 – PSI/PSL - 03

4) Quais pelagens de cavalos possui a Unidade? Especifique-as por


quantidade.
Regimento - São José-SC
alazão: 20, castanho: 19, tordillho: 8, rosilho: 2, preto: 3, baio: 1, lobuno: 1, mouro: 1
Esquadrão - Joinville-SC
alazão: 05, castanho: 10, tordilho: 26, gateado: 01, baio: 01
Esquadrão – Lages-SC
alazão: 03, castanho: 02, tordilho: 04, rosilho: 01, preto: 01, baio: 03, mouro: 1
Pelotão – Chapecó-SC
tobiano: 1, castanho: 5, 3 - alazão: 10, tordilho: 3, preto: 2
Destacamento – Criciúma-SC
alazão - 3, castanho - 3, tordilho - 2, baio – 2
Coudelaria PM – São Pedro de Alcântara-SC
castanho - 18, alazão – 18, tordilho – 4, preto - 6

5) Quais as formas de aquisição de cavalos na sua Unidade?


Por força da Diretriz de Procedimento Permanente n.
30/2019/Cmdo-G temos três formas sendo: compra, reprodução e doação
à instituição. Desde 2015 os equinos tem sido reproduzidos na Coudelaria
PM.

6) Sobre a aquisição de cavalos, existe alguma restrição de raça de


cavalos ou tipo de pelagens?
Sim, são vedadas as seguintes raças, conforme Diretriz de Procedimento Permanente
n. 30/2019/Cmdo-G:
PSI; Quarto de Milha; Mangalarga; Crioulo.

Com o advento da diretriz em 2019, não são mais aceitas pelagens conjugadas.
199

PMSC
7) Sua Unidade possui um criatório de cavalos? Como é feita esta criação
de cavalos?
Sim. A PMSC possui uma Coudelaria que está subordinada ao Regimento
como órgão de apoio. A criação de cavalos é feita com base na seleção de
éguas matrizes aptas ao processo de policiamento ou éguas com boa
linhagem da raça BH. Os garanhões empregados são da raça BH ou
outras raças aceitas no processo de reprodução tais como: Holsteiner,
Hanoveriano, Sela Francês, Sela Holandês.

8) No seu entendimento, qual a melhor raça ou cruzamento de raças para


o Policiamento Ostensivo Montado?

Na realidade brasileira a melhor raça para o emprego policial,


seja por sua versatilidade, suas muitas valências ou pela
facilidade de variação genética é a raça Brasileiro de
Hipismo.

9) No seu entendimento, quais as características básicas devem


possuir um cavalo de policiamento quanto a:
9.1) ALTURA: Mínimo de 1,58m e máximo de 1,68m.
9.2) PORTE FÍSICO: Atlético, harmonioso, porém com estrutura forte,
dorso bem ligado ao lombo e garupa, bons aprumos e boa conformação.
9.3) TEMPERAMENTO: Bom temperamento caracterizado por calma,
franqueza, inteligência, boa sociabilidade, perspicácia e obediência.
9.4) RUSTICIDADE: É necessário que o equino policial possua boa
resistência tanto ao ambiente, a clima, quanto ao período de serviço em
que será empregado, sem apresentar resistência ou alterações de
temperamento.
9.5) AGILIDADE: É indispensável a agilidade ao equino de policiamento,
executando com leveza, elasticidade e pronta resposta seus movimentos,
quando solicitado por seu cavaleiro.
10) Considerações: caso deseje deixar alguma sugestão ou crítica.

LOCAL: Florianópolis, 30/10/2021.


200

PMMG
1) DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Identification data / Donnés d'identification
1.1) Nome do responsável pelas respostas dadas:
Thiago França Rosa
1.2) Posto: 1º Tenente PMMG
1.3) Função na Unidade:
Chefe da Seção de Operações e Emprego Operacional (P3)
1.4) Unidade da Polícia Montada:
Regimento de Cavalaria Alferes Tiradentes PMMG
1.5) Localidade (Cidade/ Estado/ País):
Belo Horizonte, MG -BR
2) Qual a quantidade de cavalos que possui em sua Unidade?
Cento e setenta e sete (177)
3) Quais raças de cavalos e/ou cruzamentos de raças possuem em sua
Unidade? Especifique-as por quantidade.
Brasileiro de Hipismo e seus mestiços. Atualmente, não há outras
raças no plantel.
4) Quais pelagens de cavalos possui a Unidade? Especifique-as por
quantidade.
01 Apaloosa, 01 pampa, 32 tordilhos, 24 alazões, 16 baios e 119
castanhos
5) Quais as formas de aquisição de cavalos na sua Unidade?
Atualmente, somente com reprodução própria.
6) Sobre a aquisição de cavalos, existe alguma restrição de raça de
cavalos ou tipo de pelagens?
Não há restrições, mas o animal deve seguir o padrão segundo os
regulamentos internos e, caso seja feito processo licitatório, seguir a
previsão do edital.
7) Sua Unidade possui um criatório de cavalos? Como é feita esta
criação de cavalos?
Sim. Há um Núcleo de Reprodução. A criação é de modo extensivo a
campo até o 48º mês de idade, oportunidade em que são trazidos à Sede
para o processo de doma e iniciação.
201

PMMG
8) No seu entendimento, qual a melhor raça ou cruzamento de raças para
o Policiamento Ostensivo Montado?

Brasileiro de Hipismo e/ou suas ração formadoras.

9) No seu entendimento, quais as características básicas devem


possuir um cavalo de policiamento quanto a:
9.1) ALTURA: Altura mínima de 1,55 de cernelha.
9.2) PORTE FÍSICO: Porte atlético com boa compleição de membros.
Equilibrado com boas proporções morfológicas.
9.3) TEMPERAMENTO: Dócil, inteligente de fácil lida a pé e/ou montado.
9.4) RUSTICIDADE: Com boa resistência física, que consiga suportar
algumas condições adversas.
9.5) AGILIDADE: Ágil para mudanças de andaduras, direções e
transposição de obstáculos. Flexível e elástico.
10) Considerações: caso deseje deixar alguma sugestão ou crítica.

O cavalo/ raça que possui um bom desempenho na equitação acadêmica


e nos esportes olímpicos, em regra, adapta-se bem à atividade policial
militar montada, desempenhando satisfatoriamente as atividades.

Obrigado!
202

PMMT
1) DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Identification data / Donnés d'identification
1.1) Nome do responsável pelas respostas dadas:
Renato Pacheco Câmara
1.2) Posto:1º Tenente
1.3) Função na Unidade: Gerente Subalterno da SJD e P1
1.4) Unidade da Polícia Montada: RPMON/PMMT
1.5) Localidade (Cidade/ Estado/ País): Cuiabá-MT
2) Qual a quantidade de cavalos que possui em sua Unidade?
52
3) Quais raças de cavalos e/ou cruzamentos de raças possuem em sua
Unidade? Especifique-as por quantidade.
09 Brasileiro de Hipismo; 01 PSI; 01 QM e 40 Sem Raça Definida.
4) Quais pelagens de cavalos possui a Unidade? Especifique-as por quantidade.
22 alazãs; 03 baios; 21 castanhos; 04 tordilhos; 01 Isabel e 01 rosilho
5) Quais as formas de aquisição de cavalos na sua Unidade?
Através de pregão e doação.
6) Sobre a aquisição de cavalos, existe alguma restrição de raça de cavalos ou
tipo de pelagens?
O último pregão que esta UPM participou não havia restrição de raça.
7) Sua Unidade possui um criatório de cavalos? Como é feita esta criação de
cavalos?
Sim. É feita através de monta.
8) No seu entendimento, qual a melhor raça ou cruzamento de raças para o
Policiamento Ostensivo Montado?
Brasileiro de Hipismo
9) No seu entendimento, quais as características básicas devem
possuir um cavalo de policiamento quanto a:
9.1) ALTURA: Mínimo de 1,55
9.2) PORTE FÍSICO: Atlético
9.3) TEMPERAMENTO: Dócil
9.4) RUSTICIDADE: Rustico
9.5) AGILIDADE: Versátil
10) Considerações: caso deseje deixar alguma sugestão ou crítica.
203

METROPOLITAN NASHVILLE POLICE DEPARTAMENT - EUA


204

PMDF

PMDF
205

PMDF
206

GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL


POLÍCIA MILITAR DO DISTRITO
FEDERAL
Centro de Medicina Veterinária
Seção de Assistência Veterinária de Animais de Grande Porte

Informação Técnica n.º 2/2021 - PMDF/CMEDVET/SAVAGP Brasília-DF, 03 de novembro de


2021.

1) DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
1.1 Nome do responsável pelas respostas dadas: EMERSON NILANDIO DA SILVA
PEREIRA JÚNIOR 1.2 Posto: Capitão – QOPM.
1.3 Função na Unidade: Comandante do 1º Esquadrão RPMon/PMDF.
1.4 Unidade de Polícia Montada: Regimento de Polícia Montada Coronel Rabelo - RPMon
Polícia Militar do Distrito Federal.
1.5 Localidade (cidade/estado/país): Brasília/Distrito Federal/Brasil.

8) No seu entendimento, qual a melhor raça ou cruzamento de raças para o Policiamento


Ostensivo Montado?
No Distrito Federal não existe definição sobre a raça ideal para o processo de
Policiamento Ostensivo Montado. Na unidade, apenas foram utilizados dois tipos de equinos
para o policiamento ostensivo: os equinos mestiços e os equinos da raça Brasileira de
Hipismo. Os dois tipos de equinos tem atendido à demanda do policiamento montado.
9) No seu entendimento, quais as características básicas devem possuir um cavalo de
policiamento quanto a:
9.1 Altura: No caso da utilização em policiamento ostensivo montado, deverá possuir porte
menor com altura de cernelha de 1,55m a 1,65m. Para o policiamento de controle de
distúrbio civil, equinos com altura de cernelha acima de 1,65m (até 1,75m). O porte mais
baixo para o policiamento é desejável pois facilita o trabalho do policial militar montado uma
vez que este apeia e monta novamente diversas vezes ao longo do turno de serviço, seja
para proceder em abordagens ou para outras pausas tais como ir ao banheiro, pausa de
descanso para o equino, entre outras. Entretanto um porte mais elevado é desejável no
policiamento de controle de distúrbio civil, uma vez que o impacto psicológico causado na
manifestação/algomeração/turba por equinos mais altos e maior e porque os policiais
permanecem mais tempo montados nesse policiamento.
9.2 Porte físico: Para o policiamento ostensivo montado, perímetro torácico mínimo de
1,70m e para equinos utilizados em de controle de distúrbio civil perímetro torácico mínimo
1,80m.
9.3 Temperamento: Grau exacerbado de agitação e de impulso podem atrapalhar o uso do
equino para policiamento montado (equino muito "quente" de temperamento).
9.4 Rusticidade: Trata-se de conceito bastante subjetivo para avaliação da aptidão do
equino.
9.5 Agilidade: O cavalo de policiamento ostensivo montado deve possuir grau de agilidade
maior que o equino utilizado para controle de distúrbio, todavia, os dois tipos devem possuir
um grau considerável de agilidade para serem empregados nas duas atividades.
PMGO
207

1) DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Identification data / Donnés d'identification

1.1) Nome do responsável pelas respostas dadas:


Osvaldo Sebastião Pereira Chagas
1.2) Posto: 2º Tenente QOAPM
1.3) Função na Unidade: Subcomandante do Esquadrão
1.4) Unidade da Polícia Montada:
Regimento de Cavalaria - Ary Ribeiro Valadão Filho
1.5) Localidade (Cidade/ Estado/ País):
Av. Vereador José Monteiro, Qd 11-A, Lt AR-3, nº 1957 – Setor
Negrão de Lima Goiânia - Goiás - Brasil
2) Qual a quantidade de cavalos que possui em sua Unidade? (What is the
113(cento e treze)
3) Quais raças de cavalos e/ou cruzamentos de raças possuem em sua
Unidade? Especifique-as por quantidade.
Mangalarga, Mestiço de Mangalarga, Quarto de Milha, Mestiço de
Quarto de Milha, Árabe, Mestiço de Árabe, Mestiço de Crioulo, Mestiço
de Lusitano
4) Quais pelagens de cavalos possui a Unidade? Especifique-as por
quantidade.
03 (três) Pretos, 06 (seis), Baios, 12 (doze) Tordilhos, 44 (quarenta e quatro)
Alazões e 48 (quarenta e oito) Castanhos
5) Quais as formas de aquisição de cavalos na sua Unidade?
Compra, Criação e Doações
6) Sobre a aquisição de cavalos, existe alguma restrição de raça de
cavalos ou tipo de pelagens?
Não existe Restrições
7) Sua Unidade possui um criatório de cavalos? Como é feita esta
criação de cavalos?
Sim, Monta natural
8) No seu entendimento, qual a melhor raça ou cruzamento de raças
para o Policiamento Ostensivo Montado?
Mangalarga

PMGO
208

9) No seu entendimento, quais as características básicas devem


possuir um cavalo de policiamento quanto a:

9.1) ALTURA: Máxima de 1,55m

9.2) PORTE FÍSICO: Forte

9.3) TEMPERAMENTO: Dócil

9.4) RUSTICIDADE: Resistência

9.5) AGILIDADE: Rápido

10) Considerações: caso deseje deixar alguma sugestão ou crítica.


Considerations:

Obrigado!

PMSE
209
210

PMSE
211

PMSE
212

PMPA
213

PMPA
214

PMPA
215

PMTO

1) DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Identification data / Donnés d'identification
1.1) Nome do responsável pelas respostas dadas:
Benício da Costa NEVES
1.2) Posto: Major QOPM
1.3) Função na Unidade: Subcomandante
1.4) Unidade da Polícia Montada:
Regimento – RPMon/PMTO
1.5) Localidade (Cidade/ Estado/ País):
Palmas/ TO/ Brasil
2) Qual a quantidade de cavalos que possui em sua Unidade?
Em face da recente instituição do RPMon na estrutura organizacional da PMTO, até o
presente momento não há animais disponíveis. Assim sendo, estamos em estudo para
a definição da melhor raça a atender as demandas de policiamento, com a expectativa
de aquisição para o 1º semestre de 2022. Por tal circunstância, o presente estudo
apresenta-se de grande valia em colaboração a nossa pesquisa.
3) Quais raças de cavalos e/ou cruzamentos de raças possuem em sua Unidade?
Especifique-as por quantidade.
A partir da colaboração de nosso médico veterinário, Major integrante das fileiras da
PMTO, com estudos acadêmicos de equinos, a priori houve a indicação de “quarto de
milha”. Tal posição baseia-se sobremaneira no argumento da adaptabilidade ao clima
próprio do cerrado. Entretanto, como já afirmado, ainda em pesquisa.
4) Quais pelagens de cavalos possui a Unidade? Especifique-as por quantidade.
Não houve definição acerca.
5) Quais as formas de aquisição de cavalos na sua Unidade?
A aquisição, pretende-se, será por meio de processo licitatório regular.
6) Sobre a aquisição de cavalos, existe alguma restrição de raça de cavalos ou tipo de
pelagens?
A partir de pesquisa, pretende-se a aquisição de cavalos de raça e pelagem definida,
devidamente referenciada.
7) Sua Unidade possui um criatório de cavalos? Como é feita esta criação de cavalos?
Não há criatório.
216

PMTO
8) No seu entendimento, qual a melhor raça ou cruzamento de raças para o Policiamento
Ostensivo Montado?
A partir de pesquisa, nota-se uma preferência pelo Brasileiro de Hipismo –
BH, pela morfologia e conformação física avantajada. Assim sendo, em
tese, trata-se da melhor raça a servir ao POM. No entanto, para a
realidade climática do estado de Tocantins, a adaptabilidade é
questionável.

9) No seu entendimento, quais as características básicas devem possuir um


cavalo de policiamento quanto a:
9.1) ALTURA: Mínimo de 1,60 m de cernelha.
9.2) PORTE FÍSICO: Com conformações morfológicas definidas, potencializando a
ostensividade e o efeito psicológico dissuasivo.
9.3) TEMPERAMENTO: Dócil e sagaz, com propensão ao rápido aprendizado e
adaptabilidade, sobremaneira no manejo logístico de transporte.
9.4) RUSTICIDADE: Adaptável às situações adversas (de aglomeração) em meio
urbano, com destaque para o rural, em face das condições topográficas e climáticas,
principalmente no ambiente de cerrado, no que pertine à realidade de Tocantins.
9.5) AGILIDADE: Hábil no manejo logístico operativo, com resposta instintiva aos
comandos de rédea.
10) Considerações: caso deseje deixar alguma sugestão ou crítica. Considerations:
Em face da recente instituição do RPMon/PMTO, com a
implantação/aquisições/contratações/estudos/pesquisas em curso, o resultado do
presente trabalho apresenta-se salutar às iniciativas empreendidas. Dessa forma, o
compartilhamento dos dados/informações serão, por certo, relevantes para a definição
da raça a ser escolhida, com o correspondente padrão de pelagem. Assim, a pretensão
é que haja o alinhamento com perfil dos animais empregados no POM das Cavalarias
do Brasil e, também no plano internacional, com a devida adaptação à realidade
(sobremaneira climática) de Tocantins. Portanto, na expectativa pela conclusão (e
devolutiva) da dissertação, desejando, desde logo, sucesso na empreitada,
antecipando os parabéns pela esforço e colaboração.

Obrigado!
217

GENDARMERIE FRANÇA
218

GENDARMERIE FRANÇA
219

GENDARMERIE FRANÇA
220

GENDARMERIE FRANÇA
221

APÊNDICE C - Mensuração da altura dos cavalos que atuam diretamente no


policiamento montado no RPMon “9 de Julho”.

Objetivo: Realizar a mensuração da altura dos cavalos que atuam no policiamento


montado estabulados no RPMon “9 de Julho” .

Meios empregados: Hipômetro e piso plano.

● Cavalos do 1º Esquadrão
Nº SOLÍPEDE NOME IZ SEXO NASC ALTURA

1 277 (C) XANTALA CASTANHO IZ F 13.11.02 1,59

2 340 (C) ZIGUE-ZAGUE CASTANHO IZ M 24.12.03 1,66

3 352 (C) AGENDA CASTANHO IZ F 12.10.04 1,67

4 400 (C) CHARRITA CASTANHO IZ F 28.10.05 1,62


5 424 (C) CUCA CASTANHO APMBB F 28.02.09 1,62
6 1035 (C) TAQUARA CASTANHO RS F 01.10.02 1,61
7 1051 (C) BIZANTINO CASTANHO IZ M 04.11.05 1,58
8 1078 (C) CARAVELA CASTANHO IZ F 27.07.06 1,62
9 1091 (C) DUELO CASTANHO IZ M 05.12.07 1,63
10 1095 (C) DOMÍNIO CASTANHO IZ M 07.01.08 1,68
11 1110 (C) ECLÉTICO CASTANHO IZ M 26.11.08 1,68
12 1112 (C) OZZY CASTANHO IZ M 25.11.08 1,63
13 1170 (C) VANERA CASTANHO RS F 28.11.07 1,63
14 1185 (C) CANDANGO CASTANHO ATIBAIA M 08.11.04 1,64
15 1192 (C) RUSSO CASTANHO RS M 02.11.05 1,59
16 1212 (C) FLETE CASTANHO IZ M 06.12.09 1,66
17 1227 (C) DIVA CASTANHO IZ F 17.11.07 1,63
SÃO JOÃO BOA
18 1247 (C) ESFINGE CASTANHO VISTA/ SP F 2007 1,65
SÃO JOÃO BOA
19 1254 (C) POLO CASTANHO VISTA/ SP F 2010 1,6
20 1276 (C) ICONE CASTANHO IZ M 12.11.11 1,68
21 1281 (C) INÉRCIA CASTANHO IZ F 10.12.11 1,63
22 1284 (C) ATHENA CASTANHO IZ F 20.12.07 1,61
23 1285 (C) ANDRÔMEDA CASTANHO IZ F 26.10.07 1,69
24 1287 (C) INFÂNCIA CASTANHO IZ F 05.11.11 1,62
25 1309 (C) JACI CASTANHO IZ F 2013 1,67
26 1312 (C) JACIARA CASTANHO IZ F 13.11.13 1,61
27 1314 (C) DUALI CASTANHO PMESP F 2017 1,74
222

28 1323 (C) POPÓ CASTANHO IZ M 2013 1,67


29 1326 (C) LISURA CASTANHO IZ F 2013 1,63
LENÇOIS
30 1329 (C) JANIS JOPLIN CASTANHO PAULISTA/SP F 01.08.13 1,66
31 1334 (C) BALALAIKA CASTANHO SP F 31.12.13 1,63
32 1358 (C) CHERRY CASTANHO SOROCABA/SP F 12.03.14 1,67
33 1372 (C) MARTE CASTANHO IZ M 2014 1,63
34 1384 (C) IZ MAÇOM CASTANHO IZ M 2015 1,63
35 1393 (C) SHINE CASTANHO RS F 2015 1,68
36 1397 (C) DORA CASTANHO RS F 2012 1,67
37 1404 (C) FRANK CASTANHO RS M 2012 1,67
HARAS
38 1409 (C) DUDU CASTANHO ITAPUÃ/SP M 27.01.13 1,61
HARAS
39 1415 (C) ODIM CASTANHO ITAPUÃ/SP M 10.11.13 1,68
40 1902 (C) BAIANO CASTANHO IZ M 19.01.16 1,65
41 1903 (C) NETUNO CASTANHO IZ M 04.12.15 1,64
42 1905 (P) NEBLON PRETO IZ M 10.12.15 1,64
43 1907 (C) NEBLINA CASTANHO IZ F 14.12.15 1,69
44 1914 (C) NITRATO CASTANHO IZ M 02.01.16 1,66
45 1915 (C) NUNCIO CASTANHO IZ M 02.01.16 1,66
46 1917 (C) NOIVA CASTANHO IZ F 09.01.16 1,67
47 1919 (C) NESSER CASTANHO IZ M 12.01.16 1,68
48 1922 (C ) NEREU CASTANHO IZ M 11.02.16 1,64
ATIBAIA - HARAS
49 1923 (P) ARMANI PRETO ONIX M 2016 1,68
50 1932 (C) REVOLUÇÃO CASTANHO RS M 2014 1,61
51 1944 (C) ORQUÍDIA CASTANHO RS F 2014 1,57
52 1949 (C) SHAKESPEARE CASTANHO RS M 2014 1,6
53 1967 (C ) DALMORI CASTANHO RS M 2014 1,62
54 1971 (C) DÓLAR CASTANHO M M 2015 1,6
JULIO DE
55 1976 (C ) BRASÃO CASTANHO MESQUITA/ SP M 2014 1,68
JULIO DE
56 1979 (C ) FRANK CASTANHO MESQUITA/ SP M 2014 1,65
JULIO DE
57 1983 (C ) TURBULÊNCIA CASTANHO MESQUITA/ SP M 2014 1,64
JULIO DE
58 1984 (C) KIRAN CASTANHO MESQUITA/ SP M 2014 1,67
JULIO DE
59 1987 (C ) NILTON CASTANHO MESQUITA/ SP M 2014 1,55
JULIO DE
60 1998 (C) AMADEU CASTANHO MESQUITA/ SP M 2014 1,63
JULIO DE
61 2003 (C) MELBOR CASTANHO MESQUITA/ SP M 2014 1,62
JULIO DE
62 2004 (C) SAGA CASTANHO MESQUITA/ SP M 2014 1,62
223

JULIO DE
63 2005 (P) FEITIÇO PRETO MESQUITA/ SP M 2014 1,63
JULIO DE
64 2006 (C) MAMBO CASTANHO MESQUITA/ SP M 2014 1,59
JULIO DE
65 2010 (C) ECLIPSE CASTANHO MESQUITA/ SP M 2014 1,61
JULIO DE
66 2011 (C) ESCALIBUR CASTANHO MESQUITA/ SP M 2014 1,61
PIRASSUNUNGA/
67 2016 (C) MONACO CASTANHO SP M 14.10.17 1,65
PIRASSUNUNGA/
68 2017 (C) MITO CASTANHO SP M 30.12.17 1,7
69 2025 (C) OPIO CASTANHO IZ M 22.12.16 1,65
70 2035 (C ) ORLA CASTANHO IZ F 23.10.16 1,65
71 2038 (C) OCULTA CASTANHO IZ F 03.02.17 1,65
72 2041 (C) OFERENDA CASTANHO IZ F 05.01.17 1,66
73 2042 (C) OPERA CASTANHO IZ F 28.12.06 1,61
74 2101 (C) PILATOS CASTANHO IZ M 26.11.17 1,71
75 2103 (C) PALÁCIO CASTANHO IZ M 30.11.17 1,68
76 2106 (C) PRINCIPE CASTANHO IZ M 07.12.17 1,66
77 2107 (C) PÉRSIA CASTANHO IZ F 09.12.17 1,61
78 2109 (C) PACÍFICO CASTANHO IZ M 09.12.17 1,64
79 2110 (C) PIANO CASTANHO IZ M 14.12.17 1,66
80 2112 (C) POEMA CASTANHO IZ M 18.12.17 1,7
81 2113 (C) POETA CASTANHO IZ M 24.12.17 1,62
82 2114 (C) PERITO CASTANHO IZ M 25.12.17 1,67
83 2116 (C) PROENÇA CASTANHO IZ F 11.01.18 1,71
84 2118 (C) PRECIOSA CASTANHO IZ F 07.11.17 1,66
85 2121 (C) POLONEZA CASTANHO IZ F 09.12.17 1,66

● Cavalos do 2º Esquadrão
Nº SOLÍPEDE NOME IZ SEXO NASC ALTURA
1 21 BERGAMO IZ M 04.11.05 1,67
2 46 TINA RND F 06.01.06 1,68
3 80 XEQUE-MATE IZ M 08.11.02 1,65
4 306 ZUBA IZ F 06.01.03 1,63
5 316 ZEUS IZ M 17.11.05 1,6
6 319 ZAPI IZ M 23.11.03 1,71
7 358 AUSTRIA IZ F 28.10.04 1,63
8 1010 NAVAL RND M 01.10.02 1,6
9 1015 ALAMO RND M 01.10.04 1,63
10 1022 NAVEGANTE RND M 01.10.02 1,6
224

11 1024 TRAMANDAÍ RND F 01.10.02 1,61


12 1026 RAJÁ RND M 01.10.02 1,62
13 1117 ETIQUETA IZ F 01.12.08 1,62
14 1145 INDICO RND M 26.11.05 1,57
15 1151 RETIRO RND M 26.11.06 1,6
16 1166 SÂNDALO RND M 26.11.06 1,55
17 1167 HARAGANO RND M 28.11.06 1,54
18 1179 CACIQUE RND M 28.11.07 1,57
19 1195 ESTOPIM RND M 29.11.09 1,57
20 1198 TABASKO RND M 28.11.08 1,63
21 1239 LORD ANTONY RND M 2007 1,64
22 1265 FABULOSO IZ M 01.01.10 1,64
23 1268 INFANTE IZ M 09.01.12 1,65
24 1271 INVICTO IZ M 27.11.11 1,64
25 1283 FRANJA IZ F 05.12.09 1,64
26 1327 JANE IZ F 2013 1,59
27 1349 KUBLAI KLAN RND M 30.10.14 1,64
28 1357 CEHIP JENUÍNO RND M 28.12.13 1,6
29 1376 LOURA IZ F 2014 1,65
30 1401 JACK RND M 2014 1,57
31 1405 MAIA RND F 2012 1,64
32 1906 NORA IZ F 12.12.15 1,55
33 1909 NORMA IZ F 18.12.15 1,63
34 1927 PARTAGAS RND M 2015 1,53
35 1937 DESEJO RND M 2015 1,55
36 1940 LABIRINTO RND M 2014 1,54
37 1950 LÓTUS RND M 2014 1,55
38 1951 MÍSTICO RND M 2014 1,53
39 1969 QUARAÍ RND M 2015 1,64
40 1978 CRAQUI RND M 2014 1,64
41 1989 RULK RND M 2014 1,61
42 1993 GREGO RND M 2014 1,62
43 2002 KORUS RND M 2014 1,62
44 2027 ÓTIMO IZ M 28.12.16 1,66
45 2031 OTELO IZ M 05.12.16 1,56
46 2033 ORQUESTRA IZ F 12.01.17 1,55
47 2039 OLIVA IZ F 23.12.16 1,62
225

FVR
1947 1,54
1948 1,53

● Cavalos do 3º Esquadrão

Nº SOLÍPEDE NOME ALTURA


1 1033 LUGO 1,73
2 1040 VILA REAL 1,73
3 1126 KIEV 1,66
4 1130 EROS 1,66
5 1138 LUNAR 1,74
6 1142 TUIN 1,61
7 1189 METALISTICA 1,74
8 1288 GALEGO 1,75
9 1335 PREMIER 1,69
10 1352 KAIAK 1,72
11 1417 JAGUAR 1,78
12 1997 NUVEM 1,65
13 2009 FORD 1,73
14 1421 LAREDO 1,75
15 123 PREATEADO 1,74
16 1127 LERO LERO 1,66
17 1129 QUERO QUERO 1,67
18 1131 TABACO 1,66
19 1132 NAUTILUS 1,68
20 1134 SOUVENIR 1,64
21 1136 NERELLO 1,74
22 1347 JAZZ 1,76
23 1420 LOGAN 1,71
24 1423 LIDER 1,71
25 1933 ÚNICO 1,72
26 1934 URUGUAIANA 1,59
27 1938 SOCRATES 1,64
28 1942 DINASTIA 1,62
29 1952 ARGAN 1,65
30 1954 VIVALDI 1,61
226

31 1961 YUKAN 1,64


32 1972 VINHEDO 1,61
33 1981 CHADAI 1,64
34 1992 ALGODÃO 1,65

● Equoterapia

Nº SOLÍPEDE NOME IZ ALTURA SEXO NASC


1 1105 1,55 13A
2 325 1,65 18A
3 1065 1,61 15A
4 1273 1,62 10A
5 1383 1,62 6A
6 1350 1,64 9A
7 1928 1,55 6A
227

APÊNDICE D - Coleta de dados acerca de acidentes envolvendo solípedes


durante o ano de 2017 até o 1º semestre de 2021 no RPMon “9 de Julho”

Objetivo: Realizar uma pesquisa sobre os acidentes envolvendo solípedes no RPMon


“9 de Julho” nos últimos 5 anos anteriores a esta pesquisa e especificar a raça de cada
cavalo que se envolveu nos acidentes.
Material: Sindicâncias de acidentes envolvendo solípedes junto a SJD no período de
2017 à 2021.

RELAÇÃO DAS SINDICÂNCIAS ENVOLVENDO SOLÍPEDE X VEÍCULO

2017
Sind. RPMon-01/13/17 – Solípede s/nº;
Sind. RPMon-04/13/17 – Solípede nº 1129 – Indaiatuba – Tordilho – 3° ESQD;
Sind. RPMon-05/13/17 – Solípede nº 1151 – Região Sul – Alazão _ 2° ESQD;
Sind. RPMon-08/13/17 – Solípede nº 1131 – Indaiatuba – Tordilho – 3° ESQD;
Sind. RPMon-09/13/17 – Solípede nº 1057 – BH – Castanho
Sind. RPMon-14/13/17 – Solípede nº 1258 – Remonta – Castanho
Sind. RPMon-16/13/17 – Solípede nº 273 – (nil);
Sind. RPMon-22/13/17 – Solípede nº 112 - òbito e 1299 – BH – Castanho.
Totalizando 08 (oito) sindicâncias.
2018
Sind. RPMon-10/13/18 – Solípede nº 1110 – BH – Castanho – 1° ESQD;
Sind. RPMon-16/13/18 – Solípede nº 1304 – BH – Alazão – 3° ESQD;
Sind. RPMon-28/13/18 – Solípede nº 1143 – Tiete Sp – Tordilho – Destacamento de Taubaté;
Sind. RPMon-35/13/18 – Solípede nº 1261 – Indaiatuba – Castanho – Destacamento de Mauá.
Totalizando 04 (quatro) sindicâncias.
2019
Sind. RPMon-03/13/19 – Solípede nº 1413 – Sem Raça Definida – Castanho – Destacamento de
S.J. do Rio Preto;
Sind. RPMon-14/13/19 – Solípede nº 1327 – BH – Alazão - 2° ESQD;
Sind. RPMon-16/13/19 – Solípede nº 1285 – BH – Castanho – 1° ESQD;
Sind. RPMon-24/13/19 – Solípede nº 1377 Obito em 2020;
Sind. RPMon-25/13/19 – Solípede nº 1372 BH – Preta – 1° ESQD;
Sind. RPMon-30/13/19 – Solípede nº 1401,
Totalizando 06 (seis) sindicâncias.
2020
Sind. RPMon-07/13/20 – Solípede nº 1084 – BH – Castanha – Destacamento de Avaré;
Sind. RPMon-14/13/20 – Solípede s/nº
Sind. RPMon-16/13/20 – Solípede nº 1966 - S.R.D – Alazão – Destacamento de Barretos;
Sind. RPMon-19/13/20 – Solípede nº 1955 – S.R.D – Alazão – Destacamento de Barretos;
Sind. RPMon-24/13/20 – Solípede nº 1913 – BH – Alazão;
Sind. RPMon-25/13/20 – Solípede nº 1026 – S.R.D Alazão 2° ESQD;
Sind. RPMon-26/13/20 – Solípede nº 1932 – S.R.D – Castanho – 1° ESQD;
228

Sind. RPMon-30/13/20 – Solípede nº 1401 – S.R.D – Alazão 2° ESQD.


Totalizando 08 (oito) sindicâncias.
2021
Sind. RPMon-03/13/21 – Solípede nº 1198 – S.R.D – Alazão – 2° ESQD;
Sind. RPMon-04/13/21 – Solípede nº 1919 BH – Castanho 1° ESQD;
Sind. RPMon-06/13/21 – Solípede nº 1095 – BH – Castanho – 1° ESQD ;
Sind. RPMon-08/13/21 – Solípede nº 1900 BH – Alazão – Barro Branco;
Sind. RPMon-09/13/21 – Solípede s/nº,
Totalizando 05 (cinco) sindicâncias.

RELAÇÃO DAS SINDICÂNCIAS: quedas, lesões, coice, mordida etc.


2017
Sind. RPMon-11/13/17 – Solípede nº 807 – coice – Doado ABR17;
Sind. RPMon-13/13/17 – Solípede nº 123 – queda – Remonta – Tordilho – 3° ESQD.
Totalizando 02 (duas) sindicâncias.
2018
Sind. RPMon-03/13/18 – Solípede s/nº - queda;
Sind. RPMon-07/13/18 – Solípede nº 793 – queda – Doador – MAR17;
Sind. RPMon-13/13/18 – Solípede nº 482 – queda – (Nil);
Sind. RPMon-14/13/18 – Solípede nº 1055- queda – (Nil);
Sind. RPMon-22/13/18 – Solípede nº 68 – coice – (Nil) - Doador;
Sind. RPMon-23/13/18 – Solípede s/nº - torção de joelho em cruzamento entre 02 (dois) policiais
montados (carroussel);
Sind. RPMon-24/13/18 – Solípede nº 1125 – queda – Indaiatuba – Tordilho – Destacamento de
Bauru;
Sind. RPMon-34/13/18 – Solípede nº 1396 – queda – S.R.D – Alazão – Destacamento de
Barretos, Totalizando 08 (oito) sindicâncias.
2019
Sind. RPMon-19/13/19 – Solípede nº 1231 – BH – Castanho Barro Branco e 1056 – coice entre
solípedes - Óbito;
Sind. RPMon-21/13/19 – Solípede nº 1037 – S.R.D – Castanho – Destacamento de Barretos e
1088 – BH – Preta coice entre solípedes;
Sind. RPMon-22/13/19 – Solípede nº 1417 – queda – BH – Tordilho – 3° ESQD;
Sind. RPMon-23/13/19 – Solípede nº 1218 – queda – BH – Alazão - Representação;
Sind. RPMon-26/13/19 – Solípede nº 170 – coice – Óbito AGO19;
Sind. RPMon-27/13/19 – Solípede nº 1112 – queda – BH – Castanho 1° ESQD,
Totalizando 06 (seis) sindicâncias;
2020
Sind. RPMon-06/13/19 – Solípede nº 1319 – óbito (descarga elétrica em via publíca);
Sind. RPMon-10/13/19 – Solípede nº 1906 – queda – Bh - Alazão -2° ESQD,
Totalizando 02 (duas) sindicâncias;
2021
Sind. RPMon-14/13/21 – Solípede s/nº.

Você também pode gostar