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Polícia Militar do Estado de São Paulo

Centro de Altos Estudos de Segurança

CAES “Cel PM Nelson Freire Terra”

Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais – CAO-I/14

Cap PM Rogério Nery Machado

ATIRADOR ATIVO: IMPOSITIVO DE EMPREGO DO SISTEMA DINÂMICO DE


GERENCIAMENTO DE CRISES

São Paulo

2014
Cap PM Rogério Nery Machado

ATIRADOR ATIVO: IMPOSITIVO DE EMPREGO DO SISTEMA DINÂMICO DE


GERENCIAMENTO DE CRISES

Dissertação apresentada no Centro de Altos


Estudos de Segurança como parte dos
requisitos para a aprovação no Mestrado
Profissional em Ciências Policiais de
Segurança e Ordem Pública.

Cel PM Carlos Celso Castelo Branco Savioli - Orientador

São Paulo

2014
Cap PM Rogério Nery Machado

ATIRADOR ATIVO: IMPOSITIVO DE EMPREGO DO SISTEMA DINÂMICO DE


GERENCIAMENTO DE CRISES

Dissertação apresentada no Centro de Altos


Estudos de Segurança como parte dos
requisitos para a aprovação no Mestrado
Profissional em Ciências Policiais de
Segurança e Ordem Pública.

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São Paulo, _______ de _____________________ de 2014.

Cel PM Carlos Celso Castelo Branco Savioli

Ten Cel PM Paulo Ferreira de Macedo Costa Júnior

Maj PM Adriano Giovannini


Este trabalho é dedicado:
À minha família, que sempre esteve presente e participativa, em todos os momentos
importantes de minha vida. Núcleo que me forneceu exemplos de retidão,
determinação e amor a Deus.
A todos os policiais militares que se empenham para defender o bem maior, que é a
vida.
Agradecimentos

A Deus, por ter me dado a vida e permitido minha convivência junto de pessoas que
tanto contribuem para minha evolução.
Ao Cel PM Carlos Celso Castelo Branco Savioli, meu orientador que, desde o
primeiro momento, com paciência e atenção, dedicou seu escasso tempo a me guiar
na realização deste trabalho.
Ao Cap PM Paulo Augusto Aguilar que, prestativa e gentilmente, partilhou grande
parte das fontes de pesquisa utilizadas.
A todos os policiais, brasileiros e estrangeiros, que forneceram seus conhecimentos
e experiência, sem os quais seria impossível a reunião e a lapidação das idéias
referentes ao tema.
A todos que, de alguma forma, concorreram para a conclusão desta dissertação.
“Aquele que quer paz, prepara-se para a guerra.
Aquele que deseja a vitória, treina seus soldados
diligentemente. Aquele que aspira resultados auspiciosos,
luta com estratégia, não aleatoriamente.” (VEGÉCIO; séc.
IV)
Resumo
O presente trabalho versa sobre proposta de inserção do Sistema Dinâmico de
Gerenciamento de Crises, ainda não encontrado, na doutrina e nos protocolos da
Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP).
Desenvolvido em 1993, nos Estados Unidos da América e trazido ao Brasil, por meio
de trabalho produzido na PMESP, em 1995, o Gerenciamento de Crises, que já
demonstrou inúmeras vezes sua eficiência, recebeu inovações, no país criador, em
1999, quando foi dividido em dois sistemas: Estático, adequado para ocorrências
com reféns, suicidas e artefatos explosivos e Dinâmico, próprio para crises geradas
por Atirador Ativo, que é indivíduo armado e engajado em matar o maior número
possível de pessoas, o que demanda resposta policial mais célere e enérgica,
visando a neutralização de sua capacidade letal.
Após análise de todo o conteúdo de Gerenciamento de Crises, ministrado em vários
cursos da Instituição e dos Procedimentos Operacionais Padrão, verifica-se uma
lacuna, no que tange à proposta deste trabalho. Por meio de pesquisa qualitativa e
bibliográfica, foram entrevistadas autoridades de reconhecido saber e experiência
em Gerenciamento de Crises, tanto brasileiras, quanto de outros países, como
também foram pesquisadas obras e artigos de revistas especializadas sobre o tema.
Ao final, conclui-se que, como responsável pela preservação da ordem pública, a
PMESP necessita atualizar o conteúdo doutrinário e seus procedimentos, em
Gerenciamento de Crises, a fim de inserir o Sistema Dinâmico, para casos de
Atirador Ativo, como forma de se manter alinhada com os atuais protocolos
mundiais, concernentes ao assunto.

Palavras-chave: Polícia Militar. Gerenciamento de Crises. Sistema Dinâmico.


Atirador Ativo.
Abstract
This paper deals with the proposition of insertion of the Dynamic System Crisis
Management, still not found, into the doctrine and the protocols of the São Paulo
State Military Police (SPSMP).
Developed in 1993, in the United States Of America and brought to Brazil, by a paper
produced in the SPSMP, in 1995, the Crisis Management, that already demonstrated
by numerous times its efficiency, received innovations, in the creator country, in
1999, when was divided in two systems: Static, fitting to occurrences with hostages,
suicide and explosive devices and Dynamic, suitable for crisis generated by Active
Shooter, who is an armed individual and engaged in killing the most number of
people as possible, what demands faster and energic police response, to neutralize
his lethal capacity.
After analisys of the whole Crisis Management content, taught in several courses of
the Institution and the Standard Operating Procedures, a gap is found, about this
paper proposition. By qualitative and literature research, brazilian and foreign
authorities, with knowledge and experience in Crisis Management, were interviewed,
as well as literary works and articles of specialized magazines about the theme were
researched.
Finally, it is concluded, like a responsible of public order preservation, the SPSMP
needs update its doctrine content and its procedures, about Crisis Management, in
order to insert the Dynamic System, for the Active Shooter cases, as a way to keep
up aligned with the world current protocols, about the subject.

Keywords: Military Police. Crisis Management. Dynamic System. Active Shooter.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1- : Locais de eventos com Atirador Ativo .................................................... 36


Gráfico 2- : Armas utilizadas por evento .................................................................. 37
Gráfico 3- : Crises resolvidas antes e depois da chegada da polícia ....................... 38
Gráfico 4- : Eventos com atuação de policial isolado ............................................... 39
Gráfico 5- : Relações entre Atiradores e Vítimas ..................................................... 41
Tabela 1- : Eventos de Atirador Ativo entre 1966 e 2010 ......................................... 44
Figura 1- : Formação Diamante ................................................................................ 59
Figura 2- : Formação T ............................................................................................. 61
Figura 3- : Condução de detido ................................................................................ 62
Figura 4- : Socorro de ferido ..................................................................................... 63
LISTA DE SIGLAS

AK Avtomat Kalashnikova
ANZCTC Australian and Neo Zeeland Counter Terrorism Committee
ATF Alcohol, Tabaco and Firearms
BPChq Batalhão de Polícia de Choque
Cap PM Capitão de Polícia Militar
Cel PM Coronel de Polícia Militar
CF Constituição Federal
COPOM Centro de Operações Policiais Militares
DNA Deoxyribonucleic Acid
EUA Estados Unidos da América
FBI Federal Bureau of Investigation
FEMA Federal Emergency Management Agency
GATE Grupo de Ações Táticas Especiais
HIV Human Immunodeficiency Virus
ICC Instrução Continuada de Comando
IS Incident Solving
MJ Ministério da Justiça
ONU Organização das Nações Unidas
PDCA Plan, Do, Check, Act
PM Polícia Militar
PMESP Polícia Militar do Estado de São Paulo
POP Procedimento Operacional Padrão
SAMU Serviço de Atendimento Médico de Urgência
SENASP Secretaria Nacional de Segurança Pública
Sgt PM Sargento de Polícia Militar
SSP Secretaria de Segurança Pública
SWAT Special Weapons And Tactics
Sumário

1 Introdução......................................................................................................... 14

2 Sistemas de Gerenciamento de Crises .......................................................... 19


2.1 Crise. .............................................................................................................. 19
2.2 Crise em Segurança Pública .......................................................................... 20
2.3 Gerenciamento de Crises ............................................................................... 25
2.4 Fases do Gerenciamento de Crises ............................................................... 27
2.5 Sistema Estático X Sistema Dinâmico ............................................................ 28

3 Atirador Ativo ................................................................................................... 32


3.1 Atirador Ativo nos Estados Unidos da América .............................................. 32
3.2 Fenômeno Mundial ......................................................................................... 43
3.3 Atirador Ativo no Brasil ................................................................................... 49

4 A Escassez de Doutrina sobre Atirador Ativo no Brasil ............................... 51


4.1 Secretaria Nacional de Segurança Pública..................................................... 51
4.2 Polícia Militar do Estado de São Paulo ........................................................... 52

5 Proposta............................................................................................................ 55
5.1 Doutrina .......................................................................................................... 55
5.2 Normatização .................................................................................................. 56
5.3 Resposta Policial ao Atirador Ativo. ................................................................ 58

Conclusão ................................................................................................................ 65

Referências .............................................................................................................. 68

APÊNDICE A – Entrevista ....................................................................................... 72

APÊNDICE B – Entrevista ....................................................................................... 73

APÊNDICE C – Entrevista ....................................................................................... 74

APÊNDICE D – Entrevista ....................................................................................... 75

APÊNDICE E – Entrevista ....................................................................................... 76

APÊNDICE F – Entrevista ....................................................................................... 77


APÊNDICE G – Procedimento Operacional Padrão ............................................. 78
14

1 Introdução

Em 1993, na cidade de Waco, nos Estados Unidos da América (EUA),


integrantes de uma seita religiosa, do Ramo Davidiano, que haviam estocado um
arsenal, enquanto se preparavam para lutar contra o governo norte-americano,
reagiram ao cumprimento de um mandado de busca, realizado por agentes da
agência norte-americana Alcohol Tabaco and Firearms (ATF), no tiroteio que se
seguiu, vários agentes e religiosos faleceram. A ATF só conseguiu adentrar à sede
da seita depois de 40 dias, quando ocorreu um incêndio que provocou a morte de 80
pessoas.
Aquele incidente demonstrou a necessidade de se estudarem possibilidades
de resolução para situações que fogem da normalidade, mas que, em algum
momento ocorrerão e exigem resposta diferenciada por parte da polícia. Desses
estudos, surgiu o Gerenciamento de Crises, desenvolvido, principalmente, pelo
Federal Bureau of Investigation (FBI), dos EUA.
No Brasil, o Gerenciamento de Crises passou a integrar a doutrina policial,
após ser apresentado, de forma pioneira, pelo então Cap PM Wanderley
Mascarenhas de Souza, em dissertação de seu mestrado profissional, em Ciências
Policiais de Segurança e Ordem Pública, no ano de 1995.
Aquele trabalho fundava a resposta policial para crises em: conter, isolar,
estabelecer contato e acionar equipe especializada.
Desde então, o Gerenciamento de Crises foi amplamente desenvolvido e
estudado, tendo como fomentador e difusor, nos âmbitos estadual e federal, o Grupo
de Ações Táticas Especiais, atual 2ª Companhia, do 4º Batalhão de Polícia de
Choque, que é a equipe especializada a ser acionada em situações de crise, no
Estado de São Paulo.
O Gerenciamento de Crises demonstrou, por inúmeras vezes, sua eficácia
em atingir seus objetivos de salvar vidas e aplicar a lei, em situações caracterizadas
pela imprevisibilidade, urgência e ameaça de vida, que exigem da polícia, uma
resposta não rotineira, principalmente em ocorrências com reféns e com artefatos
explosivos.
O crime como fenômeno, apresenta variação no tempo, com novas formas e
em geral, evolui em busca de suplantar a capacidade de resposta da sociedade, que
15

ocorre, principalmente, por meio da polícia e que exige, por parte desta, estudo e
planejamento, visando à antecipação de novas modalidades de crime.
Ocorre que, em 20 de abril de 1999, na cidade de Litleton, nos EUA, sucede
o incidente que ficou conhecido como Massacre de Columbine, quando dois
adolescentes, alunos da Escola Columbine, a adentraram, portando armas de fogo e
realizaram vários disparos, causando diversas mortes e ferimentos, suicidando-se
em seguida.
Naquela situação, a polícia de Litleton utilizou os protocolos, para
Gerenciamento de Crises, de que dispunha, porém, aqueles adolescentes não
tinham outro objetivo, senão o de causar mortes.
A partir da chegada dos primeiros policiais àquela escola, até a chegada da
equipe especializada local, os adolescentes tiveram 40 minutos para continuarem
livremente em seu intento de matar pessoas.
O Massacre de Columbine, que não foi o primeiro incidente deste tipo e foi
seguido por várias crises com as mesmas características, demonstrou a
necessidade de estudos sobre suas causas e maneiras de resolução.
O FBI realizou estudos específicos e os causadores de tais incidentes
receberam a denominação de Atiradores Ativos e, para sua resolução, observou-se
a necessidade de complementação do Gerenciamento de Crises, dividindo-o em
dois sistemas: estático (que era utilizado até então) e dinâmico.
No Sistema Dinâmico de Gerenciamento de Crises, em casos de Atirador
Ativo, os primeiros policiais a chegarem ao local da crise, após constatarem o
Atirador Ativo, além de acionarem equipe especializada, devem atuar diretamente
com o objetivo de reduzir o número de vítimas potenciais, restringindo a capacidade
letal do atirador, não só contendo, isolando e iniciando atos de negociação.
Importante se faz frisar que o Sistema Estático de Gerenciamento de Crises
continua atual e eficiente, quando utilizado em ocorrências com reféns, suicidas,
explosivos ou marginais embarricados, mas não é o adequado para ocorrências com
Atiradores Ativos, em que o sistema dinâmico já comprovou sua eficácia.
O Brasil já conviveu com situações em que houve atuação criminosa com
características de Atirador Ativo, das quais, duas foram amplamente divulgadas. Em
1999, em um shopping, na cidade de São Paulo e em 2011, em uma escola do
bairro de Realengo, na cidade do Rio de Janeiro.
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Há vários outros casos, porém, a não caracterização, no Brasil, desse tipo


de ação delituosa dificulta uma quantificação confiável.
O Gerenciamento de Crises está presente nos currículos de 13 cursos da
PMESP, incluídos os de formação de soldados, sargentos e oficiais, além da
existência de um curso específico relacionado ao tema, fato que demonstra o
objetivo de disseminá-lo a seus integrantes.
Além disso, a Instituição, como já dito, é pioneira e referência nacional no
assunto, por meio do GATE, que conta com larga experiência no atendimento a
variados tipos de crise.
Mas um problema se apresenta, a PMESP não dispõe de doutrina que verse
sobre Atirador Ativo, tampouco sobre o Sistema Dinâmico de Gerenciamento de
Crises, apesar de sua maior fonte no assunto (doutrina dos EUA) já contar com tal
sistema há mais de 15 anos.
O objetivo principal, que se pretende atingir com esta pesquisa, é que a
Polícia Militar do Estado de São Paulo encontre subsídio para dar o adequado
atendimento a crises geradas a partir da atuação de Atirador Ativo, por meio do
Sistema Dinâmico de Gerenciamento de Crises, de acordo com doutrinas que já
demonstraram sua eficácia em outros países e se encontram na vanguarda do
conhecimento sobre o tema.
Faz parte, também, do objetivo principal, que os policiais militares encontrem
neste trabalho, respaldo para o correto atendimento de tais ocorrências.
Esta pesquisa conta com objetivos secundários, dentre os quais, fornecer
material para a inserção, na doutrina de Gerenciamento de Crises da PMESP, do
impositivo de emprego do Sistema Dinâmico de Gerenciamento de Crises, em caso
de constatação de Atiradores Ativos.
A disseminação de tal doutrina por meio dos conteúdos de Gerenciamento
de Crises, transmitidos nos cursos de formação da PMESP, no próprio Curso de
Especialização em Gerenciamento de Crises, nas Instruções Continuadas de
Comando (ICC) e nas diversas preleções realizadas diariamente na Instituição.
Procura-se também, propor um Procedimento Operacional Padrão (POP),
para atendimento de ocorrências com Atirador Ativo, a ser seguido por todos os
componentes da PMESP.
A Polícia Militar do Estado de São Paulo, segundo as constituições federal e
estadual, é responsável pela polícia preventiva e pela preservação da ordem
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pública, em todo o Estado de São Paulo, cujos integrantes estão compromissados


com a defesa da vida, da integridade física e a dignidade da pessoa humana, como
pode ser observado no rodapé de todos os documentos da Instituição.
Os compromissos citados estão de acordo com vários pactos e tratados de
direitos humanos, dos quais o Brasil é signatário.
Na ocorrência caracterizada como de Atirador Ativo, o tempo de resposta
por parte da polícia é fator primordial quando o objetivo dela é preservar vidas.
A atuação imediata do policial, ao constatar este tipo específico de
ocorrência, se traduz no maior potencial do Estado em proteger as vidas envolvidas,
naquele momento.
Tal atuação, neste caso específico, não pode se resumir a cercar o local e
acionar equipe especializada, há a necessidade de se deslocar, sempre com a
utilização das técnicas adequadas, visando restringir a atuação do atirador e,
consequentemente o número potencial de vítimas.
Esta atividade direta, imediata, independente de comando, baseada no
conhecimento do fato e das medidas a serem tomadas, em busca de impedir o
intento do atirador, se dá pelo Sistema Dinâmico de Gerenciamento de Crises em
ação.
A metodologia fundou-se em empregar dados históricos, oriundos de
diversos casos de ocorrências com Atiradores Ativos já registrados, no Brasil e em
diversos países.
Outros dados utilizados foram teóricos, ou seja, o conteúdo de outras
doutrinas policiais sobre o assunto, em especial, a norte-americana, indicada pelos
especialistas entrevistados, como a mais atual e eficaz.
Autoridades, brasileiras e de outros países, com reconhecida experiência em
Gerenciamento de Crises, foram entrevistadas, quando forneceram opiniões e
conceitos a respeito do tema.
Foram estudadas as aplicações práticas de cada sistema de Gerenciamento
de Crises, seus fundamentos legais, doutrinários e técnicos.
A pesquisa foi dividida em capítulos com assuntos definidos, tendo a
finalidade de realizar uma apresentação coerente do tema, sobretudo do ponto de
vista pedagógico.
O primeiro capítulo foi dedicado aos sistemas de Gerenciamento de Crises,
iniciando-se pela definição de crise e seus variados tipos, com alusão à crise de
18

imagem. Depois, conceituou-se a crise na área de segurança pública, com suas


principais características. Foi abordada a criação do instituto “Gerenciamento de
Crises”, seus objetivos e sua posterior divisão em dois sitemas: estático e dinâmico.
O segundo capítulo tratou da definição de Atirador Ativo, com análise de
estudos sobre casos ocorridos nos EUA, país com maior incidência, relacionando-os
com os procedimentos policiais para sua resolução, apresentação de situações em
outros países e no Brasil.
No terceiro capítulo foi demonstrada a escassez de doutrina sobre Atirador
Ativo e Sistema Dinâmico de Gerenciamento de Crises no Brasil, por meio do
conteúdo disponibilizado nos cursos da Secretaria Nacional de Segurança Pública e
da PMESP, com ênfase no que é desenvolvido pelo GATE.
O quarto capítulo traz propostas sobre inserção do Atirador Ativo e do
Sistema Dinâmico de Gerenciamento de Crises, na doutrina da PMESP e em suas
normas. Complementada pela proposta de uma sequência de ações, na atuação
policial, como resposta ao Atirador Ativo, que subsidia o Procedimento Operacional
Padrão, constante do apêndice G.
19

2 Sistemas de Grenciamento de Crises

2.1 Crise

Segundo o dicionário Michaelis, defini-se crise como:


1 Med Momento decisivo em uma doença, quando toma o rumo da melhora
ou do desenlace fatal. 2 Med Alteração súbita, comumente para melhora, no
curso de uma doença aguda. 3 Momento crítico ou decisivo. 4 Situação
aflitiva. 5 fig Conjuntura perigosa, situação anormal e grave. 6 Momento
grave, decisivo. 7 Polít Situação de um governo que se defronta com sérias
dificuldades para se manter no poder. C. anafilactoide: estado mórbido
cujos sintomas se assemelham aos da anafilaxia, e que é causado por
coloidoclasia. C. coloidoclástica: o mesmo que coloidoclasia. C. de
nervos: ataque de nervos. C. de trabalho: complicação ou embaraço nas
relações sociais decorrente da falta de serviços em que se empregam as
classes menos abastadas.

Desta definição pode-se depreender que a crise está ligada a algo que se
encontra fora da normalidade, é grave e gera momentos decisivos.
Pode haver crises nos vários segmentos existentes na sociedade, quando o
termo crise assume diferentes significados específicos, mas sempre dentro dos
parâmetros citados acima.
Em geral uma crise é reconhecida após a ocorrência de uma série de fatos
que desenvolvem um cenário generalizado, envolvendo grande quantidade de
pessoas e, possivelmente, mais de um segmento.
Como exemplo pode-se citar a crise econômica, caracterizada por escassez
em nível de produção, comercialização e consumo, seja de produtos ou serviços.
Isso traz consequências em todas as áreas da sociedade.
Outro tipo de crise, tratada com bastante atenção pelas grandes empresas e
instituições, é a crise de imagem, exemplo disso, é a Diretriz nº PM5-001/55/091, da
PMESP, elaborada para “Neutralizar ou reduzir ao máximo os efeitos danosos de
uma crise de imagem que afete a Instituição Policial Militar” e que traz a seguinte
conceituação:
1) Crise: fase difícil, grave, na evolução das coisas, dos fatos, das idéias;
um momento perigoso e decisivo;

1
Diretriz que trata do Comitê de Administração de Crise de Imagem (CACI), na PMESP.
20

2) Crise de Imagem: crises de imagem são tempestades que se abatem


sobre pessoas e organizações de forma avassaladora e tem como agente
provocador a atividade humana;
3) Crise de Imagem na Polícia Militar: qualquer evento inesperado, urgente
e indesejável que não permita disponibilidade de tempo para pensar,
organizar e planejar ações apropriadas para a defesa da reputação, tendo
como conseqüência uma ruptura significante de confiabilidade que estimule
grande cobertura da mídia, em que o resultado do exame minucioso, feito
pelo público, afetará as operações normais da Instituição e trará danos à
imagem;
4) Comunicação de Crise de Imagem: é tudo aquilo que se faz na seqüência
de uma situação adversa a fim de posicionar a versão real dos fatos e
garantir a intervenção nos meios comunicação para transmitir uma posição
de transparência perante a opinião pública. (PMESP, 2009. pg. 01)

Porém, fatos pontuais também podem ser considerados crises, pois a sua
simples ocorrência movimenta diversos agentes, devido à probabilidade de grande
repercussão.
As crises sempre trazem apreensão aos envolvidos e curiosidade aos
demais, invariavelmente produzem discussões e diferentes opiniões.
O presente estudo destina-se a discutir um determinado tipo de crise, na
área da segurança pública, que ocorre em vários países, inclusive no Brasil.

2.2 Crise em Segurança Pública

Várias são as crises possíveis de ocorrer na área de segurança pública,


desde uma falência geral do sistema, até eventos pontuais, mas que podem ter
resultados de grande repercussão.
Para a PMESP2, crise é definida por:
[...] episódio grave, desgastante, conflituoso, de elevado risco, em que a
perturbação da ordem social venha a ameaçar ou a causar danos a
indivíduos ou a grupos integrados na coletividade, exigindo, para tanto,
atuação célere e racional dos organismos policiais. (PMESP, 2013. pg. 03)

Para Souza3:
Crise é um evento ou situação crucial, que exige uma resposta especial da
Polícia, a fim de assegurar uma solução aceitável.
[...]Toda crise apresenta as seguintes características:

2
Conceito de crise da Diretriz PM3-001/02/13, que trata das ocorrências que exigem intervenção do
GATE.
3
Wanderley Mascarenhas de Souza é Coronel da Reserva da PMESP e, em 1995, introduziu a
doutrina sobre Gerenciamento de Crises na Instituição e no Brasil.
21

1. Imprevisibilidade;
2. Compressão de tempo (urgência);
3. Ameaça de vida; e
4. Necessidade de:
a) Postura organizacional não rotineira;
b) Planejamento analítico especial e capacidade de implementação; e
c) Considerações legais especiais. (SOUZA,1995. pg. 11)

Necessário se faz discutir cada uma das características citadas.


Pela imprevisibilidade, entende-se que é impossível prever quando uma
crise pode ocorrer. Mas isso não pode ser confundido com a possibilidade de se
esperar que determinados fatos considerados crises venham a ocorrer.
A urgência, ou compressão de tempo, determina à polícia agir rapidamente,
colocando em ação os métodos mais eficazes para a solução de determinada crise.
A ameaça de vida é abrangente, ou seja, refere-se a qualquer vida dos
envolvidos pela crise, do causador, dos policiais e de terceiros atingidos.
Na última característica citada, encontram-se fatores relativos à resposta
para uma crise.
Uma postura organizacional não rotineira indica que a polícia deve agir de
modo diferente do usual, haja vista que algo que foge à normalidade ocorreu. Algo
diferente da normalidade do cotidiano policial, ou a ocorrência de qualquer crime já
seria considerada crise.
A polícia deve estudar os fatos geradores de crises, como também seus
autores, a fim de desenvolver as melhores maneiras de resolução.
A ação da polícia deve ser especialmente planejada, pois o insucesso
provavelmente acarretará o pior resultado possível, que é a perda de vidas, com
consequente prejuízo à credibilidade da corporação e grave dano à sua imagem.
A capacidade de implementação digire-se à eficiência da polícia em
empregar os métodos desenvolvidos. Retratada tanto pelos meios materiais
(armamento, equipamento, veículos), quanto pelos humanos (seleção e treinamento
do efetivo).
As considerações legais especiais referem-se a vários ramos do direito que
são abrangidos por este tipo de crise, tais como: constitucional (administrativo),
penal e civil.
Na Constituição Federal da República Federativa do Brasil (CF) encontram-
se os direitos e garantias fundamentais, os princípios da administração pública e o
que incumbe a cada polícia existente no país.
22

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: (Brasil, 1988)

Inserido nos direitos fundamentais, está o direito à vida, cuja preservação


deve ser alvo constante dos esforços do Estado como um todo.
Dentre os princípios constitucionais da administração pública, que devem ser
integralmente observados, está o de eficiência, que segundo Di Pietro (Di Pietro,
2008. pg. 82), se divide em duas dimensões: otimização no uso dos meios e
satisfatoriedade dos resultados da atividade administrativa.
Art. 37 A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: (Brasil, 1988)

Na primeira dimensão insere-se a exigência de economicidade, igualmente


disposta para todos, sendo o desperdício, a idéia oposta. Trata-se aqui da eficiência
como qualidade da ação administrativa, que maximiza recursos na obtenção de
resultados previstos.
Na segunda dimensão, cuida-se, também, da eficiência como qualidade da
ação administrativa, mas que obtém resultados satisfatórios ou excelentes,
constituindo a obtenção de resultados pífios ou insatisfatórios, uma das formas de
contravenção mais comum ao princípio.
Empregar policiais sem conhecimento, ou treinamento atualizado, no
atendimento de uma ocorrência, ou resolução de uma crise, aumenta as chances de
obtenção de resultados indesejados, dentre os quais, mortes que seriam evitáveis,
por si só, constitui violação à segunda dimensão deste princípio.
A não observância do princípio da eficiência possibilita ao administrador,
responsabilização por improbidade administrativa, conforme tipificado na Lei nº
8.429, de 02 de junho de 1992, que define os atos que constituem esse ilícito civil.
Dentro do assunto em estudo, deve a administração pública buscar, a todo
tempo, a resolução da crise, com a obtenção dos melhores resultados possíveis.
Em crises de segurança pública, a eficiência só pode ser aferida, quando se
compara os resultados de diferentes métodos aplicados, em diferentes lugares,
verificando-se onde há a maior preservação de vidas.
23

A polícia ostensiva e a preservação da ordem pública cabem às polícias


militares, que são empregadas, eminentemente, na prevenção criminal, mas com o
dever de restauração, em caso de quebra da ordem.
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade
de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
...
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
...
§ 5º - às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da
ordem pública... (Brasil, 1988)

O disposto acima contempla deveres amplos às polícias militares, pois a


ordem pública refere-se a todos os aspectos da vida em sociedade, devendo ser
restaurada quando sofrer qualquer distúrbio.
Na esfera penal, há a necessidade de se discorrer sobre as excludentes de
ilicitude4, principalmente a legítima defesa e o estrito cumprimento do dever legal.
Para Nucci (Nucci, 2012, pg.268) não comete crime quem, utilizando-se dos
meios necessários e moderados, repele injusta agressão contra si ou contra terceiro,
mesmo fazendo uso da força para tal, conforme descrito no art. 25 do Código Penal
Brasileiro.
Ao se falar da ação policial, cabe também a invocação do estrito
cumprimento do dever legal, pois de acordo com o mesmo autor, deixa de cometer
crime, aquele que pratica fato tipificado como tal, mesmo causando lesão a bem
jurídico de terceiro, mas em decorrência de dever imposto por lei (penal ou
extrapenal), ou mandamento infra-legal, mas decorrente de lei.
Para a configuração de ambas as excludentes apresentadas, faz-se
necessário o conhecimento da injusta agressão (ou de sua iminência) ou do dever
emanado de lei, conforme o caso.
Uma crise em segurança pública pode decorrer da prática de um crime ou
não, como exemplo pode-se citar um suicida, que pode não estar cometendo
nenhum ilícito, mas sua conduta gera uma situação perfeitamente adequada ao
conceito de crise já apresentado e obriga a polícia a agir em defesa da vida dele.
No direito civil, há que se verificar o instituto da responsabilidade civil
(encontrada no Título IX, do Código Civil pátrio) sob duas óticas: o direito de

4
As excludentes de ilicitude são: legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal, estado de
necessidade e exercício regular de direito.
24

indenização pelo emprego ineficiente de determinado método e também pelo uso do


método menos adequado.
Resultados indesejados podem ser obtidos em decorrência de falhas na
seleção ou no treinamento do efetivo e problemas com equipamento ou material
utilizado.
A não utilização do melhor método pode decorrer de decisão inadequada ou
mesmo de desconhecimento, o que obriga à polícia o estudo e pesquisa sobre os
melhores tratamentos para cada tipo de crise.
A falta de ação preventiva, no sentido de preparo para crise que não tenha
ocorrido, ou com pequeno número de ocorrências, mas que já é conhecida, pode
insidir também em responsabilidade civil, derivada da teoria da perda da
oportunidade ou perda da chance, que, conforme Filho (Filho, 2010. pg.77) é
caracterizada pela presença de: uma conduta (nesse caso omissiva), um dano
(caracterizado pela perda da oportunidade de evitar, ou minizar, um mal) e um nexo
entre eles (a omissão não permitiu chance para se evitar o mal).
Qualquer uma das óticas citadas pode gerar direito de indenização aos que
sofreram prejuízos decorrentes de ação policial.
Como exemplo, o responsável por determinado órgão policial, em especial o
responsável por preservar a ordem pública que, após conhecer sobre uma
modalidade de ação criminosa e o melhor método para coibi-la ou reprimi-la, mesmo
que esta ainda não tenha ocorrido em sua circunscrição, não dissemina tal
conhecimento para seu efetivo, não permite que sua corporação tenha a
oportunidade de cumprir seu papel e expõe a sociedade aos danos decorrentes
daquele tipo de ação criminosa, gera direito de indenização aos lesados.
Ainda nas considerações legais especiais, encontra-se a necessidade de
designação de qual instituição será a responsável pela solução da crise, como
também os deveres impostos a outros órgãos, que contribuem para esse mister.
Para que tal designação seja efetiva, esta deverá ocorrer por meio de norma
à qual se subordinam todas as instituições envolvidas.
Nessa esteira, mostra-se imperioso que cada órgão mantenha protocolos,
divulgados a seu público interno, atribuindo funções particulares para seus agentes.
Pelo que até aqui se vê, dada a complexidade das crises na área de
segurança pública, elas são tratadas seguindo-se os protocolos do Gerenciamento
de Crises.
25

2.3 Gerenciamento de Crises

O Gerenciamento de Crises surgiu nos EUA, em 1993, resultado de estudos


realizados a respeito da atuação de polícias norte-americanas, frente a um evento
crítico.
Esta crise ocorreu na cidade de Waco, no Estado do Texas, onde havia uma
seita religiosa denominada Ramo Davidiano, liderada por David Koresh, que
armazenou grande quantidade de armas, que seriam utilizadas pelos integrantes no
dia do Juízo Final, de acordo com sua crença.
A agência Alcohol Tabaco and Firearms (ATF) tentou cumprir mandado de
busca e apreensão na sede da seita, mas os agentes sofreram resistência armada,
iniciou-se um tiroteio em que morreram 4 agentes e 6 religiosos.
Em seguida foi montado um bloqueio em redor da sede da seita, que durou
51 dias. Tentou-se uma invasão do local, com efetivos de diferentes agências e
polícias, os religiosos incendiaram a área e o resultado foi a morte de 76 pessoas.
Esse resultado desastroso demonstrou a necessidade de se regular o
atendimento de situações que fogem à normalidade.
Segundo a PMESP, Gerenciamento de Crises é o “processo de identificar,
obter e aplicar os recursos necessários à antecipação, prevenção e gestão de uma
crise” (PMESP, 2013. pg. 04).
Identificação e obtenção de recursos, bem como antecipação e prevenção,
estão ligadas ao estudo e planejamento do necessário, meios materiais e humanos,
para evitar a ocorrência ou resolver as mais variadas crises.
A aplicação dos recursos e a gestão de uma crise são as atividades reativas,
levadas a efeito, a partir da eclosão da situação crítica.
De acordo com a doutrina norte-americana e a brasileira, os fundamentos do
Gerenciamento de Crises são: preservar vidas e aplicar a lei.
Para Souza, existe uma ordem de prioridade nos fundamentos, a
preservação da vida está acima da aplicação da lei (Souza, 1995. pg.17). Como
exemplo disso cita um fato ocorrido no Estado da Bahia, em 1995, quando um
26

assaltante, que mantinha uma adolescente como refém, foi autorizado pela polícia a
fugir, levando a refém, inclusive recebeu um veículo para tal.
Na norma aplicada à PMESP e de acordo com o Cap PM Ricardo Orlandi
Folkis5, atual comandante do GATE, inexiste essa diferenciação, pois ao deixar de
aplicar a lei, ocorre uma potencialização dos efeitos da crise, com consequente
aumento da probabilidade de perda de vidas, portanto os dois fundamentos devem
ser obedecidos, mostrando-se complementares.
Permitir a fuga de um criminoso, agravado com a manutenção de um refém
sob seu poder, é ato contrário às duas primeiras ações a serem realizadas, após o
início de uma crise: conter e isolar.
Conter a crise significa:
[...] mantê-la em área controlada e impossibilitar que o(s) infrator(es) da lei
consiga(m) aumentar o número de reféns, tenha(m) acesso a mais
armamentos ou consiga(m) um posicionamento de vantagem em
relação aos policaisi militares interventores. (PMESP, 2013. pg. 04, grifo
nosso)

Desse significado depreende-se que as primeiras ações a serem praticadas,


visam impedir a expansão ou a movimentação da crise.
Isolar concerne em “impedir o acesso de terceiros curiosos, ou da imprensa,
ou mesmo de policiais civis e militares estranhos à operação” (PMESP, 2013. pg.04).
Busca-se manter o local da crise organizado, fornecendo condições para o
desenvolvimento do gerenciamento, por parte dos policiais interventores.
Por fim, cabe ressaltar que a preservação de vidas refere-se a manter todas
as vidas dos envolvidos na crise, como também evitar que outras venham a correr
perigo, devendo ser observados três critérios para a atuação policial: necessidade,
validade do risco e aceitabilidade.
 Necessidade – cada decisão, para ser colocada em prática, deve ser
indispensável;
 Validade do risco – toda ação só será válida se os riscos produzidos
forem compensados pelos resultados esperados, na redução da ameaça;
 Aceitabilidade – que deve ocorrer nos campos legal, ético e moral, pois
todo ato praticado no gerenciamento de uma crise precisa obedecer à lei e estar de
acordo com os usos e costumes aceitos pela sociedade.

5
Entrevista constante do anexo D.
27

A submissão das decisões ao crivo desses três critérios reduz drasticamente


a possibilidade de resultado indesejado, o que não deixa de ser impossível.

2.4 Fases do Gerenciamento de Crises

O Gerenciamento de Crises é dividido em cinco fases, a saber: pré-


confrontação, resposta imediata, planejamento deliberado, resolução e pós-evento.
A pré-confrontação ou pré-evento, traduz-se pelos estudos a respeito de
crises ocorridas, as táticas e equipamentos utilizados em suas resoluções,
desenvolvimento de planos de contingência, protocolos de atendimento e
treinamento do efetivo.
Resposta imediata é o conjunto de medidas a ser praticado quando do
conhecimento da eclosão de uma crise, em geral por meio de sequências pré-
determinadas, por parte dos policiais que trabalham no atendimento cotidiano de
ocorrências.
Quando o grupo especial assume a condução do gerenciamento de uma
crise, tem início a fase de plano específico ou planejamento deliberado, quando são
analisadas as possíveis alternativas a serem empregadas, a fim de fazer cessar a
causa da crise.
Na resolução é posto em prática o plano escolhido, são praticados todos os
atos específicos com o objetivo de encerrar o evento crítico, cujo sucesso finaliza
esta fase.
No pós-evento é realizado estudo de caso sobre os fatores que motivaram
aquela crise, o perfil do causador, a efetividade dos protocolos e a eficácia das
medidas levadas a efeito, que serão utilizados na pré-confrontação.
Estas fases encontram identidade com o ciclo PDCA 6, mundialmente
reconhecido na Gestão pela Qualidade.
Segundo Pacheco e Salles:
O Ciclo PDCA, também conhecido como Ciclo de Shewhart, Ciclo da
Qualidade ou Ciclo de Deming, é uma metodologia que tem como função

6
Plan, Do, Check, Act, ciclo que compreende planejamento, prática, verificação e correção, método
utilizado em Gestão pela Qualidade.
28

básica o auxílio no diagnóstico, análise e prognóstico de problemas


organizacionais, sendo extremamente útil para a solução de problemas.
Poucos instrumentos se mostram tão efetivos para a busca do
aperfeiçoamento quanto este método de melhoria contínua, tendo em vista
que ele conduz a ações sistemáticas que agilizam a obtenção de melhores
resultados com a finalidade de garantir a sobrevivência e o crescimento das
organizações. (Pacheco e Salles, 2008. pg. 03)

O Gerenciamento de Crises é dividido em dois sistemas: Estático e


Dinâmico, cada qual colocado em ação, conforme as características da crise, que
definirá o tipo de protocolo a ser seguido.
Em ambos os sistemas, as fases de pré-confrontação e pós-evento são
idênticas, já que se destinam à antecipação, planejamento, treinamento e verificação
de eficácia.

2.5 Sistema Estático X Sistema Dinâmico

O Sistema Estático de Gerenciamento de Crises foi criado após o ocorrido


na cidade de Waco, em 1993.
Tal sistema é utilizado em busca de resolução de crises que não estão
evoluindo e também não se encontram em movimento, as ações dos infratores
estão, aparentemente, contidas em uma área passível de delimitação imediata.
São exemplos de situação de crise estática: ocorrências envolvendo reféns,
artefatos explosivos, pessoas com propósitos suicidas (de posse de armas de fogo
ou brancas), infratores armados e embarricados.
Tais crises demandam, na resposta imediata, as seguintes medidas: conter
e isolar a crise, como já explanado e também isolar o ponto crítico.
A ação de isolar o ponto crítico é o ato de inviabilizar o contato do causador
da crise com o mundo externo, fazendo com que somente receba informações
controladas pelo gerente da crise. No caso de explosivos, refere-se a toda a área
que pode ser afetada por uma possível explosão.
É nomeado o Gerente da Crise, responsável por todo o processo de
gerenciamento. Em geral, existem dois gerentes: emergencial e efetivo. O primeiro é
o policial de maior patente no local, durante a fase de resposta imediata. E o
29

segundo é o encarregado da equipe especializada que assume o gerenciamento


posteriormente.
No Sistema Estático, o Gerente da Crise, após realizados a contenção e o
isolamento, instala o Posto de Comando, aciona especialistas (unidade tática,
socorristas, inteligência e porta-voz), define perímetros e controle de acesso,
entrevista testemunhas, mantém autoridades superiores informadas e providencia
plantas e croquis do local. Em seguida passa a definir, em conjunto com os
especialistas, as alternativas que serão empregadas.
Nas ocorrências que envolvem reféns, as alternativas táticas são:
negociação (real e tática), técnicas não-letais, tiro de comprometimento e invasão
tática, que, em princípio, são utilizadas nessa mesma ordem.
A negociação real é o estabelecimento de vínculo direto com o causador da
crise, por meio de especialista (negociador), visando convencê-lo à libertação do
refém e à rendição. Esta é a principal alternativa, na qual deve haver persistência,
pois as demais demandam maior risco para as vidas dos envolvidos.
Constatado que a negociação estratégica não surte o efeito desejado,
passa-se à negociação tática, sempre determinada pelo Gerente da Crise, onde o
negociador procura dar condições para o emprego das outras alternativas, como
exemplo: influenciando no posicionamento do causador, em sua capacidade de
utilização de armas ou mantendo sua atenção voltada a uma situação que funcione
como digressão.
As técnicas não-letais se definem pelo uso de armas, munições,
equipamentos e imobilizações, com o objetivo de impedir a progressão de delitos,
preservando vidas. Porém o mau uso dos meios ou técnicas pode provocar a morte
do causador, ou mesmo da vítima, quando não se consegue impedir a ação do
criminoso.
O tiro de comprometimento é o disparo efetuado por sniper7, visando
incapacitar o causador da crise, de continuar seu intento de ferir ou matar a vítima.
Invasão tática é a ação da equipe tática8, no interior do ponto crítico, em
busca de dominar ou neutralizar o causador da crise. Poderá o Gerente da Crise,

7
Policial treinado para disparos de precisão, que neutralizem qualquer possibilidade de ação por
parte do causador da crise. Também fornece informações ao Gerente da Crise, devido à posição
vantajosa em que permanece, preparado para o disparo.
8
Equipe de policiais que, de forma coesa, objetiva e incisiva, tem como tarefa adentrar o ponto crítico
objetivando neutralizar a ação do causador da crise.
30

optar pela invasão tática, mas se houver o tiro de comprometimento, este será
sempre seguido pela invasão.
Em situações que demandam o Sistema Estático, existe a possibilidade de
desenvolvimento de uma estrutura para que o Gerente da Crise possa decidir sobre
as alternativas apresentadas.
Por outro lado, o Sistema Dinâmico de Gerenciamento de Crises foi criado
em 1999, fruto de estudos realizados a partir de um fato ocorrido em 20 de abril
daquele ano, na escola Columbine, na cidade de Litleton, nos EUA, onde dois
alunos mataram 13 pessoas e se suicidaram, agindo com as características de
Atirador Ativo, que será mais bem detalhado no capítulo 3.
Esse sistema é o adequado para o gerenciamento de situações, onde o
objetivo do causador seja o de cometer homicídios, podendo até, ser meio para
diversas finalidades, como: resposta por ter sido vítima de bullying9, terrorismo por
motivação religiosa, ideológica ou de preconceito, ou mesmo cometimento de outros
crimes.
Nesses exemplos, a crise evolui rapidamente e pode mover-se, ampliando o
número de possíveis vítimas e uma resposta lenta ou inadequada propicia elevado
número de mortes, pois o causador necessita de poucos minutos para cometer
grande número de homicídios.
No Sistema Dinâmico, a resposta imediata, por parte dos primeiros policiais
a chegarem ao local, é o acionamento de equipe especializada e o deslocamento
diretamente ao ponto crítico, visando contato com o causador da crise, impedindo-o
de provocar mais mortes, conforme corroborado pelo 3º Sgt PM Élio Ramos da
Silva10.
Este contato direto com o causador, que no Sistema Estático é função
exclusiva de equipe tática, ocorre pelo grande número de mortes que o causador
pode provocar, em diminuto lapso de tempo.
Como, nesses casos, o tempo é fator primordial, alguns princípios táticos
deixam de ser obedecidos, como exemplo, não se faz a varredura de todos os

9
[...] conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente,
adotado por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento. Insultos,
intimidações, apelidos cruéis, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, [...] é
atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos levando-os à
exclusão, além de danos físicos, morais e materiais[...] (Fante, 2005. pg. 28).
10
Entrevista constante do Apêndice F.
31

cômodos pelos quais se passa, segue-se diretamente ao causador, direcionando-se


por sons de disparos de arma de fogo, indicações de testemunhas ou informações
obtidas por circuito de câmeras.
Também será instalado um Posto de Comando e há a definição de um
Gerente da Crise, porém concomitante à ação prática que ocorre, já no interior do
local da crise.
Do Posto de Comando, o Gerente da Crise deve providenciar plantas e
croquis da área atingida, informações sobre os causadores, número potencial de
vítimas e suas características, tudo para subsidiar os policiais que se encontram na
busca do causador.
Se a crise perdurar até a chegada de efetivo especializado, os demais
policiais devem se retirar do ponto crítico e a ação de busca e contato com o
causador deverá ser repassada à equipe especializada, do ponto em que parou,
sempre visando velocidade na ação.
Toda situação dinâmica pode, a qualquer momento, tornar-se estática,
quando então, o Sistema Estático deverá ser utilizado.
Se o atirador, ao avistar a chegada da polícia cessar os disparos, porém
ameaçar retomá-los caso a polícia não lhe permita fuga, aparentemente, seu
objetivo de praticar homicídios deixou de existir e agora ele busca condições para se
evadir impunemente. Neste caso, em razão da mudança de cenário, deve ser
utilizado o Sistema Estático, para o qual devem ser observados os procedimentos de
contenção, isolamento e diálogo.
O sucesso do atendimento de situações críticas que exigem o Sistema
Dinâmico, depende da efetividade da disseminação do conhecimento dos protocolos
de atuação ao efetivo policial.
32

3 Atirador Ativo

3.1 Atirador Ativo nos Estados Unidos da América

Para a Federal Emergency Management Agency (FEMA), dos EUA, o


Atirador Ativo é “um indivíduo armado e ativamente engajado em matar, ou tentar
matar pessoas, em um espaço confinado ou outra área populada” (FEMA, 2012. pg.
09).
Vários são os motivadores para que alguém venha a agir dessa maneira.
Entre 2002 e 2012, ocorreram 154 ocorrências com Atiradores Ativos nos
EUA, conforme divulgado no Joint Intelligence Bulletin, do Homeland Security, do
Federal Bureau of Investigation, dos EUA, de 27 de dezembro de 2012. Em cada um
desses casos, três ou mais pessoas morreram devido à ação do atirador.
O mesmo documento expressa vários motivadores que contribuíram para
essas ocorrências, porém, em 43% dos casos, os motivos nunca foram
indentificados.
O caso conhecido como Massacre de Columbine, que provocou inovações
no Gerenciamento de Crises, ocorreu na cidade de Litleton, nos EUA, quando na
manhã de 20 de abril de 1999, dois adolescentes, Dylan Klebold e Eric Harris,
estudantes da Escola Columbine, adentraram-na, portando armas semi-automáticas
e bombas caseiras, matando 13 pessoas e feriram outras 24.
Seu plano inicial seria o de acionar bombas escondidas anteriormente na
escola, matando o maior número de alunos e disparar contra os sobreviventes.
Havia também, bombas em seus veículos, que seriam acionadas posteriormente,
visando atingir policiais e socorristas que viessem a intervir na ação.
Como as bombas falharam, passaram a disparar contra estudantes que se
encontravam na área externa ao refeitório e, posteriormente passaram a se
locomover de modo aleatório pelo interior do prédio, disparando contra os que
encontravam. Depois cometeram suicídio, utilizando-se das próprias armas.
Fato importante, dentro dessa situação, foi que os primeiros policiais que
chegaram à escola, atuaram de acordo com a doutrina existente até aquela época, o
que veio a ser classificado como Sistema Estático, pois providenciaram o cerco
33

(contenção e isolamento) e acionaram a equipe especializada (SWAT11), que


adentrou a escola em 40 minutos.
Os atiradores tentaram atingir alguns alunos que corriam em direção a
policiais, momento em que houve resposta por parte dos policiais, mas somente na
área externa. As vidas daqueles alunos foram salvas.
Após o acionamento da SWAT, os atiradores mantiveram disparos, no
interior do prédio, fazendo novas vítimas, por 20 minutos e se mataram, ou seja,
durante 20 minutos, com a polícia no local, cometeram homicídios livremente.
Sobre esse evento, David Cullen (Columbine, Tactical Edge, spring, 2012.
pg. 42) afirma que, apesar de situações similares já terem ocorrido nos EUA,
nenhum órgão policial havia, até então, desenvolvido método próprio para
intervenção em crises de Atirador Ativo. Sendo grande a probabilidade de que, se o
protocolo atual (Sistema Dinâmico de Gerenciamento de Crises) tivesse sido
utilizado, a maior parte das vítimas teria sido salva.
Em 16 de abril de 2007, o estudante da universidade Virginia Tech, no
Estado da Virginia, Cho Seung-Hui, matou dois alunos em um dos dormitórios da
universidade e se retirou do local.
Duas horas mais tarde, retornou, trancou as portas de um dos prédios com
correntes e cadeados. E, em menos de 15 minutos, matou aleatoriamente, mais 30
pessoas, que se encontravam em salas de aula. Em seguida suicidou-se, elevando
o número de vítimas fatais a 33.
Antes de retornar à universidade, Cho enviou, pelo correio, um envelope que
continha uma carta, desenhos e uma mídia gravada com um vídeo dele mesmo, com
as motivações de sua ação, à rede norte-americana de notícias NBC.
Por todo o material reunido, além do armamento, da utilização de correntes
e do envio da carta, Cho demonstrou premeditação, planejamento detalhado e
conhecimento de que a polícia agiria rapidamente, com isso, procurou impedir uma
intervenção ágil da polícia.
A respeito desse fato, Robert Parker (Active Shooter Events Survey,
Tactical Edge, fall, 2007. pg. 70) comenta que em Virginia Tech, os primeiros
policiais a atenderem a ocorrência, chegaram em 3 minutos, após seu acionamento,
mas perderam mais de 5 minutos para entrarem no prédio, pois Cho havia

11
Special Weapons and Tactics, equipe policial especializada em Gerenciamento de Crises, presente
nas polícias municipais norte-americanas.
34

acorrentado 3 portas. Durante esse tempo, os policiais tentaram,


desesperadamente, atirar contra as correntes, o que não surtiu efeito e só
conseguiram ingressar no prédio, arrombando uma outra porta, de madeira.
Parker frisa que ferramentas de arrobamento, como, corta-frio, pé-de-cabra
ou aríete, são essenciais. Porém, raramente estão disponíveis para policiais
patrulheiros, apesar de serem equipamentos de baixo custo e grande durabilidade.
Tais ferramentas teriam sido decisivas em Virginia Tech.
Ressalta que, após estudos de casos e testes em treinamentos, a Formação
T veio suplementar a Formação Diamante12, quando a equipe fica exposta nos
flancos, principalmente, em passagens por ambientes que não serão vistoriados
inicialmente e interseções de corredores. Além do ganho, em segurança, para quem
se encontra na posição de Ponta.
Elege o efetivo de 04 policiais, como o ideal para composição de Equipe de
Intervenção13 (ou Contato), aceitando um mínimo de 03, quando a situação o exigir.
Como também, reconhece que, em quase a totalidade dos casos de Atirador Ativo,
não há tempo hábil para atuação de SWAT.
Entende que, no futuro, poderá ser possível a intervenção em duplas, de
modo a agilizar ação policial e reduzir, ainda mais, o tempo livre para o atirador, mas
ainda não conheceu técnicas eficazes para isso.
John Gnagey (A Reality Check on the Preparedness of Law Enforcement,
Tactical Edge, fall, 2007. pg. 19) realizou pesquisa aplicada com 06 grupos
formados por policiais de diferentes localidades dos EUA (todos com funções de
patrulhamento), a fim de verificar o grau de preparo dos policiais norte-americanos,
para situações de ataques terroristas em alvos domésticos vulneráveis, como
escolas, locais de eventos com grande aglomeração de pessoas ou centros
comerciais.
Para Gnagey, embora haja várias similaridades entre atividades criminais e
terroristas, também há grandes diferenças, pois os terroristas detém uma série de
características, como:
 Motivação fanática e condicionamento para cometer atrocidades de
alto impacto junto à sociedade;

12
Ambas estudadas no capítulo 5.
13
Também estudada no capítulo 5.
35

 Planejam detalhadamente suas ações;


 São bem armados e equipados, além de treinarem constantemente;
 São meticulosos;
 São capazes de atacar alvos diferentes, ou um mesmo alvo, por locais
e maneiras diversas, ao mesmo tempo;
 Praticam ações suicidas, mesmo mantendo reféns ou estando
embarricados;
 Seus planos são os de causar o maior número de mortes e/ou
destruição, visando a exposição, na mídia, de suas causas.
Entende que as autoridades policiais são a espinha dorsal da defesa dos
cidadãos contra atos terroristas, apesar de ter identificado que, em geral, não estão
devidamente preparadas para essa missão.
Faz ligação da falta de preparo, com a escassez de armamento e
equipamento adequados, como também, de treinamento aplicado.
Porém, reconhece que o policial (de patrulhamento) convive com sérias
dificuldades, pois é quem identifica e decide se determinada ação enquadra-se em
ato terrorista ou não, antes de proceder a essa definição, não estará amparado por
legislação especial (que concede maior amplitude à resposta policial, nos EUA).
Por fim, frisa que, em casos de Atirador Ativo, seja qual for a motivação, é
cabível a fundamentação na legislação anti-terrorista.
Blair e Martaindale (Blair e Martaindale, 2013), utilizando metodologia
própria, definiram que, entre 2000 e 2010, ocorreram nos EUA, 84 eventos com
Atiradores Ativos, a respeito dos quais, fizeram algumas constatações:
 Dos locais de ocorrência, verificaram que 37% se deram em áreas
comerciais, 34% em escolas, 17% em áreas externas e 12% em outros locais, que
compõe: igrejas, bases militares e similares, conforme demonstrado no gráfico 1:
36

Gráfico 1 - Locais de eventos com Atiradores Ativos.

Locais de eventos com Atiradores Ativos


ÁREAS COMERCIAIS ESCOLAS ÁREAS EXTERNAS OUTROS

12%
37%
17%

34%

Fonte: Blair e Martaindale. United States Active Shooter Events from 2000 to
2010:Training and Equipment Implications. 2013.

 20% dos atiradores deslocaram-se a pé ou com veículos, fazendo


vítimas em diferentes locais;
 Por evento, o número de vítimas fatais variou de 0 a 32 e de pessoas
apenas feridas, de 0 a 48.
De acordo com o gráfico 2, foram utilizadas diferentes armas, com
predominância de 60% para pistolas ou revólveres e em 4% não foi possível definir
qual arma foi empregada.
37

Gráfico 2 - Armas utilizadas por evento.

Armas utilizadas por evento


PISTOLA/REVÓLVER FUZIL ARMAS BRANCAS DESCONHECIDO

9% 4%

27%
60%

Fonte: Blair e Martaindale. United States Active Shooter Events from 2000 to
2010:Training and Equipment Implications. 2013.

Além das armas convencionais, 4% vestiram coletes de proteção balística e


2% portaram dispositivos explosivos improvisados.
Em três das situações estudadas, os atiradores praticaram alguma ação
visando impedir uma resposta rápida, por parte da polícia ou fuga das vítimas, por
meio de correntes em portas, barricadas internas (móveis encontrados no próprio
local) e barricadas externas com veículos.
Consideraram a resolução da crise, como o momento em que o atirador
parou de produzir vítimas, sendo que em 41 dos casos, isso ocorreu antes da
chegada da polícia e em 43 após.
Dos eventos resolvidos antes da chegada da polícia, em 25 os atiradores
encerraram a ação criminosa por si mesmos, seja por cometimento de suicídio (21)
ou por fugirem (4).
Ainda, 16 dessas ocorrências foram resolvidas por reação das vítimas, em 3
elas balearam o atirador e em 13, o dominaram fisicamente.
Das 43 crises que se findaram depois da chegada da polícia, em 19 o
próprio atirador parou de produzir vítimas, cometendo suicídio ou se entregando e
em 24 foi impedido pela polícia, dominado em 7 casos e por meio de disparos de
arma de fogo em 17. Como pode ser observado no gráfico 3.
38

Gráfico 3 – Crises resolvidas antes e depois da chegada da policia.

Fonte: Blair e Martaindale. United States Active Shooter Events from 2000 to
2010:Training and Equipment Implications. 2013.

Após o estudo desses casos, os autores concluíram que os policiais devem


ser treinados em técnicas para forçar sua entrada em locais embarricados, com
ferramentas próprias ou improvisadas, evitando-se o uso de disparos de
espingardas, pela possibilidade de ferir pessoas que estejam no interior desses
locais.
Também observaram que o tempo despendido na varredura dos locais
desse tipo de crise, implica no tempo para prestação de socorro às vítimas dos
atiradores.
Recomendaram que os policiais utilizem fuzis ou carabinas, quando na
resposta a Atiradores Ativos, pois os locais onde ocorrem esses casos proporcionam
confrontos em distâncias superiores às utilizadas no treinamento policial, o que pode
ser superado com o emprego de armas longas, que possibilitam maior precisão de
tiro e diminuem a possibilidade de inocentes serem atingidos.
Indicaram que os policiais que atuam em tais casos, devem estar
preparados para o confronto, pois em 71% das situações resolvidas após a chegada
da polícia, esta foi recebida a tiros pelos causadores.
39

Dentro dos 84 casos, realizaram estudo específico de situações em que um


policial agiu isoladamente, em busca de resolver a crise.
No total, foram 14 eventos identificados, dos quais 6 já estavam resolvidos
antes do policial tomar contato com o causador e 8 após, sendo que em 6 casos, o
policial interrompeu a crise, seja por dominar o agressor (1 caso), seja por balear o
atirador (5 casos), conforme verifica-se no gráfico 4.

Gráfico 4 – Eventos com atuação de policial isolado.

Fonte: Blair e Martaindale. United States Active Shooter Events from 2000 to
2010:Training and Equipment Implications. 2013.

Dos seis eventos em que o policial isolado resolveu a crise, foi baleado em
dois, ou seja, um terço das vezes, o que demonstraria extremo risco da ação
isolada.
Jon Osborn (Single officer response to active shooters, Tactical Edge,
spring 2010. pg. 38) defende a ação do policial isolado, baseado em que agir
rapidamente, sem aguardar a chegada de outros, minimizaria o número de vítimas e
faria com que o plano do atirador (provocar o maior número de mortes possível)
viesse a falhar.
Concorda com essa propositura, Ron Borsch, quando afirma: “Ação rápida e
agressiva, por um operacional solitário, é e tem sido a única resposta efetiva para
um matador ativo” (Active Shooter Response, Tactical Edge, spring, 2012. pg. 36).
40

Segundo Ron McCarthy (Procedures and Tactics for Patrol and SWAT in
response to Active Shooters, Tactical Edge, spring, 2000. pg. 12), todos os
Atiradores Ativos tem o objetivo de matar o maior número possível de pessoas,
grande parte pretende se suicidar, outros têm a intenção de confrontar com a polícia
e quase nenhum tem plano de fuga, pois não visam escapar.
McCarthy indica que a capacidade de os primeiros policais que chegam a
uma ocorrência de Atirador Ativo se organizarem e agirem rápida e energicamente
para impedir a atuação do atirador, é crucial para a resolução da crise.
Cita que a SWAT raramente conseguirá influenciar o resultado do evento,
pois leva, em média, 50 minutos para atuar, após ser acionada.
Afirma que, em todos os casos de Atirador Ativo em que a polícia realizou
contenção e tentou estabelecer diálogo, visando interromper a ação do atirador, este
matou cada pessoa que encontrou em seu caminho, enquanto a polícia mateve-se
do lado de fora.
Ressalta a questão moral envolvida, quando a polícia permite o aumento do
número de vítimas fatais, agindo de encontro ao maior objetivo dela: proteger e
salvar vidas.
Informa que, com o fim de atender corretamente às ocorrências geradas por
Atiradores Ativos, todas as forças policiais dos EUA passaram a prover treinamento
que enfatiza a ação imediata, pelos primeiros policiais que se apresentam nos locais
desses eventos.
Outro importante estudo sobre o tema, de autoria do então Comissário de
Polícia de Nova Iorque, Raymond W. Kelly (Kelly, 2012), analisou 281 eventos com
Atiradores Ativos, entre 1966 e 2010, com ênfase em 202, que resultaram em mortes
e/ou ferimentos de vítimas.
Kelly identificou que mulheres participaram ativamente em 4% dos ataques,
mas faz a ressalva de que o número pode ser menor, pois em alguns casos, houve
apenas relatos sobre a participação de mulheres.
Também verificou que, nos eventos ocorridos em escolas, a média de idade
do atirador variou de 15 a 19 anos e nos que ocorreram em outros lugares, de 35 a
44 anos.
Em 98% das crises estudadas, houve apenas um Atirador Ativo.
Quanto à relação anterior, entre atiradores e vítimas, a maior incidência deu-
se nas relações de trabalho (41%) e a menor na família (5%), conforme gráfico 5.
41

Gráfico 5 – Relações entre Atiradores e Vítimas.

Relações entre Atiradores e Vítimas


TRABALHO ESCOLAR NENHUMA OUTRAS FAMILIAR

9% 5%
41%
22%

23%

Fonte: Kelly. Active Shooter: Recommendations and Analysis for Risk Mitigation.
2012.

Ao final do estudo, Kelly lista todos os eventos abrangidos pelo estudo, com
suas principais características, mas ressalta a possibilidade dos dados referentes
aos números de feridos serem passíveis de alteração, por ter encontrado diferenças
em dados apresentados por diferentes fontes, quando indica que as mais recentes
são as mais precisas, a respeito desse assunto.
Nicholas Minzghor (Enhanced active shooter training – taking it up a notch,
Tactical Edge, fall, 2007. pg. 45) preocupa-se com o fato de que, na maioria dos
departamentos de polícia, os policiais são submetidos a um curso de 8 horas, para
atuarem em ocorrências de Atiradores Ativos, mas não realizam treinamento de
manutenção e atualização, que entende ser necessário, no mínimo, uma vez ao ano,
contendo:
 Atividades em equipe, em áreas confinadas e abertas;
 Técnicas de arrombamento;
 Diferentes cenários (terrorista, criminal, com mais de um atirador etc);
 Inoculação de estresse, por meio de surpresa e reação, com utilização
de armas que com projéteis de tinta ou esferas plásticas.
42

E afirma: “Infelizmente, como somos constantemente lembrados, os


Atiradores Ativos não deixarão de existir. Nós, instrutores de forças policiais, temos
de preparar os primeiros policiais que tomam contato com essas situações.”
Daniel Papale (Active Shooter: Standoff at Psychiatric Hospital, Tactical
Edge, winter 2013. pg. 28) participou do atendimento a uma ocorrência em que Jonh
Shick, que realizava tratamento no hospital pisiquiátrico da University of Pittsburgh,
adentrou-o, armado de 2 pistolas no calibre 9 milímetros e farta munição adicional
atirando contra os funcionários.
A polícia chegou ao local em menos de 2 minutos e formou 3 Equipes de
Intervenção, que acessaram o hospital, por diferentes lugares. Uma delas, logo na
entrada, deparou com o atirador, quando já foi alvo de disparos e teve que recuar.
A equipe integrada por Papale alcançou rapidamente o outro lado, do
mesmo corredor, quando Shick ergueu suas mãos livres e se postou atrás de 02
pessoas em quem havia acabado de atirar, para, em seguida, sacar uma pistola e
disparar contra a equipe.
Papale, que estava portando um fuzil AR-1514, respondeu aos disparos e
alvejou o atirador na cabeça e no tórax, neutralizando sua capacidade letal.
Outros componentes da equipe de Papale, também atiraram, mas não
atingiram Shick, mas sim a parede atrás dele, há menos de 10 centímetros de um
integrante da equipe que fora obrigada a recuar, que agora tentava retornar ao
corredor.
Papale concluiu que o treinamento de patrulheiros para o atendimento de
ocorrências com Atirador Ativo foi decisivo para que pudessem ter agido tão pronta e
eficazmente. Principalmente porque, após análise das imagens do circuito interno do
hospital, verificou-se que Shick se dirigia a uma sala onde 12 funcionários haviam se
escondido.
Concorda com a necessidade de formar equipes com, no mínimo, 4 policiais,
para realizar esse tipo de intervenção, utilizando Formação T ou Diamante.
Observa que o fato de quase ocorrer ferimento de um policial, por disparo de
outro policial, deixou claro que a utilização de mais de uma Equipe de Intervenção
depende de excelente coordenação, com conhecimento prévio do local, o que é
extremamente raro de se obter.

14
O fuzil utilizado neste caso era de calibre 5,56.
43

Os EUA contam com programas educacionais de preparação da população


para agir, quando de crises geradas por Atiradores Ativos, a Federal Emergency
Management Agency mantém um curso com esta finalidade, denominado: Atirador
Ativo: O que você pode fazer15.
Em tal curso o cidadão recebe orientações de como agir perante um Atirador
Ativo, como colaborar com policiais que estejam respondendo àquela situação,
reconhecer locais com indicadores de potencialidade para ação de atiradores,
praticar atos de prevenção e preparo para potenciais incidentes com Atiradores
Ativos e como gerenciar as consequências de uma ocorrência com Atirador Ativo.
Além dos já citados, existem vários trabalhos e artigos produzidos nos EUA,
a respeito do tema Atirador Ativo, o que demonstra ser um assunto de interesse
naquele país, devido ao elevado número de casos e toda a comoção que cada
evento provoca, principalmente pela potencialidade de qualquer um ser vítima de um
criminoso que venha a agir dentro das características elencadas.

3.2 Fenômeno Mundial

A situação descrita como Atirador Ativo, apesar de ser mais conhecida por
ocorrer com maior frequência nos EUA, está presente em várias partes do mundo,
como pode ser observado na tabela 1.

Tabela 1 – Eventos de Atirador Ativo entre 1966 e 2010.


PAÍS Nº DE EVENTOS PAÍS Nº DE EVENTOS
EUA 237 Dinamarca 01
Canadá 08 Egito 01
Alemanha 06 França 01
Austrália 05 Grécia 01
Israel 03 Itália 01
Reino Unido 04 Holanda 01

15
Active Shooter: What you can do. IS- 907 (tradução nossa).
44

Finlândia 02 Eslováquia 01
India 02 Somália 01
Argentina 01 Suécia 01
Áustria 01 Tailândia 01
Bósnia 01 Iemen 01
Fonte: Kelly. Active Shooter: Recommendations and Analysis for Risk Mitigation.
2012.

Devido a esta abrangência mundial, serão citados alguns dos eventos mais
emblemáticos, seja pelo número de vítimas ou pela repercussão que tenham
atingido.
No dia 1º de setembro de 2004, de acordo com o jornal britânico The
Guardian, iniciou-se na cidade de Beslan, na Rússia, um evento com Atiradores
Ativos que gerou elevado número de mortes.
Na manhã daquele dia, 32 terroristas, oriundos da República da
Chechênia16, invadiram a Escola Secundária Número Um de Beslan, cidade do
Estado da Ossétia do Norte, na Rússia, onde estudavam alunos de 7 a 18 anos.
Logo em seguida houve confronto com a policia local, que resultou em 05
policiais e um terrorista mortos.
A polícia se retirou e iniciou a contenção e isolamento do perímetro,
enquanto ouviam-se disparos no interior da escola, que os policiais acreditavam ser
uma forma de intimidação por parte dos terroristas. Porém, mais tarde verificou-se
que, durante aquele período, os terroristas mataram 20 homens e jogaram seus
corpos ao redor de prédios da escola.
Reforços policiais chegaram, mas permaneceram isolando a área e tentando
dialogar com os terroristas, que levaram mais de 1.300 pessoas ao ginásio da
escola, fazendo-os reféns.
No interior do ginásio, os terroristas montaram dispositivos explosivos
improvisados, junto às entradas e em alguns reféns.
Assim permaneceu a situação até a manhã do dia seguinte, quando houve
um início de negociação, porém os terroristas não permitiam a entrada de água, nem

16
Uma das repúblicas da Federação Russa, situada no Cáucaso, que conta com grande parcela da
população tendente à independência. Que abriga vários grupos terroristas, responsáveis por atos em
diversas partes do globo.
45

de comida para os reféns, como também não concordaram que os corpos dos
mortos fossem recolhidos, enquanto ameaçavam matar 50 reféns para cada
terrorista que morresse por ação da polícia. Nesse ponto, já se encontravam no
local, efetivos de equipes especializadas, tanto da polícia, como do exército russos.
No período da tarde, os terroristas aceitaram libertar 26 mulheres e seus
filhos, logo após terem gravado um vídeo que mostrava as condições no interior do
ginásio, inclusive as armas de que dispunham e os dispositivos explosivos que
estavam montados. Este vídeo chegou à emissora de televisão russa NTV, sem o
conhecimento das autoridades, mas só foi exibido dias após o desfecho da crise.
No dia 3, as negociações aparentavam dar resultados, pois os terroristas
permitiram que equipes de socorristas entrassem na escola, para retirar os corpos
dos mortos no primeiro dia.
Porém, quando os socorristas chegaram aos corpos, os terroristas passaram
a atirar contra eles, enquanto acionaram explosivos no interior do ginásio. Atos que
levaram a polícia e o exército a iniciarem a invasão do local.
Houve intenso confronto, que se findou com 335 reféns mortos (dos quais
156 crianças) e 727 feridos. Além dos 5 policiais mortos no primeiro dia, mais 11
militares morreram no embate final.
Essa situação em si, é exemplo de crise que se iniciou dinâmica e evoluiu
para estática, quando os terroristas cessaram os homicídios e passaram a utilizar as
pessoas na condição de reféns.
Apesar da necessidade de se verificar a capacidade de resposta da polícia
de Beslan, a retirada da escola, após o primeiro confronto, permitiu aos terroristas
matarem 20 pessoas e se embarricarem com explosivos, no ginásio.
Outro exemplo de evento que foi alterado de dinâmico para estático, ocorreu
em 21 de setmbro de 2013, em Nairobi, capital do Quênia. O fato se deu no
shopping Westgate Mall, quando terroristas, armados de fuzis e portando explosivos,
o adentraram e passaram a efetuar disparos contra clientes e funcionários.
A polícia queniana e o exército responderam ao ataque, adentrando o
shopping e confrontando com os terroristas. Cerca de duas horas depois, as tropas
quenianas decidiram isolar a parte do shopping onde estavam os criminosos, que se
embarricaram, utilizando reféns como escudo, o que gerou um cerco de 4 dias.
Ao final, as autoridades quenianas não puderam afirmar quantas vítimas e
terroristas morreram, principalmente pelo desabamento de parte do shopping,
46

provocado pelo acionamento de explosivos dos terroristas. De acordo com a rede de


notícias CNN17, o governo queniano afirma que foram confirmadas as mortes de 67
vítimas, mas outros corpos ainda não haviam sido submetidos a exame de DNA.18
No início do ataque, os terroristas dispararam aleatoriamente contra as
pessoas que estavam no estacionamento e no interior do shopping, conforme pode
ser observado pelas imagens captadas pelas câmeras de segurança do local.
Após isolado o perímetro, os terroristas continuaram a matar, agora os que
eram reféns, mas somente os que não eram muçulmanos, identificados por não
saberem declinar o nome da mãe do profeta Maomé, segundo relatos dos
sobreviventes.
O grupo que assumiu a autoria do ataque, denominado Al-Shabab, manteve
informações atualizadas, em seu perfil no Twitter19, durante os 4 dias de cerco.
Ainda conforme a CNN, o Al-Shabab é um grupo terrorista, fundamentalista
islâmico, que praticou aqueles homicídios como represália à presença de tropas
quenianas, como parte de Missão da Organização das Nações Unidas (ONU) na
Somália.
A motivação religiosa para Atiradores Ativos é encontrada dentre os
seguidores de diferentes crenças, como o ocorrido na Noruega, em 2011.
Segundo o portal de notícias G1, por volta da 15h30min de 22 de julho
daquele ano, Anders Behring Breivik detonou 950 Kg de explosivos, que se
encontravam em um furgão, defronte o prédio onde se encontra o escritório do
primeiro-ministro daquele país.
Um atraso, causado por congestionamento, foi crucial para que a maior
parte dos funcionários já tivesse deixado o prédio naquele momento, mas a
explosão ainda provocou a morte de 8 pessoas e feriu mais de 200.
Após isso, Anders dirigiu-se à ilha de Utoeva, situada a 40 Km de Oslo, onde
era realizado um acapamento de verão, da juventude social-democrata norueguesa.
Armado com um fuzil e uma pistola, vestindo uniforme policial, inicialmente
baleou e matou a líder daquela reunião e um policial aposentado, contratado para
fazer a segurança do acampamento.

17
Rede norte-americana de noticias que cobre eventos em escala mundial.
18
Exame para constatação de filiação ou parentesco, que se funda na comparação de códigos
genéticos de indivíduos.
19
Sítio da rede mundial de computadores, destinado a indivíduos e grupos publicarem atualizações
sobre seus cotidianos.
47

Em seguida o atirador percorreu a ilha, reunindo os jovens que encontrava,


sob pretexto de estar ali para protegê-los, para logo após, atirar contra cada grupo
que conseguia aproximar. Foram feridas 33 pessoas e 67 foram mortas, das quais,
59 atingidas por disparos na cabeça.
Por fim, entregou-se à uma equipe de polícia que conseguiu chegar na ilha,
quando entregou um texto, que intitulou como manifesto, com dizeres anti-
muçulmanos e anti-marxistas.
Um evento, ocorrido em Mumbai, na Índia, em 26 de novembro de 2011,
serviria como teste extremo, para a polícia de qualquer localidade do planeta.
Praticado por um grupo de terroristas, com um total que, até o momento, não
pode ser definido, segundo a revista Veja (A Nova Fronteira do Terror, Veja, 03 dez.
2008. pg. 76), estaria entre 20 e 30 integrantes, resultou na morte de, pelo menos,
173 pessoas e causou ferimentos em mais de 300.
Por volta das 15 horas daquele dia, os terroristas se utilizaram de barcos,
para chegar à cidade, pela praia, onde se dividiram e partiram para ataques em
diferentes locais.
Uma parte dirigiu-se às proximidades do Café Leopoldo, área aberta com
grande concentração de pessoas, principalmente turistas, onde realizaram disparos
contra a população, de modo aleatório. Após isso, dirigiram-se a um centro judaico,
de nome Chadad, onde fizeram vários reféns.
Outros dois grupos, rumaram para dois hóteis, Oberoi-Trident e Taj Mahal,
onde dispararam contra hóspedes e funcionários, como também provocaram
explosões e depois fizeram dezenas de reféns. Durante o andamento dessas crises,
confrontaram com os policiais, restando mortos e feridos para os dois lados.
Nos três locais iniciou-se negociação, mas os terroristas continuaram a
matar reféns, durante todo o tempo, o que provocou novas intervenções da polícia e,
consequentemente, mais mortes.
As crises perduraram por três dias, mas os terroristas não fizeram
exigências em nenhum momento, o que dificultava o planejamento de ações,
porque, constantemente, a polícia era obrigada a realizar incursões nos três locais, o
que demandava grande efetivo.
Em uma mochila, abandonada por um terrorista que escapou da polícia,
foram encontrados: uma cédula de identidade das Ilhas Maurício, granadas de
origem chinesa, 07 carregadores e 400 projéteis compatíveis com fuzil AK-47, 7
48

cartões de crédito, alimentação e 1.200,00 dólares americanos. O que demonstrou


que o planejamento dos terroristas estava voltado a causar grande número de
mortes e resistir à polícia, por período relativamente extenso.
A situação exigiu da polícia indiana a manutenção do gerenciamento de
crises interligadas, instaladas em três diferentes locais, simultaneamente, onde
pessoas eram mortas e ocorriam explosões, continuamente.
Apesar de a Austrália, segundo Kelly (Kelly, 2012), entre 1966 e 2010,
contar com cinco casos de Atirador Ativo, o Australian and Neo Zeeland Counter
Terrorism Committee20 (ANZCTC) mantém um programa voltado ao esclarecimento
de cidadãos que desenvolvem ou participam de atividades em locais de grande
aglomeração de pessoas. O que pode ser verificado nas Active Shooter Guidelines
for Places of Mass Gathering21.
Nessas linhas de ação, encontram-se conceituações sobre Atirador Ativo,
gerenciamento de emergências (gerenciamento de crises), locais de grande
aglomeração de pessoas, policiais de primeiro atendimento, grupos táticos policiais e
atos terroristas.
Além disso, a publicação traz informações sobre as características de crises
geradas por Atiradores Ativos e como estas características fundamentam a forma de
resposta policial, a este tipo de situação.
Totalmente concordante com a linha doutrinária americana, na Austrália,
frisa-se a necessidade de resposta rápida ao Atirador Ativo, por meio de Sistema
Dinâmico de Gereciamento de Crises, buscando restringir a liberdade do atirador em
fazer novas vítimas, por meio do contato direto, realizado pelos primeiros policiais
que chegam ao local da crise.

20
Comitê ContraTerrorismo Australo-Neo-Zelandês, tradução nossa.
21
Publicação da ANCTC, voltada à orientação do público que frequenta locais com grande
aglomeração de pessoas, tradução nossa.
49

3.3 Atirador Ativo no Brasil

O estudo de Kelly (Kelly, 2012) não identificou casos de Atirador Ativo no


Brasil, porém, duas situações, ocorridas no país, apresentam características deste
tipo de crise.
Em 03 de novembro de 1999, de acordo com o acervo digital da Revista
Veja (Em 1999, Mateus Meira e o massacre que chocou o Brasil, Veja, 2012) o
estudante de medicina, Mateus da Costa Meira, adentrou uma salas de cinema do
Shopping Morumbi, na cidade de São Paulo, portando uma submetralhadora Cobray
M-11. Em dado momento da exibição do filme, foi ao banheiro e realizou um disparo
contra o espelho, para testar a arma. Em seguida, voltou à sala de exibições, onde
disparou contra a plateia, provoncando a morte de 3 pessoas e ferindo outras 5.
Não houve tempo para intervenção policial, pois a arma apresentou
problemas de funcionamento e outras pessoas presentes no local, o dominaram e
detiveram.
Mateus, que sofria de esquizofrenia, havia comprado a arma de seu
motorista particular.
Na capital do Estado do Rio de Janeiro, em 07 de abril de 2011, de acordo
com o portal G1 (Ex-aluno armado invade escola municipal em Realengo e deixa
mortos e feridos, G1, 2011) Wellington Menezes de Oliveira, portando dois
revólveres, apresentou-se na Escola Municipal Tasso da Silveira, alegando que iria
proferir uma palestra aos alunos.
Ele se dirigiu a uma sala de aula da oitava série, onde havia estudantes de
12 a 14 anos, logo ao chegar, sacou uma das armas e começou a realizar disparos
contra os adolescentes. Depois passou a percorrer outras salas, em busca de mais
vítimas.
Policiais militares adentraram à escola e se depararam com Wellington, que
se dirigia ao último andar, onde estudavam as crianças de menor idade. Ao
visualizar os policiais, o atirador suicidou-se. Ele já havia matado 11 estudantes e
ferido 18, mas ainda contava com mais de 50 cartuchos para utilizar nos revólveres.
50

Posteriormente, foi encontrada uma carta do atirador, onde afirmava que


havia contraído o vírus HIV22 e que simpatizava com fundamentalistas religiosos.
Outros eventos ocorridos no Brasil podem ser considerados como crises
geradas por Atiradores Ativos, mas existe dificuldade em identificá-los, devido à falta
de doutrina brasileira sobre o assunto.
Porém, por meio de rápida verificação dos dois casos citados, é possível a
constatação de que são eventos imprevisíveis, ocorridos em locais que só guardam
identidade pelo número de pessoas em um mesmo lugar e o número de vítimas é
elevado.
Necessário se faz notar que, apenas dois atiradores, provocaram a morte de
14 pessoas e feriram 23, porém, apenas um deles (Wellington) havia planejado
detalhadamente o ataque. O que demonstra a alta capacidade homicida contida em
crises desse tipo.

22
Vírus que provoca a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, popularmente conhecida como AIDS.
51

4 A Escassez de Doutrina sobre Atirador Ativo no Brasil

4.1 Secretaria Nacional de Segurança Pública

A Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) mantém um rol de


cursos, em diversas áreas ligadas à segurança pública, os quais são oferecidos às
policias federais, como também às estaduais, desde que o Estado a que pertencem
esteja alinhado com a Matriz Curricular23 da SENASP. Isso indica que os currículos
de todos os cursos desenvolvidos pelas polícias do Estado, tem que estar de acordo
com os parâmetros estabelecidos por aquela matriz, o que ocorre, de acordo com a
introdução da própria Matriz Curricular, em 24 Estados brasileiros.
Dentre os cursos realizados pela SENASP, está o curso de Gerenciamento
de Crises, cuja principal sustenção doutrinária é a dissertação apresentada por
Souza, no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais da PMESP, em 1995.
Como já explicitado, aquela dissertação introduziu o Gerenciamento de
Crises no Brasil e se mantém atual e eficaz, no que diz respeito ao tratamento de
crises geradas por situações estáticas, como exemplo, uma ocorrência com reféns
ou uma rebelião em um presídio.
Porém, à época em que a dissertação de Souza foi produzida, ainda não
havia estudos sobre a divisão entre crises estáticas e dinâmicas, o que ocorreu
depois do episódio que ficou conhecido como Massacre de Columbine, em 1999.
Por isso, o currículo do curso de Gerenciamento de Crises da SENASP não
traz qualquer menção a ocorrências com Atirador Ativo e, consequentemente, ao
Sistema Dinâmico de Gerenciamento de Crises.
Necessário se faz constar que, o Ministério da Justiça (MJ), ao qual a
SENASP é subordinada, mantém um curso sobre Atirador Ativo, onde o denomina
Atirador Não-Controlado.
Segundo o currículo e o material disponibilizado, este curso é, quase na
totalidade, voltado à caracterização do Atirador Não-Controlado, às medidas a serem
adotadas pelas vítimas (potenciais e efetivas) e que a polícia deve responder

23
Linhas gerais curriculares, estabelecidas pela SENASP.
52

imediatamente ao evento. Consiste em tradução da IS-907, cartilha de


procedimentos criada e distribuída pela FEMA, nos EUA, que é o conteúdo
educativo com o qual a doutrina policial americana está adequada.
Porém, o curso do MJ não apresenta como deve ser realizada a resposta
policial, não define os passos a serem adotados e as técnicas que devem ser
aplicadas, o que demonstra não ser um curso voltado aos procedimentos policiais,
quando caracterizada uma crise causada por Atirador Ativo.
Quanto à questão de nomenclatura, cabe salientar que Atirador Não-
Controlado, foi encontrado apenas no curso oferecido pelo MJ, em todas as outras
fontes consultadas, é utilizado Atirador Ativo, denominação mundialmente
reconhecida.
Corroborando a utilização do nome Atirador Ativo, de acordo com a definição
apresentada pela FEMA, também utilizada no curso do MJ, é “[...]indivíduo
ativamente engajado em matar ou tentar matar[...]” (FEMA, IS-907, 2014) , pois o
atirador que empreende fuga ao se deparar com um policial, permanece fora de
controle, mas já não mais está ativamente engajado em seu objetivo de matar,
portanto, deixa de ser Atirador Ativo.

4.2 Polícia Militar do Estado de São Paulo

Como já citado, a PMESP foi pioneira, dentre as polícias brasileiras, a inserir


em sua doutrina o gerenciamento de crises, em 1995, por meio de dissertação
produzida pelo então Cap PM Wanderley Mascarenhas de Souza, tendo como
principal fonte a doutrina difundida pelo FBI.
Atualmente, o órgão responsável por estudar, desenvolver e difundir o
gerenciamento de crises na PMESP, é a 2ª Companhia do 4º Batalhão de Polícia de
Choque, denominada Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE).
Para tanto, o GATE ministra os seguintes cursos: Ações Táticas Especiais,
Gerenciamento de Crises, Negociação em Crises com Reféns e Atendimento de
Ocorrências com Artefatos Explosivos, que são oferecidos aos integrantes da
PMESP e de outras corporações policiais.
53

Na grade curricular do curso de gerenciamento de crises, encontram-se as


seguintes matérias: Doutrina Operacional de Gerenciamento de Crises,
Planejamento de Ocorrências de Alto Risco, Psicologia Aplicada ao Gerenciamento
de Crises, Gerenciamento de Crises em Estabelecimentos Prisionais, Alternativas
Táticas, Gerenciamento de Crises em Ocorrências Envolvendo Artefatos Explosivos,
Estudos de Casos, Legislação de Ocorrências de Alto Risco e Relacionamento com
a Mídia e Crises de Imagem.
Dentre os objetivos da matéria Doutrina Operacional de Gerenciamento de
Crises, está o de capacitar o aluno a utilizar a doutrina internacional de
gerenciamento de crises.
No conteúdo programático dessa matéria constam tópicos relativos a
princípios básicos, objetivos, classificação dos graus de risco e níveis de resposta,
tipos de causadores de eventos críticos e sua periculosidade, fases do
gerenciamento de crises, difusão doutrinária, resposta imediata, responsabilidades
do gerente da crise, posto de comando e a resolução da crise.
Segundo o Cap PM Paulo Augusto Aguilar24, o conteúdo transmitido como
resposta imediata é relativo aos atos de contenção e isolamento, praticados pelos
primeiros policiais que tomam contato com a crise, objetivando fornecer condições
para que a equipe especializada possa atuar frente à crise, chegando à resolução.
No currículo do curso não há qualquer menção sobre o Atirador Ativo, sua
definição ou sua cacterização como crise.
Além dos desenvolvidos pelo GATE, o Gerenciamento de Crises está
presente, como matéria, em mais 9 cursos da Instituição. O que demonstra que o
assunto está disseminado na base doutrinária da PMESP, mas, segundo o Cap PM
Gustavo Packer Mercadante, atual comandante do Esquadrão de Bombas, do 4º
BPChq25, ainda não conta com a definição de sistemas estático e dinâmico, em
gerenciamento de crises.
Algo que poderia ser aceito como tendo incluso o Atirador Ativo é a Diretriz
nº PM3-001/02/13, que classifica a ação terrorista como ocorrência crítica e dentro
das ações terroristas, cita a que é realizada por meio de homicídios.

24
Entrevista constante do Apêndice A.
25
Entrevista constante do Apêndice E.
54

Certamente que o conceito de Atirado Ativo não é completamente abrangido


na definição de ação terrorista, visto que aquele pode surgir de causas diferentes da
terrorista.
A própria diretriz determina que as ações a serem praticadas, quando no
caso de ações terroristas que envolvam homicídios, só deverão resultar em
acionamento do GATE, quando deliberado pelo Comando Geral (CmtG) da PMESP,
sequência que vai de encontro ao que se define como Sistema Dinâmico, pois
demanda tempo.
55

5 Proposta

A PMESP, como instuição policial, pioneira no desenvolvimento de diversas


áreas de conhecimento, voltadas à segurança pública, por ser incumbida
constitucionalmente da preservação da ordem pública no Estado de São Paulo, tem
o dever de inserir o Sistema Dinâmico de Gerenciamento de Crises em sua base
doutrinária, bem como em suas normas e protocolos de atendimento, para tornar-se
capaz de prestar a melhor solução possível em ocorrências geradas por Atirador
Ativo.

5.1 Doutrina

Atualmente, a doutrina da PMESP em gerenciamento de crises é formada,


além do conteúdo transmitido por um curso de especialização em Gerenciamento de
Crises, desenvolvido pelo GATE, por matérias constantes nos cursos de: Bacharéu
em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública, Mestrado em Ciências
Policiais de Segurança e Ordem Pública, Técnico de Polícia Ostensiva e
Preservação da Ordem Pública, Tecnólogo de Polícia Ostensiva e Preservação da
Ordem Pública, Docência para Tiro Defensivo na Preservação da Vida - Método
Giraldi, Especialização Policial em Policiamento com Motocicletas, Especialização
Policial em Policiamento de Eventos, Especialização Policial em Força Tática,
Especialização Policial em Policiamento de Trânsito Rodoviário, Especialização
Policial em Crises com Reféns, Especialização Policial em Crises Envolvendo
Reféns e Propósitos Suicidas e Especialização Policial em Ações Táticas Especiais.
Essa doutrina é alicerçada por trabalhos científicos elaborados por oficiais
da própria instituição, seja no Mestrado, ou no Doutorado em Ciências Policiais de
Segurança e Ordem Pública, mormente a apresentada por Souza (Souza, 1995),
que também é a principal fonte do currículo do curso de Gerenciamento de Crises,
realizado pela SENASP.
56

Todo esse arcabouço é atual e de emprego eficiente, nas crises geradas por
situações estáticas, mas pode ser ampliado pelos estudos das melhores respostas
possíveis a situações dinâmicas.
Para que os assuntos: Atirador Ativo e Sistema Dinâmico de Gerenciamento
de Crises, venham a ser de conhecimento generalizado do público interno da
PMESP, necessário se faz que sejam inseridos, tanto no curso de especialização
realizado no GATE, como também nos cursos de formação onde já existe a matéria
Gerenciamento de Crises.
A fim de atingir o efetivo já formado, pode ser utilizada a Instrução
Continuada de Comando (ICC)26, apenas como notícia e transmissão da
conceituação teórica, permanecendo a necessidade de instrução prática específica.
Conforme verificado nas entrevistas presentes nos apêndices, em especial B
(Eric Beranger, Comandante Operacional do Recherche Assistance Intervention
Dissuason, da Polícia Nacional Francesa) e C (Edward Lewiss, Chefe de Equipe de
Assuntos Internos, do Departamento de Polícia de Miami), a fonte mais rica de
conhecimentos sobre tais assuntos, é a doutrina geral norte-americana, referencial
bibliográfico deste trabalho e principal subsídio do descrito subtítulo 5.3.

5.2 Normatização

Antes de ser feita alguma proposta em relação a normas, necessário se faz,


verificar quais deveriam ser alteradas.
A CF, em seu art. 142, determina às policias militares dos estados, a polícia
ostensiva e a preservação da ordem pública.
Em relação às leis infra-constitucionais, não há qualquer necessidade de
inovação, visto que o art. 121 do Código Penal Brasileiro criminaliza o ato de matar
alguém.

26
Instrução Continuada de Comando, utilizada para atualização e manutenção de instruções, de
modo padronizado, para toda a PMESP.
57

Num primeiro momento, poderia haver o entendimento de que deveria ser


alterada a Resolução SSP-13, de 5 de fevereiro de 201027 porém, este mandamento
regula especificamente o atendimento de ocorrências com reféns, o que difere do
tema em estudo.
Um Atirador Ativo não mantém reféns, não busca utilizar pessoas para
obtenção de facilidades ou vantagens, seu objetivo é o de matar pessoas.
Portanto a única norma encontrada, passível de alteração, é a Diretriz PM-3
nº 001/02/1328.
Dentre a sequência de atos necessária à resposta ao Atirador Ativo, está o
acionamento de equipe especializada, o que, na PMESP, é o GATE.
A diretriz conta com vários conceitos relativos ao Gerenciamento de Crises,
aos quais podem ser acrescidos os de: Atirador Ativo, Sistema Estático e Sistema
Dinâmico, de Gerenciamento de Crises.
Propostas para conceitos:
Atirador Ativo: Indivíduo armado e efetivamente engajado em matar, ou
tentar matar, o maior número possível de pessoas.
Sistema Estático de Gerenciamento de Crises: Gerenciamento que se
inicia por contenção e isolamento. Utilizado em crises fixas a um local, ou cujos
causadores não tem como objetivo principal, promover mortes.
Sistema Dinâmico de Gerenciamento de Crises: Gerenciamento realizado
por meio de ações rápidas e diretas, que visam neutralizar uma ação mortalmente
agressiva em local com várias vítimas potenciais. Utilizado em crises causadas por
Atirador(es) Ativo(s).
No item referente aos procedimentos gerais, prévios à intervenção do GATE,
pode ser inserida a sequência de ações a ser perpetrada, como resposta ao Atirador
Ativo, que será descrita no próximo subtítulo.
Vital para o sucesso da efetividade de tais alterações, é que o público
interno da PMESP já tenha recebido ensinamentos, teóricos e práticos, a respeito
desse assunto.

27
Regula o atendimento de ocorrências com reféns, por parte das polícias civil e militar, no âmbito do
Estado de São Paulo.
28
Regula quais ocorrências exigem a intervenção do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE), no
âmbito da PMESP.
58

5.3 Resposta ao Atirador Ativo

De acordo com Williams (Williams, 2007. pg 18), em caso de Atirador Ativo,


as prioridades da polícia são: fazer cessar a capacidade letal do atirador, preservar
as vidas dos que se encontram nas proximidades do atirador e contenção da crise.
Observando-se que, a segunda prioridade é atendida, tão logo a primeira seja
colocada em prática.
Para tanto, Wiliams e McCarthy (Procedures and Tactics for Patrol and
SWAT in response to Active Shooters, Tactical Edge, spring, 2000. pg. 12)
descrevem uma sequência de ações, que está de acordo com os demais autores
norte-americanos pesquisados (exceto os que defendem a atuação de policial
isolado), na qual faremos as adaptações necessárias para se adequar às
nomenclaturas utilizadas na PMESP.
Fator primordial é o conhecimento, por parte de todo o corpo policial, do que
seja uma ocorrência de Atirador Ativo e o que a difere de uma crise com reféns, ou
seja, saber identificar que se trata de indivíduo armado que busca matar as pessoas
que estiverem ao alcance.
A partir da constatação deste tipo de crise (dinâmica) a guarnição policial
deve procurar, com rapidez, obter informações de qualquer fonte possível: pessoas
em fuga, seguranças e funcionários do local, ao mesmo tempo em que verifica se
ainda há sons de disparos de arma de fogo, identificando de onde partem esses
sons.
Em seguida, transmite os dados colhidos, por rádio, ao Centro de
Operações, que deverá reunir todas as informações, para subsidiar o controle das
ações e tomar as medidas para acionamento do GATE.
Assim que houver, no mínimo, 4 policiais, estes devem adentrar o local, em
formação diamante, buscando contato direto com o atirador. Esta equipe será
denominada Equipe de Intervenção, sempre formada pelos 4 primeiros policiais que
se apresentam no local de crise, pois a velocidade da resposta é a ação capaz de
limitar a capacidade letal do atirador.
59

O COPOM29 deve ser cientificado, sobre o local por onde a Equipe de


Intervenção iniciará sua atuação e em qual sentido ela irá prosseguir, pois é
informação de extrema importância para todos os policiais que vierem a ser
envolvidos na ação.
Na formação diamante, a Equipe de Intervenção deve se postar em formato
de losango, sendo que cada integrante se responsabiliza pela segurança de
determinada direção, abrangendo 360º de observação.
Cada posição é nomeada da seguinte maneira: 1 – Ponta, responsável pela
visualização à frente e pelo trajeto que será seguido; 2 – Ala Esquerda, cuida da
segurança à esquerda; 3 – Ala Direita, segurança à direita e 4 – Retaguarda, que
deve manter a visualização de toda a área que ficar para trás da equipe.
Na Figura 1 é possível observar a formação e o posicionamento de cada
integrante.
Figura 1 – Formação Diamante.

Fonte: Arquivo pessoal, Cb PM Alex Pereira Batista, do 24º BPM/I.


Não há unanimidade quanto a qual posição deve ocupar o comandante da
equipe, para Wiliams (Wiliams, 2012), seria um dos Alas, já para Parker (Parker,

29
Centro de Operações Policiais Militares, responsável pelo atendimento de chamadas no número
telefônico 190, despacho de guarnições policiais e rede de rádio.
60

2012), seria o Ponta, com quem concordamos, por encontrar maior mobilidade,
quando no deslocamento por corredores, como também, por ser quem dará a
direção a ser seguida pelo grupo.
Sempre que possível, pelo menos um dos integrantes da equipe deve se
utilizar de fuzil no calibre 5,56, submetralhadora .40 ou carabina .30, que são as
atuais armas de dotação da PMESP, capazes de propiciar disparos mais precisos,
trazendo menor risco às pessoas próximas.
Outro fator que corrobora o emprego dessas armas é o citado por Blair e
Martaindale (Blair e Martaindale, 2013), sobre a maioria dos confrontos se dar em
distâncias maiores que a do treinamento policial rotineiro, que é de 5 metros para os
policiais militares do Estado de São Paulo, conforme o previsto no Tiro Defensivo
para Preservação da Vida-Método Giraldi.30
Diferentemente da opinião de Osborn (Single officer response to active
shooters, Tactical Edge, spring 2010. pg. 38), entendemos que o policial não deve
agir de forma isolada, pois sozinho, não será capaz de cumprir as tarefas que se
impõe à Equipe de Intervenção, sem deixar de lado sua própria segurança, o que é
condenável, segundo o Cel PM Nilson Giraldi (Giraldi, M-19-PM, 2013. pg. 27) que
entende ser impossível ao policial proteger vidas, enquanto não está em condições
de preservar a sua própria.
Ao se deslocar por corredores, a equipe deve passar para a Formação T, em
que o Ponta e os Alas voltam-se para à frente (dividindo 180º de responsabilidade) e
o Retaguarda permanece de costas para eles (cobrindo os outros 180º), como pode
ser observado na Figura 2.

30
Método de tiro policial desenvolvido pelo Cel PM Nilson Giraldi, adotado pela PMESP.
61

Figura 2 – Formação T.

Fonte: Arquivo pessoal, Cb PM Alex Pereira Batista, do 24º BPM/I.


Fato a ser ressaltado é que, enquanto busca pelo atirador, a equipe não
obedece ao princípio de varrer cada cômodo que encontra, mas sim, desloca-se
diretamente no sentido do local onde ocorrem os disparos, por isso deve ser mantido
um integrante, protegendo à retaguarda. A motivação desta tática é a necessidade
de contato, no menor tempo possível, com o atirador, impedindo-o de continuar com
em seu intento de matar.
A comunicação por rádio, durante todo o tempo, é imprescindível, pois a
Equipe de Intervenção não promove o socorro de feridos, mas informa a localização
e situação destes, para que uma Equipe de Socorro possa atendê-los.
Se a Equipe de Intervenção localizar algum objeto que suspeite se tratar de
explosivo, deverá identificá-lo e também informar, por rádio, sua localização, para
que o efetivo do GATE tome as providências necessárias, quando possível.
Ao conseguir contato com o Atirador Ativo, a equipe deve agir para impedir a
continuidade da realização de disparos contra as pessoas do local.
Caso o atirador continue a disparar contra as pessoas ou comece a disparar
contra os policiais, estes devem fazer uso de suas armas de fogo, com o objetivo de
fazer cessar a atividade letal do atirador.
62

Na hipótese de o atirador entregar-se ou ser contido pela equipe, os policiais


realizam sua detenção e o conduzem até a área externa, quando um dos alas o
conduz e os demais mantém a observação de todas as direções, pois o local ainda
não se encontra em segurança. Conforme a Figura 3.
Figura 3 – Condução de detido.

Fonte: Arquivo pessoal, Cb PM Alex Pereira Batista, do 24º BPM/I.


Quando o atirador empreende fuga, cabe aos policiais tentarem acompanhá-
lo, sempre comunicando tal fato por meio do rádio, a fim de possibilitar a promoção
de cerco.
Se a equipe perder contato visual com o criminoso, apenas seguirá até o
limite da área atingida pela crise, que deve ser totalmente verificada.
Se o atirador fizer reféns ou demonstrar a intenção de se suicidar, a crise
passa a ser estática e passa a ser obedecida a sequência do Sistema Estático, em
que caberá àqueles policiais observar os procedimentos de contenção, isolamento e
diálogo com o causador, enquanto aguardam a chegada do GATE.
Equipe de Socorro é a segunda a adentrar o local da crise, com o mesmo
número de integrantes e também em formação diamante (ou T, conforme o caso),
guia-se pelas informações prestadas pela Equipe de Intervenção, visando o socorro
de feridos e retirada de inocentes, desde que a situação o permita. A Equipe de
Socorro é formada por policiais, pois, se necessário, deve adentrar o local de crise
antes de o atirador ser contido.
Os integrantes desta equipe devem verificar a real necessidade de retirada
de cada ferido, ou se está em condições de aguardar a possibilidade de efetivo de
63

socorristas especializados, do Corpo de Bombeiros ou do Serviço Médico de


Urgência (SAMU).
Se for necessário o socorro imediato, a vítima será conduzida pelos Alas,
sob proteção do Ponta e do Retaguarda, conforme a Figura 4.
Figura 4 – Socorro de ferido.

Fonte: Arquivo pessoal, Cb PM Alex Pereira Batista, do 24º BPM/I.


Entende-se que a retirada de pessoas somente poderá ocorrer se houver
condições de segurança que possibilitem conduzi-las por área não abrangida pela
atuação do atirador, aliado à necessidade de que os policiais envolvidos possam
realizar o efetivo controle da situação e proteção das vítimas.
Caso a Equipe de Socorro se depare com o atirador, as funções são
trocadas e esta passa a funcionar como Equipe de Intervenção.
Assim que chegar ao local da crise, se ainda não foi possível deter a ação
do atirador, o GATE, por se tratar de efetivo especializado, assume o controle das
ações e dá continuidade na busca do causador, a partir dos pontos onde se
encontram as Equipes de Intervenção e Socorro.
64

Logo que seja atingido o objetivo de fazer cessar a ação do Atirador Ativo, é
realizada varredura em toda a extensão da área, em busca de outros possíveis
atiradores e explosivos.
Anterior à chegada do GATE, nenhum outro policial deverá adentrar o local
de crise, além das Equipes de Intervenção e Socorro.
Todo o restante de efetivo deslocado para a ocorrência deverá realizar
contenção e isolamento, como também organizar áreas para o atendimento e
identificação de vítimas que saem do local de crise, Posto de Comando, imprensa,
viaturas de socorro e de outros órgãos que venham a ser empregados, nos mesmos
moldes do que já é realizado durante o gerenciamento de qualquer outra crise.
Para que haja possibilidade de sucesso, no emprego dessa sequência de
ações, se faz necessário amplo conhecimento dos procedimentos, por parte de todo
o efetivo policial.
Em uma crise gerada por Atirador Ativo, enquanto este não tem sua ação
detida, é comum haver pessoas correndo e gritando, feridos graves, mortos e,
portanto a organização da resposta policial é vital para sua eficiência, o que não
será possível sem a realização de instrução, antes da eclosão deste tipo de
ocorrência.
A presença de policiais, além das Equipes de Intervenção e Socorro e do
GATE, no interior do local de crise, principalmente em trajes civis e não identificados,
pode provocar dúvidas ou incidentes, com resultados negativos irreversíveis.
O responsável pela equipe do GATE no local é quem poderá considerar a
crise como resolvida, para que se possa determinar o encerramento da atuação da
PMESP, naquela situação.
65

Conclusão

A presente dissertação consiste no resultado de pesquisa realizada em


obras e artigos relacionados a um fato mundialmente reconhecido, o Atirador Ativo,
sua caracterização como crise em segurança pública e a forma mais eficaz de
responder a ele, por meio de Sistema Dinâmico de Gerenciamento de Crises.
O Atirador Ativo é fenômeno popularmente conhecido, não pela
nomenclatura, mas por sua atuação, em geral identificado como indivíduo que, após
sofrer bullying na adolescência, adentra uma escola e dispara com arma de fogo,
contra todos que encontra e se tem noção de que ocorre, na maioria das vezes, nos
Estados Unidos da América.
Essa idéia geral tem suas razões de existir, mas também traz grande carga
de ignorância sobre o fato.
As razões estão relacionadas ao grande número de casos existente nos
EUA, dentre os quais, o que ficou conhecido como Massacre de Columbine, que
ocorreu em uma escola e foi amplamente divulgado pela imprensa mundial, tanto
que provocou o início de estudos que culminaram no atual protocolo policial, de
atendimento para este tipo de ocorrência.
Apesar de, nos EUA, terem ocorrido mais casos desse tipo, do que
comparado ao somatório de todos os outros países, não foi lá que se registraram
situações com o maior número de vítimas fatais.
Grupos terroristas, em vários lugares, passaram a utilizar-se de Atiradores
Ativos, devido à comoção causada pelos resultados desse tipo de tática e da
dificuldade de atuação que impõe às policias e às forças armadas.
A proximidade do atirador com as vítimas e sua continuidade na ação contra
elas, obrigam atitudes na resposta policial que, em princípio, se opõem: cautela,
velocidade e energia.
Em princípio porque, a partir do momento em que o policial, por meio de
estudo e treinamento, encontra-se preparado para esse tipo de situação, saberá
reconhece-la e agir rápida e energicamente, na sua resolução.
66

Outro aspecto importante a ser observado é que a maior parte das


ocorrências de Atirador Ativo não se deu em escola, mas em locais de comércio,
provocadas por desentendimentos em relações de trabalho.
Portanto, existem vários motivadores para que um indivíduo haja como
Atirador Ativo e esta ação pode se dar nos mais variados locais, o que potencializa a
possibilidade desse fato ocorrer.
A imprevisibilidade de uma ocorrência com um Atirador Ativo, a rapidez com
que pratica sua ação delituosa e o risco que traz para diversas vidas, a tornam uma
crise em segurança pública, o que impõe a utilização do Gerenciamento de Crises.
Criado a partir de 1993, nos EUA e introduzido no Brasil em 1995, pelo Cel
PM Wanderley Mascarenhas de Souza, o Gerenciamento de Crises se traduz em um
conjunto ordenado de ações que visam salvar vidas e aplicar a lei.
Gerenciamento de Crises sempre ensejou a atuação de equipe
especializada no contato direto com o causador da crise, permanecendo as funções
de contenção e isolamento para os demais policiais, o que aumentou a obtenção de
sucesso na resposta a ocorrências críticas.
Porém, o crime evolui constantemente, as práticas delituosas são
aperfeiçoadas em busca de suplantar a capacidade estatal, tanto em meios, quanto
em táticas.
Isso foi demonstrado para o mundo no ano de 1999, no que ficou conhecido
como Massacre de Columbine, em que a polícia local seguiu todos os preceitos do
que existia em Gerenciamento de Crises, à época, mas o resultado, 13 homicídios e
2 suicídios, após a chegada da polícia, ficou muito distante dos objetivos de salvar
vidas e aplicar a lei.
Num primeiro momento, aquele acontecimento teria provocado a
constatação de que as regras do Gerenciamento de Crises não atingiam mais sua
finalidade, o que seria precipitado afirmar.
Estudos trouxeram outras conclusões, de que, para determinado tipo de
crise, as regras gerenciais devem sofrer adaptações e que o ator principal na
identificação da crise em que isso é necessário, deve ser o primeiro policial que
toma contato com ela.
A partir daí, o Gerenciamento de Crises foi dividido em dois sistemas:
Estático e Dinâmico.
67

O Sistema Estático é aplicável a situações com reféns, explosivos, suicidas,


ações terroristas e outras que, além de se adequarem às características de uma
crise, podem e devem ser restringidas a determinada área, o que contribuirá com a
preservação de vidas.
Já o Sistema Dinâmico é destinado a ocorrências geradas pela atuação de
Atirador Ativo, seja qual for sua causa (psicológica, terrorista ou criminal), em que
neutralizar a ação do causador é primordial, pois seu confinamento com possíveis
vítimas, só irá produzir maior número de mortes.
Sempre que, de um tipo de crise, outra surgir, é necessário que os policiais
presentes sejam capazes de perceber e identificar qual sistema deva ser utilizado.
Os sistemas não se substituem, mas são complementares, na constante
busca pela preservação da ordem pública e a ação de equipe especializada nunca é
afastada, pois atuará sempre que estiver no local, além do que, é a responsável por
considerar a crise finalizada.
Nenhuma resposta para qualquer ação criminosa é garantia de total
sucesso, porque trata-se de situações com diversas variáveis que fogem ao controle
da polícia.
Contudo, a atualização constante do corpo policial, por meio de: estudo,
treinamento e empenho, aumenta a probabilidade de êxito, o que, por si só, faz com
que seja imperativo à Administração Pública manter a polícia preparada para
situações já conhecidas.
Como principal fonte deste estudo, os EUA lidam com Atiradores Ativos com
certa constância e a utilização da doutrina, que as polícias daquele país
desenvolveram, tem produzido resultados positivos.
Diante de todo o material pesquisado e das entrevistas realizadas, verifica-
se que, para ocorrência com Atiradores Ativos, é impositivo o emprego do Sistema
Dinâmico de Gerenciamento de Crises.
68

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72

APÊNDICE A – Entrevista

Entrevistado: Paulo Augusto Aguilar


Instituição: Polícia Militar do Estado de São Paulo
Cargo/Função: Cap PM/Ch Div Adm CPChq Int

1. Qual sua experiência em Gerenciamento de Crises?

2. Está familiarizado com a expressão Atirador Ativo?

3. Conhece o conceito de Sistema Dinâmico de Gerenciamento de


Crises? Pode descrevê-lo?

4. A doutrina de Gerenciamento de Crises da PMESP trata sobre o


Atirador Ativo?

5. Em sua opinião, a PMESP está preparada para atender de forma


satisfatória a uma ocorrência gerada por Atirador Ativo?

6. Qual procedimento deveria ser utilizado para atender a uma


ocorrência gerada por Atirador Ativo?

7. Qual seria a melhor fonte para obtenção de conhecimentos sobre o


gerenciamento desse tipo de crise? Por quê?
73

APÊNDICE B – Entrevista

Entrevistado31: Eric Beranger


Instituição: Polícia Nacional Francesa
Cargo/Função: Coronel/Comandante Operacional do Recherche Assistance
Intervention Dissuason

1. Qual sua experiência em Gerenciamento de Crises?

2. Está familiarizado com a expressão Atirador Ativo?

3. Conhece o conceito de Sistema Dinâmico de Gerenciamento de


Crises? Pode descrevê-lo?

4. A polícia francesa mantém doutrina sobre resposta a Atirador Ativo?

5. Qual procedimento sua instituição utilizaria para atender a uma


ocorrência gerada por Atirador Ativo?

6. Qual seria a melhor fonte para obtenção de conhecimentos sobre o


gerenciamento desse tipo de crise? Por quê?

31
Traduzida pelo 1º Ten PM Celso Ricardo, intérprete de francês da PMESP.
74

APÊNDICE C – Entrevista

Entrevistado32: Edward Lewiss


Instituição: Departamento de Polícia de Miami
Cargo/Função: Sargento/Chefe de Equipe de Assuntos Internos

1. Qual sua experiência em Gerenciamento de Crises?

2. Dentro dessa área, instrui seu pessoal, em relação à resposta ao


Atirador Ativo?

3. Utilizaria o Sistema Dinâmico de Gerenciamento de Crises, quando


no atendimento de ocorrência com Atirador Ativo?

4. Como se daria a sequência de ações?

5. É possível manter o nível de resposta, com um número menor de


policiais?

6. Existe a possibilidade de reduzir o tempo, para a chegada de 4


policiais?

7. Considera a polícia dos EUA como a melhor fonte de doutrina sobre


Atirador Ativo?

32
Tradução nossa.
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APÊNDICE D – Entrevista

Entrevistado: Ricardo Orlandi Folkis


Instituição: Polícia Militar do Estado de São Paulo
Cargo/Função: Capitão PM/ Comandante do GATE

1. Qual sua experiência em Gerenciamento de Crises?

2. O que entende pela expressão Atirador Ativo?

3. Pode conceituar Sistema Dinâmico de Gerenciamento de Crises?

4. Entende o Sistema Dinâmico como o mais adequado para a resposta


a um Atirador Ativo? Por quê?

5. A PMESP mantém doutrina sobre Atirador Ativo?

6. A Instituição, PMESP, está preparada para atender de forma eficiente


a uma ocorrência gerada por Atirador Ativo? Por quê?

7. Na doutrina mundial, qual seria a melhor fonte para obtenção de


conhecimentos sobre o gerenciamento desse tipo de crise? Por quê?
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APÊNDICE E – Entrevista

Entrevistado: Gustavo Packer Mercadante


Instituição: Polícia Militar do Estado de São Paulo
Cargo/Função: Capitão PM/ Comandante do Esquadrão de Bombas da
PMESP

1. Qual sua experiência em Gerenciamento de Crises?

2. O que entende pela expressão Atirador Ativo?

3. Conhece o conceito de Sistema Dinâmico de Gerenciamento de


Crises? Pode descrevê-lo?

4. O Sistema Dinâmico seria o adequado para a resposta a um Atirador


Ativo? Por quê?

5. A atual doutrina em Gerenciamento de Crises da PMESP trata sobre


o Atirador Ativo?

6. Em sua opinião, a PMESP está preparada para atender de forma


eficiente a uma ocorrência gerada por Atirador Ativo? Por quê?

7. Qual poderia ser a sequência de ações a serem desencadeadas pela


PMESP, quando da eclosão de ocorrência gerada por Atirador Ativo?

8. Qual seria a melhor fonte para obtenção de conhecimentos sobre o


gerenciamento desse tipo de crise? Por quê?
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APÊNDICE F – Entrevista

Entrevistado: Élio Ramos da Silva


Instituição: Polícia Militar do Estado de São Paulo
Cargo/Função: 3º Sargento PM/ Comandante de Equipe

1. Qual sua experiência em Gerenciamento de Crises?

2. O que entende pela expressão Atirador Ativo? Já ocorreu no Brasil?

3. Conhece o conceito de Sistema Dinâmico de Gerenciamento de


Crises? Pode descrevê-lo?

4. O Sistema Dinâmico seria o mais adequado para a resposta a um


Atirador Ativo? Por quê?

5. A atual doutrina em Gerenciamento de Crises da PMESP trata sobre


o Atirador Ativo?

6. A PMESP está preparada para atender de forma eficiente a uma


ocorrência gerada por Atirador Ativo? Por quê?

7. Qual poderia ser a sequência de ações a serem desencadeadas pela


PMESP, quando da eclosão de ocorrência gerada por Atirador Ativo?

8. Qual seria a melhor fonte para obtenção de conhecimentos sobre o


gerenciamento desse tipo de crise? Por quê?
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APÊNDICE G – Procedimento Operacional Padrão (POP)

MAPA DESCRITIVO DE PROCESSO

NOME DO PROCESSO: OCORRÊNCIA COM ATIRADOR ATIVO


MATERIAL NECESSÁRIO
1. Uniforme Operacional.
2. Revólver ou Pistola, com seus respectivos carregadores.
3. Algemas, com a chave.
4. Apito.
5. BO/PM.
6. Caneta.
7. Colete Balístico.
8. Espargidor de gás pimenta.
9. Material para anotações (bloco ou agenda de bolso).
10. Lanterna pequena, para cinto preto.
11. Rádio portátil, móvel ou estação fixa.
12. Bastão tonfa.
13. Canivete multi-uso.
14. Luvas descartáveis.

ETAPAS PROCEDIMENTOS
Conhecimento 1. Conhecimento da ocorrência (Vide
POP Nº 1.01.01).
Deslocamento 2. Deslocamento para o local da
ocorrência (Vide POP Nº 1.01.02).
Chegada ao local 3. Chegada ao local da ocorrência (Vide
POP Nº 1.01.03)
Adoção de medidas específicas 4. Atuação no local
Condução 5. Condução da(s) parte(s) (Vide POP
Nº 1.01.07)
Apresentação da ocorrência 6. Apresentação da ocorrência na
Repartição Pública competente (Vide
POP Nº 1.01.08).
Encerramento 7. Encerramento da ocorrência (Vide
POP Nº 1.01.09).
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POLÍCIA MILITAR DO OCORRÊNCIA COM PROCESSO:


ESTADO DE SÃO ATIRADOR ATIVO PADRÃO Nº
PAULO ESTABELECIDO EM:
NOME DO PROCEDIMENTO: Atuação no local. REVISADO EM:
RESPONSÁVEL: Equipe de Atendimento da Nº DA REVISÃO:
Ocorrência.
ATIVIDADES CRÍTICAS
1. Coleta de dados.
2. Confirmação da presença de pessoa com características de Atirador Ativo.
SEQUÊNCIA DE AÇÕES
1. Ao receber uma chamada, de uma pessoa pela rua, para o atendimento de
ocorrência de Atirador Ativo, cientificar o Centro de Operações.
2. No local, procurar constatar sons de disparos de arma de fogo e inteirar-se do
que de fato está acontecendo, por meio de contato com o responsável do local ou
possíveis vítimas para verificar a veracidade da ameaça.
3. Caracterizada a ameaça como Atirador Ativo, cientificar o Centro de Operações e
solicitar apoio de mais guarnições (para subir o número de policiais militares para
04) e do GATE.
4. Quando estiver, com no mínimo, 4 policiais militares, adentrar o local, em
Formação Diamante (ou Formação T), identificando-se como Equipe de
Intervenção.
5. Seguir diretamente os sons de disparos, ou informações colhidas das pessoas
presentes, em busca de contato com o Atirador Ativo, mantendo segurança em
todas as direções.
6. Cientificar o Centro de Operações a respeito da localização de cada ferido que
encontrar pelo caminho.
7. O próximo grupo formado por mais 4 policiais militares adentra o local, para
socorrer os feridos, identificando-se com Equipe de Socorro.
8. Ao localizar o Atirador Ativo, se este ainda estiver disparando contra as pessoas,
ou passar a disparar contra a equipe, utilizar a energia necessária para impedi-lo.
9. Caso o atirador cesse os disparos e faça reféns ou demonstre intenção suicida,
realizar contenção, isolamento, manter diálogo e cientificar o Centro de Operações.
10. Se o atirador empreender fuga, cientificar o Centro de Operações e segui-lo, a
80

fim de detê-lo, somente até um ponto em que não deixe o local à mercê de um outro
possível atirador.
11. Após garantir que o Atirador Ativo não tenha mais condições de fazer novas
vítimas, iniciar a desocupação do local, de forma controlada e ordenada.
12. Quando a equipe do GATE chegar ao local, transmitir-lhe a atuação no local.

RESULTADOS ESPERADOS
1. Que toda a ação seja organizada sob critérios objetivos e técnicos e não somente
pautada pelo temor das outras pessoas envolvidas.
2. Que o Atirador Ativo não faça novas vítimas após a chegada da Polícia Militar no
local.
2. Que se neutralize a capacidade letal do Atirador Ativo.
3. Que feridos e outras possíveis vítimas sejam retiradas do local em segurança.
4. Que a ocorrência seja transmitida, de modo técnico e ordenado, ao GATE.
AÇÕES CORRETIVAS
1. Sempre que possível, além de adentrar o local, mantê-lo isolado na maior
distância possível, de acordo com efetivo disponível.
2. Todo o deslocamento, em busca de contato com o Atirador Ativo, deve ser
realizado de forma tática e disciplinada, mantendo a segurança da equipe em todas
as direções, a fim de preservar a integridade física dos policiais militares e de outras
pessoas no local.
3. Quando for possível, as pessoas retiradas do local, não devem ser liberadas,
mas sim direcionadas a uma zona de concentração, previamente determinada, para
revista e qualificação.
4. O oficial responsável pela equipe do GATE é a autoridade técnica para definir o
momento em que o local encontra-se em segurança, para retorno das atividades
normais.
5. Tratando-se de ameaça falsa, orientar para que a pessoa/local ameaçado retorne
à rotina normal, sugerir ao responsável que compareça ao Distrito Policial da área,
para registro de Boletim de Ocorrência.
POSSIBILIDADES DE ERRO
1. Não contatar responsável pelo local, a fim de obter dados suficientes, que
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caracterizem o Atirador Ativo.


2. Não avaliar técnica e objetivamente a ocorrência.
3. Adentrar o local com efetivo diferente de 4 policiais militares ou sem a devida
técnica.
4. Promover a retirada de pessoas, antes de garantir sua segurança.
5. Não cientificar o Centro de Operações sobre os locais onde se encontram os
feridos.
6. Após encontrar o Atirador Ativo, não agir de modo a impedir que ele faça novas
vítimas.
7. Após a chegada do GATE, não transmitir a ocorrência e continuar atuando no
interior do local.

ESCLARECIMENTOS:
Objetivo do contato: constatar o grau de veracidade da ameaça, se real ou falsa.
Esta é uma conclusão de qualquer policial militar e será sempre subjetiva, pautada
pelas informações que colher. Porém, dependente do conhecimento do policial
militar sobre o significado de Atirador Ativo.
Atirador Ativo: Indivíduo armado e efetivamente engajado em matar, ou tentar
matar, o maior número possível de pessoas. Em geral, provoca grande número de
mortes em curto espaço de tempo, o que determina resposta policial dinâmica.
Formação Diamante: Equipe com, no mínimo, 4 integrantes (Ponta, Ala Direita, Ala
Esquerda e Retaguarda), posicionados no formato de um losango, mantendo sua
atenção voltada para o exterior, o que propicia visualização e segurança em todas
as direções, para utilização pelas equipes de Intervenção e Socorro.
Formação T: Variação da Formação Diamante, em que o Ponta e os Alas voltam-se
para a frente (dividindo 180º de responsabilidade) e o Retaguarda permanece de
costas para eles (cobrindo os outros 180º), para utilização pelas equipes de
Intervenção e Socorro, quando em deslocamento por corredores.
82

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE DIAGNÓSTICO DO TRABALHO


SÃO PAULO OPERACIONAL
SUPERVISOR: SUPERVISIONADO:
DATA:____/___/___ Nº POP: NOME DA TAREFA:
Nº PROCESSO: Ocorrência com
Atirador Ativo
ATIVIDADES CRÍTICAS SIM NÃO OBSERVAÇÕES
1. O policial militar contatou o
responsável pelo local?

2. O policial militar fez a correta


avaliação da caracterização da
ocorrência?

3. O policial militar cientificou


corretamente o Centro de Operações?

4. O policial militar adentrou o local,


integrado à equipe com, pelo menos,
4 componentes?

5. O policial militar utilizou a


Formação Diamante ou a Formação
T?

6. O policial militar retirou pessoas do


local, após ter garantido a segurança
da área?

7. O policial militar informou ao Centro


de Operações sobre a localização de
feridos?

8. Ao se deparar com o Atirador Ativo,


o policial militar todas as medidas
necessárias para impedir a produção
de novas vítimas?

9. Quando da chegada de equipe do


GATE, o policial militar transmitiu a
ocorrência para ela?

10. Após a transmissão da ocorrência


para equipe do GATE, o policial militar
dirigiu-se à área externa do local?

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