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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – UNESA

CURSO SUPERIOR DE TECNÓLOGO EM SEGURANÇA PÚBLICA – CSTSP

HYLBBER ÁLLEFEH MOURA BASTOS

AGENTES DE SEGURANÇA PUBLICA E SUA SAÚDE MENTAL: UMA

REVISÃO DE LITERATURA

Projeto de Pesquisa a ser apresentado à Banca do

Exame do Curso Superior de Tecnólogo em

Segurança Pública da Universidade Estácio de Sá –

CSTSP/UNESA, como requisito parcial para

aprovação na disciplina de Prática de Pesquisa em

Segurança Pública.

ORIENTADOR

PROFESSOR ROBERTO CAVALCANTI VIANNA

Taubaté - SP

Junho de 2023
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................... 3

2. OBJETIVOS........................................................................................................................................................ 4

3. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................................................ 5

4. REVISÃO TEÓRICA ......................................................................................................................................... 6

5. METODOLOGIA ............................................................................................................................................... 8

6. CRONOGRAMA ................................................................................................................................................ 9

7. REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................ 10
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1. INTRODUÇÃO

Sabe-se que é urgente a necessidade de discussão a respeito do impacto que a

atuação na segurança pública tem sobre a saúde mental de seus servidores. Esses profissionais

expõem-se recorrentemente a situações de risco à vida e atuam sob constante pressão, que

vem tanto de suas práticas diárias quanto da própria organização administrativa à qual

pertencem. Cria-se um cenário de susceptibilidade ao sofrimento psíquico e ao

desenvolvimento de transtornos mentais, sendo claro que a falta de bem estar psicológico

atinge negativamente o competência e produtividade que os agentes possuem.

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública em 2018 relatou que o número de

policiais que cometeram suicídio foi maior do que os que morreram em atividade policial, 104

contra 87. Dado alarmante que reflete a vulnerabilidade psicológica que os agentes estão

expostos, a hostilidade do ambiente de trabalho, o descontentamento com a carreira, o

descrédito frente à população e as pressões da atividade em si.

É importante lembrar que existe um ser humano por trás do combatente, o qual

possui sua história, suas relações interpessoais, que pertence a uma família e a uma

comunidade. Não se pode exigir que este ser se apresente sem emoções e não seja impactado

ao conviver com crimes de toda espécie cotidianamente. Para que eles obtenham o

autocontrole necessário e tomem boas decisões frente às situações perigosas, é primordial que

tenham o devido acompanhamento psicológico e também meios para buscar ajuda quando

necessitem. O agente de segurança pública não é apenas suas habilidades táticas e técnicas,

para seu bom funcionamento precisa construir uma saúde emocional adequada.

Deve haver investimentos na formação psicológica desses profissionais, bem

como acompanhamento frequente com profissionais de saúde especializados na área de saúde

mental, de forma que os agentes aprendam a importância do autocuidado e paradigmas sejam

quebrados, bem como se sintam seguros e acolhidos em sua própria instituição.


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2. OBJETIVOS

O presente trabalho objetiva verificar a ocorrência de sintomas relacionados a

deterioração da saúde mental em agentes de segurança pública e qual efeito têm em suas

atividades diárias.

Objetivos específicos: avaliar a existência ou não de sintamos psicológicos nos

profissionais, identificar quais os mais prevalentes e entender de que forma eles pioram a

capacidade laboral.
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3. JUSTIFICATIVA

A presente proposta de estudo justifica-se pelo fato da prevalência de transtornos

mentais em profissionais da segurança pública ainda ser subvalorizada, mesmo sendo de

extrema relevância e afetando fortemente a qualidade de vida e produtividade desses

profissionais.
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4. REVISÃO TEÓRICA

Segundo a Constituição Federal de 1988, artigo 144, a Segurança Pública é dever

do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem

pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio (BRASIL, 1988). Souza e

Albuquerque (2017) referem que seu objetivo é resguardar Estado, indivíduos e instituições e

que para isso, o Estado organiza um sistema institucional abrangendo os mais diversos

âmbitos, como ações de natureza policial, jurídico-penais, judiciais e penitenciárias.

A atividade em segurança pública possui riscos inerentes, logo Back (2021)

procura lembrar que os profissionais ligados à segurança vivem diariamente situações de

conflitos e uma realidade de violência que muitas vezes resultam em estados de saúde graves

ou mesmo morte. A autora também reforça que os riscos à integridade física não se encerram

quando termina o expediente e junto com Zilli (2018) aponta fatores de predisposição para

que policiais sejam vítimas de violência fora do horário de trabalho, como: serem portadores

de arma de fogo, realizarem serviços em segurança particular e serem impelidos a reagir em

situações de conflito, como por exemplo assaltos, para defesa própria ou de terceiros, o que

ocorre de maneira improvisada e sem apoio.

Santos (2022) ressalta que a função do policial na comunidade exige sacrifícios,

incluindo o da própria vida, em prol da vida do outro. A morte é uma realidade sempre

presente na vida deste profissional, haja vista que em situações de conflitos é necessário saber

lidar com a morte das vítimas, dos criminosos, dos próprios companheiros de trabalho e

também com a ideia de que sua própria vida corre perigo.

Os transtornos de saúde mental são uma pandemia global e seu números crescem

a cada ano segundo dados da Organização Mundial de Saúde. O Brasil apresenta 11,5 milhões

de pessoas com transtorno depressivo e 18,6 milhões são afetadas por distúrbios de saúde
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relacionados a ansiedade (WHO, 2017). Tais dados são preocupantes e de forma alguma os

profissionais de segurança pública estão isentos de suas implicações.

Apenas no Estado de São Paulo, entre os anos de 2015 e 2020, houve afastamento

de 12.622 policiais civis devido transtornos mentais e comportamentais, já entre policiais

militares foi obtido dados na porcentagem de afastamento de 3,5% do efetivo da tropa pelo

mesmo motivo. Considerando que problemas de saúde mental ainda são marginalizados na

sociedade e que esse preconceito pode ser ainda mais intenso dentro de um ambiente de

trabalho como batalhões de polícia, os números são preocupantes e ainda assim possivelmente

subnotificados. Martins e Lima (2018), em seu estudo sobre a prevalências de transtornos

mentais em policiais militares do estado de Minas Gerais, evidenciaram que cerca de 50% dos

agentes em acompanhamento psicológico evitava o pedido de afastamento devido a forma

negativa que o mesmo era recebido pela instituição.

Diversos autores brasileiros já estudaram sobre a prevalência de transtornos de

saúde mental em forças de segurança pública. Neve et. al. (2016) divulgaram que 51% dos

policiais entrevistados numa cidade do interior de Rondônia apresentavam sintomatologia de

estresse. Lima, Maia e Ferreira (2017) apontaram que cerca de 30% das agentes de segurança

penitenciária do sexo feminino participantes do estudo apresentavam níveis compatíveis com

transtornos mentais comuns. Lipp, Costa e Nunes (2017) após avaliarem 1.837 policiais

militares do estado do Mato Grosso segundo níveis de qualidade de vida e de estresse

ocupacional e suas fontes, encontraram um índice de 52% de estresse na tropa e concluíram

urgência na implantação de ações de promoção de prevenção de saúde mental.


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5. METODOLOGIA

Estudo descritivo, qualitativo, quantitativo e transversal, de caráter observacional,

sem intervenção. Será realizado através de levantamento de dados por um questionário

aplicado aa um grupo de agente de segurança pública que trabalham em quartel militar da

aviação do exército.

O questionário será realizado pelo Google Formulários.

Os dados serão tabulados e analisados em frequência e porcentagem.


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6. CRONOGRAMA

J J A S O N D

Levantamentos de dados, revisão bibliográfica, análise de


X X
material bibliográfico.

Aplicação de questionários e entrevista. X

Análise e organização dos dados coletados e construção dos


X X
primeiros textos já objetivando estruturar a monografia.

Redação da monografia X X

Preparação e análise dos gráficos adquiridos com base nos


X
questionários.

Editoração e apresentação da monografia. X


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6. REFERÊNCIAS

BACK, Carolina Moreira. Acompanhamento psicológico preventivo para agentes de

segurança pública. Rev. bras. de segurança pública, São Paulo, v.15, n.1, p. 208-225,

fev./mar., 2021.

CASTRO, Thiele da Costa Müller; MERLO, Álvaro Roberto Crespo. Reconhecimento e

saúde mental na atividade de segurança pública. Psico, Porto Alegre, PUCRS, v.42, n.4, p.

474-480, out./dez. 2011.

GIOVANNA, Vitória Andrade Castro da Silva; FERREIRA, Camila Pontes; LEITÃO,

Luciney Araújo. A negligência estatal frente à suscetibilidade dos agentes penitenciários ao

desenvolvimento de doenças psíquicas. Anais da VII Semana da Diversidade Humana (ISSN

2675-1127). Centro Universitário São Lucas. Porto Velho, 2022.

LIMA, Swellen Cristina Medeiros de; MAIA, Danilo Nogueira; FERREIRA, Marcelo José

Monteiro. Prevalência e fatores associados aos transtornos mentais comuns em Agentes de

Segurança Penitenciária do sexo feminino no Brasil. Encontros Universitários da UFC, v.2,

n.1, 2017.

LIPP, Marilda Novaes; COSTA, Keila Regina da Silva Nunes; NUNES, Vanessa Oliveira.

Estresse, qualidade de vida e estressores ocupacionais de policiais: sintomas mais

frequentes. Rev. Psicol. Organ. Trab., Brasília, v.17, n.1, p. 46-53, mar 2017.

LLAMEDO, Maria Belén Astorgano. Coping e Stress em Agentes da Polícia de Segurança

Pública. Porto, julho 2022.

MARTINS, Maria Cristina Garcia Costa; LIMA, Maria Elisabeth Antunes. Quando o policial

procura ajuda psicológica: interfaces entre sofrimento e organização do trabalho. Ver.

Psicologia: Saúde Mental e Seg. Pública, Belo Horizonte, 7, p. 43-64, jan./dez. 2018.

NEVES, Lídia; OLIVEIRA, Maria Letícia Marcondes Coelho de; FERREIRA, Daiane

Fernandes; BATISTA, Eraldo Carlos. Sintomatologia de Estresse em Policiais Militares


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numa cidade do interior de Rondônia. Rev. Interd. Do Pensamento Científico, v.2, n.14,

jan./jun. 2016

SANTOS, Luís Ricardo dos. Os desafios da saúde psicológica dos policiais militares. Revista

Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação. São Paulo, v.8.n.09. set. 2022.

SOUZA, Cézar Alberto; ALBUQUERQUE, Marinson Luiz. Segurança Pública: histórico,

realidade e desafio. Curitiba: Intersaberes: 2017.

ZILLI, Luis Felipe. Letalidade e vitimização policial: Características gerais do fenômeno em

três estados brasileiros. Boletim de análise político-institucional, n.17, dez, 2018.

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