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ORIENTADOR
Taubaté - SP
Junho de 2023
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RESUMO
O presente artigo tem como objetivo central verificar a ocorrência de sintomas relacionados a
deterioração da saúde mental em agentes de segurança pública e debater qual efeito têm em
suas atividades diárias, usando como base dados coletados de uma amostra de servidores que
voluntariamente responderam a um questionário. Foi possível comparar as informações com
estudos sobre o tema e concluir que há grande prevalência de sintomatologia psiquiátrica entre
os agentes e que sim, há relação entre a prevalência de transtornos mentais e a perda da
capacidade produtiva entre os mesmos. Conclui-se que é de extrema urgência o debate e a
intervenção nesse aspecto da saúde do trabalhador da segurança pública.
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Graduando em Tecnólogo em Segurança Pública pela UNESA – Universidade Estácio de Sá.
E-mail: hylbber_bastos@hotmail.com
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Professor orientador UNESA – Universidade Estácio de Sá.
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1. INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Resultados
Através de questionário disponibilizado no Google Formulários, obteve-se o seguinte:
Para a pergunta “Como você julga que está sua saúde mental no momento?” houve
10% para Excelente, 20% para Boa, 20% para Regular e 50% para Ruim/Péssima.
Para a pergunta “Você tem se sentido muito nervoso, ansioso ou depressivo
ultimamente?” houve 60% para Sim e 40% para Não.
Para a pergunta “Você acha que seu estado de saúde mental tem atrapalhado seu
desempenho no trabalho? Ou tem impactado negativamente suas relações?” houve 80% para
Sim e 20% para Não.
Para a pergunta “Você faz ou já fez terapia?” houve 20% para Sim e 80% para Não.
Para a pergunta “Você toma ou já tomou algum medicamento psiquiátrico?” houve
10% para Sim e 90% para Não.
Para a pergunta “Você tem conseguido dormir bem, descansar e ter momentos de lazer
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fora do ambiente de trabalho?” houve 30% para Sim e 70% para Não.
Para a pergunta “Existe alguma situação específica no trabalho que tem prejudicado
sua saúde mental?” houve 80% para Sim e 20% para Não.
2.2 Discussão
Os transtornos de saúde mental são uma pandemia global e seus números crescem a
cada ano segundo dados da Organização Mundial de Saúde. O Brasil apresenta 11,5 milhões
de pessoas com transtorno depressivo e 18,6 milhões são afetadas por distúrbios de saúde
relacionados a ansiedade (WHO, 2017). Tais dados são preocupantes e de forma alguma os
profissionais de segurança pública estão isentos de suas implicações.
Apenas no Estado de São Paulo, entre os anos de 2015 e 2020, houve afastamento de
12.622 policiais civis devido transtornos mentais e comportamentais, já entre policiais
militares foi obtido dados na porcentagem de afastamento de 3,5% do efetivo da tropa pelo
mesmo motivo. Considerando que problemas de saúde mental ainda são marginalizados na
sociedade e que esse preconceito pode ser ainda mais intenso dentro de um ambiente de
trabalho como batalhões de polícia, os números são preocupantes e ainda assim possivelmente
subnotificados. Martins e Lima (2018), em seu estudo sobre a prevalências de transtornos
mentais em policiais militares do estado de Minas Gerais, evidenciaram que cerca de 50% dos
agentes em acompanhamento psicológico evitava o pedido de afastamento devido a forma
negativa que o mesmo era recebido pela instituição.
Diversos autores brasileiros já estudaram sobre a prevalência de transtornos de saúde
mental em forças de segurança pública. Neve et. al. (2016) divulgaram que 51% dos policiais
entrevistados numa cidade do interior de Rondônia apresentavam sintomatologia de estresse.
Lima, Maia e Ferreira (2017) apontaram que cerca de 30% das agentes de segurança
penitenciária do sexo feminino participantes do estudo apresentavam níveis compatíveis com
transtornos mentais comuns. Lipp, Costa e Nunes (2017) após avaliarem 1.837 policiais
militares do estado do Mato Grosso segundo níveis de qualidade de vida e de estresse
ocupacional e suas fontes, encontraram um índice de 52% de estresse na tropa e concluíram
urgência na implantação de ações de promoção de prevenção de saúde mental.
Souza et. al. (2012) em estudo realizado com policiais militares do Estado do Rio de
Janeiro obteve um percentual de 35,7% de prevalência de sofrimento mental da amostra de
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1.120 trabalhadores, apenas 26% relatou estar satisfeito com sua qualidade de vida. Lima et.
al. (2015) relata sobre a influência desse quadro em afastamentos para tratamento relacionados
a Transtorno Mental e Comportamental (TMC), em 2012 houve 24% de notificações deste
perfil de licenças na Polícia Militar de Santa Catarina; enquanto no Rio de Janeiro foram
concedidas 1.398 licenças psiquiátricas para um efetivo de aproximadamente 21.500 PMs
(6,48% afastados) no ano de 2016, segundo Briso et. al. (2017).
Bezerra e Minayo (2013) sugerem intervenções que prevejam mudanças nos processos
de trabalho como um todo, considerando-se as relações entre os profissionais e suas intuições,
já Dela e Dela (2008), Castro et. al. (2015) e Andrade e Sousa (2009) propõem ações
específicas focadas nos aspectos psicológicos e de treinamento. Por fim, Minayo e Adorno
(2013) levantam ideias de valorizar o profissional além de suas atividades, dentro e fora de seu
contexto de trabalho.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A saúde do trabalhador – seu estado bem-estar físico, mental e social total, tal como
definido pela Organização Mundial da Saúde, interfere diretamente em sua capacidade de
executar funções e deveres, fica claro que um agente de segurança com a saúde mental
deteriorada não se apresenta em posição e exercer suas atividades sem colocar em risco sua
vida e de outros. A ideia de que o trabalhador não adoece bem como o próprio cuidado com
sua saúde mental ainda são temas serem desmitificados na área da segurança pública.
É importante lembrar que existe um ser humano por trás do combatente, o qual possui
sua história, suas relações interpessoais, que pertence a uma família e a uma comunidade. Não
se pode exigir que este ser se apresente sem emoções e não seja impactado ao conviver com
crimes de toda espécie cotidianamente. Para que eles obtenham o autocontrole necessário e
tomem boas decisões frente às situações perigosas, é primordial que tenham o devido
acompanhamento psicológico e também meios para buscar ajuda quando necessitem. O agente
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de segurança pública não é apenas suas habilidades táticas e técnicas, para seu bom
funcionamento precisa construir uma saúde emocional adequada.
Deve haver investimentos na formação psicológica desses profissionais, bem como
acompanhamento frequente com profissionais de saúde especializados na área de saúde
mental, de forma que os agentes aprendam a importância do autocuidado e paradigmas sejam
quebrados, bem como se sintam seguros e acolhidos em sua própria instituição.
Sendo a saúde um direito, ressalta-se a importância da proteção e promoção da saúde
mental no trabalho em segurança pública, principalmente por meio de políticas públicas, mas
também investindo em estudo sobre o tema para embasar tais políticas.
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