O sistema penal brasileiro serve como um mecanismo do governo para
a segurança da sociedade, servindo também como meio de ressocialização, ou
seja, colabora não só com os indivíduos fora desse meio, mas também com os detentos. Nesse sentido, vale destacar o trabalho do policial penal como importante ferramenta dentro desse sistema, visto que é responsável pelas principais funções trabalhistas dentro do presídio, como também no contato dos presidiários com a sociedade. (Tema)
O policial penal deve manter a disciplina e segurança dos detentos,
controlando a entrada e saída do presídio, fazendo a vigilância constante do local, como também deve atuar em todo o planejamento, execução e supervisão para as normas e regras do presídio serem seguidas, inclusive ao que se refere infrações dentro desse sistema (JASKOWIAKI; FONTANA, 2015). (Delimitação do tema)
Nesse sentido, alguns pesquisadores observaram que a falta de
estrutura dessas instituições somada à tendência de comportamentos violentos de detentos, corroboram no cotidiano estressante e sobrecarregado dos policiais penais, os quais são frequentemente expostos as vulnerabilidades e riscos presentes nessas instituições. Essa natureza trabalhista estressante a longo prazo, juntamente com o fato de precisarem ficar alertas constantemente e realizar suas funções mesmo em situações precárias, como a superlotação dos presídios e alta carga horária, pode gerar sofrimento psíquico a esses trabalhadores, podendo desencadear doenças psicológicas( SIMPLICIO; COSTA,2019) (Problema). Sendo assim, é válido ressaltar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) relacionou o trabalho penitenciário como um dos que são mais afetados por problemas psicológicos como a depressão, a ansiedade e o alcoolismo (SILVA; SILVA, 2022). -citação da citação
Desse modo, é importante compreender a saúde mental...
Portanto, em decorrência do trabalho, os policiais penais que adquiriram
algum sofrimento psíquico tendem a apresentar sintomas diversificados como a ausência de sono, o alerta exacerbado, humor desequilibrado, ou serem diagnosticados com síndrome de burnout e/ou transtornos psicológicos como ansiedade e depressão (PAIXÃO et al, 2022). Essas repercussões não se restringem apenas ao próprio funcionário, mas também tem impactos no meio familiar, ocasionando restrição do lazer, instigando os indivíduos a procurar ambientes com poucas multidões, como forma de proteção. ( SIQUEIRA et al, 2017). Diante disso, é notório que o trabalho do policial penal, que é de extrema relevância, acaba sendo principal fator agravante no que tange sua saúde mental, sendo perceptível a influência do ambiente carcerário nessa realidade (hipótese)
Tal concepção é afirmada por de Maekawa et al (2020),que em seus
estudos, constatou que 46,2% dos policiais penais entrevistados apresentaram sintomas de estresse. Desse modo, esses sintomas de estresse podem se expressar no desenvolvimento de diversas doenças como reação de um organismo que não consegue se adaptar ao estímulo estressor, afetando também negativamente as relações familiares (MAEKAWA et al, 2020, JASKOWIAK & FONTANA, 2015). Sendo assim, em outro estudo feito com policiais penais, foi evidenciado que 70,4% apresentavam dificuldades para dormir devido a violência vivenciada por eles no trabalho, enquanto 62,7% dizem terem acordado durante o sono pensando em situações violentas, e 64,4% evita pensar no assunto. (SILVA; SILVA, 2022). À Luz dos supracitados, o trabalho busca relacionar os dados estatísticos com realidade presente em Belém do Pará. Nesse prisma, Diego Silva (2014) selecionou agentes penitenciários do Município de Belém que realizavam capacitação profissional no Instituto de Segurança Pública do Estado do Pará – IESP e desenvolveu uma análise descritiva dos problemas de saúde relacionados ao trabalho dos agentes penitenciários da Cidade de Belém. Dentro do levantamento, a queixa com maior prevalência é a de estresse, com 59,29% dos agentes penitenciários. Somado a isso, 100% dos agentes prisionais que sofrem com estresse afirmam que o contexto prisional provocou esse quadro (SILVA, 2014). A partir disso, percebe-se números semelhantes entre Maekawa et al (2020) e Silva (2014), assim, podendo estabelecer uma ligação entre o trabalho desenvolvido nas penitenciárias e os impactos na saúde mental dos agentes.
Visando então o exposto, discutir esse tema é fundamental, pois....(
Justificativa)
Diante da importância da função exercida pelo policial penal e de como
é necessário para tais funções serem feitas, existir qualidade no que tange a saúde desse funcionário, o presente trabalho aborda as principais consequências do sistema penal na saúde mental dos policiais penais.( Objetivos)
Referências:
JASKOWIAKI, Caroline Raquele; FONTANA, Rosane Teresinha. O trabalho
no cárcere: reflexões acerca da saúde do agente penitenciário. Revista Brasileira de enfermagem, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0034- 7167.2015680208i . Acesso em 18 mar, de 2022.
MAEKAWA, L. S., CÔRREA, P. N. de S. A., ARAÚJO, S. A., Carvalho, M. T.
M., Silva, R. J. da & Alves, M. G. (2020). Estresse Em Agentes Penitenciários De Um Presídio Do Interior De Minas Gerais. Psicol e Saúde em Debate, 6(2), 373–387. https://doi.org/10.22289/2446-922X.V6N2A25.
PAIXÃO, Pinho, WALLACE et al. A saúde mental dos agentes do sistema
prisional: mapeamento de estudos brasileiros. Research, Society and Development; v. 11, n. 4, 2022. Março, 2022.
SILVA, Diego Sá Guimarães. Saúde e Trabalho: Um Estudo de Caso dos
Agentes Penitenciários no Município de Belém/PA. 2014. 69 f. Dissertação (Mestrado em Defesa Social e Mediação de Conflitos)- Instituto De Filosofia e Ciências Humanas, Belém, 2014. SILVA, Melissa; SILVA, Paulo. O policial penal e as dificuldades enfrentadas na atuação profissional dentro dos complexos penais brasileiros. Orientadora: Gercina Cavalcante. 2022. 15 f. TCC (Graduação) - Curso de Direito, Universidade Potiguar, Mossoró. 2022. Disponível em: https://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/22704. Acesso em: 18 mar. 2023.
SIMPLICIO, A. R. G. & COSTA, M. S. A. (2019). Impactos do trabalho laboral
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SIQUEIRA, K. C. de L., SILVA, J. M. da & ANGNES, J. S. (2017). “Cuidar de
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Intervenções para prevenir riscos psicossociais do trabalho de profissionais da saúde no Brasil e no Peru: revisão sistemática com base no scoping study