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Dados do Relatório
Nome do Plano AVALIAÇÃO DA OCORRÊNCIA DA SÍNDROME DE BURNOUT EM
COLABORADORES DE UM CENTRO DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM
Introdução
O conceito de Burnout foi formulado inicialmente pelo psicanalista norte-americano Herbert
Freudenberger, nos anos 1970, para nomear uma reação de esgotamento físico e mental
vivenciada, na época, por profissionais de saúde. (ABREU et al, 2002; VIEIRA, RUSSO, 2019;
FREUDENBERGER, 1974). Em 1977, Maslach empregou o termo publicamente para referir-se
a uma situação que afeta, com maior frequência, indivíduos que, em decorrência da profissão,
mantêm relações interpessoais. Com o decorrer dos tempos, o termo Burnout foi se
aperfeiçoando e, atualmente, é constituído por três dimensões que são: exaustão emocional,
despersonalização e baixa realização pessoal no trabalho, os quais caracterizam a Síndrome
de Burnout, uma resposta crônica aos estressores interpessoais advindos da situação laboral.
(MASLACH, JACKSON, LEITER, 1996; ZANATTA, LUCCA, 2015).
Fato é, que a Síndrome de Burnout é uma doença ocupacional que vêm aumentando
gradativamente no século XXI. Esse aumento pode estar relacionado ao acentuado ritmo de
trabalho e à intensificação do que é exigido ao trabalhador na execução de suas funções
laborais (SILVA, 2013).
Diante disso, é de suma importância rastrear a Síndrome de Burnout para que se possa intervir
positivamente na realidade encontrada. Sendo assim, o presente estudo pretende responder
ao problema de pesquisa: Qual a ocorrência da Síndrome de Burnout em colaboradores de um
centro diagnóstico por imagem?
Objetivo Geral
Avaliar a ocorrência da Síndrome de Burnout em colaboradores de um centro diagnóstico por imagem.
Objetivos Específicos
* Traçar o perfil sociodemográfico, pessoal e clínico dos colaboradores. * Mensurar a prevalência da Síndrome
de Burnout nos colaboradores. * Correlacionar o perfil sociodemográfico, pessoal e clínico com as dimensões que
compõem a Síndrome de Burnout dos colaboradores.
Materiais e Métodos
Trata-se de um estudo transversal analítico com abordagem quantitativa. O estudo transversal
é um método de pesquisa que investiga a exposição a fatores de risco ou proteção, bem como
a associação desses à indivíduos não expostos a partir de observações pontuais do tempo (
BASTOS; DUQUIA, 2007).
A presente pesquisa foi realizada por meio de questionários aplicados aos colaboradores de
um centro de diagnóstico por imagem na cidade de Goiânia. O processo de pedido de
consentimento das participantes se deu em um momento livre no trabalho. Nesse instante
foram informados da pesquisa e os objetivos. Os participantes leram, assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido e responderam os questionários da pesquisa. Foram
entrevistados 80 colaboradores entre os meses de março e abril de 2021.
Utiliza-se de uma escala do tipo Likert que varia de 0 - nunca a 6 – todos os dias. Tem como
análise fatorial os domínios Exaustão Emocional (EE – escore varia entre 0 a 54),
Despersonalização (DE – escore varia entre 0 a 30) e Realização Profissional (RP – escore
varia entre 0 a 48). Escore médio alto em EE e DE, bem como escore baixo em RP configura
como Síndrome de Burnout (CARLOTTO; CÂMARA, 2004).
Resultados
Foram analisados 80 questionários dos colaboradores de um centro de diagnóstico por
imagem em Goiânia. Em relação aos aspectos sociodemográficos, a maioria do sexo feminino
(71,3%), sem filhos (56,3%), acima de 30 anos (51,3%), solteiros (51,3%), com fraco
envolvimento religioso (42,5%), que cursaram até o ensino médio (57,5%) e com sobrepeso
(47,5%).
De acordo com os aspectos pessoais, 55% referiram frequentar grupos sociais as vezes, 50%
realizam atividade física raramente, 55% realizam atividade artística raramente e 52,5%
referem atividades turísticas raras. Em relação a presença de doenças, 82,5% referiram não
possuir doenças crônicas e 77,5% referiram não possuir doenças psiquiátricas. Quanto aos
hábitos de vida, 78,8% alegaram não possuir insônia, 57,5% possuem até 7 horas de sono,
78,8% negam etilismo, 92,5% negam tabagismo, 53,8% referem uma alimentação saudável e
85% não fazem uso de substâncias que alteram o sono.
De acordo com os aspectos ocupacionais, quem possui uma percepção de risco no ambiente
de trabalho possui um maior escore em EE (p=0,0005) e DE (p=0,0100). A insatisfação no
trabalho também apresentou maior escore em EE (p<0,0001). Ademais, quem considera o
ambiente de trabalho péssimo possui maior escore em EE (p<0,0001). Já quem considera o
ambiente de trabalho indiferente obteve maior escore em DE (p=0,0190).
Ao analisar os aspectos pessoais, têm-se que aqueles que procuram ter uma vida social as
vezes possuem maior escore em RP (p=0,0132). Por outro lado, os que possuem doenças
psiquiátricas apresentaram maior escore em EE (p=0,0019), assim como aqueles que
referiram insônia (p=0,0057), que possuem até 7 horas de sono (p=0,0362) e que utilizam
substâncias que alteram o sono (p=0,0216). Já, aqueles que negam insônia apresentaram
maior escore em RP (p=0,0363).
Discussão
Este presente estudo evidenciou que no centro de diagnóstico por imagem em Goiânia havia
um predomínio de colaboradores do sexo feminino com maior tendência ao desenvolvimento
de uma exaustão emocional e, uma consequente Síndrome de Burnout. Estudos já
identificaram que sexo feminino apresenta sobremaneira uma maior predisposição à exaustão
emocional no trabalho (LOURENÇO, 2019; RIBEIRO et al., 2021; TOMAZ et al., 2020).
Essa realidade é justificada pela mulher, nos tempos atuais, possuir uma jornada tripla
composta pela vida profissional, afazeres domésticos e vida pessoal. Conciliar vida
profissional, maternidade, estudos e tarefas domésticas aumenta, desse modo, a carga de
responsabilidade sobre as mulheres e, por consequência, elas podem apresentar
adoecimentos emocionais e físicos (LOURENÇO, 2019; MOTA-SANTOS; AZEVÊDO; LIMA-
SOUZA, 2021; TOMAZ et al., 2020).
Desse modo, a mulher, além de ser mais dedicada e afetuosa, por desenvolver múltiplas
tarefas quando comparada com o gênero masculino, encontra-se mais susceptível à presença
do esgotamento emocional, o qual é decorrente da sobrecarga e do conflito nas relações
interpessoais (ARAGÃO et al., 2021; TOMAZ et al., 2020).
Os aspectos psicológicos e a consequente saúde mental do trabalhador, por sua vez, estão
fortemente correlacionados com o aparecimento ou não da Síndrome de Burnout. O estresse
crônico afeta a saúde mental do indivíduo por favorecer o surgimento de sintomas como
fadiga, cansaço, transformações no sono, irritabilidade, isolamento, até patologias como
ansiedade, transtornos de humor, depressão, doenças cardiovasculares e neuroendócrinas.
Essas alterações dificultam a capacidade de enfrentamento das situações de estresse laboral,
interferindo diretamente na qualidade de vida (BRITO-ORTÍZ et al., 2019; RIBEIRO et al.,
2021; SILVA-JÚNIOR, 2020).
Conclusão
A Síndrome de Burnout é uma afecção multifatorial associada a dimensões de exaustão emocional,
despersonalização e realização profissional. Tais variáveis, ao serem analisadas em um centro de diagnóstico por
imagem, se associaram com aspectos sociodemográficos: sexo feminino; aspectos ocupacionais: ambiente de
trabalho, a percepção a respeito dele e a vitalidade do indivíduo; aspectos pessoais: hábitos de vida e com a
saúde mental do colaborador. Fato é que a Síndrome de Burnout afeta diversos aspectos da vida dos indivíduos,
tornando-os susceptíveis ao aparecimento de doenças crônicas e psiquiátricas, conflitos nas relações
interpessoais e no ambiente de trabalho. Destaca-se, assim, a necessidade de promover atividades educativas e
de orientação sobre estresse, estratégias de enfrentamento e a divulgação do conhecimento dessa síndrome para
a população, permitindo identificar os estressores e as dimensões afetadas, além de estabelecer estratégias mais
adequadas para o enfrentamento.
Referências
ABREU, K. L. et al. Estresse ocupacional e Síndrome de Burnout no exercício profissional da
psicologia. Psicol. cienc. prof., v. 22, n. 2, 2002.
ARAGÃO, N. S. C. et al. Burnout Syndrome and Associated Factors in Intensive Care Unit
Nurses. Rev Bras Enfermagem, v. 74, 2021.
CARDOSO, H. F. et al. Síndrome de burnout: Análise da literatura nacional entre 2006 e 2015.
Revista Psicologia: Organizações e Trabalho, v. 17, n. 2, p. 121-128, 2017.
CARLOTTO, M. S.; CÂMARA, S. G. Análise fatorial do Maslach Burnout Inventory (MBI) em
uma amostra de professores de instituições particulares.Psicologia em Estudo, v. 9, n. 3, p.
499-505, 2004.
MASLACH, C.; JACKSON, S. E.; LEITER, M. P. Maslach Burnout Inventory manual. 3. ed.
Palo Alto: Consulting Psychologists Press, p. 191-218, 1996.