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P SICOSSOCIAIS DO TRABALHO
NO ABC
Relatório Executivo
30 de setembro de 2021
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Sumário
I. Objetivo ..................................................................................................................... 3
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I. Objetivo
O estudo dos fatores psicossociais (FPS) tem como foco tradicional a análise de riscos
e da vulnerabilidade dos profissionais no contexto laboral, visando à elaboração de
intervenções primárias, secundárias ou terciárias que estejam baseadas em evidências
empíricas (Bezerra, Minayo & Constantino, 2013; Carlotto & Câmara, 2008; Zanelli,
2010). Dada a centralidade do trabalho na vida social contemporânea, a compreensão dos
FPS em contextos laborais e organizacionais se destaca como fundamental. Nesse trilhar,
o objetivo deste relatório é apresentar dados psicossociais sobre os trabalhadores do
(ABC) que se prontificaram a participar desta pesquisa.
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2. Escolaridade: 60 respondentes informaram que têm nível superior, sendo 37,4%
com curso superior completo (N=34) e 28,6% com pós-graduação completa
(N=26). 16 respondentes têm curso técnico ou médio (17,6%), sendo que destes
9,9% estão cursando o ensino superior no momento da pesquisa (N=9). Além
destes, 15 participantes apresentam diferentes níveis no ensino fundamental
(16,5%), sendo que destes 6 informam que sabem ler e escrever apenas (6,6%).
Não foram encontradas diferenças significativas quanto a escolaridade.
5. Faixa salarial: 56,6% informaram que sua faixa salarial é a mais alta dos valores
apresentados na pesquisa (N=47), enquanto 26,5% são remunerados na faixa entre
1 e 3 salários-mínimos (N=22), 8,4% entre 3 e 6 salários-mínimos e (N=7) e 2,4%
no valor de 1 salário-mínimo (N=2). 5 participantes preferiram não responder à
questão (6%).
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7. Relações Familiares: 58,2% da amostra é caracterizada por casados ou em união
estável (N=53), seguido de 38,5% solteiros (N=35) e 3,3% separados ou
divorciados (N=3). Dos participantes, 53,8% têm filhos (N=49). Não foram
encontradas diferenças significativas para esta variável.
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(p<0,05). Não obstante, quando comparamos os resultados entre
servidores e trabalhadores temporários ou terceirizados, os índices dos
primeiros atingem o patamar de escores altos para Burnout (M=2,37,
DP=0,7), especialmente quanto à Exaustão (M=2,86, DP=0,7) (p<0,05).
Ao analisar as diferenças significativas por grupos ocupacionais, observa-
se níveis altos para Auditores no Prejuízo Cognitivo em suas atividades
(M=2,51, DP=0,5) e para Técnicos que atuam na Fiscalização quanto ao
Prejuízo Emocional em sua atuação profissional (M=2,05, DP=0,8)
(p<0,05). Auxiliares de Laboratório e profissionais em Serviços Gerais
foram não demonstraram índices de burnout significativos. Tais dados
acendem um sinal de alerta, sugerindo ações específicas para mitigar esse
risco psicossocial e suas consequências para a instituição e os grupos
ocupacionais mais vulneráveis.
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3. Energia laboral aplicada para o atendimento de demandas laborais: Observa-
se que, na média, recursos de trabalho são percebidos como mais intensos do que
as demanda laborais (M=3,73, DP=0,5; M=2,81, DP=0,5, respectivamente), o que
é um fator de proteção psicossocial importante ao Burnout (p<0,01). Por outro
lado, altas demandas laborais, sem recursos suficientes, se associam ao maior
risco ao Burnout nos participantes (p<0,01), o que deve ser mitigado.
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IV. Fatores motivacionais e de proteção psicossocial no
trabalho
Para avaliar os fatores de proteção psicossocial, o contexto de trabalho no ABC foi
analisado em relação a três aspectos específicos, considerados centrais para o trabalho
saudável e o alto desempenho: engajamento no trabalho (vigor, dedicação e
concentração), recursos laborais (sociais e de conteúdo do trabalho) e recursos pessoais
(satisfação de vida e esperança disposicional).
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3. Recursos Pessoais: Apesar das adversidades em tempos de pandemia, observa-
se que os participantes mantêm escores positivos, em nível mediano, de satisfação
de vida e de esperança disposicional (M=24,24, DP=5,1, percentil 55; M=30,90,
DP=4,5, percentil 45; respectivamente). Este indicador demonstra que há proteção
psicossocial de fatores positivos, que impactam diretamente o engajamento no
trabalho (r = 0,44; r = 0,32, respectivamente; p<0,01 e p,0,0) (Vazquez et al,
2020). Tais características podem ser observadas como potencialidades para o
aumento do engajamento no ambiente laboral na instituição.
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enquanto 67,3% declararam sentirem-se indiferentes ou inseguros com esta
estratégia de proteção coletiva (N=35).
4. Medo da COVID-19: o medo da COVID-19 se mostrou moderado para os
participantes da pesquisa (M=19, DP=6,4), tendo impacto negativo na esperança
disposicional (r = 0,24). Na comparação entre os grupos, as diferenças
significativas para pessoas não vacinadas, as quais apresentam mais sintomas de
medo da COVID-19 em relação às vacinadas, que são mais esperançosas
(p<0,01).
5. Impacto na atividade profissional: Parte dos participantes considera que a
pandemia fez com que seu trabalho diminuísse em relação ao período anterior
(40%, N=36). 32,2%, por sua vez, identificaram sobrecarga e intensificação no
trabalho (N=29), enquanto 25,6% acreditam que não houve impacto na quantidade
de atividades (N=23). Na comparação dos grupos, observa-se que aqueles que
intensificaram o trabalho na pandemia estão significativamente mais vulneráveis
ao risco de apresentar sintomas secundários de Burnout (Distress Psicológico e
Queixas Psicossomáticas) do que os outros participantes (p<0,05).
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intervenção no contexto organizacional, quando eficazes, permitem transformar recursos
de trabalho e condições laborais considerados como estressores ou de risco em fatores de
proteção que facilitam o melhor desempenho das atividades. E, neste sentido, o ABC-
RS já tem como aspecto positivo a percepção de recursos laborais por parte dos
participantes. O que se faz necessário é o aprimoramento desta força em outros aspectos
potenciais que poderão trazer importantes contribuições para o bem-estar laboral e o
desempenho de seus trabalhadores.
Sendo assim, observa-se que as ações relacionadas ao medo da COVID-19 podem ser
realizadas de forma mais direta, com planejamento de palestras, campanhas e materiais
informativos de qualidade. O objetivo está em aumentar a percepção de segurança,
inclusive abrindo espaços inter-relacionais para a gestão avaliar por meio da escuta ativa
os casos específicos que merecem maior cuidado.
Vale destacar que a combinação positiva entre demandas e recursos laborais, em que
estes últimos se apresentam como mais relacionados a desafios do que a dificuldades, se
caracteriza como um fator importante, conforme literatura da área. Criar espaços
colaborativos, com possibilidade de participação em decisões (mesmo para rotinas mais
corriqueiras), além da preparação de líderes com visão engajadora, são ações tempestivas
e de maior duração que têm maior probabilidade de serem bem-sucedidas como fatores
motivacionais ao bem-estar.
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relevantes para mudar esses resultados. Além de serem fatores que, de modo indireto,
impulsionam o engajamento no trabalho. Ademais, fazem-se necessários estudos futuros
para aprofundamento dos resultados e acompanhamento da evolução dos índices de
Burnout, que pode ser realizada por meio do Monitor de Burnout. Sugere-se o
aprofundamento dos achados em relação a outras variáveis que permitirão qualificar o
conhecimento obtido e atuar de forma proativa para o engajamento e o bem-estar laboral
na instituição.
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